Você está na página 1de 40

Serviço Público Federal

Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DOS


ACADÊMICOS ATENDIDOS PELAS AÇÕES DE
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL DA UFMS

Campo Grande
2018
PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS
Cidade Universitária, s/n - Fone: 67 3345-7054
CEP 79070-900 - Campo Grande (MS)
https://proaes@ufms.br
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DOS ACADÊMICOS ATENDIDOS


PELAS AÇÕES DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL DA UFMS - 2018

Elaboração: Equipe de Serviço Social


da Divisão de Assistência ao Estudante
– Diase/Ciae/Proaes
 Carol Maria Pereira;
 Cristiane Gomes de Assis;
 Francieli Piva Borsato;
 Marlene Daré Martins.

 Nuvem de palavras efetuada a partir das respostas dos acadêmicos sobre a importância dos auxílios para
a permanência na Universidade.

1
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 3
2. RESULTADOS DA PESQUISA ......................................................................................... 7
2.1. Perfil do público atendido ............................................................................................. 7
2.2. Organização e tempo de dedicação aos estudos ........................................................ 15
2.3. Saúde e alimentação do acadêmico ............................................................................ 18
2.4. Meios de acesso aos recursos tecnológicos ................................................................. 24
2.5. Importância do auxílio financeiro para permanência no curso .............................. 25
2.6. Rendimento dos acadêmicos ....................................................................................... 29
3. INDICATIVOS PARA O TRABALHO DOS ASSISTENTES SOCIAIS .................... 35

2
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

1. APRESENTAÇÃO

A Divisão de Assistência ao Estudante (Diase) da Pró-Reitoria de Assuntos


Estudantis (Proaes), a qual os profissionais de Serviço Social estão vinculados, conforme o
Manual das Competências 2017 da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS),
possui como característica ser “responsável pelo atendimento, orientação e
acompanhamento aos acadêmicos participantes de programas e projetos de assistência
estudantil”; e como competências “atuar no monitoramento do desempenho e frequência do
aluno beneficiário de programas e ações de assistência estudantil” e “desenvolver e
monitorar indicadores relacionados ao atendimento dos alunos em situação de
vulnerabilidade socioeconômica”.
Em consonância com as competências supracitadas, nossa equipe de Serviço Social
propôs um projeto para o acompanhamento social dos acadêmicos beneficiários dos auxílios
de Assistência Estudantil. Essa proposta teve como ponto de partida o Edital Proaes/UFMS
nº 27, de 11 de julho de 2018, que desligou discentes beneficiários dos Auxílios Creche,
Moradia e Permanência que não atingiram o aproveitamento da carga horária previsto nos
artigos 42 e 45 da Resolução Coun nº 8, de 29 de janeiro de 2018.
A partir do edital de desligamento, identificamos os seguintes dados:

Quadro 1 – Informações do Edital de desligamento


AUXÍLIOS
SITUAÇÃO Auxílio Auxílio Auxílio
Creche Moradia Permanência
Número de desligados 3 48 124
Média de aproveitamento dos desligados 47,9% 36,3% 34,6%
Média de Reprovações por falta1 2,3 1,4 1,6
Desligados por Reprovação por falta 1 0 19
Desligados por Aproveitamento 0 19 49
Desligados pelos dois motivos 2 19 55
Desligados por falta em 1 disciplina com
1 10 15
aproveitamento maior

1
Para este cálculo foi considerado o número de acadêmicos que tiveram reprovações por falta e calculada a média
simples do número de disciplinas em que cada acadêmico reprovou. Quando consideramos a média do número de
reprovações por falta de todos acadêmicos, sem separar por auxílio, a média é praticamente igual à média separada
por auxílio: 1,5.

3
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Foram desligados no Edital Proaes nº 27/2018 um total de 133 acadêmicos, dentre


estes setenta acadêmicos entraram com recurso apresentando justificativa e 63 não entraram
com recurso. Dentre os recursos 47 foram deferidos e 23 indeferidos, conforme demonstra
o quadro abaixo:

Quadro 2 – Dados do desligamento e interposição de recursos


Informação Nº %
Total de desligados 133 100
Não entraram com recurso 63 47
Total de recursos 70 100
Recursos deferidos 47 67
Recursos indeferidos 23 32
Total de desligados após recurso 86 --

Após o processo de desligamento, algumas indagações fizeram-se presentes em


nosso cotidiano de trabalho: quais situações ou dificuldades que levaram os acadêmicos a
não atingirem o aproveitamento? Qual o impacto do desligamento na permanência dos
acadêmicos na Universidade? Como o Serviço Social pode contribuir para minimizar tais
dificuldades? Qual o papel do Serviço Social nesse processo?
A partir dessas indagações, e de experiências anteriores de acompanhamento de
rendimento de beneficiários dos auxílios (anos de 2014, 2015 e 2016), percebemos a
necessidade de realizar o acompanhamento social para identificar as demandas sociais e
educacionais, e a partir delas, construir ações de intervenção e de atuação do Serviço Social.
Nesta direção, a pesquisa teve como objetivo acompanhar os beneficiários dos
Auxílios da Assistência Estudantil, na Cidade Universitária, oferecidos pela Proaes/ UFMS,
no sentido de identificar as demandas sociais e educacionais dos acadêmicos.
Para isso, buscamos definir uma metodologia adequada às possibilidades de
atendimento da equipe diante do número de acadêmicos atendidos pelos auxílios. Optamos
pela pesquisa sob as perspectivas quantitativa e qualitativa, visto a sua contribuição para a
compreensão da complexidade da realidade pesquisada. A coleta de dados utilizou como
instrumental um questionário estruturado aplicado de forma indireta, por meio de ferramenta
on line (Google Forms) a fim de facilitar e ampliar o acesso para todos os acadêmicos
beneficiários dos Auxílios Creche, Permanência e Moradia.

4
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Foi encaminhando e-mail para todos os acadêmicos atendidos pelos auxílios de


assistência estudantil da Cidade Universitária (totalizando 448 acadêmicos) para
preenchimento do questionário de acompanhamento no período de 10 a 20 de agosto de
2018.
Para facilitar a análise dos dados, dividimos os acadêmicos atendidos em 3 grupos:

Quadro 3 – Divisão por grupos de acadêmicos atendidos


GRUPO PERFIL Total de
acadêmicos
Grupo 1 Acadêmicos desligados (Edital Proaes nº 27/2018) 86
Grupo 2 Acadêmicos mantidos após recurso (Edital Proaes 47
n°28/2018)
Grupo 3 Os demais acadêmicos atendidos pelos auxílios, que não 315
tiveram rendimento abaixo do exigido

Participaram da pesquisa 201 acadêmicos, correspondendo a 45% do total dos


acadêmicos atendidos.

