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Índice

1. Introdução ................................................................................................................... 1
1.1 Objectivos ............................................................................................................. 2
1.1.1 Objectivo geral .............................................................................................. 2
1.1.2 Objectivos específicos ................................................................................... 2
1.2 Metodologia .......................................................................................................... 3
2. Formas extinção dos actos administrativos ................................................................ 4
2.1 Caducidade ........................................................................................................... 4
2.2 Anulação ............................................................................................................... 5
2.3 Revogação ............................................................................................................ 7
2.3.1 Espécies de revogação ................................................................................... 8
2.3.1.1 Quanto ao conteúdo .................................................................................... 8
2.3.1.2 Quanto à iniciativa ...................................................................................... 8
2.3.1.3 Quanto ao fundamento ............................................................................... 9
2.3.1.4 Quanto aos efeitos ...................................................................................... 9
2.3.2 Actos administrativos insusceptíveis de revogação..................................... 10
2.3.3 Casos de revogação proibida ....................................................................... 11
2.3.4 Forma e formalidades dos actos da revogação ............................................ 12
2.3.5 Efeitos da revogação.................................................................................... 12
2.3.6 Competência para a revogação .................................................................... 13
3. Conclusão ................................................................................................................. 15
Referencias bibliográficas ............................................................................................ 16

0
1. Introdução

A extinção dos actos administrativos é um tema de grande relevância no contexto do direito


administrativo, pois envolve diversas nuances e implicações legais. Neste trabalho,
abordaremos as formas de extinção dos atos administrativos, considerando as três vias
essenciais: caducidade, anulação e revogação.

A caducidade, como descrita por Albano Macie, refere-se à extinção não retroativa de efeitos
jurídicos de um ato administrativo devido à verificação de um fato jurídico, independente de
qualquer manifestação de vontade. Isso pode ocorrer quando o ato está subordinado a um prazo
ou a um facto jurídico específico.

A anulação, conforme José Carlos Vieira de Andrade e Albano Macie, visa destruir os efeitos
de um acto administrativo devido à sua ilegalidade ou vício que o torne ilegítimo. A ilegalidade
é o fundamento da anulação administrativa, e essa via é aplicável quando os actos são contrários
aos princípios ou normas jurídicas aplicáveis.

Já a revogação, de acordo com Diogo Freitas do Amaral e outros autores, tem como objetivo
extinguir os efeitos de um acto administrativo anterior, sendo uma acção do mesmo órgão ou
autor que o emitiu, ou de um superior hierárquico, quando não há competência exclusiva. Pode
ser baseada na ilegalidade do acto ou na inconveniência para o interesse público.

Dentro dessas vias de extinção, há considerações importantes, como a retroatividade dos efeitos
da anulação em actos ilegais, a possibilidade de revogação quando a lei assim o determinar, e
a diferenciação entre revogação total e parcial, bem como a análise dos efeitos futuros e
retroativos.

Além disso, destacamos casos em que a revogação é proibida, como quando a lei impede a
revogação de actos emanados por imposição legal, atos constitutivos de direitos ou de interesses
legalmente protegidos, ou actos que resultem em obrigações legais ou direitos irrenunciáveis
da Administração.

Por fim, abordamos as questões relacionadas à competência para a anulação e revogação, bem
como as formalidades necessárias e os efeitos da revogação, que geralmente são ex nunc, mas
podem ser excepcionalmente retroactivos ou repristinatórios, dependendo das circunstâncias.

1
Este trabalho fornecerá uma visão abrangente das formas de extinção dos actos administrativos,
auxiliando na compreensão deste importante aspecto do direito administrativo.

1.1 Objectivos
1.1.1 Objectivo geral

 Analisar as diferentes formas de extinção desses atos e compreender os procedimentos


que regem a caducidade, anulação e revogação.

