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O PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DE SERGIPE

REFERENTE AO PERÍODO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Autora: Roberta da Silva Rosa1


Coautor: Gilson Rambelli2

As evidências arqueológicas estão espalhadas por todo território nacional e fazem


parte do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural brasileiro. Os vestígios materiais
encontrados se apresentam como elementos importantes para o conhecimento da história, já
que fazem parte das informações do passado deixadas por pessoas que já não mais existem.
Este legado é, portanto, nossa herança cultural.
De acordo com o arqueólogo paulista Pedro Paulo Funari (2007) o conceito de
Patrimônio Cultural é usado como referência a monumentos herdados de gerações anteriores,
ou seja, este conceito vem das línguas românicas que se referem a “propriedade herdada do
pai ou dos antepassados, uma herança”. Esta ideia procura demonstrar a importância de se
construir uma consciência histórica relacionada aos vestígios deixados pelos nossos
antepassados e que apresentam suas continuidades no presente. Segundo ele, não existe
identidade sem memória e por este motivo:

Os monumentos históricos e os restos arqueológicos são importantes


portadores de mensagens e, por sua própria natureza como cultura material,
são usados pelos atores sociais para produzir significado, em especial ao
materializar conceitos como identidade nacional e diferença étnica
(FUNARI, 2007, p. 60).

A percepção do Patrimônio Cultural não se dá de maneira espontânea. Segundo o


arqueólogo paulista Gilson Rambelli ela é construída social e historicamente (2008, p. 50).
Com base nisso, podemos dizer que a relação existente entre a preservação do Patrimônio

1
Mestranda em Arqueologia pela Universidade Federal de Sergipe (2013), Graduanda em Arqueologia pela UFS
(2010), Graduada licenciada em História pela Universidade Tiradentes (2009), Bolsista da CAPES, e-mail:
roberta.ro25@hotmailcom.
2
Coordenador do Laboratório de Arqueologia de Ambientes Aquáticos (LAAA-UFS), Professor do
Departamento de Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe (DAR-UFS), Bolsista de Produtividade
Científica do CNPq, e-mail: gilson.rambelli@gmail.com.
Arqueológico e a sociedade pode ser apontada como sendo o reconhecimento e a valorização
das identidades culturais de uma determinada região, e isto, está diretamente relacionado com
a identificação do sujeito na localidade em que ele vive, tornando-o uma parte deste passado,
identificando-se com ele.
Nesse contexto, podemos inserir o Patrimônio Histórico Estadual de Sergipe referente
à Segunda Guerra Mundial, o Cemitério dos Náufragos, que representa materialmente a
passagem trágico-naval dos torpedeamentos das embarcações brasileiras afundadas no litoral
sergipano em 1942 que vitimou covardemente centenas de pessoas inocentes.
O Cemitério dos Náufragos localizado em Aracaju consiste em uma Arquitetura
funerária do século XX, que foi elevada a Patrimônio Histórico pelo Decreto Estadual nº
2.571 em 20 de maio de 19733. Para se tornar um bem histórico tombado, passou por um
estudo avaliativo com critérios técnicos, levantamento histórico e de valor representativo
perante a comunidade em que está inserido.
Com o passar dos anos, no entanto, o importante acontecimento histórico sobre os
ataques navais em Sergipe se tornou desconhecido e distanciado das novas gerações. Isso se
deve ao fato desta temática ter sido pouco explorada pelas produções historiográficas. No
geral, as abordagens colocam o envolvimento do Brasil na Segunda Guerra como tendo uma
participação simbólica, merecendo apenas uma breve citação nos livros didáticos. No entanto,
discordamos veementemente com essa visão generalista que, de certa forma, despreza as
experiências dramáticas vividas pelas regiões litorâneas brasileiras que sofreram direta e
indiretamente com os atos de guerra praticados contra a nação brasileira em seu mar
territorial.
Os torpedeamentos praticados pelos submarinistas alemães aos navios Baependy,
Araraquara e Aníbal Benévolo na costa sergipana representou a chegada da grande guerra ao
Brasil. No entanto, atualmente, a situação do Patrimônio que representa materialmente essa
tragédia se encontra em condições lamentáveis. O primeiro Cemitério dos Náufragos
localizado na Atalaia Velha está “abandonado”, vítima do esquecimento das autoridades e
destruído pela ação do homem e do tempo.

3
O Decreto Estadual nº 2.571, de 20 de maio de 1973, elevou o Cemitério dos Náufragos a Patrimônio Histórico
de Sergipe. Disponível em: <http://sergipepatrimonios.wix.com/seeseuspatrimonios/ master-page-7>. Acesso em
11 de março de 2014.
O segundo cemitério localizado no Mosqueiro, de acordo com os estudos, ele
representa apenas os locais que possivelmente abrigam ou abrigaram os restos mortais das
vítimas que foram removidos do cemitério original durante a construção da Rodovia dos
Náufragos que ligaria a capital às praias sergipanas, em 1973. Nessa época foi assinado o
Decreto Estadual 2.571 de 20 de maio, que passou a considerar o Cemitério dos Náufragos
como Patrimônio Histórico do Estado de Sergipe. Com a obra da rodovia, foi necessário então
mudar o cemitério da sua localização antiga para a atual, no Mosqueiro (MELLO;
CERQUEIRA, 2012). De acordo com relatos da população, o impacto da construção foi
grande, visto que “passaram por cima de tudo, reviraram as covas e depois colocaram tudo
no cemitério do Mosqueiro” 4. Muitos corpos foram trasladados, contudo ainda resta parte do
cemitério original, o qual se encontra interditado por medida judicial desde 2007 e carente da
devida proteção das autoridades públicas.
O Monumento do Cemitério dos Náufragos localizado no Mosqueiro é o mais
preservado. O local é murado, não apresenta sinais de violação nas sepulturas nem acúmulo
de entulhos e lixo na sua área. No entanto, falta na localidade uma maior divulgação a
respeito da existência deste Monumento. Ele se encontra em uma pequena rua lateral sem
saída, não existindo sequer uma placa na localidade que se refira a ele. Diante desse contexto,
podemos dizer que não há um sentimento de identidade deste patrimônio na comunidade,
principalmente na população jovem. A maioria não sabe nem de sua existência. Falta uma
ação de política pública por parte dos governantes na comunidade acerca da importância de se
preservar a memória destes episódios, principalmente na população jovem da comunidade.
Aracaju, ao que tudo indica, é a única cidade do Brasil que tem plantado em seu solo
um cemitério de náufragos da Segunda Guerra Mundial. Esse fato se justifica, levando em
conta que a maioria dos afundamentos e as batalhas navais ocorreram sempre em longitudes
bem distanciadas do continente, enquanto os afundamentos na costa de Sergipe, ocorreram a
poucas milhas de Aracaju, aonde chegaram a ser avistadas as luzes projetadas pelo Farol de
Aracaju.

