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CURSO: DIREITO

DISPLINA: PORTUGUÊS JURÍDICO

PRÁTICA DA LINGUAGEM JURÍDICA: OS GENÊROS TEXTUAIS JURÍDICOS

1. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL

1.1 Conceito e Finalidade:


Uma intimação extrajudicial, ou uma notificação extrajudicial, que
praticamente tem o mesmo sentido, significado e objetivo, pode ser utilizada para
requerer pagamento de algum débito, para solicitar a desocupação de um imóvel, para
avisar sobre as consequências de algum ato determinado, entre outras coisas.
Assim, as Notificações Extrajudiciais são feitas pelo setor de Registro de Títulos
e Documentos, sendo o ato por meio do qual se pode dar conhecimento oficial e legal
do conteúdo de um documento à terceiros. A fé pública de que dispõe o oficial
notificador torna a notificação um documento de alto valor jurídico.
Desta forma, notificar é fazer prova incontestável de que o notificado recebeu
ou tomou conhecimento do conteúdo de qualquer ato jurídico levado a registro. Nesse
sentido, o notificado não poderá alegar desconhecimento do documento ou de seu
conteúdo, nem se eximir do cumprimento de suas obrigações alegando ignorância,
porque o texto do documento e a comprovação da sua entrega ficam registrados.

1.2 Tipos de Notificação Extrajudicial mais comuns


• Notificação de despejo;
• Notificação de cobrança extrajudicial;
• Notificação de duplicata de prestação de serviços;
• Notificação de comunicação de revogação de poderes em procuração.

1.3 Características
Como a notificação não tem um texto ou formato padrão, o conteúdo pode ser
escrito livremente. Todavia, o texto deve observar algumas informações importantes,
senão vejamos:
1. Na carta/notificação deve constar: o nome completo e o endereço completo
da pessoa a ser notificada, ou seja, o destinatário da notificação; o título
“Notificação Extrajudicial” e os dados do notificado;
2. O texto deve conter informações claras a respeito do objetivo da notificação,
as exigências e as providências que o notificado deverá tomar, os prazos
para o cumprimento das exigências e as medidas que serão tomadas em
caso de não cumprimento das exigências e prazos dados;
3. Ao final deve conter data e assinatura e deve ser elaborado em 02 (duas)
vias, a depender do cartório.
4. O texto não pode atentar contra a moral, os bons costumes e a segurança
nacional;

1.4 Vantagens de uma notificação extrajudicial

A Notificação leva oficialmente ao conhecimento de determinada pessoa o texto de


um documento registrado, por meio de oficial portador de fé pública. É a prova
incontestável de se ter dado conhecimento de teor de qualquer documento.
A notificação extrajudicial tem como finalidades: fazer prova; responsabilizar; prevenir
responsabilidades; chamar à autoria; constituir mora; solicitar cumprimento de
obrigações; dentre outras.

1.5 Exemplo de Notificação

(TIMBRE DA EMPRESA NOTIFICANTE)

NOTIFICAÇÃO
NOTIFICANTE: MUNICÍPIO DE ITANHANGÁ, ESTADO DE MATO GROSSO,
inscrita no CNPJ sob o n.º 07.209.225/0001-00, neste ato
representado pelo Prefeito Municipal, o Sr. EDU LAUDI PASCOSKI,
brasileiro, casado, portador da cédula de identidade RG n° 408.854
SSP/MS, inscrito no CPF sob n° 411.269.551-91.

NOTIFICADA: xxxxxxxxxxxxx, inscrita no CNPJ sob o no. xxxxxxx,


estabelecida na Rua xxxx, n°. xxxxx, Bairro xxxxxx – cidade de
xxxxxxx - MT, representada neste ato pelo seu representante legal
o Sr. xxxxxxx, brasileiro, portador do CPF no xxxxxxxx.

Pela presente NOTIFICAÇÃO, e na melhor forma de direito, fica a


empresa xxxxxxxxxx, acima qualificada, NOTIFICADA nos seguintes
termos:

Como é de Vosso conhecimento esta empresa ora notificada,


sagrou-se vencedora do Pregão Presencial xxx/2017, com objeto
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que originou o Contrato nº.
xxx/2017, impõe-lhe o cumprimento das obrigações contratuais
assumidas.
Conforme informações do Departamento de Engenharia,
solicitou um novo cronograma, tendo em vista a lentidão da obra,
faz-se necessário ressaltar que o contrato se finda em 31 de
agosto de 2017. Solicitamos agilidade na execução da obra uma vez
que não se há justificativa para justificar a demora na conclusão
da obra.