1.1.2 Objectivos específicos

 Explorar o conceito de caducidade dos actos administrativos, destacando as

circunstâncias em que ela ocorre, como prazos e eventos jurídicos, e seus efeitos;

 Investigar a anulação de actos administrativos, abordando os vícios que podem tornar

um acto ilegal ou inválido, bem como os procedimentos e autoridades competentes para

sua anulação;

 Analisar a revogação de actos administrativos, examinando os diferentes tipos de

revogação, como a baseada na ilegalidade, inconveniência ou sanção administrativa, e

seus efeitos;

 Estudar as excepções à revogação, incluindo casos de irrevogabilidade legal e situações

em que a revogação não é permitida;

 Discutir a forma, formalidades e competência para a revogação de actos administrativos,

garantindo o cumprimento das regras legais e procedimentais;

 Explorar os efeitos da revogação, incluindo os casos em que ela pode ter efeitos

retroativos ou repristinatórios;

 Abordar a questão dos actos administrativos insusceptíveis de revogação, identificando

as situações em que a lei ou a natureza do ato impedem sua revogação;

2
1.2 Metodologia

O trabalho é de pesquisa qualitativa, pois basear-se-á no levantamento de informações que não


será serão maioritariamente numéricas ou estatísticas, e será obtida através de compilação de
informação obtida em material bibliográfico e legislação cabível.

3
2. Formas extinção dos actos administrativos

De acordo com o professor Albano MACIE1, em regra, o acto administrativo pode


cessar de vigência por três vias essenciais: caducidade, a anulação e a revogação. O mesmo
autor afirma que estão sujeitos a caducidade o acto subordinado a um certo prazo ou facto
jurídico stricto sensu; anula-se o acto ilegal ou inválido e revoga-se o acto inconveniente ou
inoportuno para a prossecução do interesse público.

2.1 Caducidade

Albano MACIE2 cita Ana PRATA que afirma que "... genericamente, designa-se por
caducidade a extinção não retroactiva de efeitos jurídicos em virtude da verificação de um
facto jurídico stricto sensu, isto é, independentemente de qualquer manifestação de vontade”

Caducidade também pode ser concebida como o perecimento de um direito por exaustão
do período legal dentro do qual ele teria existência3.

De forma esclarecedora, MACIE4 afirma que haverá caducidade de acto administrativo


quando a sua vigência esteja subordinada ou dependente a um prazo ou a um facto jurídico, em
sentido restrito, que sobrevier.

Para que se verifique a caducidade de um acto não é necessário que se verifique


manifestação de vontade, o direito incorporado no acto administrativo extingue-se por mero
decurso do tempo estipulado para o seu gozo ou pelo desaparecimento da causa que lhe deu
origem, ou pela ocorrência do evento a que está subordinado. A caducidade não tem efeitos
retroactivos, é sempre ex nunc, isto é, não invalida ou inutiliza os efeitos que se produziram
antes do acto caducar.5

Para ilustrar exemplo de actos administrativos que se extinguem por caducidade por
decurso do prazo ou passagem do tempo, O professor MACIE6 cita os casos de carta de

1
MACIE. Albano. Lições de Direito Administrativo Moçambicano. Vol. 2. Escolar Editora. Maputo. Pág. 206
2
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 206. Apud . PRATA, Ana, Dicionário Jurídico, I, 5ª ed. Almedina, 2013, p.
220. Ver a palavra "Caducidade".
3
SIDOU, J. M. Othon. Dicionário Jurídico. 11. ed., rev. e atual. - Rio de Janeiro: Forense, 2016.
4
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 207.
5
Ibidem. p, 207.
6
Ibidem. p, 207.
4
condução, que está subordinado a certo prazo, dependendo da idade do titular; O caso das
licenças de transporte de carga e de passageiros, etc.

E o exemplo de caducidade por desaparecimento da causa ou do objecto sobre que


incide, o autor supracitado configura o caso em que alguém tivesse licença para caçar víboras
na Cidade da Matola, no dia que abater a última víbora, a sua licença fica automaticamente sem
efeitos por desaparecimento da causa (víboras) que lhe deu lugar7.

MACIE8 afirma que há quem possa entender que a caducidade deve ser declarada por
uma autoridade por acto meramente declarativo, mas o que é certo, é que o acto administrativo
caducado não produz nenhum efeito, ele morreu pela verificação do facto jurídico.

