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ARQUITETURA E

INFRAESTRUTURA
DE IOT

Anderson Luiz Nogueira Vieira


Aplicações IoT
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever as principais aplicações de negócios de IoT.


 Exemplificar aplicações com IoT.
 Demonstrar aplicações de IoT com Arduino.

Introdução
A Internet das Coisas (IoT, do inglês Internet of Things) certamente é
uma área de negócios que está crescendo e, consequentemente, se
tornando um ramo com forte demanda por profissionais. Para atuar na
área, o profissional deve ter conhecimentos em infraestrutura de redes,
desenvolvimento de aplicações e eletrônica. Além disso, deve aliar todo
esse conhecimento com criatividade na observação de problemas a
serem resolvidos usando automação.
Neste capítulo, você vai entender a IoT não somente como uma
tecnologia, mas também como a possibilidade de criação de negócios
pela criação de soluções inteligentes em diversas áreas já existentes ou
até mesmo na criação de novos negócios, sejam eles para automação
residencial, automação industrial, saúde, entre outros. Serão apresentados
os benefícios de aplicações em IoT, tipos de aplicação, bem como uma
introdução à criação de aplicações IoT usando Arduino.

1 Aplicações de negócios em IoT


O termo Internet das Coisas foi idealizado há algumas décadas, quando o
sociólogo Sudhir Venkatesh (1996) publicou um artigo aludindo à ideia de que
ocorreria uma mudança no uso da computação, que deixaria de ser voltada
somente para fins de trabalho e passaria a ser utilizada em casa, com aplicativos
de fácil utilização que solucionariam demandas domésticas com interfaces
que não exigiriam conhecimentos técnicos do usuário. De fato, já em 2006 o
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urbanista Adam Greenfield afirmava que a humanidade estava vivendo um


novo paradigma, no qual o usuário não controla quando e onde o computador
está sendo usado, pois o processamento se dá cada vez mais em tempo real e
de modo distribuído em pequenas tarefas via dispositivos conectados.
Sendo assim, novos negócios e aplicações tem surgido e crescido a cada
ano. Para se tornarem referência e se manterem no ramo, empresas precisam
buscar inovação constante em qualquer que seja sua atividade. Conforme
observado por Sinclair (2018, p. 27):

As empresas que não entram no mercado na hora certa, com uma oferta de
IoT, enfrentarão fortes ventos contrários, e os retardatários não serão capazes
de alcançar os precursores, tornando suas ofertas obsoletas. Há mais aqui,
porém, do que uma simples corrida a pé. A IoT transforma a maneira como
as empresas competem, e, no processo, muda as condições do campo de jogo,
deixando-o de maneira que não é óbvia hoje.

Dessa forma, antes mesmo de conhecer as principais aplicações em IoT, é


importante entender que a IoT pode ser peça estratégica em qualquer negócio,
eliminando concorrentes fracos e sem inovação, absorvendo categorias de
produtos convencionais e principalmente transformando os modelos de
negócios em si no mais importante de todos os atributos (ROGERS, 2018).
O objetivo de um negócio é vender algum produto ou serviço para o cliente.
Sendo assim, a IoT deve ser utilizada como uma forma de criar para o negócio
um valor adicional que justifique os custos de investimento, pois é bem provável
que com a inovação seus custos sejam elevados. Assim, soluções sempre devem
ser desenvolvidas de forma a criar um valor que convença o cliente a adquiri-lo.
Segundo Pallakku e Sathiyanathan (2020), as principais aplicações IoT
desenvolvidas na atualidade podem ser classificadas em algumas categorias,
analisadas uma a uma a seguir.

Cadeia de suprimentos e logística


A IoT pode automatizar empresas de varejo. Ela pode ser usada em soluções
para gestão de estoque ou até mesmo para monitorar o fluxo de clientes e
áreas de loja que são mais frequentadas, além de otimizar fluxos até mesmo
no controle e pagamento de produtos.
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Conservação de energia
A IoT pode ser aplicada em diversas soluções que permitam a economia de
energia, independentemente do ramo de atuação. Coo o consumo de energia
faz parte do custo operacional de uma empresa, soluções que implementam
a conservação de energia otimizam gastos e geram economia.

