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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÓMICAS

CUAMBA

Efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), feijão nhemba
(Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajanus cajan) na incidência,
densidade e nível médio de ataque da lagarta do funil do milho Spodoptera
frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea
mays L.) nas condições agro-ecológicas do distrito de Nampula

Autora: Ana Domingas Assane

Cuamba

Outubro de 2020
Efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), feijão nhemba
(Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajanus cajan) na incidência,
densidade e nível médio de ataque da lagarta do funil do milho Spodoptera
frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea
mays L.) nas condições agro-ecológicas do distrito de Nampula

Autora: Ana Domingas Assane

Monografia Submetida à Faculdade de Ciências


Agronómicas – Universidade Católica de
Moçambique como requisito parcial para a
obtenção do grau de licenciado em Ciências
Agrárias.

Supervisora: Eng.º Ali Momade Ussene

Co-supervisor: Eng.º Samuel Nito Miguel Mussava

Cuamba

Outubro de 2020
Efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), feijão nhemba
(Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajanus cajan) na incidência,
densidade e nível médio deataque da lagarta do funil do milho Spodoptera
frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea
mays L.) nas condições agro-ecológicas do distrito de Nampula

O presente trabalho é submetido à Universidade Católica de Moçambique – Faculdade de


Agricultura, como condição parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Ciências
Agrárias.

ANA DOMINGAS ASSANE

Aprovação do júri
O presente trabalho foi sujeito a avaliação do júri no dia 15 de Outubro de 2020, tendo sido
aprovado com a classificação final de __________ valores.

Júri examinador:
Presidente:____________________________________

_____

UCM – FCA

Examinador:___________________________________

_____

UCM – FCA

Orientador:___________________________________

Eng.º Samuel Nito Miguel Mussava

UCM – FCA
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Declaração de honra

Eu Ana Domingas Assane declaro em minha honra que este Trabalho de Fim de Curso nunca foi
apresentado na sua essência para a obtenção de qualquer grau e que ele constitui o resultado da
minha investigação pessoal, estando indicadas no texto e nas referências bibliográficas as fontes
utilizadas.

Cuamba, Outubro de 2020

___________________________________

/Ana Domingas Assane/

Autora: Ana Domingas Assane Página I


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Dedicatória

O presente trabalho dedico à minha mãe e irmãos desde sempre me incentivaram a realizar o
meu sonho de ser formada e que sempre estiveram presente durante toda a minha caminhada e
fizeram todo o esforço para tornar possível o meu sonho. Agradecer Allah por dar-me forças,
saúde e firmeza durante todo o percurso.

Autora: Ana Domingas Assane Página II


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Agradecimentos

A realização deste trabalho em primeiro lugar agradecer a Allah por sempre dar-me forças, saúde
e firmeza que ajudaram a realizar o trabalho.

Allah, ele que é omnipresente e omnipotente, graças e louvores lhe sejam dados a todo o
momento junto com seu Profeta Rassul (S.A.W) por todas as graças e todas as benesses por ele
concedidas.

Aos meus pais, irmãos, sobrinhos, família e em particular a família Machango pelo apoio
prestado.

Aos meus colegas da Faculdade em especial Rosa Elsa e Samia Adelino, pelo espírito de
camaradagem e de entre-ajuda revelado ao longo do percurso. E aos meus docentes, pela forma
sábia como souberam transmitir os conteúdos.

Agradecer a equipe do IIAM o delegado António Chamuene, Eng.º Francisco José, Eng.º Ali
Momade Ussene, Eng.º João Antonio Pedro, Eng.ª Elizeth Regina Raisse, Eng.ºSabir Tualibo
Gimo, e Eng.º Diocleciano pelo apoio prestado durante todo o meu percurso naquela prestigiada
instituição de investigação.

Autora: Ana Domingas Assane Página III


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Resumo

O presente experimento foi conduzido na campanha agrícola 2019/2020 nos campos do Instituto
de Investigação Agrária de Moçambique localizado na província de Nampula, distrito de
Nampula sob condições de sequeiro com o objectivo de avaliar o efeito da consociação do milho
com soja (Glycine max L.), feijão nhemba (Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajunus
cajunus) na incidência, densidade e nível médio de ataque da lagarta do funil do milho
Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea mays
L.). Para tal, foi utilizado o delineamento de Blocos Completos Casualizados, num esquema
mono-factorial com quatro tratamentos e três repetições. Os tratamentos estudados consistiram
na consociação de milho com três leguminosas. Durante a condução do experimento foram
recolhidos dados sobre o número de espigas comerciais, número de espigas não comerciais, peso
de 100 sementes, rendimento do grão, incidência, densidade e nível médio de ataque da lagarta
do funíl do milho. Após a organização dos dados, foram submetidos ao pacote estatístico
SISVAR versão 5.1, para a Análise de Variância e teste Tukey ao nível de 5% de significância.
O pacote estatístico Microsoft Office Excel també foi usado para determinar as médias e
organização de tabelas. As espécies foram consociadas em fileiras alternadas em séries de
substituição com as seguintes proporções: 50%:50%. Os resultados obtidos mostraram que a
incidência, densidade e nível médio de ataque foram baixas na consociação entre milho e feijão
nhemba em relação nos demais tratamentos, principalmente no milho puro. No que diz respeito
às variáveis de rendimento, os resultados para número de espigas comerciais e número de
espigas não comerciais foram maiores na consociação entre milho e soja e na consociação engtre
milho e feijão boer respectivamente. O maior peso de cem sementes e rendimento do grão foi
observado na consociação entre milho e soja.
Palavras-chave: Consociação, Zea mays, Spodoptera frugiperda, feijão nhemba, soja, feijão bóer.

Autora: Ana Domingas Assane Página IV


Efeito da consociação do milho com soja, feijão nhemba e feijão bóer na incidência, densidade e nível
médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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Abstract

The present research work was conducted in the 2019/2020 cropping seaon in the fields of the
Institute of Agricultural Research of Mozambique located in the Nampula province, district of
Nampula under rainfed conditions with the aim of evaluating the effect of the intercropping of
maize with soybean (Glycine max L.), cowpea (Vigna unguiculata (L.) Walp.) and pigeopea
(Cajunus cajunus) in the incidence, density and average level of attack of the maize fall
armyworm Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) and maize crop yield (Zea mays L.).
For this purpose, the Randomized Complete Blocks design was used, in a mono-factorial scheme
with four treatments and three repetitions. The treatments studied consisted of intercropping
maize with three legumes. During the conduct of the experiment, data were collected on the
number of commercial ears, number of non-commercial ears, weight of 100 seeds, grain yield,
incidence, density and average attack level of the fall armyworm. After organizing the data, were
submitted to the statistical package SISVAR version 5.1, for the Analysis of Variance and Tukey
test at the level of 5% of significance. The Microsoft Office Excel statistical package was also
used to determine the mean and table designs. The species were intercropped in alternating rows
in substitution series with the following proportions: 50%:50%. The results obtained showed that
the incidence, density and average attack level were low in the intercropping between maize and
cowpea in relation to the other treatments, mainly in pure maize. With regard to yield variables,
the results for number of commercial ears and number of non-commercial ears were higher in the
intercropping between maize and soybeans and in intercropping between corn and pigeonpea
respectively. The greatest weight of one hundred seeds and grain yield was observed in the
intercropping between maize and soybean.
Keywords: intercropping, Zea mays, Spodoptera frugiperda, cowpea, soybean, pigeonpea.

Autora: Ana Domingas Assane Página V


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Índice Pág.

Declaração de honra ......................................................................................................................... I


Dedicatória ...................................................................................................................................... II
Agradecimentos ........................................................................................................................ 25III
Resumo ......................................................................................................................................... IV
Abstract .......................................................................................................................................... V
Listas ............................................................................................................................................. IX
Lista de tabelas .......................................................................................................................... IX
Lista de gráficos ......................................................................................................................... X
Lista de abreviaturas.................................................................................................................. XI
CAPITULO I: INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
1.1. Contextualização, generalidades e antecedentes .............................................................. 1
1.2. Problematização ............................................................................................................... 2
1.3. Justificativa....................................................................................................................... 3
1.4. Objectivos......................................................................................................................... 4
1.4.1. Geral .......................................................................................................................... 4
1.4.2. Específicos ................................................................................................................ 4
1.5. Hipóteses .......................................................................................................................... 4
CAPITULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 5
2.1. Origem da cultura de milho .............................................................................................. 5
2.2. Características fisiológicas do milho................................................................................ 5
2.2.1. Semente ..................................................................................................................... 5
2.2.2. Sistema radicular ....................................................................................................... 6
2.2.3. Parte aérea ................................................................................................................. 6
2.3. Condições de solo e clima ................................................................................................ 9
2.4. Necessidades hídricas ..................................................................................................... 10
2.5. Fertilização ..................................................................................................................... 11
2.6. Problemas/desafios tecnológicos.................................................................................... 11
2.6.1. Plantas invasoras ..................................................................................................... 11
2.6.2. Doenças ................................................................................................................... 12

Autora: Ana Domingas Assane Página VI


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2.6.3. Desafios no maneio doenças ................................................................................... 15
2.6.4. Pragas ...................................................................................................................... 17
2.7. Efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), Feijão nhemba (Vigna
unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajunus cajunus) na incidência, densidade e nível médio
deataque da lagarta do funil do milho Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e
rendimento da cultura do milho (Zea mays L) .......................................................................... 26
2.7.1. Maneio ecológico de pragas.................................................................................... 26
2.7.2. Consociação de culturas .......................................................................................... 27
2.8. Soja Glycine max (L.) Merr............................................................................................ 29
2.8.1. Características da planta de soja ............................................................................. 30
2.9. Feijão nhemba [Vigna unguiculata (L.) Walp] .............................................................. 31
2.10. Feijão bóer [Cajanus cajan (L.) Millspaugh] .............................................................. 32
CAPITULO III: MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 35
3.1. Descrição do local de estudo .......................................................................................... 35
3.1.1. Condições edafoclimatica ....................................................................................... 35
3.2. Materiais ......................................................................................................................... 36
3.2.1. Descrição das Variedades Estudadas ...................................................................... 36
3.3. Métodos .......................................................................................................................... 37
3.3.1. Delineamento Experimental.................................................................................... 37
3.3.2. Condução do ensaio ................................................................................................ 38
3.3.3. Variáveis observadas .............................................................................................. 40
3.3.4. Variáveis medidas ................................................................................................... 42
3.4. Processamento e Análise de dados ................................................................................. 43
3.5. Limitações do estudo ...................................................................................................... 44
CAPITULO IV: RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÕES .................................................. 45
4.1. Comparação das médias do número de espigas comerciais e não comerciais ............... 45
4.2. Comparação das médias de peso de cem sementes e rendimento do grão ..................... 46
4.3. Peso de cem sementes .................................................................................................... 47
4.4. Rendimento do grão ....................................................................................................... 48
4.5. Comparação valores médios da incidência da lagarta do funíl do milho ....................... 49
4.6. Comparação de valores médios da densidade da lagarta do funíl do milho .................. 51

Autora: Ana Domingas Assane Página VII


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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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4.7. Comparação de valores médios do nível médio de ataque da lagarta do funíl .............. 52
4.8. Correlação entre as diferentes variáveis estudadas e o rendimento ............................... 54
4.8.1. Correlação entre espiga comercial e rendimento do grão ....................................... 54
4.8.2. Correlação entre peso de cem sementes e rendimento do grão .............................. 55
4.8.3. Correlação entre incidência da lagarta do funíl do milho e rendimento do grão .... 56
4.8.4. Correlação entre densidade da lagarta do funíl do milho e rendimento do grão .... 57
4.8.5. Correlação entre nível médio de ataque da lagarta do funíl e rendimento do grão 58
CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................... 59
5.1. Conclusões ..................................................................................................................... 59
5.2. Recomendações .............................................................................................................. 60
Apêndices ...................................................................................................................................... 61
Apêndice I. Protocolo de Ensaio ............................................................................................... 62
Apêndice II. Esquema de Ensaio............................................................................................... 64
Apêndice III: Tabela de Analise de Variância .......................................................................... 65
Apêndice III.I: Tabela de Analise de Variância para Espiga Comercial ............................... 65
Apêndice III.II: Tabela de Analise de Variância para Espiga Não Comercial ...................... 65
Apêndice III.III: Tabela de Analise de Variância para Peso de Cem Sementes ................... 65
Apêndice III.IV: Tabela de Analise de Variância para Rendimento do Grão ....................... 65
Apêndice III.V: Tabela de Analise de Variância para Incidência da Lagarta do Funíl ......... 66
Apêndice III.VI: Tabela de Analise de Variância para Densidade da Lagarta do Funíl ....... 66
Apêndice III.VII: Tabela de Analise de Variância para Nível Médio de ATaque da Lagarta
do Funíl .................................................................................................................................. 66
Anexos .......................................................................................................................................... 67
Anexo I: Dados brutos do ensaio .............................................................................................. 68

Autora: Ana Domingas Assane Página VIII


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Listas

Lista de tabelas

Tabela 1. Métodos de controlo directo e restrições de pesticidas ..................................................25


Tabela 2. Descrição das variedades em estudo ..............................................................................36
Tabela 3. Codificação dos tratamentos ..........................................................................................37
Tabela 4. Escala visual de danos para Spodoptera frugiperda proposta por Davis & Williams
(1989) .............................................................................................................................................42
Tabela 5. Esquema de análise de variância usado para o presente estudo .....................................43
Tabela 6. Classificação geral do coeficiente de variação ..............................................................44
Tabela 7. Comparação das médias do número de espigas comerciais e não comerciais nos
diferentes tratamentos ....................................................................................................................45
Tabela 8. Comparação das médias de peso de cem sementes (g) e rendimento do grão (kg/ha)
entre os tratamentos .......................................................................................................................46
Tabela 9. Valores médios da incidência da lagarta do funíl na cultura do milho em sistemas de
cultivos puro e consociado com o feijão nhemba, soja e feijão bor, entre 20 a 47 dias após a
emergência .....................................................................................................................................49
Tabela 10. Valores médios da densidade da lagarta do funíl na cultura do milho em sistemas de
cultivos puro e consociado com o feijão nhemba, soja e feijão bor, entre 20 a 47 dias após a
emergência .....................................................................................................................................51
Tabela 11.Valores médios do nível médio de ataque da lagarta do funíl na cultura do milho em
sistemas de cultivos puro e consociado com o feijão nhemba, soja e feijão bor, entre 20 a 47 dias
após a emergência ..........................................................................................................................52

Autora: Ana Domingas Assane Página IX


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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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Lista de gráficos

Gráfico 1. Precipitação (mm) registada durante o ciclo vegetativo da cultura de milho no ano
2020................................................................................................................................................35

Gráfico 2. Correlação entre o espigas comeriais e rendimento do grão ........................................54

Gráfico 3. Correlação entre o peso de cem sementes e o rendimento do grão ..............................55

Gráfico 4. Correlação entre a incidência da lagarta do funíl do milho e o rendimento do grão ....56

Gráfico 5. Correlação entre a densidade de lagarta de funíl do milho e o rendimento do grão .....57

Gráfico 6. Correlação entre nível médio de ataque da lagarta de funíl do milho e o rendimento do
grão ................................................................................................................................................58

Autora: Ana Domingas Assane Página X


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Lista de abreviaturas

% ........................................................................................................................................ Por cento


AC .........................................................................................................Agricultura de Conservação
ANOVA ........................................................................................................... Análise de Variância
Bt .................................................................................................................... Bacillus thuringiensis
cm .....................................................................................................................................Centimetro
CV ............................................................................................................... Coeficiente de Variação
DENS1, 2, 3, 4 ................................ Densidade na primeira, segunda, terceira e quarta observação
EC .......................................................................................................................... Espiga comercial
ECHA.................................................................................................... Espiga comercial por hectar
ENC................................................................................................................. Espiga não comercial
ENCHA .......................................................................................... Espiga não comercial por hectar
Etc ....................................................................................................................................... Et cetera
Fc......................................................................................................................... Factor de Correção
FV ........................................................................................................................ Fonte de Variação
g............................................................................................................................................. Gramas
GL ......................................................................................................................... Grau de liberdade
GM ................................................................................................................................ Média Geral
GR ................................................................................................................................. Ghe Residue
H1 ............................................................................................................................................................................... Hipótese alternativa
ha ........................................................................................................................................... Hectare
ICRISAT ........... Instituto Internacional de Investigação de Culturas para os Trópicos Semi-áridos
ID ..................................................................................................................... Incidência da doença
IIAM .................................................................. Instituto de Investigação Agrária de Moçambique
IITA......................................................................... Instituto Internacional de Agricultura Tropical
INC1, 2, 3, 4 ................................... Incidência na primeira, segunda, Terceira e quarta observação
K2O ...................................................................................................................... Óxido de Potássio
kg ha‑1 .......................................................................................................... Quilograma por hectar
kg/ha .............................................................................................................. Quilograma por hectar
L .......................................................................................................................................... Linneaus
L m-2 ......................................................................................................... Litro por metro quadrado
LFM ........................................................................................................ Lagarta do Funíl do Milho
m .............................................................................................................................................. Metro
m2 ............................................................................................................................ Metro quadrado
MAE......................................................................................... Ministério de Administração Estatal
MASA ................................................................. Ministério de Agricultura e Segurança Alimentar
Merr......................................................................................................................................... Merril
mm .................................................................................................................................... Milímetro
K........................................................................................................................................... Potássio

Autora: Ana Domingas Assane Página XI


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N....................................................................................................................................... Nitrogénio
NMA ............................................................................................................ Nível Médio de Ataque
NMA1, 2, 3, 4 ............ Nível Médio de Ataque na primeira, segunda, terceira e quarta observação
º ..................................................................................................................................................Grau
ºC................................................................................................................................... Grau Celsius
P100S ............................................................................................................. Peso de cem sementes
P2O5 ............................................................................................................... Pentóxido de difósforo
pH..............................................................................................................Potencial Hidrogeniônico
Pr ................................................................................................................................. Probabilidade
Pr>Fc .........................................................................Probababilidade maior que factor de correção
QM ......................................................................................................................... Quadrado Médio
R ............................................................................................................... Coeficiente de Correlação
RAE........................................................................................................ Razão de Área Equivalente
Rend............................................................................................................................... Rendimento
REP ....................................................................................................................................Repetição
RG ..................................................................................................................... Rendimento do grão
SQ ....................................................................................................................Soma dos Quadrados

Autora: Ana Domingas Assane Página XII


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CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização, generalidades e antecedentes

Em Moçambique, o milho é a cultura mais importante e cobre uma área total de cerca de 29%
sendo o sector familiar o mais importante na produção, o mesmo com mais de 90% de área
cultivada tendo como principal tipo de agricultura a de regime de sequeiro, praticada na sua
maioria em zonas rurais. No período entre 2005 a 2010 a produção do milho contribuiu com
cerca de 1.340.600 toneladas, essa quantidade, representou cerca de 80% do conjunto de cereais
produzidos (Cunguara, 2011 citado por Augusto, 2016).

