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FERNANDO

PESSOA
3º EM
O QUE SÃO HETERÔNIMOS?
Qual o contrário de heterônimo?
Olá, meu nome é Alana,
gosto muito de
expedições e aventuras,
tenho 39 anos e sempre
disposta a conhecer
lugares e animais –
pessoas, apenas as
especiais.

Boa noite, meu nome é


Elodie, tenho 41 anos,
moro em Paris e dançar é
minha rotina...tenho
pânico de mar e natureza
Er...hum...acho que hoje está um dia
selvagem, muitos e
variados amigos e amo bom, não é? Sempre tenho dúvidas ao
novidades. me expressar...sou tímida demais. Gosto
de ler, apenas romances românticos,
não gosto de pessoas, nem de passeios
ou festas. Ah, meu nome é Beta e tenho
34 anos.
COMO ASSIM? É A PERGUNTA SENSATA QUE
MUITOS FARIAM...É A MESMA PESSOA...MAS COM
DADOS E ESTILO COMPLETAMENTE
DIFERENTES???

Isso mostra o conceito de heterônimo. Os heterônimos são concebidos como


individualidades distintas da do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo
próprios.
Sim! Fernando Pessoa criou personalidades, totalmente diferentes dele mesmo, com horóscopo,
data de nascimento, tudo diferente. Escreveu em nome delas, publicou e são conhecidas
mundialmente. Veja o documento que postei no OneDrive, sobre a carta de Fernando Pessoa a um
crítico explicando a criação de cada um deles. É MUITO interessante!

Dos vários heterônimos de Pessoa destacam-


se: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de
Campos.

*Desafio da Lu *
Tente reconhecer
quem é em cada
imagem...
Resposta: o de sobretudo é Álvaro de Campos, o do meio Ricardo Reis e o com ovelha Alberto Caeiro.

Vamos conhecer um pouco de cada um deles:

Alberto Caeiro (1885-1915) é o Mestre, inclusive do próprio Pessoa ortônimo. Nasceu Características:
em Lisboa e aí morreu, tuberculoso , embora a maior parte da sua vida tenha decorrido *Objetivismo;
numa quinta no Ribatejo, onde foram escritos quase todos os seus poemas, sendo os do *Sensacionismo (fala sobre
último período da sua vida escritos em Lisboa, quando se encontrava já gravemente sensações da natureza);
doente . *Antimetafísico (contra a
Não desempenhava qualquer profissão e era pouco instruído (teria apenas a instrução interpretação pela
primária) e, por isso, “escrevendo mal o português”. Era órfão desde muito cedo e vivia inteligência, pelo intelecto);
de pequenos rendimentos, com uma tia-avó. *Panteísmo (Deus e
Caeiro era, segundo ele próprio, «o único poeta da natureza», procurando viver a universo – uma coisa só);
exterioridade das sensações e recusando a metafísica, isto é, recusando saber como *naturalista (adoração pela
eram as coisas na realidade, conhecendo-as apenas pelas sensações, pelo que natureza);
pareciam ser. Era assim caracterizado pelo seu panteísmo, ou seja, adoração pela *Verso livre, métrica
natureza e sensacionismo. Era mestre de Ricardo Reis e Álvaro de Campos, tendo-lhes irregular;
ensinado essa “filosofia do não filosofar, a aprendizagem do desaprender”. *Pobreza lexical (
São da sua autoria as obras O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e os linguagem simples,
Poemas Inconjuntos. familiar);
*Adjetivação objetiva;
*Comparações simples e
raras metáforas.
Características:
Ricardo Reis nasceu no Porto, em 1887. Foi educado num
*Epicurismo – busca do
colégio de jesuítas, tendo recebido, por isso, uma
autoconhecimento e prudência;
educação clássica (latina). Estudou (por vontade própria) o
*Estoicismo – fidelidade ao
helenismo, isto é, o conjunto das ideias e costumes da
conhecimento, desprezando
Grécia antiga (sendo Horácio o seu modelo literário). A
sentimentos externos;
referida formação clássica reflete-se, quer a nível formal,
*Paganismo - crença em vários
quer a nível dos temas por si tratados e da própria
deuses;
linguagem utilizada, com um purismo que Pessoa
*Neoclassicismo - devido à
considerava exagerado.
educação clássica e estudos
sobre Roma e Grécia antigas;
Apesar de ser formado em medicina, não exercia. Dotado
*Forma métrica: ode/sonetos;
de convicções monárquicas, emigrou para o Brasil após a
*Estrofes regulares em versos
implantação da República. Caracterizava-se por ser um
decassílabos/hexassílabos;
pagão intelectual lúcido e consciente (concebia os deuses
*Verso branco (sem rimas);
como um ideal humano), refletia uma moral estoico-
*Recurso frequente à
epicurista, ou seja, limitava-se a viver o momento
assonância e à aliteração;
presente, evitando o sofrimento (“Carpe Diem”)
*Uso de latinismos ( atro,
e aceitando o caráter efêmero(passa rápido) da vida.
ínfero, insciente,...);
*Metáforas, comparações;
*Citações de musas e deuses.
Álvaro de Campos, nasceu em Tavira em 1890. Era um homem
viajado. Depois de uma educação de liceu formou-se em Características:
engenharia mecânica e naval na Escócia e, numas férias, fez uma *Decadentismo – cansaço, tédio, busca de
viagem ao Oriente (de que resultou o poema “Opiário”). Viveu novas sensações ;
depois em Lisboa, sem exercer a sua profissão. Dedicou-se à *Futurismo - corte com o passado, exprimindo
literatura, intervindo em polêmicas literárias e políticas. É da sua em arte o dinamismo da vida moderna. O
autoria o “Ultimatum”, manifesto contra os literatos instalados da vocabulário com onomatopeias pretende
época. Apesar dos pontos de contacto entre ambos, travou com exaltar a modernidade;
Pessoa ortônimo uma polêmica aberta. Protótipo da defesa do *Sensacionismo - considera a sensação
modernismo, era um cultivador da energia bruta e da velocidade, como base de toda a arte;
da vertigem agressiva do progresso, de que a Ode Triunfal é um *Pessimismo – última fase;
dos melhores exemplos, evoluindo depois no sentido de um tédio, *Verso livre, em geral, muito longo;
de um desencanto e de um cansaço da vida, progressivos e *Assonâncias, onomatopeias (por vezes
autoirônicos. ousadas), aliterações ;
Representa a parte mais audaciosa a que Pessoa se permitiu, *Enumerações excessivas, exclamações,
através das experiências mais “barulhentas” do futurismo interjeições, pontuação emotiva;
português, inclusive com algumas investidas no campo da ação *Estrangeirismos, neologismos;
político-social *Metáforas ousadas, personificações,
hipérboles.
E Fernando Pessoa ele mesmo?
Se respondeu Fernando Pessoa ortônimo acertou!

