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CONSTITUIÇÃO

ESTADUAL DO
RIO GRANDE DO
NORTE
Princípios, Direitos e Garantias
Fundamentais

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais
Diogo Surdi

Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais......................................................................... 4
1. Princípios Fundamentais............................................................................................................ 4
2. Teoria dos Direitos e Garantias Fundamentais.................................................................... 11
3. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos........................................................................... 20
4. Direitos Sociais.......................................................................................................................... 23
4.1. Princípio da Reserva do Financeiramente Possível.. ....................................................... 23
4.2. Princípio da Garantia do Mínimo Existencial................................................................... 24
4.3. Princípio da Vedação ao Retrocesso.................................................................................. 25
4.4. Princípio da Implementação das Políticas Públicas pelo Poder Judiciário............... 26
5. Direitos Políticos. . ...................................................................................................................... 28
5.1. Condições de Elegibilidade.. .................................................................................................. 32
Questões de Concurso.................................................................................................................. 36
Gabarito............................................................................................................................................ 47

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Apresentação
Olá! Tudo bem? Acredito e espero que sim!
Na aula de hoje, estudaremos os princípios, os direitos e as garantias fundamentais ex-
pressamente previstos no texto da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte.
Neste ponto da matéria, as questões tendem a exigir tanto a literalidade dos artigos estu-
dados quanto a teoria geral dos direitos e garantias fundamentais.
Forte abraço e bons estudos!

Diogo

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PRINCÍPIOS, DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS


1. Princípios Fundamentais
A República Federativa do Brasil é classificada, quanto à forma de estado, em federação.
Com isso, temos, em nosso ordenamento, vários entes federativos, sendo eles a União, os Es-
tados, o Distrito Federal e os Municípios.

Os Estados, assim como os demais entes, gozam de autonomia política, administrativa e


financeira. Como decorrência destas autonomias, inclusive, é que tais entes podem elaborar
as “normas máximas” que irão reger toda a sua forma de atuação.
Com relação aos Municípios e ao Distrito Federal, tal norma é representada por meio de
uma Lei Orgânica, que deve ser votada pela Câmara Municipal, em dois turnos, com o interstí-
cio mínimo de 10 dias e aprovação de 2/3 dos membros.
No âmbito dos Estados, por sua vez, a norma é a Constituição Estadual.
Em ambos as situações, salienta-se, as normas elaboradas por cada um dos entes federa-
tivos devem observar as diretrizes expressas no texto da Constituição Federal.
Neste sentido é o teor do artigo 1º da Constituição do Rio Grande do Norte, que apresenta
a seguinte redação:

Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
I – a autonomia do Estado e seus Municípios;

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II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.

Sendo assim, vamos aproveitar para conhecer de uma melhor forma cada um destes
fundamentos:

I – a autonomia do Estado e seus Municípios;

Na medida em que um dos fundamentos da república é a soberania, temos, no âmbito dos


demais entes federativos, a autonomia. Logo, é correto afirmar que o Estado do Rio Grande do
Norte é autônomo, devendo observar, no âmbito de suas relações, a soberania da República
Federativa do Brasil.

Como decorrência da autonomia conferida a cada um dos entes federativos, o estado do


Rio Grande do Norte possui a capacidade de auto-organização, autolegislação, autogoverno e
autoadministração.
Por meio da auto-organização, o ente federativo elabora suas próprias normas fundamen-
tais, que devem ser observadas quando da edição dos demais diplomas legais. No caso do
Rio Grande do Norte, como estamos diante de um estado, a norma fundamental é, como já
informado, a Constituição Estadual.
A auto legislação confere aos entes federativos a possibilidade de editarem suas próprias
normas jurídicas, tal como as leis ordinárias, as leis complementares e as resoluções.
Quando da sua edição, não devem tais entes sofrer influência das disposições emanadas
pelas demais pessoas jurídicas. Devem, contudo, observar as normas expressas pela Cons-
tituição Federal (que possui alcance nacional), e pela norma fundamental do respectivo ente
federativo (no caso do Rio Grande do Norte, a Constituição Estadual).

Exemplo: o Estado do Rio Grande do Norte, fazendo uso da prerrogativa de auto-organização,


edita a respectiva Constituição Estadual. Tal norma deve ser observada por toda a população
do respectivo ente federativo.

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Posteriormente, quando o estado, fazendo uso da auto legislação, editar normas com a fina-
lidade de regulamentar os mais diversos assuntos, deverá observar as regras emanadas pela
Constituição Estadual.
No entanto, todos os entes federativos, independente da obrigação de observar as regras
previstas nas respectivas normas fundamentais, devem obediência às disposições da Cons-
tituição Federal, uma vez que esta possui abrangência nacional, alcançando todos os entes
federados.

A prerrogativa de autogoverno refere-se à possibilidade de cada um dos entes federati-


vos escolher seus próprios representantes e organizar os membros que irão atuar nos de-
mais Poderes.
No âmbito dos cargos eletivos, a escolha será feita de forma direta pela população, oportu-
nidade em que os eleitores serão convocados a, por meio do voto direto, obrigatório e secreto,
manifestar suas vontades em eleições realizadas periodicamente.
A autoadministração, por fim, refere-se às competências administrativas próprias que são
estabelecidas, pela Constituição Federal, a cada um dos entes federativos. Assim, ainda que
cada um dos entes se organize internamente e possuam a capacidade de criar normas desti-
nadas ao correto funcionamento interno, certas competências são atribuídas diretamente pela
Constituição Federal.
Importante frisar que, ao passo que certas competências são atribuídas aos entes em ca-
ráter exclusivo (não podendo ser exercidas por outro ente que não o previsto na Constituição),
inúmeras outras, ainda conforme as disposições da Constituição Federal, devem ser exercidas
cumulativamente, ou seja, por todos os entes da federação.

Os entes podem elaborar suas próprias Constituições (Federal


Auto-organização
ou Estadual) ou Leis Orgânicas.
Os entes podem elaborar suas próprias normas, devendo
Autolegislação observar as regras da Constituição Federal e da respectiva
norma fundamental de cada ente.
Os entes podem organizar seus próprios poderes. Nos cargos
Autogoverno eletivos, a escolha será feita pela população. Nos demais
Poderes, será feita conforme previsão de cada um dos entes.
Cada ente possui competências administrativas próprias, esta-
Autoadministração
belecidas pela Constituição de forma exclusiva ou cumulativa.

II – a cidadania;

Ao incluir a cidadania como um dos fundamentos da Constituição Estadual, a ideia do


legislador constituinte foi a de incentivar uma maior participação popular nas decisões políti-
cas do país.

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Neste contexto, a definição de cidadão alcança todos aqueles que estejam em condições
de exercer o direito de votar. É por meio do voto, realizado em eleições diretas e periódicas, que
o corpo de eleitores escolhe os representantes populares, que serão, por um período de tempo,
os responsáveis pela proposição das medidas necessárias ao bem estar da coletividade.
Assim, o fundamento da cidadania está intimamente ligado à democracia, na medida em
que confere aos eleitores (cidadãos) a possibilidade de participação em diversas ações e pro-
cedimentos ligados às decisões fundamentais do Estado.

III – a dignidade da pessoa humana;

Não é exagero afirmar que a dignidade da pessoa humana trata-se de princípio funda-
mental extremamente utilizado tanto pelo legislador constituinte quanto pelo Supremo Tribu-
nal Federal.
Neste último caso, o fundamento pauta as decisões do órgão no controle das normas edi-
tadas. Para o legislador, serve de parâmetro para uma série de dispositivos da Constituição,
dentre os quais merece destaque os direitos e as garantias fundamentais.

Como exemplo de utilização da dignidade da pessoa humana, podemos citar duas impor-
tantes Súmulas Vinculantes do STF, a saber:

Súmula Vinculante n. 11
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Súmula Vinculante n. 25
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado
em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros
fixados no RE 641.320/RS.

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Além disso, podemos citar importantes decisões tomadas pelo STF e que decorrem da
dignidade da pessoa humana:
• O direito à igualdade sem discriminações abranger a identidade ou a expressão de gê-
nero;
• As inúmeras políticas de inclusão, como as cotas para diversas classes de pessoas;
• A possibilidade de realização de pesquisas com células-tronco embrionárias;
• A impossibilidade, por violar a dignidade da pessoa humana, de submissão compulsória
do pai ao exame de DNA;
• A legitimidade da união homo afetiva como entidade familiar.

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Ao elencar os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa como fundamento, a Consti-


tuição Estadual estabelece, assim como ocorre em outros dispositivos, que somos um Estado
capitalista. Consequentemente, teremos a valorização do trabalho e também da livre iniciativa
para as atividades econômicas.
Desta forma, a regra geral a ser observada é a desnecessidade de autorização pública para
o exercício de qualquer atividade econômica. Apenas nos casos previstos em lei é que a men-
cionada autorização será necessária.
O STF possui entendimento, no julgamento da ADPF 46, de que:

O serviço postal não consubstancia atividade econômica em sentido estrito, a ser explo-
rada pela empresa privada. Por isso é que a argumentação em torno da livre iniciativa e
da livre concorrência acaba caindo no vazio (...).

V – o pluralismo político.

Como é sabido, é por meio da eleição de representantes que o corpo eleitoral participa,
indiretamente, do regime democrático. Sendo assim, seria bastante complicado caso tivés-
semos apenas uma agremiação partidária disponível para a escolha dos representantes,
não é mesmo?
Logo, o fundamento do pluralismo político está intimamente ligado à ideia do legislador
constituinte de possibilitar que diversas e diferentes ideologias políticas sejam defendidas,
de forma livre, em nosso ordenamento jurídico.
O pluralismo político não se limita ao aspecto “político” propriamente dito, mas sim tam-
bém à liberdade de opinião. Nestas situações, deve ser ressaltado que a Constituição, ainda
que garanta o livre exercício da manifestação do pensamento, assegura também o direito de
resposta, que será proporcional ao agravo.

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Uma importante exceção deve ser feita com relação ao pluralismo político. Ainda que a
regra geral seja a possibilidade de qualquer pessoa expressar livremente suas convicções po-
líticas ou filosóficas, esta liberdade não alcança, na visão do STF, os intitulados “discursos
de ódio”, ou seja, discursos realizados com o objetivo de inferiorizar grupos de pessoas com
base na raça, religião, gênero e nacionalidade.

