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CUAMBA
Efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), feijão nhemba
(Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajanus cajan) na incidência,
densidade e nível médio de ataque da lagarta do funil do milho Spodoptera
frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea
mays L.) nas condições agro-ecológicas do distrito de Nampula
Cuamba
Outubro de 2020
Efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), feijão nhemba
(Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajanus cajan) na incidência,
densidade e nível médio de ataque da lagarta do funil do milho Spodoptera
frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea
mays L.) nas condições agro-ecológicas do distrito de Nampula
Cuamba
Outubro de 2020
Efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), feijão nhemba
(Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajanus cajan) na incidência,
densidade e nível médio deataque da lagarta do funil do milho Spodoptera
frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea
mays L.) nas condições agro-ecológicas do distrito de Nampula
Aprovação do júri
O presente trabalho foi sujeito a avaliação do júri no dia 15 de Outubro de 2020, tendo sido
aprovado com a classificação final de __________ valores.
Júri examinador:
Presidente:____________________________________
_____
UCM – FCA
Examinador:___________________________________
_____
UCM – FCA
Orientador:___________________________________
UCM – FCA
Efeito da consociação do milho com soja, feijão nhemba e feijão bóer na incidência, densidade e nível
médio de ataque da lagarta do funil do milho e rendimento da cultura do milho nas condições agro-
ecológicas do distrito de Nampula
Declaração de honra
Eu Ana Domingas Assane declaro em minha honra que este Trabalho de Fim de Curso nunca foi
apresentado na sua essência para a obtenção de qualquer grau e que ele constitui o resultado da
minha investigação pessoal, estando indicadas no texto e nas referências bibliográficas as fontes
utilizadas.
___________________________________
O presente trabalho dedico à minha mãe e irmãos desde sempre me incentivaram a realizar o
meu sonho de ser formada e que sempre estiveram presente durante toda a minha caminhada e
fizeram todo o esforço para tornar possível o meu sonho. Agradecer Allah por dar-me forças,
saúde e firmeza durante todo o percurso.
A realização deste trabalho em primeiro lugar agradecer a Allah por sempre dar-me forças, saúde
e firmeza que ajudaram a realizar o trabalho.
Allah, ele que é omnipresente e omnipotente, graças e louvores lhe sejam dados a todo o
momento junto com seu Profeta Rassul (S.A.W) por todas as graças e todas as benesses por ele
concedidas.
Aos meus pais, irmãos, sobrinhos, família e em particular a família Machango pelo apoio
prestado.
Aos meus colegas da Faculdade em especial Rosa Elsa e Samia Adelino, pelo espírito de
camaradagem e de entre-ajuda revelado ao longo do percurso. E aos meus docentes, pela forma
sábia como souberam transmitir os conteúdos.
Agradecer a equipe do IIAM o delegado António Chamuene, Eng.º Francisco José, Eng.º Ali
Momade Ussene, Eng.º João Antonio Pedro, Eng.ª Elizeth Regina Raisse, Eng.ºSabir Tualibo
Gimo, e Eng.º Diocleciano pelo apoio prestado durante todo o meu percurso naquela prestigiada
instituição de investigação.
O presente experimento foi conduzido na campanha agrícola 2019/2020 nos campos do Instituto
de Investigação Agrária de Moçambique localizado na província de Nampula, distrito de
Nampula sob condições de sequeiro com o objectivo de avaliar o efeito da consociação do milho
com soja (Glycine max L.), feijão nhemba (Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajunus
cajunus) na incidência, densidade e nível médio de ataque da lagarta do funil do milho
Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea mays
L.). Para tal, foi utilizado o delineamento de Blocos Completos Casualizados, num esquema
mono-factorial com quatro tratamentos e três repetições. Os tratamentos estudados consistiram
na consociação de milho com três leguminosas. Durante a condução do experimento foram
recolhidos dados sobre o número de espigas comerciais, número de espigas não comerciais, peso
de 100 sementes, rendimento do grão, incidência, densidade e nível médio de ataque da lagarta
do funíl do milho. Após a organização dos dados, foram submetidos ao pacote estatístico
SISVAR versão 5.1, para a Análise de Variância e teste Tukey ao nível de 5% de significância.
O pacote estatístico Microsoft Office Excel també foi usado para determinar as médias e
organização de tabelas. As espécies foram consociadas em fileiras alternadas em séries de
substituição com as seguintes proporções: 50%:50%. Os resultados obtidos mostraram que a
incidência, densidade e nível médio de ataque foram baixas na consociação entre milho e feijão
nhemba em relação nos demais tratamentos, principalmente no milho puro. No que diz respeito
às variáveis de rendimento, os resultados para número de espigas comerciais e número de
espigas não comerciais foram maiores na consociação entre milho e soja e na consociação engtre
milho e feijão boer respectivamente. O maior peso de cem sementes e rendimento do grão foi
observado na consociação entre milho e soja.
Palavras-chave: Consociação, Zea mays, Spodoptera frugiperda, feijão nhemba, soja, feijão bóer.
The present research work was conducted in the 2019/2020 cropping seaon in the fields of the
Institute of Agricultural Research of Mozambique located in the Nampula province, district of
Nampula under rainfed conditions with the aim of evaluating the effect of the intercropping of
maize with soybean (Glycine max L.), cowpea (Vigna unguiculata (L.) Walp.) and pigeopea
(Cajunus cajunus) in the incidence, density and average level of attack of the maize fall
armyworm Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) and maize crop yield (Zea mays L.).
For this purpose, the Randomized Complete Blocks design was used, in a mono-factorial scheme
with four treatments and three repetitions. The treatments studied consisted of intercropping
maize with three legumes. During the conduct of the experiment, data were collected on the
number of commercial ears, number of non-commercial ears, weight of 100 seeds, grain yield,
incidence, density and average attack level of the fall armyworm. After organizing the data, were
submitted to the statistical package SISVAR version 5.1, for the Analysis of Variance and Tukey
test at the level of 5% of significance. The Microsoft Office Excel statistical package was also
used to determine the mean and table designs. The species were intercropped in alternating rows
in substitution series with the following proportions: 50%:50%. The results obtained showed that
the incidence, density and average attack level were low in the intercropping between maize and
cowpea in relation to the other treatments, mainly in pure maize. With regard to yield variables,
the results for number of commercial ears and number of non-commercial ears were higher in the
intercropping between maize and soybeans and in intercropping between corn and pigeonpea
respectively. The greatest weight of one hundred seeds and grain yield was observed in the
intercropping between maize and soybean.
Keywords: intercropping, Zea mays, Spodoptera frugiperda, cowpea, soybean, pigeonpea.
Lista de tabelas
Gráfico 1. Precipitação (mm) registada durante o ciclo vegetativo da cultura de milho no ano
2020................................................................................................................................................35
Gráfico 4. Correlação entre a incidência da lagarta do funíl do milho e o rendimento do grão ....56
Gráfico 5. Correlação entre a densidade de lagarta de funíl do milho e o rendimento do grão .....57
Gráfico 6. Correlação entre nível médio de ataque da lagarta de funíl do milho e o rendimento do
grão ................................................................................................................................................58
Em Moçambique, o milho é a cultura mais importante e cobre uma área total de cerca de 29%
sendo o sector familiar o mais importante na produção, o mesmo com mais de 90% de área
cultivada tendo como principal tipo de agricultura a de regime de sequeiro, praticada na sua
maioria em zonas rurais. No período entre 2005 a 2010 a produção do milho contribuiu com
cerca de 1.340.600 toneladas, essa quantidade, representou cerca de 80% do conjunto de cereais
produzidos (Cunguara, 2011 citado por Augusto, 2016).
O milho (Zea mays L.) constitui a fonte básica de alimentação para a maioria da população rural
e suburbana em Moçambique. Contudo, a produção de milho está seriamente ameaçada devido à
introdução de uma nova praga do milho no continente Africano, a lagarta do funil do milho,
Spodoptera frugiperda. A lagarta do funil de milho, Spodoptera frugiperda (J.E.Smith)
(Lepidoptera: Noctuidae), é originária da América Central e do Sul. Em África, a espécie S.
frugiperda foi detectada pela primeira vez na Nigéria em Janeiro de 2016 (Ministério da
Agricultura e Segurança Alimentar, 2017).
O adulto desta praga (borboleta) tem um poder de dispersão muito grande principalmente na
época quente e as lagartas podem afectar grandes áreas em pouco tempo devido ao seu estado
migratório. Dependendo da densidade da população e a fase fenológica da cultura atacada, as
perdas de rendimento podem variar de 20 a 60% (Figueiredo et al., 2006 citado pelo MASA,
2017) e, em casos de infestação severa, perda completa da cultura pode ocorrer, ou seja, 100% de
perdas de rendimento.
A busca de práticas culturais eficientes que possam assegurar incrementos na produção de forma
prática e econômica através da utilização de técnicas para obtenção de alta productividade
através de controlo de pragas tem crescido nos últimos anos. Trabalhos publicados revelam que
Evidências mostram que a consociação pode afectar a dinâmica populacional de pragas nas
culturas (Best e Beegle, 1977; Fuller, 1988; Flesch, 2002 citados em Souza, Távora, Bleicher, &
Pitombeira, 2004).
1.2. Problematização
A cultura do milho desde a sementeira até a colheita é afectada por diversos factores abióticos e
bióticos. Dentre os bióticos, as pragas constituem o maior factor limitante. A lagarta do funil do
milho (Spodoptera frugiperda), uma praga recém-introduzida no país, é considerada a praga que
mais danos causa na cultura do milho, podendo atingir o nível económico de dano (40 a 100%)
se não controlado (Rosa, 2011).
1.3. Justificativa
O milho é a cultura mais importante para o sector rural do país, e cobre uma área total de cerca
de 29% sendo o sector familiar o mais importante na produção. A baixa produção e
productividade tem sido um dos mais intraves para esta cultura devido ao ataque de pragas e
doenças, com enfoque na lagarta do funíl do milho. Portanto, o metodo de controlo cultural que é
um dos factores a ter em conta para o aumento do rendimento da Cultura de milho, dai surgiu a
necessidade de criar métodos ou técnicas que visam o aumento da productividade através do
consócio de milho com leguminosas de tal maneiras a controlar a lagarta do funíl.
