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Caducidade
Albano MACIE2 cita Ana PRATA que afirma que "... genericamente, designa-se por
caducidade a extinção não retroactiva de efeitos jurídicos em virtude da verificação de
um facto jurídico stricto sensu, isto é, independentemente de qualquer manifestação de
vontade”
Caducidade também pode ser concebida como o perecimento de um direito por exaustão
do período legal dentro do qual ele teria existência3.
Para ilustrar exemplo de actos administrativos que se extinguem por caducidade por
decurso do prazo ou passagem do tempo, O professor MACIE6 cita os casos de carta de
1
MACIE. Albano. Lições de Direito Administrativo Moçambicano. Vol. 2. Escolar
Editora. Maputo. Pág. 206
2
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 206. Apud . PRATA, Ana, Dicionário Jurídico, I, 5ª
ed. Almedina, 2013, p. 220. Ver a palavra "Caducidade".
3
SIDOU, J. M. Othon. Dicionário Jurídico. 11. ed., rev. e actual. - Rio de Janeiro:
Forense, 2016.
4
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 207.
5
Ibidem. Pág, 207.
6
Ibidem. Pág, 207.
condução, que está subordinado a certo prazo, dependendo da idade do titular; O caso
das licenças de transporte de carga e de passageiros, etc.
MACIA afirma que há quem possa entender que a caducidade deve ser declarada por
uma autoridade por acto meramente declarativo, mas o que é certo, é que o acto
administrativo caducado não produz nenhum efeito, ele morreu pela verificação do facto
jurídico.
ANULAÇÃO
De acordo com José Carlos Vieira de ANDRADE8 , a anulação é um acto através do
qual se pretende destruir os efeitos de um acto anterior, mas com fundamento na sua
ilegalidade, ou, pelo menos, num vício que o torna ilegítimo e, por isso, inválido.
O professor Albano MACIE11 cita alguns exemplos de actos administrativos que estão
sujeitos a anulação:
7
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 207
8
ANDRADE, José Carlos Vieira de. Lições de Direito Administrativo. 5ª edição.
Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017. p, 234.
9
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 207.
10
Lei n.º 14/2011 de 10 de Agosto
11
MACIE. Albano. Op. Cit. Pags. 207 e 208.
Os viciados por incompetência relativa;
Os actos viciados por outros vícios de forma que não sejam a carência absoluta
da forma legal, deliberações tomadas tumultuosamente deliberações tomadas
sem quórum ou sem a maioria legalmente exigida, falta de fundamentação e
violação das formalidades essenciais;
Os actos viciados por desvio de poder por fins de interesse público;
A serem relevantes, os actos viciados por erro de facto, dolo e incapacidade
acidental.
A anulação administrativa deve ser feita dentro do prazo para o recurso administrativo
contencioso (noventa dias, conforme estabelece o n.º 2 do artigo 37 da Lei do processo
administrativo contencioso12) ou até à resposta da entidade recorrida (vinte dias depois
da citação, conforme estabelece o n.º 2 do artigo 64 da Lei do processo administrativo
contencioso)13. Isto resulta do disposto no n. °1 do art.º. 137 da LPA.
Albano MACIE14 afirma que a anulação ou revogação anulatória tem por finalidade
reintegrar a ordem jurídica violada com a prática do acto inválido, suprimindo por via
de consequência, o acto viciado.
REVOGACAO
De acordo com Diogo Freitas do AMARAL15, a revogação é o acto administrativo que
se destina a extinguir os efeitos de outro acto administrativo anterior.
MACIE16 afirma que revogação é o acto que se destina a destruir ou fazer cessar, no
todo ou em parte, os efeitos de um acto administrativo anterior praticado pelo mesmo
órgão, ou seu subalterno, delegado ou pelo órgão tutelado.
João CAUPERS17 alude que a revogação é o acto administrativo que visa destruir ou
fazer cessar os efeitos de um acto anterior.
De acordo com Albano MACIE19, em regra, a revogação tem sempre natureza negativa
ou destrutiva dos efeitos do acto revogado, consistindo na extinção dos efeitos do acto
anterior, sem que nada se faça em sua substituição. Existe, excepcionalmente, a natureza
14
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 209.
15
MARAL, Diogo Freitas do. Direito Administrativo, Vol. III, Lisboa, 1989. Pág.
351.
16
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 209. Apud. CAETANO, Marcello, Manual de
Direito Administrativo, p. 531-32, FREITAS DO AMARAL, Diogo, Curso de. Direito
Administrativo. Vol II. 2.ª edição, Almedina, 2012. p. 464; CAUPERS, João. Introdução ao
direito administrativo. Âncora editora. 2001. p. 201.
17
CAUPERS, João. Introdução ao direito administrativo. 10.ª Ed. Âncora editora.
Lisboa, 2009. Pág., 264.
18
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág., 351 e 352.
19
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 209.
repristinatória, em que a revogação faz nascer o acto primitivamente revogado, mas tal
só existe quando determinada, expressamente, por lei ou pelo autor da revogação.
Conteúdo
De acordo com AMARAL20, o conteúdo da revogação á a extinção dos efeitos jurídicos
produzidos pelo acto revogado ou, de outro modo, é a decisão de extinguir esses efeitos.