O parágrafo único do artigo 1º da Constituição Estadual apresenta a seguinte previsão:

Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce, por meio de representantes
eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Desta forma, temos que memorizar que o poder, que emana, sempre, do povo, pode ser
exercido de duas diferentes formas:
• indiretamente, por meio de representantes eleitos em eleições diretas, periódicas e se-
cretas;
• diretamente, por meio, dentre outros, dos institutos do plebiscito, do referendo e da ini-
ciativa popular;

Complementando a parte relacionada com os princípios fundamentais, o artigo 2º estabe-


lece que “São Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Execu-
tivo e o Judiciário”.
O poder trata-se de um atributo inerente ao Estado, possuindo caráter instrumental e ser-
vindo como forma de alcançar o bem estar de toda a coletividade. Fazendo uso dos diversos
poderes a ele conferido, o Estado consegue executar todas as atividades necessárias ao aten-
dimento do interesse público.
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Para que estas atividades sejam desempenhadas de uma melhor forma, o poder atribuído
ao Estado, que é uno, divide-se de acordo com as atividades desempenhadas, dando ensejo ao
surgimento dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Do mencionado artigo, consegue-se extrair que, ainda que cada um dos Poderes seja inde-
pendente no desempenho de suas atribuições, deve ser observada, quando da sua utilização,
a harmonia com os demais Poderes.
Com isso, evita-se o abuso de exercício no desempenho de uma atividade ligada a um
determinado Poder, criando um sistema de controle, por parte dos demais Poderes, sobre a
atividade que está sendo desempenhada.
Tal sistema é chamado de freios e contrapesos (checks and balances), consistindo, basi-
camente, na possibilidade de um Poder fiscalizar se a função típica dos demais Poderes está
sendo desempenhada de acordo com as diretrizes da Constituição Estadual.
Para entendermos melhor como este sistema funciona, precisamos saber, inicialmente,
que cada um dos Poderes do Estado possui uma função típica.
Ao Poder Executivo, cabe a função administrativa, que se materializa na execução das leis
e das demais normas de caráter tipicamente interno.
Ao Poder Legislativo, por sua vez, cabe a função de editar normas que inovem no ordena-
mento jurídico.
Ao Poder Judiciário cabe a função de julgar as demandas a ele propostas.
Entretanto, ainda que cada um dos Poderes da República possua uma função típica, estes
exercem, atipicamente, as funções inicialmente previstas para os demais Poderes.
Cabe ao Poder Executivo, desta forma, exercer, atipicamente, as funções de legislar e
de julgar.
Ao Poder Legislativo, neste sentido, cabem as funções, em caráter atípico, de julgar e de
executar as normas.
Ao Poder Judiciário, atipicamente, cabem as funções de executar as normas e de legislar.

Exemplo: no âmbito do Poder Executivo, a função típica é a de executar as normas. Assim,


cabe a este Poder realizar todas as medidas para que a função administrativa seja desempe-
nhada de forma correta. Como exemplos da atuação do Poder Executivo quando no exercício
de sua função típica temos a realização de licitações e a celebração de convênios.
No entanto, a Constituição atribui ao Chefe do Poder Executivo a possibilidade de legislar, situ-
ação que ocorre, por exemplo, com a edição de decretos autônomos. Nestes casos, o Poder
Executivo está realizando uma atividade atípica, cuja função compete, tipicamente, ao Poder
Legislativo.
Situação semelhante ocorre com o Poder Judiciário, que possui como função típica a de julgar
as causas que são levadas à sua análise. Entretanto, é inegável que tal Poder necessita, para o
desempenho das suas atividades, da realização de concurso público como forma de admissão
de pessoal. Nesta situação, está o Poder Judiciário fazendo uso de sua função atípica, qual
seja, a de executar atividades administrativas.
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É correto afirmar, com base no que foi exposto, que todos os três Poderes do Estado de-
sempenham, concomitantemente, atividades típicas e atípicas. Tal relação pode ser visualiza-
da por meio do quadro a seguir:

Poderes Função Típica Função Atípica


Poder Executivo Executar Legislar e Julgar
Poder Legislativo Legislar Executar e Julgar
Poder Judiciário Julgar Executar e Legislar

2. Teoria dos Direitos e Garantias Fundamentais


A origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a necessidade de
imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos direitos fundamentais, desta
forma, os indivíduos passaram a contar com uma proteção, gerando um aumento em sua liber-
dade e uma limitação na atuação do Poder Público.

 Obs.: inicialmente, a atuação do Estado consistia em uma série de imposições e deveres aos
indivíduos que estavam sob a sua proteção.
 Como resultado destas ações do Poder Público, tínhamos uma população acuada e
que praticamente não podia expressar as suas vontades.
 Com o surgimento dos primeiros direitos fundamentais, passou-se a exigir uma
“não atuação” do Estado, resultando em um aumento das liberdades conferidas
à população e em uma maior autonomia das relações privadas ante a atuação do
Poder Público.

Não devemos confundir os direitos fundamentais, contudo, com os direitos humanos.


O termo direitos humanos trata-se de um conceito mais amplo, compreendendo todos
os direitos reconhecidos em tratados e convenções internacionais pelo direito internacional
público. Tais tratados e convenções podem tanto ser de âmbito global como regional, sendo
necessário, para a sua inclusão no ordenamento jurídico de um país, que sejam positivados
pelo respectivo Estado.

Exemplo de tratado global, pode-se citar o Pacto Internacional sobre Direitos Políticos.
Como exemplo de convenção regional, cita-se a Convenção Americana de Direitos Huma-
nos.
Em ambas as situações, para que os direitos humanos previstos nos acordos possam ter vali-
dade em um determinado Estado, faz-se necessário que o respectivo país reconheça e positive
os direitos acordados.
Uma vez positivados, tais direitos podem ou não assumir o status de direitos fundamentais.

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Usamos diversas vezes o termo “positivar”. Você sabe o que isso significa?
Positivar significa reconhecer, estar escrito, expresso em um documento. As normas po-
sitivadas são aquelas que foram reconhecidas como aptas a regular as relações jurídicas da
população de território determinado. São, em última análise, todas as normas expressas em
um ordenamento, desde a Constituição até as leis e pelos decretos regulamentares.
Os direitos fundamentais, por sua vez, são os direitos reconhecidos à população de um
dado território mediante a confecção de um documento específico. E este documento especí-
fico nada mais é do que a Constituição do respectivo país, responsável por instituir o ordena-
mento jurídico e por positivar os direitos assegurados aos seus indivíduos.
Com isso, chegamos à importante conclusão de que nem todos os direitos humanos são
considerados direitos fundamentais, mas sim apenas aqueles que foram positivados pela
Constituição.

Você já se perguntou o que é um direito? E uma garantia fundamental?


Os direitos fundamentais podem ser conceituados como os bens e as vantagens conferi-
dos pela Constituição Federal.
As garantias fundamentais, por outro lado, são os mecanismos constitucionalmente pre-
vistos com a finalidade de proteger os direitos fundamentais.

Exemplo de direito fundamental, temos a liberdade de locomoção, prevista em nosso ordena-


mento por meio do artigo 5º, XV, da Constituição Federal:
“É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.”
Para proteger tal direito e assegurar que este possa ser exercido, a própria Constituição Federal
estabelece, por exemplo, a garantia do habeas corpus, conforme previsão do artigo 5º, LXVIII:
“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.”

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De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos pelo orde-
namento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em cinco gerações ou
dimensões.
a) Primeira Geração: até meados da Idade Média, o Estado era conduzido mediante as or-
dens da monarquia. As opiniões do rei, nesta época, eram absolutas, não podendo ser objeto
de contestação por parte da população.
Com o passar do tempo, os indivíduos começaram a se revoltar com os desmandos e
abusos cometidos, dando ensejo ao surgimento do Liberalismo e dos primeiros direitos
fundamentais.
Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade de uma “não
atuação” do Estado, aumentando assim a liberdade da população.
Por este motivo, tais direitos são comumente conhecidos como “direitos negativos” ou “di-
reitos de defesa”, uma vez que são resultados da necessidade de proteção à população ante
os desmandos do Estado.
b) Segunda Geração: com os direitos de primeira geração, a população conquistou um
grande passo, passando a fazer jus, conforme mencionado, a uma maior liberdade de atuação.
Com o passar dos anos, contudo, a simples existência de uma não interferência estatal
se revelou insuficiente para que a integridade da população fosse mantida. Neste cenário, era
bastante comum que os trabalhadores fossem submetidos a jornadas de trabalho de mais de
15 horas diárias por 7 dias da semana.
Surgem, então, os direitos fundamentais de segunda geração, caracterizados por presta-
ções positivas do Estado para os indivíduos. Neste contexto, a sociedade exige que o Poder
Público não se restrinja ao fato de não interferir nas relações humanas, mas sim que ofereça

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a todos os indivíduos sob a sua guarda uma série de direitos que permitam a manutenção da
dignidade da pessoa humana.
Na segunda geração, o paradigma utilizado é a igualdade, sendo exemplos os direitos so-
ciais, os direitos econômicos e os direitos culturais.
Por assegurar uma prestação à população, tais direitos também são conhecidos como “li-
berdades positivas” ou “direitos do bem-estar”, tendo tido início no final do século XIX e início
do século XX.