Porém, o presente estudo servirá como uma das ferramentas para aumento do rendimento da
cultura, no nível do sector familiar, assim como das instituições que fazem a prática desta
gramínea usando a técnica de consociação, isto através da expansão dos meios de produção que
melhor respoderem as condições climaticas locais. Academicamente servirá como fonte de
aquisição de informações acerca desta cultura, quando consociada com leguminosas, e na
qualidade de pesquisador o trabalho apresenta uma vantagem pelo facto de este constituir uma
base de experiência em conhecimentos práticos e teóricos na área de produção vegetal.
1.4.1. Geral
Avaliar o efeito da consociação do milho com soja (Glycine max L.), Feijão nhemba
(Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer (Cajunus cajunus) na incidência, densidade e
nível médio deataque da lagarta do funil do milho Spodoptera frugiperda (Lepidoptera:
Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea mays L) nas condições agro-ecológicas
do distrito de Nampula.
1.4.2. Específicos
1.5. Hipóteses
Hipótese nula (H0): A consociação do milho com leguminosas não tem efeito significativo no
controlo da lagarta do funil do milho e nas componentes de rendimento do milho.
Hipótese Alternativa (H1): Existe pelo menos um dos tratamentos que traz um efeito
significativo no controlo da lagarta do funil e/ou nas componentes de rendimento do milho.
O milho (Zea mays L.) é uma planta que pertence ao reino plantae, classe monocotiledonea, da
família paceae (gramíneas), génerozea e espécie Zeamays pertence ao grupo das angiospermas,
ou seja, produz as sementes no fruto, com interesse agrícola destinada para alimentação humana
e dos animais, este cereal serve também de fonte de grande número de produtos industriais,
sendo utilizado em forma de grãos e para forragens. É um dos grãos alimentícios mais antigos
que se conhece. Entre os cereais cultivados no mundo, o milho ocupa o segundo lugar em
produção a seguir ao trigo, com o arroz em terceiro lugar essa cultura produz-se em climas
variados desde zonas temperadas a tropicais, durante o período em que as temperaturas são
superiores a 15ºC (De Oliveira, 2007 citado por Augusto, 2016).
A planta do milho chega a uma altura de 2,5 metros, embora haja variedades bem mais baixas, o
caule tem aparência de bambu, e as juntas estão geralmente a 50 cm de distância umas das
outras, a fixação da raiz é relativamente fraca com espigas cilíndricas, e costuma nascer na
metade da altura da planta. Os grãos são do tamanho de ervilhas, e estão dispostos em fileiras
regulares presas no sabugo que formam a espiga, cada espiga contém mais de duzentos grãos
(Dos Santos, 2008 citado por Augusto, 2016).
2.2.1. Semente
Segundo Barros & Calado (2014) a semente do milho é classificada botanicamente como
cariopse, apresenta três partes: o pericarpo, o endosperma e o embrião. O pericarpo é uma
camada fina e resistente, constituíndo a parte mais externa da semente. O endosperma é a parte
Para Barros & Calado, (2014) a parte mais externa do endosperma e que está em contato com o
pericarpo, denomina-se de camada de aleurona, a qual é rica em proteínas e enzimas e cujo papel
no processo de germinação, é determinante. O embrião, que se encontra ao lado do endosperma,
possui primórdios de todos os órgãos da planta desenvolvida, ou seja, não é mais do que a
própria planta em miniatura.
Segundo Barros & Calado (2014) o milho tem uma raiz fasciculada com grande
desenvolvimento e pode atingir 30 a 40 toneladas por hectare.
A parte do embrião que corresponde à radícula vai dar origem à raíz primária que se aprofunda
no solo em sentido vertical. A seguir surgem as raízes secundárias, as quais apresentam uma
grande capacidade de ramificação e a raíz primária desintegra-se. Posteriormente, surgem as
raízes adventícias que partem dos primeiros nós do colmo e quando atingem o solo ramificam-se
intensamente, sendo este aspeto muito importante na sustentação física da planta (Barros &
Calado, 2014).
2.2.3.1. Caule
Segundo Cruz, et al. (2010) o milho pode atingir uma altura de cerca de 2 metros, podendo o seu
porte variar em função do próprio hibrído, das condições climáticas, do fornecimento adequado
de água à planta, das características do solo e da fertilidade do mesmo, da disponibilidade de
nutrientes, etc.
O caule do milho é um colmo ereto, geralmente não ramificado e apresentando nós e entrenós
que se denominam de meritalos, os quais são esponjosos e relativamente ricos em açúcar. O
caule, além de ter a função de suportar as folhas e partes florais, é também um órgão de reserva,
armazenando sacarose (Augusto, 2016).
2.2.3.2. Folhas
As plantas do milho são consideradas de folha estreita, com o seu comprimento a ser muito
superior à largura. As folhas estão dispostas alternadamente e inseridas nos nós. As folhas são
constituídas de uma bainha invaginante, pilosa de cor verde clara e limbo-verde escuro, estreito e
de forma lanceolada, possuindo bordos serrilhados com uma nervura central vigorosa (Augusto,
2016).
O meristema, também chamado de ponto de crescimento, onde se formam as folhas novas, fica
abaixo ou na superfície do solo até ao estádio de desenvolvimento de dez folhas visíveis. A
fotossíntese inicia a função de acumulação de matéria seca, ou seja, de alimentação da planta,
quando esta atinge o estádio de desenvolvimento de duas folhas completamente desenvolvidas
(Cruz, Magalhães, Filho, & Moreira, 2011).
2.2.3.3. Inflorescência
O milho é uma planta monóica, ou seja, possui os órgãos masculinos e femininos na mesma
planta em inflorescências diferentes, estando os masculinos agrupados na panícula (bandeira),
situada no topo do colmo que contém unicamente os estames envolvidos nas glumas e os
femininos em espigas axilares. Os órgãos masculinos aparecem antes dos femininos e por isso, é
uma espécie protândrica (Augusto, 2016).
Segundo Augusto (2016) quando o pendão é emitido, o crescimento da parte aérea do milho
cessa e o crescimento radicular é bastante reduzido e, isto sucede cerca de 4 a 5 dias antes do
aparecimento da espiga.
Segundo Contini, Mota, Marra, & Machadom(2019) factores estranhos (défice hidríco, doenças,
má nutrição, etc.) que ocorram, podem levar a uma polinização deficiente, não havendo
formação dos grãos e consequentemente conduzir a uma quebra de productividade.
Segundo Cruz, et al., (2010) apesar do milho se cultivar em diversos solos, sobretudo em
condições de regadio que caracterizam os ambientes mediterrânicos, há uma melhor resposta da
cultura a solos bem estruturados que permitam a circulação da água e do ar, alta capacidade
utilizável para a água e disponibilidade de nutrientes. O milho prefere solos de textura mediana,
de franco a franco-limoso no horizonte superficial (A) e tolera pH entre 5 a 8, no entanto, solos
de pH a tender para 5 podem apresentar teores de alumínio e ferro que são tóxicos para as
plantas.
Quanto às temperaturas, a maior velocidade de crescimento dos caules e das folhas ocorre
quando as temperaturas se situam entre os 25 e os 35 ºC, sendo a maior produção potencial
atingida com temperatura médias dos meses mais quentes entre 21 e 27 ºC em períodos com 120
a 180 dias sem geadas. Com temperaturas baixas é limitado o crescimento das plantas e a parte
aérea morre, em geral, com temperaturas negativas (-1 ºC) (Bellido, 1991 citado em Cruz, et al.,
2010).
Para Cruz, et al., (2010) se as temperaturas máximas durante a fecundação são superiores a 35 ºC
causam danos na productividade, devido a uma diminuição do número de grãos. Segundo
Bellido (1991) quando as temperaturas noturnas tendem para 30 ºC nos estádios de floração e
maturação do grão, o rendimento do milho pode reduzir-se até aproximadamente 40%.
Para Augusto (2016) com o encerramento dos estomas a planta deixa de transpirar, mas também
deixa de haver entrada de dióxido carbono nas células, fazendo com que não se realize a
fotossíntese e portanto, a produção de biomassa (matéria seca) fica afectada.
O milho é por um lado uma planta que tem grandes necessidades de água, mas por outro lado é
muito eficiente na utilização dessa água, ou seja, para a mesma quantidade de água utilizada,
produz uma quantidade de matéria seca muito superior a outras culturas. A necessidade total de
água de rega na cultura do milho depende de diversos factores, tais como da capacidade de
retenção do solo para a água, da duração do ciclo do genótipo e da utilização dada à cultura
(milho grão ou milho forragem), da data de sementeira, da evapotranspiração e da precipitação
ocorrida durante o ciclo da cultura. Nas nossas condições climáticas, a necessidade de água de
rega por unidade de área (ha) pode variar aproximadamente de 250 a 350 mm (L m-2) em milho
forrageiro e cerca de 500 a 600 mm (L m-2) em milho destinado à produção de grão (Tabela 1),
sendo as necessidades diárias de 2-3 mm até as plantas atingirem cerca de 30 a 40 cm de altura e
de 7-10 mm durante a fase reprodutiva. O número de regas ao longo do ciclo da cultura é
variável, sendo em média, entre 3 a 4 por semana (Barros & Calado, 2014).
2.5. Fertilização
Segundo Cruz, Magalhães, Filho, & Moreira (2011) tal como em todas as outras culturas, os
nutrientes absorvidos em maior quantidade na cultura do milho, são o Azoto (N), o Fósforo
(P2O5) e o Potássio (K2O). Pelo facto de serem os mais absorvidos, designam-se de
macronutrientes principais. Na cultura do milho são também muito importantes e até
indispensáveis, os macronutrientes secundários (Cálcio, Magnésio e Enxofre) e alguns
micronutrientes como o cobre, o boro e o zinco.
Com o advento da biotecnologia, o maneio de plantas daninhas na cultura do milho passa por um
processo de transformação. O cultivo do milho resistente ao glifosato vem ganhando cada vez
mais adeptos dentro do sector produtivo. Novos desafios, como o controlo de plantas invasoras e
Segundo Silva et al. (2018a) citado por Contini, Mota, Marra, & Machado (2019) o controlo de
plantas invasoras de milho resistente ao glifosato (GR) tem se destacado como um sério
problema em muitas áreas de produção de grãos. O fluxo irregular de germinação dos diferentes
tipos de perdas de colheita associado à adoção de estratégias de controlo inadequadas tem
contribuído para manutenção de ponte verde e perdas de rendimento na cultura de interesse
econômico semeada em sucessão. A manutenção de plantas de milho voluntário pode favorecer a
ocorrência de pragas específicas, como da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), e acelerar o
processo de quebra de resistência das tecnologias Bt.