4
Entrevista publicada In: Estudante quer garantir preservação de patrimônio estadual. Jornal da Cidade, 21
de novembro de 2010. Disponível em: <http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=83899>. Acesso em
17 de dezembro de 2013.
O Cemitério dos Naufrágios é resultado dos afundamentos dos navios mercantes
brasileiros Baependy, Araraquara e Aníbal Benévolo.5 Eles foram atacados brutalmente pelo
submarino alemão U-507 que vitimou mais de 500 pessoas no litoral nordestino. Esse evento
trágico teve grande peso no reconhecimento do Estado de Beligerância em todo território
nacional em 22 de agosto de 19426 e na Declaração Brasileira de Guerra aos países do Eixo
em 31 de agosto de 1942.
Os navios afundados na costa sergipana são considerados pela Arqueologia de
Ambientes Aquáticos como sítio de naufrágio7 formado pelos restos das três embarcações
naufragadas. Este tipo de sítio pode ser estudado in situ por meio da aplicação de métodos e
técnicas específicos voltados para a práxis da arqueologia praticada embaixo d’água, com
ferramentas especificas e adaptada ao ambiente (BASS, 1969; MUCKELROY, 1978; BLOT,
1999, RAMBELLI, 2003). O estudo também pode se deter na busca de conhecimento sobre a
própria embarcação, destacando as estruturas, tecnologias, cargas, partidas e destinos, assim
como seu uso enquanto meio de transporte, lugar de trabalho, segundo lar para os tripulantes,
enfim, as possibilidades de pesquisa são amplas.

BREVE HISTÓRICO SOBRE SERGIPE NO CONTEXTO DA SEGUNDA GUERRA


MUNDIAL

No início da década de 40 do século passado, as notícias da guerra chegavam a


Sergipe através de jornais, anúncios nos rádios e cinemas locais. No entanto, elas não
alteravam o cotidiano pacato da cidade de Aracaju, afinal o conflito ocorria no continente
europeu que estava muito distante. Mas, com o tempo a batalha naval empreendida pelos
nazistas no Atlântico começou a se expandir. Os Estados Unidos na defesa do seu litoral se

5
“Pela primeira vez as embarcações brasileiras, servindo o tráfego das nossas costas no transporte de passageiros
e cargas de um Estado para outro, sofreram ataque dos submarinos do Eixo. [...] Foram afundados em Sergipe os
vapores “Baependy” e “Aníbal Benévolo” do Lloyd Brasileiro e o “Araraquara” do Lloyd Nacional S.A. [...]
Deve o povo manter-se calmo e confiante na certeza de que não ficarão impunes os crimes praticados contra a
vida e bens dos brasileiros” (CORREIO DE ARACAJU, 1942, p.1). Cf. CRUZ, 2012, p.19.
6
Declaração de Estado de Beligerância em todo território nacional. Fonte: Correio de Aracaju. Aracaju/Se. 16
de Janeiro de 1943, p. 4 apud CRUZ, Luiz A. P. “A guerra já chegou entre nós”! O cotidiano de Aracaju
durante a Guerra Submarina (1942 -1945). 2012. 232f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade
Federal da Bahia - Faculdade de Filosofia d Ciências Humanas, Salvador, 2012, p. 232.
7
Sítio de naufrágio consiste em um sítio arqueológico formado por restos de uma ou mais embarcações
naufragadas. Disponível em: <http://laaa.ufs.br>. Acesso em 05 de março de 2014.
aperfeiçoou tecnologicamente e reagiu aos ataques com seus caça-submarinos, afastando
assim os U-boots8 alemães que migraram para o Atlântico Sul. A guerra então começava a se
aproximar do litoral brasileiro.
O governo liderado pelo presidente Getúlio Vargas agia de forma “neutra” diante do
conflito, tanto desenvolvendo relações de solidariedade com os Estados Unidos, como
mantendo laços econômicos com os países eixistas. No entanto, essa política de
imparcialidade chegou ao fim logo após o ataque japonês a Pearl Harbor, em 7 de dezembro
de 1941 e com a Declaração de Guerra dos Estados Unidos ao Japão, à Itália e à Alemanha.
Na Conferência Pan-Americana dos Chanceleres realizada no Rio de Janeiro, em 28
de janeiro de 1942, contrariando a opinião dos militares pró-Alemanha, decidiu- se a favor do
rompimento das relações diplomáticas com os países do Eixo. Dessa forma, o Brasil rompia
com a sua neutralidade, contudo a maioria dos brasileiros não sabia dos riscos dessa decisão
política e continuou a navegar a bordo dos navios mercantes.
A presença dos submarinos no litoral do Brasil se intensificou, demonstrando assim
que a Alemanha nazista estava atenta ao comércio exterior do país. A rota brasileira se
apresentava como uma das linhas vitais para os Aliados e por esta razão é compreensível que
os submarinos viessem com a missão de obstruí-la. O desfecho foi o ataque brutal do
submarino U-507 ocorrido na área costeira de Sergipe contra os navios Baependy,
Araraquara e Aníbal Benévolo, ocasionando assim, uma das maiores tragédias brasileiras no
período da Segunda Guerra Mundial.
Os primeiros ataques ocorreram em águas internacionais, foi confirmado o
torpedeamento praticado pelo submarino alemão U-432 ao navio Buarque no dia 15 de
fevereiro de 1942, quando este navegava sozinho e desarmado pelo Atlântico Norte. Antes
disso, em 22 de março de 1941 o navio Taubaté tinha sido avariado por um avião da Força
Aérea Alemã e no mesmo mês o navio Santa Clara desapareceu de forma repentina, sem

