Você está na página 1de 8

EMPREGADO DOMÉSTICO

Características As características específicas da relação de emprego doméstico e


também as regras de proteção deste tipo de empregado estão previstas na Constituição
Federal e na Lei Complementar n. 150, de 01.06.2015, que revogou a Lei 5859/72.

Empregado doméstico é “aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada,


onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito
residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana” (art. 1º, Lei Complementar n.
150/2015).

Resumindo:

■trabalho para pessoa ou família;

■trabalho no âmbito residencial, por mais de 2 dias na semana;

■inexistência de fins lucrativos no trabalho que exerce.

O empregador doméstico somente pode ser pessoa física, ou seja, não pode utilizar
o trabalho do doméstico com objetivo de lucro, sob pena de ser caracterizado como
trabalho enquadrado na regra geral.

Contratação

■ A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada,


contra recibo, pelo empregado ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de 48
(quarenta e oito) horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a
remuneração... (art. 9º, Lei Complementar n. 150/2015).

Contrato por prazo determinado:

■ o empregado doméstico pode ser contratado por prazo determinado nas seguintes
situações (art. 4º, Lei Complementar n. 150/2015): mediante contrato de experiência; ou
para atender necessidades familiares de natureza transitória e para substituição
temporária de empregado doméstico com contrato de trabalho interrompido ou
suspenso;

■ o contrato de experiência não poderá exceder de 90 dias. Sendo celebrado em prazo


inferior, o contrato de experiência poderá ser prorrogado uma vez, desde que a soma
dos dois períodos não ultrapasse o limite máximo de duração (90 dias). Não respeitadas
as limitações de duração máxima e de prorrogação, o contrato de experiência passará a
vigorar como contrato por prazo indeterminado (art. 5º, Lei Complementar n. 150/2015);

■ nas demais hipóteses de contrato por prazo determinado autorizadas por lei para a
contratação do empregado doméstico (necessidades transitórias e substituição
temporária), a duração é limitada ao término do evento que motivou a contratação,
obedecido o limite máximo de dois anos (art. 4º, parágrafo único, Lei Complementar n.
150/2015);
■ na contratação por prazo determinado, e desde que a extinção do contrato se dê no
prazo estipulado, não haverá a obrigação, para qualquer das partes, de aviso prévio (art.
8º e art. 23, Lei Complementar n. 150/2015);

■ a rescisão antecipada pelo empregador do contrato por prazo determinado (dispensa


sem justa causa) impõe-lhe a obrigação de pagar ao empregado, a título de indenização,
metade da remuneração a que teria direito até o termo do contrato (art. 6º, Lei
Complementar n. 150/2015).

Por sua vez, a rescisão antecipada pelo empregado do contrato por prazo determinado
(pedido de demissão) gera a obrigação de indenizar o empregador dos prejuízos que
desse fato lhe resultarem, sendo que referida indenização não poderá exceder aquela a
que teria direito o empregado em idênticas condições (art. 7º, Lei Complementar n.
150/2015).

Jornada de trabalho:

■ a duração normal do trabalho doméstico não excederá 8 horas diárias e 44 horas


semanais, sendo a remuneração da hora extraordinária, no mínimo, 50% superior ao
valor da hora normal (art. 2º, caput e § 1º, Lei Complementar n. 150/2015);

■ os intervalos, o tempo de repouso, as horas não trabalhadas, os feriados e os


domingos livres em que o empregado que mora no local de trabalho nele permaneça
não serão computados como horário de trabalho (art. 2º, § 7º, Lei Complementar n.
150/2015);

■ o trabalho não compensado prestado em domingos e feriados deve ser pago em


dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal (art. 2º, § 8º, Lei
Complementar n. 150/2015);

■é obrigatório o registro do horário de trabalho do empregado doméstico por qualquer


meio manual, mecânico ou eletrônico, desde que idôneo (art. 12, Lei Complementar n.
150/2015);

Férias:

■ após cada período de 12 meses de trabalho prestado à mesma pessoa ou família, o


empregado doméstico terá direito a férias anuais remuneradas de 30 dias, com
acréscimo de, pelo menos, um terço do salário normal (art. 17, Lei Complementar n.
150/2015);

FGTS:

■ é devida a inclusão do empregado doméstico no Fundo de Garantia do Tempo de


Serviço, na forma do regulamento editado pelo Conselho Curador e pelo agente
operador do FGTS, no âmbito de suas competências (art. 21, Lei Complementar n.
150/2015);
■ mensalmente o empregador depositará a importância de 8% sobre a remuneração
devida no mês anterior, a cada empregado, a título de FGTS (art. 34, IV, Lei
Complementar n. 150/2015);

■ mensalmente o empregador doméstico depositará a importância de 3,2% sobre a


remuneração devida no mês anterior, a cada empregado, destinada ao pagamento da
indenização compensatória da perda do emprego, sem justa causa ou por culpa do
empregador, não se aplicando ao empregado doméstico a indenização de 40% sobre os
depósitos do FGTS (art. 22, caput, e art. 34, V, Lei Complementar n. 150/2015);

■ nas hipóteses de dispensa por justa causa, de pedido de demissão, de término do


contrato de trabalho por prazo determinado, de aposentadoria e de falecimento do
empregado doméstico, os valores relativos à indenização compensatória da perda do
emprego que foi depositada ao longo do período de vigência do contrato serão
movimentados pelo empregador (art. 22, § 1º, Lei Complementar n. 150/2015);

■ na hipótese de culpa recíproca, metade dos valores referentes à indenização


compensatória da perda do emprego será movimentada pelo empregado, enquanto a
outra metade será movimentada pelo empregador (art. 22, § 2º, Lei Complementar n.
150/2015).

Gratificação de Natal:

■ em relação à gratificação de Natal (13º salário), observadas as peculiaridades do


trabalho doméstico, a ele se aplicam as disposições das Leis ns. 4.090/62 e 4.749/65
(art. 19, Lei Complementar n. 150/2015).

Vale-transporte:

■em relação ao vale-transporte, observadas as peculiaridades do trabalho doméstico, a


ele se aplicam as disposições da Lei n. 7.418/85, sendo possível, a critério do
empregador, a substituição do benefício (fornecimento de vale) pela concessão,
mediante recibo, dos valores para aquisição das passagens necessárias ao custeio das
despesas decorrentes do deslocamento residência-trabalho e vice-versa (art. 19, caput e
parágrafo único, Lei Complementar n. 150/2015).

Licença-maternidade:

■ a empregada doméstica gestante tem direito a licença-maternidade de 120 dias, sem


prejuízo do emprego e do salário (art. 25, caput, Lei Complementar n. 150/2015).

Estabilidade provisória no emprego:

■ a confirmação do estado de gravidez durante o curso do contrato de trabalho, ainda


que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada
gestante a estabilidade provisória prevista no art. 10, II, “b”, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o
parto (art. 25, parágrafo único, Lei Complementar n. 150/2015).
ESTAGIÁRIO

O estágio, regulado pela Lei n. 11.788, de 25.09.2008, é definido


como o “ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no
ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo
de educandos que estejam frequentando o ensino regular em
instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino
médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental,
na modalidade profissional da educação de jovens e adultos” (art.
1º).

O estágio também pode ser realizado por estudantes estrangeiros


regularmente matriculados em cursos superiores no país, autorizados
ou reconhecidos, sempre observado o prazo de vigência do visto
temporário de estudante (art. 4º).

O estágio também pode ser realizado por estudantes estrangeiros


regularmente matriculados em cursos superiores no país, autorizados
ou reconhecidos, sempre observado o prazo de vigência do visto
temporário de estudante (art. 4º).

Podem oferecer estágio, na condição de parte concedente (art.


9º):
■ pessoas jurídicas de direito privado;

■ órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

■ profissionais liberais de nível superior devidamente registrado em seus respectivos


conselhos de fiscalização profissional.

São objetivos do estágio:

■ ao fazer parte do projeto pedagógico do curso, integrar o itinerário formativo do


educando (§ 1º, art. 1º);

■ ao visar o aprendizado de competências próprias da atividade profissional e a


contextualização curricular, desenvolver o educando para a vida cidadã e para o
trabalho (§ 2º, art. 1º).

O estágio classifica-se em:

■ estágio obrigatório — aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga
horária é requisito para aprovação e obtenção do diploma (§ 1º, art. 2º);
■ estágio não obrigatório — aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à
carga horária regular e obrigatória (§ 2º, art. 2º).

Observação:

As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica na


educação superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão
ser equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico
do curso (§ 3º, art. 2º).