2.2 Anulação

De acordo com José Carlos Vieira de ANDRADE9 , a anulação é um acto através do


qual se pretende destruir os efeitos de um acto anterior, mas com fundamento na sua ilegalidade,
ou, pelo menos, num vício que o torna ilegítimo e, por isso, inválido.

No mesmo sentido, Albano MACIE10 afirma que a anulação administrativa também


chamada de revogação anulatória do acto, consiste na destruição dos efeitos do acto
administrativo anterior com o fundamento num dos vícios que o afectam, que têm por
consequência a anulabilidade. Deste modo, é fundamento da anulação administrativa a
ilegalidade do acto.

O artigo 131 da lei do procedimento administrativo11 estabelece que são sujeitos a


anulação administrativa “os actos administrativos praticados com ofensa dos princípios ou
normas jurídicas aplicáveis e, no caso de violação, não esteja prevista outra sanção.”

7
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 207
8
Ibidem. P, 207.
9
ANDRADE, José Carlos Vieira de. Lições de Direito Administrativo. 5ª edição. Imprensa da Universidade de
Coimbra, 2017. p, 234.
10
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 207.
11
Lei n.º 14/2011 de 10 de Agosto.
5
O professor Albano MACIE12 cita alguns exemplos de actos administrativos que estão
sujeitos a anulação:

 Os viciados por incompetência relativa;


 Os actos viciados por outros vícios de forma que não sejam a carência absoluta da forma
legal, deliberações tomadas tumultuosamente, deliberações tomadas sem quórum ou
sem a maioria legalmente exigida, falta de fundamentação e violação das formalidades
essenciais;
 Os actos viciados por desvio de poder por fins de interesse público;
 A serem relevantes, os actos viciados por erro de facto, dolo e incapacidade acidental.

A anulação administrativa deve ser feita dentro do prazo para o recurso administrativo
contencioso (noventa dias, conforme estabelece o n.º 2 do artigo 37 da Lei do processo
administrativo contencioso13) ou até à resposta da entidade recorrida (vinte dias depois da
citação, conforme estabelece o n.º 2 do artigo 64 da Lei do Processo Administrativo
Contencioso)14. Isto resulta do disposto no n. °1 do art. 137 da LPA.

A anulação administrativa é da competência dos órgãos administrativos,


designadamente, (art. 138 da LPA):

 O autor do acto (art. 138 da LPA, número 1 primeira parte);


 O superior hierárquico do autor do acto, desde que este (autor do acto) não tenha
emanado o acto no âmbito de uma competência exclusiva, porque se assim for somente
ele pode anular o seu acto sem prejuízo de anulação contenciosa ((art. 138 da LPA,
número 1 segunda parte);
 O delegante ou subdelegante, nos casos de actos praticados no âmbito da delegação ou
subdelegação de poderes, enquanto vigorar a delegação ou subdelegação (art. 138 da
LPA, número 2);
 O órgão tutelar, nos casos de actos praticados pelos órgãos tutelados, quando previsto,
expressamente, por lei. (art. 138 da LPA, número 3);

12
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 207 e 208.
13
Lei n.º 7/2014 de 28 de Fevereiro.
14
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 208.
6
O impulso procedimental para a anulação administrativa pode ser da iniciativa dos
órgãos administrativos indicados no artigo 138 da LPA ou a pedido dos interessados, na
sequência de uma reclamação ou de um recurso hierárquico ou tutelar, conforme estabelece o
art. 134 da LPA.

Albano MACIE15 afirma que a anulação ou revogação anulatória tem por finalidade
reintegrar a ordem jurídica violada com a prática do acto inválido, suprimindo por via de
consequência, o acto viciado.

2.3 Revogação

De acordo com Diogo Freitas do AMARAL16, a revogação é o acto administrativo que


se destina a extinguir os efeitos de outro acto administrativo anterior.

MACIE17 afirma que revogação é o acto que se destina a destruir ou fazer cessar, no
todo ou em parte, os efeitos de um acto administrativo anterior praticado pelo mesmo órgão, ou
seu subalterno, delegado ou pelo órgão tutelado.

João CAUPERS18 alude que a revogação é o acto administrativo que visa destruir ou
fazer cessar os efeitos de um acto anterior.

