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EXTINCAO DOS ACTOS ADMINISTRATIVOS

De acordo com o professor Albano MACIE 1, em regra, o acto administrativo pode


cessar de vigência por três vias essenciais: caducidade, a anulação e a revogação. O
mesmo autor afirma que estão sujeitos a caducidade o acto subordinado a certo prazo ou
facto jurídico stricto sensu; anula-se o acto ilegal ou inválido e revoga-se o acto
inconveniente ou inoportuno para a prossecução do interesse público.

Caducidade

Albano MACIE2 cita Ana PRATA que afirma que "... genericamente, designa-se por
caducidade a extinção não retroactiva de efeitos jurídicos em virtude da verificação de
um facto jurídico stricto sensu, isto é, independentemente de qualquer manifestação de
vontade”

Caducidade também pode ser concebida como o perecimento de um direito por exaustão
do período legal dentro do qual ele teria existência3.

De forma escarradora, MACIE4 afirma que haverá caducidade de acto administrativo


quando a sua vigência esteja subordinada ou dependente a um prazo ou a um facto
jurídico, em sentido restrito, que sobrevier.

Para que se verifique a caducidade de um acto não é necessário que se verifique


manifestação de vontade, o direito incorporado no acto administrativo extingue-se por
mero decurso do tempo estipulado para o seu gozo; ou pelo desaparecimento da causa
que lhe deu origem, ou pela ocorrência do evento a que está subordinado. A caducidade
não tem efeitos retroactivos, é sempre ex nunc, isto é, não invalida ou inutiliza os efeitos
que se produziram antes do acto caducar.5

Para ilustrar exemplo de actos administrativos que se extinguem por caducidade por
decurso do prazo ou passagem do tempo, O professor MACIE6 cita os casos de carta de

1
MACIE. Albano. Lições de Direito Administrativo Moçambicano. Vol. 2. Escolar
Editora. Maputo. Pág. 206
2
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 206. Apud . PRATA, Ana, Dicionário Jurídico, I, 5ª
ed. Almedina, 2013, p. 220. Ver a palavra "Caducidade".
3
SIDOU, J. M. Othon. Dicionário Jurídico. 11. ed., rev. e actual. - Rio de Janeiro:
Forense, 2016.
4
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 207.
5
Ibidem. Pág, 207.
6
Ibidem. Pág, 207.
condução, que está subordinado a certo prazo, dependendo da idade do titular; O caso
das licenças de transporte de carga e de passageiros, etc.

E o exemplo de caducidade por desaparecimento da causa ou do objecto sobre que


incide, o autor supracitado configura o caso em que alguém tivesse licença para caçar
víboras na Cidade da Matola, no dia que abater a última víbora, a sua licença fica
automaticamente deserta por desaparecimento da causa (víboras) que lhe deu lugar7.

MACIA afirma que há quem possa entender que a caducidade deve ser declarada por
uma autoridade por acto meramente declarativo, mas o que é certo, é que o acto
administrativo caducado não produz nenhum efeito, ele morreu pela verificação do facto
jurídico.

ANULAÇÃO
De acordo com José Carlos Vieira de ANDRADE8 , a anulação é um acto através do
qual se pretende destruir os efeitos de um acto anterior, mas com fundamento na sua
ilegalidade, ou, pelo menos, num vício que o torna ilegítimo e, por isso, inválido.

No mesmo sentido, Albano MACIE9 afirma que a anulação administrativa também


chamada de revogação anulatória do acto, consiste na destruição dos efeitos do acto
administrativo anterior com o fundamento num dos vícios que o afectam, que têm por
consequência a anulabilidade. Deste modo, é fundamento da anulação administrativa a
ilegalidade do acto.

O artigo 131 da lei do procedimento administrativo10 que são sujeitos a anulação


administrativa “os actos administrativos praticados com ofensa dos princípios ou
normas jurídicas aplicáveis e, no caso de violação, não esteja prevista outra sanção.”

O professor Albano MACIE11 cita alguns exemplos de actos administrativos que estão
sujeitos a anulação:
7
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 207
8
ANDRADE, José Carlos Vieira de. Lições de Direito Administrativo. 5ª edição.
Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017. p, 234.
9
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 207.
10
Lei n.º 14/2011 de 10 de Agosto
11
MACIE. Albano. Op. Cit. Pags. 207 e 208.
 Os viciados por incompetência relativa;
 Os actos viciados por outros vícios de forma que não sejam a carência absoluta
da forma legal, deliberações tomadas tumultuosamente deliberações tomadas
sem quórum ou sem a maioria legalmente exigida, falta de fundamentação e
violação das formalidades essenciais;
 Os actos viciados por desvio de poder por fins de interesse público;
 A serem relevantes, os actos viciados por erro de facto, dolo e incapacidade
acidental.

