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MERITISSIMO DOUTOR JUZ DE DIREITO DO TRIBUNAL

JUDICIAL DA CIDADE DE MAPUTO

MAPUTO

PROCESSO Nº

Secção

Helena Arsénio Tovele, moçambicana, maior, solteira, residente na Cidade de


Maputo, Bairro Polana Cimento A, Av. Martires da Machava nº 390, doravante
designada por Autora (A), vem intentar presente acção declarativa de condenação
sob a forma de processo ordinário contra,

Carvalho Julião Tovela, moçambicano, maior solteiro, residente do Bairro Zimpeto,


casa nº163, representante dos seus irmãos e co-herdeiros do de cojus Arsénio Tovele,
doravante designado Reu (R), o que o faz nos termos e com os fundamentos
seguintes:

Dos Factos

A A e o R, são irmãos, filhos de Arsénio Julião Tovele ora falecido, no dia XX


conforme certidão de óbito em anexo.

Ora, ainda em vida, o Arsénio Julião Tovele, estava oficialmente casado com a Isabel
Tavele, mãe do R, porém, vivia maritalmente com a Olga Baule, mãe da A.

Sucede porém que, antes da sua morte o de cujos e a mae da A, aquiriram um imovel
localizado na XXXX e por motivos de necessidade tiveram que arrenda-lo em 1996 e
passaram a viver no terraço do mesmo imovel.
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Entretanto, com a morte do Arcenio Julião Tovela, pai da A e do R, iniciou-se com


um processo de inventario obrigatório onde a Conservatória do Registo Predial de
Maputo, no dia 15 do mês de Março de 2015, passou a certidão com a fracção
autónoma designada pela letra ‘’D’’, sob a deliberação do Tribunal Superior de
Recurso vide os docs. em anexo.

A referida certidão, dava conta da percentagem em valor do imóvel deixado pelo pai
da A e do R em favor dos mesmos, dos seus irmãos Arsénio Tovele Junior, Francisco
Julião Tovele, Joaquim Sérgio Arsénio Tovele, Carla Júlia Tovele e Isabel Julião
Tovele, mãe do R. Ora,

O R, representante dos seus irmãos e co-herdeiros, insatisfeito com a certidão


passada com a fraccao ora mencionada, apresentou junto ao Tribunal Judicial da
Cidade de Maputo uma ação condenatória contra a mae da A requerendo o
pagamento de algumas indemnizações e requerendo a exclusão da A como co-
herdeira do imovel, e o Tribunal julgou procedente o seu pedido.

Entretanto, a mãe da A não se conformando com a decisão ora proferida, recorreu


junto ao Tribunal Superior de Recurso e apresentou a sua reclamação da pretensão
da mãe do R ter o direito de meação da herança.

Do recurso, veio a decisão que excluía a mãe do R, da herança, cabendo apenas aos
filhos, vide o acórdão em anexo.

Posteriormente, no ano de 2015 a mãe da A, entregou a gestão do imóvel deixado


pelo de cojus, aos herdeiros legítimos.

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Ademais, a gestão do imovel era era feita pela mae do R, Sra. Isabel Arsénio Tovele.

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Porem, a partir do ano XXX o R e os seus irmãos na qualidade de co-herdeiros


passaram a cobrar o valor da renda e efectuar a divisão entre eles, excluindo a A
alegadamente porque esta, quando menor e sob a tutela lega da sua mãe, antecipou-
se do usufruto da parte que lhe corresponde.

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Apesar de muitos apelos o R e os seus irmãos, encabeçados por ele, recusam-se a


conceder uma parte da renda que pertence a A.

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O R, em uma das conversas telefónicas chegou a dizer que ,,,,,,,,,

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Insta referir que, desde que a A nasceu, padece de uma doença cronica e sempre teve
os cuidados da sua mãe, e com o valor da renda que recebia, conseguia fazer todos
os tratamentos médicos necessários. Vide o doc X em anexo.

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Entretanto, actualmente não consegue gerir a sua doença e necessita de cuidados


médicos e uma vez que lhe foi retirada o seu direito como co-herdeira pelo R e
encontra-se desempregada não tem como contornar a situação.

DE DIREITO

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Nos termos do n°2 do artigo 6 da Lei n°23/2019 de 23 de Dezembro, diz-se herdeiro


o que sucede na totalidade ou numa quota do património do falecido.

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Resulta do n°1 do artigo 84 da Lei n°23/2019 de 23 de Dezembro (Lei das Sucessões),


que qualquer co-herdeiro, cônjuge meeiro, companheiro da união de facto meeiro ou
comproprietário tem o direito de exigir- partilha quando lhe prouver.

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Ora, sendo a A co-herdeira do de cojus, é seu direito exigir a partilha do valor da


renda do imóvel em causa, até porque, do inventario obrigatório efectuado, resultou
que a A, como filha do de cojus passaria a receber a sua quota parte da herança.

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Ademais, a partilha entre filhos e o co-jus ou companheiro da união de facto faz-se


por cabeça e em partes iguais, dividindo-se a herança em tantas partes quantos
forem os herdeiros e não havendo cônjuges ou companheiro da unia de facto, como
é o caso, a herança divide-se pelos filhos, vide o n° 1 e 2 do artigo 124 da Lei das
Sucessões.

Do Pedido

Nestes termos e nos demais de direito ao caso aplicável e


sempre com o mui douto suprimento de V.Excia deve a presente
acção ser julgada procedente por provada, devendo:

a) condenar o R e os seus irmãos por ele encabeçado a partilha


equitativa do valor proveniente do arrendamento do imóvel
em causa, de acordo com as suas quotas-partes na herança.
b) Condenar o R ao pagamento das custas processuais.
c) Requer-se ainda, que uma vez autuada e distribuída sejam o
R citado para contestar, querendo, prosseguindo a acção seus
termos até final.

Valor da acção: 31.000,00mts (trinta e um mil meticais).

Testemunhas: XXXX

Junta: procuração forense, documentos de prova e duplicados legais.

Maputo, aos XXX do Agosto de 2023


O mandatário

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(Amadeu Uqueio)

CP.n°

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