Gráfico 1 – Participação na pesquisa

Participação na pesquisa
(45 % responderam)

201

448

Total de beneficiários Responderam a pesquisa

Entre os que responderam, 28 acadêmicos são do Grupo 1 – desligados após recurso;


25 do Grupo 2 – Mantidos após recurso; 148 pertencem ao Grupo 3 – demais acadêmicos,
conforme apresentado no quadro abaixo:

5
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Quadro 4 – Relação dos acadêmicos que preencheram o questionário de


acompanhamento
Nº de acadêmicos que
Total de acadêmicos
responderam o
atendidos
DESCRIÇÃO DO questionário
GRUPO % em relação ao % em relação
total de ao total de
Nº Nº
acadêmicos acadêmicos dos
assistidos (448) grupos
GRUPO 1 -Acadêmicos
desligados (Edital Proaes nº 86 19,19% 28 32,55%
27/2018)
GRUPO 2 - Acadêmicos
mantidos após recurso 47 10,49% 25 53,19%
(Edital Proaes n°28/2018)
GRUPO 3 - Os demais
acadêmicos atendidos pelos 315 70,31% 148 46,98%
auxílios

Após a etapa de preenchimento do formulário, foi realizada a análise e categorização


dos dados coletados a partir dos seguintes eixos de análise descritos neste relatório: a) perfil
do público atendido; b) organização e tempo de dedicação aos estudos; c) saúde e
alimentação do acadêmico; c) meios de acesso à comunicação; d) importância do auxílio
financeiro para permanência no curso; e) rendimento dos acadêmicos e;
Posteriormente, a partir da análise dos eixos e demandas apresentadas, realizamos
reflexões e identificação de tendências que culminaram na recomendação de indicativos para
o trabalho dos Assistentes sociais no final deste relatório. Acreditamos que estes indicativos
podem contribuir para a tomada de decisões sobre as ações de assistência estudantil, políticas
de permanência e possibilidades de intervenção do Serviço Social.

6
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

2. RESULTADOS DA PESQUISA

2.1. Perfil do público atendido

Neste eixo de análise agrupamos as informações obtidas das respostas relacionadas


ao perfil dos acadêmicos pesquisados. Aqui abordamos questões sobre o recebimento de
auxílios e como está a distribuição e acumulação entre os acadêmicos atendidos, quais cursos
e unidades os participantes estão vinculados, qual semestre estão cursando, qual período do
curso e o perfil de renda dos participantes.
Até a publicação do edital de desligamento, os benefícios recebidos pelo total de
acadêmicos atendidos pela assistência estudantil (448) estavam assim distribuídos:

Gráfico 2 – Distribuição e acumulação de auxílios de assistência estudantil


Auxílios recebidos pelos acadêmicos atendidos pela assistência
estudantil
500 448
450 416
400
350 315
292
300
250
184
200 151
135
150 110
86 82
100 47 42
50 2425 2120
2 1 9 12 1 1 8 10 2 2 0 0
0
TOTAL DE AP AM AC AP e AM AP e AC AC e AM AC, AM E AP
ACADÊMICOS

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 TOTAL

A partir da observação do gráfico acima, identificamos que não havia acúmulo dos
três auxílios pelos acadêmicos. Do total dos acadêmicos atendidos (448), 33,7%
acumulavam os auxílios moradia e permanência, 2% acumulam auxílio permanência e
creche, 7,3% dos acadêmicos recebiam apenas o auxílio moradia e 56,9% dos acadêmicos
recebiam apenas o auxílio permanência. Isso significa que do total de acadêmicos atendidos

7
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

pelos auxílios, apenas um terço (35,7%) deles acumulam dois auxílios, não representando
número expressivo.
Em relação ao Grupo 1, que são os acadêmicos desligados dos auxílios (86
acadêmicos), que totaliza 19,2% dos acadêmicos atendidos, identificamos que nenhum dos
acadêmicos acumularam os três auxílios; 24,4% acumulavam o auxílio permanência e
moradia, 3,5% recebiam apenas o auxílio moradia e 30,2% recebiam apenas o auxílio
permanência.
Em relação ao Grupo 2, aqueles que permaneceram nos auxílios após o recurso (47
acadêmicos), nenhum acumulam os três auxílios; 42,5% acumulam os auxílios moradia e
permanência, 10,6% recebem apenas o auxílio moradia e 46,8% recebem apenas o auxílio
permanência.
O Grupo 3, que são os demais acadêmicos atendidos pelos auxílios de assistência
estudantil e que não possuem problemas de rendimentos (315 acadêmicos), 2,5% acumulam
auxílio creche e moradia, 34% acumulam auxílio permanência e moradia, 7% recebem
apenas o auxílio moradia e 57,7% recebem apenas o auxílio permanência.
Do total de acadêmicos que permanecem atendidos pela assistência estudantil (362
acadêmicos), 2,5% acumulam o auxílio permanência e creche, 31,9% acumulam os auxílios
permanência e moradia; 2,7% recebem apenas o auxílio creche; 8,3% recebem apenas o
auxílio moradia; e 56,3% recebem apenas o auxílio permanência.
Diante dos números, observamos que o Grupo 2, dos acadêmicos mantidos após
recurso, possui percentual mais expressivo de acúmulo dos auxílios moradia e permanência
(42,5%). Dessa maneira, a manutenção desses acadêmicos nos auxílios é positiva pois, a
situação contrária impactaria negativamente em sua permanência, considerando a condição
de pobreza identificada no processo de seleção. Além disso, resultaria na ampliação da
procura por Auxílio Emergencial.
Entre os acadêmicos que responderam o questionário de acompanhamento,
identificamos o seguinte perfil dos auxílios recebidos:

8
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 3 - Distribuição e acumulação de auxílios de assistência estudantil dos


acadêmicos participantes da pesquisa
Auxílios recebidos pelos acadêmicos que responderam o formulário de
acompanhamento
160 148
137
140
120
100
80 61
60 50
40 28 25 27 24
15 14
20 5 0 0 3 4 0 0 3
0
Total de respostas AP AM AC AP e AM AP e AC

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

Em relação ao Grupo 1, que corresponde ao total de acadêmicos desligados dos


auxílios, 28 acadêmicos responderam ao formulário. Deste total, 82,1% recebiam apenas o
auxílio permanência, 3,6% recebiam apenas o auxílio moradia e 14,3% recebiam os dois
benefícios.
Em relação ao Grupos 3 e Grupo 2, que são os acadêmicos que permanecem
atendidos pelos auxílios, 173 responderam ao questionário, correspondendo a 47,9% do total
dos acadêmicos dos grupos 2 e 3. Dentre os que responderam, 39,3% acumulam os auxílios
permanência e moradia; 6,9% recebem apenas o auxílio moradia e 56% recebem apenas o
auxílio permanência.
Outra informação obtida pela pesquisa foi sobre a unidade de origem dos acadêmicos
por grupo. A maioria dos acadêmicos que responderam o questionário de acompanhamento
são originários das unidades: Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e
Geografia/ FAENG (45 acadêmicos); Faculdade de Artes, Letras e Comunicação/ FAALC
(22 acadêmicos); Faculdade de Computação/ FACOM (21 acadêmicos); e INISA (17
acadêmicos), conforme demonstra o Gráfico 4.

9
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 4 – Número de participantes da pesquisa por Unidade

Número de acadêmicos por grupos e unidades


0 5 10 15 20 25 30 35

ESAN 1 2 10
FAALC 1 3 18
FACFAN 1 3
8
FACH 1
1 10
FACOM 6 7 8
FADIR 4
FAED 1 2
8
FAENG 5 7
33
FAMED 6
FAMEZ 1
1 10
FAODO 2
INBIO 1 9
INFI 2
INISA 2
2 13
INMA 2
1
INQUI 1 2
3

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3

Os cursos com maior participação na pesquisa, acima de 10 participantes, foram:


enfermagem, engenharia elétrica, arquitetura e urbanismo e artes visuais, conforme quadro
abaixo:
Quadro 5 – Participação na pesquisa por curso
Quantidade de acadêmicos que preencheram
Curso o questionário
Enfermagem 11
Engenharia Elétrica 11
Arquitetura e Urbanismo 10
Artes Visuais 10
Ciências Biológicas 9
Engenharia Civil 9
Farmácia 9
Pedagogia 8
Psicologia 8
Engenharia de Produção 8
Engenharia de Software 8
Fisioterapia 7
Ciências econômicas 7
Medicina Veterinária 6

10
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Química 6
Administração 6
Engenharia de Computação 6
Jornalismo 6
Letras 5
Medicina 5
Zootecnia 5
Educação Física 5
Direito 4
Sistema de Informação 4
Geografia 3
Matemática 3
Ciência da computação 2
Engenharia Ambiental 2
Filosofia 2
Física 2
História 2
Nutrição 2
Odontologia 2
Tecnologia em construção de edifícios 2
Turismo 1
Ciências Sociais 1
Engenharia de Produção 1
Música 1
Processos Gerenciais 1
Superior de Tecnologia de Alimentos 1

Quanto ao período do curso, identificamos que a maioria dos acadêmicos que


responderam o questionário estudam em curso integral, conforme Gráfico 5:

Gráfico 5 – Período do Curso

Período do curso

Também tenho aulas aos sábados 3

Noturno 23

Matutino 4

Integral 177

0 50 100 150 200

11
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Dentre os 201 acadêmicos que responderam o questionário de acompanhamento, a


grande maioria se identifica com o curso. Esse é um indicador que influencia sobremaneira
na permanência dos acadêmicos.

Gráfico 6 – Identificação com o curso escolhido

Você se identifica com o curso escolhido?


Não 4%

Sim
96%

Quanto ao semestre cursado, a maioria dos acadêmicos que responderam o


questionário estão no 4º semestre, conforme gráfico abaixo:

Gráfico 7 – Semestre Cursado

Semestre cursado
50 47
45 42
38
40
35
28
30
25
20 17
13
15
6 8 6
10 5
5
0

12
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Ao analisarmos o semestre cursado considerando os grupos dos acadêmicos (Gráfico


7), identificamos que, entre aqueles que responderam do Grupo 1, a maioria está cursando o
segundo semestre (10 acadêmicos). Entre aqueles do grupo 2 e 3, a maioria está cursando o
quarto semestre.

Gráfico 8 – Semestre Cursado por grupo

Semestres dos acadêmicos por grupos


40 36
29 30
30
22
20
12
10
10 6 5 5 6 5
3 3 4 4
2 2 1 22 23 3 2
000 0 01 01 0
0
1º 2º 3º 4º 5º 6° 7º 8º 9º 10º OUTROS

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3

Sobre o perfil de renda dos acadêmicos, apesar de não conter a pergunta sobre renda
no questionário aplicado, consideramos relevante identificar a renda per capita desses
acadêmicos. Portanto, realizamos o levantamento do valor da renda per capita apresentada
nos processos seletivos de 2016, 2017 e 2018, quando foi utilizado o sistema de seleção. Não
foi possível obter as informações de renda de todos os acadêmicos participantes,
principalmente que ingressaram antes de 2016, por não constarem as informações no
sistema. Obtivemos a seguinte amostragem:

Quadro 6 – Número de acadêmicos com renda per capita identificada (amostragem)


Total de acadêmicos Qtde. de acadêmicos Percentual
Grupo
por grupo com renda identificada %
Grupo 1 (desligados) 28 21 75%

Grupo 2 (mantidos
25 20 80%
após recurso)

Grupo 3 (Rendimento
148 59 40%
satisfatório)

13
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Entre os acadêmicos com renda per capita identificada, a média da renda per capita
dos acadêmicos do Grupo 1 é de R$ 128,09, valor abaixo da linha de extrema pobreza
considerada pelo IBGE, a saber R$ 240,00. A renda per capita média dos acadêmicos do
Grupo 2 é de R$ 276,13 e a do Grupo 3 R$ 286,67, valores que representam a condição de
pobreza. Conforme Gráfico 9 abaixo:

Gráfico 9 – Média da renda per capita dos acadêmicos beneficiários dos auxílios

Renda per capita média


R$350,00
R$276,13 R$286,67
R$300,00
R$250,00
R$200,00
R$150,00 R$128,09

R$100,00
R$50,00
R$0,00
Grupo 1 (desligados) Grupo 2 (mantidos após Grupo 3 (Rendimento
recurso) satisfatório)

Quando observamos a menor e maior renda per capita por grupos, identificamos que
o Grupo 1 possui o menor intervalo de renda, que varia de R$ 0,00 até R$ 481,25. O Grupo
2 possui um intervalo que varia de R$ 0,00 a R$ 792,67 e o Grupo 3 de R$ 0,00 até R$
1.407,20.