Ante ao exposto, fica Vossa Senhoria notificada para no prazo de


02 (dois) dias úteis, entregar cronograma atualizado e celeridade
na obra, sob pena de abertura de processo administrativo e
aplicação das demais sanções pertinentes, até o efetivo
cumprimento da obrigação.
Finalmente se mantida a inexecução total ou parcial do contrato,
poderá ainda ser aplicada as penalidades dos artigos 66, 86 e 87,
IV, da Lei n.º 8.666/93, ou seja, poderá tornar-se inidônea.

ITANHANGÁ – MT, xx de mês de ano.

Sendo o que me cumpria, aguardamos providências urgentes.

Atenciosamente,

EDU LAUDI PASCOSKI


PREFEITO MUNICIPAL

1.6 Vocabulário Técnico

Notificação: comunicação, dar conhecimento.


Notificante: que ou quem requer a notificação de outrem.
Notificado: diz-se de ou pessoa (física ou jurídica) a quem foi feita a notificação.
2. REQUERIMENTO EXTRAJUDICIAL

2.1 Conceito
Requerimento é documento utilizado para pedir, solicitar ou requerer algo. Os
requerimentos podem apresentar uma estrutura simples, composta geralmente por um
único parágrafo, ou mais complexa, que pode acrescentar outros documentos em
anexo.

2.2 Finalidade:
O requerimento é um documento oficial que serve tanto para estabelecer a
comunicação entre interlocutores de diferentes graus hierárquicos como para solicitar
um bem ou um serviço que é direito do cidadão. Portanto, pode-se falar em tipos de
requerimento, quanto a sua função civil, para: concessão de auxílio-doença, gratificação
adicional por tempo de serviço, ajuda de custo, férias, cancelamento de cotas de salário-
família, revalidação de despacho concessório de licenças especiais, entre outros.
2.3 Características:
A linguagem deve ser formal para elaborar um requerimento deve ser impessoal
e concisa, detendo-se unicamente ao objetivo. Se necessário, pode-se acrescentar leis e
normas que assegurem o pedido requerido.

2.4 Tipos de Requerimento

a) Requerimento simples: utilizado quando o pedido não necessita de tantos


documentos ou detalhes, logo, pode ser feito de modo rápido e, comumente,
apresenta apenas um curto parágrafo como corpo do texto.
b) Requerimento complexo: exige um requerimento mais detalhado ou com maior
argumentação, logo, costuma apresentar maior tamanho de corpo de texto,
adaptado às necessidades da solicitação. Ainda, é possível que, com o
requerimento complexo, sigam outros documentos anexados.

2.5 Composição do Requerimento


Suas principais características são: a padronização do texto, o uso da linguagem formal,
a impessoalidade, a concisão, e a objetividade.
Inicie o documento com a palavra: requerimento

Vocativo: é uma marcação para chamar a atenção do leitor e marcar o início do corpo
do texto. Comumente, ele vem acompanhado do pronome de tratamento adequado à
relação estabelecida, além disso, pode vir tanto acima do texto como acoplado ao corpo
textual.
Corpo do texto: espaço em que se concentra a mensagem do requerimento, é onde se
apresentam nome do requerente, filiação, naturalidade, RG, CPF, estado civil, profissão,
endereço de residência e os tópicos do pedido. Mais uma vez, é importante frisar que
outros dados podem ser acrescentados ou dispensados, a depender do tipo da natureza
do pedido.
Fecho: conclusão do texto, a parte abaixo do corpo, na qual se assina nome e data do
dia em que o documento foi escrito. É importante ressaltar que, quando o requerimento
é feito por alguém que ocupa algum cargo profissional relevante ao assunto, é
necessário acrescentar qual cargo ou atuação do autor às outras informações do fecho.

2.6 Modelo:

REQUERIMENTO

A(o) (nome do destinatário)

(nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito sob o (CPF) e (RG), residente
e domiciliado à (rua), nº (informar), (bairro), na (cidade)-(UF), vem, respeitosamente, à
presença de (pronome de tratamento adequado), requerer (apresentar o pedido).

Termos em que, pede deferimento.

