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Alimentação ajuda mesmo na imunidade?

Entenda o
que funciona

Bruna Alves
Colaboração para o VivaBem
23/03/2020 04h00
Quando pensamos em reforçar a imunidade, imediatamente vem à mente a necessidade
de turbinar a alimentação. Mas essa associação é correta?
De fato, as vitaminas e sais minerais encontradas nos mais variados tipos de alimentos
são fundamentais para o equilíbrio e manutenção da saúde do corpo. E quando falamos
em infecções (bacterianas ou virais) devemos estar com nosso sistema imunológico
funcionando muito bem. E é nesse sentido que a nutrição pode auxiliar no controle do
coronavírus.
Mas entenda bem, isso não quer dizer que manter uma boa alimentação e ter hábitos
saudáveis, como dormir bem e praticar atividade física, vai te deixar 100% imune ao
vírus. Mas, se estamos com nossas defesas em dia, consequentemente estaremos "mais
protegidos".
"O sistema imune tem que estar fortalecido para combater o vírus, por isso é fundamental
manter uma alimentação saudável e balanceada, que supra todas as necessidades do corpo
no momento, para evitar a evolução da infecção para formas mais graves da doença e
diminuir a letalidade do vírus", completa Ingvar Ludwig, infectologista da BP -
Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Segundo o especialista, ainda não há nenhuma alimentação específica que ajude no
combate à doença, mas quando nos alimentamos bem, estamos fortalecendo nosso
organismo para que ele, junto aos medicamentos "lute e vença" a doença, caso a pessoa
seja infectada.

Nunca teve uma alimentação saudável? A hora é agora

Se você não tinha hábitos saudáveis até ontem, pode começar a partir de agora. No geral,
os benefícios de uma boa nutrição aparecem a longo prazo, porém, os especialistas
afirmam que algumas mudanças metabólicas ocorrem em apenas um dia. Portanto, hoje
é um bom dia para começar a melhorar o cardápio.
Também é importante ressaltar que quando nos alimentamos da maneira adequada não é
necessário acrescentar nenhum tipo de suplemento —exceto com prescrição médica ou
por recomendação de um nutricionista — mediante necessidade e análises clínicas
(exames laboratoriais).

Saúde intestinal é fundamental

Um dos órgãos mais importantes nesse contexto é o intestino, isso porque ele funciona
como um filtro selecionando o que fica e o que sai do organismo. Caso haja algum
problema no órgão, substâncias tóxicas podem permanecer no corpo, trazendo
consequências para a imunidade.
No intestino, nós temos as bactérias da microbiota intestinal. Elas se alimentam dos
alimentos ingeridos, se multiplicam e produzem mais nutrientes para a absorção. Além
disso, a microbiota protege as células epiteliais do intestino, não permitindo a invasão de
bactérias patogênicas —que pode oferecer alguma infecção.
Quando se fala em "bactérias do bem" é importante citar os probióticos, que são
microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, aderem à
mucosa intestinal e colonizam o intestino. Outro nutriente que pode ser consumido é a
glutamina, a qual tem a função de manter a permeabilidade intestinal, tendo com resposta
uma melhor absorção dos nutrientes.
Por fim, para ajudar o intestino a funcionar adequadamente, a ingestão de água é
indispensável.

Nutrientes que vale a pena priorizar


Consumir alimentos naturais (descascando mais e desembalando menos) é importante, já
que eles possuem um alto valor de nutrientes por conter vitaminas e minerais, além de
funções oxidantes e anti-inflamatórias, que favorecem positivamente a saúde, e
consequentemente, o sistema imunológico.
Os principais nutrientes que auxiliam na saúde do sistema imunológico são: Vitamina C,
Vitamina D, Vitamina E, Ácido fólico, Carotenoides, Zinco, Selênio. A quantidade de
ingestão recomendada varia de acordo com as características de cada pessoa. No entanto,
os especialistas sugerem a ingestão de frutas diárias, de 3 a 5 porções de 100 gramas. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda consumo de, no mínimo, 400 gramas
de frutas, verduras e legumes diariamente.
Saiba mais sobre cada um deles:

1. Vitamina C
A vitamina C não é produzida pelo organismo, portanto deve ser ingerida através da
alimentação. Esse nutriente é um potente antioxidante que regenera os tecidos. É também
um ótimo protetor contra as doenças, em especial as virais, atuando na manutenção dos
linfócitos --que são responsáveis pela imunidade viral, por atuarem na regeneração celular
e na manutenção de pele e mucosas.
Ela previne gripes e resfriados por estimular a ação de anticorpos e das células de defesa.
Além disso, o consumo da vitamina diminui as chances de infecções pulmonares e
aliviam os sintomas de influenza com mais rapidez.
A vitamina C pode ser encontrada em frutas como limão, tangerina, laranja, acerola,
caju, morango e tomate. Além disso, também é possível encontrá-la em vegetais como
repolho e em hortaliças como o pimentão.

2. Carotenoides
Carotenoides são compostos responsáveis pela pigmentação amarela, laranja e vermelha
dos alimentos. Ele tem ação anti-inflamatória, o que fortalece o sistema imunológico.
Porém, assim como a vitamina C, os carotenóides devem ser adquiridos pela alimentação.
"É possível saber que um alimento possui carotenóides até mesmo visualmente, por conta
da coloração. Sendo assim, é preciso incluir vegetais e frutos amarelos, alaranjados,
vermelhos e verdes escuros, tais como: damasco, manga, cenoura, abóbora, tomate, frutas
vermelhas, brócolis e couve", recomenda a nutricionista Mônica Symphoroso.

3. Vitamina E
Por prevenir o envelhecimento das células e consequentemente, retardar os danos dos
radicais livres, a vitamina E estimula o sistema imune. Além disso, a substância também
tem ação anti-inflamatória, impede a agregação plaquetária e potencializa a atuação dos
leucócitos (ou glóbulos brancos, que são as células responsáveis por defender o
organismo contra infecções, doenças, alergias e resfriados, sendo parte da imunidade de
cada pessoa). Em caso de deficiência da vitamina, o organismo fica mais suscetível para
contrair infecções. Para incluir a vitamina E na alimentação podemos investir em gérmen
de trigo, azeite de oliva, abacate, oleaginosas (castanhas, amêndoas e nozes), gema de
ovo e grãos.

4. Ácido fólico
O ácido fólico tem uma responsabilidade bem específica --o de produzir e restaurar o
DNA, que impacta na proteção da imunidade. Sendo assim, os linfócitos são os mais
prejudicados quando os níveis de ácido fólico estão baixos. A deficiência de folato
diminui a resposta dos glóbulos brancos contra agentes estranhos no corpo e afeta a
produção de anticorpos. Isso pode levar ao agravamento de doenças.
Para adicionar o ácido fólico na dieta, recomenda-se o consumo de alimentos como
vegetais verde escuros (agrião, couve e brócolis) e leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-
bico e ervilha).

5. Zinco
O zinco é um nutriente mineral encontrado em todo o nosso corpo que tem um papel
importante no sistema imunológico. Junto com o manganês, ele diminui a incidência de
infecção. No entanto, ele não é armazenado pelo corpo, por isso é preciso manter os
níveis adequados através da alimentação.
Ele pode ser encontrado em frutos do mar como ostras, caranguejo e lagosta, carnes
vermelhas e aves, grãos como lentilha e feijão, sementes, castanhas, leite e derivados.

6. Selênio
O selênio é um ótimo antioxidante que também fortalece o sistema imune. Ele é
encontrado em grande quantidade na castanha-do-pará. Porém, se ingerida em grande
quantidade pode ser tóxica. A recomendação para ingestão diária é de duas castanhas.

Fonte:
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/03/23/alimentacao-ajuda-
mesmo-na-imunidade-entenda-o-que-funciona.htm

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