A anulação administrativa deve ser feita dentro do prazo para o recurso administrativo
contencioso (noventa dias, conforme estabelece o n.º 2 do artigo 37 da Lei do processo
administrativo contencioso12) ou até à resposta da entidade recorrida (vinte dias depois
da citação, conforme estabelece o n.º 2 do artigo 64 da Lei do processo administrativo
contencioso)13. Isto resulta do disposto no n. °1 do art.º. 137 da LPA.

A anulação administrativa é da competência dos órgãos administrativos,


designadamente, (art. 138 da LPA):

 O autor do acto (art. 138 da LPA, numero 1 primeira parte);


 O superior hierárquico do autor do acto, desde que este (autor do acto) não tenha
emanado o acto no âmbito de uma competência exclusiva, porque se assim for
somente ele pode anular o seu acto sem prejuízo de anulação contenciosa ((art.
138 da LPA, numero 1 segunda parte);
 O delegante ou subdelegante, nos casos de actos praticados no âmbito da
delegação ou subdelegação de poderes, enquanto vigorar a delegação ou
subdelegação (art. 138 da LPA, numero 2);
 o órgão tutelar, nos casos de actos praticados pelos órgãos tutelados, quando
previsto, expressamente, por lei. (art. 138 da LPA, numero 3)

O impulso procedimental para a anulação administrativa pode ser da iniciativa dos


órgãos administrativos indicados no artigo 138 da LPA ou a pedido dos interessados, na
12
Lei n.º 7/2014 de 28 de Fevereiro
13
MACIE. Albano. Op. Cit. Pags. 208.
sequência de uma reclamação ou de um recurso hierárquico ou tutelar, conforme
estabelece o art. 134 da LPA.

Albano MACIE14 afirma que a anulação ou revogação anulatória tem por finalidade
reintegrar a ordem jurídica violada com a prática do acto inválido, suprimindo por via
de consequência, o acto viciado.

REVOGACAO
De acordo com Diogo Freitas do AMARAL15, a revogação é o acto administrativo que
se destina a extinguir os efeitos de outro acto administrativo anterior.

MACIE16 afirma que revogação é o acto que se destina a destruir ou fazer cessar, no
todo ou em parte, os efeitos de um acto administrativo anterior praticado pelo mesmo
órgão, ou seu subalterno, delegado ou pelo órgão tutelado.

João CAUPERS17 alude que a revogação é o acto administrativo que visa destruir ou
fazer cessar os efeitos de um acto anterior.

Freitas do AMARAL18 afirma que a revogação pertence à categoria dos actos


secundários, ou actos sobre actos, pois os seus efeitos jurídicos recaem sobre um acto
anteriormente praticado, não se concebe a sua prática desligada desse acto preexistente.

De acordo com Albano MACIE19, em regra, a revogação tem sempre natureza negativa
ou destrutiva dos efeitos do acto revogado, consistindo na extinção dos efeitos do acto
anterior, sem que nada se faça em sua substituição. Existe, excepcionalmente, a natureza

14
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 209.
15
MARAL, Diogo Freitas do. Direito Administrativo, Vol. III, Lisboa, 1989. Pág.
351.
16
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 209. Apud. CAETANO, Marcello, Manual de
Direito Administrativo, p. 531-32, FREITAS DO AMARAL, Diogo, Curso de. Direito
Administrativo. Vol II. 2.ª edição, Almedina, 2012. p. 464; CAUPERS, João. Introdução ao
direito administrativo. Âncora editora. 2001. p. 201.
17
CAUPERS, João. Introdução ao direito administrativo. 10.ª Ed. Âncora editora.
Lisboa, 2009. Pág., 264.

18
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág., 351 e 352.
19
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 209.
repristinatória, em que a revogação faz nascer o acto primitivamente revogado, mas tal
só existe quando determinada, expressamente, por lei ou pelo autor da revogação.

Relativamente a revogação dos actos administrativos, levanta-se a questão sobre qual


seria o seu conteúdo e objecto.