Gráfico 10 – Renda per capita menor e maior dos grupos


Renda per capita maior e menor
R$1.600,00 R$1.405,20
R$1.400,00
R$1.200,00
R$1.000,00 R$792,67
R$800,00
R$600,00 R$481,25
R$400,00
R$200,00 R$0,00 R$0,00 R$0,00
R$0,00
Grupo 1 (desligados) Grupo 2 (mantidos após Grupo 3 (Rendimento
recurso) satisfatório)

Menor renda Maior renda

14
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Estes dados demonstram que os acadêmicos que possuem maior dificuldade de


rendimento, também são aqueles que possuem menor renda per capita, que são público-alvo
do programa de assistência estudantil.

2.2. Organização e tempo de dedicação aos estudos

O segundo eixo de análise, condensa as informações obtidas das perguntas sobre os


principais meios de estudo utilizados pelos acadêmicos, de que forma estão se organizando
e quais atividades realizam dentro e fora da Universidade. Essas perguntas foram efetuadas
com o intuito de identificar se há sobrecarga de atividades que pode impactar na saúde
mental e se há tempo vago para participação em atividades que a instituição possa oferecer.
Sobre a forma de estudo mais presente observamos ausência de estudo de forma
coletiva, já que a maioria dos acadêmicos afirmaram estudar sozinhos em casa ou em sala
de estudos ou em biblioteca.

Gráfico 11 – Forma de estudo


Como você estuda?

Um pouco de cada uma das alternativas 1


Sozinho na biblioteca 19
Sozinho em salas de estudos, laboratórios e outros… 30
Sozinho em casa e em grupos nos espaços da UFMS. 1
Sozinho em casa 136
sozinho e com minha esposa nos espaços da ufms e… 1
sozinha ou em grupos de amigos em casa 1
Estudo com o meu marido que faz o mesmo curso que… 1
Em grupo nos espaços da UFMS 14
Em grupo em casa 2
Em casa, sozinha, mas os trabalhos da faculdade são… 1
as vezes sozinha em casa ou as vezes sozinha na… 1
Às vezes na biblioteca 1
Alterno entre estudar em casa e na biblioteca. 1
0 20 40 60 80 100 120 140 160

Quando questionados sobre outras atividades acadêmicas realizadas na


Universidade, 95 acadêmicos atendidos pelos auxílios de assistência estudantil participam

15
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

de projetos de pesquisa, 58 acadêmicos participam de mais de uma atividade (pesquisa,


extensão, cultura, entre outros). Apenas 20 acadêmicos relataram não participar de nenhuma
atividade.
Os números indicam que os acadêmicos têm se envolvido com outras atividades
proporcionadas pela universidade, além do ensino.

Gráfico 12 – Atividades mais realizadas pelos acadêmicos


Atividades acadêmicas realizadas pelos acadêmicos
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Atividade cultural 6
Atividades esportivas 15
Aula de dança 1
Empresa junior 2
Estágio 2
Não 20
Parou poque perdeu a bolsa 1
PIBID 1
Faço para me manter no auxilio 1
Movimento estudantil (DCE, CA, Atlética, outros) 13
Projeto de ensino 27
Projetos de extensão 19
Projeto de pesquisa 95
Mais de duas atividades 58
Tutoria ou monitoria 16
PETI 3
Grupo de estudo 1
Representação estudantil 1

Verificamos que a maioria dos acadêmicos participam de projetos de pesquisa e


extensão. Muitos deles estão inseridos em diversas atividades ofertadas pela universidade.
Porém, alguns deles criticam a exigência de realizar atividades como forma de manutenção
do auxílio-permanência:

“achei o critério da bolsa permanência do aluno participar de atividades


complementares ao curso desnecessário. Alguns cursos possuem muita
facilidade em atividades de extensão e ou pesquisa. Já outros não possuem.
No momento que o aluno é selecionado como bolsista do BP, o semestre já
está correndo, ao procurar os professores para a participação de projetos de
pesquisa por exemplo, o aluno pode encontrar muita dificuldade, pois pode
esbarrar na falta de vagas, principalmente quando em um curso que há
poucos professores e essas vagas geralmente são "combinadas" entre
aluno/professor com antecedência. Há também a questão de não ser o
momento certo do aluno participar dessas atividades. Dizer que é um

16
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

incentivo para que o aluno participe desses projetos não faz sentido. As
atividades complementares fazem parte do currículo didático-pedagógico do
curso e o aluno de uma forma ou outra não se forma sem eles, ou seja, bolsista
ou não bolsista, o aluno vai ter que realizar essas atividades”

No intuito de identificar o tempo vago dos acadêmicos para participarem de outras


atividades propostas pela equipe, e, também para identificar o tempo disponível para lazer
ou outras atividades que geram qualidade de vida, perguntamos sobre o tempo livre que os
acadêmicos dispõem. Das respostas, 60% dos acadêmicos informaram possuir tempo vago.

Gráfico 13 – Tempo vago dos participantes


Tempo vago

84

126

Não Sim

Também perguntamos se realizam atividade de lazer, religião e esporte fora da


Universidade, para identificar atividades realizadas que podem estimular a saúde mental.
Observamos que entre os 201 acadêmicos que responderam o questionário, 54% afirmaram
que não realizam nenhuma outra atividade fora do ambiente universitário.

Gráfico 14 – Atividades de lazer realizadas pelos participantes


Atividades de lazer

ESCREVER 1
LEITURA 2
GAMES 1
FILMES 6
ESPORTES 27
ONG 2
ACADEMIA 5
RELIGIÃO 23
NÃO 115
0 20 40 60 80 100 120 140

17
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Embora não tenhamos solicitado justificativa da resposta sobre atividades de lazer,


alguns informaram não realizar atividade por não ter tempo, outros indicaram sentimento de
culpa, como na fala abaixo:

“Ocasionalmente faço corrida, vou em feiras livres, reuniões budistas.


Apenas sinto falta do lazer, não sei como conciliar sem ficar com a sensação
de que estou perdendo tempo por não estar estudando ou fazendo trabalhos”

Alguns acadêmicos apontaram que, com o acúmulo do segundo auxílio terão


oportunidade de realizar atividades de lazer. Mesmo a cidade dispondo de atividades
gratuitas de lazer, ainda são necessários o mínimo de recursos para deslocamento,
alimentação, etc:

“Dificilmente, como a bolsa era de 400 reais, pouco ou nada sobrava para
prática de lazer, com relação a religião, eu ia no budismo algo que também
se tornou complicado devido à falta de recursos (agora que vou ganhar uma
segunda bolsa penso que vai aliviar muito nesse sentido e sair pelo menos 1
vez ao mês no parque).

Entre aqueles que praticam alguma atividade, os mais citados são exercícios físicos
e religião. Ressaltamos que muitos acadêmicos informaram realizar atividades físicas e
esportivas (dança, jiu-jitsu, vôlei e futebol) oferecidas pela própria universidade.

2.3. Saúde e alimentação do acadêmico

O intuito deste eixo foi obter informações relacionadas à saúde física e mental dos
participantes, bem como da alimentação, considerando que são fatores que contribuem para
um melhor desempenho e vivência acadêmica. Além disso, também visamos obter subsídios
para a criação e oferta de atividades relacionadas a essas temáticas.
Quanto à saúde dos acadêmicos, a maioria informou estar com a saúde boa e média,
conforme gráfico abaixo:

18
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 15 – Situação de saúde


Situação de saúde
100 88
80 67
60
40 34
17
20 4
0
Péssima (1) Ruim (2) Média (3) Boa (4) Ótima (5)

Porém, quando questionados sobre a saúde mental, 73,8% dos acadêmicos


informaram que tiveram ou tem algum sintoma relacionados à saúde mental.

Gráfico 16 – Informações relacionadas à saúde mental dos participantes


Informações sobre saúde mental
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Teve algum sintoma ou doença relacionados a saúde


155
mental no último semestre? (Ex.: depressão, síndrome
55
do pânico, stress, ansiedade, pensamentos suicidas,…

Conhece algum colega de faculdade que tem ou teve 149


problemas relacionados à saúde mental? 61

Possui familiares que tem ou tiveram problemas de 108


saúde mental? 102

SIM NÃO

Além disso, 70,9% dos acadêmicos informaram conhecer algum colega de faculdade
que também possui problemas relacionados à saúde mental e 51,4% dos acadêmicos
informaram possuir familiar com a mesma situação.
Quando perguntado sobre o tipo de adoecimento mental vivenciado, a maioria dos
acadêmicos que informaram ter algum problema de saúde mental apresentam ansiedade e
estresse.

19
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 17 – Tipos de sintomas ou doenças relacionados à saúde mental dos


participantes
Qual problema de saúde mental sofre ou sofreu

não soube informar 2

fobia social 2

Sindrome do panico 1

Boderline 2

Pensamento suicida 11

depressão 26

Stress 71

Ansiedade 97

0 20 40 60 80 100 120

Alguns acadêmicos relacionaram a ansiedade e estresse à pressão da vida


acadêmica, ao medo de perder os auxílios de assistência estudantil e ao medo do futuro, como
destacamos em algumas falas abaixo:

“No último semestre eu estava muito estressada e ansiosa. Por que eu tinha
que obter uma porcentagem de aprovação para não perder meu auxílio e isso
acabou me prejudicando. Me fazendo obter resultados negativos”.

“Somente ansiedade por preocupação financeira e de como vou manter meu


aluguel já que disseram que os auxílios não são pagos nas férias e também
preocupações com meus pais que infelizmente não possuem condição
financeira favorável”.

“Tenho muita ansiedade e por conta disso não consigo me concentrar muito
bem. Não procurei ajuda, pois não tenho condições financeiras para passar
no médico.”

“Geralmente a questão de stress e ansiedade, já que a faculdade exige


bastante. As vezes falta tempo, e até mesmo disposição para realizar outras
atividades fora ou dentro da faculdade (que não estejam ligadas ao curso,
como esporte e etc).”

“Sim, muitas; tristeza profunda, vontade de estar só (não gostaria que me


vissem triste, e o isolamento me protege de que percebam a frustração que
tenho comigo mesma), choro sem perceber e quando em presença de pessoas
falo sobre assuntos triviais como forma de não chamar a atenção. Não fico
triste em ver pessoas felizes, mas gostaria de estar feliz também, a
perspectiva de trabalho e financeira, tem povoado meus pensamentos. Tenho

20
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

feito pesquisa de mercado observando as oportunidades de trabalho e o que


constato é que muitas pessoas estão investindo informalmente um dinheiro
que talvez nem possuem e com retorno negativo. Ontem ainda visualizei,
várias pessoas oferecendo alimentos como pães, biscoitos artesanais em
porta de comércios e bancos, e apenas a frustração estampada em seus
semblantes. Além de alimentos também faço artesanato, mas as vendas estão
travadas, as pessoas estão se defendendo de comprar alegando que: "só usam
cartão, não possuem dinheiro em espécie", quando o valor é maior dizem:
"já estou com o cartão comprometido, esse mês não posso comprar mais
nada, mas é muito lindo o seu trabalho."

Quando perguntados se procuraram ajuda diante da identificação ao problema de


saúde mental identificado, a maioria dos acadêmicos não procurou nenhuma forma de ajuda.
Alguns relatam vergonha, outros não conseguem identificar os motivos de seu sofrimento e,
outros informam não possuir dinheiro para buscar ajuda necessária, conforme apresenta o
gráfico abaixo.