(localidade), (dia), de (mês) de (ano)

(assinatura)
(nome completo)

2.7 Vocabulário Técnico:


Requerimento: é um documento utilizado para apresentar uma solicitação de um
cidadão a algum destinatário com poder de solucionar ou interferir no pedido.
Requerente: é a parte que faz o requerimento, pessoa que solicita algo de alguém.
Requerido: é a parte para qual o requerimento é destinado.
Deferimento: despacho favorável; anuência, atendimento, consentimento.
3. PARECER JURÍDICO

3.1 Conceito
O parecer jurídico é uma análise especializada elaborada por juristas
particulares, como um consultor jurídico, advogado ou jurista público sobre
determinado assunto quando solicitado por pessoas jurídicas ou físicas, na existência de
dúvidas ou controvérsias sobre o tema. É dividido em três espécies: facultativo,
obrigatório e vinculante.

a) Facultativo
O facultativo ocorre quando o parecer jurídico é solicitado por um particular ou
um órgão sem que haja determinação legal para a sua requisição. Também não há
obrigatoriedade do solicitante em acatar a opinião do parecerista.
b) Obrigatório
O parecer jurídico obrigatório acontece quando há norma que determina a sua
solicitação. Como por exemplo no rito licitatório, previsto no artigo 38, parágrafo único
da Lei 8.666/93, que tem como objetivo evitar defeitos que provocam nulidades no
processo licitatório.
Neste caso, o parecer é obrigatório como requisito, mas não é obrigatório
quanto ao seu acolhimento.
c) Vinculante
Este parecer ocorre quando, além de ser obrigatório, vincula o solicitante a segui-
lo. Citamos como exemplo os pareceres da Advocacia Geral da União, que são
submetidos à aprovação do Presidente da República (Lei Complementar nº 73/93, artigo
40, § 1º), vinculando toda a Administração Pública Federal. Temos como exemplo
o Parecer AM-06, que acabou com o sigilo bancário em operações de crédito com
recursos públicos. Esse parecer pode ser elaborado por advogados, procuradores,
assessores ou consultores jurídicos de órgãos da administração pública.

3.2 Características
O parecer jurídico deve ser o mais completo possível. Para isso, deve conter:
a) Título: PARECER JURÍDICO, preferencialmente de forma centralizada ao
documento, que pode ser acrescido ou não de um número para controle e
organização do parecerista.

Exemplo:
PARECER JURÍDICO Nº 56, 15/02/2021.

b) Quem solicitou
Endereçamento com o nome dos solicitantes.
c) Assunto
Qual o tema central do parecer. No exemplo da reforma trabalhista: APLICABILIDADE
DA MODERNIZAÇÃO TRABALHISTA (LEI 13.467/2017) AOS CONTRATOS DE TRABALHO.

d) Ementa
Parte introdutória com os pontos essenciais e um resumo com as palavras-chave.
Geralmente, a ementa fica mais fácil de ser elaborada com o parecer pronto, pois você
terá uma visão global do texto e os principais pontos a destacar.

e) Relatório
Deve constar os assuntos que serão tratados no parecer e qual o questionamento feito.

f) Fundamentação
Na fundamentação constará toda a análise do fato ou processo. Nesta parte do parecer
serão elucidados os fatos, contendo os apontamentos dos dispositivos legais e
legislações correlatas, às informações técnicas necessárias, os entendimentos
doutrinários e jurisprudências.

g) Conclusão
Importante conter um breve resumo dos pontos suscitados no parecer, apresentando
uma opinião clara, seja ela favorável ou não com a opinião do parecerista, direcionando
o solicitante sobre o tema.
E, por fim, concluir com a expressão: “É o parecer”, seguido do nome do profissional,
cargo e assinatura.

h) Notas de rodapé
Deve conter as referências consultadas, tais como livros, sites, decisões etc.

3.3 Finalidade
A finalidade do parecer jurídico é trazer clareza sobre um determinado assunto
ou processo, pois vai analisar os fatos, efeitos, normas e validades jurídicas do caso
concreto. Por fim, irá apresentar uma solução ou um panorama para a questão.
Para compreender melhor a questão, tivemos em 2017 a conhecida reforma
trabalhista. Com a entrada da Lei em vigor, questionou-se muito sobre a sua
aplicabilidade nos contratos vigentes.

3.4 Características da linguagem


A linguagem utilizada no parecer jurídico é técnica e precisa, com termos
específicos da área do direito. É importante que seja clara e objetiva, evitando palavras
rebuscadas ou desnecessárias, mas ainda assim transmitindo a informação de forma
coerente e precisa.