Exemplo: na medida em que direitos sociais como as férias e o descanso semanal remunerado
são garantidos à população, temos um Estado que não apenas está deixando de agir, mas sim
que está ofertando à população melhores condições de vida.
Nesta situação, o que está pautando a atuação estatal é a igualdade, de forma que todas as
pessoas que estejam sob a mesma condição devem fazer jus aos mesmos benefícios e pres-
tações do Poder Público.

c) Terceira Geração: os direitos de terceira geração surgiram da preocupação da comuni-


dade internacional com os ditos direitos transindividuais, ou seja, direitos que ultrapassam o
próprio indivíduo.
Desta forma, os direitos de terceira geração não se destinam apenas a um indivíduo ou
grupo de pessoas pertencentes a um determinado Estado. Sua incidência é ampla, difusa, re-
caindo sob toda a espécie humana.
Como exemplo, cita-se o direito ao meio ambiente, ao progresso e à defesa do consumidor.
Em todas estas situações, o fundamento utilizado é a fraternidade.
d) Quarta Geração: os direitos fundamentais de quarta geração são aqueles intimamente
relacionados com a globalização. De acordo com esta corrente, fazem parte de tal geração o
direito à democracia direta, o direito à informação e todos os direitos relacionados com a bio-
tecnologia.
Nesta dimensão, os direitos fundamentais seriam os responsáveis por evitar que as mani-
pulações genéticas ocorressem sem nenhum tipo de controle.
Marcelo Novelino apresenta uma importante definição acerca dos direito fundamentais de
quarta dimensão:

Tais direitos foram introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, compreendem o di-
reito à democracia, informação e pluralismo. Os direitos fundamentais de quarta dimensão com-
pendiam o futuro da cidadania e correspondem à derradeira fase da institucionalização do Estado
social sendo imprescindíveis para a realização e legitimidade da globalização política.

e) Quinta Geração: parte da doutrina identifica, ainda, uma quinta dimensão ou geração de
direitos fundamentais. De acordo com esta corrente, fortemente defendida por constitucionalistas

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como Paulo Bonavides, a quinta geração seria representada como o direito de toda a espécie
humana à paz.
De acordo com o mencionado autor, a concepção de paz deve ser a mais ampla possível,
abrangendo todas as nações e servindo de base para a preservação da dignidade da pes-
soa humana.
Desta forma, podemos resumir todas as características acerca das gerações ou dimen-
sões dos direitos fundamentais por meio do gráfico abaixo:

Geração ou Dimensão Fundamento Características


Surgiram no final do século XVIII.
Exigia uma não atuação do Estado.
1ª Geração Liberdade
São representados pelos direitos civis e políticos.
São conhecidos como “liberdades negativas”.
Surgiram no final do século XIX.
Exigia uma atuação positiva do Estado.
2ª Geração Igualdade
São representados pelos direitos sociais, econômicos e culturais.
São conhecidos como “liberdades positivas”.
Surgiram no século XX.
Direitos atribuídos a toda a humanidade.
3ª Geração Fraternidade
São representados pelo direito ao meio ambiente, ao pro-
gresso e à defesa do consumidor.
Surgiram em meados do século XX.
Fundamentados na ideia de uma sociedade sem fronteiras.
4ª Geração Biotecnologia
Representados pelos direitos à democracia, à informação e a
todas as questões biotecnológicas.
Surgiram em meados do século XX.
5ª Geração Paz Decorre da necessidade de toda a espécie humana, indepen-
dente das diferenças sociais e ideológicas, possuir paz.

Um dos assuntos mais exigidos acerca da teoria dos direitos fundamentais é o relacionado
com as características atribuídas pela doutrina a estes direitos. Pode-se identificar, assim, a
existência de dez características dos direitos fundamentais.

DICA!
Nas provas de concurso, as características dos direitos funda-
mentais são exigidas, comumente, de duas formas:
a) A banca apresenta uma característica e tenta confundir o
candidato com o conceito de outra.
b) Um caso concreto é apresentado, solicitando que o candi-
dato assinale qual a característica pertinente.

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Para resolvermos ambos os tipos de questões, basta conhecermos o conceito básico de


cada uma das características.
a) Universalidade: como regra, os direitos fundamentais devem ser assegurados a todos
os seres humanos, independente de crença, raça, credo ou convicção política.
Isso não implica em afirmar, contudo, que todos os direitos fundamentais devem, obrigato-
riamente, ser assegurados de igual forma a todos, uma vez que a diversidade da humanidade
e da realidade vivida por cada pessoa não é uniforme no tempo.
Ainda assim, certos direitos fundamentais (aos quais a doutrina identifica um núcleo exis-
tencial), pela sua importância, devem ser assegurados, indistintamente, a todos.

Exemplo: direito à vida, nota-se que se trata de um direito fundamental que deve ser assegura-
do a toda a humanidade. Todas as pessoas são titulares deste direito, que, devido à sua impor-
tância, é reconhecido como parte de um núcleo essencial de direitos fundamentais.
Se, em sentido, oposto, tomarmos como exemplo o direito social a férias remuneradas, vere-
mos que este, ainda que se seja um direito fundamental, não é assegurado, indistintamente, a
toda a população, mas sim apenas aos trabalhadores.

b) Historicidade: os direitos fundamentais não surgem com base em um acontecimento


histórico isolado no tempo. Em sentido oposto, a existência de direitos fundamentais está inti-
mamente relacionada com as conquistas da humanidade ao longo dos anos.
Prova disso são as diferentes gerações de direitos fundamentais. No início, como o ho-
mem estava sendo oprimido pela atuação do Estado, a grande conquista foi exigir que o Esta-
do deixasse de atuar, gerando uma maior liberdade aos indivíduos.
Posteriormente, tendo a população uma maior liberdade, a exigência era de que o Estado
não apenas deixasse de atuar, mas sim que prestasse a toda a sua população uma série de
direitos mínimos necessários à sua existência.
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Conclusão: os direitos fundamentais são ampliados com o passar dos anos, uma vez que
as necessidades dos indivíduos sob a guarda do Poder Público, em igual sentido, tende a au-
mentar com o decorrer do tempo.
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou negociados
com terceiros, sendo de titularidade exclusiva da pessoa que os possui. Como consequência,
é correto afirmar que os direitos fundamentais não possuem conteúdo econômico ou patrimo-
nial. Em outras palavras, ninguém pode sair por aí vendendo um direito fundamental.
d) Indivisibilidade: os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual apenas atin-
gem à finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto.
Como decorrência, não poderá o particular usufruir apenas dos direitos que entenda neces-
sários para a sua pessoa. Deverá ele, para preservar sua dignidade, fazer uso do conjunto de
direitos previstos em nosso ordenamento jurídico, respeitado, como não poderia deixar de ser,
as particularidades de cada pessoa.

e) Imprescritibilidade: a prescrição está relacionada com a impossibilidade da utilização das


medidas cabíveis, após o decurso de um determinado período de tempo, para fazer jus a um direito.
Com os direitos fundamentais, contudo, isso não ocorre. Assim, caso uma pessoa não utili-
ze um direito fundamental da qual é titular por um longo período de tempo, ainda assim poderá
fazer uso, à qualquer momento, do direito em questão.
Isso implica em afirmar que os direitos fundamentais são personalíssimos, impossíveis de
serem alcançados pelo instituto da prescrição.
f) Irrenunciabilidade: como regra, o titular de um direito fundamental não pode dele dis-
por, renunciando assim ao ser exercício.
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Contudo, em determinadas situações, e desde que por um prazo certo de tempo, poderá
a pessoa renunciar ao exercício de certos direitos fundamentais. Após o mencionado lapso
temporal, o direito objeto da renúncia voltará à sua plenitude.
Ressalta-se, entretanto, que a renúncia jamais poderá ser feita por um período indeter-
minado de tempo, tampouco abranger todos os direitos fundamentais previstos no ordena-
mento jurídico.
Dada a importância do assunto, a característica da irrenunciabilidade será mais bem de-
talhada em momento posterior.
g) Relatividade: de início, temos que memorizar uma afirmativa amplamente utilizada
pelas bancas organizadoras: “Não existem direitos fundamentais de caráter absoluto”.
Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter relativo, en-
contrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na Consti-
tuição Federal.
Desta forma, os direitos fundamentais não podem ser utilizados como uma forma de
acobertar o cometimento de atividades ilícitas, tampouco a responsabilidade das pessoas
que, fazendo uso deste direito, cometam infrações tipificadas como crime em nosso ordena-
mento jurídico.
Em caso de conflito entre dois ou mais direitos fundamentais, deverá a autoridade com-
petente, analisando o caso concreto, fazer uso da concordância prática ou da harmonização.
Nesta situação, um direito prevalecerá sobre o outro, de forma que a decisão apenas será
aplicável às partes do conflito. Caso, posteriormente, ambos os direitos novamente sejam
objeto de conflito, a autoridade deverá realizar o mesmo procedimento de análise do caso
concreto, podendo perfeitamente decidir pela prevalência do outro direito. Tudo dependerá,
conforme mencionado, da análise do caso concreto.

Exemplo: caso uma pessoa, invocando o direito fundamental da liberdade de pensamen-


to, expresse comentários racistas acerca de outrem, estaremos diante de um conflito entre
direitos fundamentais.
De um lado, a liberdade do pensamento. Do outro, a vedação ao racismo.
Nesta situação, a autoridade competente deverá analisar o caso concreto e decidir, com
base na ponderação e na harmonização, qual o direito que deverá prevalecer.
Como a decisão apenas produzirá efeitos para as partes envolvidas, nada impede que a
autoridade competente, em momento posterior, e estando diante de uma situação onde os
mesmos direitos estejam em conflito, decida de forma contrária.

Ainda que a imensa maioria da doutrina entenda que nenhum dos direitos e garantias fun-
damentais possua caráter absoluto, tem crescido, cada vez mais, o entendimento (ainda mino-
ritário) de que três situações seriam o caso de direitos de caráter absoluto, sendo eles:

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• a proibição à tortura;
• a proibição à escravidão;
• a proibição ao tratamento cruel ou degradante;

Todas as três situações derivam do princípio maior da dignidade da pessoa humana. De


acordo com a doutrina que defende a existência de direitos de caráter absoluto, a relativiza-
ção das situações apresentadas acabaria gerando uma relativização da própria dignidade da
pessoa humana.
Neste sentido, merece destaque o entendimento de Ingo Wolfgang Sarlet:

A dignidade da pessoa humana, na condição de valor fundamental atrai o conteúdo de todos os


direitos fundamentais, exige e pressupõe o reconhecimento e proteção dos direitos fundamentais
de todas as dimensões. Assim, sem que se reconheçam à pessoa humana os direitos fundamentais
que lhe são inerentes, em verdade estar-se-á negando-lhe a própria dignidade.

Ressalta-se, contudo, que tal entendimento é minoritário. Em provas de concurso, devem


ser adotados os seguintes entendimentos:
• em questões genéricas que apenas exijam o conhecimento das características dos di-
reitos fundamentais, deve-se sempre afirmar que tais direitos não possuem caráter ab-
soluto, sendo, por isso mesmo, relativos;
• em questões mais avançadas e que exijam expressamente a doutrina minoritária (com
enunciados que versem sobre o tema dos direitos absolutos), deve-se afirmar que os
três direitos acima mencionados se revestem de caráter absoluto.

h) Complementariedade: os direitos fundamentais não devem ser interpretados de forma


isolada, mas sim de forma conjunta, complementar, possibilitando assim que a finalidade para
a qual foram instituídos seja alcançada em sua plenitude.