Gráfico 18 – Formas de ajuda mais procuradas pelos participantes


Formas de apoio
Atividad física 1
Não gostou da abordagem religiosa na recepção de… 1
CAPS 1
Apoio de religião 1
Seps 2
Procurou ajuda 3
Procurou atendimento da psicologico, mas não foi… 3
Não possui tempo 3
Médico do Sus 4
Desistiu do tratamento 4
procurou ajuda da Universidade 4
Apoio de parentes e amigos 6
Foi ao médico 7
Faz atendimeno psicológico 8
Não respondeu 15
Não procurou ajuda 55
0 10 20 30 40 50 60

*CAPS: Centro de Apoio Psicossocial


** SEPS: Serviço Psicossocial da UFMS

Outra informação que despertou nossa atenção foi que 71,9% dos acadêmicos
informaram possuir preocupações que afetam a auto estima, conforme gráfico abaixo:

21
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 19 – Preocupação com autoestima


Já teve ou tem preocupações que
afetaram sua autoestima?

59

151

Não Sim

Entre os acadêmicos que responderam ter preocupações com a autoestima, 46


acadêmicos informam insatisfação com o corpo, principalmente com excesso de peso. Muitos
deles, relacionaram esse excesso de peso a má alimentação em função das atividades
acadêmicas e ansiedade. Duas pessoas relacionaram as preocupações de autoestima à
preconceito sofrido quanto a suas características de gênero.
Essas situações são exemplificadas nos comentários abaixo:

“Sou gordo e não é fácil sou negro e não sou bem-vindo”

“Me sinto muito feio em relação a aparência e ao meu peso, não consigo me
alimentar direito com a quantidade de coisas que faço na universidade, vivo
dentro da UFMS e acabo comendo salgado porque as janelas são muito
curtas. Não tenho tempo e nem dinheiro para cuidar minimamente de mim,
meu cabelo é cortado por amigos que possuem máquinas, então tem sido
difícil, mas tenho evitado pensar sobre isso.”

“me preocupo tanto com a facul que esqueço de cuidar de mim”

“Perdi 5kg por não ter dinheiro para fazer uma refeição no restaurante
universitário”

“Estou abaixo do peso (meu pai é magro) e isso me entristece. Sempre acho
que alguém está me olhando e julgando, não consigo fixar o olhar numa
conversa por ser extremamente tímido e isso me atrapalha em apresentações
de trabalhos.”

“desde que entrei na faculdade perdi 10 quilos, além disso estou passando
por um problema sério de manchas na pele, o que afeta muito minha
autoestima”

22
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

“Muita preocupação. Desde os quatorze anos de idade tive sobrepeso e


houveram episódios em que apresentei comportamento de bulimia. Hoje em
dia não apresento tais comportamentos pois cuido bastante para não
ultrapassar os limites do aceitável. Somente apresento um pouco de distúrbio
alimentar quando sobre muito estresse e ansiedade (perco totalmente a fome,
podendo permanecer um dia inteiro sem comer nem beber nada!)”

“Tenho problemas em aceitar minha aparência, finjo ser o que não sou”

“Sou obeso mórbido e tenho problemas com excesso de suor, me deixando


em uma situação delicada”

“Preocupação com peso e transtornos alimentares”

O tempo de dedicação, falta de tempo entre as aulas, ansiedade em relação a pressão


do curso e falta de dinheiro são elementos que contribuem para a má alimentação e
consequentemente impactam na saúde e autoestima.
Quando perguntamos sobre a alimentação, 35% dos acadêmicos informaram que sua
alimentação é boa, 39% informaram ser média e 15% informaram estar ruim. Quanto ao
número de refeições diárias, 38% dos acadêmicos responderam realizar duas refeições diária
e o mesmo percentual é de acadêmicos que realizam 5 refeições por dia, conforme gráficos
abaixo:

Gráfico 20 – Situação da alimentação Gráfico 21 – Número de refeições


diárias
Situação da alimentação Número de refeições por dia
12 9 10
32 7
74 81
80
83
32

Péssima (1) Ruim (2) Média (3)


Boa (4) Ótima (5) Cinco Duas Quatro Três Uma

Em relação ao uso de bebidas alcoólicas, 48% responderam não ingerir, 31% ingerem
mensalmente, e apenas 2,8% mais de duas vezes por semana.

23
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 22 – Ingestão de bebidas alcoólicas


Frequência que toma bebidas alcoólicas
6
36
101

67

De 2 a 3 vezes por semana De 2 a 4 vezes por mês


Mensalmente ou menos Nunca

2.4. Meios de acesso a recursos tecnológicos

Neste eixo de análise, agrupamos as perguntas relacionadas ao acesso a recursos


tecnológicos, que consiste em importante ferramenta para os estudos e possibilita o acesso
às oportunidades ofertadas pela Universidade.
Os gráficos abaixo demonstram que 27,6% dos acadêmicos que responderam o
questionário não possuem computador em casa, o que pode indicar maior dificuldade para
estes acadêmicos na realização de seus trabalhos e uma dependência da estrutura da
universidade ou de amigos. Porém, a maioria relatou possuir celular, o que pode indicar que
este é o meio mais utilizado para acessar as informações em geral (pesquisa e notícias) e o
maior mecanismo para acessar os sistemas da UFMS.

Gráfico 23 – Acesso a computador Gráfico 24 – Acesso à internet


Possui computador em casa? Tem acesso à internet em casa?

28% 15%

72% 85%

Não Sim Não Sim

24
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 25 – Acesso a celular


Possui celular?
1%

99%

Não Sim

2.5. Importância do auxílio financeiro para permanência no curso

Neste eixo, destacamos a pergunta aberta efetuada sobre a importância de


recebimento de auxílio financeiro para a permanência na graduação.
Nas respostas, 86 acadêmicos afirmaram que a ausência de apoio financeiro
compromete a permanência. Entre estes, oito acadêmicos complementaram a informação
dizendo que os auxílios estimularam a participação em projetos, que são relevantes em sua
formação e desempenho acadêmico.