Agricultura inteligente
Aplicações IoT podem aprimorar o processo produtivo no campo. Sistemas
podem monitorar dados meteorológicos e auxiliar o agricultor durante as
várias fases de cultura. A análise de dados coletados por meio de estações
ou sensores, como temperatura, pluviosidade e umidade do solo, facilita o
processo produtivo e reduz perdas.

Ambientes inteligentes
Nesta categoria, recaem três grandes nichos de negócio:

 Cidades inteligentes — um dos cenários mais ricos e complexos para


ambientes inteligentes, capaz de relacionar vários domínios, como
meio ambiente, economia, mobilidade urbana, energia e governança.
Contudo, apresenta inúmeros desafios associados e envolve vários
atores, como administradores municipais, operadores, prestadores de
serviços e cidadãos, com possíveis objetivos concorrentes, dificultando
a aplicação de IoT de forma homogênea.
 Fábricas inteligentes — a Indústria 4.0 (Figura 1) é uma das áreas
empresariais que tem recebido grandes benefícios em ambientes inte-
ligentes. Embora os sistemas de automação e de IoT implementados
sejam semelhantes a aplicações em residências e logística, sua integração
no processo produtivo industrial gera informações relevantes para o
negócio de manufatura, embasando decisões e otimizando processos
de produção em tempo real.
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Figura 1. Histórico das mudanças de paradigma na indústria.


Fonte: Anadi Soluções (2018, documento on-line).

 Casas inteligentes — residências são ambientes que podem receber


várias soluções IoT, principalmente porque muitas delas já possuem
tecnologias instaladas, mesmo que não interconectadas, mas que podem
receber investimentos de seus proprietários para implantar soluções de
automação e manutenção. Isso inclui soluções de assistência pessoal,
como ligar ou desligar aparelhos domésticos por controle de voz, e
também soluções de gerenciamento, como monitoramento de segurança
usando alarmes e acendimento de luzes em determinado horário para
otimizar o consumo de energia.

Saúde e fitness
Um dos principais exemplos de IoT em saúde é o smartwatch. Além de se
conectar ao telefone, alguns possuem sistemas de monitoramento cardíaco,
de pressão, entre outros. Podem ser utilizados durante o exercício físico ou
para monitorar o cotidiano do usuário. Além disto, existem diversas soluções
desenvolvidas para automação de hospitais e monitoramento da saúde de
pacientes.
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Transporte inteligente
Os veículos autônomos tem se tornado uma tendência no mercado graças à
IoT. Por meio de sensores e da inteligência artificial, esses veículos conseguem
monitorar o trajeto em tempo real, podendo conduzir de forma inteligente e
com direção defensiva, mesmo sem um motorista.

Vida social e entretenimento


A IoT também pode ser usada como objeto de entretenimento para o usuário.
Existem diversas soluções que têm sido utilizadas em restaurantes e boates, ou
até mesmo residenciais, que permitem a interação de usuários via redes sociais.

Conheça o estudo “Internet das Coisas: um plano de ação para o Brasil”, criado pelo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Nesse relatório detalhado,
foi desenvolvido um diagnóstico geral e elaborado um plano de ação para o Brasil
de 2018 a 2022.

2 Exemplos de aplicações com IoT


Uma vez revisadas as principais aplicações atuais da IoT, é importante exa-
minarmos exemplos de aplicação nas mais diversas áreas. Assim, vejamos
alguns casos de estudo nas áreas de cadeia de suprimentos e logística, fábricas
inteligentes, gestão energética, agricultura inteligente, saúde e transporte
inteligente.

Cadeia logística
Atualmente, a Amazon é uma das empresas que mais vem investindo em
IoT e inteligência artificial. Uma das melhores experiencias em solução para
varejo e logística é o Amazon Go, que cria uma nova experiencia no processo
de compra e também na fidelização do consumidor.
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A Amazon criou o termo just walk out (basta sair caminhando), conceito
que tem mostrado as possibilidades de se reinventar o varejo físico. Nessas
lojas físicas, não há funcionários para atendimento, muito menos um funcio-
nário no caixa para faturar a compra dos produtos. Na porta da loja, basta
o consumidor aproximar seu smartphone de um sensor que identifica esse
usuário e sua conta na Amazon, liberando sua entrada. Ao entrar, ele recebe
notificações com ofertas direcionadas, escolhe e retira das prateleiras os
produtos que deseja levar e sai da loja. Ao sair, o usuário já recebe a fatura de
sua compra em sua conta Amazon.

Ambientes industriais inteligentes


Ao avaliar a planta industrial de uma empresa global do ramo de siderurgia,
a consultoria Nexa identificou várias falhas de comunicação e de relatórios
entre equipamentos industriais, dificultando a coleta e envio de dados de
operação e aumentando o tempo de resolução de problemas de paradas
não programadas na linha de produção. Essas paradas não programadas
geravam uma perda de aproximadamente um milhão de dólares por ano.
Aplicando os conceitos de Indústria 4.0, foi então instalada uma rede de
sensores em todos os equipamentos de produção, além de ser criada uma
rede de comunicação entre eles, de forma a dar vazão em tempo real a todas
as informações capturadas, garantindo maior previsibilidade na manutenção
de equipamentos.
Essa solução tornou o processo periodização de manutenção automático
e on-line, liberando funcionários que coletavam informações manualmente,
podendo direcioná-los para outras atividades. Além disso, o processo de tomada
de decisão foi agilizado e foram diminuídas as paradas não programadas na
linha de produção, tudo isso com a criação de soluções IoT.

Gestão energética inteligente


As aplicações de IoT para gestão do consumo de energia e eficiência energética
estão entre as de maior interesse para as empresas. Uma dessas soluções, criadas
pela Aliger, baseada no conceito de monitoramento não intrusivo de carga
(NILM — non-intrusive load monitoring), é capaz de identificar a maioria dos
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dispositivos de uma rede elétrica e inferir suas características de consumo.


Com o uso de sensores, a solução faz o gerenciamento de dispositivos elétricos
já conectados em rede e também de equipamentos que não possuem conexão,
criando uma malha gerenciável com medição remota e descentralizada. Essa
gestão pode correlacionar dados de consumo de acordo com o perfil de uso e
localização, que, com o uso de inteligência artificial, pode identificar pontos
de melhoria e de eficiência energética.

Monitoramento de lavouras
Drones já são utilizados para monitorar lavouras e identificar pragas, ervas
daninhas e falhas no plantio. Aplicações para vegetação usam sistemas como o
índice de diferença normalizada de vegetação (NDVI — normalized difference
vegetation index), que permitem que esses dispositivos conectados possam
fazer a contagem de plantas e identificar pontos de falhas, pragas, doenças
e deficiência nutricional na plantação. Além disso, por meio de sensores e
câmeras, é possível gerar mapas de taxas variáveis para a aplicação de insu-
mos e fertilizantes com precisão, tornando o processo de cultura ainda mais
inteligente.

Colher inteligente
Para muitos, pode ser algo desnecessário, mas este é um recurso que melhora o
cotidiano de portadores de Parkinson e pacientes em recuperação de acidente
vascular cerebral (AVC). A colher inteligente da empresa Liftware Steady
mostrada na Figura 2, é um dispositivo IoT que auxilia pessoas com tremores
de mão a comer com mais facilidade. Seu funcionamento se dá pelo uso de
sensores, acelerômetro (que mede inclinação e movimento) e giroscópio (que
mede o posicionamento do dispositivo no espaço de acordo com a força da
gravidade). Isso promove a estabilização automática do utensílio, diminuindo
em 70% o tremor da colher. Trata-se de um recurso que garante mais inde-
pendência para esse público-alvo, evitando até mesmo a necessidade de ajuda
na alimentação.
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Figura 2. Liftware Steady, colher criada para pacientes com tremores


manuais.
Fonte: Liftware (c2020, documento on-line).

Piloto automático
Os veículos Tesla foram os primeiros a serem comercializados como carros
autônomos. O uso de IoT, como sensores, câmeras, radares e GPS, permite
não somente que o automóvel trace rotas durante o trajeto, mas também que
pratique direção defensiva no trânsito, usando modelagem preditiva para
conduzir o veículo e obedecer às regras de trânsito.
Na verdade, existem níveis de autonomia nesse tipo de veículo, conforme
descritos por Santos (2017):

 Nível 0 — nenhuma automação. O condutor mantém controle completo


e exclusivo do veículo, ficando 100% responsável por observar a estrada
e manter a direção defensiva. Nesses veículos, podem existir recursos
que auxiliem o motorista, mas sem tomada de decisão pela máquina.
 Nível 1 — automação de funções específicas. O condutor continua tendo
o controle e sendo responsável pela direção. Porém, existem recursos
de frenagem individualizada e automática que o auxiliam na condução.
 Nível 2 — automação de funções combinadas. O motorista fica res-
ponsável pela observação da estrada e operação do veículo. Porém, pode
acionar piloto automático adaptativo ou sistema de manutenção de faixa,
mas ainda mantendo-se atento para sempre assumir o controle do veículo.
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 Nível 3 — automação limitada de direção automática. Quando


as circunstâncias estão certas e monitoradas, a tecnologia desses
automóveis pode cumprir a maioria das ações para o motorista. Isso
inclui examinar o ambiente ao redor do veículo e conduzi-lo de forma
autônoma. O motorista, porém, precisa estar disponível para o controle
ocasional.
 Nível 4 — automação total de direção automática. O veículo é
projetado para assumir todas as funções de condução e monitora-
mento da estrada, mesmo em situações adversas, e não se espera que
o condutor esteja presente, de forma que inclui veículos ocupados
ou desocupados.

Apesar de apresentarem Nível 4 em automação, por segurança a Tesla


ainda indica que seus veículos sejam utilizados com a presença de um con-
dutor capaz de assumir a direção. Com toda a tecnologia IoT neles presentes,
juntamente com o sistema AutoPilot de direção autônoma, ilustrado na Figura
3, tais veículos são capazes inclusive de prever acidentes de trânsito pelo uso
de inteligência artificial.

Figura 3. Demonstração do funcionamento do sistema AutoPilot em um veículo Tesla.


Fonte: Tesla (c2020, documento on-line).
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3 Aplicações de IoT com Arduino


Para efetuar a prototipação de soluções IoT, uma das melhores interfaces de
baixo custo é o Arduino, placa que possui o microcontrolador ATMEL e é com-
patível com uma linguagem de programação simples baseada na linguagem C.
Com o Arduino, é possível se conectar com diversos sensores, de forma a
permitir a criação de novas soluções em IoT.
Porém, existem também simuladores que permitem testes de prototipação,
antes mesmo de se adquirir os componentes ou microcontroladores. Um dos
melhores simuladores é o Autodesk Tinkercad, uma ferramenta gratuita e
on-line de modelos 3D em design assistido por computador (CAD) e também
para a simulação de circuitos elétricos analógicos e digitais, desenvolvida
pela Autodesk.

Para acessar o Tinkercad, é necessário ter uma conta, que pode ser criada rapidamente
acessando o site oficial (Figura 4), e clicando em “Inscreva-se Agora” (passo 1). Feito
isto, para criar um projeto de circuito, clique em “Circuits” (passo 2) e em seguida em
“Criar novo Circuito” (passo 3).

Figura 4. Acessando o site e criando um projeto no Tinkercad.


Fonte: TinkerCad (c2020, documento on-line).
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Automação IoT — iluminação inteligente


Como aplicação IoT, criaremos um recurso de iluminação inteligente, que
pode ser aplicado em residências ou em fachadas de estabelecimentos co-
merciais, de forma que a lâmpada fique acesa somente durante a noite. Para
efetuar a prototipação desse circuito, é necessário dispor dos seguintes
componentes:

 Arduino Uno R3;


 lâmpada;
 relé SPDT;
 fonte de energia;
 resistor 1K (1.000 Ω);
 fotorresistor;
 protoboard ou placa de ensaio.

A partir daí, organize os componentes em sua área de trabalho conforme


dispostos na Figura 5.

Figura 5. Área de trabalho do Tinkercad com componentes para o projeto.


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Antes de iniciarmos o projeto, é importante reforçar a finalidade de al-


guns desses componentes, que são importantes para a aplicação de diversos
projetos em IoT.

 Fonte de energia: como a projeto será para automação de lâmpadas de


tensão 110V ou 220V, é necessário haver no Tinkercad uma fonte de
energia que simule a transmissão dessa corrente elétrica para as lâmpadas.
 Relé: utilizado para acionar cargas elétricas que exijam até 10A de
corrente no Arduino. Funciona exatamente como um interruptor, que
poderá ser acionado pelo Arduino via programação, fechando ou abrindo
o circuito para que a lâmpada receba a corrente.
 Resistor: oferece uma resistência que tem como finalidade transformar
energia elétrica em energia térmica, para limitar a corrente elétrica
em um circuito. Ele será utilizado como mecanismo de proteção na
alimentação do fotorresistor.
 Fotorresistor: também é conhecido como light dependent resistor
(LDR), é um componente eletrônico sensível à luz. Assim como um
resistor comum, ele tem como finalidade limitar a corrente elétrica de
forma variada, de acordo com a incidência de luz. Quanto mais luz, me-
nor a resistência que ele oferece; quanto menos luz, maior a resistência.
 Protoboard: conhecida como placa de ensaio, possui uma matriz de contatos
que permite a construção de circuitos experimentais sem a necessidade de
solda entre os componentes. É importante reforçar as trilhas de conexão
que existem entre estes pontos de contato, conforme exibidas na Figura 6.

Figura 6. Trilhas de conexão em uma protoboard.


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Uma vez conhecidos esses componentes, eis a ideia básica do projeto:


utilizando o LDR para monitorar a incidência de luz solar, o Arduino ativará
o relé para ligar a lâmpada se o nível de luz estiver abaixo de um determinado
indicador.

Montagem do circuito

Passo 1 — Arduino

Inicialmente, é necessário conectar o aterramento (GND) e a alimentação 5V


na protoboard. Sendo assim, será efetuada a ligação nas linhas indicadas na
placa com os sinais – e +.

Passo 2 — LDR

É necessário conectar o LDR ao aterramento e também à energia (bem como


o resistor de 1K), juntamente com o Arduino, que fará a leitura dos valores
encontrados pelo LDR. Por ser um dispositivo que terá valores que variam
continuamente, o LDR será inserido no pino analógico do Arduino (entre A0
e A5). No modelo do projeto, será conectado ao A2.

Passo 3 — relé e lâmpada

Uma vez efetuada a conexão do LDR, é necessário conectar a lâmpada, a


fonte de energia e o relé. Conecte a energia da fonte (positivo) à lâmpada,
enquanto o terra deve ir para o relé no terminal 12. Como mencionado
anteriormente, a lâmpada obterá energia da fonte, uma vez que o Arduino
não tem capacidade de alimentação com a tensão esperada. O aterramento
do Arduino, já conectado na protoboard, irá para o terminal 8. O terminal
ainda em aberto da lâmpada será conectado ao terminal 6 do relé. Por fi m, o
terminal 5 do relé deve se conectar ao pino digital do Arduino (coloque nos
pinos que não possuem o sinal ~). No projeto em questão, será conectado
ao terminal 12.
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Cumpridos todos esses passos, o circuito deverá apresentar o arranjo


exibido na Figura 7.

Figura 7. Projeto finalizado com suas ligações.

Programação

Com o circuito finalizado, clique no botão Código, onde será inserida a pro-
gramação no Arduino. Dentro da programação Arduino, existem duas partes
essenciais, o Setup e o Loop, que são executados na sequência.