8
O termo U-boots é originado da palavra alemã Unterseeboot que significa “pequeno-barco debaixo d’água”,
usado para designar qualquer submarino. “Os U-boots espalharam o terror pela costa nacional e afundaram os
navios mercantes em Sergipe deixando muitas marcas na memória da população” In CRUZ, Luiz A. P; SOUZA,
Antônio L. U-Boots no Brasil. As vivências do homem costeiro diante da Guerra Submarina em Sergipe.
(1942-1945). 2009. Trabalho apresentado no IV Congresso Internacional de História, Maringá - PR, 2009.
Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/58571408/U-BOOTS-NO-BRASIL-AS-VIVENCIAS-DO-HOMEM-
COSTEIRO-DIANTE-DA-GUERRA-SUBMARINA>. Acesso em 12 de dezembro de 2013.
deixar rastros (SILVA, 1972 apud PORTO, 2010). A partir desses fatos, percebe-se que o
Brasil antes mesmo de entrar oficialmente na guerra já era alvo do Führer alemão.
A área atlântica brasileira afetada com as primeiras investidas nazistas foi o litoral
deserto de Sergipe, entre os dias 15 e 16 de agosto de 1942. Os torpedeamentos ocorrem de
forma inesperada e trágica com os navios Baependy, Araraquara e Aníbal Benévolo,
vitimando assim 549 pessoas. Na época, o anúncio do jornal aracajuano Folha da Manhã
destacou: “Sergipe nunca em sua vida, presenciou cenas tão tristes como nestes dias9”. O
clima de Aracaju era de consternação, afinal as perdas foram incalculáveis, os nazistas
assassinaram covardemente civis e militares, eram homens, mulheres e crianças. Os
acontecimentos foram assustador para a população e muito sofrido para os náufragos,
transformando assim, a capital numa cidade sitiada.
Sergipe se envolveu num clima de guerra, ocorreram várias manifestações e houve
perseguições a estrangeiros e sergipanos suspeitos de espionagens. O quebra-quebra se
instalou na cidade, o comércio local paralisou, as aulas foram suspensas, o expediente das
repartições públicas foi encerrado e nas ruas houve aumento das autoridades policiais para
intervir, a fim de conter a multidão e evitar ânimos mais exaltados.
Refém da ameaça submarina, a cidade ficou isolada sem os costumeiros navios
mercantes, dessa forma, ela perdia sua feição portuária. Com a guerra e os naufrágios
seguidos, sugere-se a desaparição da atração do porto, pois seu movimento paralisou quase
que completamente, tendo sido cancelada a circulação de mercadorias. Vale ressaltar que o
mar nessa época era a principal via de ligação com outros estados, já que as estradas de
rodagem interestaduais eram inexistentes e não havia um sistema ferroviário eficiente.
A população sofreu com o aumento da inflação que encareciam os alimentos. O
isolamento naval asfixiou o comércio e encalhou a safra açucareira nos trapiches ribeirinhos.
Medidas de defesa na costa sergipana se iniciaram, como o blackout10 que consistia no
escurecimento da cidade, no entanto, essa medida causou transtorno urbano, provocando um

9
Folha da Manhã. Nota publicada no jornal aracajuano. Cf. CRUZ; SOUZA, 2009. Disponível em:
<http://www.pph.uem.br/cih/anais/trabalhos/331.pdf>. Acesso em 12 de dezembro de 2013.
10
O “black-out” consistiu no escurecimento das cidades, das povoações e das residências particulares, originado
- seja pela extinção de todas as luzes, seja pelas medidas tomadas previamente para velar a iluminação, de modo
que as cidades, povoações, etc., não pudessem ser distinguidas pelos bombardeadores inimigos. Cf. PEREIRA,
1942, p.58 apud SCHURSTER 2013, p.49. Disponível em:
<http://www.revistanavigator.com.br/navig17/dossie/N17_dossie3.pdf>. Acesso em 23 de julho de 2013.
aumento significativo da violência. Enfim, esse era o clima de Aracaju em tempos de guerra,
a capital deixava de ser uma mera espectadora de um conflito europeu para se transformar em
uma vítima da Segunda Guerra Mundial.

POSSIBILIDADES DE ESTUDO DESSES SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE


NAUFRÁGIOS EM SERGIPE

A abordagem da Arqueologia de Ambientes Aquáticos utilizada neste trabalho buscou