25
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 26 – Importância do (s) auxílios para permanência


Importância do auxílio financeiro para permanência no curso

Participação em projetos que auxiliam na formação e 17


3
auxílio no desempenho
25
Proveniente de outra cidade 3
5
22
Conciliação estudo e trabalho 7
4
Outros problemas ou sintomas gerados pela perda do 18
1
auxílio ou melhorados com o auxílio (consigo me… 5
38
Possibilidade de evasão (Sem o auxílio desistiria do curso) 9
7
Mencionam a importância para ele e para outros 5
1
(coletividade) 2
Auxílio para outras despesas (materiais pedagógicos, 33
4
transporte, cursos, eventos, internet, higiene, saúde) 4
34
Auxílio com despesas (moradia) 4
3
42
Auxílio com despesas (alimentação) 4
4
111
Muito importante ou essencial 22
20
86
Compromete a permanência 17
12

0 20 40 60 80 100 120

GRUPO 3 GRUPO 2 GRUPO 1

Além disso, 111 acadêmicos responderam que o apoio financeiro é muito importante
ou essencial. Estes acadêmicos complementaram a resposta justificando a importância e as
justificativas foram categorizadas conforme o quadro abaixo:

Quadro 7 – Justificativas sobre a importância do(s) auxílios para a permanência

Nº de
É importante pois:
acadêmicos
Evadiria sem os auxílios financeiros 41
Auxilia nas despesas com alimentação 28

26
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Auxilia em despesas gerais (materiais escolares, livros, higiene, lazer) 28


Auxilia nas despesas com moradia 24
Menciona que sem os auxílios teria que trabalhar e seria difícil
23
conciliar trabalho e estudos
É oriundo de outra cidade 23
Com os auxílios consegue se organizar melhor e pode se dedicar mais
15
aos estudos
Estimula na participação de projetos 13
Menciona a função coletiva dos auxílios 03

A partir destas respostas, identificamos que a maioria dos acadêmicos utilizam os


auxílios para manutenção de despesas básicas (moradia, alimentação e materiais escolares,
higiene). Os auxílios colaboram para que ao acadêmico tenha mais tempo para se dedicar
aos estudos e não precise se preocupar em conciliar trabalho e estudos ou com dificuldades
financeiras. As citações abaixo - justificativa dos acadêmicos - exemplificam a importância
dos auxílios:

“Devido aos horários do curso, trabalhar poderia implicar no meu


desempenho acadêmico. Sem auxílio temo que teria de abandonar o curso e
voltar para a minha cidade. É minha única fonte de renda”

“Como sou de outro estado e minha família não tem a menor possibilidade
de me manter aqui devido a condições financeiras, eu vivo totalmente das
duas bolsas que recebo, sendo exclusivamente para pagamento de aluguel e
alimentação, sem elas não seria possível eu terminar minha graduação.”

Alguns acadêmicos relataram que os auxílios tem sido a única fonte de renda, já que
não podem contar com nenhum apoio financeiro. Também afirmaram que não conseguem
conciliar estudos e trabalho, devido ao período do curso ser integral. Esses relatos indicam
que, sem os auxílios, a possibilidade de evasão é significativa.

“Importantíssima, sem este apoio eu não conseguiria me manter no curso,


me ajuda a comprar os materiais necessários para ter um bom desempenho,
o curso que faço, os materiais não são baratos, me ajuda a comprar os

27
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

produtos de higiene pessoal, e agora este mês, me ajudou a pagar o curso de


Línguas (PROJELE) mais tive que juntar dinheiro por alguns meses, mais eu
consegui, e estou muito feliz.”

“É muito importante porque o meu curso é integral, o que impossibilita um


trabalho fixo com renda suficiente. Com o apoio financeiro da UFMS eu
consigo pagar o Aluguel, me alimentar nos finais de semana quando não tem
ru, consigo comprar os materiais da faculdade o meu rendimento no curso
melhorou muito já que eu não tenho que me preocupar com problemas
financeiros que eu lidava anteriormente, até os meus problemas psicológicos
estão se estabilizando devido às menores preocupações com dinheiro e
moradia.”

Outro fator importante para a permanência indicado nas respostas é que, além de
contribuir com as despesas básicas, os auxílios ampliam suas possibilidades de realizarem
outras atividades que a universidade oferece como: cursos de línguas, participação em
projetos, participação em eventos e compras de materiais para subsidiar o curso. Não se
preocupar com problemas financeiros tem sido essencial para a saúde mental de alguns
acadêmicos.

“É uma contribuição que facilita permanecer na universidade, sem ela nem


teria ingressado no ensino superior.”

“Substancial. Com esse apoio há uma diminuição visível no nível de


desigualdades e além do mais, cria subsídios para realizar as tarefas
universitárias com êxito”

Nos chama a atenção o relato acima que expressa que sem os auxílios não seria
possível nem ter o acesso ao ensino superior. A ampliação da política de permanência tem
contribuído para o acesso de um público cujo o ingresso era reduzido, em função das
condições desiguais da nossa sociedade.
O último relato demonstra que os auxílios diminuem a desigualdade entre os
acadêmicos, permitindo que os acadêmicos tenham possibilidade de ampliar suas escolhas e
de aproveitar o que a universidade oferece.

28
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

2.6. Rendimento dos acadêmicos

Neste eixo, abordamos as informações coletadas sobre as reprovações dos


acadêmicos no semestre anterior à pesquisa, e ao processo de desligamento, e sobre os
motivos que levaram às reprovações.
Do total dos alunos que responderam o questionário (201 acadêmicos), 56% não
tiveram nenhuma reprovação. Entre aqueles que tiveram alguma reprovação (92
acadêmicos), 72,8% reprovaram por notas e apenas 7,6% reprovaram por faltas. Isso indica
que, de forma geral, os acadêmicos estão frequentando as aulas, mas podem estar
vivenciando situações que estão comprometendo o processo de aprendizagem.

Gráfico 27- Semestre Cursado por grupo


Teve reprovações no último semestre?
140
118
120
100
80 67
60
40
18
20 7
0
Não Sim, por faltas Sim, por notas Sim, por notas e por
faltas

Em relação aos cursos com maior índice de reprovação por notas, dentre os
acadêmicos que responderam o questionário, destacam-se os cursos de engenharia de
software (8); engenharia de produção (6); zootecnia, engenharia civil e arquitetura e
urbanismo (5). Evidencia-se a tendência a maior reprovação entre os cursos que possuem
maior nível de dificuldade.