Segundo Cruz, Magalhães, Filho, & Moreira (2011) o cultivo em sucessão de culturas GR como
soja-milho safrinha tem contribuído para o aumento da pressão de seleção de espécies tolerantes
e biótipos resistentes ao glifosato.
A fim de se estabelecer programas de maneio mais sustentáveis, deve-se priorizar estratégias que
integrem diferentes métodos de controlo. Este facto contribuirá para a redução do aumento da
frequência de espécies tolerantes e biótipos resistentes e para o melhor posicionamento dos
herbicidas e das novas tecnologias nos sistemas de produção de grãos (Contini, Mota, Marra, &
Machado, 2019).
2.6.2. Doenças
Sengundo Contini, Mota, Marra, & Machado (2019), além dos prejuízos causados pela infecção
de diversas partes das plantas, alguns fungos que contaminam as espigas também são produtores
de micotoxinas, metabólitos tóxicos que causam diversos problemas à saúde humana e animal e
são barreira para comercialização dos grãos e seus subprodutos. O milho é uma cultura altamente
propícia à contaminação por micotoxinas e, portanto, é um dos principais alvos de fiscalização e
regulação internacional. Ou seja, barreiras fitossanitárias podem ser exigidas contra o milho em
contaminações deste tipo.
É um fungo que entra na planta através das raízes quando o milho é muito jovem, destruíndo
integralmente a planta em 2 ou 3 dias. Os sintomas aprecerem em finais de Julho ou Agosto,
dependendo da data de sementeira. Além das folhas secarem, outro sintoma da doença é a
maçaroca dobrar-se para baixo, acabando o ciclo cerca de um mês mais cedo que o devido. O
milho não consegue encher o grão, originando um peso de mil grãos muito baixo e
consequentemente uma redução significativa da productividade da planta. Quanto mais cedo for
o ataque mais prejuízos provoca. O ataque é mais grave em solos arenosos e condições de
excesso de humidade, ou seja, em primaveras mais chovosas é de esperar uma maior incidência
da doença. Não existem atualmente tratamentos para esta doença, sendo a única solução semear
mais cedo, milhos de ciclos mais longos e arranjar variedades mais resistentes a este fungo
(Contini et al., 2019).
A cercosporiose é uma doença foliar do milho causada por um fungo e os sintomas caracterizam-
se pela existência de manchas de cor cinzenta, normalmente retangulares, estando as lesões
paralelas às nervuras. Com o desenvolvimento dos sintomas, pode ocorrer necrose de todo o
tecido da folha. A melhor maneira de reduzir a doença é a utilização de variedades resistentes,
A ferrugem é uma doença causada pelo fungo Puccinia sorghi que produz uredosporos,
inicialmente de cor alaranjada e que posteriormente evoluem para acastanhados, elipsoidais de
dois a quatro centímetros de diâmetro na página superior e inferior das folhas, nas brácteas e no
colmo. Em ataques mais severos esta doença provoca o dessecamento das folhas (Contini et al.,
2019).
As folhas e o caule apresentam na fase final do ciclo vegetativo, manchas que são inicialmente
pardas, ovais, pequenas e com aspeto aquoso e que mais tarde adquirem um aspeto acastanhado-
avermelhado, com o bordo mais escuro ou amarelado. Posteriormente dá-se a coalescência das
lesões com morte de zonas mais ou menos extensas da folha notando-se a presença de acérvulos
com sedas. Os colmos partem-se com facilidade na zona atacada (Contini et al., 2019).
Esta doença pode ser provocada pelos fungos Exserohilum turcicum Bipolaris maydis,
Cochliobolus heterostrophus– teleomorfo e Setosphaeria turcica- teleomorfo. Estes fungos
provocam lesões de cor parda e de forma ovolada, até 10 mm de comprimento, espalhadas pelas
folhas, podendo até afetar as brácteas e as espigas com lesões necróticas (raça T), provocando
manchas no campo de milho e antes da fase de grão pastoso as folhas ficam completamente secas
podendo cair se o ataque for forte (Contini et al., 2019).
Este fungo provoca uma alteração repentina da tonalidade das folhas que passam a ter uma cor
verde baço. Surge uma descoloração dos tecidos da medula e posteriormente o seu
avermelhamento ou apresentando uma tonalidade rosada. Posteriormente, a medula fragmenta-se
e desagrega-se. Por vezes observa-se a presença de peritecas na superfície do colmo, os nós
ficam com tonalidade rosada e com pequenos pontos. Na fase de enchimento do grão pode levar
a uma queda da produção (Contini et al., 2019).
Os problemas causados por doenças também interferem na comercialização dos grãos, sendo que
existe legislação brasileira e internacional sobre a qualidade mínima exigida deles (Contini et al.,
2019).
Um ponto importante a se observar é que o maneio de doenças nos sistemas de produção atuais,
em que na maior parte da área cultivada no Brasil tem a soja semeada na primeira safra e o milho
em seguida (69% do milho semeado em segunda safra), deve ser pensado em termos de sistemas.
A importância disso é que alguns patógenos são comuns a mais de uma cultura (nematoides,
Segundo Contini et al., (2019) as principais medidas recomendadas para o maneio de doenças na
cultura do milho são:
O uso intensivo dos fungicidas com princípios ativos iguais pode favorecer a seleção para
resistência, reduzindo ainda mais a quantidade de princípios para a cultura. Um trabalho de
monitoramento em milho, como o que já acontece para a ferrugem-da-soja, deve ser elaborado
para se evitar que os danos futuros ocorram pela perda de moléculas (Contini et al., 2019).
A rotação de culturas é uma das principais práticas culturais para o controlo de pragas e doenças
(Contini et al., 2019).
2.6.4. Pragas
Os desafios para maneio de insetos-pragas na cultura do milho se renovam com o avanço das
tecnologias para controlo e com o avanço do cultivo da segunda safra no País .
Isso porque muitos dos problemas de pragas do milho são oriundos do que chamamos de “ponte
verde”, que nada mais é do que a presença de plantas hospedeiras dos insetos-pragas durante
todo ano. Essa é uma condição peculiar dos sistemas tropicais de cultivo do Brasil, onde é
possível fazer duas e até mesmo três safras consecutivamente na mesma área. Assim, a
infestação de pragas se torna cada vez mais preocupante.
Em função das características típicas da produção de milho, é possível dividir o desafio para o
maneio de pragas na cultura do milho em dois grupos de insetos.
A broca do milho pertence à classe dos insetos, à ordem dos lepidópteros e à família Noctuidae.
Os ataques a plantas muito jovens, normalmente provocam a morte das folhas centrais. Os danos
aprecem em manchas nas searas. Nas plantas atacadas, as folhas murcham e as plantas acabam
por quebrar devido às galerias escavadas pelas larvas no interior do colmo. As maçarocas podem
também ser atacadas causando a destruição quantitativa e qualitativa da produção de milho.
A pirale do milho pertence à classe dos insetos, ordem dos lepidópteros e família Pyralidae. Nos
últimos instares a larva aloja-se no caule ou na espiga (maçaroca) provocando estragos
significativos. Estes podem ser devido à má nutrição das espigas por enfraquecimento geral da
planta, de maceração e quebra do pedúnculo das espigas, de dificuldade de colheita mecânica
provocada pela quebra dos caules e de quebra de produção devido à actividade das larvas
(Contini et al., 2019).
As principais espécies de roscas que causam estragos no milho são Agrotis ipsilon (Hufnagel) e
Agrotis segetum (Denis & Schiffermüller), pertencentes à ordem dos lepidópteros e família
Noctuidae. As larvas de Agrotis ipsilon alimentamse das folhas, mas são frequentes os estragos
estenderem-se ao pé da planta, ao nível do solo, provocando o seu emurchecimento e morte.
Uma só larva pode destruir várias plantas. Mostram-se dependentes das condições climáticas as
quais influem nas migrações e viabilidade dos ovos. Os ataques de Agrotis segetum, apesar das
larvas serem muito vorazes, aparecem de uma forma dispersa no campo, enquanto os ataques de
Agrotis ipsilon aparecem de uma forma massiva e brutal, em regra, seguidos da sua migração
(Contini et al., 2019).
Afídios são homópteros da superfamília Aphidoidea e são vulgarmente designados por piolhos
ou pulgões. Destes, os mais prejudiciais à cultura do milho são Sitobion avenae, A.
metopolophium e Rhopalosiphum maidis. Os afídeos além de produzirem melada, que dá origem
ao aparecimento de fumagina, também provocam o enrolamento e a deformação das folhas, que
Os alfinetes pertencem ao reino Animalia, filo Arthropoda, classe Inseta, ordem Coleoptera e
famíla Elateridae. A larva é alongada com os lados paralelos, atingindo de comprimento
máximo, 17 a 18 mm. O corpo é segmentado e constituído por cabeça, 3 segmentos torácicos e 9
segmentos abdominais, sendo o último em ogiva (Contini et al., 2019).
Apresenta mandíbulas fortes, curtas, agudas e dentadas internamente. Possui pequenas patas com
5 segmentos. O adulto é um pequeno coleóptero, alongado, achatado e revestido de uma
pubescência cinzento-esbranquiçada ou amarelada. A cabeça é larga e pontuada, as antenas são
curtas com segmentos irregulares e apresenta fortes mandíbulas. Os ataques destas larvas são
mais gravosos nas culturas de Primavera, das quais faz parte o milho. Nas plantas jovens, podem
ocorrer a partir da germinação e prolongar-se por um grande período. As larvas fixam-se ao colo
da planta que perfuram e nela se alimentam, a folha terminal da planta fica amarela, murcha e
seca. Na planta atacada, ou à sua volta no solo, pode encontrar-se a larva de alfinete (buraco de 1
a 2 mm provocado pela sua entrada na planta). Os seus ataques podem destruir grande parte da
cultura. Em regra, existem duas épocas do ano em que as larvas sobem para as camadas
superiores, Abril e Outubro/Novembro. Em solos húmidos as larvas imobilizam-se enquanto em
solos secos apresentam maior actividade e causam maiores prejuízos (Contini et al., 2019).
Segundo Cugala, et al., (2018) os ovos são colocados à noite sobre as folhas infe-riores, em
aglomerados apertados de 100-300 ovos, coberto com uma camada protetora. Apos 3-5 dias
eclodem as pequenas larvas, os dois primeiros ínsta-res alimentam-se gregariamente na parte
inferior das folhas jovens onde fazem furos ou "janelas" nas folhas, em que por vezes o ponto de
crescimento pode ser morto. As larvas maiores tornam-se cani-bais e, portanto, uma ou duas
larvas se alimentam dentro de um funil, com a duração de 14-21 depen-dendo da temperatura. A
pupa forma-se dentro de um casulo solto em uma célula de terra, ou rara-mente entre as folhas e
leva cerca de 9-13 dias. Os adultos emergem à noite onde vivem em medis 12 a 14 dias.