Exemplo: uma das principais finalidades dos direitos fundamentais é assegurar a todos a dig-
nidade da pessoa humana.
Contudo, você acha que este objetivo será alcançado em sua plenitude de que maneira: com
apenas alguns dos direitos ou com todos os direitos fundamentais existentes?
Logicamente que a utilização e interpretação de todos os direitos fundamentais é que propor-
cionará o atingimento da finalidade.

i) Concorrência: o particular pode exercer diversos direitos fundamentais ao mesmo tem-


po, de forma concorrente, não havendo necessidade do esgotamento da utilização de um direi-
to para que outro possa ser exercido.
j) Efetividade: cabe ao Estado, materializado pelas inúmeras políticas públicas, assegurar con-
dições para que os direitos fundamentais possam ser concretizados e efetivados pela população.

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Agora que já conhecemos as principais características relacionadas com os direitos e ga-


rantias fundamentais, precisamos saber que estes estão estruturados, no texto da Constituição
Estadual, como Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Direitos Sociais e Direitos Políticos.

3. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos


Os direitos e deveres individuais e coletivos são aqueles ligados ao conceito da pessoa
humana. Tais direitos podem ser divididos em individuais (como direito à vida e à liberdade) e
coletivos (como o direito de reunião e o direito de associação).
Para uma correta compreensão acerca destes direitos, iremos relacionar cada uma das
previsões da Constituição Estadual, com os comentários respectivos.

Art. 3º O Estado assegura, nos limites de sua competência, os direitos e garantias fundamentais que
a Constituição Federal reconhece a brasileiros e estrangeiros.

Como não poderia ser diferente, o Estado do Rio Grande do Norte assegura aos brasileiros
e estrangeiros todos os direitos previstos no texto da Constituição Federal.
Importante questão refere-se ao alcance dos direitos fundamentais. Assim, ainda que tex-
to constitucional faça menção aos “brasileiros e aos estrangeiros”, o entendimento atual é
de que os direitos fundamentais, como regra, podem ser usufruídos pelos brasileiros, pelos
estrangeiros residentes no país e até mesmo pelos estrangeiros residentes no exterior e que
estejam em território nacional por um curso espaço de tempo.

Nas palavras do STF (proferidas no julgamento do HC 94.016), “O súdito estrangeiro,


mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar o remédio cons-
titucional do habeas corpus, em ordem a tornar efetivo, nas hipóteses de persecução
penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à observância e ao integral respeito, por
parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão significado à cláusula do devido
processo legal”.

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Exemplo: caso um argentino esteja passando uma semana de férias em território brasileiro,
poderá ele, ainda que sua residência não seja no Brasil e sua estadia seja breve, fazer uso, caso
sofra coação em sua liberdade de locomoção, do habeas corpus, remédio constitucional utili-
zado com a finalidade de evitar que o direito de ir e vir seja prejudicado.

Art. 4º A lei adota procedimento sumário de apuração de responsabilidade por desrespeito à integri-
dade física e moral dos presos, cominando penas disciplinares ao servidor estadual, civil ou militar,
encontrado em culpa.

Em caso de desrespeito à integridade física e moral dos presos, o servidor estadual, seja
ele civil ou militar, será objeto de procedimento sumário de apuração de responsabilidade. Em
caso de culpa comprovada, serão cominadas as respectivas penas disciplinares.

Art. 5º Lei complementar regula as condições de cumprimento de pena no Estado, cria Fundo Pe-
nitenciário com a finalidade de assegurar a efetividade do tratamento legal previsto aos reclusos e
dispõe sobre a instalação de comissões técnicas de classificação.
§ 1º O Poder Judiciário, pelo Juízo das Execuções Penais, publica, semestralmente, relação nominal
dos presos, fazendo constar a pena de cada um e o início de seu cumprimento.
§ 2º Na elaboração dos regimentos internos e disciplinares dos estabelecimentos penais do Estado,
além do órgão específico, participam o Conselho Penitenciário do Estado, o Juízo das Execuções
Penais e o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, observando-se, entre outros prin-
cípios, a resolução da Organização das Nações Unidas acerca do tratamento de reclusos.

Inicialmente, precisamos memorizar que a norma responsável por regular as condições de


cumprimento de pena no Estado, por criar o Fundo Penitenciário (com a finalidade de asse-
gurar a efetividade do tratamento legal previsto aos reclusos) e por dispor sobre a instalação
de comissões técnicas de classificação será uma lei complementar, que, ao contrário da lei
ordinária, exige um quórum diferenciado para aprovação.

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Também é importante destacar que o Juízo das Execuções Penais será responsável por
publicar, semestralmente, a relação nominal dos presos. Nesta publicação, deverá constar a
pena de cada um e o início de seu cumprimento.
Além disso, uma série de órgãos serão responsáveis por participar do processo de elabo-
ração dos regimentos internos e disciplinares dos estabelecimentos penais do Estado, sendo
eles, além do órgão específico:
• o Conselho Penitenciário do Estado;
• o Juízo das Execuções Penais;
• o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.

Art. 6º A lei coíbe a discriminação política e o favorecimento de partidos ou grupos políticos pelo
Estado, autoridades ou servidores estaduais, assegurando ao prejudicado, pessoa física ou jurídica,
os meios necessários e adequados à recomposição do tratamento igual para todos.

Aqui, estamos diante de um mandamento diretamente decorrente do fundamento do plu-


ralismo político e do princípio da isonomia. Consequentemente, será vedada a discriminação
política e o favorecimento de partidos ou grupos políticos pelo Estado, autoridades ou servi-
dores estaduais.
Em caso de cometimento das mencionadas infrações, será assegurado ao prejudicado,
pessoa física ou jurídica, os meios necessários e adequados à recomposição do tratamento
igual para todos.

Art. 7º Quem não receber, no prazo de dez (10) dias, informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, requeridas a órgãos públicos estaduais, pode, não sendo hipótese de
habeas-data, exigi-las, judicialmente, devendo o Juiz competente, ouvido quem as deva prestar, no
prazo de vinte e quatro (24) horas, decidir, em cinco (5) dias, intimando o responsável pela recusa
ou omissão a fornecer as informações requeridas, sob pena de desobediência, salvo a hipótese de
sigilo imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.

Importante dispositivo, e que tende a ser bastante exigido em provas de concurso público.
De início, temos que saber que é um dever do Poder Público fornecer aos interessados infor-
mações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral. A exceção fica por conta
daquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.
Quando não for o caso de habeas data (em que há a necessidade de prévia negativa na
esfera administrativa), poderá o particular, em caso de não recebimento das informações no
prazo de 10 dias, requerer o acesso de forma judicial.
Nesta hipótese, caberá ao juiz competente, ouvido quem as deva prestar no prazo de 24
horas, decidir no prazo de 5 dias. Após a decisão, o responsável pela recusa ou omissão será
intimado a fornecer as informações requeridas, sob pena de desobediência.

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4. Direitos Sociais
Os direitos sociais são constituídos de prestações positivas, materializadas em políticas
públicas realizadas pelo Estado. Tais direitos possuem como objetivo a concretização da
igualdade, sendo exemplos as férias anuais, o descanso semanal remunerado e o aviso prévio
proporcional ao tempo de serviço.
Ainda que a imensa maioria do estudo dos direitos sociais seja pautada no conhecimento
dos diversos direitos assegurados aos trabalhadores urbanos e rurais, precisamos também
conhecer quatro princípios típicos desta classe de direito. Por meio destes princípios, como
veremos adiante, é possível chegar a uma solução acerca da efetivação destes direitos para
a população.
Em outros termos, é por meio dos princípios que podemos verificar até que ponto o Poder
Público deve garantir os direitos sociais sem comprometer os recursos financeiros das de-
mais políticas públicas. Tais princípios, de acordo com a doutrina, são os seguintes:
• Princípio da Reserva do Financeiramente Possível
• Princípio da Garantia do Mínimo Existencial
• Princípio da Vedação ao Retrocesso
• Princípio da Implementação das Políticas Públicas pelo Poder Judiciário.

4.1. Princípio da Reserva do Financeiramente Possível


De acordo com a reserva do financeiramente possível, o Poder Público, ainda que esteja
obrigado a garantir uma série de direitos à população, apenas o fará se houver recursos finan-
ceiros suficientes para a implementação destes direitos.

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Desta forma, a concretização dos direitos sociais se sujeita a uma análise das consequên-
cias que os gastos utilizados para tal resultarão para o Estado.
De nada adiantaria, de acordo com a reserva do financeiramente possível, o Poder Público
assegurar que todos os direitos sociais seriam passíveis de fruição para todos os indivíduos,
se tal medida implicasse na falta de recursos para a utilização nas demais políticas públicas.
Nestas situações, ou seja, quando o Poder Público não dispuser de recursos financeiros para
a implementação de alguns direitos, não deverá ele simplesmente alegar a falta de recursos
como forma de motivação a sua omissão. Em sentido oposto, a respectiva Administração Públi-
ca deverá motivar o ato de não aplicação de recursos de forma objetiva. E como a norma que
estabelece todas as receitas e despesas que poderão ser utilizadas no exercício financeiro é a
Lei Orçamentária Anual, a fundamentação para a não concretização ou efetivação de um direito
social por falta de recursos financeiros deverá, sempre, ter como base as disposições da LOA.
No que se refere ao dever do Poder Público de motivar a falta de recursos financeiros para a imple-
mentação dos direitos sociais, merece destaque a decisão do STF proferida no âmbito da ADPF 45:

A realização dos direitos econômicos, sociais e culturais – além de caracterizar-se pela


gradualidade de seu processo de concretização – depende, em grande medida, de um
inescapável vínculo financeiro subordinado às possibilidades orçamentárias do Estado,
de tal modo que, comprovada, objetivamente, a incapacidade econômico-financeira da
pessoa estatal, desta não se poderá razoavelmente exigir, considerada a limitação mate-
rial referida, a imediata efetivação do comando fundado no texto da Carta Política. Não
se mostrará lícito, no entanto, ao Poder Público, em tal hipótese – mediante indevida
manipulação de sua atividade financeira e/ou político-administrativa – criar obstáculo
artificial que revele o ilegítimo, arbitrário e censurável propósito de fraudar, de frustrar e
de inviabilizar o estabelecimento e a preservação, em favor da pessoa e dos cidadãos, de
condições materiais mínimas de existência.