3.5 Vocabulário Técnico


1. É o parecer.
2. É o que me parece, s.m.j. (salvo melhor juízo);
3. É o opinativo, sub censura;
4. É o parecer. Submeto à douta consideração superior;
5. Para ulterior deliberação;
6. Assim penso. À consideração do ilustre Procurador-Chefe;
7. É o opinativo. À deliberação final da chefia imediata;
8. Submetem-se as considerações esposadas à apreciação da Chefia desta
Procuradoria.
4. ATA DE AUDIÊNCIA

4.1 Conceito
A Ata é um registro escrito de um determinado evento, logo a Ata de Audiência é o
registro de escrito de uma audiência. Documento lavrado pelo escrivão, com supervisão
do juiz.
4.2 Finalidade
Fazer o registro dos fatos ocorridos durante a realização da audiência

4.3 Caraterísticas da Linguagem


a) Imparcialidade: relato fiel dos acontecimentos sem emissão, por parte do
escrivão de qualquer juízo de valor.
b) Clareza e concisão: Ser claro é procurar a expressão certa e dizê-la na ordem
exata. A clareza facilita a percepção rápida das ideias expostas no texto.
c) Organização lógica: texto coerente e coeso
d) Uso correto da gramática e pontuação
e) Evitar linguagem coloquial ou informal
f) Verbos escritos no pretérito perfeito: “decidiu”, “recebeu”, “relatou”,
“comentou”

4.4 Vocabulário Técnico

Lavrar: é o ato de elaborar um documento, como uma escritura pública, por exemplo. É
o momento em que o escrivão ou oficial de registro redige o documento com base nas
informações fornecidas pelas partes envolvidas na audiência.
Audiência: Sessão solene que, ocorrendo num tribunal, tem o objetivo de julgar uma
causa, ouvir as testemunhas, os advogados e/ou partes interessadas em sua resolução.
Partes: pessoas físicas ou jurídicas que atuam no processo, por exemplo autor
(reclamante) e réu (reclamado).
Juiz: o juiz (do latim iudex, "juiz", "aquele que julga", de ius, "direito" / "lei", e dicere,
"dizer") é um cidadão investido de autoridade pública com o poder-dever para exercer
a atividade jurisdicional, julgando, em regra, os conflitos de interesse que são
submetidas à sua apreciação.
Testemunha: pessoa desinteressada e capaz de depor que declara à autoridade
judiciária o que tem ciência sobre fatos perceptíveis pelos sentidos.
5. PROCURAÇÃO EXTRAJUDICIAL

5.1 Conceito e Finalidade


A procuração é o documento pelo qual uma pessoa transfere poderes a outra,
para realizar em seu nome determinados atos, como: assinar contratos, entregar e
receber documentos e até mesmo casar. Assim, a Procuração garante que uma pessoa
pratique atos por meio de outra, tais como: atos comerciais, representações em órgãos
públicos, tribunais e outros. A procuração pode ser chamada de Mandato, Instrumento
de Mandato ou Contrato de Mandato. Assim, o nome Mandato é sugestivo e podemos
aludir a expressão “mando”, “mandar”

Procuração destinada a representação fora do âmbito judicial, para realização de


negócios, transações comerciais ou representações em órgãos públicos. Exemplos: para
comprar ou vender imóveis, veículos, para representar junto ao INSS, Município ou
órgãos públicos.

A procuração pode ser classificadas em dois tipos:


Procuração Particular: Feita sem registro em cartório.
Procuração Pública: Feita em cartório.

5.2 Características da Linguagem


Clareza, objetividade, linguagem formal e denotativa

5.3 Vocabulário Técnico

Outorgante: Autoriza e outorga poderes a outra para que defenda seus interesses.
Outorgado: Pessoa que representa, defende e atua em nome do representado.

Mandato: é quando alguém tem autorização para praticar determinadas ações em


função de outros. Logo é um poder que alguém conferiu a outro, a fim de agir em seu
nome. Significa: procuração, delegação.
5.3 Modelo de procuração extrajudicial simples

PROCURAÇÃO

Eu, João Ribeiro, brasileiro, natural de Goianápolis, solteiro, residente na Av. Brasil, RG
XXXXXXX e CPF XXXXXXXXXXX, CONCEDO a Luís Soares, natural de Goianápolis, solteiro,
residente na Av. Brasil, RG XXXXXXX e CPF XXXXXXXXXXX, PODERES PARA FINS DE
recebimento de equipamentos e peças em meu domicílio DURANTE O PERÍODO DE um
mês contado a partir da data de hoje.

Goianápolis, 20 de setembro de 2011.