 Conteúdo
De acordo com AMARAL20, o conteúdo da revogação á a extinção dos efeitos jurídicos
produzidos pelo acto revogado ou, de outro modo, é a decisão de extinguir esses efeitos.
 Objecto
O objecto da revogação é sempre o acto revogado, justamente porque a revogação é um
acto secundário, um dos mais importantes actos sobre actos.21

AMARAL22 afirma que é fundamental sublinhar que a revogação é, ela mesma, um acto
administrativo: como tal, são-lhe aplicáveis todas as regras e princípios característicos
do regime jurídico dos actos administrativos.

Espécies de revogação

A revogação pode ser classificada quanto ao conteúdo, iniciativa, fundamento e efeitos.


Quanto ao conteúdo, podemos ter:
 Uma revogação total, que é aquela que extingue em todo os efeitos do acto
administrativo23;
 Uma revogação parcial, que abrange parte do conteúdo do acto24.

20
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág., 352
21
Ibidem. p, 352.
22
Ibidem. p, 352.
23
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 209.
24
Ibidem. pág., 209.
Quanto à iniciativa:
 Revogação espontânea ou oficiosa, isto é da iniciativa dos órgãos da
Administração Pública, nomeadamente, o autor do acto (a chamada retractação),
o seu superior hierárquico o delegante, nos casos de delegação de poderes e o
órgão tutelar, nos casos de tutela administrativa prevista expressas mente por lei,
conforme estabelece o art. 138 da LPA;25
 Revogação provocada, a que resulta da reclamação ou recurso hierárquico ou
tutelar do interessado, ou seja, resulta do pedido de um interessado26.

Quanto ao fundamento
 Revogação baseada na ilegalidade, o que se traduz na anulação graciosa ou
administrativa, tratada acima como uma das formas de extinção dos actos
administrativos.27
 Revogação baseada na inconveniência ou inoportunidade do acto, Esta
acontece quando a Administração Pública decide revogar o acto por razões
de interesse público, mas não uma ilegalidade. Essa revogação envolve uma
avaliação subjectiva da Administração e é fundamentada em uma nova
análise administrativa.28
 Revogação baseada numa sanção administrativa, a revogação ocorre
quando alguém não cumpre as regras ou responsabilidades estabelecidas por
uma decisão anterior. Essa acção tem o objectivo de aplicar punições
previstas pela lei e evitar que a decisão original seja usada apenas para
benefício pessoal, em vez de servir ao interesse público. Resumindo, a
revogação visa garantir que as leis sejam cumpridas e que o bem comum seja
protegido.29

25
MACIE, Albano. Op. Cit. Págs. 209. Também apresentada por AMARAL, Diogo
Freitas do. Op. Cit. p, 358 e CAUPERS, João. Op, Cit. p, 265.
26
Ibidem. Pág. 210. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit.
p, 358 e CAUPERS, João. Op, Cit. p, 265.
27
Ibidem. Pág. 210. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit.
p, 358/359 e CAUPERS, João. Op, Cit. p, 265.
28
Ibidem. pág. 210. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit.
p, 358/359 e CAUPERS, João. Op, Cit. p, 265.
29
Ibidem. pág. 210.
Quanto aos efeitos
 Revogação ex nunc ou Ab-rogatória - consiste na revogação de uma
decisão administrativa que se concentra em parar seus efeitos futuros, ou
seja, interrompe apenas o que a decisão afectaria daqui para frente, sem
desfazer o que ela já fez no passado30.
 Revogação ex tunc ou anulatória: revogação anulatória é quando o acto
revogatório impede que os efeitos futuros do acto revogado aconteçam e
também desfaz todos os efeitos que já ocorreram desde a data em que foi
emitida. Geralmente, essa revogação é usada para anular acções ilegais
que podem ser desfeitas31.
 Revogação repristinatória, quando implica o renascimento de um acto
anteriormente revogado em consequência da revogação do acto que o
revogara. E sempre determinada expressamente por lei ou pelo autor da
revogação32.