Segundo Uaiene (2006), o milho é a principal cultura alimentar produzida domesticamente em


Moçambique. Assim, o milho é importante uma vez que ajuda alcançar a segurança alimentar e é
importante para o sustento das pessoas que vivem nas áreas rurais.

O milho (Zea mays L.) constitui a fonte básica de alimentação para a maioria da população rural
e suburbana em Moçambique. Contudo, a produção de milho está seriamente ameaçada devido à
introdução de uma nova praga do milho no continente Africano, a lagarta do funil do milho,
Spodoptera frugiperda. A lagarta do funil de milho, Spodoptera frugiperda (J.E.Smith)
(Lepidoptera: Noctuidae), é originária da América Central e do Sul. Em África, a espécie S.
frugiperda foi detectada pela primeira vez na Nigéria em Janeiro de 2016 (Ministério da
Agricultura e Segurança Alimentar, 2017).

O adulto desta praga (borboleta) tem um poder de dispersão muito grande principalmente na
época quente e as lagartas podem afectar grandes áreas em pouco tempo devido ao seu estado
migratório. Dependendo da densidade da população e a fase fenológica da cultura atacada, as
perdas de rendimento podem variar de 20 a 60% (Figueiredo et al., 2006 citado pelo MASA,
2017) e, em casos de infestação severa, perda completa da cultura pode ocorrer, ou seja, 100% de
perdas de rendimento.

A busca de práticas culturais eficientes que possam assegurar incrementos na produção de forma
prática e econômica através da utilização de técnicas para obtenção de alta productividade
através de controlo de pragas tem crescido nos últimos anos. Trabalhos publicados revelam que

Autora: Ana Domingas Assane Página 1


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os sistemas consorciados apresentam níveis mais elevados de productividade da terra e maior
estabilidade da produção em relação ao sistema em monocultivo (Resende et al., 1992; Carvalho,
1993; Resende, 1997).

Evidências mostram que a consociação pode afectar a dinâmica populacional de pragas nas
culturas (Best e Beegle, 1977; Fuller, 1988; Flesch, 2002 citados em Souza, Távora, Bleicher, &
Pitombeira, 2004).

A consociação é um factor de diversificação do agroecossistema, por aumentar a diversidade


estrutural de espécies, as quais podem afetar a densidade de insectos (Emden e Williams, 1974
citados em Souza et. al., 2004). Várias opções são empregadas em um sistema de consociação
envolvendo diferentes culturas, destacando-se a associação entre gramíneas e leguminosas
(Resende et al., 1992; Carvalho, 1993; Resende, 1997 citados por Souza et. al., 2004).

O controlo de populações de espécies-pragas, sem agressão ao ambiente, é hoje


reconhecidamente uma necessidade, não só do ponto de vista da preservação ambiental, mas
também da productividade e rentabilidade econômica. Assim, a compreensão da dinâmica das
populações de insetos e de seus diferentes biótipos nos sistemas agrícolas é indispensável para
que se possa planear e implementar adequadamente o seu controlo (Souza et. al., 2004).

1.2. Problematização

A cultura do milho desde a sementeira até a colheita é afectada por diversos factores abióticos e
bióticos. Dentre os bióticos, as pragas constituem o maior factor limitante. A lagarta do funil do
milho (Spodoptera frugiperda), uma praga recém-introduzida no país, é considerada a praga que
mais danos causa na cultura do milho, podendo atingir o nível económico de dano (40 a 100%)
se não controlado (Rosa, 2011).

A produção desta gramínea em Moçambique é caracterizada por apresentar baixos níveis de


produção e da productividade, devido ao maneio da cultura que são medida de emergência para
minimizar os danos causados a cultura de milho e mitigar o seu impacto na produção e pelo
ataque de pragas como o caso da larta do funíl e pela tardia controlo da mesma, e por outro lado
devido à má selecção do método de contro adequado para o controlo da lagarta do funíl.

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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
ecológicas do distrito de Nampula
Em vista da importância que representam para a agricultura de Moçambique e em particular
destaque à província de Nampula, faz-se necessário ampliar os conhecimentos técnicos e
científicos em torno do consócio milho + feijão nhemba, milho + soja e milho + feijão boer, uma
vez que as informações disponíveis ainda não apresentam a consistência necessária para o
cotrolo da lagarta do funíl do milho.

Em face disso, surge a seguinte questão:

 Qual das combinações de consociação do milho com as leguminosas promove a


redução populacional da lagarta do funil do milho Spodoptera frugiperda
(Lepidoptera: Noctuidae) podendo afectar o rendimento da cultura do milho, nas
condições agro-ecológicas da província de Nampula?

1.3. Justificativa

O milho é a cultura mais importante para o sector rural do país, e cobre uma área total de cerca
de 29% sendo o sector familiar o mais importante na produção. A baixa produção e
productividade tem sido um dos mais intraves para esta cultura devido ao ataque de pragas e
doenças, com enfoque na lagarta do funíl do milho. Portanto, o metodo de controlo cultural que é
um dos factores a ter em conta para o aumento do rendimento da Cultura de milho, dai surgiu a
necessidade de criar métodos ou técnicas que visam o aumento da productividade através do
consócio de milho com leguminosas de tal maneiras a controlar a lagarta do funíl.

Porém, o presente estudo servirá como uma das ferramentas para aumento do rendimento da
cultura, no nível do sector familiar, assim como das instituições que fazem a prática desta
gramínea usando a técnica de consociação, isto através da expansão dos meios de produção que
melhor respoderem as condições climaticas locais. Academicamente servirá como fonte de
aquisição de informações acerca desta cultura, quando consociada com leguminosas, e na
qualidade de pesquisador o trabalho apresenta uma vantagem pelo facto de este constituir uma
base de experiência em conhecimentos práticos e teóricos na área de produção vegetal.

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1.4. Objectivos

1.4.1. Geral

 Avaliar o efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), Feijão nhemba
(Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajunus cajunus) na incidência, densidade e
nível médio deataque da lagarta do funil do milho Spodoptera frugiperda (Lepidoptera:
Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea mays L) nas condições agro-ecológicas
do distrito de Nampula.

1.4.2. Específicos

 Comparar as variáveis entomológicas (intensidade da lagarta, densidade da lagarta, nível


médio de ataque da lagarta do funíl do milho);
 Determinar a variável de rendimento do milho com as leguminosas em estudo (espiga
comercial, espiga não comercial e peso de cem sementes);
 Determinar o rendimento do grão da cultura do milho submetido aos diferentes
tratamentos.

1.5. Hipóteses

Hipótese nula (H0): A consociação do milho com leguminosas não tem efeito significativo no
controlo da lagarta do funil do milho e nas componentes de rendimento do milho.

Hipótese Alternativa (H1): Existe pelo menos um dos tratamentos que traz um efeito
significativo no controlo da lagarta do funil e/ou nas componentes de rendimento do milho.

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CAPITULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Origem da cultura de milho

O milho (Zea mays L.) é uma planta que pertence ao reino plantae, classe monocotiledonea, da
família paceae (gramíneas), génerozea e espécie Zeamays pertence ao grupo das angiospermas,
ou seja, produz as sementes no fruto, com interesse agrícola destinada para alimentação humana
e dos animais, este cereal serve também de fonte de grande número de produtos industriais,
sendo utilizado em forma de grãos e para forragens. É um dos grãos alimentícios mais antigos
que se conhece. Entre os cereais cultivados no mundo, o milho ocupa o segundo lugar em
produção a seguir ao trigo, com o arroz em terceiro lugar essa cultura produz-se em climas
variados desde zonas temperadas a tropicais, durante o período em que as temperaturas são
superiores a 15ºC (De Oliveira, 2007 citado por Augusto, 2016).

A planta do milho chega a uma altura de 2,5 metros, embora haja variedades bem mais baixas, o
caule tem aparência de bambu, e as juntas estão geralmente a 50 cm de distância umas das
outras, a fixação da raiz é relativamente fraca com espigas cilíndricas, e costuma nascer na
metade da altura da planta. Os grãos são do tamanho de ervilhas, e estão dispostos em fileiras
regulares presas no sabugo que formam a espiga, cada espiga contém mais de duzentos grãos
(Dos Santos, 2008 citado por Augusto, 2016).

O milho é menos sensível ao défice hídrico durante os períodos vegetativo e maturação, e


quando ocorre durante o período de floração particularmente na altura da formação da espiga e
da polinizaçãopodem resultar num rendimento baixo ou nulo dos grãos devido a secagem dos
estigmas (Doorembos &, Kassam 1994 citados em Augusto, 2016).

2.2. Características fisiológicas do milho

2.2.1. Semente

Segundo Barros & Calado (2014) a semente do milho é classificada botanicamente como
cariopse, apresenta três partes: o pericarpo, o endosperma e o embrião. O pericarpo é uma
camada fina e resistente, constituíndo a parte mais externa da semente. O endosperma é a parte

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da semente que está envolvida pelo pericarpo e a que apresenta maior volume, sendo constituída
por amido e outros carbohidratos.

Para Barros & Calado, (2014) a parte mais externa do endosperma e que está em contato com o
pericarpo, denomina-se de camada de aleurona, a qual é rica em proteínas e enzimas e cujo papel
no processo de germinação, é determinante. O embrião, que se encontra ao lado do endosperma,
possui primórdios de todos os órgãos da planta desenvolvida, ou seja, não é mais do que a
própria planta em miniatura.

Quando as condições de temperatura e humidade são favoráveis, a semente do milho germina


entre 5 à 6 dias quando a temperatura do solo for superior a 10ºC, sendo a óptima de 15ºC. Na
fase de desenvolvimento vegetativo e floração as temperaturas óptimas devem variar de 24 a 30
ºC, sendo as superiores a 40 ºC, prejudiciais à cultura (Barros & Calado, 2014).

2.2.2. Sistema radicular

Segundo Barros & Calado (2014) o milho tem uma raiz fasciculada com grande
desenvolvimento e pode atingir 30 a 40 toneladas por hectare.

A parte do embrião que corresponde à radícula vai dar origem à raíz primária que se aprofunda
no solo em sentido vertical. A seguir surgem as raízes secundárias, as quais apresentam uma
grande capacidade de ramificação e a raíz primária desintegra-se. Posteriormente, surgem as
raízes adventícias que partem dos primeiros nós do colmo e quando atingem o solo ramificam-se
intensamente, sendo este aspeto muito importante na sustentação física da planta (Barros &
Calado, 2014).

2.2.3. Parte aérea

2.2.3.1. Caule

Segundo Cruz, et al. (2010) o milho pode atingir uma altura de cerca de 2 metros, podendo o seu
porte variar em função do próprio hibrído, das condições climáticas, do fornecimento adequado
de água à planta, das características do solo e da fertilidade do mesmo, da disponibilidade de
nutrientes, etc.

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O milho, quando apresenta cerca de 15 centímetros de altura já o caule está totalmente formado,
possuindo todas as folhas, os primórdios da inflorescência feminina que irão constituir a espiga
(maçaroca) e a qual se localiza na axila das folhas e, possui já também os primórdios da
inflorescência masculina, situada na extremidade (ápice) do caule. A partir daqui, o crescimento
da planta será função do acréscimo do número de células e do aumento do seu volume (Cruz, et
al., 2010).

O caule do milho é um colmo ereto, geralmente não ramificado e apresentando nós e entrenós
que se denominam de meritalos, os quais são esponjosos e relativamente ricos em açúcar. O
caule, além de ter a função de suportar as folhas e partes florais, é também um órgão de reserva,
armazenando sacarose (Augusto, 2016).

2.2.3.2. Folhas

As plantas do milho são consideradas de folha estreita, com o seu comprimento a ser muito
superior à largura. As folhas estão dispostas alternadamente e inseridas nos nós. As folhas são
constituídas de uma bainha invaginante, pilosa de cor verde clara e limbo-verde escuro, estreito e
de forma lanceolada, possuindo bordos serrilhados com uma nervura central vigorosa (Augusto,
2016).

O meristema, também chamado de ponto de crescimento, onde se formam as folhas novas, fica
abaixo ou na superfície do solo até ao estádio de desenvolvimento de dez folhas visíveis. A
fotossíntese inicia a função de acumulação de matéria seca, ou seja, de alimentação da planta,
quando esta atinge o estádio de desenvolvimento de duas folhas completamente desenvolvidas
(Cruz, Magalhães, Filho, & Moreira, 2011).

2.2.3.3. Inflorescência

O milho é uma planta monóica, ou seja, possui os órgãos masculinos e femininos na mesma
planta em inflorescências diferentes, estando os masculinos agrupados na panícula (bandeira),
situada no topo do colmo que contém unicamente os estames envolvidos nas glumas e os
femininos em espigas axilares. Os órgãos masculinos aparecem antes dos femininos e por isso, é
uma espécie protândrica (Augusto, 2016).

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A panícula, que contém as flores masculinas, pode atingir 50 a 60 cm de comprimento e pode ter
coloração variável, sendo frequentemente esverdeada ou vermelho escuro. Cada flor é
constituída de 3 estames e a produção de pólen pode durar cerca de 8 dias. Cada panícula pode
produzir cerca de 50 milhões de grãos de pólen (Cruz, et al., 2010).

Segundo Augusto (2016) quando o pendão é emitido, o crescimento da parte aérea do milho
cessa e o crescimento radicular é bastante reduzido e, isto sucede cerca de 4 a 5 dias antes do
aparecimento da espiga.

A inflorescência feminina, designada de espiga ou maçaroca é constituída por um eixo, ao longo


do qual se dispõe os alvéolos e onde se desenvolvem as espiguetas aos pares, sendo cada
espigueta formada por duas flores, uma fértil e outra estéril. Cada flor tem um ovário com um
único óvulo e a partir do ovário desenvolve-se o estilo-estigma. O conjunto do estilo-estigma irá
constituir o cabelo ou também denominada barba de milho (Cruz, Magalhães, Filho, & Moreira,
2011).

Para Augusto (2016) o estilo-estigma é de extrema importância para a concretização da


fecundação e por isso, a planta deve estar bem nutrida, e sem défice hidríco para se evitar a sua
dessecação e consequentemente afetar a fecundação.

A floração ocorre normalmente entre os 50 e os 100 dias após a emergência e é afectada


principalmente pela temperatura. A polinização não é mais do que a transferência do grão de
pólen da antera da flor masculina para o estigma da flor feminina e no milho, a autofecundação
representa apenas cerca de 2%, e daí dizer-se que esta planta tem polinização cruzada. A
deiscência e a dispersão dos grãos de pólen ocorrem normalmente 2 a 3 dias antes da emissão
dos estilo-estigma, favorecendo desse modo, a polinização cruzada e tanto a libertação de pólen
pelas flores masculinas como a receptividade desse pólen pelas barbas, acontece por vários dias,
sendo o mais comum 5 a 8 dias, podendo por vezes estender-se até ao 14º dia, o que garante a
polinização de todas as espigas (Cruz, et al., 2010).

Segundo Contini, Mota, Marra, & Machadom(2019) factores estranhos (défice hidríco, doenças,
má nutrição, etc.) que ocorram, podem levar a uma polinização deficiente, não havendo
formação dos grãos e consequentemente conduzir a uma quebra de productividade.

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Depois da polinização ocorre a fecundação propriamente dita, resultando a formação do grão e,
temperaturas máximas superiores a 35 ºC durante a fecundação causam danos na produção,
devido a uma diminuição do número de grãos. Os grãos potencialmente capazes de se
desenvolverem na espiga depende igualmente da nutrição da planta, do seu estado hidríco, do
sombreamento causado por populações muito elevadas, etc., com os grãos da periferia a
abortarem quando estas condições são adversas e a causarem desse modo, perda de
productividade da cultura. O número de grãos por espiga pode variar dentro da própria variedade
e entre variedades, estando a productividade de cada uma delas, relacionada com o número de
grãos polinizados e desenvolvidos e da quantidade de fotoassimilatos provenientes da
fotossíntese, que estejam disponíveis (Bellido, 1991 citado por Augusto, 2016).

2.3. Condições de solo e clima

Segundo Cruz, et al., (2010) apesar do milho se cultivar em diversos solos, sobretudo em
condições de regadio que caracterizam os ambientes mediterrânicos, há uma melhor resposta da
cultura a solos bem estruturados que permitam a circulação da água e do ar, alta capacidade
utilizável para a água e disponibilidade de nutrientes. O milho prefere solos de textura mediana,
de franco a franco-limoso no horizonte superficial (A) e tolera pH entre 5 a 8, no entanto, solos
de pH a tender para 5 podem apresentar teores de alumínio e ferro que são tóxicos para as
plantas.

Quanto às temperaturas, a maior velocidade de crescimento dos caules e das folhas ocorre
quando as temperaturas se situam entre os 25 e os 35 ºC, sendo a maior produção potencial
atingida com temperatura médias dos meses mais quentes entre 21 e 27 ºC em períodos com 120
a 180 dias sem geadas. Com temperaturas baixas é limitado o crescimento das plantas e a parte
aérea morre, em geral, com temperaturas negativas (-1 ºC) (Bellido, 1991 citado em Cruz, et al.,
2010).

Para Cruz, et al., (2010) se as temperaturas máximas durante a fecundação são superiores a 35 ºC
causam danos na productividade, devido a uma diminuição do número de grãos. Segundo
Bellido (1991) quando as temperaturas noturnas tendem para 30 ºC nos estádios de floração e
maturação do grão, o rendimento do milho pode reduzir-se até aproximadamente 40%.

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A precipitação de 150 mm durante o período em que decorre o ciclo vegetativo do milho poder-
se-á considerar o limite mínimo para a cultura de milho sem irrigação (Barros & Calado, 2014).

2.4. Necessidades hídricas

Segundo Augusto (2016) a absorção de água, o transporte e a transpiração são função da


evapotranspiração potencial, da maior ou menor resistência dos estomas, da difusão do vapor de
água, da água que o solo tem disponível e da densidade de raízes que a planta apresenta. A planta
absorve água para suprir a sua necessidade em nutrientes que são transportados com a água e
para controlar a sua temperatura através da transpiração. Da totalidade da água absorvida pela
planta, apenas cerca de 1% é retida pela própria planta.