analisar os múltiplos significados relacionados aos navios afundados na costa sergipana na
época da Segunda Guerra Mundial. O levantamento das fontes de informações foi feito
através de documentos, jornais, fotografias, mapas e observação da cultura material, a
exemplo do Cemitério dos Náufragos que foi consequência dos naufrágios que ocasionou
centenas de mortes. Para a arqueologia os restos mortais também podem ser estudados, eles
são considerados biofatos, nesse caso, associados aos sítios arqueológicos de naufrágios. A
partir das informações buscamos compreender o contexto em que os navios afundaram e
descrevemos sobre as suas estruturas, partidas e destinos, carregamento, profundidade em que
submergiram e identificamos a possível localização atual.
É importante destacar que já existem algumas pesquisas que abordam o tema Sergipe
no contexto da Segunda Guerra Mundial, a exemplo da monografia e dissertação do
arqueólogo Otávio Arruda Porto “Uma arqueologia da II grande guerra: Sergipe e os sítios
de naufrágios” (2010) e “Arqueologia Marítima/Subaquática da 2ª Guerra Mundial: sua
aplicabilidade no Brasil” (2013) respectivamente; a monografia do arqueólogo Alexandre
Araújo de Oliveira Santana “Arqueologia de naufrágios: Sergipe e os remanescentes da
segunda guerra mundial” (2012); e a dissertação do historiador Luiz Antônio Pinto Cruz “‘A
Guerra Já Chegou Entre Nós’! O cotidiano de Aracaju durante a Guerra Submarina (1942 -
1945)” (2012). Além desses trabalhos acadêmicos, se destacam também as ações exercidas
pelo Laboratório de Arqueologia de Ambientes Aquáticos do Departamento de Arqueologia
da Universidade Federal de Sergipe coordenado pelo arqueólogo Gilson Rambelli, as atuações
são voltadas para pesquisas, cursos de extensão universitária e difusão cultural do
conhecimento sobre os sítios arqueológicos de ambientes aquáticos.
Sobre o navio Baependy, sabe-se que ele era da classe paquete, ex-alemão Tijuca, que
tinha sido confiscado pelo governo brasileiro durante a Primeira Guerra Mundial. Seus
aspectos náuticos consistiam em casco de aço, com 119 metros de comprimentos, 14,10
metros de boca, e 9,26 metros de pontal. Deslocava 4.081 toneladas brutas e 3.066 líquidas
(WYNNE, 1973). O percurso realizado no dia 15 de agosto de 1942, foi o seguinte: zarpou do
Rio de Janeiro, fez escala em Salvador e se dirigiu à Recife, no entanto, foi surpreendido com
o ataque do submarino U-507 quando navegava de 11 a 20 milhas na barra do rio Real no
litoral sergipano a uma velocidade de nove nós (16,6 km/h). A embarcação foi atingida por
dois torpedos.
O navio afundou junto com a maioria das pessoas. A bordo estavam 73 tripulantes e
250 passageiros, entre os quais, 141 eram militares do 7º Grupo de Artilharia de Dorso.
Foram mortas 270 pessoas (CRUZ, 2012). A tragédia do Baependy foi a maior de todas as
que houve entre os navios brasileiros durante o período da Segunda Guerra Mundial
(SANDER, 2007 apud PORTO, 2013).
Para identificar a profundidade do local, foi utilizada a possível coordenada geográfica
do navio no momento do ataque, que era de Lat 11º 51’ S e Long 37º 02’ W. De acordo com
as coordenadas plotadas em cartas náuticas eletrônicas, a profundidade no provável local é de
mais de 2.000 metros, impossibilitando assim qualquer pesquisa in situ, sendo viável apenas,
através de veículo controlado remotamente (ROV) ou veículos subaquáticos autônomos
(PORTO, 2013).
O Araraquara respondia por um navio de classe paquete, com 4.872 toneladas de
deslocamento. Era armado em iate, visando a navegação de grande cabotagem. Ele pertencia à
frota dos “Ara” do Lloyd Nacional. Fora construído na Itália nos estaleiros de Cantiori
Nevale, em Triéste e registrado na Capitania dos Portos do Rio de Janeiro em 1937 (CRUZ,
2012). Seus aspectos náuticos consistiam em casco de aço, com 117, 9 metros de
comprimento, boca com 16,3 metros e calado com 4,4 metros. O percurso realizado no dia 15
de agosto de 1942 foi o seguinte: partiu de Salvador e se dirigia à Maceió, no entanto, antes
de chegar ao seu destino foi atacado de forma repentina e atingido por um torpedo disparado
pelo mesmo agressor do navio Baependy. Morreram o Comandante, o Imediato, seis oficiais,
58 tripulantes e 65 passageiros, somente 11 pessoas que estava a bordo sobreviveram
(SANDER, 2007 apud PORTO, 2013).
As possíveis coordenadas geográficas da localização do navio no momento do ataque
eram de Lat 11º 53’ S e Long 37º 22’ W, plotadas em carta náutica eletrônica. De acordo com
essa informação, será possível realizar trabalhos sistemáticos in situ (PORTO, 2013), com
arqueólogos mergulhadores fazendo o levantamento das áreas do sitio arqueológico através de
várias técnicas, como inspeções visuais subaquáticas, levantamento em círculos concêntricos,
em retângulos, triângulos, pêndulo, como também com a ajuda e um propulsor, ou planador
puxado por barco (RAMBELLI, 2002).
O navio Aníbal Benévolo, ex-Comandante Alvim, foi construído em estaleiro alemão
em 1905 (CRUZ, 2012). Era um vapor com 1.905 toneladas de deslocamento. Seus aspectos
náuticos consistiam em casco de aço, com 82,2 metros de comprimento, boca com 11,5
metros e calado com 3,8 metros. O percurso realizado no dia 16 de agosto de 1942 foi o
seguinte: zarpou de Salvador com destino a Aracaju, saiu uma hora após do Araraquara. Ele
navegava com as luzes apagadas, mantendo apenas os faróis de navegação acesos, estava
muito próximo à costa aracajuana, por volta de sete milhas, aproximadamente 13 km, quando
foi surpreendido pelo ataque do submarino U-507. Era madrugada e quase todos estavam
dormindo, somente quatro dos 71 tripulantes sobreviveram, todos os 83 passageiros
pereceram (SANDER, 2007 apud PORTO, 2013).
De acordo com o historiador Luiz Cruz (2012), “o povo sergipano se identificava com
o navio Aníbal Benévolo, afinal Aracaju era o seu fim de viagem e as pessoas acostumaram a
vê-lo adentrar a boca da Barra e apontar na ponte do Lima. O navio afundou com vários
sergipanos que vinham de Salvador. Poucos sobreviveram”. As coordenadas geográficas da
possível localização do navio no momento do ataque era de Lat 11º 42’ S e Long 37º 23’ W,
plotadas em carta náutica eletrônica. Elas demonstram que será possível realizar trabalhos
sistemáticos in situ, com metodologias comparáveis as que poderão ser utilizados no
Araraquara (PORTO, 2013).
A tabela abaixo de Ações Beligerantes do U-507 na Costa do Brasil faz um recorte e
mostra os navios brasileiros que foram atacados pelo submarino U-507 em Sergipe e na Bahia
durante a Segunda Guerra Mundial. Quando comparamos a quantidade de mortos decorrente
dessa tragédia, notamos de forma clara através dos dados, que as maiores fatalidades no
período de guerra aconteceram em águas sergipanas. De acordo com o arqueólogo Otávio
Porto (2013), foram perdidas 549 vidas, ou seja, 52,3% das fatalidades brasileiras. Vale
ressaltar, que não há um consenso em relação aos números efetivos de mortes, pois as fontes
de informações pesquisadas divergem.

