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850210522385

29/11/2021 20:45

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Petição de Marca
Recurso contra indeferimento de pedido de registro de marca - valor
por classe
Número da Petição: 850210522385
Número do Processo: 921519907

Dados Gerais
Nome: J. R. DE C. MAIA & CIA. LTDA
CPF/CNPJ/Número INPI: 05239661000198
Endereço: ROD IGUATU ICO,KM 05, 650, CHAPADINHA
Cidade: Iguatu
Estado: CE
CEP: 63503752
Pais: Brasil
Natureza Jurídica: Microempresa assim definida em lei
e-mail: registrodemarca17@gmail.com

Classes objeto do recurso


NCL(11) 30

Texto da Petição

SEGUE NO ANEXO O RECURSO DE DEFESA ARROZ MAIA.

Anexos

Descrição Nome do Arquivo

Recurso recurso defesa arroz maia.pdf

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Declaro, sob as penas da lei, que todas as informações prestadas neste formulário são verdadeiras.

Obrigado por acessar o e-Marcas.


A partir de agora, o número 850210522385 identificará a sua petição junto ao INPI. Portanto guarde-o, a fim de que
você possa acompanhar na Revista Eletrônica da Propriedade Industrial - RPI (disponível em formato .pdf no portal
www.inpi.gov.br) o andamento da sua petição. Contudo, tratando-se de serviço pago, a aceitação da petição está
condicionada à confirmação do pagamento da respectiva GRU (Guia de Recolhimento da União), que deverá ter
sido efetuado previamente ao envio deste formulário eletrônico, sob pena da presente petição vir a ser não
conhecida.

Esta petição foi enviado pelo sistema e-Marcas (Verso 4) em 29/11/2021 às 20:45

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ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO INPI - INSTITUTO NACIONAL DA
PROPRIEDADE INDUSTRIAL:
Processo n.° 913960489

Recorrente: J.R DE C. MAIA & CIA. LTDA


Marca: ARROZ MAIA
Processo: 921519907

J.R DE C. MAIA & CIA. LTDA, pessoa jurídica, com inscrição no CNPJ
sob nº 05.239.661/0001-98, situada na Rod Iguatu Ico, KM 05, 650,
Chapadinha, Iguatu/Ceará, inconformada com os termos do despacho
administrativo realizado pelo INPI - Instituto Nacional da Propriedade
Industrial, vem, respeitosamente, a presença do Ilustríssimo Julgador,
interpor

RECURSO ADMINISTRATIVO
RECURSO ADMINISTRATIVO
Contra o indeferimento do pedido de registro com fulcro no art. 124,
IXI, da LPI, através das inclusas razões, que requer sejam recebidas,
encaminhadas e processadas nos termos da lei.

1 Art. 124. Não são registráveis como marca:


[...]
XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com
acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto
ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou
associação com marca alheia; [...].

DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO ADMINISTRATIVO

O art. 212, da LPI, dispõe que é possível a interposição de recurso


administrativo no prazo de 60 (sessenta) dias. Como o indeferimento do
registro da marca da Recorrente ocorreu por meio de despacho publicado
em 28 de setembro de 2021, a interposição do presente recurso
administrativo na data de hoje é tempestiva

Art. 212. Salvo expressa disposição em contrário, das decisões de


que trata esta Lei cabe recurso, que será interposto no prazo de 60
(sessenta) dias.

§ 1º Os recursos serão recebidos nos efeitos


suspensivo e devolutivo pleno, aplicando-se todos os

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dispositivos pertinentes ao exame de primeira
instância, no que couber.
§ 2º Não cabe recurso da decisão que determinar o
arquivamento definitivo de pedido de patente ou de
registro e da que deferir pedido de patente, de
certificado de adição ou de registro de marca.
§ 3º Os recursos serão decididos pelo Presidente do
INPI, encerrando-se a instância administrativa.

DA DECISÃO RECORRIDA

O INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial proferiu


equivocadamente decisão indeferindo o pedido de registro da marca
realizado pela Recorrente, pelas seguintes razões:
“[...] A marca reproduz ou imita os seguintes registros de terceiros, sendo,
portanto, irregistrável de acordo com o inciso XIX do Art. 124 da LPI: Processo
816722110 (MAIA). Art. 124 - Não são registráveis como marca: XIX - reprodução
ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia
registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou
afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia [...].”