Quando a disponibilidade hídrica é baixa, devido à pouca disponibilidade de água no solo ou


devido à elevada transpiração (o que sucede nas horas do dia de temperaturas mais elevadas) a
planta desenvolve mecanismos fisiológicos que lhe permite reduzir a perda de água, como por
exemplo, encerrando os estomas ou alterando o ângulo foliar e desse modo reduzindo a
incidência dos raios solares (Barros & Calado, 2014).

Para Augusto (2016) com o encerramento dos estomas a planta deixa de transpirar, mas também
deixa de haver entrada de dióxido carbono nas células, fazendo com que não se realize a
fotossíntese e portanto, a produção de biomassa (matéria seca) fica afectada.

Segundo Cruz, et al., (2010) consoante o estádio de desenvolvimento em que a planta se


encontre, a quebra de productividade devido à deficiência hídrica poderá ser maior ou menor. Se
a deficiência hídrica se verificar por exemplo durante dois dias na época da floração, a quebra de
rendimento da cultura poderá ser superior a 20%, mas se essa deficiência hídrica se prolongar
por quatro dias ou mais, essa quebra de rendimento poderá ser superior a 50%.

Os estádios de desenvolvimento da planta em que a deficiência hídrica mais afeta a produção de


grão são o início da floração e o desenvolvimento da inflorescência, porque é nesta fase que é
determinado o número potencial de grãos, o período de fertilização, ou seja, quando o potencial
de produção é fixado, sendo também nesta fase a presença de água muito importante para não
haver desidratação dos grãos de pólen e por último, a fase de enchimento do grão, quando

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ocorre o aumento na deposição de matéria seca, estando a matéria seca relacionada com a
fotossíntese e se esta for afectada pela deficiência hídrica, haverá uma menor produção de
hidratos de carbono, com consequência num enchimento deficiente do grão (Cruz, et al., 2010).

O milho é por um lado uma planta que tem grandes necessidades de água, mas por outro lado é
muito eficiente na utilização dessa água, ou seja, para a mesma quantidade de água utilizada,
produz uma quantidade de matéria seca muito superior a outras culturas. A necessidade total de
água de rega na cultura do milho depende de diversos factores, tais como da capacidade de
retenção do solo para a água, da duração do ciclo do genótipo e da utilização dada à cultura
(milho grão ou milho forragem), da data de sementeira, da evapotranspiração e da precipitação
ocorrida durante o ciclo da cultura. Nas nossas condições climáticas, a necessidade de água de
rega por unidade de área (ha) pode variar aproximadamente de 250 a 350 mm (L m-2) em milho
forrageiro e cerca de 500 a 600 mm (L m-2) em milho destinado à produção de grão (Tabela 1),
sendo as necessidades diárias de 2-3 mm até as plantas atingirem cerca de 30 a 40 cm de altura e
de 7-10 mm durante a fase reprodutiva. O número de regas ao longo do ciclo da cultura é
variável, sendo em média, entre 3 a 4 por semana (Barros & Calado, 2014).

2.5. Fertilização

Segundo Cruz, Magalhães, Filho, & Moreira (2011) tal como em todas as outras culturas, os
nutrientes absorvidos em maior quantidade na cultura do milho, são o Azoto (N), o Fósforo
(P2O5) e o Potássio (K2O). Pelo facto de serem os mais absorvidos, designam-se de
macronutrientes principais. Na cultura do milho são também muito importantes e até
indispensáveis, os macronutrientes secundários (Cálcio, Magnésio e Enxofre) e alguns
micronutrientes como o cobre, o boro e o zinco.

2.6. Problemas/desafios tecnológicos

2.6.1. Plantas invasoras

Com o advento da biotecnologia, o maneio de plantas daninhas na cultura do milho passa por um
processo de transformação. O cultivo do milho resistente ao glifosato vem ganhando cada vez
mais adeptos dentro do sector produtivo. Novos desafios, como o controlo de plantas invasoras e

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o aumento da frequência de espécies tolerantes e biótipos resistentes a glifosato, têm ocasionado
perdas de rendimento ao sector produtivo (Cruz, Magalhães, Filho, & Moreira, 2011).

Segundo Silva et al. (2018a) citado por Contini, Mota, Marra, & Machado (2019) o controlo de
plantas invasoras de milho resistente ao glifosato (GR) tem se destacado como um sério
problema em muitas áreas de produção de grãos. O fluxo irregular de germinação dos diferentes
tipos de perdas de colheita associado à adoção de estratégias de controlo inadequadas tem
contribuído para manutenção de ponte verde e perdas de rendimento na cultura de interesse
econômico semeada em sucessão. A manutenção de plantas de milho voluntário pode favorecer a
ocorrência de pragas específicas, como da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), e acelerar o
processo de quebra de resistência das tecnologias Bt.

Segundo Cruz, Magalhães, Filho, & Moreira (2011) o cultivo em sucessão de culturas GR como
soja-milho safrinha tem contribuído para o aumento da pressão de seleção de espécies tolerantes
e biótipos resistentes ao glifosato.

O aumento da incidência de espécies tolerantes e biótipos resistentes têm estimulado empresas


do sector agropecuário no desenvolvimento de tecnologias que envolvem o estaqueamento de
'novos' genes de resistência a herbicida nas culturas. Desta forma, é fornecida uma estratégia de
maneio simplista ao produtor, que visa vender um pacote com soluções já formatadas adaptadas
ao portfólio de herbicidas da detentora da tecnologia (Barros & Calado, 2014).

A fim de se estabelecer programas de maneio mais sustentáveis, deve-se priorizar estratégias que
integrem diferentes métodos de controlo. Este facto contribuirá para a redução do aumento da
frequência de espécies tolerantes e biótipos resistentes e para o melhor posicionamento dos
herbicidas e das novas tecnologias nos sistemas de produção de grãos (Contini, Mota, Marra, &
Machado, 2019).

2.6.2. Doenças

As principais doenças da cultura são a mancha-branca, as ferrugens, a cercosporiose, as


podridões de espigas e os enfezamentos. Além destas, nos últimos anos algumas doenças (como
a antracnose-foliar, a mancha-de-bipolaris, a helmintosporiose e a mancha-foliar-de-diplodia),

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consideradas de menor importância, têm ocorrido com elevada severidade em algumas regiões
produtoras. A importância destas doenças é variável de ano para ano e de região para região, em
função das condições climáticas, do nível de suscetibilidade das cultivares plantadas e do sistema
de plantio utilizado (Costa et al., 2017 citado por Contini, Mota, Marra, & Machado, 2019).

Sengundo Contini, Mota, Marra, & Machado (2019), além dos prejuízos causados pela infecção
de diversas partes das plantas, alguns fungos que contaminam as espigas também são produtores
de micotoxinas, metabólitos tóxicos que causam diversos problemas à saúde humana e animal e
são barreira para comercialização dos grãos e seus subprodutos. O milho é uma cultura altamente
propícia à contaminação por micotoxinas e, portanto, é um dos principais alvos de fiscalização e
regulação internacional. Ou seja, barreiras fitossanitárias podem ser exigidas contra o milho em
contaminações deste tipo.

2.6.2.1. Chephalosporium maydis

É um fungo que entra na planta através das raízes quando o milho é muito jovem, destruíndo
integralmente a planta em 2 ou 3 dias. Os sintomas aprecerem em finais de Julho ou Agosto,
dependendo da data de sementeira. Além das folhas secarem, outro sintoma da doença é a
maçaroca dobrar-se para baixo, acabando o ciclo cerca de um mês mais cedo que o devido. O
milho não consegue encher o grão, originando um peso de mil grãos muito baixo e
consequentemente uma redução significativa da productividade da planta. Quanto mais cedo for
o ataque mais prejuízos provoca. O ataque é mais grave em solos arenosos e condições de
excesso de humidade, ou seja, em primaveras mais chovosas é de esperar uma maior incidência
da doença. Não existem atualmente tratamentos para esta doença, sendo a única solução semear
mais cedo, milhos de ciclos mais longos e arranjar variedades mais resistentes a este fungo
(Contini et al., 2019).

2.6.2.2. Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)

A cercosporiose é uma doença foliar do milho causada por um fungo e os sintomas caracterizam-
se pela existência de manchas de cor cinzenta, normalmente retangulares, estando as lesões
paralelas às nervuras. Com o desenvolvimento dos sintomas, pode ocorrer necrose de todo o
tecido da folha. A melhor maneira de reduzir a doença é a utilização de variedades resistentes,

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evitar deixar os resíduos da cultura do milho no solo, fazer rotação de culturas, por exemplo com
o sorgo e o girassol que não são culturas hospedeiras e realizar adubações de maneira que não
haja desequilíbrios nutricionais nas plantas, principalmente na relação azoto/potássio (Contini et
al., 2019)..

2.6.2.3. Ferrugem - Puccinia sorghi

A ferrugem é uma doença causada pelo fungo Puccinia sorghi que produz uredosporos,
inicialmente de cor alaranjada e que posteriormente evoluem para acastanhados, elipsoidais de
dois a quatro centímetros de diâmetro na página superior e inferior das folhas, nas brácteas e no
colmo. Em ataques mais severos esta doença provoca o dessecamento das folhas (Contini et al.,
2019).

2.6.2.4. Fusariose da espiga - Fusarium graminearum (Gibberella zeae), F. moniliforme


(G. moniliformis

Este fungo provoca a descoloração das brácteas, ficando posteriormente avermelhadas ou


apresentando-se com uma tonalidade rosada. A espiga fica colada às brácteas por micélio
esbranquiçado e dá-se o desenvolvimento de massa micelial cotonosa, na extremidade ou em
toda a espiga, com formação de esporodóquios (cor branca, salmão, rosa ou vermelho), como se
pode verificar pela. Este fungo inviabiliza as maçarocas comercialmente, causando por isso,
graves prejuízos (Contini et al., 2019).

2.6.2.5. Antracnose - Colletotrichum graminicola

As folhas e o caule apresentam na fase final do ciclo vegetativo, manchas que são inicialmente
pardas, ovais, pequenas e com aspeto aquoso e que mais tarde adquirem um aspeto acastanhado-
avermelhado, com o bordo mais escuro ou amarelado. Posteriormente dá-se a coalescência das
lesões com morte de zonas mais ou menos extensas da folha notando-se a presença de acérvulos
com sedas. Os colmos partem-se com facilidade na zona atacada (Contini et al., 2019).

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2.6.2.6. Helmintosporiose

Esta doença pode ser provocada pelos fungos Exserohilum turcicum Bipolaris maydis,
Cochliobolus heterostrophus– teleomorfo e Setosphaeria turcica- teleomorfo. Estes fungos
provocam lesões de cor parda e de forma ovolada, até 10 mm de comprimento, espalhadas pelas
folhas, podendo até afetar as brácteas e as espigas com lesões necróticas (raça T), provocando
manchas no campo de milho e antes da fase de grão pastoso as folhas ficam completamente secas
podendo cair se o ataque for forte (Contini et al., 2019).

2.6.2.7. Fusariose do colmo - Fusarium graminearum, (Gibberella zeae) e F. Moniliforme,


(G. moniliformis)

Este fungo provoca uma alteração repentina da tonalidade das folhas que passam a ter uma cor
verde baço. Surge uma descoloração dos tecidos da medula e posteriormente o seu
avermelhamento ou apresentando uma tonalidade rosada. Posteriormente, a medula fragmenta-se
e desagrega-se. Por vezes observa-se a presença de peritecas na superfície do colmo, os nós
ficam com tonalidade rosada e com pequenos pontos. Na fase de enchimento do grão pode levar
a uma queda da produção (Contini et al., 2019).

2.6.3. Desafios no maneio doenças

Os desafios fitossanitários para a produção de milho de qualidade estão relacionados a questões


de saúde dos consumidores, perdas em quantidade e qualidade dos grãos e seus subprodutos por
causa da ocorrência de infecção por patógenos, resíduos e micotoxinas (Contini et al., 2019).

Os problemas causados por doenças também interferem na comercialização dos grãos, sendo que
existe legislação brasileira e internacional sobre a qualidade mínima exigida deles (Contini et al.,
2019).

Um ponto importante a se observar é que o maneio de doenças nos sistemas de produção atuais,
em que na maior parte da área cultivada no Brasil tem a soja semeada na primeira safra e o milho
em seguida (69% do milho semeado em segunda safra), deve ser pensado em termos de sistemas.
A importância disso é que alguns patógenos são comuns a mais de uma cultura (nematoides,

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fungos) e, assim, a escolha dos cultivares semeadas deve levar à possibilidade de
aumento/redução desses patógenos nas lavouras (Contini et al., 2019).

Segundo Contini et al., (2019) as principais medidas recomendadas para o maneio de doenças na
cultura do milho são:

 Utilização de cultivares resistentes;


 Realização do plantio em época adequada, de modo a se evitar que os períodos críticos
para a cultura não coincidam com condições ambientais mais favoráveis ao
desenvolvimento da doença;
 Utilização de sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas;
 Rotação com culturas não suscetíveis;
 Rotação de cultivares;
 Maneio adequado da lavoura - adubação equilibrada (N e K), população de plantas
adequada, controlo de pragas e de plantas invasoras e colheita na época correta (Cruz,
2015).

A resistência genética tem como principais desafios, o investimento das empresas de


melhoramento na busca por cultivares resistentes, estratégia que foi reduzida por causa da opção
por cultivares produtivas, foco na obtenção de cultivares com proteínas Bt e também pela
disponibilidade de fungicidas para as principais doenças do milho. Ainda, são várias as doenças
que ocorrem em milho, o que dificulta que uma cultivar seja resistente a vários patógenos
simultaneamente (Contini et al., 2019).

Considerando as dificuldades de obtenção de resistência, o controlo químico é a estratégia mais


utilizada para reduzir as doenças em milho. Embora seja altamente eficiente para algumas
doenças como a mancha-branca (Pantoea ananatis), existem relatos de falha no controlo, como
já discutido anteriormente (Contini et al., 2019).

O uso intensivo dos fungicidas com princípios ativos iguais pode favorecer a seleção para
resistência, reduzindo ainda mais a quantidade de princípios para a cultura. Um trabalho de
monitoramento em milho, como o que já acontece para a ferrugem-da-soja, deve ser elaborado
para se evitar que os danos futuros ocorram pela perda de moléculas (Contini et al., 2019).

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Alguns patógenos importantes, como Peronosclerospora sorghi, causador do míldio, não
possuem nenhum produto registrado no Mapa (Brasil, 2003 citado por Contini et al., 2019).
Embora os fungicidas à base de metalaxil, registrados para tratamento de sementes para outros
fungos, tenham eficiência contra P. sorghi, pesquisas sobre produtos em alternativa ao metalaxil
são necessárias dadas o risco de seleção para resistência. Além disso, o patógeno também é
importante em sorgo, em que já foi observada dificuldade de controlo com metalaxil (Contini et
al., 2019).

A rotação de culturas é uma das principais práticas culturais para o controlo de pragas e doenças
(Contini et al., 2019).

2.6.4. Pragas

Os desafios para maneio de insetos-pragas na cultura do milho se renovam com o avanço das
tecnologias para controlo e com o avanço do cultivo da segunda safra no País .

Isso porque muitos dos problemas de pragas do milho são oriundos do que chamamos de “ponte
verde”, que nada mais é do que a presença de plantas hospedeiras dos insetos-pragas durante
todo ano. Essa é uma condição peculiar dos sistemas tropicais de cultivo do Brasil, onde é
possível fazer duas e até mesmo três safras consecutivamente na mesma área. Assim, a
infestação de pragas se torna cada vez mais preocupante.

Em função das características típicas da produção de milho, é possível dividir o desafio para o
maneio de pragas na cultura do milho em dois grupos de insetos.

2.6.4.1. Broca (Sesamia nonagrioides Lef.)

A broca do milho pertence à classe dos insetos, à ordem dos lepidópteros e à família Noctuidae.
Os ataques a plantas muito jovens, normalmente provocam a morte das folhas centrais. Os danos
aprecem em manchas nas searas. Nas plantas atacadas, as folhas murcham e as plantas acabam
por quebrar devido às galerias escavadas pelas larvas no interior do colmo. As maçarocas podem
também ser atacadas causando a destruição quantitativa e qualitativa da produção de milho.

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2.6.4.2. Pirale - Ostrinia nubilalis Hubner

A pirale do milho pertence à classe dos insetos, ordem dos lepidópteros e família Pyralidae. Nos
últimos instares a larva aloja-se no caule ou na espiga (maçaroca) provocando estragos
significativos. Estes podem ser devido à má nutrição das espigas por enfraquecimento geral da
planta, de maceração e quebra do pedúnculo das espigas, de dificuldade de colheita mecânica
provocada pela quebra dos caules e de quebra de produção devido à actividade das larvas
(Contini et al., 2019).

2.6.4.3. Nóctuas ou roscas - Agrotis sp.

As principais espécies de roscas que causam estragos no milho são Agrotis ipsilon (Hufnagel) e
Agrotis segetum (Denis & Schiffermüller), pertencentes à ordem dos lepidópteros e família
Noctuidae. As larvas de Agrotis ipsilon alimentamse das folhas, mas são frequentes os estragos
estenderem-se ao pé da planta, ao nível do solo, provocando o seu emurchecimento e morte.
Uma só larva pode destruir várias plantas. Mostram-se dependentes das condições climáticas as
quais influem nas migrações e viabilidade dos ovos. Os ataques de Agrotis segetum, apesar das
larvas serem muito vorazes, aparecem de uma forma dispersa no campo, enquanto os ataques de
Agrotis ipsilon aparecem de uma forma massiva e brutal, em regra, seguidos da sua migração
(Contini et al., 2019).

2.6.4.4. Ralos - Gryllotalpa gryllotalpa

São insetos de coloração vermelho-acastanhado com 4 a 5 cm de comprimento, que possuem as


peças bucais muito fortes e as patas anteriores escavadoras muito robustas. Os estragos que
provocam são causados pelas larvas que, ao abrirem as galerias à procura de alimento, cortam as
raízes das plantas (Contini et al., 2019).

2.6.4.5. Afídeos - Aphididae spp.

Afídios são homópteros da superfamília Aphidoidea e são vulgarmente designados por piolhos
ou pulgões. Destes, os mais prejudiciais à cultura do milho são Sitobion avenae, A.
metopolophium e Rhopalosiphum maidis. Os afídeos além de produzirem melada, que dá origem
ao aparecimento de fumagina, também provocam o enrolamento e a deformação das folhas, que

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ficam com aspeto encarquilhado. As flores e os frutos também podem ser atacados. Se a
intensidade de ataque desta praga for elevada a cultura pode sofrer perdas diretas na sua
produção. São importantes vetores de diversos vírus (Contini et al., 2019).