4.2. Princípio da Garantia do Mínimo Existencial


Estabelece o princípio da garantia do mínimo existencial que o Poder Público, ainda que
muitas vezes sem recursos suficientes para garantir a efetivação de todos os direitos sociais,
deve, ainda assim, garantir um mínimo de direitos à população.
Tal limite é chamado, pela doutrina, de mínimo existencial, uma vez que representa um con-
junto de direitos que, quando usufruído pelos indivíduos, possibilita que estes tenham acesso
a uma condição de vida mais justa, em sintonia com a dignidade da pessoa humana.
Observa-se, desta forma, que a garantia do mínimo existencial representa um limite de
atuação ao princípio da reserva do financeiramente possível.
Se no âmbito do financeiramente possível o Estado pode se eximir da concretização de
diversos direitos sociais (alegando, para isso, falta de recursos), o mínimo existencial garante

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à população que nem mesmo a falta de recursos do Estado poderá servir de justificativa para
a não efetivação dos direitos sociais considerados mínimos para uma existência digna.
Ainda que não haja unanimidade por parte da doutrina, os direitos sociais que são conside-
rados básicos para uma existência digna são os relacionados com a educação, com a saúde,
com a proteção da criança e do adolescente, com a assistência social, com a moradia, com a
alimentação e com a segurança.

Exemplo: um dos direitos sociais é o transporte, que deve ser assegurado a todos os indivídu-
os que dele necessitarem.
Mas suponhamos que um Município do interior, passando por sérias dificuldades financeiras,
não consiga implantar um sistema de transporte público que atenda a toda a população.
Neste caso, estamos diante da não concretização de um direito social em virtude da reserva
do financeiramente possível.
Caso, no entanto, o direito em questão estivesse relacionado com o mínimo existencial (tal
como o serviço de atendimento à saúde da população), não poderia o Município deixar de efe-
tivar este direito alegando a falta de recursos financeiros.
O que é levado em conta, nesta situação, é a existência de direitos mínimos, considerados
essenciais para uma vida digna, que não podem deixar de ser prestados pelo Poder Público.

4.3. Princípio da Vedação ao Retrocesso


O princípio da vedação ao retrocesso trata-se de uma das mais importantes garantias da popula-
ção beneficiada com os direitos sociais. Por meio dela, sempre que o Poder Público tiver concretizado
um direito social aos indivíduos, não poderá ele, em momento posterior, retroceder à sua efetivação.

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A doutrina francesa conceitua o princípio da vedação ao retrocesso de “efeito cliquet”. Por


meio desta expressão, conseguimos compreender, diante de um caso prático, como a vedação
em questão acontece.

 Obs.: o termo cliquet é constantemente utilizado pelos alpinistas, sendo designado para
informar que, a partir de um determinado ponto da escalada, não é mais permitido
descer, mas sim apenas subir até o término do percurso.

Com os direitos sociais acontece algo semelhante: Uma vez encontrando-se um direito so-
cial regulamentado e produzindo efeitos jurídicos, não poderá o Poder Público, ainda que por
intermédio de lei, decreto ou até mesmo de emenda constitucional, editar norma que limite,
revogue ou prejudique a utilização deste direito.
Em sintonia com o aqui exposto é a visão do STF, conforme elucidativo julgado proferido
no âmbito do ARE-639337:

O princípio da proibição do retrocesso impede, em tema de direitos fundamentais de


caráter social, que sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou
pela formação social em que ele vive. A cláusula que veda o retrocesso em matéria de
direitos a prestações positivas do Estado (como o direito à educação, o direito à saúde
ou o direito à segurança pública) traduz, no processo de efetivação desses direitos fun-
damentais individuais ou coletivos, obstáculo a que os níveis de concretização de tais
prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser ulteriormente reduzidos ou suprimidos
pelo Estado. Doutrina. Em consequência desse princípio, o Estado, após haver reconhe-
cido os direitos prestacionais, assume o dever não só de torná-los efetivos, mas, também,
se obriga, sob pena de transgressão ao texto constitucional, a preservá-los, abstendo-se
de frustrar – mediante supressão total ou parcial – os direitos sociais já concretizados.

4.4. Princípio da Implementação das Políticas Públicas pelo Poder


Judiciário
Como decorrência do princípio da Separação dos Poderes, cada um dos Poderes da Repú-
blica possui uma função típica.
Tomando como base as políticas públicas, é correto afirmar que cabe ao Poder Legislativo
a elaboração destas políticas, ao Poder Executivo a execução e ao Poder Judiciário o julga-
mento das causas que cheguem à sua análise.
Basicamente, o processo de efetivação de um direito social percorre as seguintes fases:
a) Inicialmente, a Constituição estabelece uma série de direitos sociais. Tais direitos pode-
rão ser oriundos tanto do texto originário da Constituição quanto implementados por meio de
emenda constitucional.

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b) Uma vez presentes na Constituição, os direitos sociais ainda não estão prontos para
serem usufruídos pela população, uma vez que, como anteriormente mencionado, carecem
de regulamentação. Neste momento, cabe ao Poder Legislativo, por meio da edição de leis,
estabelecer a forma como os direitos sociais serão exercidos.
c) Com a lei editada, chega o momento do Poder Executivo implementar a política pública,
isto é, tornar possível que os direitos sociais previstos na Constituição Federal e regulamenta-
dos por lei cheguem às pessoas que atendam aos requisitos necessários. Para isso, os Chefes
do Poder Executivo podem fazer uso, quando necessário, da edição de decretos regulamenta-
res, normas editadas com a finalidade de detalhar os aspectos da lei.
Com base no fluxo acima apresentado, é possível observar que a regulamentação e a imple-
mentação dos direitos sociais compete, respectivamente, aos Poderes Legislativo e Executivo.
O fundamento para tais competências decorre do fato de que estes são os Poderes da
República que possuem representantes eleitos pela vontade popular. Consequentemente, o
povo apenas é beneficiário de direitos que ele mesmo (ainda que indiretamente, por meio dos
representantes populares) tenha concordado.

Mas e caso os Poderes Executivo e Legislativo não façam uso de suas competências,
prejudicando os direitos da população, poderia esta se socorrer no Poder Judiciário, pro-
fessor?

Certamente que sim! E é justamente este o objetivo principal do princípio em análise, ou


seja, possibilitar que o Poder Judiciário, ante a inércia dos demais Poderes, determine, como
medida excepcional, a implantação de políticas públicas, evitando que a população seja preju-
dicada ante uma não atuação dos Poderes competentes.
Um exemplo desta possibilidade pode ser mais bem visualizado no julgamento do RE
436.996, quando o STF determinou os Municípios assegurassem o direito à educação para
todas as crianças que estivessem na faixa etária estabelecida pela Constituição Federal.

Embora resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, a prerrogativa de for-


mular e executar políticas públicas, revela-se possível, no entanto, ao Poder Judiciário,
determinar, ainda que em bases excepcionais, especialmente nas hipóteses de políticas
públicas definidas pela própria Constituição, sejam estas implementadas pelos órgãos
estatais inadimplentes, cuja omissão – por importar em descumprimento dos encargos
político-jurídicos que sobre eles incidem em caráter mandatório – mostra-se apta a com-
prometer a eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais impregnados de estatura
constitucional.

Contudo, ainda que o Poder Judiciário tenha determinado a implementação da política


pública, importante salientar que os efeitos da decisão encontram ressalvas na reserva

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do financeiramente possível. Assim, pode o Município em questão alegar que não possui re-
cursos suficientes para garantir a execução da política social. Para isso, deverá motivar a sua
decisão de forma objetiva, ou seja, com base nas disposições da Lei Orçamentária Anual.

Princípios dos Direitos Sociais Características


Reserva do Financeiramente O Poder Público deve garantir os direitos sociais à população na
Possível medida em que dispuser de recursos financeiros.
Para os direitos sociais considerados essenciais à existência
Garantia do Mínimo Existencial (saúde, educação), a execução deve ocorrer de forma plena, não
sendo possível a alegação da falta de recursos financeiros.
Uma vez concedidos à população, é vedada a utilização de qual-
Vedação ao Retrocesso quer medida que implique em violação ou retrocesso de qual-
quer um dos direitos sociais.
Em caráter excepcional, o Poder Judiciário pode, quando tal
Implementação das Políticas
medida não for feita pelos Poderes Executivo e Legislativo,
Públicas pelo Poder Judiciário
determinar a implementação de direitos sociais.

A Constituição do Estado do Rio Grande do Norte elenca, em seu artigo 8º, aqueles que são
considerados direitos sociais:

Art. 8º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o trabalho, o transporte,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, consoante definidos no art. 6º da Constituição Federal e assegurados pelo Estado.

Complementando o dispositivo, o artigo 9º estabelece que:

O Estado garante, nos limites de sua competência, a inviolabilidade dos direitos assegurados pela
Constituição Federal aos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social.

5. Direitos Políticos
Os direitos políticos regulamentam a forma como a soberania popular será exercida pela
população, seja de forma direta (por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular), seja de
forma indireta (por meio de representantes eleitos).
Como forma de assegurar que a democracia seja exercida em sua plenitude, a Constituição
tratou se estabelecer diversas regras a serem observadas pelos cidadãos, quer no exercício
do direito de votar, quer na possibilidade de serem eleitos como representantes do povo. Tais
possibilidades consagram aquilo que a doutrina denomina de Direitos Políticos.

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Princípios, Direitos e Garantias Fundamentais
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Assim, podemos conceituar os Direitos Políticos como a possibilidade dos particulares


participarem, direta ou indiretamente, do processo democrático. Para isso, os cidadãos estão
sujeitos tanto a prerrogativas quanto a sujeições.

Prerrogativas? Sujeições? O que vem a ser isso, professor?

Simples, pessoal... As prerrogativas podem ser entendidas como as possibilidades dos


cidadãos influenciarem no processo de escolha dos representantes. Dessa forma, quando nos
dirigimos a uma seção eleitoral e praticamos o ato de votar, estamos exercendo um direito que
nos foi conferido.
No entanto, o ato de votar também é uma obrigação, de forma que o seu não exercício
implica em uma serie de consequências para o respectivo eleitor. Logo, chegamos à conclu-
são de que o voto é um poder-dever conferido a todos os cidadãos que se encontrem habilita-
dos para tal.

Os direitos políticos podem ser divididos em ativos e passivos.


Os direitos políticos ativos nada mais são do que a possibilidade do eleitor alistar-se e
votar no candidato de sua escolha. Tais direitos são exercidos por meio da capacidade elei-
toral ativa.
Os direitos políticos passivos, ao contrário, podem ser conceituados como a possibilidade
dos cidadãos candidatarem-se e serem eleitos para os diversos cargos eletivos. Tais direitos
são exercidos por meio da capacidade eleitoral passiva.
A Constituição do Estado do Rio Grande do Norte estabelece, em seu artigo 10, a seguin-
te redação:

Art. 10. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.