Ilustríssimo Presidente, como será amplamente demonstrado, a


sobredita decisão não merece prosperar, pelas razões fáticas e
fundamentos jurídicos que serão expostos a seguir.

DAS RAZÕES FÁTICAS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA REFORMA DA


DECISÃO

DIFERENÇAS DE ATIVIDADES

Ademais, tem-se a esclarecer que as atividades das partes são


diferentes e específicas.

Isto porque a empresa recorrente utiliza sua marca “ARROZ MAIA”,


para sua atividade principal ARROZ e possui em sua especificação: Arroz;
Arroz instantâneo; Arroz-doce.

Em via diversa, a empresa paradigma utiliza sua marca “MAIA”, cujo


serviço principal é voltado para “CONDIMENTOS E TEMPEROS”, como pode
ser observado abaixo no seu processo de registro:

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Sendo assim fica claro que as atividades protegidas com os sinais das
litigantes são diferentes o suficiente para não conduzirem o consumidor a
erro ou confusão, a RECORRENTE é uma marca de ARROZ e a PARADIGMA
uma marca de TEMPEROS, caracterizando completamente que as
atividades das marcas em questão são DIFERENTES. Sendo assim, as marcas
podem conviver pacificamente no mercado, sem que haja desvio de
clientela.

ESPECIFICIDADE DAS MARCAS

O Princípio da Especialidade das Marcas permite o registro de


marcas idênticas para assinalarem serviços/produtos diversos. Nesse
sentido o I. Dr. JOÃO DA GAMA CERQUEIRA, in Tratado da Propriedade
Industrial, vol. II, pág. 779, ensina:

JOÃO DA GAMA CERQUEIRA

"O uso de marca idêntica à registrada, para distinguir


produtos/serviços diversos, É LÍCITO de acordo com o princípio
da novidade relativa e da especialidade das marcas".

(grifos nossos)

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CARLOS HENRIQUE DE C. FRÓES

"... prevalece, assim, o princípio de que é admissível o registro


de marcas iguais a outras já registradas se os respectivos artigos
forem diferentes: o chamado Princípio da Especialidade das
Marcas".

Sobre o princípio da especialidade das marcas cabe aqui citar o


entendimento consolidado do C. Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deste
C. Tribunal Regional Federal - 2ª Região sobre a possibilidade de
convivência de marcas.

O primeiro caso que trazemos diz respeito a ação anulatória ajuizada


pela empresa Miller Brewing Company em face do Instituto Nacional da
Propriedade Industrial - INPI e Indústrias Muller de Bebidas Ltda, objetivando
o registro para as marcas de cerveja "Miller" e "America's Quality Beer Miller
High Life", denegado pelo INPI.

O MM Juiz Federal da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro julgou


improcedente o pedido de invalidação das decisões administrativas,
fundamentando que há colidência entre as marcas "MILLER", "MULLER
FRANCO" e "MILER", em razão de o produto explorado pela autora (cerveja)
e pela ré (aguardente) pertencerem ao mesmo segmento mercadológico,
qual seja, o de bebidas alcoólicas, de forma que o registro pretendido
poderia provocar erro, dúvida ou confusão por parte do público
consumidor.

Inconformada, a empresa Miller Brewing Company interpôs


apelação cível fundamentando diversidade de consumidores e
impossibilidade de confusão das marcas MILLER, e MULLER FRANCO e
defendendo a coexistência das marcas no mercado e a inexistência de
conflitos entre os sinais. A Segunda Turma Especializada deste C. Tribunal
Regional Federal da 2ª Região, por maioria, deu provimento à apelação,
aclarando:

DIREITO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCAS. MARCA


NOTORIAMENTE CONHECIDA. TEORIA DA DILUIÇÃO OU
DEGENERAÇÃO. 1. A marca notoriamente conhecida em seu
ramo de atividade goza de proteção especial,
independentemente de classe, na forma do art. 6º, bis, da

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Convenção Unionista de Paris. 2. Inexiste óbice à convivência
entre a marca “MILLER” e as marcas da recorrida (“MULLER
FRANCO” e “MILER”), conquanto sejam da mesma classe, pois
comercializam produtos diversos. 3. O princípio da
especialidade não se confunde com as divisões de classe
operadas pelas convenções de Genebra e Nice, que não
servem de critério último para a determinação das esferas de
colidência de marcas, em um mesmo mercado relevante. 4.
Apelo parcialmente provido, para que os procedimentos
administrativos com vistas ao registro da marca “MILLER”
retomem o seu curso normal, reconhecendo-se, contudo, a
possibilidade de convivência entre a marca “MILLER” e as
marcas “MULLER FRANCO” e “MILER”.

(Grifos Nossos)

Assim, a empresa Indústrias Müller de Bebidas Ltda não concordando


com o julgamento, interpôs recurso especial amparado no art.105, inciso III,
alíneas "a" e "c", da Constituição Federal, apontando divergência
jurisprudencial entre o acórdão recorrido, além de violação do inciso XIX
do art. 124 e 129 da Lei nº 9.279/96.

Em julgamento, o STJ manteve o entendimento de que cerveja e


água ardente, apesar de estarem inseridas em um mesmo setor
mercadológico, nos termos do princípio da especialidade não se
confundem e que as marcas podem coexistir, a saber:

PROPRIEDADE INDUSTRIAL. COLIDÊNCIA DE MARCAS.


POSSIBILIDADE DE CONFUSÃO AFASTADA. PRINCÍPIO DA
ESPECIALIDADE. MARCA NOTÓRIA. ART. 126 DA LEI 9.279/96.
ADMITIDA A CONVIVÊNCIA DAS MARCAS EM LITÍGIO.
PRECEDENTES. 1. O dissídio jurisprudencial a ser dirimido pelo
Superior Tribunal de Justiça é aquele em que, mediante o
cotejo analítico entre os acórdãos confrontados, fica
evidenciada a similitude da base fática dos casos e a
divergência de resultados diante da aplicação da legislação
federal regente, o que não se verificou na hipótese dos autos.
2. Segundo o princípio da especialidade das marcas, não há
colidência entre os signos semelhantes ou até mesmo
idênticos, se os produtos que distinguem são diferentes. 3.

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Reconhecida a notoriedade da marca MILLER pelo tribunal de
origem, incide o art. 126 da Lei nº 9.279/96, que confere
proteção especial à marca notoriamente conhecida em seu
ramo de atividade. 4. Afastada a possibilidade de erro ou
confusão do público entre as marcas MILLER, da recorrida, e
MÜLLLER FRANCO e MILER, da recorrente, ante a ausência de
semelhança dos produtos que representam, possível a
convivência dos signos em exame. Precedentes. 5. Recurso
especial a que se nega provimento. (STJ - REsp: 1079344 RJ
2008/0172003-1, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data
de Julgamento: 21/06/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 29/06/2012)

(Grifos Nossos)

Ora Exa., se marcas idênticas relacionadas a cerveja e água ardente


(cachaça) podem coexistir, é certo que marcas destinadas a identificar
ARROZ (RECORRENTE) e TEMPEROS E CONDIMENTOS (PARADIGMA)
igualmente não podem gerar confusão.

Outrossim, neste mesmo sentido, é o entendimento do Tribunal


Regional Federal da 2ª Região, conforme ilustra a ementa a seguir - não há
colidência de marca quando se referem à subclasses distintas:

COMERCIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCAS. AS


EMPRESAS NÃO ATUAM NO MESMO SETOR
MERCADOLÓGICO APESAR DA APARENTE
SEMELHANÇA- O ponto nodal da questão reside em
saber se o deferimento da marca “BARICHELLO” à
empresa BARICHELLO e CIA LTDA implicará nas
vedações contidas na legislação marcária em face
do registro da marca “RUBENS BARRICHELLO”
anteriormente concedida para a RB SPORTS LTDA. - A
empresa BARICHELLO e CIA LTDA, da família
BARICHELLO, instalada no Paraná, atua na
exploração, comércio de café e cereais beneficiados
industrialmente, enquanto a empresa da qual o piloto
de F1, Rubens Barrichello, é sócio, teria obtido registro
anterior de marca para identificar produtos
relacionados a bebidas, xaropes e sucos em geral. -
Não deve haver confusão entre os produtos, apesar da
impressão de semelhança que eles guardam entre si,