Tabela - Ações Beligerantes do U-507 na Costa do Brasil11


NAVIOS LOCAL DATA Nº Nº DE SAVOS MORTOS OU TOTAL DE
DO DE PASS. DESAPAARECIDOS MORTOS OU
ATAQUE TRIP. TRIP. PASS. TRIP. PASS. DESAPARECIDOS

Baependy Sergipe 15/08/1942 73 233 18 18 55 215 270


Araraquara Sergipe 15/08/1942 74 68 8 3 66 65 131
Aníbal Sergipe 16/08/1942 71 83 4 67 83 150
Benévolo
Itagiba Bahia 17/08/1942 60 121 50 95 10 26 36
Arara Bahia 17/08/1942 35 15 20 20
Jacira Bahia 19/08/1942 5 1 5 1
TOTAL GERAL 318 506 100 117 218 389 607

Diante dos fatos trágicos, a cidade de Aracaju foi alçada à condição de vítima da
Guerra Submarina, sendo o acontecimento considerado de grande peso no reconhecimento do
Estado de Beligerância em todo território nacional em 22 de agosto de 1942, e na Declaração
Brasileira de Guerra à Alemanha e à Itália em 31 de agosto de 1942. Alguns jornais da época
fizeram uma comparação interessante entre o “atentado nazista em Sergipe” e o “atentado
japonês a Pearl Harbor”, pois ambos foram executados por países beligerantes do Eixo e
arrastaram suas respectivas nações à Segunda Guerra Mundial (CRUZ; ARAS, 2012).
De acordo com as memórias do prático Zé Peixe12, contemporâneo dos
acontecimentos:

O Brasil não tinha entrado em guerra. Esses navios [...] Baependy,


Araraquara e Aníbal Benévolo foram torpedeados. Aí Getúlio Vargas
declarou guerra daí por diante. Torpedearam os navios brasileiros em águas
brasileiras. Dentro da nossa casa né? Na barra de Estância. De Estância

11
SERAFIM, Carlos Frederico S. & BITTENCOURT, Armando Senna. A Marinha na República. A
Importância do Mar na História do Brasil. 2006. Ministério da Educação, Brasília, 2006, p. 151.
12
José Martins Ribeiro Nunes, mais conhecido como Zé Peixe, nasceu em 05 de janeiro de 1927 na cidade de
Aracaju. Na época dos torpedeamentos ele era adolescente e suas memórias são consideradas privilegiadas, pois
sua casa se localizava próximo à Capitania dos Portos de Sergipe. Ele testemunhou vários acontecimentos, entre
eles, as operações antissubmarinas na cidade, os ensaios antiaéreos, o movimento estudantil e a perseguição aos
estrangeiros. Depois da guerra, Zé Peixe se tornou um prático, sendo inclusive um dos mais conhecidos na
Marinha do Brasil.
para São Cristóvão. E os corpos davam na praia. Tinha o Cemitério dos
Náufragos, mas tinha corpos que não dava pra pegar mais que tava em
estado que não podia pegar mais. Aí botava na praia e enterrava lá [...] 13.

O relato acima demonstra um olhar particular sobre o drama vivido com a guerra
submarina e a forma que foi compreendido. Afinal, consideramos os depoimentos orais
importantes fontes de informações que servem para preencher as lacunas existentes na
historiografia. As fontes orais se apresentam como diferentes percepções sociais, no entanto,
elas não podem ser consideradas isentas de imperfeições. Portanto, devem ser confrontadas
com outros tipos de informações, buscando assim uma melhor compreensão dos fatos
ocorridos através dos olhares da população que são imprescindíveis para a construção da
História.
O estudo de embarcações, enquanto cultura material pode ser percebido em suas
múltiplas dimensões, pois se trata de um meio de transporte, mas também representa um
“lugar de trabalho”, “espaço de convivialidade”, o “segundo lar”, a “pátria”, enfim, a “razão
de ser” da marujada (CABRAL, 1958 apud CRUZ; ARAS, 2012, p. 88). Os sítios mais
numerosos e estudados são os de naufrágios, pois conseguem alcançar um alto grau de
conservação. As novas análises, baseadas nas abordagens do pós-processualismo como a
arqueologia simbólica, contextual e crítica, buscam ampliar e diversificar as possibilidades de
estudo referentes aos sítios arqueológicos de ambientes aquáticos.
Segundo o arqueólogo Gilson Rambelli (2002), a Arqueologia de Ambientes
Aquáticos se debruça sobre a cultura material que se encontra submersa ou na interface do
ambiente aquático, a qual possibilita reconstituir aspectos do passado revelando riquezas
históricas que estão encobertas pelas águas. De acordo com o arqueólogo britânico Keith
Muckelroy (1978), essa abordagem estuda o material de restos de atividades humanas no mar
e as vias navegáveis, centrando-se nos naufrágios (MUCKELROY, 1978 apud GIBBINS;
ADAMS, 2001). George Fletcher Bass foi o arqueólogo pioneiro que desenvolveu métodos e
técnicas específicos voltados para a práxis da arqueologia praticada embaixo d’água, criando
ferramentas especificas e adaptando outras que eram utilizadas em superfície (BASS, 1969;
MUCKELROY, 1978; BLOT, 1999, RAMBELLI, 2003).

13
Entrevista de José Martins Ribeiro Nunes (Zé Peixe) concedida aos historiadores Luiz Antonio Pinto Cruz e
Antônio Lindvaldo Souza, em Aracaju dia 07 de abril de 2004 (CRUZ; SOUZA, 2009). Disponível em
<http://www.pph.uem.br/cih/anais/trabalhos/331.pdf>. Acesso em 12 de dezembro de 2013.
Ao problematizar um sítio arqueológico de naufrágio devemos levar em consideração
vários fatores, como a época e o contexto em que o naufrágio aconteceu, sua localização e o
efeito da ação da erosão com o tempo. Para realizar um levantamento das estruturas e
artefatos é preciso fazer uma prospecção arqueológica, utilizado equipamentos geofísicos,
fazendo registro rigoroso e aplicando uma metodologia adequada que garanta a preservação
das informações arqueológicas.