Em todas estas hipóteses, estamos diante dos direitos políticos ativos (capacidade eleito-
ral ativa), que pode ser exercida diretamente (através de plebiscito, referendo e iniciativa popu-
lar) ou indiretamente (através da escolha dos representantes por meio do voto direto e secreto).

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O mencionado artigo constitucional, no entanto, pode levantar uma série de dúvidas: O que
é sufrágio? O que é plebiscito? E referendo?
Inicialmente, temos que saber que o sufrágio não se confunde com o voto. Enquanto o pri-
meiro conceito liga-se à ideia do próprio direito em si, o segundo atua como forma de exercer
este direito.

Exemplo: ao exercer o voto, estamos escolhendo nossos representantes para um dado período
de tempo. Estamos, em outras palavras, exercendo um direito.
Mas vocês já pararam para pensar em qual direito que está sendo exercido por meio do ato de
votar?
A resposta para tal pergunta é o sufrágio, que, como mencionado, liga-se a uma ideia maior do
que o voto, uma vez que envolve o processo eleitoral como um todo.
Assim, o Sufrágio pode ser entendido como a soma da capacidade eleitoral ativa (direito de
votar) e da capacidade eleitoral passiva (direito de se eleger).

A doutrina identifica dois tipos de sufrágio, sendo eles o universal e o restrito.


O sufrágio universal, que é o atualmente vigente em nosso ordenamento, é aquele em que
o direito de votar é estendido a todos os nacionais, desde que obedeçam as condições previs-
tas em lei. Por isso mesmo é que em nosso país todos os brasileiros, em regra, podem votar.
O sufrágio restrito, por outro lado, é aquele que não possibilita que todos os nacionais
exerçam o direito do voto, mas sim apenas aqueles que atendam a algumas características
especiais. Tal tipo de sufrágio pode ser capacitário ou censitário.
Teremos sufrágio capacitário quando o direito de votar é conferido apenas às pessoas que
possuam alguma característica especial, tal como a conclusão de curso superior ou o domínio
de mais de um idioma.
Da mesma forma, teremos sufrágio censitário quando o direito de votar for assegurado
apenas àqueles que possuam determinadas condições econômicas, tais como uma renda mí-
nima ou a comprovação da posse de um número certo de bens.

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Afirmar que o voto é direto significa garantir que os próprios eleitores serão os responsá-
veis pela escolha dos governantes e parlamentares.
O voto indireto, em sentido contrário, é aquele em que os eleitores elegem delegados, que,
por sua vez, serão os responsáveis pela escolha dos representantes da população. Neste sen-
tido é o entendimento de Maria Helena Diniz: “Voto indireto Aquele em que os eleitores elegem
delegados que, por sua vez, escolherão aqueles que vão ocupar cargos políticos.”
Além de direito, o voto também é secreto, de forma que o eleitor não é obrigado a mani-
festar publicamente em quem irá votar para o exercício dos cargos políticos. Trata-se esta,
talvez, da mais importante garantia assegurada ao voto, e, por consequência, da democracia
como um todo.

Exemplo: já pensaram em como seria “complicado” se o voto fosse aberto?


Os empregados de uma empresa poderiam se sentir constrangidos em ter que votar em um
candidato que não fosse o da preferência do patrão.
As eleições, se assim o fosse, correriam o sério risco de não passar de processos de “fachada”,
uma vez que a democracia não estaria presente e os representantes eleitos não iriam refletir,
necessariamente, a vontade popular.

Ainda nas disposições iniciais, temos que conhecer os conceitos de plebiscito e referendo.
Ambos os institutos são formas de manifestação direta da vontade popular, consistindo
em consulta à população sobre matéria constitucional, legislativa ou administrativa.
Enquanto no plebiscito a população é consultada previamente à edição do ato legislativo
ou administrativo, no referendo, em sentido oposto, o povo é consultado quando a lei ou o ato
administrativo já foram editados.
Dessa forma, temos que levar para a prova que, assim como ocorre nas eleições para es-
colha de cargos políticos, no plebiscito e no referendo:
• O voto é facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os eleitores
com idade entre 16 e 18 anos;

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• O voto é obrigatório para os eleitores com idade entre 18 e 70 anos;


• Cada eleitor vota em sua seção eleitoral (a mesma das eleições);
• Aqueles que deixarem de votar devem se justificar, sob pena de não ficarem em dia com
a Justiça Eleitoral.

5.1. Condições de Elegibilidade


Para poder concorrer a um cargo eletivo, o particular deve possuir todas as condições de
elegibilidade e não recair em nenhuma das causas de inelegibilidade.
Podemos conceituar elegibilidade como os pressupostos legais para que um indivíduo seja
votado, ao passo que a inelegibilidade pode ser compreendida como as situações que afastam
a possibilidade de que isso ocorra.

Nos termos da Constituição Estadual, temos as seguintes condições de elegibilidade:

Art. 10, § 1º São condições de elegibilidade, na forma da lei:


I – a nacionalidade brasileira;
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
III – o alistamento eleitoral;
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
V – a filiação partidária;
VI – a idade mínima de:
a) trinta (30) anos para Governador e Vice-Governador do Estado;
b) vinte e um (21) anos para Deputado Estadual, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz;
c) dezoito (18) anos para Vereador.

O instituto da inelegibilidade é um dos mais importantes de todo o processo eleitoral. Por


meio dele, consegue-se verificar se o cidadão está ou não apto a exercer a sua capacidade
eleitora passiva, ou seja, o direito de ser votado nas eleições.
O renomado autor José Afonso da Silva apresenta um conceito de Inelegibilidade que me-
rece destaque, uma vez que traduz com precisão a forma como tal instituto obsta a capacida-
de do cidadão eleger-se:

Inelegibilidade revela impedimento à capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado). Obsta, pois,
à elegibilidade. Não se confunde com inalistabilidade, que é o impedimento à capacidade eleitoral ativa
(direito de ser eleitor), nem com incompatibilidade, impedimento ao exercício do mandato depois
de eleito.

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Dentre as diversas classificações existentes em nosso ordenamento, aquela que é exigida


em provas de concurso é a referente às inelegibilidades absolutas e relativas.
Trata-se de conhecimento de fácil entendimento, de forma que as situações de inelegibi-
lidade absoluta são aquelas que impedem o exercício de todos os cargos eletivos existentes
em nosso ordenamento.
Por outro lado, os casos de inelegibilidade relativa são situações que impedem o exercício
para determinados cargos eletivos. Nesta última situação, vem à tona o conceito de desin-
compatibilização, que nada mais é do que o prazo antes do qual o cidadão deverá afastar-se
do cargo ou função pública que exerce como forma de poder participar do pleito democrático.

Veremos agora as três situações de inelegibilidade expressamente previstas no texto da


Constituição Estadual. Antes disso, é importante que saibamos que, de acordo com o §3º do
artigo 10, “O Governador do Estado, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no
curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente”.

Art. 10, § 2º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Aqui, estamos diante de uma inelegibilidade absoluta, ou seja, os inalistáveis e os analfa-


betos não poderão se candidatar para nenhum cargo eletivo, motivo pelo qual não há que se
falar em desincompatibilização.
De acordo com o ordenamento jurídico vigente, as seguintes pessoas são consideradas
inalistáveis:
• Estrangeiros;
• Conscritos durante o período do serviço militar obrigatório;
• Os que não saibam exprimir-se na língua nacional;
• Os que estejam privados, temporária ou definitivamente dos direitos políticos.

§ 4º Para concorrerem a outros cargos, o Governador do Estado e os Prefeitos devem renunciar aos
respectivos mandatos até seis (6) meses antes do pleito.

Os Chefes do Executivo podem perfeitamente ser eleitos para um período subsequente. No


entanto, caso queiram se candidatar para outro cargo eletivo, deverão se afastar em caráter
permanente (renúncia) dos respectivos mandatos no prazo de 6 meses antes da realização
das eleições.

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E neste caso, inelegibilidade absoluta ou relativa?


Com toda certeza é relativa, uma vez que os Chefes do Executivo podem concorrer para
mais um mandato além daquele que estão exercendo (reeleição) sem a necessidade de se
desincompatibilizarem do cargo. Apenas haverá tal necessidade quando os Governadores ou
os Prefeitos desejarem concorrer a cargo diferente do já ocupado.

§ 5º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou


afins, até o segundo grau, ou por adoção, do Governador do Estado ou do Prefeito ou de quem os
haja substituído dentro dos seis (6) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo
e candidato à reeleição.

Temos aqui a conhecida “Inelegibilidade Reflexa”, de forma que os parentes até segundo
grau dos Chefes do Executivo não poderão, via de regra, se candidatar para Cargos Eletivos
dentro da circunscrição do titular.

Exemplo: imaginemos um Prefeito que acabou de ser eleito para o cargo. No município em que
este estiver exercendo as suas atribuições, seus parentes até o segundo grau não poderão ser
eleitos, por exemplo, para o cargo de Vereador.

Importante mencionar que, caso o parente já esteja exercendo as atribuições do cargo,


não há que se falar em inelegibilidade. Da mesma forma, se ambos forem eleitos na mesma
eleição, a inelegibilidade fica afastada.

Exemplo: na cidade de Concurcity, Mévio foi eleito para vereador nas eleições de 2008. Em
2012, concorreu novamente ao cargo e foi reeleito. Nesta última eleição, porém, Tício, que é
filho de Mévio (parente de primeiro grau) candidatou-se ao cargo de Prefeito e acabou sendo
eleito.
Nesta situação, algum deles será declarado inelegível?
Claro que não, uma vez que quando Tício foi eleito para o cargo de Prefeito (fato gerador da
Inelegibilidade Reflexa), Mévio já ocupava o cargo de Vereador.
A mesma lógica se aplica caso os dois candidatos (Tício e Mévio) tivessem corrido na mesma
eleição e não estivessem exercendo, anteriormente, nenhum cargo eletivo.
Neste último exemplo, caso Tício fossem eleito Prefeito e Mévio não conseguisse se eleger
Vereador, ficaria Mévio impedido de candidatar-se até que Tício estivesse ocupando o cargo.