O ovo é em forma de esferica: a base é achatada e o ovo se curva para cima, até um ponto
arredondado no ápice. O ovo mede cerca de 0,4 mm de diâmetro e 0,3 mm de altura. O número
de ovos por massa varia consideravelmente, mas geralmente é de 100 a 200, e a produção total
de ovos por fêmea é de cerca de 1.500, com um máximo de 2.000. Os ovos são as vezes
depositados em camadas, mas a maioria dos ovos e espalhada sobre uma única camada presa a
folhagem. A fêmea também deposita uma camada de escamas acinzentadas entre os ovos e sobre
a massa de ovos, conferindo uma aparência peluda. A duração do estágio do ovo é de apenas 2 a
3 dias durante os meses quentes de verão (Huesing, et al., 2018).
A LFM normalmente tem seis instares larvais. As larvas jovens são esverdeadas com a cabeça
preta, a cabeca fica mais laranja no segundo instar. As larguras das capsulas da cabeça variam de
cerca de 0,3 mm a 2,6 mm, e as larvas atingem comprimentos de cerca de 1 mm a 45 mm. No
segundo instar, mas particularmente no terceiro instar, a superficie dorsal do corpo torna-se
acastanhada e linhas brancas laterais começam a se formar. Do quarto ao sexto instar a cabeça é
castanha-avermelhada, manchada de branco, e o corpo acastanhado possui linhas subdorsais e
laterais brancas (Huesing, et al., 2018).
Pontos elevados ocorrem dorsalmente no corpo; eles, geralmente, são de cor escura e suportam
espinhos. A face da larva crescida apresenta uma marcada branca em forma de Y invertido e a
epiderme da larva é áspera ou granular em textura quando examinada de perto. No entanto, esta
larva não se sente áspera ao toque, como faz a lagarta da espiga do milho, Helicoverpa zea
(Boddie), porque faltam os microespinhos semelhantes que aparecem na Helicoverpa zea
(Huesing, et al., 2018).
Além da forma típica acastanhada da larva da LFM, a larva pode ser maioritariamente verde
dorsalmente. Na forma verde, os pontos dorsais elevados são mais pálidos que escuros. A melhor
característica que identifica a LFM é um conjunto de quatro grandes pontos que formam um
quadrado na superfície superior do último segmento abdominal de seu corpo. As larvas tendem a
se esconder durante o período mais claro do dia. A duração do estágio larval tende a ser cerca de
14 dias durante os meses quentes de verão e 30 dias durante o tempo mais frio. O tempo médio
de desenvolvimento foi determinado como sendo 3.3, 1.7, 1.5, 2.0 e 3,.7 dias para os instares 1 a
6, respectivamente, quando as larvas forem criadas a 25°C (Pitre e Hogg 1983 citados em
Huesing, et al., 2018).
A LFM normalmente pupa no solo a uma profundidade de 2 a 8 cm. A larva constroi um casulo
solto unindo particulas de solo com seda. O casulo é oval e tem 20 a 30 mm de comprimento. Se
o solo for muito duro, as larvas podem unir detritos de folhas e outros materiais para formar um
casulo na superficie do solo. A pupa e castanha avermelhada, medindo 14 a 18 mm de
2.6.4.7.3. Hospedeiros
A LFM consiste em duas raças adaptadas a diferentes plantas hospedeiras. Uma raça (a “raça de
milho”) se alimenta predominantemente de milho, algodão e mapira, enquanto a segunda (a
“raça de arroz”) se alimenta principalmente de arroz e pastos (Dumas et al., 2015 citados por
Huesing, et al., 2018). As duas raças são morfologicamente idênticas, mas diferem em
composições de feromonas, comportamento de acasalamento e variedade de hospedeiros. Os
cruzamentos entre as duas raças resultam em descendentes viáveis. Mesmo assim, Dumas e seus
colaboradores encontraram uma redução significativa no sucesso de acasalamento em
cruzamentos das duas raças, que, juntamente com as diferenças comportamentais e bioquímicas,
sugerem que as duas raças estão em estado de especiação simpátrica (Dumas et al. 2015 a Gouin
et al., 2017 citados em Huesing, et al., 2018). Como este processo irá evoluir no contexto
Africano está sob investigação (Cock et al. 2017, Nagoshi et al. 2017 citados por Huesing, et al.,
2018).
2.6.4.7.5. Prevenção
Evitar plantações tardias ou fora de estação e evitar novas plantações perto de campos
contaminados;
O uso de armadilhas sexuais para monitoria da ocorrência e evolução da população, são usadas
feromonas sexuais que atraem os machos da Spodoptera frugiperda e permite a planificação e
implementação de medidas de controlo adequadas, remoção de machos e disrupção de
acasalamento, o que pode levar a diminuição da população (MASA, 2017).
De modo a evitar perdas de produção devido a infestação da lagarta do funíl do milho, é preciso
fazer o monitoramento do campo. Para tal a CABI (2017) recomendam que a:
Em infestações tardias, as lagartas também podem atacar as espigas e alimentar-se dos grãos, o
que pode levar à podridão por ataque de agentes patogénicos. No início do estádio de cinco a seis
folhas, tome medidas se >20% das plantas estiverem estragadas ou infetadas com a larva. Numa
fase mais avançada deste estádio, se pequenos lagartas forem encontrados, tome medidas se
>40% dos funil estiverem estragados. Nos estádios de pendão e cabelo, não pulverize mais
(CABI, 2017).
As práticas culturais tais como sementeiras atempadas (semear cedo), uso de variedades
precoces, evitar sementeiras escalonadas podem minimizar ou reduzir os níveis de infestação e
de dano. Manter os campos livres de hospedeiros alternativos e destruir resíduos de culturas após
a colheita (MASA, 2017).
Segundo a CABI (2017) em campos de pequena escala, colher e destruir as massas de ovos e
larvas se disponíveis, pulverize as lagartas jovens com produtos botânicos (margosa, seringueira)
antes que elas entrem no funil.
Segundo Sujii, Medeiros, Venzon, & Pires (2010) todas as causas para o surgimento de pragas
estão relacionadas à evolução dos sistemas de produção e ao impacto antrópico nos ambientes
naturais. Portanto, os sistemas agrícolas mais sustentáveis somente poderão emergir de uma
revisão das estratégias de exploração dos recursos naturais e uso dos serviços do ecossistema
como o controlo biológico.
Assim, para que o sistema produtivo torne-se sustentável é necessária a adoção de práticas que
beneficiem os componentes biológicos (biodiversidade planeada) e favoreçam as suas funções
(biodiversidade funcional), com reduzido nível de interferência humana Sujii et al. (2010).
Medidas preventivas referem-se às práticas agronômicas que dificultam ou impedem que a praga
encontre condições favoráveis para colonização e estabelecimento de sua população nas culturas.
Unidades de produção mais diversificadas no tempo e no espaço promovem o aumento da
agrobiodiversidade e o controlo biológico natural, conferindo aos agroecossistemas maior
estabilidade, resistência a perturbações e maior resiliência. Uma estratégia-chave na agricultura
sustentável é reintroduzir a diversidade na área cultivada, bem como na paisagem agrícola, e
manejá-la de forma mais efetiva Sujii et al. (2010). Para Andow (1991) citado por Sujii et al.
(2010), em uma revisão sobre o efeito da diversificação do sistema produtivo em artrópodes,
observou que, na maioria dos casos, o aumento da diversidade nos sistemas produtivos reduziu a
abundância de herbívoros.
São definidos como associações de culturas nas quais duas ou mais espécies com diferentes
ciclos e arquiteturas vegetativas crescem simultaneamente Sujii et al. (2010).
Na acção indirecta, uma das culturas associadas possibilita o aumento da abundância e/ou
diversidade de inimigos naturais das pragas por proporcionar recursos vitais para a sobrevivência
e reprodução dos mesmos. Esse mecanismo será discutido mais detalhadamente a seguir (Sujii et
al., 2010).
Entretanto, a consorciação de culturas deve ser bem estudada antes da sua implementação, pois
efeitos completamente opostos dos desejados podem ocorrer. Picanço et al. (1996) citados em
Sujii et al., (2010) observaram uma redução no ataque de Tuta absoluta (Lepidoptera:
Gelechiidae) às plantas de tomate quando consorciadas com milho. Entretanto, esse consórcio
aumentou significativamente os danos causados por Helicoverpa zea, em comparação ao
monocultivo de tomate, pois essa espécie foi atraída pelas plantas de milho. Mesmo assim, em
geral, sistemas de produção de base ecológica geralmente apresentam efeitos benéficos em
relação ao monocultivo (Sujii et al., 2010).
Segundo Câmara & Filho (2001) a sementeira consociada tem as seguintes vantagens:
Maior produção de alimentos por área: as produções das duas culturas são superiores às
dos monocultivos;
Estabilidade de rendimento: se uma cultura falha a outra pode compensar;
Controlo de plantas daninhas, pragas e doenças: a associacão milho e feijão nhemba é
mais competitiva no espaco;
Controlo de erosão: a associacão de culturas cobre melhor o solo, evitando a erosão;
Aproveitamento de mão-de-obra: como os ciclos das culturas são diferentes, existe a
possibilidade do emprego de mão-de-obra por mais tempo.
Segundo Jardine & Barros (2020) a soja é uma planta originária da China. Seu nome científico é
Glycine max (L).; faz parte da família Fabaceae (leguminosas), assim como a ervilha, o feijão e a
lentilha.
Trata-se de um grão rico em proteínas, podendo ser consumido tanto por homens como por
animais. É um grão muito plantado e tem formato arredondado com cor amarela. Contém de
18% a 20% de óleo e o farelo representa 79% (tem teor de proteína de 45%). Sua vagem pode ter
até quatro sementes e sua estabilidade é limitada pelo ácido linolênico (Jardine & Barros, 2020).
Nos últimos 20 anos, a agricultura de soja duplicou sua área de cultivo devido à alta demanda do
sector produtivo e ao crescimento mundial no consumo deste grão por humanos e por animais. A
cultura também tem tido aplicabilidade na produção de biocombustíveis (Jardine & Barros,
2020).