O CEMITÉRIO DOS NÁUFRAGOS ENQUANTO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO


E O SEU “ABANDONO” PELO PODER PÚBLICO

Um dos objetivos deste trabalho é compreender a partir da Arqueologia Histórica a


relação entre a suposta criação do Cemitério dos Náufragos em Aracaju com os
torpedeamentos dos navios brasileiros na costa sergipana que vitimou centenas de pessoas no
período da Segunda Guerra Mundial. Faremos a ligação desses acontecimentos com as
memórias dos aracajuanos e analisaremos a questão do “abandono” pelas autoridades públicas
deste Monumento Histórico representativo que se encontra oficialmente interditado pelo
Ministério Público Estadual desde 2007, mas que ainda permanece em uso pela população
local que realiza os enterramentos de seus familiares.
De acordo com o arqueólogo Pedro Funari (2006) a pesquisa arqueológica se baseia
no estudo da cultura material que busca compreender as relações sociais e as transformações
ocorridas na sociedade. O fundamento teórico desta pesquisa segue a linha da corrente teórica
Pós-Processual que tem como principais pilares as concepções dos arqueólogos Ian Hodder,
Michael Shanks e Cristopher Tilley. Essa corrente possui métodos interpretativos e busca
entender os acontecimentos da vida social através dos contextos, analisando assim a
pluralidade dos significados impregnados na cultura material a partir de múltiplas visões.
Nesse sentido, essa vertente teórica também chamada de arqueologia Contextual
proporcionará uma melhor compreensão dos fatos ocorridos no litoral de Sergipe na época da
Segunda Guerra Mundial.
Durante muito tempo, os cemitérios serviram de fontes de pesquisas para a
Arqueologia Pré-Histórica. No entanto, a Arqueologia Histórica, responsável pelo estudo
contemporâneo, vem desenvolvendo poucas pesquisas referentes aos monumentos funerários
urbanos existentes do século XX. No Brasil, o assunto é pouco explorado, destacam-se
trabalhos como o de Solimar G. Messias Bonjardim e Maria Augusta Mudin Vargas (2010),
que tratam sobre a materialidade e a imaterialidade da paisagem arqueológica da morte nas
cidades de São Cristóvão e Laranjeiras em Sergipe e o estudo de Gessonia Leite de Andrade
Carrasco e Sérgio Castello Branco Nappi (2009), sobre os cemitérios enquanto patrimônio
cultural como fonte de pesquisa, de educação patrimonial e de turismo.
O objeto de estudo escolhido, ao que tudo indica, é o único o cemitério de náufragos
do período da Segunda Guerra Mundial construído em solo de uma cidade brasileira. O
Cemitério dos Náufragos foi transformado em Patrimônio porque possui um valor simbólico e
histórico que representa materialmente a passagem das agressões dos nazistas no litoral
sergipano. De acordo com o arqueólogo estadunidense Charles Orser Jr. (1992), a
Arqueologia Histórica estuda um passado recente, ou seja, um passado moderno, que
“incorporou muitos processos, perspectivas e objetos materiais que ainda estão sendo usados
em nossos dias”. Sendo assim, o estudo do cemitério se encaixa muito bem nesse tipo de
pesquisa, já que o mesmo continua em uso até hoje pela população local.
Portanto, será feito aqui um breve histórico sobre o Cemitério dos Náufragos,
destacando questões referentes à sua fundação, mudança geográfica, tombamento, intervenção
judicial e sua apropriação na atualidade pela comunidade local. Para tanto, utilizaremos vários
tipos de informações como as fontes materiais, documentais, orais e pictóricas buscando dessa
forma, sanar várias questões.
Em Aracaju, não existe apenas um Cemitérios dos Náufragos, mas sim dois. Na
verdade, inicialmente foi construído o original em agosto de 1942 quando ocorreu o ataque do
submarino U-507 aos navios mercantes na costa sergipana que vitimou centenas de pessoas.
Nas praias de Atalaia, Mosqueiro, Caueira e Saco chagaram vários corpos espalhados juntos
aos destroços das embarcações.
Os corpos que conseguiram ser identificados foram enterrados nos seguintes
cemitérios: Cruz Vermelha e Santa Izabel. Já outros, deteriorados pelo mar ou mutilados pelas
explosões, tiveram seus restos destinados ao cemitério, que posteriormente foi chamado de
“Náufragos”. Segundo Cruz (2012, p.131), vários “cemitérios improvisados” foram abertos à
beira mar. Covas individuais e coletivas, com cruzes toscas e improvisadas. A Chefatura de
Polícia de Sergipe fez assinalar nas sepulturas a seguinte inscrição: “vítima do Nazismo”. Pela
primeira vez, centenas de brasileiros tinham sido mortos em uma ação militar empreendida
pela Alemanha Nazista.
Na época, a pequena Aracaju não estava preparada para tamanha tragédia, os
cemitérios locais não comportavam tantos mortos. Supostamente, foi necessário criar o
Cemitério dos Náufragos para sepultar as vítimas da ação nazifascista. O médico Carlos
Moraes de Menezes (1888-1944) é considerado o fundador do cemitério que está localizado
na Rodovia Presidente José Sarney e que se encontra atualmente sem a devida proteção por
parte do poder público.
O segundo cemitério foi criado pela necessidade de mudar geograficamente o original,
pois com o crescimento da cidade foi preciso construir a Rodovia dos Náufragos que ligaria a
capital às praias, em 1973. Durante esse período foi assinado o Decreto Estadual 2.571 de 20
de maio, que passou a considerar o Cemitério dos Náufragos como Patrimônio Histórico do
Estado de Sergipe. Com a obra da rodovia, foi necessário mudar o cemitério da sua
localização antiga para a atual, no Mosqueiro (MELLO; CERQUEIRA, 2012). De acordo
com relatos da população, o impacto da construção foi grande, visto que “passaram por cima
de tudo, reviraram as covas e depois colocaram tudo no cemitério do Mosqueiro”14. Muitos
corpos foram trasladados, contudo ainda resta parte do cemitério original, o qual se encontra
interditado por medida judicial desde 2007 e carente da devida proteção das autoridades
públicas.
No entanto, há controvérsias sobre a criação do cemitério original, pois muitos
moradores antigos da Zona de Expansão de Aracaju, onde se localiza o cemitério, acreditam
que este monumento já existia muito antes dos torpedeamentos ocorrerem em 1942. Eles
afirmam que pessoas já haviam sido enterradas nele há mais de dois séculos. O local era
conhecido como Cemitério dos “Manguinhos” ou dos “Campinhos”15 e teria servido na época
da tragédia para enterrar os corpos dos náufragos.