2.6.4.6. Alfinetes - Agriotes sp.

Os alfinetes pertencem ao reino Animalia, filo Arthropoda, classe Inseta, ordem Coleoptera e
famíla Elateridae. A larva é alongada com os lados paralelos, atingindo de comprimento
máximo, 17 a 18 mm. O corpo é segmentado e constituído por cabeça, 3 segmentos torácicos e 9
segmentos abdominais, sendo o último em ogiva (Contini et al., 2019).

Apresenta mandíbulas fortes, curtas, agudas e dentadas internamente. Possui pequenas patas com
5 segmentos. O adulto é um pequeno coleóptero, alongado, achatado e revestido de uma
pubescência cinzento-esbranquiçada ou amarelada. A cabeça é larga e pontuada, as antenas são
curtas com segmentos irregulares e apresenta fortes mandíbulas. Os ataques destas larvas são
mais gravosos nas culturas de Primavera, das quais faz parte o milho. Nas plantas jovens, podem
ocorrer a partir da germinação e prolongar-se por um grande período. As larvas fixam-se ao colo
da planta que perfuram e nela se alimentam, a folha terminal da planta fica amarela, murcha e
seca. Na planta atacada, ou à sua volta no solo, pode encontrar-se a larva de alfinete (buraco de 1
a 2 mm provocado pela sua entrada na planta). Os seus ataques podem destruir grande parte da
cultura. Em regra, existem duas épocas do ano em que as larvas sobem para as camadas
superiores, Abril e Outubro/Novembro. Em solos húmidos as larvas imobilizam-se enquanto em
solos secos apresentam maior actividade e causam maiores prejuízos (Contini et al., 2019).

2.6.4.7. Lagarta do funil do milho (Spodoptera frugiperda)

A lagarta do funil de milho, Spodoptera frugiperda, originaria do continente Americano, é


considerada a principal praga do milho nas zonas tropicais. Esta pra-ga foi recentemente
introduzida acidentalmente no continente Africano, tendo sido reportada pela pri-meira vez em
2016, na Africa Ocidental. Em Moçam-bique, foi detectada pela primeira vez em Janeiro de
2017 com vários relatos de ocorrência. A lagarta do funil de milho, Spodoptera frugiperda, pode
causar perda de rendimento em 100%; ou seja perda completa da cultu-ra de milho (Cugala, et
al., 2018) .

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O ciclo de vida LFM da é completado em cerca de 30 dias (a uma temperatura diária de ~ 28°C)
durante os meses quentes de verão, mas pode se estender até 60 a 90 dias em temperaturas mais
baixas. A LFM não tem a capacidade de diapausa (um periodo de repouso biológico). Assim, as
infestações de LFM ocorrem continuamente ao longo do ano, onde a praga e endémica. Em áreas
não endémicas, as populações migratórias da LFM chegam quando as condições ambientais
permitem e podem ter apenas uma geração antes de se tornarem extintas localmente (Huesing, et
al., 2018).

2.6.4.7.1. Biologia e ecologia da lagarda do funíl do milho

Segundo Cugala, et al., (2018) os ovos são colocados à noite sobre as folhas infe-riores, em
aglomerados apertados de 100-300 ovos, coberto com uma camada protetora. Apos 3-5 dias
eclodem as pequenas larvas, os dois primeiros ínsta-res alimentam-se gregariamente na parte
inferior das folhas jovens onde fazem furos ou "janelas" nas folhas, em que por vezes o ponto de
crescimento pode ser morto. As larvas maiores tornam-se cani-bais e, portanto, uma ou duas
larvas se alimentam dentro de um funil, com a duração de 14-21 depen-dendo da temperatura. A
pupa forma-se dentro de um casulo solto em uma célula de terra, ou rara-mente entre as folhas e
leva cerca de 9-13 dias. Os adultos emergem à noite onde vivem em medis 12 a 14 dias.

2.6.4.7.2. Ciclo de vida da lagarta do funíl do milho

2.6.4.7.2.1. Estágio do ovo

O ovo é em forma de esferica: a base é achatada e o ovo se curva para cima, até um ponto
arredondado no ápice. O ovo mede cerca de 0,4 mm de diâmetro e 0,3 mm de altura. O número
de ovos por massa varia consideravelmente, mas geralmente é de 100 a 200, e a produção total
de ovos por fêmea é de cerca de 1.500, com um máximo de 2.000. Os ovos são as vezes
depositados em camadas, mas a maioria dos ovos e espalhada sobre uma única camada presa a
folhagem. A fêmea também deposita uma camada de escamas acinzentadas entre os ovos e sobre
a massa de ovos, conferindo uma aparência peluda. A duração do estágio do ovo é de apenas 2 a
3 dias durante os meses quentes de verão (Huesing, et al., 2018).

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2.6.4.7.2.2. Fase larval

A LFM normalmente tem seis instares larvais. As larvas jovens são esverdeadas com a cabeça
preta, a cabeca fica mais laranja no segundo instar. As larguras das capsulas da cabeça variam de
cerca de 0,3 mm a 2,6 mm, e as larvas atingem comprimentos de cerca de 1 mm a 45 mm. No
segundo instar, mas particularmente no terceiro instar, a superficie dorsal do corpo torna-se
acastanhada e linhas brancas laterais começam a se formar. Do quarto ao sexto instar a cabeça é
castanha-avermelhada, manchada de branco, e o corpo acastanhado possui linhas subdorsais e
laterais brancas (Huesing, et al., 2018).

Pontos elevados ocorrem dorsalmente no corpo; eles, geralmente, são de cor escura e suportam
espinhos. A face da larva crescida apresenta uma marcada branca em forma de Y invertido e a
epiderme da larva é áspera ou granular em textura quando examinada de perto. No entanto, esta
larva não se sente áspera ao toque, como faz a lagarta da espiga do milho, Helicoverpa zea
(Boddie), porque faltam os microespinhos semelhantes que aparecem na Helicoverpa zea
(Huesing, et al., 2018).

Além da forma típica acastanhada da larva da LFM, a larva pode ser maioritariamente verde
dorsalmente. Na forma verde, os pontos dorsais elevados são mais pálidos que escuros. A melhor
característica que identifica a LFM é um conjunto de quatro grandes pontos que formam um
quadrado na superfície superior do último segmento abdominal de seu corpo. As larvas tendem a
se esconder durante o período mais claro do dia. A duração do estágio larval tende a ser cerca de
14 dias durante os meses quentes de verão e 30 dias durante o tempo mais frio. O tempo médio
de desenvolvimento foi determinado como sendo 3.3, 1.7, 1.5, 2.0 e 3,.7 dias para os instares 1 a
6, respectivamente, quando as larvas forem criadas a 25°C (Pitre e Hogg 1983 citados em
Huesing, et al., 2018).

2.6.4.7.2.3. Fase de pupa

A LFM normalmente pupa no solo a uma profundidade de 2 a 8 cm. A larva constroi um casulo
solto unindo particulas de solo com seda. O casulo é oval e tem 20 a 30 mm de comprimento. Se
o solo for muito duro, as larvas podem unir detritos de folhas e outros materiais para formar um
casulo na superficie do solo. A pupa e castanha avermelhada, medindo 14 a 18 mm de

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comprimento e cerca de 4.5 mm de largura. A duração da fase de pupa é de cerca de 8 a 9 dias
durante o verão, mas atinge 20 a 30 dias durante o tempo mais frio. A fase de pupa da LFM não
resiste a períodos prolongados de tempo frio (Huesing, et al., 2018).

2.6.4.7.2.4. Estágio adulto

As mariposas da LFM tem uma envergadura de 32 a 40 mm. No macho, a asa anterior


geralmente é sombreada de cinzento acastanhado, com manchas brancas triangulares na ponta e
perto do centro da asa. As asas anteriores das fêmeas são menos distintamente marcadas,
variando de um cinzento acastanhado uniforme a uma fina camada de coloração cinzento
castanho. A asa posterior é branca iridescente prateada com uma borda escura estreita em ambos
os sexos. Os adultos são noturnos e são mais activos durante as noites quentes e humidas. Depois
de um periodo de pré-oviposição de 3 a 4 dias, a mariposa fêmea normalmente deposita a maior
parte de seus ovos durante os primeiros 4 a 5 dias de vida, mas pode ocorrer alguma oviposição
por até 3 semanas. A duração da vida de adulto é estimada em cerca de 10 dias, com um
intervalo de cerca de 7-21 dias.

2.6.4.7.3. Hospedeiros

A LFM tem amplo espectro de hospedeiros, sobrevivendo em mais de 80 espécies vegetais


registradas, embora claramente prefere gramíneas. As plantas mais frequentemente consumidas
são o milho, incluindo o milho doce, mapira, capim da Bermudas, e gramíneas infestantes, como
milha-digitada (Digitaria spp). Quando as larvas são numerosas, elas desfolham as plantas
preferidas, adquirem o hábito migratório tipico de “lagarta do funil” e dispersam-se em grande
número, consumindo quase toda a vegetação em seu caminho. O registro de muitos hospedeiros
reflete esses períodos de abundância e não são verdadeiramente indicativos de oviposição e
comportamento alimentar em condições normais. Cultivos frequentemente danificados, incluem
alfafa, cevada, capim da Bermuda, trigo, algodao, milho, aveia, mexoira, amendoim, arroz,
mapira, beterraba sacarina, capim sudanes, soja, cana-de-açucar, tabaco e trigo. Entre as
horticolas, apenas milho doce é regularmente danificado, mas outras espécies podem ser atacadas
ocasionalmente. Fruteiras, maçã, uva, laranja, papaia, pessego, morango e várias flores as vezes
são também danificadas.

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2.6.4.7.4. Haplótipos da LFM

A LFM consiste em duas raças adaptadas a diferentes plantas hospedeiras. Uma raça (a “raça de
milho”) se alimenta predominantemente de milho, algodão e mapira, enquanto a segunda (a
“raça de arroz”) se alimenta principalmente de arroz e pastos (Dumas et al., 2015 citados por
Huesing, et al., 2018). As duas raças são morfologicamente idênticas, mas diferem em
composições de feromonas, comportamento de acasalamento e variedade de hospedeiros. Os
cruzamentos entre as duas raças resultam em descendentes viáveis. Mesmo assim, Dumas e seus
colaboradores encontraram uma redução significativa no sucesso de acasalamento em
cruzamentos das duas raças, que, juntamente com as diferenças comportamentais e bioquímicas,
sugerem que as duas raças estão em estado de especiação simpátrica (Dumas et al. 2015 a Gouin
et al., 2017 citados em Huesing, et al., 2018). Como este processo irá evoluir no contexto
Africano está sob investigação (Cock et al. 2017, Nagoshi et al. 2017 citados por Huesing, et al.,
2018).

A configuração do haplotipo mitocondrial foi mais semelhante a encontrada na região das


Caraibas e na costa Leste dos Estados Unidos, identificando essas populações como a provável
fonte originária das infestações do Togo. Um marcador genético ligado à resistência a toxina
Cry1Fa de Bacillus thuringiensis (Bt) expressa em milho transgénico é comum em populações
de LFM do Porto Rico não foi encontrado nas coleções do Togo. Além disso, como afirmado
acima, o desempenho em campo do milho Bt mono-gene MON810 sugere ainda que os alelos de
resistência Bt podem não estar presentes na população da LFM atualmente em Africa.

2.6.4.7.5. Prevenção

Segundo a CABI (2017), as técnicas de prevenção da incidência da lagarta do funíl são:

Evitar plantações tardias ou fora de estação e evitar novas plantações perto de campos
contaminados;

 Usar variedades resistentes/tolerantes, variedades de ciclo curto e com folhas duras;


 Evitar parcelas de diferentes idades;
 Garantir o uso optimizado de fertilizante para plantas de milho resistentes e capazes de
compensar estragos, e aplicar no tempo correto;

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 Conservar plantas com flores nas margens dos campos (Crotalaria) que servem de abrigo
para os insetos benéficos, como parasitóides e besouros;
 Intercalar milho com outras culturas suscetíveis como amendoim ou feijões;
 Cortar os restolhos e deixar expostos ao sol para eliminar possíveis focos.

2.6.4.7.6. Métodos de controlo

2.6.4.7.6.1. Monitoria da população

O uso de armadilhas sexuais para monitoria da ocorrência e evolução da população, são usadas
feromonas sexuais que atraem os machos da Spodoptera frugiperda e permite a planificação e
implementação de medidas de controlo adequadas, remoção de machos e disrupção de
acasalamento, o que pode levar a diminuição da população (MASA, 2017).

De modo a evitar perdas de produção devido a infestação da lagarta do funíl do milho, é preciso
fazer o monitoramento do campo. Para tal a CABI (2017) recomendam que a:

 Começar monitorização da praga uma semana depois da germinação e continuar


semanalmente ou a cada duas semanas;
 Inspecionar 10 plantas seguidas em 10 localizações da plantação e procurar;
 Massas de ovos: agrupadas em 150-300 ovos, cor creme/amarelada cobertas por uma
camada na parte superior das folhas;
 As larvas são de cor verde-claro a castanho escuro com linhas longitudinais e cabeça
escura com uma marca em forma de Y invertido. Possui quatro pontos formando um
quadrado, no 8° segmento abdominal.
As lagartas recém-eclodidas consomem apenas parte do tecido foliar, causando sintoma
característico de raspagem (janelinhas). Estes sintomas são semelhantes aos das brocas do colmo.
Lagartas maiores perfuram, penetram e desenvolvem-se nas folhas centrais (funil), que podem
ser totalmente destruídas, acompanhadas por uma acumulação de excrementos em forma de
grânulos grossos (CABI, 2017).

Em infestações tardias, as lagartas também podem atacar as espigas e alimentar-se dos grãos, o
que pode levar à podridão por ataque de agentes patogénicos. No início do estádio de cinco a seis
folhas, tome medidas se >20% das plantas estiverem estragadas ou infetadas com a larva. Numa
fase mais avançada deste estádio, se pequenos lagartas forem encontrados, tome medidas se
>40% dos funil estiverem estragados. Nos estádios de pendão e cabelo, não pulverize mais
(CABI, 2017).

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2.6.4.7.6.2. Controlo cultural

As práticas culturais tais como sementeiras atempadas (semear cedo), uso de variedades
precoces, evitar sementeiras escalonadas podem minimizar ou reduzir os níveis de infestação e
de dano. Manter os campos livres de hospedeiros alternativos e destruir resíduos de culturas após
a colheita (MASA, 2017).

2.6.4.7.6.3. Controlo químico

A utilização de insecticidas quimicos constitui a principal estratégia de controlo da Spodoptera


frugiperda. A escolha incorreta e o maneio inadequado dos inseticidas têm aumentado o número
das aplicações e o custo de produção, sem o controlo desejado, acarretando elevadas perdas
(MASA, 2017).

2.6.4.7.6.4. Controlo directo

Segundo a CABI (2017) em campos de pequena escala, colher e destruir as massas de ovos e
larvas se disponíveis, pulverize as lagartas jovens com produtos botânicos (margosa, seringueira)
antes que elas entrem no funil.

Tabela 1. Métodos de controlo directo e restrições de pesticidas

Controlo directo Restrições


Os insecticidas são mais eficazes em larvas jovens e antes de entrarem no funil e nas orelhas. Pulverize
cedo pela manhã ou ao fim da tarde quando as lagartas estão activas
Pulverize apenas de acordo com as necessidades identificadas durante a fase de monitorização (incluindo
a escolha de uma segunda aplicação)
Minimize a utilização de químicos OMS da classe II para a sua própria segurança e proteção de inimigos
naturais que ajudam no controlo de pragas. Verifique sempre o rótulo para mais informações e use
equipamento de proteção individual (EPI) apropriado
Se usar pesticidas químicos, use sempre um tipo diferente para evitar a criação de resistência aos
pesticidas
Bacillus thuringensis OMS classe III - (ligeiramente tóxicos). REI 1
hora. PHI 1 dia.
Indoxacarb (p.e. Indicus 15% EC, Steward 30% OMS classe III (ligeiramente tóxico). REI: 1 dia.
WG, Indicus 30% WG) PHI: 3 dias. Tóxico para organismos benéficos
Cipermetrina (p.e. Ectopor 2% SA, Hitcel 44% EC, OMS classe II & III (risco moderado). REI: 1 dia.
Zipper 20% EC) PHI: 14 dias. Tóxico para peixes e abelhas
Fonte: CABI, 2017

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2.7. Efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), Feijão nhemba
(Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajunus cajunus) na incidência,
densidade e nível médio deataque da lagarta do funil do milho Spodoptera
frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea
mays L)

2.7.1. Maneio ecológico de pragas

Segundo Sujii, Medeiros, Venzon, & Pires (2010) todas as causas para o surgimento de pragas
estão relacionadas à evolução dos sistemas de produção e ao impacto antrópico nos ambientes
naturais. Portanto, os sistemas agrícolas mais sustentáveis somente poderão emergir de uma
revisão das estratégias de exploração dos recursos naturais e uso dos serviços do ecossistema
como o controlo biológico.

Além de ser o principal componente dos ecossistemas naturais, a biodiversidade também


promove vários serviços ecológicos que podem inclusive ser quantitativamente mensurados e
aplicados no maneio do agroecossistema (Constanza et al., 1997 citados por Sujii et al., 2010). A
persistência desses serviços do ecossistema, essencialmente biológicos, depende principalmente
da manutenção da diversidade de espécies em vários nichos e guildas funcionais dentro e no
entorno do sistema produtivo (Magdoff, 2007 citados por Sujii et al., 2010). Segundo Sujii et al.
(2010) a abundância e funcionalidade da biodiversidade dependem principalmente de quatro
características do agroecossistema:

 Diversidade de vegetação dentro do sistema produtivo e no entorno;


 Permanência de diferentes culturas ao longo do tempo;
 Intensidade de maneio (ou pertubação ambiental);
 Grau de isolamento ou a distância entre sistema produtivo e áreas naturais.

Assim, para que o sistema produtivo torne-se sustentável é necessária a adoção de práticas que
beneficiem os componentes biológicos (biodiversidade planeada) e favoreçam as suas funções
(biodiversidade funcional), com reduzido nível de interferência humana Sujii et al. (2010).

