O documento discute a abordagem eurocêntrica comum no estudo de regiões e regionalismo. A autora argumenta que as teorias regionais derivadas da experiência da União Europeia não podem ser aplicadas universalmente, especialmente para explicar o regionalismo em outras partes do mundo como Ásia, África e América Latina. Ela defende uma abordagem não eurocêntrica que leve em conta as diferentes motivações e formas de regionalismo em diferentes regiões.
O documento discute a abordagem eurocêntrica comum no estudo de regiões e regionalismo. A autora argumenta que as teorias regionais derivadas da experiência da União Europeia não podem ser aplicadas universalmente, especialmente para explicar o regionalismo em outras partes do mundo como Ásia, África e América Latina. Ela defende uma abordagem não eurocêntrica que leve em conta as diferentes motivações e formas de regionalismo em diferentes regiões.
O documento discute a abordagem eurocêntrica comum no estudo de regiões e regionalismo. A autora argumenta que as teorias regionais derivadas da experiência da União Europeia não podem ser aplicadas universalmente, especialmente para explicar o regionalismo em outras partes do mundo como Ásia, África e América Latina. Ela defende uma abordagem não eurocêntrica que leve em conta as diferentes motivações e formas de regionalismo em diferentes regiões.
Aluno(a): Julya Wandemberg de Araujo Regiões e Regionalismo I 5 período FICHAMENTO A autora aborda de forma crítica o foco eurocêntrico do estudo de regiões, em que a maioria dos autores tem a “União Européia” como modelo de regionalismo, e precisa ser seguido para ser um regionalismo bem sucedido. Dessa forma, também critica o fato de teorias regionais surgidas no processo de regionalização europeia serem aplicadas em processos de integração no resto do mundo, porque tendem para um eurocentrismo, ignorando qualquer outra forma de teoria de regionalização. Assim, esperar que outras partes do mundo, especialmente os países em desenvolvimentos, sigam o modelo europeu é ignorar a diferença entre os processos históricos, as diferenças econômicas e normativas que esses países passaram. Segundo a autora “é limitante e etnocêntrico aplicar teorias de integração, que refletiam um conjunto distinto de condições políticas e econômicas e aspirações normativas na Europa Ocidental pós-Segunda Guerra Mundial, para explicar as origens e o desenvolvimento de regionalismos na Europa Ocidental no mundo pós-coloniais”. Assim, a autora se propõe a criar uma teoria não-eurocêntrica, e para isso há três etapas. Em primeiro lugar, destaca as contribuições de regiões não europeias, especialmente da América Latina e da Ásia, para a ideia e desenvolvimento institucional do regionalismo. Em segundo lugar, discute a disjunção, ou falta de ajuste entre as teorias do regionalismo derivadas principalmente da UE e o desenvolvimento do regionalismo no mundo não-ocidental. Em terceiro lugar, destaca as variações entre os regionalismos contemporâneos em diferentes partes do mundo, incluindo Europa, Ásia, América Latina e África (em objetivos, desenho institucional e resultados). Esta abordagem pretende mostrar como diferentes ideias e teorias do regionalismo, incluindo teorias de relações internacionais aplicadas ao regionalismo (como o liberalismo) e teorias específicas da integração (como o neofuncionalismo) falham ao explicar o que está acontecendo no mundo não europeu e no antecipando o que pode vir a seguir. Na próxima seção a autora aborda o regionalismo como a construção de um conjunto de instituições formais ou informais no nível regional, assim pode-se encontrar uma variedade de propósitos, formas e funções do regionalismo em todo o mundo. Incluindo assim, a regionalização tem algumas funções: Esferas de influência de grande poder ou regionalismo hegemônico, como o Concerto Europeu. Abordagens às gestão de conflitos, nesse aspecto o regionalismo funciona como uma ação coordenada para a paz coletiva, como o universalismo praticado pela ONU. O regionalismo também pode funcionar como uma expressão de identidade cultural e autonomia como o pan-africanismo, pan-arabismo e pan-americanismo. O regionalismo também pode ser um instrumento de plataformas para o avanço da descolonização e libertação nacional: Esta foi uma das principais motivações por trás dos regionalismos na Ásia, África e Oriente Médio. O regionalismo também é capaz de promover locais de resistência à intervenção de grandes potências: Essa motivação é função do regionalismo que se aplica à América Latina, Ásia, África e Oriente Médio. O regionalismo colabora para promover o desenvolvimento econômico (através da autossuficiência regional) e estabilidade política, isso incluem países em desenvolvimento (Associação das Nações do Sudeste Asiático [ASEAN], União das Nações Sul-Americanas [UNASUL], Comunidade de Desenvolvimento da África Austral [SADC] e Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental [CEDEAO]. Pode representar também sinais de fragmentação da ordem liberal global em blocos estratégicos ou econômicos concorrentes. O regionalismo teve suas origens em diversas partes do mundo, por isso é importante que haja a diferenciação de uma forma e função específica da Europa Ocidental (Comunidade Econômica Européia [CEE]/UE), que é apenas uma das muitas variedades de regionalismo na política mundial. Tal entendimento também amplia a regionalização para uma gama mais ampla