14
ENTREVISTA. In: Estudante quer garantir preservação de patrimônio estadual. Jornal da Cidade, 21 de
novembro de 2010. Disponível em:< http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=83899>. Acesso em 17
de dezembro de 2013.
15
Entrevista de José Dias Firmo dos Santos, presidente da Associação Desportiva Cultural e Ambiental do
Robalo (ADCAR). In: Cemitério dos Náufragos será aberto hoje. Jornal da Cidade, 18 de dezembro de 2010.
Disponível em: <http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=86502>. Acesso em 17 de dezembro de
2013.
Diante desses fatos, surgem alguns questionamentos. Quando realmente foi fundado o
Cemitério dos Náufragos? Será que a construção da Rodovia dos Náufragos descaracterizou o
cemitério “original”? Por que atualmente ele se encontra sem a devida proteção por parte do
poder público? A partir dessas indagações, buscaremos alguns caminhos que apontem
possíveis respostas. As questões simbólicas também serão aqui abordadas, do mesmo modo
como a verificação da transformação da paisagem cemiterial pela intervenção humana,
através da cultura material, como as sepulturas, as pedras tumulares, os ornamentos e as
iconografias, as quais revelam a dialética entre a relação homem e ambiente que pode ser
percebida na modificação da paisagem.
O Cemitério dos Náufragos é considerado pela Arqueologia Histórica como uma
estrutura16 que representa materialmente os trágicos naufrágios e os biofatos, restos mortais,
associados a eles. No cemitério localizado no Mosqueiro foi feita uma construção em
mármore que é simbólica, pois os túmulos estão vazios, nela se encontra uma placa com a
seguinte inscrição: “aí está o golpe mais traiçoeiro e terrível vibrado contra o coração da
nacionalidade”. De acordo com a pesquisa de campo, não há mais nenhuma sepultura
referente período da Segunda Guerra Mundial no Cemitério dos Náufragos original. Os
trabalhos que abordam sobre esse assunto deixam dúvidas quanto a atual existência desses
enterramentos, alguns sugerem o translado desses corpos para outros cemitérios, ou a
superposição de outros túmulos sobre os das vítimas de guerra.
Segundo Otávio Porto (2010), a ex-diretora do Departamento de Cultura do
Patrimônio Histórico, Núbia Marques, tentou esclarecer a ausência dos túmulos referentes ao
período de 1942. Ela explicou que os corpos dos náufragos já não se encontram mais no
cemitério original porque foram transladados para um monumento no Mosqueiro, isso ocorreu
durante o Governo de Leandro Maciel (1955-1959), contudo, não há documentos que
notifique o tal translado.
Diante dessa afirmação questionamos sobre a data correta do translado dos corpos do
cemitério original para o do Mosqueiro. Afinal, aconteceu durante o Governo de Leandro
Maciel em 1955 a 1959 (PORTO, 2013, p.53) ou na época da construção da Rodovia dos
náufragos em 1973 (MELLO; CERQUEIRA, 2011, p.77)? Que motivo levou a remoção dos

16
Estrutura é considerada pelo arqueólogo Charles Orser Jr. (1992) como uma das fontes de informações que
pode ser utilizada nas pesquisas de Arqueologia Histórica, assim como os artefatos, arquitetura, documentos
escritos, informações orais e imagens pictóricas. Cf. ORSEN, 1992, p.39.
corpos dos náufragos para um monumento no Mosqueiro em 1955 a 1959? Esse monumento é
o mesmo Cemitério dos Náufragos localizado no Mosqueiro? Como foi possível em 1955-
1959 fazer uma transferência de corpos sem a exigência de um documento oficial notificando
a ocorrência? Afinal, como foi realizado esse procedimento? Os parentes dos mortos foram
avisados sobre esse enterramento “secundário”? Diante desse contexto, é preciso investigar
melhor e buscar outras fontes de informações, para assim poder corroborar ou refutar essas
afirmações.
Atualmente o cemitério original está em condições lastimáveis de conservação,
mesmo assim, continua sendo utilizado pela população local. Em 2006, o Ministério Público
Estadual (MPE) obrigou a Prefeitura Municipal de Aracaju a tomar providências em relação
aos vinte cemitérios irregulares existentes na capital, a fim de que suas ossadas fossem
transferidas para cemitérios legalizados. No entanto, o presidente da Associação de
Moradores do Robalo, Ademir da Silva, mostrou-se a favor da adequação física e ambiental
do Cemitério dos Náufragos, para que o mesmo continuasse a ser utilizado pela população,
desejosa de continuar a sepultar ali os seus mortos (MELLO; CERQUEIRA, 2012). No
entanto, essa adequação não aconteceu e os enterramentos foram proibidos.
De acordo o Jornal da Cidade de 18 de dezembro de 2010, houve um embate entre os
moradores dos povoados Mosqueiro e Robalo contra a Prefeitura de Aracaju envolvendo o
Cemitério dos Náufragos como protagonista, afinal, uma ordem judicial estava interditando o
cemitério. Todavia, como considerar ilegal um cemitério que através de Decreto Estadual é
tombado como Patrimônio Histórico? As consequências recaíram sobre a população, a qual
teve que buscar um local adequado para sepultar seus mortos, afinal a construção de um novo
cemitério não foi efetivada.
Em 2010, houve um ato de protesto da população da Zona de Expansão, a qual decidiu
reabrir por conta própria o Cemitério dos Manguinhos, mais conhecido como Cemitério dos
Náufragos realizando assim, o primeiro enterramento depois de quase quatro anos de
interdição determinada pela justiça e que ainda continua valendo. De acordo com a matéria
publicada no Jornal da Cidade17, o ato de protesto foi contra o descaso do poder público