João Ribeiro-Outorgante
Luís Soares-Outorgado
6. CONTESTAÇÃO JURÍDICA

6.1 Conceito

A contestação é um instrumento de defesa do réu durante o curso de um procedimento


ordinário. Essa peça processual serve para que o polo passivo da demanda apresente
todos os seus argumentos que vão de encontro à pretensão deduzida pelo autor. Todos
os advogados que defendem seus clientes na justiça fazem regularmente contestações.
Não é surpresa, então, que elucidar questões sobre a contestação seja de interesse de
todos os profissionais do direito.

6.2 Finalidade
O documento tem como finalidade fazer com que o réu tenha a possibilidade de
se defender de acusações e mostrar o seu lado da história.

6.3 Características
A contestação não possui uma estrutura fixa, no entanto, possui partes
obrigatórias, tais como: identificação das partes e dos fatos relevantes; identificação das
questões jurídicas; apresentação dos argumentos contrários; fundamentação dos
argumentos; conclusão e pedido.

6.4 Características da Linguagem

Boas argumentações são fundamentais nas contestações, pois objetiva


convencer o juiz, dessa forma, é de fundamental importância o uso de uma linguagem
persuasiva, com destaque nos pontos controversos da acusação e foco nos argumentos
relevantes. O vocabulário técnico vai depender do assunto da acusação.
6.5 Modelo de Contestação
7. SUBSTABELECIMENTO JUDICIAL

7.1 Conceito
É um documento pelo qual o procurador transfere ao substabelecido os poderes
que lhe foram conferidos pelo mandante. Pode ser total ou parcial, com ou sem reserva
de poderes. O substabelecimento segue a mesma forma exigida para a prática do ato.

7.2 Fundamentação legal do substabelecimento

Preconiza o artigo 24, do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados


do Brasil que o substabelecimento do mandato, com reservas de poderes, deve ser um
ato pessoal do advogado da causa. De igual modo o aludido dispositivo, em seu § 1º,
aduz que no substabelecimento sem reserva de poderes, o advogado deve,
previamente, cientificar o cliente de que está transferindo os poderes que lhe foram
outorgados, haja vista que a representação processual é uma relação de confiança entre
este último e seu patrono.

Art. 24 - O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato pessoal do


advogado da causa.
§1º - O substabelecimento do mandato sem reservas de poderes exige o prévio e
inequívoco conhecimento do cliente.
§2º - O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente seus
honorários com o substabelecente.

Neste sentido, substabelecimento é o ato formal em que o procurador transfere os


poderes recebidos pelo outorgante para outro advogado no processo, conforme dispõe
o artigo 655, do Código Civil:

Art. 655 - Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode
substabelecer-se mediante instrumento particular.

O substabelecimento encontra previsão nos artigos 655 (supracitado), 667 e 688, do


Código Civil e no artigo 26, da Lei nº 8.906/94 (que dispõe sobre o Estatuto da
Advocacia):

Art. 667 - O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do
mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem
substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.
§1º - Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na
execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a
gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o
caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento.
§2º - Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos
causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas
instruções dadas a ele.
§3º - Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo
substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à
data do ato.
§4º - Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será
responsável se o substabelecido proceder culposamente.

Art. 688 - A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for prejudicado
pela sua inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à substituição do
procurador, será indenizado pelo mandatário, salvo se este provar que não podia
continuar no mandato sem prejuízo considerável, e que não lhe era dado substabelecer.

Art. 26 - O advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar


honorários sem a intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento.
Quais as situações que exigem o substabelecimento?

Situações em que se pode utilizar o substabelecimento


Algumas das situações em que o substabelecimento pode ser utilizado, são: retirar uma
cópia, comparecer em audiência, simplesmente protocolar uma petição no processo ou
mesmo pela troca de Advogado pelo outorgante.

7.3 Tipos de Substabelecimento

O substabelecimento com reservas de poderes


No substabelecimento com reservas de poderes ocorre a transferência dos poderes do
primeiro advogado ao segundo advogado, porém, esses poderes são provisórios, ou
seja, o segundo advogado possui limitações e um tempo para atuar, e depois disso, o
primeiro advogado obtém novamente todos os poderes que lhe foram conferidos pelo
cliente. Além disso, pode o primeiro advogado, a qualquer tempo, requerer novamente
os poderes substabelecidos.