Setup()

O setup é obrigatório na criação de um programa para Arduino, pois


é nele que são inseridas as configurações iniciais no projeto, como ao
defi nir se um determinado pino será para leitura ou saída, ou se um LED
começará ligado ou desligado. Além disso, o setup() é executado uma
única vez, no início do programa, e seus códigos devem estar inseridos
entre chaves ({ }).
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Sendo assim, o setup() será inserido da seguinte forma:

void setup()
{
pinMode(A2, INPUT);
Serial.begin(9600);
pinMode(12, OUTPUT);
}

O comando pinMode é utilizado para definir os pinos utilizados no


projeto e como irão se comportar, sendo que A2 é o pino de ligação do LDR,
definido como INPUT (entrada), uma vez que serão enviadas informações
de leitura da incidência de luz detectada pelo LDR. Para o relé, foi definido
o pino 12 como OUTPUT (saída), uma vez a energia será enviada ou não
para a lâmpada.
Em especial, também foi inserido o comando Serial.begin (9600).
Esse comando inicia o monitor serial, que permite visualizar no Arduino os
valores de leitura recebidos, no caso pelo LDR.

Loop()

Uma vez executado o setup(), a segunda e última parte, conhecida como


loop(), é iniciada. Todas as linhas de programação devem também estar
inseridas entre chaves ({}}, de forma que o Arduino irá executar as linhas na
sequência. Como o próprio nome diz, a função loop() é executada continu-
amente, sendo interrompida somente quando um novo código é enviado para
o Arduino.
Logo abaixo do setup, insira o seguinte código:

void loop()
{
Serial.println(analogRead(A2));
delay(10);

}
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Uma vez inserido este código, já será possível monitorar e simular as


entradas de dados do sensor LDR. A linha de comando Serial.println
define que seja feita a exibição da leitura analógica do pino A2 (do LDR),
uma vez que já foi definido em setup() a monitoração dessa porta. Logo
em seguida, foi inserido um comando delay(10), que é um temporizador
para a exibição da próxima leitura do pino A2.
Sendo assim, clique no botão “Iniciar Simulação” (localizado no canto
superior direito do Tinkercad) para efetuar os testes. Ao executar, será possível
verificar em “Monitor serial” o valor de leitura do LDR. Para verificar o fun-
cionamento da programação, clique no LDR e altere seu nível de iluminação.
Assim, será possível identificar a variação sendo informada no “Monitor
serial”, conforme exibido na Figura 8.

Figura 8. “Monitor serial” em execução, mostrando o funcionamento do LDR.

Para finalizar a automação do projeto, deve ser inserido um código com


uma condicional. No caso deste projeto, se a leitura do LDR for maior que
500, o Arduino definirá o pino 12 (do relé) como ligado (HIGH), ligando a
lâmpada. Caso o valor seja diferente disso, o Arduino definirá o pino 12 como
desligado (LOW), mantendo a lâmpada desligada.
Altere o código com as linhas de comando adicionais a seguir e verifique
o funcionamento do projeto IoT para automação da iluminação.
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void loop()
{
Serial.println(analogRead(A2));
delay(10);
if (analogRead(A2) > 500) {
digitalWrite(12, HIGH);
} else {
digitalWrite(12, LOW);
}

A automação em IoT permite que adaptações sejam efetuadas conforme


a necessidade. Dependendo do local onde um projeto desses é implemen-
tado, pode ser necessário alterar o valor mínimo de leitura do LDR, o que
pode ser feito simplesmente alterando o valor 500 no programa acima.
Também é possível implementar a automação para várias lâmpadas usando
o Arduino, de acordo com a quantidade de relés utilizados. Veja a seguir,
na Figura 9, um exemplo de módulo com 16 canais em relé, que podem
ser gerenciados pelo Arduino, controlando, dessa forma, 16 lâmpadas,
interruptores, entre outros.

Figura 9. Módulo de relés com 16 canais para automação com Arduino.


Fonte: SainSmart (2011, documento on-line).
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Vale ressaltar que este é somente um exemplo de aplicação IoT que


pode ser feito com Arduino. Além da programação, é importante conhecer
componentes que podem ser utilizados e como inseri-los dentro de um
projeto de solução IoT.

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20 Aplicações IoT

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