Freitas do AMARAL19 afirma que a revogação pertence à categoria dos actos


secundários, ou actos sobre actos, pois os seus efeitos jurídicos recaem sobre um acto
anteriormente praticado, não se concebe a sua prática desligada desse acto preexistente.

De acordo com Albano MACIE20, em regra, a revogação tem sempre natureza negativa
ou destrutiva dos efeitos do acto revogado, consistindo na extinção dos efeitos do acto anterior,
sem que nada se faça em sua substituição. Existe, excepcionalmente, a natureza repristinatória,
em que a revogação faz nascer o acto primitivamente revogado, mas tal só existe quando
determinada, expressamente, por lei ou pelo autor da revogação.

15
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 209.
16
AMARAL, Diogo Freitas do. Direito Administrativo, Vol. III, Lisboa, 1989. Pág. 351.
17
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 209. Apud. CAETANO, Marcello, Manual de Direito Administrativo, p. 531-
32, FREITAS DO AMARAL, Diogo, Curso de. Direito Administrativo. Vol II. 2.ª edição, Almedina, 2012. p.
464; CAUPERS, João. Introdução ao direito administrativo. Âncora editora. 2001. p. 201.
18
CAUPERS, João. Introdução ao direito administrativo. 10.ª Ed. Âncora editora. Lisboa, 2009. Pág., 264.
19
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. págs. 351 e 352.
20
MACIE. Albano. Op. Cit. Pág. 209.
7
Relativamente a revogação dos actos administrativos, levanta-se a questão sobre qual
seria o seu conteúdo e objecto.

 Conteúdo

De acordo com AMARAL21, o conteúdo da revogação á a extinção dos efeitos jurídicos


produzidos pelo acto revogado ou, de outro modo, é a decisão de extinguir esses efeitos.

 Objecto

O objecto da revogação é sempre o acto revogado, justamente porque a revogação é um


acto secundário, um dos mais importantes actos sobre actos.22

AMARAL23 afirma que é fundamental sublinhar que a revogação é, ela mesma, um acto
administrativo: como tal, são-lhe aplicáveis todas as regras e princípios característicos do
regime jurídico dos actos administrativos.

2.3.1 Espécies de revogação

A revogação pode ser classificada quanto ao conteúdo, iniciativa, fundamento e efeitos.

2.3.1.1 Quanto ao conteúdo

Quanto ao conteúdo, a revogação pode ser:

Uma revogação total, que é aquela que extingue em todo os efeitos do acto
administrativo24;

Uma revogação parcial, que abrange parte do conteúdo do acto25.

2.3.1.2 Quanto à iniciativa

Revogação espontânea ou oficiosa, isto é da iniciativa dos órgãos da Administração


Pública, nomeadamente, o autor do acto (a chamada retratação), o seu superior hierárquico o

21
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág., 352
22
Ibidem. p, 352.
23
Ibidem. p, 352.
24
MACIE. Albano. Op. Cit. Págs. 209.
25
Ibidem. pág., 209.
8
delegante, nos casos de delegação de poderes e o órgão tutelar, nos casos de tutela
administrativa prevista expressas mente por lei, conforme estabelece o art. 138 da LPA;26

Revogação provocada, a que resulta da reclamação ou recurso hierárquico ou tutelar


do interessado, ou seja, resulta do pedido de um interessado27.

2.3.1.3 Quanto ao fundamento

Revogação baseada na ilegalidade: o que se traduz na anulação graciosa ou


administrativa, tratada acima como uma das formas de extinção dos actos administrativos.28

Revogação baseada na inconveniência ou inoportunidade do acto: esta acontece


quando a Administração Pública decide revogar o acto por razões de interesse público, mas não
uma ilegalidade. Essa revogação envolve uma avaliação subjectiva da Administração e é
fundamentada em uma nova análise administrativa.29

Revogação baseada numa sanção administrativa: a revogação ocorre quando alguém


não cumpre as regras ou responsabilidades estabelecidas por uma decisão anterior. Essa acção
tem o objectivo de aplicar punições previstas pela lei e evitar que a decisão original seja usada
apenas para benefício pessoal, em vez de servir ao interesse público. Resumindo, a revogação
visa garantir que as leis sejam cumpridas e que o bem comum seja protegido.30

2.3.1.4 Quanto aos efeitos

Revogação ex nunc ou Ab-rogatória - consiste na revogação de uma decisão


administrativa que se concentra em parar seus efeitos futuros, ou seja, interrompe apenas o que
a decisão afetaria daqui para frente, sem desfazer o que ela já fez no passado31.

Revogação ex tunc ou anulatória: revogação anulatória é quando o acto revogatório


impede que os efeitos futuros do acto revogado aconteçam e também desfaz todos os efeitos

26
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 209. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. p, 358 e
CAUPERS, João. Op. Cit. p, 265.
27
Ibidem. Pág. 210. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. p, 358 e CAUPERS, João.
Op. Cit. p, 265.
28
Ibidem. Pág. 210. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. p, 358/359 e CAUPERS,
João. Op. Cit. p, 265.
29
Ibidem. pág. 210. Também apresentada por AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. p, 358/359 e CAUPERS,
João. Op. Cit. p, 265.
30
Ibidem. pág. 210.
31
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 211.
9
que já ocorreram desde a data em que foi emitida. Geralmente, essa revogação é usada para
anular acções ilegais que podem ser desfeitas32.

Revogação repristinatória, quando implica o renascimento de um acto anteriormente


revogado em consequência da revogação do acto que o revogara. E sempre determinada
expressamente por lei ou pelo autor da revogação33.

2.3.2 Actos administrativos insusceptíveis de revogação

O artigo 135 da LPA enumera um conjunto de actos que os considera insusceptíveis de


revogação, nomeadamente:

Os actos nulos, incluindo inexistentes: A revogação se destina a extinguir os efeitos


jurídicos de um acto administrativo anterior, compreende-se que esse objectivo ou vocação do
acto revogatório não possa incidir sobre actos que, por natureza, não estão em condições de
produzir quaisquer efeitos, como o caso dos actos nulos e dos actos inexistentes34; (art. 135 da
LPA, numero 1, alínea a))

Actos anulados contenciosamente: Isso acontece porque os tribunais administrativos


têm a autoridade final em questões administrativas quando se trata de recursos. Portanto, todas
as partes envolvidas, especialmente a Administração Pública, devem obedecer às decisões dos
tribunais. Depois que o tribunal emite sua decisão, a Administração Pública não tem escolha
senão seguir essa decisão35. (art. 135 da LPA, numero 1, alínea b))

Os actos revogados com eficácia retroativa: são aqueles em que os resultados que já
ocorreram são desfeitos quando o acto principal é cancelado. Isso significa que se alguém se
beneficiou de um acto que foi posteriormente revogado retroativamente, essa pessoa perde os
benefícios que tinha recebido devido à revogação. Alternativamente, se for impossível
recuperar esses benefícios, a pessoa pode enfrentar punições administrativas conforme previsto
pela lei para aqueles que receberam esses benefícios de maneira ilegal. O objectivo da alinea c)
do artigo 135 da LPA é garantir que actos cujos resultados tenham sido desfeitos por meio de

32
Ibidem. Pág. 211.
33
Ibidem. Pág. 211.
34
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág. 365.
35
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 211 e 212.
10
anulação graciosa ou revogação anulatória não possam ser revogados novamente36. (art. 135 da
LPA, numero 1, alínea c))

os actos cujos efeitos se encontram caducados ou se encontrem produzidos ou


esgotados: os actos cujos efeitos já não têm validade ou já aconteceram não podem ser
cancelados com efeito imediato, mas podem ser revogados retroativamente para remover
quaisquer consequências que ainda persistam no sistema legal37. (art. 135 da LPA, número 2))

2.3.3 Casos de revogação proibida

Em regra, todos os actos administrativos validos são livremente revogáveis. Contudo,


existem expceções a essa regra, ou seja, verificam-se casos de revogação proibida.

Diogo Freitas do AMARAL38 afirma que se a proibição de revogação não for acatada,
o acto revogatório irá padecer irremediavelmente de violação de lei, por ilegalidade do seu
conteúdo.