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Uma abordagem ecológica da produção agrícola deve intervir na causa do problema e não apenas
nos sintomas. Devem ser adoptadas estratégias de controlo de pragas de caráter preventivo,
definindo-se assim o maneio ecológico de pragas. Para esse maneio, é fundamental que haja
amplo entendimento sobre as necessidades biológicas e ecológicas das espécies-praga e de seus
inimigos naturais para que o incremento da biodiversidade torne-se funcional Sujii et al. (2010).

Medidas preventivas referem-se às práticas agronômicas que dificultam ou impedem que a praga
encontre condições favoráveis para colonização e estabelecimento de sua população nas culturas.
Unidades de produção mais diversificadas no tempo e no espaço promovem o aumento da
agrobiodiversidade e o controlo biológico natural, conferindo aos agroecossistemas maior
estabilidade, resistência a perturbações e maior resiliência. Uma estratégia-chave na agricultura
sustentável é reintroduzir a diversidade na área cultivada, bem como na paisagem agrícola, e
manejá-la de forma mais efetiva Sujii et al. (2010). Para Andow (1991) citado por Sujii et al.
(2010), em uma revisão sobre o efeito da diversificação do sistema produtivo em artrópodes,
observou que, na maioria dos casos, o aumento da diversidade nos sistemas produtivos reduziu a
abundância de herbívoros.

2.7.2. Consociação de culturas

São definidos como associações de culturas nas quais duas ou mais espécies com diferentes
ciclos e arquiteturas vegetativas crescem simultaneamente Sujii et al. (2010).

As culturas são exploradas concomitantemente na mesma área e no mesmo período de tempo,


sem que necessariamente tenham sido semeadas ao mesmo tempo. O arranjo das culturas no
espaço pode ser feito na forma de cultivos em faixas, cultivos mistos (sem arranjo definido em
fileiras), parcelas em mosaico, cultivos em linhas alternadas e culturas de cobertura do solo. O
arranjo no tempo pode ser estabelecido como cultivo simultâneo, em sequência, em combinações
sincrônicas ou assincrônicas e contínua ou descontínua Sujii et al. (2010).

Os mecanismos envolvidos no controlo de pragas através da diversificação por consociação de


culturas são decorrentes da acção directa ou indirecta sobre as pragas. Na acção directa, uma das
culturas associadas impõe barreiras físicas e/ou químicas que dificultam a localização, a
reprodução e/ou a colonização da cultura hospedeira pelas pragas. Os mecanismos envolvidos

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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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nesse processo podem ser repelência química, mascaramento e/ou inibição da alimentação pela
presença de voláteis de plantas não hospedeiras, prevenção de movimento e/ou imigração das
pragas ou otimização da sincronia entre ciclos de pragas e seus respectivos inimigos naturais
(Nicholls et al., 1999 citados por Sujii et al., 2010).

Na acção indirecta, uma das culturas associadas possibilita o aumento da abundância e/ou
diversidade de inimigos naturais das pragas por proporcionar recursos vitais para a sobrevivência
e reprodução dos mesmos. Esse mecanismo será discutido mais detalhadamente a seguir (Sujii et
al., 2010).

Entretanto, a consorciação de culturas deve ser bem estudada antes da sua implementação, pois
efeitos completamente opostos dos desejados podem ocorrer. Picanço et al. (1996) citados em
Sujii et al., (2010) observaram uma redução no ataque de Tuta absoluta (Lepidoptera:
Gelechiidae) às plantas de tomate quando consorciadas com milho. Entretanto, esse consórcio
aumentou significativamente os danos causados por Helicoverpa zea, em comparação ao
monocultivo de tomate, pois essa espécie foi atraída pelas plantas de milho. Mesmo assim, em
geral, sistemas de produção de base ecológica geralmente apresentam efeitos benéficos em
relação ao monocultivo (Sujii et al., 2010).

Segundo Câmara & Filho (2001) a sementeira consociada tem as seguintes vantagens:

 Maior produção de alimentos por área: as produções das duas culturas são superiores às
dos monocultivos;
 Estabilidade de rendimento: se uma cultura falha a outra pode compensar;
 Controlo de plantas daninhas, pragas e doenças: a associacão milho e feijão nhemba é
mais competitiva no espaco;
 Controlo de erosão: a associacão de culturas cobre melhor o solo, evitando a erosão;
 Aproveitamento de mão-de-obra: como os ciclos das culturas são diferentes, existe a
possibilidade do emprego de mão-de-obra por mais tempo.

A consorciação de culturas é um factor de diversificação do agroecossistema, por aumentarem a


diversidade estrutural e de espécies, as quais podem afectar a densidade de insectos (Emden &
Williams, 1974 citados por Cividanes & Barbosa, 2000). Estudos sobre o efeito da diversidade
de agroecossistemas sobre populações de insetos têm mostrado que a consorciação de culturas

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pode aumentar ou diminuir a densidade populacional de pragas e de inimigos naturais (Andow,
1991 citados por Cividanes & Barbosa, 2000).

2.8. Soja Glycine max (L.) Merr.

Segundo Jardine & Barros (2020) a soja é uma planta originária da China. Seu nome científico é
Glycine max (L).; faz parte da família Fabaceae (leguminosas), assim como a ervilha, o feijão e a
lentilha.

Trata-se de um grão rico em proteínas, podendo ser consumido tanto por homens como por
animais. É um grão muito plantado e tem formato arredondado com cor amarela. Contém de
18% a 20% de óleo e o farelo representa 79% (tem teor de proteína de 45%). Sua vagem pode ter
até quatro sementes e sua estabilidade é limitada pelo ácido linolênico (Jardine & Barros, 2020).

Nos últimos 20 anos, a agricultura de soja duplicou sua área de cultivo devido à alta demanda do
sector produtivo e ao crescimento mundial no consumo deste grão por humanos e por animais. A
cultura também tem tido aplicabilidade na produção de biocombustíveis (Jardine & Barros,
2020).

Atualmente, parte da soja produzida é modificada geneticamente (transgênica), pois assim requer
menor quantidade de herbicidas e, consequentemente, diminui consideravelmente o custo de
produção. Reduz também a quantidade de impurezas e de umidade nos grãos colhidos. Devido a
estes factores, o cultivo da soja transgênica tem se expandido mais do que o da soja
convencional. No sector industrial, este grão tem ampla aplicação. Na produção alimentícia, é
usado como matéria-prima para a produção de leite de soja, carne de soja, tofu (queijo de soja),
doces, óleo de soja, farinhas, rações para animais etc. Também está presente nos processos
químicos de cosméticos, sabão e na produção de biodiesel (Jardine & Barros, 2020).

O óleo de soja pode ser obtido por três métodos de extração: prensagem mecânica, solvente e
enzimática. No primeiro método, são utilizadas prensas contínuas para retirar o óleo do grão,
separando-o da torta. Já na extração com solvente, os grãos são triturados para facilitar a
penetração em seu interior do solvente (hexano – derivado de petróleo). Por fim, na extração
enzimática, a matéria-prima é fermentada por enzimas com posterior extração de óleo.

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Este é um processo mais econômico, pois consome pouca energia, faz uso de menor quantidade
de solvente orgânico, tendo como vantagem a obtenção de um óleo de maior qualidade e com
mais segurança para o consumidor. O biodiesel produzido a partir do óleo de soja pode ser
obtido pelas reações de transesterificação e de esterificação (Jardine & Barros, 2020).

2.8.1. Características da planta de soja

A soja (Glycine max (L) Merrill) cultivada no Brasil, para a produção de grãos, é uma planta
herbácea, da classe Rosideae, ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília Papilionoideae, tribo
Phaseoleae, gênero Glycine L., espécie max. As principais variedades comerciais apresentam
caule híspido, pouco ramificado e raiz com eixo principal e muitas ramificações. Possuem folhas
trifolioladas (exceto o primeiro par de folhas simples, no nó acima do nó cotiledonar). Têm
flores de fecundação autógama, típicas da subfamília Papileonoideae, de cor branca, roxa ou
intermediária. Desenvolvem vagens (legumes) levemente arqueadas que, à medida que
amadurecem, evoluem da cor verde para amarelo-pálido, marrom-claro, marrom ou cinza, e que
podem conter de uma a cinco sementes lisas, elípticas ou globosas, de tegumento amarelo pálido,
com hilo preto, marrom, ou amarelo-palha. Apresentam crescimento indeterminado (sem racemo
terminal), determinado (com racemo terminal) ou semideterminado (intermediário)
(Nepomuceno, Farias, & Neumaier, 2020).

A estatura das plantas varia, dependendo das condições do ambiente e da variedade (cultivar). A
estatura ideal está entre 60 a 110 cm, o que, em lavouras comerciais, pode facilitar a colheita
mecânica e evitar o acamamento. O ambiente também influencia sua floração e,
consequentemente, seu ciclo. A floração da soja responde ao nictoperíodo, ou duração da noite.
Para facilitar a compreensão, normalmente fala-se em fotoperíodo, que é a duração do dia, e diz-
se que a soja é uma planta de dias curtos, uma vez que, sob dias longos, ela atrasa seu
florescimento e alonga seu ciclo. Com o uso da característica do florescimento tardio em dias
curtos, ou do chamado “período juvenil longo”, não há mais restrição fotoperiódica ao plantio
comercial de soja, mesmo sob a linha do equador, o que rendeu ao Brasil o título de país que
“tropicalizou” a soja. As cultivares brasileiras de soja são classificadas em grupos de maturação
(GM), com base no seu ciclo. Essa classificação varia conforme a região, por exemplo, para
Minas Gerais, os GM são: semiprecoce (101 a 110dias); médio (111 a 125 dias); semitardio

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(125-145 dias); tardio (>145 dias) e, no Paraná, são: precoce (até 115 dias); semiprecoce (116-
125 dias); médio (126-137 dias) e semitardio (138-145 dias) (Embrapa-CNPSo, 2008 citado por
Nepomuceno, Farias, & Neumaier, 2020).

Segundo Risch et al., (1983) citados por Cividanes & Barbosa, (2000) em estudo sobre a
consociação de soja com milho mostrou que as populações de insetos fitófagos são,
frequentemente, mais baixas em policulturas do que em monoculturas.

Para Milanez (1984) citado por Cividanes & Barbosa (2000) encontrou menor incidência de
Anticarsia gemmatalis, Nezara viridula e Cerotoma sp. em soja consorciada com milho.

2.9. Feijão nhemba [Vigna unguiculata (L.) Walp]

Possivelmente, em razão da grande variabilidade genética existente na própria espécie (Vigna


unguiculata (L.) Walp.) e nas espécies silvestres geneticamente mais próximas, houve uma
grande dificuldade para a classificação da espécie domesticada. Desse modo, o feijão-caupi
inicialmente foi classificado nos gêneros Phaseolus e Dolichos, até ser classificado no gênero
Vigna, o qual foi estabelecido 1894 (Filho, 2020).

O feijão nhemba é uma cultura de origem africana e tem vários nomes populares. Alguns dos
mais usados são: feijão-macassa, feijão-de-corda, feijão-de-praia, feijão-da-colônia e feijão-de-
estrada, feijão-miúdo. Também houve muitas classificações na espécie, até que se chegasse à
atual. Desse modo, a classificação cientificamente aceita é que o feijão-caupi é uma planta
Dicotyledonea, da ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília Faboideae, tribo Phaseoleae,
subtribo Phaseolineae, gênero Vigna, subgênero Vigna, secção Catyang, espécie Vigna
unguiculata (L.) Walp. e subespécie unguiculata, subdividida em quatro cultigrupos Unguiculata,
Sesquipedalis, Biflora e Textilis (Filho, 2020).

Segundo o IITA (2018) o rendimento do grão em Moçambique pode variar de 1500 a 2000 kg/ha
nas variedades melhoradas e 200 a 1000 kg/ha nas variedades locais. O uso de variedades
adaptadas aos sistemas de produção em uso e às condições de ambiente encontradas nas regiões
de cultivo, com maneio adequado, constituem factores de grande importância para a obtenção de
rendimentos elevados.

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Segundo Quindere & Santos (1986) citados por Cividanes & Barbosa (2000) mostraram que na
cultura consorciada milho-feijão nhemba (Vigna unguiculata) a população de ninfas da
cigarrinha, Empoasca kraemeri, foi menor, em comparação com a das ninfas observadas nas
monoculturas.

2.10. Feijão bóer [Cajanus cajan (L.) Millspaugh]

O feijão bóer [Cajanus cajan (L.) Millspaugh] foi domesticado há milhares de anos na Índia e seu
cultivo apresenta múltiplas vantagens da perspectiva agronómica, socioeconómica e nutricional
(Oppewal & Cruz, 2017).

Nas últimas décadas, a cultura do feijão bóer foi amplamente promovida na África Austral e
Oriental no âmbito da introdução de “agricultura de conservação (AC)” (Barbito et al. 2015
citados em Oppewal & Cruz, 2017). O gráu de adopção de AC pelos produtores africanos tem
sido objecto de debate. Andersson e d´Souza (2014) citados em Oppewal & Cruz (2017), numa
revisão da literatura, indicam que uma das dimensões do AC - o consórcio com leguminosas,
particularmente o cultivo do feijão bóer - tem sido adoptada em grande escala no Quénia
(Shiferaw et al. 2008), na Tanzânia (Mponda et al. 2013), no Malawi (Simtowe et al. 2010), no
Zimbabwe (Waddington et al. 2007) e em Moçambique (Rusinamhodzi et al. 2012, Devji 2011,
Walker et al. 2015).

Em termos agronómicos, as plantas de feijão bóer tem um efeito positivo na fertilidade do solo,
com potencial de fixar até 235 kg de nitrogénio atmosférico por hectare (Odeny 2007 citados em
Oppewal & Cruz, 2017). Suas raízes ajudam na liberação de fósforo ligado ao solo para
disponibilizá-lo para o crescimento da planta. Embora muitas leguminosas tenham a capacidade
de fixar nitrogénio, o feijão bóer as supera. Também, diferentemente das outras leguminosas, o
feijão bóer não precisa de inoculação para optimizar o seu potencial de fixação de nitrogénio
(Odeny, 2007 citado em Oppewal & Cruz, 2017).

Em termos nutricionais, as variedades tradicionais do feijão boer têm alto conteúdo de proteína,
de 18-26%, e os agrónomos têm desenvolvido variedades com teores de proteína mais elevados
ainda (Odeny, 2007 citado em Oppewal & Cruz, 2017). O feijão bóer também é rico em minerais
como cálcio, fósfacto, magnésio e enxofre, bem como vitaminas, contendo cinco vezes mais

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Vitamina A e três vezes mais Vitamina C do que ervilhas comuns (Odeny, 2007 citado em
Oppewal & Cruz, 2017).

O grão do feijão bóer é processado e transformado em dhal, principal prato na Índia, e as vagens
verdes imaturas também são consumidas como vegetais. Além do consumo humano, o bagaço,
com 10-15% de proteína bruta na matéria seca, é usado para alimentar animais6, a exemplo do
que acontece no Norte da Tanzânia, e onde as folhas verdes são usadas como forragem de
qualidade (Mponda et al. 2013 citados em Oppewal & Cruz, 2017), e as hastes secas usadas
como combustível. O feijão bóer também pode ser usado como fonte proteíca alternativa na
ração dos frangos. Igene et al. (2012) citados em Oppewal & Cruz, 2017 mostram que a
substituição do bagaço de soja por até 50% de feijão bóer não tem efeito negativo no crescimento
do ave, apesar de ter um impacto adverso em parâmetros hematológicas, como o nível de
hemaglobina e leucócitos. Amaefule et al. (2011) citados em Oppewal & Cruz, 2017 sugerem
uma dieta que integra 40% de bagaço de feijão bóer, suplementada com aminoácidos.

Devido à capacidade de fixação de nitrogéneo, o feijão bóer é ideal para o cultivo em consórcio
com o milho, uma das prinicipais culturas alimentares na África. Na África de Oeste, Sogbedji et
al. (2006) citados em Oppewal & Cruz (2017) mostram que a productividade do milho aumenta
em 32% quando cultivado em consórcio com o feijão bóer. Igualmente, na Tanzânia, Myaka et
al. (2006) citados em Oppewal & Cruz (2017) argumentam que a productividade do milho em
consórcio com o feijão bóer é igual à productividade do milho em monocultura que beneficiou-se
da aplicação de fertilizantes.

Por outro lado, a monocultura de milho por muitos anos consecutivos sem a aplicação de
fertilizantes, como acontece em muitos sítios em Moçambique, resulta na degradação dos solos,
enquanto que o consórcio do milho com o feijão bóer mantém a fertilidade do solo (Myaka et al.
2006 citados em Oppewal & Cruz, 2017).

Para o caso específico de Moçambique, Rusinamhodzi et al. (2012) avaliam a Razão de Área
Equivalente (RAE), indicador usado para determinar a eficiência de cultivo em regime de
consórcio. Um RAE acima de 1 significa que o consórcio é mais eficiente do que o cultivo
separado. Os autores avaliam o RAE na zona Centro de Moçambique, nos campos dos

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produtores, usando várias maneiras de consorciar o milho e feijão bóer, e sempre encontram
valores acima de 1, em certos casos chegando até 2.5 (Oppewal & Cruz, 2017)

Ao mesmo tempo, vários estudos sobre a agricultura em Moçambique indicam que um dos
principais constrangimentos ao aumento da produção é a disponibilidade de mão-de-obra
(Leonardo et al. 2015, Lukanu et al. 2007 citados em Oppewal & Cruz, 2017).

Assim, em termos socio-económicos, a aptidão particular do feijão bóer para o cultivo em regime
de consórcio constitui uma grande vantagem, pois é uma cultura de rendimento que não compete
com a principal cultura alimentar (o milho) em termos de alocação de recursos de terra e mão-de-
obra. Outra vantagem do feijão bóer é que é uma cultura pouca exigente, por não depender da
aplicação de adubos e por ser tolerante à seca, mais do que outras leguminosas, como o feijão
nhemba (Odeny 2007 citados em Oppewal & Cruz, 2017). De acordo com Waddington et al.
(2007) citados em Oppewal & Cruz (2017), a variabilidade na productividade do feijão bóer é
menor do que para o milho, ou para outras leguminosas. Segundo ICRISAT (website) citados em
Oppewal & Cruz (2017), a resiliência do feijão bóer permite seu cultivo numa variedade de
ambientes e sistemas de cultivo, podendo ser cultivado em áreas com menos de 650 mm de
precipitação anual.

Segundo o IITA (2018) a cultura de feijão bóer pode alcançar rendimentos que vão de 2500 a
3500 kg/ha dependendo da variedade e dos tratos culturais.