Atualmente, parte da soja produzida é modificada geneticamente (transgênica), pois assim requer
menor quantidade de herbicidas e, consequentemente, diminui consideravelmente o custo de
produção. Reduz também a quantidade de impurezas e de umidade nos grãos colhidos. Devido a
estes factores, o cultivo da soja transgênica tem se expandido mais do que o da soja
convencional. No sector industrial, este grão tem ampla aplicação. Na produção alimentícia, é
usado como matéria-prima para a produção de leite de soja, carne de soja, tofu (queijo de soja),
doces, óleo de soja, farinhas, rações para animais etc. Também está presente nos processos
químicos de cosméticos, sabão e na produção de biodiesel (Jardine & Barros, 2020).
O óleo de soja pode ser obtido por três métodos de extração: prensagem mecânica, solvente e
enzimática. No primeiro método, são utilizadas prensas contínuas para retirar o óleo do grão,
separando-o da torta. Já na extração com solvente, os grãos são triturados para facilitar a
penetração em seu interior do solvente (hexano – derivado de petróleo). Por fim, na extração
enzimática, a matéria-prima é fermentada por enzimas com posterior extração de óleo.
A soja (Glycine max (L) Merrill) cultivada no Brasil, para a produção de grãos, é uma planta
herbácea, da classe Rosideae, ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília Papilionoideae, tribo
Phaseoleae, gênero Glycine L., espécie max. As principais variedades comerciais apresentam
caule híspido, pouco ramificado e raiz com eixo principal e muitas ramificações. Possuem folhas
trifolioladas (exceto o primeiro par de folhas simples, no nó acima do nó cotiledonar). Têm
flores de fecundação autógama, típicas da subfamília Papileonoideae, de cor branca, roxa ou
intermediária. Desenvolvem vagens (legumes) levemente arqueadas que, à medida que
amadurecem, evoluem da cor verde para amarelo-pálido, marrom-claro, marrom ou cinza, e que
podem conter de uma a cinco sementes lisas, elípticas ou globosas, de tegumento amarelo pálido,
com hilo preto, marrom, ou amarelo-palha. Apresentam crescimento indeterminado (sem racemo
terminal), determinado (com racemo terminal) ou semideterminado (intermediário)
(Nepomuceno, Farias, & Neumaier, 2020).
A estatura das plantas varia, dependendo das condições do ambiente e da variedade (cultivar). A
estatura ideal está entre 60 a 110 cm, o que, em lavouras comerciais, pode facilitar a colheita
mecânica e evitar o acamamento. O ambiente também influencia sua floração e,
consequentemente, seu ciclo. A floração da soja responde ao nictoperíodo, ou duração da noite.
Para facilitar a compreensão, normalmente fala-se em fotoperíodo, que é a duração do dia, e diz-
se que a soja é uma planta de dias curtos, uma vez que, sob dias longos, ela atrasa seu
florescimento e alonga seu ciclo. Com o uso da característica do florescimento tardio em dias
curtos, ou do chamado “período juvenil longo”, não há mais restrição fotoperiódica ao plantio
comercial de soja, mesmo sob a linha do equador, o que rendeu ao Brasil o título de país que
“tropicalizou” a soja. As cultivares brasileiras de soja são classificadas em grupos de maturação
(GM), com base no seu ciclo. Essa classificação varia conforme a região, por exemplo, para
Minas Gerais, os GM são: semiprecoce (101 a 110dias); médio (111 a 125 dias); semitardio
Segundo Risch et al., (1983) citados por Cividanes & Barbosa, (2000) em estudo sobre a
consociação de soja com milho mostrou que as populações de insetos fitófagos são,
frequentemente, mais baixas em policulturas do que em monoculturas.
Para Milanez (1984) citado por Cividanes & Barbosa (2000) encontrou menor incidência de
Anticarsia gemmatalis, Nezara viridula e Cerotoma sp. em soja consorciada com milho.
O feijão nhemba é uma cultura de origem africana e tem vários nomes populares. Alguns dos
mais usados são: feijão-macassa, feijão-de-corda, feijão-de-praia, feijão-da-colônia e feijão-de-
estrada, feijão-miúdo. Também houve muitas classificações na espécie, até que se chegasse à
atual. Desse modo, a classificação cientificamente aceita é que o feijão-caupi é uma planta
Dicotyledonea, da ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília Faboideae, tribo Phaseoleae,
subtribo Phaseolineae, gênero Vigna, subgênero Vigna, secção Catyang, espécie Vigna
unguiculata (L.) Walp. e subespécie unguiculata, subdividida em quatro cultigrupos Unguiculata,
Sesquipedalis, Biflora e Textilis (Filho, 2020).
Segundo o IITA (2018) o rendimento do grão em Moçambique pode variar de 1500 a 2000 kg/ha
nas variedades melhoradas e 200 a 1000 kg/ha nas variedades locais. O uso de variedades
adaptadas aos sistemas de produção em uso e às condições de ambiente encontradas nas regiões
de cultivo, com maneio adequado, constituem factores de grande importância para a obtenção de
rendimentos elevados.
O feijão bóer [Cajanus cajan (L.) Millspaugh] foi domesticado há milhares de anos na Índia e seu
cultivo apresenta múltiplas vantagens da perspectiva agronómica, socioeconómica e nutricional
(Oppewal & Cruz, 2017).
Nas últimas décadas, a cultura do feijão bóer foi amplamente promovida na África Austral e
Oriental no âmbito da introdução de “agricultura de conservação (AC)” (Barbito et al. 2015
citados em Oppewal & Cruz, 2017). O gráu de adopção de AC pelos produtores africanos tem
sido objecto de debate. Andersson e d´Souza (2014) citados em Oppewal & Cruz (2017), numa
revisão da literatura, indicam que uma das dimensões do AC - o consórcio com leguminosas,
particularmente o cultivo do feijão bóer - tem sido adoptada em grande escala no Quénia
(Shiferaw et al. 2008), na Tanzânia (Mponda et al. 2013), no Malawi (Simtowe et al. 2010), no
Zimbabwe (Waddington et al. 2007) e em Moçambique (Rusinamhodzi et al. 2012, Devji 2011,
Walker et al. 2015).
Em termos agronómicos, as plantas de feijão bóer tem um efeito positivo na fertilidade do solo,
com potencial de fixar até 235 kg de nitrogénio atmosférico por hectare (Odeny 2007 citados em
Oppewal & Cruz, 2017). Suas raízes ajudam na liberação de fósforo ligado ao solo para
disponibilizá-lo para o crescimento da planta. Embora muitas leguminosas tenham a capacidade
de fixar nitrogénio, o feijão bóer as supera. Também, diferentemente das outras leguminosas, o
feijão bóer não precisa de inoculação para optimizar o seu potencial de fixação de nitrogénio
(Odeny, 2007 citado em Oppewal & Cruz, 2017).
Em termos nutricionais, as variedades tradicionais do feijão boer têm alto conteúdo de proteína,
de 18-26%, e os agrónomos têm desenvolvido variedades com teores de proteína mais elevados
ainda (Odeny, 2007 citado em Oppewal & Cruz, 2017). O feijão bóer também é rico em minerais
como cálcio, fósfacto, magnésio e enxofre, bem como vitaminas, contendo cinco vezes mais
O grão do feijão bóer é processado e transformado em dhal, principal prato na Índia, e as vagens
verdes imaturas também são consumidas como vegetais. Além do consumo humano, o bagaço,
com 10-15% de proteína bruta na matéria seca, é usado para alimentar animais6, a exemplo do
que acontece no Norte da Tanzânia, e onde as folhas verdes são usadas como forragem de
qualidade (Mponda et al. 2013 citados em Oppewal & Cruz, 2017), e as hastes secas usadas
como combustível. O feijão bóer também pode ser usado como fonte proteíca alternativa na
ração dos frangos. Igene et al. (2012) citados em Oppewal & Cruz, 2017 mostram que a
substituição do bagaço de soja por até 50% de feijão bóer não tem efeito negativo no crescimento
do ave, apesar de ter um impacto adverso em parâmetros hematológicas, como o nível de
hemaglobina e leucócitos. Amaefule et al. (2011) citados em Oppewal & Cruz, 2017 sugerem
uma dieta que integra 40% de bagaço de feijão bóer, suplementada com aminoácidos.
Devido à capacidade de fixação de nitrogéneo, o feijão bóer é ideal para o cultivo em consórcio
com o milho, uma das prinicipais culturas alimentares na África. Na África de Oeste, Sogbedji et
al. (2006) citados em Oppewal & Cruz (2017) mostram que a productividade do milho aumenta
em 32% quando cultivado em consórcio com o feijão bóer. Igualmente, na Tanzânia, Myaka et
al. (2006) citados em Oppewal & Cruz (2017) argumentam que a productividade do milho em
consórcio com o feijão bóer é igual à productividade do milho em monocultura que beneficiou-se
da aplicação de fertilizantes.
Por outro lado, a monocultura de milho por muitos anos consecutivos sem a aplicação de
fertilizantes, como acontece em muitos sítios em Moçambique, resulta na degradação dos solos,
enquanto que o consórcio do milho com o feijão bóer mantém a fertilidade do solo (Myaka et al.
2006 citados em Oppewal & Cruz, 2017).
Para o caso específico de Moçambique, Rusinamhodzi et al. (2012) avaliam a Razão de Área
Equivalente (RAE), indicador usado para determinar a eficiência de cultivo em regime de
consórcio. Um RAE acima de 1 significa que o consórcio é mais eficiente do que o cultivo
separado. Os autores avaliam o RAE na zona Centro de Moçambique, nos campos dos
Ao mesmo tempo, vários estudos sobre a agricultura em Moçambique indicam que um dos
principais constrangimentos ao aumento da produção é a disponibilidade de mão-de-obra
(Leonardo et al. 2015, Lukanu et al. 2007 citados em Oppewal & Cruz, 2017).
Assim, em termos socio-económicos, a aptidão particular do feijão bóer para o cultivo em regime
de consórcio constitui uma grande vantagem, pois é uma cultura de rendimento que não compete
com a principal cultura alimentar (o milho) em termos de alocação de recursos de terra e mão-de-
obra. Outra vantagem do feijão bóer é que é uma cultura pouca exigente, por não depender da
aplicação de adubos e por ser tolerante à seca, mais do que outras leguminosas, como o feijão
nhemba (Odeny 2007 citados em Oppewal & Cruz, 2017). De acordo com Waddington et al.
(2007) citados em Oppewal & Cruz (2017), a variabilidade na productividade do feijão bóer é
menor do que para o milho, ou para outras leguminosas. Segundo ICRISAT (website) citados em
Oppewal & Cruz (2017), a resiliência do feijão bóer permite seu cultivo numa variedade de
ambientes e sistemas de cultivo, podendo ser cultivado em áreas com menos de 650 mm de
precipitação anual.