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uma vez que a empresa BARICHELLO e CIA LTDA não
comercializa bebidas e sim, derivados industriais do
café, tais como grãos e pó. - Não há identidade entre
as atividades das empresas, já que, se assim fosse, o
Instituto Nacional da Propriedade Industrial teria
estabelecido classificação única em um só setor
mercadológico. - Não existiu a intenção de
aproveitamento parasitário da fama do piloto de
fórmula 1 pela apelante, posto que a expressão
“BARICHELLO”, conforme dito anteriormente, é o
nome de família dos sócios da empresa. - Não parece
razoável privar uma família de adotar o seu próprio
nome na sua atividade comercial cotidiana, desde
que não haja prejuízos para terceiros, como no
presente caso. - Ter-se-ia a necessidade de proteger a
marca registrada se houvesse alguma semelhança da
atividade da empresa apelante com o mundo
automobilístico, de onde provém a notoriedade do
nome do piloto de fórmula 1, Rubens Barrichello. -
Recurso provido, honorários fixados em 10% (dez por
cento) do valor da condenação. (Grifamos)

(AC 200151010211800, Des. Fed. RICARDO REGUEIRA, TRF2 -


PRIMEIRA TURMA, DJU –26.10.2004 – pag.136)

Nesse contexto, depreende-se que não havendo identidade, entre


as atividades empresariais da Recorrente e da sua Concorrente, como no
presente caso, não há que se falar em possibilidade de confusão entre os
consumidores dos produtos comercializados com marcas semelhantes,
ainda que se observe certa similitude entre as respectivas marcas.

Destas considerações conclui-se que não há qualquer possibilidade


de confusão dos produtos/serviços das partes, pois nos termos do “Princípio
da Especialidade” e aspectos da “Concorrência Desleal” tal situação não
ocorre.

MARCAS CONCEDIDAS À TERCEIROS

No mais, em análise ao Banco de Dados do INPI, localizamos


várias marcas deferidas/concedidas à titul ares diversos, que
usam a expressão MAIA em sua marca, todas na classe 30,
vejamos:

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Ora Exa., se as marcas acima foram concedidas, é certo que o
mesmo deve ocorrer com o conjunto marcário da RECORRENTE, afinal
todas as marcas acimas, fora muitas outras que tem no banco de dados
do INPI, conseguiram os seus respectivos registros com marcas que contém
a mesma palavra da marca da empresa paradigma, MAIA ou MAYA.

Dos exemplos acima, cabe chamar a atenção para o registro MAYA


CHOCOLATERIA, nº 906149959, que obteve a concessão do registro após
reversão da decisão de indeferimento, que havia apontado como
anterioridade os mesmos registros que causaram o indeferimento do
pedido de registro da Recorrente.

Portanto, tal decisão que julgou serem diferentes os produtos para o


caso acima (chocolates x condimentos), não poderia diferir para o caso
em tela, cujas marcas identificam produtos igualmente distintos (arroz x
condimentos).

Sendo assim, evidenciamos a possibilidade de concessão do registro


pleiteado pela RECORRENTE, pois de acordo com o princípio da isonomia
“TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI”.

Com os esclarecimentos acima, o Sr. Presidente poderá formar o seu


convencimento para fundamentar uma decisão restauradora e justa a
favor da Recorrente.

REQUERIMENTOS FINAIS

Conclui-se, portanto, que não assiste razão a esse do renomado


Instituto, para indeferir o pedido de registro da marca “ARROZ MAIA”, por
conta da anterioridade do registro da marca “MAIA”, na medida em que
as marcas em comento, referem-se à subclasses distintas, não sendo
colidentes e não ensejando confusão para os respectivos consumidores,
sendo assim, não se pode enquadrar a marca da recorrente no art. 124, VI
e XIX, da LPI, devendo a decisão administrativa ser reformada.

Verifica-se também que a o pedido da Recorrente está


fundamentado nos arts. 160, c/c 122, da LPI, por essa razão, desde já se
requer a acolhida do presente recurso, para reformar a decisão
administrativa e conceder o justo e de direito registro da marca “ ARROZ
MAIA”.

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CONCLUSÃO

Pelos motivos que foram explanados acima, requer a Recorrente que


seja o presente recurso recebido no efeito suspensivo e devolutivo,
conforme determina o art. 212, § 1º, da Lei 9.279/96 e acolhido para
reformar a decisão administrativa e conceder o justo e de direito registro
da marca “ARROZ MAIA”, conforme requerido inicialmente.

Termos em que,
Pede deferimento.

Iguatu/CE, 29 de novembro de 2021.

J.R DE C. MAIA & CIA. LTDA

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