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CAPITULO III: MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Descrição do local de estudo

O estudo foi conduzido nos campos de produção e de experimentos do Instituto de Investigação


Agrária de Moçambique (IIAM) - Centro de Investigação Agrária de Nampula, com a sua sede
em Nampula é limitado a Norte com os Distritos de Rapale, Mecubur, Muecate, a Sul com o
Distrito de Mugovolas e Este com distrito de Meconta e Oeste com Distrito de Murrupula, com
uma latitude de 15º 09’00” Sul, longitude de 39º 30’ 00” Este (MAE, 2015).

3.1.1. Condições edafoclimatica

No Distrito de Nampula é predominante o clima tropical com duas estacões por ano que são
conhecida como inverno e verão, sendo que o período chuvoso inicia em Novembro e termina
em Abril, durante o período regista-se aguaceiros acompanhado com trovoadas, com uma
temperatura de ar em média 33.9º C, com uma precipitação anual em torno de 1045 (mm) (MAE,
2005) .

Nampula Apresenta a predominância de relevo de tipo planaltos, com formação de solo de topos
e encostas de interfluvos, profundos, arenosos e bem drenado em outras partes, solos francos
argilosos com uma cor predominante castanha avermelhada com pH situada em torno de 6.7 a7
(MAE, 2014).

O gráfico 1 abaixo indica o valor da precipitação registada durante o ciclo vegetativo do milho
no Centro de Investigação Agrária de Nampula no ano 2020.

Gráfico 1. Precipitação (mm) registada durante o ciclo vegetativo da cultura de milho no ano
2020.
400
Precipitação

200
(mm)

0 Precipitação (mm)
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho
Meses

Fonte: Estação Meteorológica do Centro de Investigação Agrária de Nampula, 2020

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3.2. Materiais

 Sementes de milho (variedade PRIS601), Feijão nhemba (variedade IT-16), Sija


(Variedade TGx 1835-10E), Feijão boer (variedade ICEAP 00557) de duas variedades:
Rama e Nicarágua;
 Corda de cintética usada para alinhamento no processo de demarcação das parcelas;
 Fita métrica metálica usada para medição das parcelas e no espaçamento dentro das
parcelas;
 Etiquetas usadas para identificação das parcelas;
 Balança de precisão mínima de 0,02 g e máxima de 210 g usada para a pesagem do adubo
e das sementes;
 Estacas à base de bambu usada para delimitação, demarcação e alinhamento das parcelas;
 Enxadas, catanas sendo estes os materiais que foram usados com mais frequência desde a
sementeira, sachas até a colheita.
 WatchDog (Estação meteorológica) aparelho automático para colecta de dados
meteorológicos (temperatura do ar, precipitação e humidade relativa do ar no campo).

3.2.1. Descrição das Variedades Estudadas

A tabela abaixo apresenta a descrição das variedades em estudo.

Tabela 2. Descrição das variedades em estudo

Cultura (Variedade)

Gramínea1 Leguminosas2
Descrição das variedades
Milho Feijão Soja
Feijão boer (ICEAP
(PRIS nhemba (TGx 904-6F/
00557)
601) (IT-16) Zamboane)
Características fisiológicas
Determinado semi-
Hábito de crescimento Determinado Erecto ramoficado
erecto
Formato da folha Irregular Oval Trifoliolada
Amarela com riscas
Cor da folha Violeta Cor-de-rosa
Híbrido vermelhas
Castanho
Cor do grão Castanho escuro Branco-creme
claro
Cor do caule n/a n/a Verde

1
(Dias, 2019)
2
(Instituto Internacional de Agricultura Tropical, 2018)

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Características morfológicas
Rendimento (kg/ha) 10000 1800 3500 2500
Peso de 100 Sementes (g) n/a 20 15 18
65 - 70
Ciclo de maturação (dias) 120 - 140 130 (longo) 130 - 180 (médio)
(precoce)
Principais atributos
Ferrugem,
Resistente/tolerante n/a moderado a n/a Fusarium
ascochita
Começam a formar-se
Inicio de formação de ramos n/a n/a n/a
a 30 cm acima do solo
Regiões de altitude de
Zonas de produção Zonas 900 a 1800 m
Centro e norte do
recomendadas em intermedias Todo país (Zambézia, Tete,
país
Moçambique e altas Nampula, Cabo
Delgado e Manica)
Origem da semente K2-IIAM IITA-IIAM IITA-IIAM ICRISAT-IIAM

3.3. Métodos

3.3.1. Delineamento Experimental

Para o presente experimento foi usado o delineamento de Blocos Completos Casualizados num
esquema factorial de 4x4, isto é 4 repetições x 4 tratamentos, totalizando 16 parcelas. A área
total do ensaio foi de 874 m2, conforme o esquema de ensaio no apêndice 1.3. Cada unidade
experimental constituiu-se com um tamanho de 8 m x 5 m totalizando 40 m2. A distância entre
parcelas e blocos foi de 1 m e 2 m respectivamente. A codificação do ensaio é apresentada na
tabela 3, abaixo.

Tabela 3. Codificação dos tratamentos

Código Tratamento
T0 Milho puro
T1 Milho consociado com feijão nhemba
T2 Milho consociado com soja
T3 Milho consociado com feijão boer
Fonte: A autora

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3.3.2. Condução do ensaio

O estudo foi realizado na campanha agrícola 2019/2020, e as actividades tiveram arranque no


mês de Janeiro de 2020.

3.3.2.1. Preparação do terreno

Foi feita uma lavoura convencional, na primeira quinzena de Janeiro de 2020, tendo sido usada
charrua de discos, numa profundidade média de 20 cm uma vez que o campo tem vindo a ser
cultivado desde as campanhas agrícolas anteriores. No mesmo dia, fez-se a gradagem,
igualmente mecanizada, com grade de discos. Durante o preparo do solo não foi incorporado
nenhum fertilizante. A demarcação do campo foi efectuada manualmente no dia 28 de Janeiro de
2020.

3.3.2.2. Sementeira

A presente actividade foi realizada no dia 29 de Janeiro de 2020 sendo usada 2 sementes por
covacho num espaçamento de 75 cm entre linhas e 30 cm entre plantas na linha para milho, para
a cultura de feijão nhemba usou-se um espaçamento de 75 cm entre linhas e 15 cm entre plantas
na linha, 75 cm entre linhas e 10 cm entre plantas na linha para soja e 75 cm entre linhas e 50 cm
entre plantas na linha para feijão boer resultando em uma população de 41.791,6 plantas/ha para
a cultura de milho.

3.3.2.3. Operações Culturais

3.3.2.3.1. Retancha

Duas semanas após a sementeira (15 dias após emergência), fez-se a retancha, na perspectiva de
manter o número óptimo de plantas no campo, visto que quase 10% das sementes mostraram
fraca capacidade de emergência em quase todas as variedades no em estudo.

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3.3.2.3.2. Controlo de plantas daninhas

Foram realizadas 2 sachas manuais. Trinta (30) dias após sementeira foi realizada a primeira
sacha e a segunda sacha foi realizada 90 dias após a emergência, conforme o grau de
aparecimento de infestantes no campo. Paralelamente, mondas e amontoas foram realizadas
durante as diversas actividades de acompanhamento do ensaio, como forma de manter
continuamente o campo livre de infestantes.

3.3.2.3.3. Desbaste

O desbaste foi realizado 15 dias após sementeira para reduzir o excesso de plantas no mesmo
covacho evitar a competição em água, nutrientes e luz, reduzindo assim a influência desses
factores nos resultados do ensaio. Foi realizado após as plantas apresentarem pelo menos três
folhas verdadeiras.

3.3.2.3.4. Tratamento Fitossanitário

As pulverizações foram baseadas em dados de contagens de pragas por semana registados na


folha de contagens, resumindo as observações em 6 plantas da área útil. Os resultados da
monitoria eram comparados com os anteriores para auxiliar a tomada de decisão, na previsão e
determinação ds estratégias de controlo a fazer.

Foram realizadas 2 pulverzações utilizando pulverizador dorsal. A primera foi feita na primeira
semana de fevereiro, portanto 26 dias após sementeira, no momento em que a densidade de
lagartas de ¼ lagartas/plantas. A segunda foi realizada 36 dias após sementeira. Para tal foram
usados extratos de plantas de rícinos e margosa.

3.3.2.3.5. Colheita e tratamento do grão

A colheita manual do milho foi desencadeada após a maturação fisiológica, cerca de 107 dias
após a emergência. Para o milho foram colhidas espigas em cada planta, tendo sido separadas as
espigas comerciais e não comerciais. Consideraram-se espigas comerciais todas aquelas que
apresentavam mais de 15 cm sem palha e sem nenhum dano. Para o feijão nhemba e boer foram

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colhidas as vagens em cada planta. Para a cultura de soja, foram arrancadas todas plantas. Uma
vez secas, as plantas e vagens foram submetidas ao processo de debulha manual, seguido pelo
processo de limpeza para a eliminação de impurezas (pedrinhas e capim), no mesmo dia através
da peneiração manual. Determinou-se o peso de 100 sementes e o peso total do grão de cada
parcela (unidade experimental), usando a balança electrónica de três dígitos de precisão.

3.3.3. Variáveis observadas

A avaliação de pragas foi feita semanalmente no período da manhã, apartir dos 20 dias após
emergência do milho, usando linhas centrais tendo sido tomadas como amostra 6 plantas
aleatoriamente seleccionadas. Nas duas linhas centrais a primeira e a última também servirão
como bordaduras.

Em cada planta era observada a incidência das lagartas, densidade das lagartas e o nível médio
de ataque da lagarta do funíl.

A prospecção de pragas foi feita semanalmente num total de 4 observações nas manhãs a partir
de 20 dias após emergência da cultura de milho, usando uma amostragem do tipo convencional ,
cminhando em zig-zag. A amostragem do tipo convencional consistiu em seleccionar um número
fixo de amostras (seis plantas/subparcela). Em cada planta era observada, primeiro, a folha
principal no meio da planta, depois duas folhas da parte apical (funíl) da mesma, anotando o
número de indivíduos de pragas presentes, incluíndo os ovos e as lagartas de Spodoptera
frugiperda.

Foram colhidos outros dados agronómicos essencias, tais como número de espigas comerciais,
número de espigas não comerciais, rendimento comercial (kg/ha) e peso de cem sementes (g) das
plantas colhidas.

Em relação às outras culturas consociadas, não se registou nenhum dado entomológico, em


agronómico, que possa ser submetido a análise estatística. Assim, neta análise foram
considerados todos os dados colhidos apenas da cultura principal.

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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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3.3.3.1. Incidência da lagarta do funíl (%)

Refere-se à quantidade de lagarta existente no ensaio antes e depois da aplicação dos


insecticidas.

Para determinação da incidência da lagarta do funíl do milho no campo, contou-se números de


plantas atacadas pela lagarta e dividiu-se pelo número total das plantas da parcela conforme
mostra a fórmula de Chaube & Singh (1991).

𝐍º 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬 𝐚𝐭𝐚𝐜𝐚𝐝𝐚𝐬
ID = 𝐍º 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬 𝐨𝐛𝐬𝐞𝐫𝐯𝐚𝐝𝐚𝐬 × 𝟏𝟎𝟎%

Onde: ID representa a incidência da doença

Com aplicação da fórmula acima, determinou-se os níveis de incidência da lagarta do funíl nos
diferentes tratamentos e recorreu-se à escala diagramática de classificação de pragas.

3.3.3.2. Densidade das lagartas

Refere-se ao numero total de lagartas que foram observadas na área útil dedada parcela avaliada.
Esta variável foi calculada a partir do número total de lagarta do funíl por unidade experimental
observado durante o ciclo da cultura.

3.3.3.3. Nível médio de ataque (NMA)

De acordo com a escala visual de danos (Davis & Williams, 1980) que é avaliada mediante a
nota de observação directa e cálculos que varia de 0 a 9 na escala.

Para avaliar os danos nos tratamentos foram seleccionadas 6 plantas. Após 20 dias, foi realizada
uma avaliação do ataque, utilizando uma escala visual de danos proposta por Davis & Williams
(1989) (Tabela 4), sendo a nota média de danos obtida dos valores de cada observação.

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Tabela 4. Escala visual de danos para Spodoptera frugiperda proposta por Davis & Williams
(1989)

Nota Descrição
0 Nenhum dano nas folhas
1 Perfurações diminutas em algumas folhas
2 Pequena quantidade de perfurações arredondadas em algumas folhas
3 Perfurações arredondadas em várias folhas
4 Perfurações arredondadas e lesões em algumas folhas
5 Lesões em várias folhas
6 Grandes lesões em várias folhas
7 Grandes lesões e porções comidas (dilaceradas) em algumas folhas
8 Grandes lesões e porções comidas (dilaceradas) em várias folhas
9 Grandes lesões e porções comidas (dilaceradas) na maioria das folhas

3.3.4. Variáveis medidas

3.3.4.1. Peso de 100 Sementes

Em cada tratamento, pesamos 100 sementes seleccionadas aleatoriamente. A amostra foi extraída
do rendimento das repetições dentro de cada tratamento cujos pesos foram determinados com
uma balança de precisão de 210 g. A pesagem foi feita após a secagem e selecção criteriosa das
sementes.

3.3.4.2. Rendimento do grão

O rendimento por hectare foi calculado usando a fórmula abaixo descrita, após a debulha,
limpeza, secagem do grão e selecção. Fórmula usada para determinar o rendimento do grão:

PG
𝐑𝐞𝐧𝐝 (𝐤𝐠. 𝐡𝐚−𝟏 ) = ∗ NP. ha−1
Nt de plantas colhidas

Onde:

PG – peso do grão.

NP – numero de plantas por hectare (41,791.6)

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3.4. Processamento e Análise de dados

Os dados colectados em campo, primeiramente foram processados usando o programa


informático “Excel” para determinação das médias dos tratamentos. Posteriormente foram feitas
as análises estatísticas com auxílio do pacote estatístico SISVAR versão 5.3. Foi feita a análise
de variância ds variável incidência, densidade, ível médio de ataque, espiga comercial, espiga
não comercial, peso de cem sementes e rendimento do grão para separação de médias foi usado o
teste de Tukey ao nível de significância de 5% de probabilidade. A correlação de Person foi feita
entre a incidência, densidade e nível médio de ataque com o rendimento.

Tabela 5. Esquema de análise de variância usado para o presente estudo.

FV GL SQ QM FC
Bloco b-1 SQBloco QMBloco QMBloco/QM Erro a
Factor A a-1 SQ A QM A QMA/QM Erro a
Factor G g-1 SQ G QM G QMG/QM Erro b
AXG (a-1) (g-1) SQA G QMA G QM A G/QM Erro b
Erro (a ×g-1) (a-1) SQ Erro b QM Erro b -
Total Abg-1 SQ Total - -
Fonte: Ott e Longnecker (2001)

Legenda:

SQ- Soma de Quadrados; SQT- Soma de Quadrados de Tratamentos; SQB- Soma de Quadrados
de Blocos; SQE- Soma de Quadrados do Erro; GL- graus de liberdade; QM- Quadrados Médios;
QMT- Quadrados Médios dos Tratamentos; QMB- Quadrados Médios dos Blocos.

Fórmula usada para o cálculo de coeficiente de variação:

𝐐𝐌𝐄
CV (%) = √ × 𝟏𝟎𝟎
𝐘

Legenda:
CV – coeficiente de variação;
Y – média geral do ensaio;
QME – quadrado médio do erro.

Autora: Ana Domingas Assane Página 43


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A tabela abaixo representada a classificação do coeficiente de variação.

Tabela 6. Classificação geral do coeficiente de variação

Valores do CV Variação Precisão


0 à 10% Baixo Alta
10 à 20% Médio Média
20 à 30% Alto Baixa
>30% Muito alto Muito baixa
Fonte: Gomes (2000: 477)

3.5. Limitações do estudo

Durante a realização do presente estudo, foram enfrentadas várias limitações algumas delas
consideradas como normais e outras atípicas para actividades agrícolas no caso de:

 O atraso da sementeira devido as chuvas excessivas nos meses de Janeiro e Fevereiro do


ano em curso, que culminou no alagamento do solo dificultando a sua operação;
 Vias de acesso ao campo de ensaio muito destruídas.
 Excacez de chuvas durante o período de floração e formação das cápsulas;
 Queda irregular das chuvas que arrastaram toda semente após a fase da sementeira;
 A falta de literaturas nacionais que abordam acerca do tema em estudo.

Autora: Ana Domingas Assane Página 44


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CAPITULO IV: RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÕES

4.1. Comparação das médias do número de espigas comerciais e não comerciais

Tabela 7. Comparação das médias do número de espigas comerciais e não comerciais nos
diferentes tratamentos

Variáveis
Tratamento Espiga Comercial/ha Espiga não comercial/ha
Milho puro 6625.00 AB 10705.00 B
Milho consociado com feijão nhemba 5103.75 C 7953.75 C
Milho consociado com soja 6976.25 A 10485.00 B
Milho consociado com feijão boer 6070.00 B 12250.00 A
Média geral 6193.75 10348.44
DMS 867.26 1453.61
CV(%) 6.34 6.36
1
Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de significância.

Verificou-se diferença entre os sistemas de cultivo para todas as características associadas ao


milho. Nos parâmetros relacionados à produção de milho, a consociação entre milho e soja se
mostrou superior em comparação aos demais tratamentos com destaque com a consociação
milho e feijão nhemba, sendo observados incrementos de 15.5% no número de espigas
comerciais, 21.26% no número de espigas não comercias entre feijão boer e feijão nhemba.
Ambos os valores estão dispostos na Tabela 7.

Quanto a variável número de espigas comerciais por hectar, a maior média para esta variável foi
obtida no tratamento milho consociado com soja com cerca de 6976.25 seguida pelo tratamento
milho puro com uma média de 6625.00 espigas. A menor média foi observada no tratamento
milho consociado com feijão nhemba com cerc de 5103.75 espigas.

Os resultados do peso de cem sementes apresentam um CV inferior a 10%, portanto (6.34%),


valor que é considerado baixo na classificação de Gomes (1985) citado por Lana, Neto, Almeida,
Rezende, e Prates (2006) o que confere maior precisão e fiabilidade dos resultados do ensaio.