Actos administrativos insusceptíveis de revogação


O artigo 135 da LPA enumera um conjunto de actos que os considera insusceptíveis de
revogação, nomeadamente:

 Os actos nulos, incluindo inexistentes: A revogação se destina a extinguir os


efeitos jurídicos de um acto administrativo anterior, compreende-se que esse
objectivo ou vocação do acto revogatório não possa incidir sobre actos que, por
natureza, não estão em condições de produzir quaisquer efeitos, como o caso dos
actos nulos e dos actos inexistentes33; (art. 135 da LPA, número 1, alínea a))

 Actos anulados contenciosamente: Isso acontece porque os tribunais


administrativos têm a autoridade final em questões administrativas quando se
trata de recursos. Portanto, todas as partes envolvidas, especialmente a
Administração Pública, devem obedecer às decisões dos tribunais. Depois que o

30
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 211.
31
Ibidem. Pág. 211.
32
Ibidem. Pág. 211.
33
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág. 365.
tribunal emite sua decisão, a Administração Pública não tem escolha senão
seguir essa decisão34. (art. 135 da LPA, numero 1, alínea b))

 Os actos revogados com eficácia retroativa: são aqueles em que os resultados


que já ocorreram são desfeitos quando o acto principal é cancelado. Isso
significa que se alguém se beneficiou de um acto que foi posteriormente
revogado retroativamente, essa pessoa perde os benefícios que tinha recebido
devido à revogação. Alternativamente, se for impossível recuperar esses
benefícios, a pessoa pode enfrentar punições administrativas conforme previsto
pela lei para aqueles que receberam esses benefícios de maneira ilegal. O
objectivo da cláusula c) do artigo 135 da LPA é garantir que actos cujos
resultados tenham sido desfeitos por meio de anulação graciosa ou revogação
anulatória não possam ser revogados novamente 35. (art. 135 da LPA, numero 1,
alínea c))

 Os actos cujos efeitos se encontram caducados ou se encontrem produzidos


ou esgotados: os actos cujos efeitos já não têm validade ou já aconteceram não
podem ser cancelados com efeito imediato, mas podem ser revogados
retroativamente para remover quaisquer consequências que ainda persistam no
sistema legal36. (art. 135 da LPA, numero 2))

Revogação de actos validos constitutivos ou não de direitos


Em regra, todos os actos administrativos validos são livremente revogáveis. Contudo,
existem excepções a essa regra, ou seja, verificam-se casos de revogação proibida.

Diogo Freitas do AMARAL37 afirma que se a proibição de revogação não for acatada, o
acto revogatório irá padecer irremediavelmente de violação de lei, por ilegalidade do
seu conteúdo.
Os casos de actos de revogação proibida são os seguintes:

34
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 211 e 212.
35
Ibidem. pág. 212.
36
Ibidem. pág. 212.
37
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág. 367.
Quando a irrevogabilidade do acto resultar de uma vinculação legal: De acordo
com MACIE38, são os casos de actos administrativos emanados por imposição legal,
pois geraria uma revogação ilegal. Por exemplo, na sequência de decisões judiciais, os
chamados actos devidos; estes actos não são livremente revogáveis;

De acordo com Freitas do AMARAL 39, se a administração tiver actuado por


determinação da lei e nos termos nela prescritos, nado deve revoltar posteriormente o
acto que praticou, na medida em que um tal acto revogatório iria inevitavelmente gerar
violação da lei inicialmente acatada.

Quando forem constitutivos de direitos ou de interesses legalmente protegidos:


estes actos só são somente revogáveis na parte em que sejam desfavoráveis aos
interesses dos seus destinatários, bem como quando todos os interessados dêem a sua
concordância à revogação do acto e não se trate de direitos ou interesses indisponíveis,
conforme afirma Albano MACIE40.

Quando dos actos resultarem para a Administração obrigações legais ou direitos


irrenunciáveis: Albano MACIE41 afirma que se o acto emanado em cumprimento de
uma obrigação por parte da Administração for revogado significaria a violação da lei;
ou em caso de direitos irrenunciáveis, a renúncia de tal direito, seria uma renúncia
ilegal.

Forma e formalidades dos actos da revogação


De acordo com o artigos 139, números 1 e 3 da Lei de Procedimento Administrativo
(LPA), quando alguém deseja revogar um ato, é necessário fazê-lo de acordo com as
regras legais estabelecidas para o acto que se pretende revogar. Isso significa que a
forma ou formalidade exigida por lei deve ser respeitada, independentemente da forma
em que o acto a ser revogado foi originalmente realizado.

38
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 212.
39
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág. 368.
40
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 212 e 213.
41
Ibidem. Pág. 213.
Além disso, nos números 2 e 3, a lei estabelece que o acto de revogação deve seguir as
mesmas regras de forma e formalidade que foram usadas para realizar o acto que está
sendo revogado. Isso é chamado de princípio da identidade ou paralelismo.

No entanto, esse princípio não se aplica em duas situações: primeiro, quando a lei
específica uma forma específica a ser seguida, nesse caso, essa forma deve ser usada;
segundo, quando o acto a ser revogado foi realizado de maneira mais formal do que a
exigida por lei, conforme resulta do numero 2 do artigo 139 da LPA.