Algum aluno poderia estar se questionando se a inelegibilidade seria afastada pela dis-
solução do vínculo conjugal (separação), no exercício do primeiro mandato, como forma de
possibilitar que o cônjuge se tornasse elegível. Tal situação é possível?
O STF possui entendimento de que a separação ou dissolução do vínculo conjugal, ainda
que ocorra no período do primeiro mandato, não afasta a inelegibilidade em questão. Tal en-
tendimento está exposto na Súmula Vinculante n. 18:

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Súmula Vinculante n. 18
A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

Exemplo: Jorge, que é casado com Fernanda, é Governador do Estado de Concursópolis. Nesta
situação, Fernanda é considerada inelegível no território de jurisdição do titular (todo o Estado).
No entanto, seria muito fácil “driblar” a regra da inelegibilidade forjando uma separação conju-
gal, situação que deixaria os dois cônjuges em condições de disputar qualquer cargo na res-
pectiva jurisdição, não é mesmo?
Assim, como forma de evitar que isso ocorra, o entendimento dos Tribunais Superiores é de
que, no caso concreto, ainda que haja a separação do casal no curso do primeiro mandato de
Jorge, tal ocorrência não afastará a inelegibilidade de Fernanda.
E se Jorge renunciar ao cargo, Fernanda é considerada elegível?
Depende! Para que isso ocorra, a renúncia de Jorge deverá ocorrer no curso do primeiro man-
dato, ou seja, Jorge deve renunciar em uma situação em que poderia concorrer ao segundo
mandato. Caso ele já esteja no curso do segundo mandato (foi reeleito), nem mesmo a sua
renúncia acarreta a possibilidade de Fernanda concorrer a algum cargo na circunscrição.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (FCC/AL/ALERN/PSICOLOGIA/2013) Nos termos da CE/RN, quem não receber, no pra-
zo de dez dias, informações de seu interesse particular, de interesse coletivo ou geral, reque-
ridas aos órgãos públicos estaduais pode, não sendo hipótese de habeas data, exigi-las judi-
cialmente. Nesse caso, o juiz, após ouvir quem deve prestar essas informações, deverá decidir
no prazo de
a) 2 dias.
b) 5 dias.
c) 10 dias.
d) 15 dias.
e) 30 dias.

O prazo para a decisão do juiz é de 5 dias, conforme previsão do texto constitucional.

Art. 7º Quem não receber, no prazo de dez (10) dias, informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, requeridas a órgãos públicos estaduais, pode, não sendo hipótese de
habeas-data, exigi-las, judicialmente, devendo o Juiz competente, ouvido quem as deva prestar, no
prazo de vinte e quatro (24) horas, decidir, em cinco (5) dias, intimando o responsável pela recusa
ou omissão a fornecer as informações requeridas, sob pena de desobediência, salvo a hipótese de
sigilo imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.
Letra b.

002. (FCC/ATCI/ALERN/2013) Entre os princípios fundamentais descritos abaixo, os que NÃO


se encontram previstos na Constituição são
a) a cidadania e os valores sociais do trabalho.
b) a autonomia do Estado e de seus Municípios.
c) o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular.
d) a dignidade da pessoa humana e a livre iniciativa.
e) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

Apenas a Letra C elenca princípios que não estão previstos no texto da Constituição do Estado
do Rio Grande do Norte. Em sentido diverso, o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular são
formas de exercício direto da soberania popular.

Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
I – a autonomia do Estado e seus Municípios;

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II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.

Letra c.

003. (FCC/TL/ALERN/TÉCNICO EM HARDWARE/2013) Um cidadão, ao completar 18 anos,


decidiu se candidatar para concorrer a um cargo político. Nos termos da CE/RN, ele pode dis-
putar o mandato de
a) Vereador ou Vice-Prefeito.
b) Vereador.
c) Vereador, Vice-Prefeito ou Prefeito.
d) Vereador, Vice-Prefeito, Prefeito, ou Deputado Estadual.
e) Vereador, Vice-Prefeito, Prefeito, Deputado Estadual ou Governador.

Por ter apenas 18 anos, o único cargo eletivo que pode ser ocupado pelo cidadão em questão
é o de Vereador.

Art. 10. § 1º São condições de elegibilidade, na forma da lei:


VI – a idade mínima de:
c) dezoito (18) anos para Vereador.

Letra b.

004. (CESPE/AMCI/CGM J PESSOA/PREFEITURA DE JOÃO PESSOA/AUDITORIA, FISCA-


LIZAÇÃO, OUVIDORIA E TRANSPARÊNCIA/GERAL/2018/ADAPTADA) Conforme a Consti-
tuição do Estado do Rio Grande do Norte, o poder emana do povo e é exercido por meio de
representantes eleitos, não havendo previsão do exercício do poder diretamente pelo povo.

Estabelece a Constituição Estadual que todo o poder emana do povo. Entretanto, pode este
poder ser exercido tanto diretamente (por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular)
quanto indiretamente (por meio da escolha dos representantes legais).

Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce, por meio de representantes
eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Errado.

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005. (CESPE/TMCI/CGM J PESSOA/PREFEITURA DE JOÃO PESSOA/2018/ADAPTADA)


De acordo com a Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, todo o poder emana do povo,
que o exerce diretamente ou por meio de representantes eleitos.

De acordo com o parágrafo único do artigo 1º, “Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Certo.

006. (CESPE/AUD EST/TCM-BA/INFRAESTRUTURA/2018) O princípio fundamental da Cons-


tituição que consiste em fundamento da República Federativa do Brasil, de eficácia plena, e
que não alcança seus entes internos é
a) o pluralismo político.
b) a soberania.
c) o conjunto dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
d) a prevalência dos direitos humanos.
e) a dignidade da pessoa humana.

Ótima questão para memorizarmos que a soberania se trata de princípio fundamental que
rege, apenas, a República Federativa do Brasil. No caso dos Estados, como o do Rio Grande do
Norte, gozam eles de autonomia, e não de soberania.
Logo, a soberania não alcança os entes internos (Estados e Municípios), mas sim apenas, con-
forme mencionado, a República Federativa como um todo.
Letra b.

007. (CESPE/ESC POL/PC-GO/PC-GO/2016/ADAPTADA) Assinale a opção que apresenta


um dos fundamentos da República Federativa do Brasil que será defendido pela Constituição
do Estado do Rio Grande do Norte
a) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
b) autodeterminação dos povos
c) igualdade entre os estados
d) erradicação da pobreza
e) solução pacífica dos conflitos

Dentre as alternativas apresentadas, apenas a Letra A apresenta um dos fundamentos defen-


didos pela Constituição Estadual.

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Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Letra a.

008. (CESPE/ASSIST/FUB/ADMINISTRAÇÃO/2015) De acordo com a Constituição do Esta-


do do Rio Grande do Norte, o poder emana do povo, mas é dividido em três funções — execu-
tiva, legislativa e judiciária —, que, bem delimitadas, são impedidas de exercer competências
umas das outras.

O Poder, conforme informado pela questão, emana do povo, estando dividido em três diferen-
tes funções ou Poderes do Estado, a saber: Executivo, Legislativo e Judiciário.
No entanto, ainda que cada um dos Poderes tenha funções típicas, desempenham eles, ati-
picamente, as atividades desempenhadas pelos demais. Com isso, temos o surgimento do
sistema de freios e contrapesos.
Errado.

009. (CESPE/AFRE/SEFAZ-RS/2019/ADAPTADA) O Legislativo, o Executivo e o Judiciário


são poderes harmônicos e preservam o equilíbrio no exercício das funções estatais essenciais,
coibindo o sistema de freios e contrapesos.

Ao contrário do que informado, o sistema de freios e contrapesos é exercido plenamente pelos


Poderes, uma vez que a atuação, de acordo com a Constituição Estadual, deve pautar-se na
independência e na harmonia.

Art. 2º São Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.
Errado.

010. (CESPE/TEC/FUB/ÓTICA/2015/ADAPTADA) O pluralismo político, fundamento previs-


to na Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, apresenta duplo viés: assegura a liberda-
de ideológica, incluída a apartidária, e, concomitantemente, impõe a tolerância às diferenças.

Conforme visto em aula, o pluralismo político apresenta um duplo sentido, assegurando desde
a liberdade ideológica (ou até mesmo apartidária) quanto a obrigação de respeitar as diferen-
ças (vedando, por exemplo, os discursos de ódio).
Certo.

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011. (CEBRASPE/CESPE/AFRE/SEFAZ-AL/2020) Com relação à aplicabilidade das normas


constitucionais e aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
Mais do que se prestarem à defesa do cidadão contra os poderes estatais, os direitos fundamentais
impõem uma atuação positiva do Estado no sentido de concretizar determinados direitos.

Os direitos fundamentais não se limitam a proteger o cidadão contra os poderes estatais. Em


sentido diverso, determinados direitos devem ser exercidos de forma ativa, exigindo assim
uma atuação positiva do Estado para a sua concretização.
Certo.

012. (CEBRASPE/CESPE/ANA MIN/MPE-CE/DIREITO/2020) Os direitos fundamentais são


prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua especial condição de pessoa humana, e as
garantias fundamentais são os instrumentos e mecanismos necessários para a proteção, a sal-
vaguarda ou o exercício desses direitos. Com relação a esse assunto, julgue o item que se segue.
Os direitos fundamentais não podem ser considerados absolutos, posto que todos os direitos
são passíveis de relativização e podem entrar em conflito entre si.

De acordo com a característica da relatividade, não existem direitos fundamentais de caráter absolu-
to. Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter relativo, encontran-
do limites na própria existência de outros direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.
Certo.

013. (CEBRASPE/CESPE/AAP/PGE-PE/CALCULISTA/2019/ADAPTADA) À luz da Constitui-


ção Estadual, julgue o item a seguir.
A cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
encontram-se entre os fundamentos do Estado.

Tanto a cidadania quanto a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da


livre iniciativa são, nos termos da Constituição Estadual, fundamentos do Rio Grande do Norte.

Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
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III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
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014. (CEBRASPE/CESPE/NER/TJ-DFT/REMOÇÃO/2019/ADAPTADA) É fundamento do Es-


tado do Rio Grande do Norte:
a) a dignidade da pessoa humana.
b) o desenvolvimento nacional.
c) a independência nacional.
d) a erradicação da pobreza.
e) a solidariedade.

Apenas a dignidade da pessoa humana é, dentre as alternativas propostas, um fundamento do


Rio Grande do Norte:

Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;
Letra a.

015. (CEBRASPE/CESPE/TEC JUD/TJ-PR/2019/ADAPTADA) É fundamento do Estado do


Rio Grande do Norte:
a) a erradicação da pobreza.
b) a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor e quaisquer outras
formas de discriminação.
c) a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
d) a forma democrática de Estado.
e) a dignidade da pessoa humana.

