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Não significa que as pesquisas das imprensas regionais, inclusive as paranaenses, sejam
medíocres. Apenas pretende-se alertar sobre o fato de que esse material carece de conteúdo para
formar uma base, não apenas histórica, como também sociológica, sobre o desempenho local
(CHARRON; BOVILLE, 2016).
Houve pesquisas de desempenho dos jornais, bancadas por empresários do ramo
jornalístico e pela Associação Nacional de Jornais, mas foram abandonadas pela falta de
financiamento à medida que o jornalismo digital superou o jornalismo impresso. Essas
pesquisas que poderiam introduzir a imprensa regional no espelho ficaram, portanto,
inconclusas (FERNANDES et al., 2022).

6.3 ENTREVISTAS

Atualmente, uma técnica muito utilizada em trabalhos científicos é a entrevista. Essa


técnica proporciona ao pesquisador extrair uma grande quantidade de informações que
enriquecem o seu trabalho. É utilizada não só nas disciplinas sociais científicas, como também
na pesquisa social comercial, sendo importante não apenas para coleta de dados, mas também
para orientação e diagnóstico. A entrevista deve ser precedida por um levantamento
bibliográfico e pela observação de fatos e fenômenos, e, após essas duas etapas, com a entrevista
o pesquisador obtém os dados que não foram possíveis reunir por meio da bibliografia e da
observação (BRITTO JÚNIOR; FERES JÚNIOR, 2011). A entrevista é uma técnica que
permite ao pesquisador coletar dados de maneira mais próxima da completude, com o mínimo
de tempo e esforço (ROSA; ARNOLDI, 2006).

O termo entrevista é construído a partir de duas palavras, entre e vista. Vista refere-
se ao ato de ver, ter preocupação com algo. Entre indica a relação de lugar ou estado
no espaço que separa duas pessoas ou coisas. Portanto, o termo entrevista refere-se ao
ato de perceber realizado entre duas pessoas (RICHARDSON, 1999, p. 207).

O autor Gil (2008) classifica as entrevistas em informais, focalizadas, por pautas e


formalizadas.
a) Entrevista informal: é o modelo menos estruturado e só se diferencia de uma
simples conversação pelo fato básico da coleta de dados. É recomendada para
estudos exploratórios, que visam a esclarecimentos de assuntos pouco conhecidos
pelo pesquisador e oferta de uma visão aproximada da questão pesquisada.
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b) Entrevista focalizada: tem a mesma liberdade da anterior, se diferencia por possuir


um objetivo bem específico. Ao entrevistado é dada a liberdade de falar
livremente, mas exige do pesquisador um esforço para evitar desvios do tema. É
muito utilizada em situações experimentais, que demandem exploração profunda
de experiências vividas por uma pessoa ou um grupo de pessoas em condições
exatas, como presenciar um acidente ou assistir a um filme.
c) Entrevista por pautas: apresenta certo grau de estruturação, se guia por uma
relação de interesses que o pesquisador vai explorar ao longo da entrevista. As
pautas devem ser ordenadas e apresentar relação entre si. O entrevistador não
abusa das perguntas diretas e deixa o entrevistado falar com liberdade, à medida
que responde as pautas relacionadas.
d) Entrevista estruturada ou formalizada: esse modelo utiliza uma relação fixa de
perguntas, e sua ordem permanece invariável para todos os entrevistados, que
normalmente são em grande número. Possibilita o tratamento quantitativo dos
dados, sendo o mais adequado para levantamentos sociais.
Após as etapas do levantamento bibliográfico e da observação, a preparação para a
entrevista é a etapa mais importante da pesquisa, que requer tempo e exige do pesquisador um
direcionamento claro da informação que necessita obter, além de algumas medidas, como
definir o objetivo a se alcançar, agendar com antecedência a entrevista e garantir que
acontecerá, assegurar ao entrevistado o sigilo das informações, procurar entrosar-se com o
entrevistado para colher boas informações, estudar previamente o assunto para evitar perda de
tempo e organizar um roteiro com as questões mais importantes (MARCONI; LAKATOS,
2003).
Para Gil (2008), a preparação do roteiro deve ser de acordo com o tipo de entrevista que
será realizada. Se for informal, o pesquisador pode utilizar-se apenas de tópicos e realizar o seu
desenvolvimento no decorrer da entrevista. Nas entrevistas estruturadas, o processo é
semelhante à redação de um questionário. Baker (1988, p. 182, apud Gil, 2008) define regras
gerais que a elaboração do roteiro deve seguir.
a) As instruções ao entrevistador devem ser claras, informando como iniciar a
entrevista, quanto tempo o entrevistado tem disponível, quais locais são
adequados para a realização da entrevista e como proceder em caso de recusa do
entrevistado.

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