17
JORNAL DA CIDADE. Edição: 18 de dezembro de 2010. Cf. MELLO; CERQUEIRA, 2012. Disponível em:
<http://www.getempo.org/index.php/revistas/50-edicao-n-09-setembro-de-2012/artigos/131-cemiterio-dos-
naufragos-uma-proposta-de-arqueologia-historica-em-sergipe-por-janaina-cardoso-de-mello-e-rafael-santa-rosa-
cerqueira>. Acesso em 11 de dezembro de 2013.
referente à construção de um novo cemitério na região, que deveria ser realizado
principalmente no sentido de atender a necessidade da população que não tem onde enterrar
familiares mortos.
Em 2011, já com dezenas de corpos enterrados no Campo Santo, foi rezada pela
primeira vez, depois da interdição, uma missa no interior do Cemitério dos Náufragos, sendo
este um acontecimento significativo e de grande importância para a população local. No ano
de 2012, os moradores voltaram a se reunir no dia 02 de novembro, Dia de Finados,
realizando mais uma missa em homenagem aos mortos que estão enterrados no cemitério. Em
2013, eles prepararam novamente o cemitério para a celebração da terceira missa. Os
populares se revezaram para realizar serviços de capinagem, pintura e alvenaria, essas pessoas
eram voluntárias e parentes de pessoas que ali estavam enterradas. Embora o Cemitério esteja
oficialmente interditado por uma ação judicial, “não há a menor possibilidade dos moradores
deixarem de usá-lo”, afirmou José Firmo, presidente da Associação Desportiva Cultural e
Ambiental do Robalo18.
O estudo desse tipo de sítio arqueológico é relevante porque reproduz o simbólico e o
social de determinado grupo. A cultura material exposta na paisagem funciona como sinais
concretos de histórias particulares e historicidades. Segundo o arqueólogo argentino Andres
Zarankin (1999) a Arqueologia Histórica apreende as relações sociais à cultura material.
Tendo em vista que toda produção material humana é dinâmica e incorpora significados.
Neste panorama, é possível inferir que a cultura material agrupa significados dentro de um
sistema cultural e assim adquire dimensão ativa e ideológica.
Essa temática está sendo destacada porque se apresenta como importante fonte de
informação histórica que abarca “artefatos, estruturas, arquitetura, documentos escritos,
informações orais e imagens pictóricas” (ORSER, 1992, p.39). A pluralidade de dados
disponíveis contribui para um melhor entendimento sobre a importância desse monumento
para a sociedade. Assim, buscaremos de forma reflexiva e crítica, confrontar todas as
informações na tentativa de compreender melhor o contexto histórico da fundação e utilização
dos Cemitérios dos Náufragos em Aracaju.

18
Nota: Cemitério dos Náufragos terá missa de finados. ADCAR. Publicada em 29 outubro de 2013.
Disponível em: <http://www.faxaju.com.br/conteudo.asp?id=172933>. Acesso em 20 de dezembro de 2013.
A proposta de estudar os cemitérios a partir da Arqueologia Histórica possibilitou o
uso de outras fontes além da material, a exemplo dos documentos históricos que permitem ao
arqueólogo interpretações interessantes e potencialmente significativas. Segundo Rambelli
(2008, p.58), é preciso ter cuidado ao trabalhar com fontes escritas, afinal, “a documentação
textual não deve ser aceita como a verdade dos fatos, deve ser criticada e questionada, devido
à carga ideológica que representa. É comum que as fontes textuais e arqueológicas se
contradigam”.
O cemitério dos Náufragos original enquanto sítio arqueológico é considerado recente,
afinal possuiu apenas 72 anos, já que algumas fontes afirmam que ele foi criado no período da
Segunda Guerra Mundial. Portanto, é indispensável o diálogo com a comunidade, a qual
detém memórias significativas sobre fatos e pessoas ligadas ao nosso objeto de estudo.
Segundo o arqueólogo Orser Jr. (1992), a informação oral torna-se muito útil, em geral, nos
casos em que o arqueólogo está estudando um sítio que foi ocupado em tempos ainda
presentes na memória de testemunhas, ou nos casos em que o arqueólogo deseja conhecer a
história do sítio após seu uso pelo povo que originalmente o construiu e usou.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou apresentar o Patrimônio Arqueológico e Histórico imerso e


emerso de Sergipe referente ao período da Segunda Guerra Mundial, mostrando o contexto
em que está inserido. Sobre o Cemitério dos Náufragos foi exposto à problemática existente
em relação ao seu uso na atualidade de forma indevida, já que o mesmo está interditado, além
de destacar a sua situação de falta de proteção por parte do poder público. Infelizmente esse
Patrimônio Cultural Estadual se encontra em condições lamentáveis, destruído pela ação do
homem e do tempo, vítima do esquecimento das autoridades.
O papel do arqueólogo é agir no sentido em que as distâncias entre as pessoas e o
patrimônio arqueológico sejam diminuídas, propiciando a apropriação dos bens patrimoniais,
sua ressignificação e a construção de memórias. O desenvolvimento desta pesquisa
arqueológica poderá servir de instrumento para a conscientização e valorização destes
patrimônios, podendo estar aliada a atividades direcionadas para uma educação patrimonial na
região. O objetivo é buscar salvaguardar a memória das vítimas da Guerra Submarina que
aqui pereceram em um dos momentos mais dramáticos e marcantes da história de Sergipe, os
naufrágios dos navios Baependy, Araraquara e Aníbal Benévolo, tragédia que arrastou o
Brasil para a Segunda Guerra Mundial.
Em Sergipe, as políticas de preservação ainda são pouco expressivas no que tange a
uma consolidação de práticas “preservacionistas”. Portanto, é necessário um engajamento,
uma mudança de postura do Governo Estadual na busca de efetivar a proteção do Patrimônio
Arqueológico e Histórico. A população também pode exercer seus diretos e deveres,
acionando e cobrando a fiscalização e proteção dos bens culturais, os quais representam
nossas histórias e fazem parte da memória do povo.
A maior lição deixada pelos sucessivos torpedeamentos foi a de despertar uma
consciência coletiva de que a guerra tinha chegado ao mar territorial do Brasil. Ao evidenciar
essas histórias na atualidade, significa revelar como elas foram marcantes para as gerações
contemporâneas dos torpedeamentos e como o Patrimônio Arqueológico serve para
demonstrar que a passagem da guerra foi algo ruim que trouxe medo, sofrimento e morte, por
isso ela tem que ser evitada e não deve voltar a acontecer.

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