de conceitos teóricos e abordagens para estudar o regionalismo, ao invés daqueles especificamente derivados da experiência da CEE/UE. As ideias regionalistas não europeias possuem ideologias e as formas institucionais muito mais progressistas e emancipatórias do que o Concerto da Europa. As ideologias regionalistas na Ásia, África e América Latina eram voltadas para o anticolonialismo, a libertação nacional, a proteção da soberania e o desafio ao domínio das grandes potências (como na resistência da América Latina à Doutrina Monroe dos Estados Unidos). É importante citar que a defesa mais veemente do regionalismo no período pós-guerra veio dos estados latino-americanos durante os debates sobre a redação da Carta da ONU na conferência de San Francisco em 1945. Enquanto os EUA expressaram uma forte preferência por universalismo, delegados de 21 países latino-americanos exigiram fervorosamente um lugar para o regionalismo na Carta da ONU, contestando a preferência dos Estados Unidos que pretendia dar ao Conselho de Segurança da ONU (CSNU) a autoridade exclusiva para manter a paz e a segurança globais. Assim, a defesa das delegações da América Latina e do mundo árabe foi crucial para dar ao regionalismo uma base legal como meios de solução de controvérsias e segurança coletiva sob a carta da ONU. Ao considerar as múltiplas fontes de regionalismo, deve-se também levar em consideração os desenvolvimentos na Ásia. Uma tentativa importante de conceituar o regionalismo nos primeiros estágios da era pós-Guerra Fria pode ser encontrada no volume editado, Regionalism and World Security, publicado em 1948 sob a direção do estudioso e diplomata indiano KM Panikkar. Em sua introdução ao volume, Panikkar distinguiu entre duas formas de regionalismo. Um deles era o “estabelecimento da supremacia de uma Grande Potência em uma região geográfica definida” no contexto de bipolaridade na Guerra Fria. Mais tarde, o regionalismo e o inter-regionalismo encontraram expressão ao lado do nacionalismo no Oriente Médio, Ásia e África, como exemplificado nas Conferências de Relações Asiáticas de 1947 e 1949, a Conferência Ásia-África em Bandung em 1955, bem como na formação da Organização dos Estados Americanos (OEA), da Liga Árabe e da Organização da Unidade Africana (OUA). A forma praticada pelo regionalismo não ocidental apresentou muitas características de inclusão de forma normativa e institucionalista. A autora, na próxima secção, revisita os conceitos das teorias regionais como federalismo, funcionalismo e o neofuncionalismo e explica que a elaboração dessas teorias não são aplicáveis ao regionalismo não-ocidental.A principal divergência entre os dois regionalismo foram as motivações que os originaram: A motivação para a integração europeia era parar o nacionalismo no território, e domar o protecionismo dos Estado-nação. A motivação para o mundo não ocidental, eram as aspirações para autonomia, liberdade, nacionalismo e preservar a soberania sobre seu território após décadas de colonização. Apesar disso, em nenhum lugar não-ocidental o regionalismo econômico baseado no modelo da EEC, envolvendo a centralização do mercado e a geração de ganhos de bem-estar, produziria o desejado efeito de “transbordamento” que levaria à cooperação em questões de segurança coletiva. A autora responde que o principal motivo para o fracasso da replicação do funcionalismo europeu em países não-ocidentais foram as diferenças nos sistemas e processos políticos entre os membros desenvolvidos da Europa Ocidental da CEE e os países em desenvolvimento que experimentam a integração regional também foram fatores importantes. Haas, um dos principais teóricos do neo funcionalismo, reconhece que o exemplo europeu não poderia ser aplicado como uma “lei geral” do regionalismo no resto do mundo. Além disso, segundo a autora era bastante evidente que, enquanto as teorias funcionalistas e neofuncionalistas visavam o “transbordamento” da baixa para a alta política, o regionalismo no mundo não-ocidental mostrava o padrão inverso. Tecendo críticas aos modelos europeus, a autora destaca a importância das condições locais e a dinâmica do processo. Além disso, as razões citadas para o fracasso dos esforços (e teorias) de integração no mundo em desenvolvimento geralmente se concentram em fatores negativos, como instabilidade, difusão da pobreza e paternalismo do regime. Mas isso coloca as forças positivas de forma marginal, como as normas da descolonização e do nacionalismo, que podem ter afetado a construção de instituições regionais e a integração no mundo pós-colonial. A autora afirma que as diferenças ressaltadas são exageradas, e como base para esse argumento utiliza a visão segundo o autor Milward, os Estados-nação europeus concordaram em agrupar e delegar direitos de soberania nacional na UE para obter autonomia doméstica – podendo adotar políticas públicas no nível europeu que seriam bloqueadas por interesses particularistas no nível nacional. E, Moravcsik retomou o argumento quando afirmou que a integração europeia fortalece o Estado. E o Kohler-Koch se refere ao fenômeno como a “força da fraqueza”. Essa união de soberania também está presente no mundo não ocidental, onde órgãos regionais foram criados para maximizar o poder de negociação coletiva dos Estados, especialmente no contexto de suas fraquezas e vulnerabilidades políticas, diplomáticas e econômicas pós-coloniais em relação ao Nações desenvolvidas