NÃO cria vínculo empregatício de qualquer natureza, desde que observados os


seguintes requisitos (art. 3º):

■matrícula e frequência regular do educando no curso;


■ celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do
estágio e a instituição de ensino (o termo será firmado pelo estagiário ou com seu
representante ou assistente legal e pelos representantes da parte concedente e da
instituição de ensino — art. 16);

■ compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no


termo de compromisso;

■ acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por


supervisor da parte concedente, comprovado por meio de vistos nos relatórios
obrigatórios.

OBS: O reconhecimento do vínculo empregatício em caso de desvirtuamento do


estágio não ocorre quando o concedente é ente da Administração.

A contratação de estagiários, com exceção dos estágios de nível


superior e de nível médio profissional, deve limitar-se a um número
máximo, atendendo a uma proporção em relação ao quadro de
pessoal (empregados) da parte concedente, considerada em relação a
cada estabelecimento (art. 17):

■ de 1 a 5 empregados: 1 estagiário;

■ de 6 a 10 empregados: até 2 estagiários;

■ de 11 a 25 empregados: até 5 estagiários;

■ acima de 25 empregados: até 20% de estagiários (em caso do cálculo resultar em


fração, será feito arredondamento para o número inteiro imediatamente superior).
Observação:
Das vagas de estágio oferecidas pela parte concedente, 10% são asseguradas às
pessoas portadoras de deficiência (§ 5º, art. 17).

São obrigações da parte concedente do estágio (art. 9º):

■ celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e educando, zelando por


seu cumprimento;

■ ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando atividades de


aprendizagem social, profissional e cultural;

■ indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiênciacia


profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar
e supervisionar até 10 estagiários simultaneamente;

■ contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja
compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de
compromisso (no caso de estágio obrigatório, o seguro pode ficar sob responsabilidade
da instituição de ensino);

■ por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do estágio


com indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de
desempenho;
■ manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio;

■ enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6 meses, relatório de


atividades, com vista obrigatória ao estagiário.

São obrigações da instituição de ensino (art. 7º):

■ celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou


assistente legal e com a parte concedente, indicando as condições de adequação do
estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade de formação escolar do
estudante e ao horário e calendário escolar;

■ avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à Formação


cultural e profissional do educando;

■ indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável


pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estágio;

■ exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não superior a 6 meses, de


relatório das atividades;

■ zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o estagiário para outro


local em caso de descumprimento de suas normas;
■ elaborar normas complementares e instrumentos de avaliação dos estágios de seus
educandos;

■ comunicar à parte concedente do estágio, no início do período letivo, as datas de


realização de avaliações escolares ou acadêmicas.

O estágio não poderá, em relação à mesma parte concedente, ter


duração superior a 2 anos, exceto quando se tratar de estagiário
portador de deficiência (art. 11).

O art. 13 da Lei n. 11.788/2008 traz importante inovação ao prever


o direito a um recesso, que será remunerado sempre que o estagiário
receber bolsa ou outra forma de contraprestação, e que terá a seguinte
duração:

■ estágio com duração igual ou superior a 1 ano — recesso de 30 dias;

■ estágio com duração inferior a 1 ano — recesso proporcional ao tempo de


estágio.

Jornada de atividade

O art. 10 da Lei n. 11.788/2008 dispõe que deve ser definida de comum acordo entre
a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno ou seu
representante legal, devendo constar do termo de compromisso e ser
compatível com as atividades escolares.

4 horas diárias, 20 horas semanais

Educação especial

Anos finais do ensino fundamental, na modalidade educação de jovens e adultos.

6 horas diárias, 30 horas semanais

Ensino superior

Educação profissional de nível médio

Ensino médio regular

Qualquer um dos cursos, desde que alternem teoria e prática, nos períodos em que não
estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta) horas
semanais, desde que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição
de ensino.
Remuneração/bolsa

Concessão compulsória de bolsa


Estágio não Concessão compulsória de vale-transporte
obrigatório Concessão facultativa de vale-alimentação, plano de saúde
e outros benefícios

Concessão facultativa de bolsa

Concessão facultativa de vale-transporte, vale-alimentação,


plano de saúde e outros benefícios
Estágio
obrigatório

O estagiário pode inscrever-se e contribuir como segurado facultativo do Regime Geral


da Previdência Social (§ 2º, art. 12, Lei n. 11.788/2008).

As normas relacionadas à saúde e segurança no trabalho são de


aplicação obrigatória em relação ao estagiário, sendo sua
implementação de responsabilidade da parte concedente (art. 14, Lei 11.788/08).

Você também pode gostar