Os casos de actos de revogação proibida são os seguintes:

 Quando a irrevogabilidade do acto resultar de uma vinculação legal: De acordo com


MACIE39, são os casos de actos administrativos emanados por imposição legal, pois
geraria uma revogação ilegal. Por exemplo, na sequência de decisões judiciais, os
chamados actos devidos; estes actos não são livremente revogáveis;

De acordo com Freitas do AMARAL40, se a administração tiver actuado por


determinação da lei e nos termos nela prescritos, não deve revogar posteriormente o acto que
praticou, na medida em que um tal acto revogatório iria inevitavelmente gerar violação da lei
inicialmente acatada.

 Quando forem constitutivos de direitos ou de interesses legalmente protegidos: Estes


actos são somente revogáveis na parte em que sejam desfavoráveis aos interesses dos seus
destinatários, bem como quando todos os interessados deem a sua concordância à

36
Ibidem. pág. 212.
37
Ibidem. pág. 212.
38
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág. 367.
39
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 212.
40
AMARAL, Diogo Freitas do. Op. Cit. pág. 368.
11
revogação do acto e não se trate de direitos ou interesses indisponíveis, conforme afirma
Albano MACIE41.
 Quando dos actos resultarem para a Administração obrigações legais ou direitos
irrenunciáveis: Albano MACIE42 afirma que se o acto emanado em cumprimento de
uma obrigação por parte da Administração for revogado significaria a violação da lei; ou
em caso de direitos irrenunciáveis, a renúncia de tal direito, seria uma renúncia ilegal.

2.3.4 Forma e formalidades dos actos da revogação

De acordo com o artigo 139, números 1 e 3 da Lei de Procedimento Administrativo


(LPA), quando alguém deseja revogar um acto, é necessário fazê-lo de acordo com as regras
legais estabelecidas para o acto que se pretende revogar. Isso significa que a forma ou
formalidade exigida por lei deve ser respeitada, independentemente da forma em que o acto a
ser revogado foi originalmente realizado.

Além disso, nos números 2 e 3, a lei estabelece que o acto de revogação deve seguir as
mesmas regras de forma e formalidade que foram usadas para realizar o acto que está sendo
revogado. Isso é chamado de princípio da identidade ou paralelismo.

No entanto, esse princípio não se aplica em duas situações: primeiro, quando a lei
especifica uma forma específica a ser seguida, nesse caso, essa forma deve ser usada; Segundo,
quando o acto a ser revogado foi realizado de maneira mais formal do que a exigida por lei,
neste caso dever-se-á respesitar a imposição legal, conforme resulta do numero 2 do artigo 139
da LPA.

2.3.5 Efeitos da revogação

Regra geral, a revogação de actos administrativos produz efeitos para o futuro — ex


nunc (n.° 1 do art. 140 LPA). Contudo, esta regra admite algumas excepções, a saber:

Tratando-se de actos ilegais, ou inválidos, a revogação anulatória produz efeitos


retroativos (n.° 2). Isto é, a destruição dos efeitos do acto administrativo ocorre ex tunc;

Quando o autor da revogação entender atribuir-lhe efeitos retroactivos, contanto que


seja favorável aos interessados e no caso de todos os interessados terem concordado

41
MACIE, Albano. Op. Cit. Pág. 212 e 213.
42
Ibidem. pág. 213.
12
expressamente com a retroactividade dos efeitos da revogação e não respeitem a direitos ou
interesses indisponíveis (n.° 3).

Quando a lei ou o acto de revogação determinarem expressamente, a revogação pode


ter efeito repristinatório do acto primitivamente revogado pela revogação revogada (art. 141 da
LPA).

Em geral, quando uma decisão administrativa é revogada, isso afecta apenas eventos
futuros, ou seja, a partir desse momento em diante, por força do disposto no artigo 140, número
1 da LPA. No entanto, existem algumas situações especiais em que a revogação pode ter efeitos
retroactivos, ou seja, afectar eventos passados.