Objecto
O objecto da revogação é sempre o acto revogado, justamente porque a revogação é um
acto secundário, um dos mais importantes actos sobre actos.21
AMARAL22 afirma que é fundamental sublinhar que a revogação é, ela mesma, um acto
administrativo: como tal, são-lhe aplicáveis todas as regras e princípios característicos
do regime jurídico dos actos administrativos.
Espécies de revogação
20
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág., 352
21
Ibidem. p, 352.
22
Ibidem. p, 352.
23
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 209.
24
Ibidem. pág., 209.
Quanto à iniciativa:
Revogação espontânea ou oficiosa, isto é da iniciativa dos órgãos da
Administração Pública, nomeadamente, o autor do acto (a chamada retractação),
o seu superior hierárquico o delegante, nos casos de delegação de poderes e o
órgão tutelar, nos casos de tutela administrativa prevista expressas mente por lei,
conforme estabelece o art. 138 da LPA;25
Revogação provocada, a que resulta da reclamação ou recurso hierárquico ou
tutelar do interessado, ou seja, resulta do pedido de um interessado26.
Quanto ao fundamento
Revogação baseada na ilegalidade, o que se traduz na anulação graciosa ou
administrativa, tratada acima como uma das formas de extinção dos actos
administrativos.27
Revogação baseada na inconveniência ou inoportunidade do acto, Esta
acontece quando a Administração Pública decide revogar o acto por razões
de interesse público, mas não uma ilegalidade. Essa revogação envolve uma
avaliação subjectiva da Administração e é fundamentada em uma nova
análise administrativa.28
Revogação baseada numa sanção administrativa, a revogação ocorre
quando alguém não cumpre as regras ou responsabilidades estabelecidas por
uma decisão anterior. Essa acção tem o objectivo de aplicar punições
previstas pela lei e evitar que a decisão original seja usada apenas para
benefício pessoal, em vez de servir ao interesse público. Resumindo, a
revogação visa garantir que as leis sejam cumpridas e que o bem comum seja
protegido.29
25
MACIE, Albano. Op. Cit. Págs. 209. Também apresentada por AMARAL, Diogo
Freitas do. Op. Cit. p, 358 e CAUPERS, João. Op, Cit. p, 265.
26
Ibidem. Pág. 210. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit.
p, 358 e CAUPERS, João. Op, Cit. p, 265.
27
Ibidem. Pág. 210. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit.
p, 358/359 e CAUPERS, João. Op, Cit. p, 265.
28
Ibidem. pág. 210. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit.
p, 358/359 e CAUPERS, João. Op, Cit. p, 265.
29
Ibidem. pág. 210.
Quanto aos efeitos
Revogação ex nunc ou Ab-rogatória - consiste na revogação de uma
decisão administrativa que se concentra em parar seus efeitos futuros, ou
seja, interrompe apenas o que a decisão afectaria daqui para frente, sem
desfazer o que ela já fez no passado30.
Revogação ex tunc ou anulatória: revogação anulatória é quando o acto
revogatório impede que os efeitos futuros do acto revogado aconteçam e
também desfaz todos os efeitos que já ocorreram desde a data em que foi
emitida. Geralmente, essa revogação é usada para anular acções ilegais
que podem ser desfeitas31.
Revogação repristinatória, quando implica o renascimento de um acto
anteriormente revogado em consequência da revogação do acto que o
revogara. E sempre determinada expressamente por lei ou pelo autor da
revogação32.
30
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 211.
31
Ibidem. Pág. 211.
32
Ibidem. Pág. 211.
33
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág. 365.
tribunal emite sua decisão, a Administração Pública não tem escolha senão
seguir essa decisão34. (art. 135 da LPA, numero 1, alínea b))
Diogo Freitas do AMARAL37 afirma que se a proibição de revogação não for acatada, o
acto revogatório irá padecer irremediavelmente de violação de lei, por ilegalidade do
seu conteúdo.
Os casos de actos de revogação proibida são os seguintes:
34
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 211 e 212.
35
Ibidem. pág. 212.
36
Ibidem. pág. 212.
37
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág. 367.
Quando a irrevogabilidade do acto resultar de uma vinculação legal: De acordo
com MACIE38, são os casos de actos administrativos emanados por imposição legal,
pois geraria uma revogação ilegal. Por exemplo, na sequência de decisões judiciais, os
chamados actos devidos; estes actos não são livremente revogáveis;
38
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 212.
39
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág. 368.
40
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 212 e 213.
41
Ibidem. Pág. 213.
Além disso, nos números 2 e 3, a lei estabelece que o acto de revogação deve seguir as
mesmas regras de forma e formalidade que foram usadas para realizar o acto que está
sendo revogado. Isso é chamado de princípio da identidade ou paralelismo.
No entanto, esse princípio não se aplica em duas situações: primeiro, quando a lei
específica uma forma específica a ser seguida, nesse caso, essa forma deve ser usada;
segundo, quando o acto a ser revogado foi realizado de maneira mais formal do que a
exigida por lei, conforme resulta do numero 2 do artigo 139 da LPA.
Efeitos da revogação
Regra geral, a revogação de actos administrativos produz efeitos para o futuro — ex
nunc (n.° 1 do art. 140 LPA). Contudo, esta regra admite algumas excepções, a saber: