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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação e Humanidades


Faculdade de Comunicação Social

Discente: Carolina Gonçalves Ramos


Disciplina: Comunicação e Sociedade N1/N4
Docente: Flávia Mello

Análise do filme “O Show de Truman”

Rio de Janeiro
2023.2
No filme O Show de Truman (The Truman Show, 1998) nos é apresentado a vida de Truman
Burbank (Jim Carrey), um simples vendedor de seguros que vive uma vida qualquer com sua
esposa Meryl Burbank (Laura Linney). Bom, pelos menos era isso que ele achava. Ao longo
da trama, nos é revelado que a vida toda dele foi pensada e programada desde seu nascimento,
sendo então monitorada e televisionada 24 horas por dia. Milhões de pessoas o acompanham
com entusiasmo, torcendo e comemorando a cada conquista sua. Ele, obviamente, não
imagina nada disso e vive sua vida de forma muito “espontânea” – é importante aspas bem
grande pois tudo em sua rotina é controlado pelos criadores do programa, até mesmo as
pessoas com quem interage ao longo do dia. Contudo, algumas situações o fazem questionar
toda sua vida.

Mesmo o filme sendo de 1998, tem se tornado cada vez mais atual na sociedade em que
vivemos. Na era do TikTok e Instagram, tem sido cada vez mais comum a exposição
constante nas redes sociais. Sendo muito colocado em questões de discussões a ideia de
Plataformização da vida. Todo mundo está conectado o tempo inteiro, gravando tudo e
postando sem ao menos nem pensar. Mesmo assim, esses conteúdos não seguem uma ordem
espontanea, sendo então nem um pouco real, tendo em vista que, assim como no Show de
Truman, tudo é controlado e simulado. Sendo possível ver que a linha entre o público e
privado muitas vezes se confude. E isso tudo se dá, principalmente, pela transformação nessas
redes em uma forma de “trabalho”, onde existem “influenciadoras digitais” contradada para
venderem algum produto, sendo ele bom ou ruim. E nessa ótica, até a realidade vira um
produto, sendo muitas vezes questionável, já que é modificada constantemente pelas
instruções dos assessores, filtros de redes sociais etc.

Correlacionando essa ótica com o filme, é muito fácil identificar recortes que nos fazem
refletir no desejo como algo subjetivo totalmente manipulável. Como o fato de, o tempo
inteiro no Show, ter propagandas muitas vezes sem sentidos, com a única razão de beneficiar a
emissora do programa. Assim como nas redes sociais, que, em tempos de inteligência
artificial, tudo é pensado estratégicamente para fazer vender. Para empresas terem o lucro.
Tirando totalmente a espontaniedade das nossas ações e das nossas vidas. A criacão de
espaços instagramáveis nos estabelecimentos é uma amostra muito forte disso.

No entanto, um dos pontos mais fortes do filme pra mim, é o fato de nos fazer pensar muito
bem sobre a diferença entre simulação e o “real”. Truman não sabia do Show, porém, como
tudo em sua vida foi projetado para criar uma narrativa, não é possível dizer que algo foi real.
Até seu casamento foi arquitetado. A morte de seu pai. Fazendo com que até suas emoções
tenham sido simuladas.

Assim como na trama, nossa sociedade tem cada vez mais tido um certo prazer na prática de
observar pessoas e um exemplo claro disso seria nos Reality Shows. No Big Brother,
programa que foi idealizado com a premissa de ser a casa mais vigiada do mundo, se
analisarmos as edições antigas e compararmos com as recentes, vemos descaradamente uma
manipulação, onde os participantes já criam, antes mesmo de entrar, sua própria narrativa.
Essa construção, de certa forma é bem perigosa, pois o telespectador acaba se identificando
com um chamado simulacro.

No meu ponto de vista, na real as pessoas só querem se pertencer á alguma coisa, tanto que,
no final do filme, quando o Truman sai do estúdio, assim acabando com a transmissão do
programa, o público simplesmente troca de canal. Também acredito que houve de certa forma
uma mudança da moeda de troca. Hoje em dia, empresas disputam lugares on-line. Pessoas se
avaliam e se medem com likes. Transformando tudo então em mercadoria. E no filme é
possível ver isso nitidamente, ninguém questiona se isso é bom pro Truman, ele vira de fato
um forte objeto de consumo.

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