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A inclusão social das pessoas com deficiência no mundo

A partir da segunda metade do século XX, com a crescente promoção dos direitos humanos, o mundo se
deparou com desafios e necessidades para efetivar o respeito à dignidade e à igualdade de todos.
Uma dessas necessidades é a total inclusão social das pessoas com deficiência (PcD). Mesmo
correspondendo a quase 15% da população global, seus impedimentos de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial foram (e continuam sendo) motivos para a marginalização, exclusão e
discriminação social.
Diante disso, diversas políticas e medidas legislativas e jurídicas foram construídas no mundo a fim de
eliminar a exclusão social dessas pessoas e garantir os seus direitos. Neste texto do Equidade, vamos
tentar entender justamente sobre esses esforços pela inclusão social das PcD ao redor do mundo.
Primeiramente, o que é inclusão social?
Antes de entendermos as ações tomadas para o fortalecimento dos direitos das pessoas com deficiência no
mundo, é importante sabermos o que exatamente significa a inclusão social.
A inclusão social pode ser entendida como ações e medidas que buscam pela participação ativa de todos
nos mais diversos âmbitos da sociedade. Dessa forma, o sentimento de pertencimento é desenvolvido e
há a integração de todos dentro de uma comunidade.
Isso significa que o ato de incluir socialmente tem o objetivo de possibilitar que as pessoas marginalizadas
e excluídas, como as pessoas com deficiência, tenham acesso à vida social, econômica e política e
desfrutem dos seus direitos.
Segundo o pesquisador Romeu Sassaki, a inclusão social:
“constitui, então, um processo bilateral (que tem dois lados), no qual as pessoas, ainda excluídas, e a
sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de
oportunidades para todos”.
Nesse sentido, após a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a inclusão
social ganhou força como um meio para se alcançar a igualdade e o bem-estar de todos. Como
consequência, medidas que buscavam pela proteção das pessoas com deficiência começaram a ser
intensificadas no mundo.
Isso ocorreu principalmente após a década de 1970, que, como vimos em nosso texto sobre a história dos
direitos das pessoas com deficiência, é quando o entendimento social da deficiência surge e começa a
ganhar relevância no cenário internacional.
Assim, novas legislações internacionais são formuladas, com base na compreensão de que a deficiência
deve ser tratada como um problema social, e não individual, em que a sociedade deve se adequar e
construir mecanismos de inclusão total dessas pessoas.
Vamos ver melhor algumas dessas legislações.
Os direitos das pessoas com deficiência no mundo
Entendido o que a inclusão social significa, podemos falar sobre as ações, principalmente jurídicas,
tomadas ao redor do mundo para efetivá-la. A preocupação com as pessoas com deficiência é pauta
da Organização das Nações Unidas (ONU) desde a década de 50.
Um exemplo foi a aprovação pela Organização Internacional do Trabalho da Convenção nº 111, em 1958,
dispondo sobre a eliminação de qualquer discriminação em matéria de emprego para todo e qualquer ser
humano.
Assim, na década de 70 houve o reconhecimento efetivo dos direitos das pessoas com deficiência, com a
publicação da Declaração dos Direitos das Pessoas com Deficiência Mental, em 1971, e da Declaração
dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência, em 1975.
Mas, são os documentos internacionais elaborados a partir da década de 1990 que incorporam a noção
contemporânea de inclusão, comentada anteriormente. Uma das primeiras normas nesse sentido foi
a Convenção nº 159 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Ela foi elaborada em 1991 na Conferência Geral da OIT, tendo como objetivo estabelecer regulamentos
para a inclusão das pessoas com deficiência no ambiente de trabalho no mundo.
Dessa forma, a Convenção determinou o princípio da igualdade de oportunidades e tratamento para as
PcD no mercado de trabalho, de modo a possibilitar a reabilitação profissional e o emprego dessas pessoas.
Anos mais tarde, em 1994, foi realizada a Conferência Mundial de Educação Especial, na cidade de
Salamanca, na Espanha. O evento teve como resultado a Declaração de Salamanca, considerada um dos
principais documentos mundiais sobre a inclusão social das PcD na área da educação.
O documento defende que os sistemas educacionais das nações devem ser aptos para contemplar e incluir
todos os estudantes, independente de suas diferenças ou dificuldades.
Assim, a Declaração de Salamanca prevê algumas medidas, como investimento em educação inclusiva,
garantia de treinamentos para professores, estabelecimento de mecanismos de inclusão educacionais e
apoio internacional para desenvolver a educação inclusiva.
Já em 1999, foi elaborada a Convenção da Guatemala, no âmbito da Organização dos Estados Americanos
(OEA), também chamada de Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência.
Nesse sentido, o documento é válido somente para os Estados membros da OEA no continente americano.
A Convenção reafirma os direitos humanos e os princípios fundamentais de liberdade e igualdade da
pessoa com deficiência, determinando que os países signatários, como o Brasil, tomem medidas que
eliminem qualquer discriminação e promovam a integração plena dessas pessoas na sociedade.
Assim, o documento também estabeleceu a criação da Comissão para a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, responsável por analisar o
comprometimento dos Estados membros com os direitos garantidos na Convenção.

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