Autora: Ana Domingas Assane Página 45


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Os resultados aqui apresentados confirmam estudos anteriores onde houve pequena influência do
consociação com o feijão-de-corda na productividade do milho, sendo constatado que o
sombreamento do milho é o principal redutor da productividade da leguminosa no consócio, em
decorrência da competição por luz (Willey e Osiru, 1972; Andrade et al., 1974; Aidar e Vieira,
1979; Lima e Vieira, 1982, Geraldi, 1983; Araújo et al., 1983 citados em Souza, Távora,
Bleicher, & Pitombeira, 2004). Além disso, o milho é considerado uma espécie fortemente
competitiva por CO2 e luz (Willey e Osiru, 1972; Fisher, 1974; Vieira, 1980 citados por Souza,
Távora, Bleicher, & Pitombeira, 2004) e por causa do sistema radicular mais adensado e
favorecido em relação ao feijoeiro na absorção de água e nutrientes (Ofri e Stern, 1987 citado
por Souza, Távora, Bleicher, & Pitombeira, 2004).

4.2. Comparação das médias de peso de cem sementes e rendimento do grão

Tabela 8. Comparação das médias de peso de cem sementes (g) e rendimento do grão (kg/ha)
entre os tratamentos

Variáveis
Tratamento Peso de cem sementes (g) Rendimento do grão
(kg/ha)
Milho puro 24.52 AB 1746.31 B
Milho consociado com feijão nhemba 23.05 B 1813.69 B
Milho consociado com soja 25.21 A 2227.55 A
Milho consociado com feijão boer 24.56 AB 1510.92 B
Média geral 20.32 1824.62
DMS 1.84 375.06
CV(%) 3.88 9.31
1
Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de significância.

Os resultados da análise de variância mostraram que houve diferenças significativas (Pr>0.5)


entre os tratamentos no que se refere as variáveis peso de cem sementes e rendimento do grão.

Autora: Ana Domingas Assane Página 46


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4.3. Peso de cem sementes

No que diz respeito ao peso de cem sementes, O maior peso de cem sementes foi obtido na
consociação entre milho e soja com uma média de 25.21 gramas seguida pelo consócio entre
milho e feijão boer com uma média de 24.56 gramas. A menor média do peso de cem sementes
foi obtido pelo tratamento milho puro com uma média de 24.52 gramas seguido pelo tratamento
milho consociado com feijão nhemba com uma média de 23.05 gramas.

Os resultados do peso de cem sementes apresentam um CV inferior a 10%, portanto (3.88%),


valor que é considerado baixo na classificação de Gomes (1985) citado por Lana, Neto, Almeida,
Rezende, e Prates (2006) o que confere maior precisão e fiabilidade dos resultados do ensaio.

Estes resultados corroboram com os obtidos por Arantes et al. (2016) citado por (Paz, et al.,
2017), que ao avaliarem o milho consorciado com leguminosas também verificaram diferença
entre as espécies avaliadas para esta variável.

Pode-se inferir que a soja e o feijão bóer foram os que apresentaram menor grau de competição
por água, luz e nutrientes, o que teve efeito nas maiores médias de peso de 100 sementes do
milho nas parcelas com a presença destas duas leguminosas (Paz, et al., 2017). Outros autores
observaram resultados próximos aos obtidos neste trabalho. Souza et al. (2004) citado por Paz, et
al. (2017), ao avaliarem o consórcio milho + feijão nhemba e seus efeitos sobre o rendimento de
grãos, observaram que a presença da leguminosa na consociação com o milho não afetou o peso
de 100 sementes. Santos et al. (2016) citado por Paz, et al. (2017), ao avaliarem o desempenho
agronômico do milho e do feijão nhemba e soja consociados em diferentes densidades
populacionais e arranjos de plantas, também verificaram baixa competição da leguminosa em
relação ao milho para a variável peso de 100 sementes, indicando que os diferentes sistemas de
cultivo não afetaram o processo fisiológico de formação das sementes. Já Gallo (2016) citado por
Paz, et al. (2017), avaliando o crescimento e a productividade do milho em cultivo consociado
com soja em diferentes arranjos de plantas, verificou que a leguminosa não competiu com o
milho a ponto de reduzir o peso de 100 sementes, mesmo quando o milho foi semeado com
maiores populações, demonstrando que a gramínea possui elevado poder de competição em
relação à espécie consociada. Contudo, de acordo com Borrás e Otegui (2001) citado por Paz, et

Autora: Ana Domingas Assane Página 47


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al. (2017) a variação no peso de 100 sementes é uma resposta do genótipo, já que este
componente de produção é o menos afetado pelas práticas de maneio e, ou, adubação.

4.4. Rendimento do grão

O rendimento de grãos foi significativamente influenciado diretamente pelo sistema de cultivo,


tanto para a cultura do feijão e soja, quanto para o milho. A tabela 8 mostra que dentre os
tratamentos incluídos no estudo em relação à productividade houve ganho em quase todos os
tratamento. O maior rendimento foi obtido na consociação entre milho e soja com uma média de
2227.55 kg/ha seguido pelo consócio entre milho e feijão nhemba com uma média de 1819.69
kg/ha. A menor média do rendimento foi obtida pelo tratamento milho consociado com feijão
boer com uma média de 1510.92 kg/ha seguido pelo tratamento milho purocom uma média de
1746.31 kg/ha. No geral verifica-se ganho agronômico para o milho quando em consócio com a
soja e o feijão nhemba (Tabela 8).

Os resultados do rendimento do grão apresentam um CV inferior a 10%, portanto (9.31%), valor


que é considerado baixo na classificação de Gomes (1985) citado por Lana, Neto, Almeida,
Rezende, e Prates (2006) o que confere maior precisão e fiabilidade dos resultados do ensaio.

Os dados constatados no presente estudo corroboram com os resultados obtidos por Spagnollo et
al. (2002) citado por Paz, et al. (2017), que obtiveram maior rendimento de milho sob cultivo
intercalar por dois anos com as leguminosas feijão-de-porco, mucuna cinza, guandu-anão e soja
preta (Glycine max (L.) Merr.), comparativamente ao milho em cultivo isolado. Estes resultados
podem estar relacionados ao facto de que em sistemas de produção de milho orgânico, as
leguminosas consociadas constituem fontes de nutrientes, principalmente N via fixação
biológica, que pode beneficiar a cultura do milho (Costa e Silva, 2008 citado por Paz, et al.,
2017).

De acordo com Wutke et al. (2009) citado por Paz, et al. (2017), diversas espécies de
leguminosas utilizadas como adubos verdes têm a capacidade de fixar grandes quantidades de N
por ano, incorporando-o ao sistema produtivo: Crotalaria juncea – 150 a 450 kg ha‑1; feijão-de-
porco – 37 a 280 kg ha‑1; mucuna-preta – 120 a 210 kg ha‑1 e guandu – 37 a 280 kg ha‑1. Em

Autora: Ana Domingas Assane Página 48


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sistemas consociados, parte deste N é aproveitada pela cultura principal por diversas vias de
transferência.

A transferência do N das fabáceas para o milho pode ocorrer abaixo e/ou acima da superfície do
solo, de forma direta ou indireta, seja pela excreção de compostos nitrogenados; pela
decomposição de raízes e nódulos; pela conexão por micorrizas das raízes da poácea com
aquelas da fabácea; pela ação da fauna do solo sobre raízes e nódulos da fabácea; pela
decomposição das folhas na superfície do solo; pela lixiviação de compostos nitrogenados do
dossel e pelas perdas foliares de amônia, passível de absorção pela poácea (Barcellos et al.,
2008; Fustec et al., 2010; Pereira et al., 2011 citados por Paz, et al., 2017).

4.5. Comparação valores médios da incidência da lagarta do funíl do milho

Tabela 9. Valores médios da incidência da lagarta do funíl na cultura do milho em sistemas de


cultivos puro e consociado com o feijão nhemba, soja e feijão bor, entre 20 a 47 dias após a
emergência

Dias Após Emergência


Tratamento 20 29 35 47
Milho puro 0.43 A 0.15 A 0.19 B 0.28 A
Milho consociado com feijão nhemba 0.17 B 0.18 A 0.23 B 0.12 B
Milho consociado com soja 0.42 A 0.26 A 0.18 B 0.19 B
Milho consociado com feijão boer 0.31 A 0.19 A 0.47 A 0.02 C
Média geral 0.33 0.19 0.27 0.15
DMS 0.12 0.14 0.10 0.08
CV(%) 16.13 33.66 17.62 23.49
1
Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de significância.

Na tabela 9 acima podemos observar resultados referentes à variável incidência. Nele observa-se
uma redução no nível de incidência da lagarta do funíl no consócio entre milho e feijão nhemba
aos 20 dias após sementeira, redução aos 29 dias no milho puro, na consociação entre milho e
soja verifica-se redução na incidência aos 35 dias após emergência e na consociação entre milho
e feijão boer verifica-se redução da incidência da lagarta do funíl do milho aos 47 dias após
emergência (tabela).

Autora: Ana Domingas Assane Página 49


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Os resultados da incidência da lagarta do funíl na cultura do milho apresentam um CV que
variava entre 16.13 a 33.66%, valor que é considerado alto na classificação de Gomes (1985)
citado por Lana, Neto, Almeida, Rezende, e Prates (2006) o que confere menor precisão e
fiabilidade dos resultados do ensaio.

Resultados relatados por Cruz e Turpin (1982); Cruz et al. (1984); Oliveira et al. (1995) citados
por Souza, Távora, Bleicher, & Pitombeira (2004) indicando que a fase crítica da S. frugiperda
ocorreu entre 40-50 dias, não foram confirmados no presente estudo. Ao consórcio, a presença
de leguminosas não determinou mudanças significativas na ocorrência de danos causados à
cultura do milho pela lagarta do funíl. Embora haja diferenças significativas para a ocorrência da
praga entre os tratamentos consorciados, os resultados não se revelaram consistentes, pois não
foi constatada associação entre as diversas combinações na proporção entre as culturas e a
ocorrência da praga.

Esse resultado não está em consonância com os obtidos por Castro et al. (1994), quando os danos
causados pela lagarta-do-cartucho não foram reduzidos no consórcio com a leguminosa. Oliveira
et al. (1995) obtiveram resultados semelhantes com essas duas culturas, muito embora tenha
havido uma redução dos danos no consórcio, exceto aos 21 e 28 dias. Há outros relatos que
demonstram a redução da ocorrência desta praga quando o milho é cultivado em consórcio com
leguminosas (Altieri et al., 1977; Quinderé e Santos, 1985; Oliveira et al.,1995; Azevedo e
Araújo, 2000).

Autora: Ana Domingas Assane Página 50


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4.6. Comparação de valores médios da densidade da lagarta do funíl do milho

Tabela 10. Valores médios da densidade da lagarta do funíl na cultura do milho em sistemas de
cultivos puro e consociado com o feijão nhemba, soja e feijão bor, entre 20 a 47 dias após a
emergência

Dias Após Emergência


Tratamento 20 29 35 47
Milho puro 0.49 B 0.15 B 0.21 C 0.33 A
Milho consociado com feijão nhemba 0.31 B 0.18 B 0.34 B 0.10 C
Milho consociado com soja 0.76 A 0.36 A 0.18 B 0.23 B
Milho consociado com feijão boer 0.42 B 0.19 B 0.81 A 0.01 C
Média geral 0.49 0.22 0.38 0.14
DMS 0.19 0.15 0.11 0.04
CV(%) 17.36 31.28 12.63 13.86
1
Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de significância.

Na tabela 10 acima podemos observar resultados referentes à variável densidade de ataque da


lagarta do funíl. Nele observa-se uma redução na densidade da população da lagarta do funíl no
consócio entre milho e feijão nhemba aos 20 dias após sementeira, redução aos 29 dias após
emergência no milho puro, na consociação entre milho e soja a redução da densidade da
população da laragta do funíl foi observada aos 35 dias após emergência, na consociação entre
milho e feijão boer a redução na densidade foi observado aos 47 dias após emergência.

Os resultados do nível médio de ataque da lagarta do funíl na cultura do milho apresentam um


CV inferior a 20%, valor que é considerado médio na classificação de Gomes (1985) citado por
Lana, Neto, Almeida, Rezende, e Prates (2006) o que confere maior precisão e fiabilidade dos
resultados do ensaio.

Não ocorreu o efeito conjunto entre as consociações e o maneio da lagarta do funil, porém,
verificouse que houve efeito independente das consociações e do maneio. Desta forma o milho
consociado com feijão nhemba, soja e feijão bóer apresentaram menores densidades em
diferentes fases de desenvolvimento da planta. Densidades mais baixas desta praga foram
observados no milho consociado com feijão bóer.

Autora: Ana Domingas Assane Página 51


Efeito da consociação do milho com soja, feijão nhemba e feijão bóer na incidência, densidade e nível
médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
ecológicas do distrito de Nampula
Estes resultados estão de acordo com Chamuene (2007) que afirma que o aumento das
densidades da lagarta foi observada a partir da semana oito atingindo maiores densidades nas
semanas 9, 10 e 11. Esse facto foi devido ao aparecimento de flores.

Nas semanas chuvosas foi observado uma redução populacional de insectos. De acordo com
Neto et al. (1976) citados por Chamuene (2007), esse facto pode ser devido a acçao mecânica
directa da chuva, que afecta no comportamento dos insectos. As chuvas prolongadas fazem com
que os insectos se recolham às habitações e muitas vezes impedem a postura, e
consequentemente, reduzem as populações de insectos.

4.7. Comparação de valores médios do nível médio de ataque da lagarta do funíl

Tabela 11. Valores médios do nível médio de ataque da lagarta do funíl na cultura do milho em
sistemas de cultivos puro e consociado com o feijão nhemba, soja e feijão bor, entre 20 a 47 dias
após a emergência

Dias Após Emergência


Tratamento 20 29 35 47
Milho puro 2.44 AB 2.17 A 2.71 C 2.38 A
Milho consociado com feijão nhemba 2.41 AB 1.14 C 1.92 D 0.45 D
Milho consociado com soja 2.14 B 1.65 B 3.10 B 1.36 B
Milho consociado com feijão boer 2.56 A 1.50 B 4.00 A 1.01 C
Média geral 2.39 1.61 2.93 1.30
DMS 0.33 0.32 0.25 0.15
CV(%) 6.29 8.91 3.90 5.39
1
Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de significância.

Na tabela 11 acima podemos observar resultados referentes à variável nível médio de ataque da
lagarta do funíl. Nele observa-se uma redução no nível médio de ataque da lagarta do funíl no
consócio entre milho e soja aos 20 dias após sementeira, redução aos 29, 35 e 47 dias após
emergência na consociação entre milho e feijão nhemba.

Os resultados do nível médio de ataque da lagarta do funíl na cultura do milho apresentam um


CV inferior a 10%, valor que é considerado baixo na classificação de Gomes (1985) citado por

Autora: Ana Domingas Assane Página 52


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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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Lana, Neto, Almeida, Rezende, e Prates (2006) o que confere maior precisão e fiabilidade dos
resultados do ensaio.

Resultados obtidos no presente estudos coroboram com os apresentados por Souza, Távora,
Bleicher, & Pitombeira (2004), que afirmam que o plantio consociado com o feijão-de-corda não
reduziu a percentagem de plantas atacadas pela lagarta do funíl na cultura do milho. Ao
contrário, a idade da cultura influenciou significativamente a intensidade de ataque da praga. Em
ambos os sistemas de plantio, o maior pico populacional dessa espécie ocorreu quando as plantas
estavam com 35 dias de idade, tendo em seguida, de forma acelerada, caído a níveis que
oscilaram entre 0.45 a 2,8%, no período de 47 dias após emergência. Estes resultados são
semelhantes aos observados por Lazzari e Foerster (1983) citados por Souza, Távora, Bleicher,
& Pitombeira (2004), quando verificaram que o pico populacional de lagartas do funíl na cultura
do milho ocorreu aproximadamente aos 45 dias após emergência.

Os resultados são semelhantes aos obtidos por Karel et al. (1980) e Oliveira et al. (1995) citados
por Souza, Távora, Bleicher, & Pitombeira (2004)que observaram, independentemente do
sistema de plantio, picos de incidência da praga aproximadamente aos 42 e 48 dias,
respectivamente.

Autora: Ana Domingas Assane Página 53


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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
ecológicas do distrito de Nampula
4.8. Correlação entre as diferentes variáveis estudadas e o rendimento

4.8.1. Correlação entre espiga comercial e rendimento do grão

O gráfico 2 abaixo apresenta os resultados da correlação entre o espigas comeriais e rendimento


do grão nos diferentes tratamentos.

Gráfico 2. Correlação entre o espigas comeriais e rendimento do grão

2500.00
Rendimento do grão(kg/ha)

2000.00
y = 0.166x + 796.54
R² = 0.2065
1500.00
R = 0.4544

Dispersão
1000.00
Linha de tendência

500.00

0.00
0.00 1000.002000.003000.004000.005000.006000.007000.008000.00
Espigas comerciais/ha

Os dados apresentados no gráfico 2 acima representam a correlação entre a espiga comercial e o


rendimento do grão, observa-se que o valor de coeficiente de correlação (R) foi de 0,4544, que
segundo a classificação feita por Peternelli (2002:17) considera-se a existência de correlação
moderada positiva, isto indica que a intensidade de associação entre as variáveis teve um efeito
moderado o que significa que se os valores do número de espigas comerciais aumentarem, o
rendimento aumentará de forma moderada em função ao número de espigas, portanto, o
rendimento do grão foi moderavelmente influenciado pelo número de espigas comerciais.

Autora: Ana Domingas Assane Página 54


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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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4.8.2. Correlação entre peso de cem sementes e rendimento do grão

O gráfico 3 apresenta os resultados da correlação entre o peso de cem sementes e o rendimento


do grão nos diferentes tratamentos em estudo.

Gráfico 3. Correlação entre o peso de cem sementes e o rendimento do grão.

2500.00
Rendimento do grão (kg/ha)

2000.00
y = 123.22x - 1165.6
R² = 0.1397
1500.00 R = 0.3738

Dispersão
1000.00
Linha de tendência
500.00

0.00
22.50 23.00 23.50 24.00 24.50 25.00 25.50
Peso de cem sementes (g)

A correlação entre a variável peso de 100 sementes e o rendimento do grão da cultura do milho,
observa-se no gráfico 3 acima que o valor do coeficiente de correlação (R) é 0,3738 entre as
variáveis. Sousa (2008:7) considera haver uma correlação fraca positiva entre as variáveis. Este
coeficiente indica que a intensidade da relação entre estas variáveis é fraca, isto é, o rendimento
foi fracamente influenciado pelo peso de 100 sementes, ou seja, a medida em que aumentar o
peso de 100 sementes aumentar o rendimento do grão da cultura de milho aumentará de forma
fraca.