O substabelecimento sem reservas de poderes


No substabelecimento sem reservas de poderes ocorre a transferência definitiva de
poderes, ou seja, o novo advogado assume a causa e o primeiro advogado passa a não
ser mais o procurador do cliente naquele processo.
Há entendimento de que o substabelecimento SEM reservas de poderes equivale à
renúncia do mandato pelo advogado substabelecente.
O substabelecimento sem reservas de poderes equivale à renúncia do mandato?
Nesse diapasão, existe o entendimento que o substabelecimento SEM reserva de
poderes é equivalente à renúncia do mandato:

7.4 Vocabulário Técnico:


Mandato: é o contrato entre o advogado e seu cliente, por meio do qual fica prevista a
representação judicial ou extrajudicial.
Procuração: é a prova, o instrumento do Mandato.
Substalecer: é um ato de transferência dos poderes recebidos para outra pessoa. Assim,
no meio jurídico, o advogado ou advogada podem se deparar com a situação de
necessidade de auxílio dos colegas de profissão, para o desempenho de suas atividades.
Substabelecente: advogado que transfere poderes.
Substabelecido: advogado que recebe os poderes.
Outorga: é o ato ou efeito de outorgar, ou seja, de consentir, aprovar, dar, conceder,
conferir.

Exemplo de Substabelecimento Judicial:

SUBSTABELECIMENTO

ADVOGADO SUBSTABELECENTE, brasileiro, advogado inscrito na OAB/UF sob o nº XXXXX, com


endereço profissional na Rua XXXXXXXXXXXXXXX, n° xxxxxxxx, Cidade/UF, CEP xxxxxxxxxxxx,
substabelece, com reservas, em favor de NOME DO ADVOGADO SUBSTABELECIDO, brasileira,
advogada inscrita na OAB/UF sob o n° xxxxxx, com endereço na Rua XXXXXXXXXXXXXXX, n°
xxxxxxxx, Cidade/UF, CEP xxxxxxxxxxxx, outorgando-lhe todos os poderes conferidos por NOME
DA PARTE REPRESENTADA NO PROCESSO para atuação judicial no processo nº
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, em trâmite na Xª Vara xxxxxxxx da Comarca de XXXXXX.

Cidade/UF, data.
8. REQUERIMENTO JUDICIAL SIMPLES

8.1 Conceito
O requerimento judicial simples é aquele feito ao magistrado por uma das partes,
solicitando algo. Alguns requerimentos são complexos, excedendo à órbita de mera
petição, e para sua realização demanda-se vasto desenvolvimento argumentativo e rigor
às exigências do momento processual, por exemplo os de designação de reclamações
trabalhistas, queixa-crime, denúncia, entre outros.

8.2 Finalidade
Um requerimento judicial simples tem como finalidade fazer uma determinada solicitação ao
magistrado ou informar um fato. É por meio dos requerimentos judiciais que as partes se
comunicam com o juiz.

Alguns exemplos de objetivos comuns de um requerimento judicial simples podem


incluir: Pedido de citação; Pedido de produção de provas; Pedido de prazo adicional;
Pedido de arquivamento; Pedido de liminar ou tutela antecipada.

8.3 Características estruturais


O documento segue a mesma estrutura do requerimento extrajudicial.

8.4 Características da Linguagem


Função Referencial da língua; Linguagem denotativa; Uso da norma padrão; Uso da 3ª
pessoa.

8.5 Modelo de Requerimento Judicial Simples

REQUERIMENTO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DA COMISSÃO


ESTADUAL JUDICIÁRIA DE ADOÇÃO/SANTA CATARINA

(Nome do casal) ______________________________________, ele nascido (local e


data), profissão___________________, ela nascida (local e data),
profissão____________________, residentes (endereço completo), vêm respeitosamente
junto a Vossa Excelência, requerer a habilitação para posterior adoção de (número de
crianças), em condições jurídicas de adoção, com fundamento no art. 50, § 1º, da Lei
8.069/90, de 30 de julho de 1990.

NESTES TERMOS PEDE DEFERIMENTO.

Local e data

Assinatura de ambos.
FONTE:

JUSBRASIL.COM.BR

PARECER JURÍDICO. Disponível em: https://www.aurum.com.br/blog/parecer-juridico/.


Acesso: 28 mai 2023.

SEMINÁRIO DE GÊNEROS TEXTUAIS JURÍDICOS. Materiais em Power Point e Canva,


produzidos pelos alunos do 1º Semestre do Curso de Direito da Unama, 2023.

TRUBILHANO, Fábio. Linguagem jurídica e argumentação: teoria e prática. 1ª Ed. São


Paulo: Atlas, 2010

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