Segundo o IITA (2018) a cultura de feijão bóer pode alcançar rendimentos que vão de 2500 a
3500 kg/ha dependendo da variedade e dos tratos culturais.
No Distrito de Nampula é predominante o clima tropical com duas estacões por ano que são
conhecida como inverno e verão, sendo que o período chuvoso inicia em Novembro e termina
em Abril, durante o período regista-se aguaceiros acompanhado com trovoadas, com uma
temperatura de ar em média 33.9º C, com uma precipitação anual em torno de 1045 (mm) (MAE,
2005) .
Nampula Apresenta a predominância de relevo de tipo planaltos, com formação de solo de topos
e encostas de interfluvos, profundos, arenosos e bem drenado em outras partes, solos francos
argilosos com uma cor predominante castanha avermelhada com pH situada em torno de 6.7 a7
(MAE, 2014).
O gráfico 1 abaixo indica o valor da precipitação registada durante o ciclo vegetativo do milho
no Centro de Investigação Agrária de Nampula no ano 2020.
Gráfico 1. Precipitação (mm) registada durante o ciclo vegetativo da cultura de milho no ano
2020.
400
Precipitação
200
(mm)
0 Precipitação (mm)
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho
Meses
Cultura (Variedade)
Gramínea1 Leguminosas2
Descrição das variedades
Milho Feijão Soja
Feijão boer (ICEAP
(PRIS nhemba (TGx 904-6F/
00557)
601) (IT-16) Zamboane)
Características fisiológicas
Determinado semi-
Hábito de crescimento Determinado Erecto ramoficado
erecto
Formato da folha Irregular Oval Trifoliolada
Amarela com riscas
Cor da folha Violeta Cor-de-rosa
Híbrido vermelhas
Castanho
Cor do grão Castanho escuro Branco-creme
claro
Cor do caule n/a n/a Verde
1
(Dias, 2019)
2
(Instituto Internacional de Agricultura Tropical, 2018)
3.3. Métodos
Para o presente experimento foi usado o delineamento de Blocos Completos Casualizados num
esquema factorial de 4x4, isto é 4 repetições x 4 tratamentos, totalizando 16 parcelas. A área
total do ensaio foi de 874 m2, conforme o esquema de ensaio no apêndice 1.3. Cada unidade
experimental constituiu-se com um tamanho de 8 m x 5 m totalizando 40 m2. A distância entre
parcelas e blocos foi de 1 m e 2 m respectivamente. A codificação do ensaio é apresentada na
tabela 3, abaixo.
Código Tratamento
T0 Milho puro
T1 Milho consociado com feijão nhemba
T2 Milho consociado com soja
T3 Milho consociado com feijão boer
Fonte: A autora
Foi feita uma lavoura convencional, na primeira quinzena de Janeiro de 2020, tendo sido usada
charrua de discos, numa profundidade média de 20 cm uma vez que o campo tem vindo a ser
cultivado desde as campanhas agrícolas anteriores. No mesmo dia, fez-se a gradagem,
igualmente mecanizada, com grade de discos. Durante o preparo do solo não foi incorporado
nenhum fertilizante. A demarcação do campo foi efectuada manualmente no dia 28 de Janeiro de
2020.
3.3.2.2. Sementeira
A presente actividade foi realizada no dia 29 de Janeiro de 2020 sendo usada 2 sementes por
covacho num espaçamento de 75 cm entre linhas e 30 cm entre plantas na linha para milho, para
a cultura de feijão nhemba usou-se um espaçamento de 75 cm entre linhas e 15 cm entre plantas
na linha, 75 cm entre linhas e 10 cm entre plantas na linha para soja e 75 cm entre linhas e 50 cm
entre plantas na linha para feijão boer resultando em uma população de 41.791,6 plantas/ha para
a cultura de milho.
3.3.2.3.1. Retancha
Duas semanas após a sementeira (15 dias após emergência), fez-se a retancha, na perspectiva de
manter o número óptimo de plantas no campo, visto que quase 10% das sementes mostraram
fraca capacidade de emergência em quase todas as variedades no em estudo.
Foram realizadas 2 sachas manuais. Trinta (30) dias após sementeira foi realizada a primeira
sacha e a segunda sacha foi realizada 90 dias após a emergência, conforme o grau de
aparecimento de infestantes no campo. Paralelamente, mondas e amontoas foram realizadas
durante as diversas actividades de acompanhamento do ensaio, como forma de manter
continuamente o campo livre de infestantes.
3.3.2.3.3. Desbaste
O desbaste foi realizado 15 dias após sementeira para reduzir o excesso de plantas no mesmo
covacho evitar a competição em água, nutrientes e luz, reduzindo assim a influência desses
factores nos resultados do ensaio. Foi realizado após as plantas apresentarem pelo menos três
folhas verdadeiras.
Foram realizadas 2 pulverzações utilizando pulverizador dorsal. A primera foi feita na primeira
semana de fevereiro, portanto 26 dias após sementeira, no momento em que a densidade de
lagartas de ¼ lagartas/plantas. A segunda foi realizada 36 dias após sementeira. Para tal foram
usados extratos de plantas de rícinos e margosa.
A colheita manual do milho foi desencadeada após a maturação fisiológica, cerca de 107 dias
após a emergência. Para o milho foram colhidas espigas em cada planta, tendo sido separadas as
espigas comerciais e não comerciais. Consideraram-se espigas comerciais todas aquelas que
apresentavam mais de 15 cm sem palha e sem nenhum dano. Para o feijão nhemba e boer foram
A avaliação de pragas foi feita semanalmente no período da manhã, apartir dos 20 dias após
emergência do milho, usando linhas centrais tendo sido tomadas como amostra 6 plantas
aleatoriamente seleccionadas. Nas duas linhas centrais a primeira e a última também servirão
como bordaduras.
Em cada planta era observada a incidência das lagartas, densidade das lagartas e o nível médio
de ataque da lagarta do funíl.
A prospecção de pragas foi feita semanalmente num total de 4 observações nas manhãs a partir
de 20 dias após emergência da cultura de milho, usando uma amostragem do tipo convencional ,
cminhando em zig-zag. A amostragem do tipo convencional consistiu em seleccionar um número
fixo de amostras (seis plantas/subparcela). Em cada planta era observada, primeiro, a folha
principal no meio da planta, depois duas folhas da parte apical (funíl) da mesma, anotando o
número de indivíduos de pragas presentes, incluíndo os ovos e as lagartas de Spodoptera
frugiperda.
Foram colhidos outros dados agronómicos essencias, tais como número de espigas comerciais,
número de espigas não comerciais, rendimento comercial (kg/ha) e peso de cem sementes (g) das
plantas colhidas.
𝐍º 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬 𝐚𝐭𝐚𝐜𝐚𝐝𝐚𝐬
ID = 𝐍º 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐭𝐚𝐬 𝐨𝐛𝐬𝐞𝐫𝐯𝐚𝐝𝐚𝐬 × 𝟏𝟎𝟎%
Com aplicação da fórmula acima, determinou-se os níveis de incidência da lagarta do funíl nos
diferentes tratamentos e recorreu-se à escala diagramática de classificação de pragas.
Refere-se ao numero total de lagartas que foram observadas na área útil dedada parcela avaliada.
Esta variável foi calculada a partir do número total de lagarta do funíl por unidade experimental
observado durante o ciclo da cultura.
De acordo com a escala visual de danos (Davis & Williams, 1980) que é avaliada mediante a
nota de observação directa e cálculos que varia de 0 a 9 na escala.
Para avaliar os danos nos tratamentos foram seleccionadas 6 plantas. Após 20 dias, foi realizada
uma avaliação do ataque, utilizando uma escala visual de danos proposta por Davis & Williams
(1989) (Tabela 4), sendo a nota média de danos obtida dos valores de cada observação.
Nota Descrição
0 Nenhum dano nas folhas
1 Perfurações diminutas em algumas folhas
2 Pequena quantidade de perfurações arredondadas em algumas folhas
3 Perfurações arredondadas em várias folhas
4 Perfurações arredondadas e lesões em algumas folhas
5 Lesões em várias folhas
6 Grandes lesões em várias folhas
7 Grandes lesões e porções comidas (dilaceradas) em algumas folhas
8 Grandes lesões e porções comidas (dilaceradas) em várias folhas
9 Grandes lesões e porções comidas (dilaceradas) na maioria das folhas
Em cada tratamento, pesamos 100 sementes seleccionadas aleatoriamente. A amostra foi extraída
do rendimento das repetições dentro de cada tratamento cujos pesos foram determinados com
uma balança de precisão de 210 g. A pesagem foi feita após a secagem e selecção criteriosa das
sementes.
O rendimento por hectare foi calculado usando a fórmula abaixo descrita, após a debulha,
limpeza, secagem do grão e selecção. Fórmula usada para determinar o rendimento do grão:
PG
𝐑𝐞𝐧𝐝 (𝐤𝐠. 𝐡𝐚−𝟏 ) = ∗ NP. ha−1
Nt de plantas colhidas
Onde:
PG – peso do grão.
FV GL SQ QM FC
Bloco b-1 SQBloco QMBloco QMBloco/QM Erro a
Factor A a-1 SQ A QM A QMA/QM Erro a
Factor G g-1 SQ G QM G QMG/QM Erro b
AXG (a-1) (g-1) SQA G QMA G QM A G/QM Erro b
Erro (a ×g-1) (a-1) SQ Erro b QM Erro b -
Total Abg-1 SQ Total - -
Fonte: Ott e Longnecker (2001)
Legenda:
SQ- Soma de Quadrados; SQT- Soma de Quadrados de Tratamentos; SQB- Soma de Quadrados
de Blocos; SQE- Soma de Quadrados do Erro; GL- graus de liberdade; QM- Quadrados Médios;
QMT- Quadrados Médios dos Tratamentos; QMB- Quadrados Médios dos Blocos.
𝐐𝐌𝐄
CV (%) = √ × 𝟏𝟎𝟎
𝐘
Legenda:
CV – coeficiente de variação;
Y – média geral do ensaio;
QME – quadrado médio do erro.