Efeitos da revogação
Regra geral, a revogação de actos administrativos produz efeitos para o futuro — ex
nunc (n.° 1 do art. 140 LPA). Contudo, esta regra admite algumas excepções, a saber:

Tratando-se de actos ilegais, ou inválidos, a revogação anulatória produz efeitos


retroactivos (n.° 2). Isto é, a destruição dos efeitos do acto administrativo ocorre ex
tunc;

Quando o autor da revogação entender atribuir-lhe efeitos retroactivos, contanto que


seja favorável aos interessados e no caso de todos os interessados terem concordado
expressamente com a retroactividade dos efeitos da revogação e não respeitem a direitos
ou interesses indisponíveis (n.º 3).

Quando a lei ou o acto de revogação determinarem expressamente, a revogação pode ter


efeito repristinatório do acto primitivamente revogado pela revogação revogada (art.
141 da LPA).
Em geral, quando uma decisão administrativa é revogada, isso afecta apenas eventos
futuros, ou seja, a partir desse momento em diante, por força do disposto no artigo 140,
número 1 da LPA. No entanto, existem algumas situações especiais em que a revogação
pode ter efeitos retroactivos, ou seja, afectar eventos passados:

 Quando a decisão administrativa original era ilegal ou inválida, a revogação


pode anulá-la retroativamente, ou seja, como se a decisão nunca tivesse existido
desde o início (n. 2 do art. 140 da LPA).
 Se a pessoa que revoga a decisão decidir que ela deve ter efeitos retroactivos,
isso só é permitido se for favorável às partes envolvidas e se todas as partes
concordarem expressamente com essa retroactividade, desde que não prejudique
direitos ou interesses que não podem ser renunciados.
 O artigo 141 prevê a situação dos casos em que a lei ou o acto de revogação
pode explicitamente determinar que a revogação restabelece a validade da
decisão original que havia sido revogada, isto é, verifica-se a repestinacao.

De acordo com MACIE42, haverá repristinação quando a revogação de um acto


administrativo importe o renascimento de um acto anteriormente revogado em
consequência da revogação do acto que o revogara. Exemplo, Jasmine tem a carta de
condução (acto - A), que decorridos dois anos é revogada (acto_B), só que seis meses
depois o acto-B é revogado por acto — (C). Logo, o acto C implica o renascimento de
acto — A.

COMPETENCIA PARA A REVOGACAO


Regra geral, a revogação de actos administrativos produz efeitos para 0 futuro —
ex nunc (n.0 1 do art. 140 LPA). Contudo, esta regra admite algumas excepções, a
saber:
• tratando-se de actos ilegais, ou inválidos, a revogação anulatória produz
efeitos retroactivos (n.0 2). Isto é, a destruição dos efeitos do acto administrativo
ocorre ex tunc;
• quando o autor da revogação entender atribuir-lhe efeitos retroactivos,
contanto que seja favorável aos interessados e no caso de todos os interessados
terem concordado expressamente
• com a retroactividade dos efeitos da revogação e não respeitem a direitos ou
interesses indisponíveis (n. 0 3).
• quando a lei ou o acto de revogação determinarem expressamente, a revogação
pode ter efeito repristinatório do acto primitivamente
revogado pela revogação revogada (art. 141 da LPA). Haverá repristinação
quando a revogação de um acto administrativo importe o renascimento de um acto
anteriormente revogado em consequência da revogação do acto que o revogara.
Exemplo, Jasmine tem a carta de condução (acto - A), que decorridos dois anos é
42
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 215.
revogada (acto_B), só que seis meses depois o acto-B é revogado por acto — (C).
Logo, o acto C implica o renascimento de acto — A.
A anulação administrativa é da competência dos órgãos administrativos,
nomeadamente (art. 138 da LPA):
• o autor do acto;
• o superior hierárquico do autor do acto, desde que este (autor do acto) não
tenha emanado o acto no âmbito de uma competência exclusiva, porque se assim
for somente ele pode anular o seu acto, sem prejuízo de anulação contenciosa;
• o delegante ou subdelegante, nos casos de actos praticados no âmbito da
delegação ou subdelegação de poderes, enquanto vigorar a delegação ou
subdelegação;
• o órgão tutelar, nos casos de actos praticados pelos órgãos tutelados,
quando previsto, expressamente, por lei.

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