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Universidade do Porto
Leandro S. Almeida
Universidade do Minho
Resumo
1
Nota de autor: Sofia A. Mendes, Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, Universidade do Porto;
Isabel Abreu-Lima Pinto, Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, Universidade do Porto; Leandro S.
Almeida, Instituto de Educação, Universidade do Minho.
Esta investigação é financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (Bolsa de Doutoramento,
SFRH/BD/78646/2011).
Correspondência relativa a esta publicação deve ser dirigida a Sofia A. Mendes, Faculdade de Psicologia e
Ciência de Educação, Rua Alfredo Allen 4200-135, Porto, Portugal, Correio eletrónico:
sofia.a.mendes@gmail.com.
Introdução
Para os psicólogos que trabalham nas escolas não será difícil delimitar e definir a
psicologia escolar (Merrell, Ervin, & Gimpel, 2012). Todavia, um olhar mais próximo sobre
o campo, e a sua evolução, permite constatar que a sua delimitação face aos restantes da
ramos psicologia não constituiu uma tarefa fácil, em parte devido às múltiplas funções e à
natureza multifacetada do papel do psicólogo escolar. Entre as definições mais atuais
encontram-se as provenientes de três entidades que no panorama internacional
representam a psicologia escolar: a APA (American Psychological Association), a NASP
(National Association of School Psychologists) e a ISPA (International School Psychology
Association).
A NASP (2010), por seu turno, descreve que os psicólogos escolares colaboram com
os professores, pais, e outros profissionais, para criar um ambiente escolar seguro,
saudável e de suporte para todos os alunos, que fortaleça a ligação escola-família-
comunidade. Esta associação define ainda os psicólogos escolares pela sua formação
especializada nas áreas da psicologia e da educação, formação que assegura a preparação
destes profissionais em domínios como a saúde mental, o desenvolvimento infantil, o
comportamento, a aprendizagem, a motivação, o currículo, a instrução, a avaliação, a
intervenção, a consultoria, a legislação e a organização escolar.
Tanto a nível nacional como internacional, a entrada dos psicólogos nas escolas e as
suas práticas profissionais têm sido influenciadas por políticas e reformas educativas, por
fatores económicos e culturais, bem como por circunstâncias relacionadas com a evolução
da psicologia em geral (Oakland & Jimerson, 2007). Nestes contextos de mudança e de
desenvolvimento, e por vezes também de alguma crise social e económica, importa
sistematizar as práticas dos psicólogos escolares, apontar os seus contributos específicos e
pugnar pela qualidade das condições do seu exercício profissional.
Neste sentido, vários estudos têm procurado contribuir para o aumento e atualização
do conhecimento coletivo em torno da psicologia escolar, utilizando para o efeito a
metodologia inquérito por questionário. O objetivo geral destas investigações tem sido o
de fornecer uma descrição detalhada sobre as características demográficas, o perfil de
formação, as condições de trabalho, as práticas profissionais dos psicólogos escolares,
entre outras variáveis de interesse. Os Estados Unidos têm liderado esta linha de
investigação, com a NASP a realizar investigações periódicas sobre este assunto desde 1989
(Castillo, Curtis, & Gelley, 2012). Simultaneamente, vários autores utilizaram esta
metodologia para analisar o estado da psicologia escolar noutros países, tais como Israel
(Raviv, Mashraki-Pedhatzur, & Erhard, 2002), Albânia, Chipre, Estónia, Grécia e Inglaterra
(Jimerson et al., 2004), Austrália, China, Alemanha, Rússia (Jimerson et al., 2006), Canada
(Corkum, French, & Dorey, 2007; Jordan, Hindes, & Saklofske, 2009), Itália (Trombetta,
Alessandri, & Coyne, 2008), Geórgia, Suíça e Emirados Árabes Unidos (Jimerson et al.,
2008).
Em Portugal, apesar da presença dos psicólogos nas escolas ter uma história de mais
de 30 anos, a área da psicologia escolar contínua a carecer de produção teórica e empírica,
consistente e sistematizada, que possibilite caracterizar, de forma longitudinal, os
psicólogos escolares e a sua prática profissional. A nível nacional vários autores têm
procurado refletir e abordar esta temática do ponto de vista teórico (e.g. Campos, 1990;
Cárita, 1996; Carvalho, 1992; Carvalho, 2008; Coimbra, 1991; Gaitas & Morgado, 2010;
Neves & Carvalho, 2002; Taveira, 2005). No entanto, é escassa a produção nacional de cariz
empírico com amostras representativas deste grupo de psicólogos, tomando as vivências e
os discursos dos próprios psicólogos escolares (note-se como exceção o trabalho
desenvolvido por Leitão, Paixão, Silva e Miguel em 2001). Paralelamente, ao longo dos
anos, o Ministério da Educação conduziu alguns inquéritos junto dos SPOs (e.g. CIDEC, 2006;
ME, 2000), todavia, os resultados dessas investigações não se encontram suficientemente
divulgados, não chegam aos técnicos no terreno, às suas estruturas profissionais e escolas
Face ao exposto, este artigo propõe-se apresentar parte dos resultados obtidos com
a aplicação de um inquérito, junto de uma amostra nacional de psicólogos escolares, no
ano letivo 2011-2012. Elementos descritivos do perfil demográfico e de formação
académica destes psicólogos são analisados, assim como são caracterizados os seus
contextos e condições de trabalho.
Método
Amostra
Instrumento
Procedimentos
Resultados e discussão
Situação profissional
A larga maioria dos psicólogos escolares (90%) refere estar afeto a um único
agrupamento de escolas ou estabelecimento de ensino não-agrupado. Quarenta e sete por
cento dos participantes caracterizam o seu contexto de trabalho como urbano, 26% como
rural e 22% como suburbano. Uma percentagem residual dos participantes (5%) refere que
o seu contexto de trabalho representa uma combinação destes tipos de contextos, o que
se poderá dever ao facto de alguns profissionais (10%) serem simultaneamente
contratados para trabalhar em dois ou mais estabelecimentos de ensino independentes.
Quarenta e seis por cento dos psicólogos escolares referem trabalhar ao nível do
ensino básico, 24% do ensino secundário e 30% em contextos escolares que combinam
estes dois níveis de ensino. Mais de metade dos participantes (62%) afirmam trabalhar em
escolas que operam com quatro ou mais níveis de ensino em simultâneo. Dados relativos
ao rácio psicólogo-alunos são apresentados na Tabela 4, em função da tipologia e
localização do estabelecimento de ensino.
Ensino Público 1:1451 626 1:1159 537 1:1478 811 1:832 334
Ensino Privado 1:418 390 1:517 344 1:307 345 1:303 186
No sector público, observa-se ainda o desafio dos SPOs terem sobre a sua área de
influência um conjunto de escolas dispersas geograficamente, situação raramente
encontrada no sector privado (7%). Assim, no subsistema público, 30% dos psicólogos
escolares referem ter sobre a sua área de influência apenas uma escola, 20% duas a cinco
escolas, 20% seis a nove escolas, 16% dez a quinze escolas e 14% dezasseis ou mais escolas
dispersas geograficamente.
Considerações finais
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