Durante a realização do presente estudo, foram enfrentadas várias limitações algumas delas
consideradas como normais e outras atípicas para actividades agrícolas no caso de:
Tabela 7. Comparação das médias do número de espigas comerciais e não comerciais nos
diferentes tratamentos
Variáveis
Tratamento Espiga Comercial/ha Espiga não comercial/ha
Milho puro 6625.00 AB 10705.00 B
Milho consociado com feijão nhemba 5103.75 C 7953.75 C
Milho consociado com soja 6976.25 A 10485.00 B
Milho consociado com feijão boer 6070.00 B 12250.00 A
Média geral 6193.75 10348.44
DMS 867.26 1453.61
CV(%) 6.34 6.36
1
Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de significância.
Quanto a variável número de espigas comerciais por hectar, a maior média para esta variável foi
obtida no tratamento milho consociado com soja com cerca de 6976.25 seguida pelo tratamento
milho puro com uma média de 6625.00 espigas. A menor média foi observada no tratamento
milho consociado com feijão nhemba com cerc de 5103.75 espigas.
Tabela 8. Comparação das médias de peso de cem sementes (g) e rendimento do grão (kg/ha)
entre os tratamentos
Variáveis
Tratamento Peso de cem sementes (g) Rendimento do grão
(kg/ha)
Milho puro 24.52 AB 1746.31 B
Milho consociado com feijão nhemba 23.05 B 1813.69 B
Milho consociado com soja 25.21 A 2227.55 A
Milho consociado com feijão boer 24.56 AB 1510.92 B
Média geral 20.32 1824.62
DMS 1.84 375.06
CV(%) 3.88 9.31
1
Médias seguidas de letras diferentes, nas colunas, diferem estatisticamente entre si pelo teste de
Tukey, a 5% de significância.
No que diz respeito ao peso de cem sementes, O maior peso de cem sementes foi obtido na
consociação entre milho e soja com uma média de 25.21 gramas seguida pelo consócio entre
milho e feijão boer com uma média de 24.56 gramas. A menor média do peso de cem sementes
foi obtido pelo tratamento milho puro com uma média de 24.52 gramas seguido pelo tratamento
milho consociado com feijão nhemba com uma média de 23.05 gramas.
Estes resultados corroboram com os obtidos por Arantes et al. (2016) citado por (Paz, et al.,
2017), que ao avaliarem o milho consorciado com leguminosas também verificaram diferença
entre as espécies avaliadas para esta variável.
Pode-se inferir que a soja e o feijão bóer foram os que apresentaram menor grau de competição
por água, luz e nutrientes, o que teve efeito nas maiores médias de peso de 100 sementes do
milho nas parcelas com a presença destas duas leguminosas (Paz, et al., 2017). Outros autores
observaram resultados próximos aos obtidos neste trabalho. Souza et al. (2004) citado por Paz, et
al. (2017), ao avaliarem o consórcio milho + feijão nhemba e seus efeitos sobre o rendimento de
grãos, observaram que a presença da leguminosa na consociação com o milho não afetou o peso
de 100 sementes. Santos et al. (2016) citado por Paz, et al. (2017), ao avaliarem o desempenho
agronômico do milho e do feijão nhemba e soja consociados em diferentes densidades
populacionais e arranjos de plantas, também verificaram baixa competição da leguminosa em
relação ao milho para a variável peso de 100 sementes, indicando que os diferentes sistemas de
cultivo não afetaram o processo fisiológico de formação das sementes. Já Gallo (2016) citado por
Paz, et al. (2017), avaliando o crescimento e a productividade do milho em cultivo consociado
com soja em diferentes arranjos de plantas, verificou que a leguminosa não competiu com o
milho a ponto de reduzir o peso de 100 sementes, mesmo quando o milho foi semeado com
maiores populações, demonstrando que a gramínea possui elevado poder de competição em
relação à espécie consociada. Contudo, de acordo com Borrás e Otegui (2001) citado por Paz, et
Os dados constatados no presente estudo corroboram com os resultados obtidos por Spagnollo et
al. (2002) citado por Paz, et al. (2017), que obtiveram maior rendimento de milho sob cultivo
intercalar por dois anos com as leguminosas feijão-de-porco, mucuna cinza, guandu-anão e soja
preta (Glycine max (L.) Merr.), comparativamente ao milho em cultivo isolado. Estes resultados
podem estar relacionados ao facto de que em sistemas de produção de milho orgânico, as
leguminosas consociadas constituem fontes de nutrientes, principalmente N via fixação
biológica, que pode beneficiar a cultura do milho (Costa e Silva, 2008 citado por Paz, et al.,
2017).
De acordo com Wutke et al. (2009) citado por Paz, et al. (2017), diversas espécies de
leguminosas utilizadas como adubos verdes têm a capacidade de fixar grandes quantidades de N
por ano, incorporando-o ao sistema produtivo: Crotalaria juncea – 150 a 450 kg ha‑1; feijão-de-
porco – 37 a 280 kg ha‑1; mucuna-preta – 120 a 210 kg ha‑1 e guandu – 37 a 280 kg ha‑1. Em
A transferência do N das fabáceas para o milho pode ocorrer abaixo e/ou acima da superfície do
solo, de forma direta ou indireta, seja pela excreção de compostos nitrogenados; pela
decomposição de raízes e nódulos; pela conexão por micorrizas das raízes da poácea com
aquelas da fabácea; pela ação da fauna do solo sobre raízes e nódulos da fabácea; pela
decomposição das folhas na superfície do solo; pela lixiviação de compostos nitrogenados do
dossel e pelas perdas foliares de amônia, passível de absorção pela poácea (Barcellos et al.,
2008; Fustec et al., 2010; Pereira et al., 2011 citados por Paz, et al., 2017).
Na tabela 9 acima podemos observar resultados referentes à variável incidência. Nele observa-se
uma redução no nível de incidência da lagarta do funíl no consócio entre milho e feijão nhemba
aos 20 dias após sementeira, redução aos 29 dias no milho puro, na consociação entre milho e
soja verifica-se redução na incidência aos 35 dias após emergência e na consociação entre milho
e feijão boer verifica-se redução da incidência da lagarta do funíl do milho aos 47 dias após
emergência (tabela).
Resultados relatados por Cruz e Turpin (1982); Cruz et al. (1984); Oliveira et al. (1995) citados
por Souza, Távora, Bleicher, & Pitombeira (2004) indicando que a fase crítica da S. frugiperda
ocorreu entre 40-50 dias, não foram confirmados no presente estudo. Ao consórcio, a presença
de leguminosas não determinou mudanças significativas na ocorrência de danos causados à
cultura do milho pela lagarta do funíl. Embora haja diferenças significativas para a ocorrência da
praga entre os tratamentos consorciados, os resultados não se revelaram consistentes, pois não
foi constatada associação entre as diversas combinações na proporção entre as culturas e a
ocorrência da praga.
Esse resultado não está em consonância com os obtidos por Castro et al. (1994), quando os danos
causados pela lagarta-do-cartucho não foram reduzidos no consórcio com a leguminosa. Oliveira
et al. (1995) obtiveram resultados semelhantes com essas duas culturas, muito embora tenha
havido uma redução dos danos no consórcio, exceto aos 21 e 28 dias. Há outros relatos que
demonstram a redução da ocorrência desta praga quando o milho é cultivado em consórcio com
leguminosas (Altieri et al., 1977; Quinderé e Santos, 1985; Oliveira et al.,1995; Azevedo e
Araújo, 2000).
Tabela 10. Valores médios da densidade da lagarta do funíl na cultura do milho em sistemas de
cultivos puro e consociado com o feijão nhemba, soja e feijão bor, entre 20 a 47 dias após a
emergência
Não ocorreu o efeito conjunto entre as consociações e o maneio da lagarta do funil, porém,
verificouse que houve efeito independente das consociações e do maneio. Desta forma o milho
consociado com feijão nhemba, soja e feijão bóer apresentaram menores densidades em
diferentes fases de desenvolvimento da planta. Densidades mais baixas desta praga foram
observados no milho consociado com feijão bóer.
Nas semanas chuvosas foi observado uma redução populacional de insectos. De acordo com
Neto et al. (1976) citados por Chamuene (2007), esse facto pode ser devido a acçao mecânica
directa da chuva, que afecta no comportamento dos insectos. As chuvas prolongadas fazem com
que os insectos se recolham às habitações e muitas vezes impedem a postura, e
consequentemente, reduzem as populações de insectos.
Tabela 11. Valores médios do nível médio de ataque da lagarta do funíl na cultura do milho em
sistemas de cultivos puro e consociado com o feijão nhemba, soja e feijão bor, entre 20 a 47 dias
após a emergência
Na tabela 11 acima podemos observar resultados referentes à variável nível médio de ataque da
lagarta do funíl. Nele observa-se uma redução no nível médio de ataque da lagarta do funíl no
consócio entre milho e soja aos 20 dias após sementeira, redução aos 29, 35 e 47 dias após
emergência na consociação entre milho e feijão nhemba.
Resultados obtidos no presente estudos coroboram com os apresentados por Souza, Távora,
Bleicher, & Pitombeira (2004), que afirmam que o plantio consociado com o feijão-de-corda não
reduziu a percentagem de plantas atacadas pela lagarta do funíl na cultura do milho. Ao
contrário, a idade da cultura influenciou significativamente a intensidade de ataque da praga. Em
ambos os sistemas de plantio, o maior pico populacional dessa espécie ocorreu quando as plantas
estavam com 35 dias de idade, tendo em seguida, de forma acelerada, caído a níveis que
oscilaram entre 0.45 a 2,8%, no período de 47 dias após emergência. Estes resultados são
semelhantes aos observados por Lazzari e Foerster (1983) citados por Souza, Távora, Bleicher,
& Pitombeira (2004), quando verificaram que o pico populacional de lagartas do funíl na cultura
do milho ocorreu aproximadamente aos 45 dias após emergência.
Os resultados são semelhantes aos obtidos por Karel et al. (1980) e Oliveira et al. (1995) citados
por Souza, Távora, Bleicher, & Pitombeira (2004)que observaram, independentemente do
sistema de plantio, picos de incidência da praga aproximadamente aos 42 e 48 dias,
respectivamente.
2500.00
Rendimento do grão(kg/ha)
2000.00
y = 0.166x + 796.54
R² = 0.2065
1500.00
R = 0.4544
Dispersão
1000.00
Linha de tendência
500.00
0.00
0.00 1000.002000.003000.004000.005000.006000.007000.008000.00
Espigas comerciais/ha
2500.00
Rendimento do grão (kg/ha)
2000.00
y = 123.22x - 1165.6
R² = 0.1397
1500.00 R = 0.3738
Dispersão
1000.00
Linha de tendência
500.00
0.00
22.50 23.00 23.50 24.00 24.50 25.00 25.50
Peso de cem sementes (g)
A correlação entre a variável peso de 100 sementes e o rendimento do grão da cultura do milho,
observa-se no gráfico 3 acima que o valor do coeficiente de correlação (R) é 0,3738 entre as
variáveis. Sousa (2008:7) considera haver uma correlação fraca positiva entre as variáveis. Este
coeficiente indica que a intensidade da relação entre estas variáveis é fraca, isto é, o rendimento
foi fracamente influenciado pelo peso de 100 sementes, ou seja, a medida em que aumentar o
peso de 100 sementes aumentar o rendimento do grão da cultura de milho aumentará de forma
fraca.