1888/1935 Características:
dor de pensar;
Poeta-filósofo sutil e complexo
angústia;
Chora a dor da alma humana desilusão;
Procura reunir o “pensar” e o “sentir” visão negativa do mundo e da vida;
Inquieto, quer compreender todas as coisas solidão;
Junta lucidez e vidência tédio;
Tendência para paixão, sonho, mistérios falta de impulsos afetivos;
Constante indagação crítica obsessão por análise;
recordações da infância;
Nos seus poemas há duas correntes: redondilha maior;
rimas externas e internas;
tradicional (lirismo português, só
versos curtos – 2 a 7 sílabas, predomínio da
falando bem de Portugal e sua quadra;
história, saudosismo, desencanto, pontuação emotiva;
melancolia) e modernista (influência frases com comparações, metáforas;
das vanguardas e criação dos interseccionismo (mistura : sentir, ver, ouvir,
heterônimos) tudo ao mesmo tempo).
DICAS PARA IDENTIFICAÇÃO:

Ricardo Reis: Álvaro de Campos:


Fernando Pessoa: Alberto Caeiro:
* usa mitologia, musas e *futurista (uso de
*fala muito de Portugal, *usa muito a natureza e
termos greco-latinos; velocidade,
de forma positiva; as sensações que
* uso de sonetos e versos onomatopeias,
*lembra da infância, faz provoca;
decassílabos/alexandrino; aliterações);
quadras; * Deus, para ele, é
* carpe diem (aproveite a * tédio, pessimismo;
*usa muitas antíteses e natureza;
vida, curta o momento); * versos longos;
paradoxos; *poucas comparações;
* metáforas. *pontuação
*mostra fragmentação do *Uso de sinestesia
expressiva,
eu. (mistura de sensações).
neologismos.
Conseguiu
diferenciar um do
outro?
Vamos treinar um
pouco!
B)Presságio
O amor, quando se revela,
A)Eu nunca guardei rebanhos, Não se sabe revelar.
Mas é como se os guardasse. Sabe bem olhar pra ela,
Minha alma é como um pastor, Mas não lhe sabe falar.
Conhece o vento e o sol Leia os poemas dessa página
E anda pela mão das Estações Quem quer dizer o que sente
e da outra e tente identificar a
A seguir e a olhar. quem pertencem (é um de Não sabe o que há de dizer.
Toda a paz da Natureza sem gente cada heterônimo e um do Fala: parece que mente…
Vem sentar-se a meu lado. próprio F Pessoa). Cala: parece esquecer…
Mas eu fico triste como um pôr de Copie as respostas em seu
caderno de LP e faça a Ah, mas se ela adivinhasse,
sol
identificação dos outros
Para a nossa imaginação, poemas da folha de
Se pudesse ouvir o olhar,
Quando esfria no fundo da planície exercícios.
E se um olhar lhe bastasse
E se sente a noite entrada Pra saber que a estão a amar!
Como uma borboleta pela janela.
Mas quem sente muito, cala;
Mas a minha tristeza é sossego Quem quer dizer quanto sente
Porque é natural e justa Fica sem alma nem fala,
E é o que deve estar na alma Fica só, inteiramente!
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem dar por Mas se isto puder contar-lhe
isso(... ) O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…
C) A Angústia Insuportável de D) Cada um cumpre o destino que lhe
Gente cumpre,
Ah, onde estou onde passo, ou onde E deseja o destino que deseja;
não estou nem passo, Nem cumpre o que deseja,
A banalidade devorante das caras de Nem deseja o que cumpre.
toda a gente!
Ah, a angústia insuportável de gente! Como as pedras na orla dos canteiros
O cansaço inconvertível de ver e O Fado nos dispõe, e ali ficamos;
ouvir! Que a Sorte nos fez postos
Onde houvemos de sê-lo.
(Murmúrio outrora de regatos próprios,
de arvoredo meu.) Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos
Queria vomitar o que vi, só da náusea coube.
de o ter visto, Cumpramos o que somos.
Estômago da alma alvorotado de eu Nada mais nos é dado.
ser...

Tenho certeza que vão arrasar!


Respostas: A) A Caeiro, B) F. Pessoa, C) Álvaro de Campos, D) Ricardo Reis.

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