Autora: Ana Domingas Assane Página 55


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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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4.8.3. Correlação entre incidência da lagarta do funíl do milho e rendimento do grão

O gráfico 4 apresenta os resultados da correlação entre a incidência da lagarta do funíl do milho


e o rendimento do grão nos diferentes tratamentos em estudo.

Gráfico 4. Correlação entre a incidência da lagarta do funíl do milho e o rendimento do grão.

2500.00
Rendimento do grão (kg/ha)

2000.00 y = -167.41x + 1964.1


R² = 0.0079
R = 0.0889
1500.00

Dispersão
1000.00
Linha de tendência

500.00

0.00
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20
Incidência da lagarta do funíl do milho

A representação da correlação entre as incidência da lagarta do funíl do milho e o rendimento do


grão do milho, gráfico 4 acima, mostra que a correlação entre as variáveis apresentou o valor de
coeficiente de correlação (R) de 0,0889 que segundo a classificação feita por Sousa (2008:7)
considera a existência de correlação forte positiva, isto indica que a intensidade de associação
entre as variáveis é forte, portanto, o rendimento do grão sofreu uma influência forte, portanto o
rendimento foi fortemente influenciado pela incidência da lagarta do funíl do milho.

A relação entre as pragas com o rendimento indica que quando a incidência da lagarta de funíl
aumenta o rendimento diminui significativamente. Por isso onde aumenta a incidência, reduz
relativamente o rendimento.

Autora: Ana Domingas Assane Página 56


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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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4.8.4. Correlação entre densidade da lagarta do funíl do milho e rendimento do grão

O gráfico 5 apresenta os resultados da correlação entre a densidade de lagarta de funíl do milho e


o rendimento do grão.

Gráfico 5. Correlação entre a densidade de lagarta de funíl do milho e o rendimento do grão

2500.00
Rendimento do grão (kg/ha)

2000.00
y = 1205x + 1442.8
R² = 0.0737
1500.00 R = 0.2715

Dispersão
1000.00
Linha de tendência

500.00

0.00
0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50
Densidade da lagarta do funíl do milho

Os dados apresentados no gráfico 5 acima representam a correlação entre a densidade de lagarta


de funíl do milho e o rendimento do grão, pode-se observar que o valor de coeficiente de
correlação (R) é de 0,2715, que segundo a classificação feita por Sousa (2008:7) considera-se a
existência de correlação fraca positiva, isto indica que a intensidade de associação entre as
variáveis foi fraca, portanto, onde se registou elevadas densidades da lagarta de funíl, o
rendimento foi relativamente baixo (por exemplo, o milho consociado com feijão boer) e nos
tratamentos com menores densidades da lagarta do funíl (milho consociado com feijão nhemba)
os rendimentos foram relativamente altos.

Autora: Ana Domingas Assane Página 57


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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
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4.8.5. Correlação entre nível médio de ataque da lagarta do funíl e rendimento do grão

O gráfico 6 apresenta os resultados da correlação entre nível médio de ataque da lagarta de funíl
do milho e o rendimento do grão.

Gráfico 6. Correlação entre nível médio de ataque da lagarta de funíl do milho e o rendimento do
grão

2500.00
Rendimento do grão (kg/ha)

2000.00
y = -168.39x + 2171.3
R² = 0.0544
1500.00
R = 0.2332

Dispersão
1000.00
Linha de tendência

500.00

0.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00
Nível médio de ataque da lagarta do funíl do milho

Os dados apresentados no gráfico 6 acima representam a correlação entre a densidade de lagarta


de funíl do milho e o rendimento do grão, pode-se observar que o valor de coeficiente de
correlação (R) é de 0,2332, que segundo a classificação feita por Sousa (2008:7) considera-se a
existência de correlação fraca positiva, isto indica que a intensidade de associação entre as
variáveis foi fraca, portanto, onde se registou elevados níveis de ataque da lagarta de funíl, o
rendimento foi relativamente baixo embora a proporção de redução do rendimento seja fraca a
medida em se vai aumentado o ataque pelas pragas.

Autora: Ana Domingas Assane Página 58


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CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram as seguintes conclusões:

 O milho comportou-se como dominante quando consociado com feijão nhemba, soja e
feijão boer em relação ao milho produzido em monocultura.
 Em relação às variáveis espiaga comercial e espiga comercia, notou-se que o maior
número de espigas comerciis foi obtido na consociação entre milho e soja com cerca de
6,976.25 espigas por hectar e o menor número de espigas comerciais foi obtido pela
consociação entre milho e feijão nhemba com cerca de 5,103.25 espigas por hectar. No
que diz respeito às espigas não comerciais, a consociação entre milho e feijão boer obteve
maior número com cerca de 121,250.00 espigas por hectar e o menor número de espigas
não comerciais foi observado na consociação entre milho e feijão nhemba com cerca de
7,953.75 espigas por hectar.

 Quanto ao peso de 100 sementes constata-se que o maior peso foi verificado na
consociação entre milho e soja com cerca de 25.21 gramas e a menor média para esta
variável foi observada na consociação entre milho e feijão boer com uma média de 23.05
gramas.

 A incidência mais elevada da lagarta do funíl observou-se 20 dias após emergência até
aos 35 dias. A consociação que mostrou incidência, densidade e nível médio de ataque
relativamente mais baixa foi entre milho e feijão nhemba tendo se mostrado mais notório
aos 47 dias após emergência. A maior ocorrência de danos causados pela lagarta do funíl
na cultura do milho se deu aos 20 até 35 dias após emergência.

 Com o uso da consociação constatou-se que houve um forte efeito sobre rendimento da
cultura de milho. Porém a consociação entre milho e soja foi a que obteve melhor
rendimento com cerca de 2,227.55 kg/ha. Contudo, existem evidências suficientes para
rejeitar-se a hipótese nula e aceitar-se a hipótese alternativa que diz existe pelo menos um
dos tratamentos que traz um efeito significativo no controlo da lagarta do funil e/ou nas
componentes de rendimento do milho

Autora: Ana Domingas Assane Página 59


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5.2. Recomendações

Com base nos resultados obtidos e as conclusões chegadas durante o estudo recomenda-se:

Ao Instituto de Investigação Agrária de Moçambique - IIAM

 Para que faça estudos repetitivos de avaliação do efeito da consociação do milho com
soja (Glycine max L.), Feijão nhemba (Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer
(Cajunus cajunus) na incidência, densidade e nível médio deataque da lagarta do funil do
milho Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho
(Zea mays L) nas condições agro-ecológicas do distrito de Nampula para que se possa
comprovar a legitimidade dos resultados do presente estudo e obter uma amostra
demonstrativa da realidade do distrito.

 Que desenvolva estudos com os objectivos de fazer análises económicas de modo a


verificar se existe um ganho no cultivo de milho consociado com leguminosas e outras,
mas incluindo outros objectivos de estudo, como sejam os casos de tratamentos
fitossanitários, densidade de sementeira, aplicação de inoculantes nas leguminosas, de
modo a encontrar todos os detalhes técnicos dos tratamentos em estudo, visando o
aumento do seu potencial produtivo nas condições locais.

Às entidades de extensão, investigação e de pesquisa, e a todos os níveis,

 Para que façam promoção do uso de sistemas de cultivo de milho em consociação com
leguminosas, particularmente, para pequenos e médios produtores, pois essa prática é
importante para a gestão de mão-de-obra, melhor aproveitamento da terra e maior
rendimento económico. Desta maneira, 50% da área total pode ser ocupada pelo milho e
50% por outras culturas consociadas.

Aos agricultores de Gurúè, e os de Ruace em particular,

 Recomenda-se o uso das culturas de feijão nhemba e soja na consociação com o milho.
No caso de feijão boer, como cultura consociada, sugere-se a subistituição por variedades
de ciclo curto.
 No caso de maneio de pragas, as aplicações de isecticidas devem ser feitas na base de
limiar económico para minimizar os danos causados pelas pragas e usando pesticidas
orgânicos, de modo a conservar os inimigos naturais e, consequentemente, maximizar o
rendimento de campo e económico.

Autora: Ana Domingas Assane Página 60


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Apêndices

Autora: Ana Domingas Assane Página 61


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Apêndice I. Protocolo de Ensaio

1 Planeamento do O autor
ensaio
2 Condução do ensaio O autor
3 Local Campos do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM), distrito de Nampula - Nampula
4 Ano do ensaio 2020
5 Espécie vegetal Milho (Zea maize L.), Feijão nhemba (Vigna unguiculata (L.)
Walp.), Soja (Glycine max L. Merr.) e Feijão boer (Cajunus
cajunus)
6 Objectivo do ensaio Avaliar o efeito da consociação do milho com soja (Glycine max
L.), Feijão nhemba (Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer
(Cajunus cajunus) na incidência, densidade e nível médio
deataque da lagarta do funil do milho Spodoptera frugiperda
(Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea
mays L).
Tratamentos 4 x 1: Milho puro, consociação de milho com feijão nhemba, soja
e feijão boer
7 Esquema do ensaio Veja-o no apêndice II
Número repetições 4
Tamanho das 8 X 5 m = 40 m2
parcelas
Área útil por 7 X 4 m = 28 m2
parcela
Área total do ensaio 874 m2
Comprimento 38 m
Largura 23 m
Método de ensaio Blocos Completos Casualizados. Esquema mono-factorial
Número de parcelas 16
8 Trabalho realizar
Limpeza Remoção de toda vegetação da área de ensaio, escarificação no
vaso
Aquisição do Compra de Sementes, adubos, fita-métrica e pesticidas
material
Método de 2 Sementes por covacho, à mão
sementeira
Distância entre 2,0 m
blocos
Distância entre 1,0 m
parcelas
Origem das IIAM – Nampula – Nampula
sementes

Autora: Ana Domingas Assane Página 62


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médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
ecológicas do distrito de Nampula
Tratamentos Doenças: Ferrugem asiática, Mancha-angular, mancha-de-
fitossanitários cercospora, nmancha-bacteriana, mancha-de-alternaria, podridão-
negra-do-caule, murcha-de-fusarium. Insectos: lagarta do funíl,
lagarta-enroladeira, cigarrinha-verde, Empoasca sp., pulgão,
Myzus persicae, mosca-branca, besouro-amarelo.

Colheita Finais do mês de Maio de 2020


Tomada de 6 Plantas por metro quadrado por tratamento na parcela
amostras
9 Medições e Dados fenológicos:
Observações Observações: Incidência, Densidade, Nível médio de ataque da
lagarta do funíl.
Contagem: Número de espigas comerciais
Número de espigas não comerciais
Pesagem: Peso de 100 Sementes (g)
Rendimento do grão (kg/ha)

10 Descrição do ensaio Na metodologia

11 Avaliação do ensaio O autor

12 Relatório do ensaio O autor

Autora: Ana Domingas Assane Página 63


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Apêndice II. Esquema de Ensaio

Tamanho das Parcelas: 8 m x 5 m = 40 m2

Espaçamento entre Blocos = 2 m

Espaçamento entre Parcelas = 1,0 m

Área do Ensaio: 38 m x 23 m = 874 m2

Autora: Ana Domingas Assane Página 64


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Apêndice III: Tabela de Analise de Variância

Apêndice III.I: Tabela de Analise de Variância para Espiga Comercial

--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 32.027150 10.675717 17.304 0.0004
REP 3 8.479150 2.826383 4.581 0.0328
erro 9 5.552400 0.616933
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 46.058700
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 6.34
Média geral: 12.3875000 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------

Apêndice III.II: Tabela de Analise de Variância para Espiga Não Comercial

--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 151.940069 50.646690 29.223 0.0000
REP 3 18.187819 6.062606 3.498 0.0629
erro 9 15.598256 1.733140
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 185.726144
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 6.36
Média geral: 20.6968750 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------

Apêndice III.III: Tabela de Analise de Variância para Peso de Cem Sementes

--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 10.000792 3.333597 4.479 0.0347
REP 3 1.985774 0.661925 0.889 0.4829
erro 9 6.698241 0.744249
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 18.684808
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 3.55
Média geral: 24.3343750 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------

Apêndice III.IV: Tabela de Analise de Variância para Rendimento do Grão

--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 141125.875000 47041.958333 14.331 0.0009
REP 3 36301.875000 12100.625000 3.686 0.0558
erro 9 29542.000000 3282.444444
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 206969.750000
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 5.60
Média geral: 1022.8750000 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------

Autora: Ana Domingas Assane Página 65


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Apêndice III.V: Tabela de Analise de Variância para Incidência da Lagarta do Funíl

--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 0.110000 0.036667 1.0E+0009 0.0000
REP 3 0.000000000E+0000 0.00000000E+0000 1.0E+0009 0.0000
erro 9 0.000000000E+0000 0.00000000E+0000
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 0.110000
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 0.00
Média geral: 0.2250000 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------

Apêndice III.VI: Tabela de Analise de Variância para Densidade da Lagarta do Funíl

--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 0.126875 0.042292 67.667 0.0000
REP 3 0.001875 0.000625 1.000 0.4363
erro 9 0.005625 0.000625
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 0.134375
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 10.81
Média geral: 0.2312500 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------

Apêndice III.VII: Tabela de Analise de Variância para Nível Médio de ATaque da Lagarta
do Funíl

--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 8.801875 2.933958 142.253 0.0000
REP 3 0.091875 0.030625 1.485 0.2834
erro 9 0.185625 0.020625
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 9.079375
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CV (%) = 6.10
Média geral: 2.3562500 Número de observações: 16
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Autora: Ana Domingas Assane Página 66


Efeito da consociação do milho com soja, feijão nhemba e feijão bóer na incidência, densidade e nível
médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
ecológicas do distrito de Nampula

Anexos

Autora: Ana Domingas Assane Página 67


Efeito da consociação do milho com soja, feijão nhemba e feijão bóer na incidência, densidade e nível
médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
ecológicas do distrito de Nampula
Anexo I: Dados brutos do ensaio

Tratamento REP EC ENC ECHA ENCHA RG P100S

Milho Puro 1 13.00 18.25 6500.00 9125.00 1557.761 23.783


Milho Puro 2 14.00 21.06 7000.00 10530.00 1807.255 24.430
Milho Puro 3 12.00 22.33 6000.00 11165.00 1831.562 24.115
Milho Puro 4 14.00 24.00 7000.00 12000.00 1788.645 25.755
Milho+Feijão boer 1 14.00 24.00 7000.00 12000.00 1399.609 23.998
Milho+Feijão boer 2 12.00 24.00 6000.00 12000.00 1449.000 24.025
Milho+Feijão boer 3 10.90 26.00 5450.00 13000.00 1531.952 24.875
Milho+Feijão boer 4 11.66 24.00 5830.00 12000.00 1663.135 25.330
Milho+Soja 1 14.25 19.50 7125.00 9750.00 2466.749 26.815
Milho+Soja 2 13.56 21.00 6780.00 10500.00 2087.763 24.535
Milho+Soja 3 13.00 23.00 6500.00 11500.00 2191.261 25.200
Milho+Soja 4 15.00 20.38 7500.00 10190.00 2164.416 24.289
Milho+Feijão nhemba 1 11.25 14.00 5625.00 7000.00 1991.071 23.420
Milho+Feijão nhemba 2 10.97 17.13 5485.00 8565.00 1923.199 22.105
Milho+Feijão nhemba 3 8.81 15.50 4405.00 7750.00 1741.585 23.145
Milho+Feijão nhemba 4 9.80 17.00 4900.00 8500.00 1598.916 23.530

Tratamento REP INC1 INC2 INC3 INC4


Milho Puro 1 0.50 0.09 0.21 0.17
Milho Puro 2 0.31 0.11 0.17 0.21
Milho Puro 3 0.25 0.17 0.17 0.33
Milho Puro 4 0.50 0.17 0.26 0.33
Milho+Feijão boer 1 0.33 0.17 0.38 0.04
Milho+Feijão boer 2 0.31 0.26 0.50 0.00
Milho+Feijão boer 3 0.25 0.21 0.43 0.17
Milho+Feijão boer 4 0.50 0.17 0.50 0.00
Milho+Soja 1 0.38 0.21 0.17 0.17
Milho+Soja 2 0.38 0.26 0.33 0.21
Milho+Soja 3 0.47 0.17 0.17 0.17
Milho+Soja 4 0.50 0.33 0.17 0.26
Milho+Feijão nhemba 1 0.21 0.33 0.21 0.08
Milho+Feijão nhemba 2 0.17 0.10 0.14 0.10
Milho+Feijão nhemba 3 0.17 0.13 0.33 0.13
Milho+Feijão nhemba 4 0.17 0.08 0.17 0.33

Autora: Ana Domingas Assane Página 68


Efeito da consociação do milho com soja, feijão nhemba e feijão bóer na incidência, densidade e nível
médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
ecológicas do distrito de Nampula

Tratamento REP DENS1 DENS2 DENS3 DENS4 NMA1 NMA2 NMA3 NMA4

Milho Puro 1 0.50 0.09 0.25 0.31 2.47 1.93 2.67 2.22
Milho Puro 2 0.38 0.11 0.17 0.25 2.21 1.65 2.83 2.12
Milho Puro 3 0.50 0.17 0.17 0.50 2.50 2.17 2.17 2.48
Milho Puro 4 0.50 0.17 0.32 0.33 3.17 2.50 2.72 2.50
Milho+Feijão boer 1 0.50 0.17 0.75 0.00 2.33 1.65 3.83 0.71
Milho+Feijão boer 2 0.17 0.26 0.83 0.00 2.80 1.17 4.05 0.89
Milho+Feijão boer 3 0.29 0.21 0.50 0.17 2.17 1.50 3.91 1.01
Milho+Feijão boer 4 0.50 0.17 0.90 0.00 2.62 1.42 4.06 1.11
Milho+Soja 1 0.59 0.37 0.17 0.21 2.17 1.43 3.00 1.23
Milho+Soja 2 0.73 0.29 0.33 0.26 2.04 1.67 3.00 1.08
Milho+Soja 3 1.17 0.17 0.17 0.17 2.99 1.67 3.17 1.41
Milho+Soja 4 1.00 1.00 0.17 0.33 2.17 1.88 3.13 1.49
Milho+Feijão nhemba 1 0.33 0.33 0.67 0.00 2.17 1.17 1.96 0.50
Milho+Feijão nhemba 2 0.25 0.13 0.25 0.00 2.50 1.04 2.67 0.17
Milho+Feijão nhemba 3 0.27 0.08 0.33 0.00 2.13 1.30 1.45 0.17
Milho+Feijão nhemba 4 0.33 0.10 0.31 0.17 2.45 1.17 1.69 0.54

Autora: Ana Domingas Assane Página 69

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