2500.00
Rendimento do grão (kg/ha)
Dispersão
1000.00
Linha de tendência
500.00
0.00
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20
Incidência da lagarta do funíl do milho
A relação entre as pragas com o rendimento indica que quando a incidência da lagarta de funíl
aumenta o rendimento diminui significativamente. Por isso onde aumenta a incidência, reduz
relativamente o rendimento.
2500.00
Rendimento do grão (kg/ha)
2000.00
y = 1205x + 1442.8
R² = 0.0737
1500.00 R = 0.2715
Dispersão
1000.00
Linha de tendência
500.00
0.00
0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50
Densidade da lagarta do funíl do milho
O gráfico 6 apresenta os resultados da correlação entre nível médio de ataque da lagarta de funíl
do milho e o rendimento do grão.
Gráfico 6. Correlação entre nível médio de ataque da lagarta de funíl do milho e o rendimento do
grão
2500.00
Rendimento do grão (kg/ha)
2000.00
y = -168.39x + 2171.3
R² = 0.0544
1500.00
R = 0.2332
Dispersão
1000.00
Linha de tendência
500.00
0.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00
Nível médio de ataque da lagarta do funíl do milho
5.1. Conclusões
O milho comportou-se como dominante quando consociado com feijão nhemba, soja e
feijão boer em relação ao milho produzido em monocultura.
Em relação às variáveis espiaga comercial e espiga comercia, notou-se que o maior
número de espigas comerciis foi obtido na consociação entre milho e soja com cerca de
6,976.25 espigas por hectar e o menor número de espigas comerciais foi obtido pela
consociação entre milho e feijão nhemba com cerca de 5,103.25 espigas por hectar. No
que diz respeito às espigas não comerciais, a consociação entre milho e feijão boer obteve
maior número com cerca de 121,250.00 espigas por hectar e o menor número de espigas
não comerciais foi observado na consociação entre milho e feijão nhemba com cerca de
7,953.75 espigas por hectar.
Quanto ao peso de 100 sementes constata-se que o maior peso foi verificado na
consociação entre milho e soja com cerca de 25.21 gramas e a menor média para esta
variável foi observada na consociação entre milho e feijão boer com uma média de 23.05
gramas.
A incidência mais elevada da lagarta do funíl observou-se 20 dias após emergência até
aos 35 dias. A consociação que mostrou incidência, densidade e nível médio de ataque
relativamente mais baixa foi entre milho e feijão nhemba tendo se mostrado mais notório
aos 47 dias após emergência. A maior ocorrência de danos causados pela lagarta do funíl
na cultura do milho se deu aos 20 até 35 dias após emergência.
Com o uso da consociação constatou-se que houve um forte efeito sobre rendimento da
cultura de milho. Porém a consociação entre milho e soja foi a que obteve melhor
rendimento com cerca de 2,227.55 kg/ha. Contudo, existem evidências suficientes para
rejeitar-se a hipótese nula e aceitar-se a hipótese alternativa que diz existe pelo menos um
dos tratamentos que traz um efeito significativo no controlo da lagarta do funil e/ou nas
componentes de rendimento do milho
Com base nos resultados obtidos e as conclusões chegadas durante o estudo recomenda-se:
Para que faça estudos repetitivos de avaliação do efeito da consociação do milho com
soja (Glycine max L.), Feijão nhemba (Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer
(Cajunus cajunus) na incidência, densidade e nível médio deataque da lagarta do funil do
milho Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho
(Zea mays L) nas condições agro-ecológicas do distrito de Nampula para que se possa
comprovar a legitimidade dos resultados do presente estudo e obter uma amostra
demonstrativa da realidade do distrito.
Para que façam promoção do uso de sistemas de cultivo de milho em consociação com
leguminosas, particularmente, para pequenos e médios produtores, pois essa prática é
importante para a gestão de mão-de-obra, melhor aproveitamento da terra e maior
rendimento económico. Desta maneira, 50% da área total pode ser ocupada pelo milho e
50% por outras culturas consociadas.
Recomenda-se o uso das culturas de feijão nhemba e soja na consociação com o milho.
No caso de feijão boer, como cultura consociada, sugere-se a subistituição por variedades
de ciclo curto.
No caso de maneio de pragas, as aplicações de isecticidas devem ser feitas na base de
limiar económico para minimizar os danos causados pelas pragas e usando pesticidas
orgânicos, de modo a conservar os inimigos naturais e, consequentemente, maximizar o
rendimento de campo e económico.
Apêndices
1 Planeamento do O autor
ensaio
2 Condução do ensaio O autor
3 Local Campos do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM), distrito de Nampula - Nampula
4 Ano do ensaio 2020
5 Espécie vegetal Milho (Zea maize L.), Feijão nhemba (Vigna unguiculata (L.)
Walp.), Soja (Glycine max L. Merr.) e Feijão boer (Cajunus
cajunus)
6 Objectivo do ensaio Avaliar o efeito da consociação do milho com soja (Glycine max
L.), Feijão nhemba (Vigna unguiculata (L.) Walp.) e feijão boer
(Cajunus cajunus) na incidência, densidade e nível médio
deataque da lagarta do funil do milho Spodoptera frugiperda
(Lepidoptera: Noctuidae) e rendimento da cultura do milho (Zea
mays L).
Tratamentos 4 x 1: Milho puro, consociação de milho com feijão nhemba, soja
e feijão boer
7 Esquema do ensaio Veja-o no apêndice II
Número repetições 4
Tamanho das 8 X 5 m = 40 m2
parcelas
Área útil por 7 X 4 m = 28 m2
parcela
Área total do ensaio 874 m2
Comprimento 38 m
Largura 23 m
Método de ensaio Blocos Completos Casualizados. Esquema mono-factorial
Número de parcelas 16
8 Trabalho realizar
Limpeza Remoção de toda vegetação da área de ensaio, escarificação no
vaso
Aquisição do Compra de Sementes, adubos, fita-métrica e pesticidas
material
Método de 2 Sementes por covacho, à mão
sementeira
Distância entre 2,0 m
blocos
Distância entre 1,0 m
parcelas
Origem das IIAM – Nampula – Nampula
sementes
--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 32.027150 10.675717 17.304 0.0004
REP 3 8.479150 2.826383 4.581 0.0328
erro 9 5.552400 0.616933
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 46.058700
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 6.34
Média geral: 12.3875000 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 151.940069 50.646690 29.223 0.0000
REP 3 18.187819 6.062606 3.498 0.0629
erro 9 15.598256 1.733140
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 185.726144
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 6.36
Média geral: 20.6968750 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 10.000792 3.333597 4.479 0.0347
REP 3 1.985774 0.661925 0.889 0.4829
erro 9 6.698241 0.744249
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 18.684808
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 3.55
Média geral: 24.3343750 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 141125.875000 47041.958333 14.331 0.0009
REP 3 36301.875000 12100.625000 3.686 0.0558
erro 9 29542.000000 3282.444444
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 206969.750000
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 5.60
Média geral: 1022.8750000 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 0.110000 0.036667 1.0E+0009 0.0000
REP 3 0.000000000E+0000 0.00000000E+0000 1.0E+0009 0.0000
erro 9 0.000000000E+0000 0.00000000E+0000
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 0.110000
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 0.00
Média geral: 0.2250000 Número de observações: 16
--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
--------------------------------------------------------------------------------
TRATAMENTO 3 0.126875 0.042292 67.667 0.0000
REP 3 0.001875 0.000625 1.000 0.4363
erro 9 0.005625 0.000625
--------------------------------------------------------------------------------
Total corrigido 15 0.134375
--------------------------------------------------------------------------------
CV (%) = 10.81
Média geral: 0.2312500 Número de observações: 16
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Apêndice III.VII: Tabela de Analise de Variância para Nível Médio de ATaque da Lagarta
do Funíl
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FV GL SQ QM Fc Pr>Fc
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TRATAMENTO 3 8.801875 2.933958 142.253 0.0000
REP 3 0.091875 0.030625 1.485 0.2834
erro 9 0.185625 0.020625
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Total corrigido 15 9.079375
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CV (%) = 6.10
Média geral: 2.3562500 Número de observações: 16
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Anexos
Tratamento REP DENS1 DENS2 DENS3 DENS4 NMA1 NMA2 NMA3 NMA4
Milho Puro 1 0.50 0.09 0.25 0.31 2.47 1.93 2.67 2.22
Milho Puro 2 0.38 0.11 0.17 0.25 2.21 1.65 2.83 2.12
Milho Puro 3 0.50 0.17 0.17 0.50 2.50 2.17 2.17 2.48
Milho Puro 4 0.50 0.17 0.32 0.33 3.17 2.50 2.72 2.50
Milho+Feijão boer 1 0.50 0.17 0.75 0.00 2.33 1.65 3.83 0.71
Milho+Feijão boer 2 0.17 0.26 0.83 0.00 2.80 1.17 4.05 0.89
Milho+Feijão boer 3 0.29 0.21 0.50 0.17 2.17 1.50 3.91 1.01
Milho+Feijão boer 4 0.50 0.17 0.90 0.00 2.62 1.42 4.06 1.11
Milho+Soja 1 0.59 0.37 0.17 0.21 2.17 1.43 3.00 1.23
Milho+Soja 2 0.73 0.29 0.33 0.26 2.04 1.67 3.00 1.08
Milho+Soja 3 1.17 0.17 0.17 0.17 2.99 1.67 3.17 1.41
Milho+Soja 4 1.00 1.00 0.17 0.33 2.17 1.88 3.13 1.49
Milho+Feijão nhemba 1 0.33 0.33 0.67 0.00 2.17 1.17 1.96 0.50
Milho+Feijão nhemba 2 0.25 0.13 0.25 0.00 2.50 1.04 2.67 0.17
Milho+Feijão nhemba 3 0.27 0.08 0.33 0.00 2.13 1.30 1.45 0.17
Milho+Feijão nhemba 4 0.33 0.10 0.31 0.17 2.45 1.17 1.69 0.54