Quando a decisão administrativa original era ilegal ou inválida, a revogação pode anulá-
la retroativamente, ou seja, como se a decisão nunca tivesse existido desde o início (n. ° 2 do
art. 140 da LPA).

Se a pessoa que revoga a decisão decidir que ela deve ter efeitos retroativos, isso só é
permitido se for favorável às partes envolvidas e se todas as partes concordarem expressamente
com essa retroatividade, desde que não prejudique direitos ou interesses que não podem ser
renunciados.

O artigo 141 prevê a situação dos casos em que a lei ou o acto de revogação pode
explicitamente determinar que a revogação restabelece a validade da decisão original que havia
sido revogada, isto é, verifica-se a repristinação.

De acordo com MACIE43, haverá repristinação quando a revogação de um acto


administrativo importe o renascimento de um acto anteriormente revogado em consequência da
revogação do acto que o revogara. Exemplo, Jasmine tem a carta de condução (acto - A), que
decorridos dois anos é revogada (acto_B), só que seis meses depois o acto-B é revogado por
acto — (C). Logo, o acto C implica o renascimento de acto — A.

2.3.6 Competência para a revogação

A anulação administrativa é da competência dos órgãos administrativos, nomeadamente


(art. 138 da LPA):

 O autor do acto;

43
MACIE, Albano. Op. Cit. pág. 215.
13
 O superior hierárquico do autor do acto, desde que este (autor do acto) não tenha
emanado o acto no âmbito de uma competência exclusiva, porque se assim for somente
ele pode anular o seu acto, sem prejuízo de anulação contenciosa;
 O delegante ou subdelegante, nos casos de actos praticados no âmbito da delegação ou
subdelegação de poderes, enquanto vigorar a delegação ou subdelegação;
 O órgão tutelar, nos casos de actos praticados pelos órgãos tutelados, quando previsto,
expressamente, por lei.

14
3. Conclusão

A análise das formas de extinção dos actos administrativos é fundamental para compreender o
funcionamento do aparato administrativo de um Estado. Através da caducidade, anulação e
revogação, a administração pública pode adequar suas decisões à evolução das circunstâncias,
à legalidade e ao interesse público.

Cada uma dessas formas de extinção possui particularidades que a tornam adequada a diferentes
situações. A caducidade actua de forma automática, sem necessidade de manifestação de
vontade, quando o acto está subordinado a prazos ou fatos jurídicos específicos. A anulação,
por sua vez, age diante da ilegalidade, garantindo que actos administrativos contrários à lei
sejam anulados. Já a revogação, pautada pelo interesse público, permite que a administração
ajuste suas decisões em prol do bem comum.

É importante ressaltar que a revogação não é um acto discricionário, mas deve respeitar critérios
de legalidade e proporcionalidade. Além disso, existem casos em que a revogação é proibida,
como quando se trata de actos nulos, decisões judiciais ou actos que geraram obrigações legais
para a administração.

Em suma, o estudo das formas de extinção dos actos administrativos é essencial para garantir a
conformidade das acções da administração pública com os princípios do Estado de Direito,
contribuindo para uma administração mais eficiente, transparente e justa, em benefício de toda
a sociedade.

15
Referencias bibliográficas

AMARAL, Diogo Freitas do. Direito Administrativo, Vol. III, Lisboa, 1989

ANDRADE, José Carlos Vieira de. Lições de Direito Administrativo. 5ª edição. Imprensa da
Universidade de Coimbra, 2017.

CAUPERS, João. Introdução ao direito administrativo. 10.ª Ed. Âncora editora. Lisboa,
2009.

MACIE. Albano. Lições de Direito Administrativo Moçambicano. Vol. 2. Escolar Editora.


Maputo.

PRATA, Ana, Dicionário Jurídico, I, 5ª ed. Almedina, 2013, p. 220. Ver a palavra
"Caducidade".

SIDOU, J. M. Othon. Dicionário Jurídico. 11. ed., rev. e atual. - Rio de Janeiro: Forense, 2016.

Legislação
Lei n.º 7/2014 de 28 de Fevereiro – Lei do Processo Administrativo Contencioso;
Lei n.º 14/2011 de 10 de Agosto – Lei do Procedimento Administrativo.

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