Dentre as opções, apenas a Letra E trata-se de um fundamento do Rio Grande do Norte:

Art. 1º O Estado do Rio Grande do Norte, Unidade Federada integrante e inseparável da República
Federativa do Brasil, rege-se por esta Constituição e pelas leis que adotar, respeitados os princípios
da Constituição da República Federativa do Brasil, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;
Letra e.

016. (CEBRASPE/CESPE/ASSP/PGE-PE/2019) A respeito dos direitos políticos e dos parti-


dos políticos, julgue o item seguinte.
Direitos políticos ativos são os direitos políticos que permitem ao cidadão candidatar-se e re-
ceber votos para um cargo eletivo.

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Os direitos políticos ativos são aqueles que permitem que o cidadão vote regularmente nas
eleições. Já os direitos políticos passivos, sem sentido oposto, implicam na possibilidade do
cidadão ser votado para os diversos cargos eletivos.
Errado.

017. (CEBRASPE/CESPE/AG/TCE-PE/JULGAMENTO/2017) Com relação aos direitos so-


ciais, aos direitos de nacionalidade, aos direitos políticos e aos partidos políticos, julgue o item.
Situação hipotética: O governador de determinado estado, no curso do segundo mandato, rom-
peu o vínculo conjugal com sua esposa, que também se interessa pela vida política. Assertiva:
Nessa situação, a ex-esposa, caso deseje, poderá candidatar-se, nas eleições seguintes, a car-
go eletivo naquele estado, desde que o divórcio ocorra seis meses antes do pleito.

A ex-esposa apenas poderia ser candidata caso o rompimento do vínculo conjugal tivesse
ocorrido no curso do primeiro mandato, ou seja, quando o Governador ainda poderia concorrer
à reeleição.
Como ele foi reeleito e não pode mais concorrer para o mesmo cargo, o rompimento do vínculo
conjugal não afasta a inelegibilidade reflexa em relação à ex-esposa.
Errado.

018. (CEBRASPE/CESPE/ANA MIN/MPE-PI/PROCESSUAL/2018/ADAPTADA) A propósito


do que dispõe a Constituição Estadual acerca dos direitos políticos dos analfabetos, julgue o
item a seguir.
O analfabetismo não representará óbice à elegibilidade dos cidadãos, haja vista a garantia do
amplo exercício dos direitos políticos, característica do estado democrático de direito.

A elegibilidade trata-se da possibilidade do particular ser eleito para os diversos cargos ele-
tivos. No caso do analfabeto, a elegibilidade não é possível. Em outros termos, o analfabeto
apenas pode votar, mas não pode ser votado nas eleições.

Art. 10, § 2º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.


Errado.

019. (CESPE/AMCI/CGM J PESSOA/PREFEITURA DE JOÃO PESSOA/AUDITORIA, FISCA-


LIZAÇÃO, OUVIDORIA E TRANSPARÊNCIA/GERAL/2018/ADAPTADA) Julgue o item a se-
guir, acerca dos princípios constitucionais e dos direitos fundamentais.
Conforme a Constituição, o poder emana do povo e é exercido por meio de representantes
eleitos, não havendo previsão do exercício do poder diretamente pelo povo.
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De acordo com a Constituição, o poder pode ser exercido tanto indiretamente (por meio de
representantes eleitos) quanto diretamente (por meio, dentre outros, de plebiscito, referendo e
iniciativa popular).

Art. 10. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular;
Errado.

020. (CESPE/AI/ABIN/2018) Acerca dos direitos políticos, julgue o item que se segue.
Referendo é uma consulta ao povo quanto a assunto já transformado em lei, enquanto plebis-
cito é uma consulta prévia aos eleitores sobre assuntos políticos ou institucionais.

Ao passo que o plebiscito é uma consulta prévia, ou seja, antes da matéria virar lei, o referendo
ocorre em momento posterior ao processo legislativo.
Certo.

021. (CESPE/TJ/TER-BA/ADMINISTRATIVA/SEM ESPECIALIDADE/2017/ADAPTADA) A


Constituição Estadual estabelece que “todo o poder emana do povo”, que pode exercê-lo di-
retamente. Nesse sentido, o instrumento constitucional que materializa uma consequência
advinda do princípio invocado é o(a)
a) plebiscito.
b) filiação partidária.
c) greve.
d) alistamento militar.
e) livre expressão da atividade intelectual.

Dentre as opções da questão, apenas o plebiscito trata-se de uma forma de participação direta
da população.

Art. 10. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular;
Letra a.

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022. (INÉDITA/2020) Considerando as disposições da Constituição do Estado do Rio Grande


do Norte, analise a assertiva a seguir:
A lei adota procedimento ordinário de apuração de responsabilidade por desrespeito à integri-
dade física e moral dos presos, cominando penas disciplinares ao servidor estadual, civil ou
militar, encontrado em culpa.

O procedimento a ser adotado, no caso, é o sumário, e não o ordinário.

Art. 4º A lei adota procedimento sumário de apuração de responsabilidade por desrespeito à integri-
dade física e moral dos presos, cominando penas disciplinares ao servidor estadual, civil ou militar,
encontrado em culpa.
Errado.

023. (INÉDITA/2020) Considerando as disposições da Constituição do Estado do Rio Grande


do Norte, analise a assertiva a seguir:
O Poder Judiciário, pelo Juízo das Execuções Penais, publica mensalmente a relação nominal
dos presos, fazendo constar a pena de cada um e o início de seu cumprimento.

A publicação deverá ocorrer com a periodicidade semestral, diferente do que afirmado pela questão.

Art. 5º, § 1º O Poder Judiciário, pelo Juízo das Execuções Penais, publica, semestralmente, relação
nominal dos presos, fazendo constar a pena de cada um e o início de seu cumprimento.
Errado.

024. (INÉDITA/2020) Considerando as disposições da Constituição do Estado do Rio Grande


do Norte, analise a assertiva a seguir:
Quem não receber, no prazo de 10 dias, informações de seu interesse particular, ou de inte-
resse coletivo ou geral, requeridas a órgãos públicos estaduais, pode, não sendo hipótese de
habeas-data, exigi-las judicialmente.

Aqui, estamos diante de uma previsão expressa no artigo 7º da Constituição Estadual, de se-
guinte redação:

Art. 7º Quem não receber, no prazo de dez (10) dias, informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, requeridas a órgãos públicos estaduais, pode, não sendo hipótese de
habeas-data, exigi-las, judicialmente, devendo o Juiz competente, ouvido quem as deva prestar, no
prazo de vinte e quatro (24) horas, decidir, em cinco (5) dias, intimando o responsável pela recusa
ou omissão a fornecer as informações requeridas, sob pena de desobediência, salvo a hipótese de
sigilo imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado.
Certo.

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025. (INÉDITA/2020) Considerando as disposições da Constituição do Estado do Rio Grande


do Norte, analise a assertiva a seguir:
São direitos sociais expressamente previstos a educação, a saúde, a alimentação, a moradia,
o trabalho, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e
à infância e a assistência aos desamparados.

A questão elenca, corretamente, direitos sociais previstos na Constituição Estadual.

Art. 8º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o trabalho, o transporte,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, consoante definidos no art. 6º da Constituição Federal e assegurados pelo Estado.
Certo.

026. (INÉDITA/2020) Considerando as disposições da Constituição do Estado do Rio Grande


do Norte, analise a assertiva a seguir:
O Governador do Estado, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos
mandatos poderão ser reeleitos para vários períodos subsequentes.

Os Chefes do Poder Executivo apenas podem ser reeleitos para um período subsequente.

Art. 10, § 3º O Governador do Estado, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no


curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
Errado.

027. (INÉDITA/2020) Considerando as disposições da Constituição do Estado do Rio Grande


do Norte, analise a assertiva a seguir:
São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes Consanguíneos ou
afins, até o primeiro grau, ou por adoção, do Governador do Estado ou do Prefeito.

A inelegibilidade reflexa alcança os parentes até segundo grau dos Chefes do Poder Executivo.

Art. 10, § 5º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consan-
guíneos ou afins, até o segundo grau, ou por adoção, do Governador do Estado ou do Prefeito ou de
quem os haja substituído dentro dos seis (6) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man-
dato eletivo e candidato à reeleição.
Errado.

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028. (INÉDITA/2020) Considerando as disposições da Constituição do Estado do Rio Grande


do Norte, analise a assertiva a seguir:
Para concorrerem à reeleição ou a outros cargos, o Governador do Estado e os Prefeitos devem
renunciar aos respectivos mandatos até 6 meses antes do pleito.

Apenas para concorrerem a outros cargos é que o Governador e os Prefeitos devem renunciar
com a antecedência de 6 meses. Em caso de reeleição, não há necessidade de renúncia.

Art. 10, § 4º Para concorrerem a outros cargos, o Governador do Estado e os Prefeitos devem renun-
ciar aos respectivos mandatos até seis (6) meses antes do pleito.
Errado.

029. (INÉDITA/2020) Considerando as disposições da Constituição do Estado do Rio Grande


do Norte, analise a assertiva a seguir:
Uma das condições de elegibilidade é a idade mínima de 30 anos para o cargo de Governador
e Vice-Governador do Estado.

A idade mínima de 30 anos é constitucionalmente exigida para o cargo de Governador do Estado.

Art. 10, § 1º São condições de elegibilidade, na forma da lei:


VI – a idade mínima de:
a) trinta (30) anos para Governador e Vice-Governador do Estado;
Certo.

030. (INÉDITA/2020) Considerando as disposições da Constituição do Estado do Rio Grande


do Norte, analise a assertiva a seguir:
Lei complementar será responsável por regular as condições de cumprimento de pena no Es-
tado, por criar o Fundo Penitenciário e por dispor sobre a instalação de comissões técnicas de
classificação.

A questão está correta, nos termos do artigo 5º do texto da Constituição Estadual.

Art. 5º Lei complementar regula as condições de cumprimento de pena no Estado, cria Fundo Pe-
nitenciário com a finalidade de assegurar a efetividade do tratamento legal previsto aos reclusos e
dispõe sobre a instalação de comissões técnicas de classificação.
Certo.

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GABARITO
1. b 11. C 21. a
2. c 12. C 22. E
3. b 13. C 23. E
4. E 14. a 24. C
5. C 15. e 25. C
6. b 16. E 26. E
7. a 17. E 27. E
8. E 18. E 28. E
9. E 19. E 29. C
10. C 20. C 30. C

Diogo Surdi
Diogo Surdi é formado em Administração Pública e é professor de Direito Administrativo em concursos
públicos, tendo sido aprovado para vários cargos, dentre os quais se destacam: Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil (2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil (2012) e Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-MS e MPU.

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