29
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 28- Reprovações por cursos


Reprovações por cursos

Psicologia 1
1
PROCESSOS GERENCIAIS 1
1
Pedagogia 1
1
Odontologia 1
Medicina Veterinária 1
Medicina 1
Matemática 1
1
Letras/Espanhol 1
1
jornalismo 1
Fisioterapia 2
Farmacia 1
1
engenharia elétrica 1
3
Engenharia de Software 8
Engenharia de Produção 1
6
Engenharia de Computação 1
4
Engenharia Civil 5
Engenharia Ambiental 1
ENG. ELÉTRICA 1
1
Contrução de Edifícios 1
Ciências Econômicas 1
3
Ciências Biológicas 3
Ciência da computação 2
Bacharelado em Química Tecnológica 1
Bacharelado em Física 1
Artes visuais 2
2
Arquitetura e urbanismo 5
Administração-Integral. 1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Siim, por notas e faltas Sim, por faltas Sim, por notas

A fim de aprofundar um pouco a análise sobre as reprovações, nos questionamos se


as reprovações seriam particularidade dos beneficiários dos auxílios ou se seriam comuns a
todos os acadêmicos matriculados nesses cursos. Na tentativa de avaliar essa hipótese
efetuamos uma comparação entre as notas dos acadêmicos entrevistados que reprovaram e
as médias da turma nas mesmas disciplinas.

30
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Utilizamos como exemplo o curso de Engenharia de Software, que foi o curso com
maior número de reprovações por nota entre os entrevistados (7). Dos sete acadêmicos que
reprovaram nesse curso, dois são do Grupo 1 (desligados); dois são do Grupo 2 (mantidos
após recurso); e três são do Grupo 3 (demais acadêmicos que recebem os auxílios e não
tiveram rendimento abaixo do exigido).
Verificamos o histórico escolar destes sete acadêmicos e observamos a disciplina em
que obtiveram e menor nota. Depois, levantamos por meio do Sistema Acadêmico (Ssicad)
a média das notas da turma do acadêmico nessas mesmas disciplinas.
A partir dessa breve pesquisa, constatamos que a turma também possui média baixa
e até pior do que a nota do acadêmico entrevistado em todas as sete disciplinas. No quadro
abaixo, demonstramos 3 situações para exemplificar:

Quadro 8 – Comparação entre nota dos beneficiários dos auxílios e a média da


turma na mesma disciplina

Pior nota do acadêmico/ Média da Turma na


Grupo do acadêmico
Disciplina mesma disciplina
Nota: 0,8
Grupo 1 (desligados) Disciplina: Estruturas de dados e 3,6
programação orientada a objetos
Grupo 2 (mantidos Nota: 0,0
1,05
após recurso) Disciplina: Cálculo I
Grupo 3 (demais
Nota: 4,5
acadêmicos que recebem 1,15
Disciplina: Cálculo 1
os auxílios)

Ao solicitarmos que os acadêmicos indicassem os principais motivos que podem ter


contribuído para a reprovação obtivemos as seguintes respostas organizadas conforme
gráfico abaixo:

31
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 29 – Principais motivos que contribuíram para a (s) reprovação (ões)

Dificuldades que comprometem o rendimento


0 10 20 30 40 50 60

Acúmulo de atividades acadêmicas extras 67


11 24
Assédio moral ou sexual 3
3
Dificuldade de aprendizado 2 2
Dificuldades gerais do curso (falta de professores,… 2 5
10 17
Esforços não reconhecidos por alguns professores 1

Falta de professor na disciplina 1


Falta de sensibilidade dos professores 1
Foquei no estágio profissional 1

Grade curricular (horário, número de disciplinas por… 4 7


18 29
Gravidez não planejada 1

Incompatibilidade de horário 1

Metodologia do professor 8 13 30 51
Nível de dificuldade alta do curso 1
O curso não atendeu às minhas expectativas, 12 2

O Ensino Médio não me deu base suficiente 9


9 31
49
Possuo problemas financeiros 13 13
43
Pproblemas de adaptação aoambiente universitários 12 17

Problemas com moradia, local de estudo. 1

Problemas de conciliação entre estudo e trabalho 24


5 11
Problemas de saúde de familiares 46
5 15
Sofri ou sofro preconceito dentro da universidade 13

Tenho filho(s) pequeno(s) 12 4

Tive ou tenho problemas de relacionamento com colegas 135

Tive ou tenho problemas de relacionamento com minha… 2 5


5 12
Tive ou tenho problemas de relacionamento com… 2 6
Tive ou tenho problemas psicológicos 68 14 28
Tive problemas com moradia/ local para estudo 01
Tive problemas de saúde 3
3 9 15

GRUPO1 GRUPO 2 GRUPO 3 TOTAL

32
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

A partir das respostas, observamos que elas se condensam em duas categorias:


questões sobre a organização da universidade, curso e pedagógicas; e questões pessoais e
sociais.
A maioria das respostas estão relacionadas à categoria sobre a forma de organização
da universidade, do curso e questões pedagógicas, tais como: ensino médio não deu base
suficiente (31); metodologia do professor (30); acúmulo de atividade extras (24); e
problemas relacionados à grade curricular (18).
As situações que envolvem as questões sobre problemas pessoais e sociais, que
comprometem o rendimento, mais apontadas foram: problemas financeiros (43); problemas
psicológicos (28); problemas com saúde de familiares (15); e problemas de saúde do próprio
estudante (15).
A partir da leitura do Gráfico 29, algumas respostas merecem atenção devido à
gravidade de seu significado e possíveis consequências para a saúde mental e permanência
dos acadêmicos, são elas: problemas de relacionamento com familiares (12), com
professores (7) e com colegas (5); e a manifestação de ter sido vítima de assédio (3) e
preconceito (3).
Ao perguntarmos “Diante dos motivos apontados, indique o que poderia contribuir
para seu melhor desempenho no próximo semestre”2 as principais respostas foram:
organização da rotina de estudos (85); atendimento psicológico (79); participação de grupos
de estudos (74); participação de oficinas temáticas (68); receber apoio dos professores (63);
participar de projetos de pesquisa (59); participação de monitoria e tutoria (50); projetos de
extensão e atendimento em saúde (46); elaboração de planos de estudos (41); orientação
nutricional (38) e atendimento do serviço social (20).
Estas respostas indicam possibilidades de atuação e podem ser observadas no Gráfico
abaixo:

2
As opções disponíveis para preenchimento no questionário apontam alternativas de soluções dos
problemas a partir do estudante ou da equipe. Questões relacionada a problemas na estrutura da
universidade ou cursos (grade, metodologia de professor, etc) não foram colocadas como alternativas.

33
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Gráfico 30 – Quais alternativas podem contribuir para a superação dos problemas


apontados
Indicações de superação dos problemas apontados
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Abrir exceções no auxilio moradia para estudantes que


não mudaram de cidade mas dependem apenas de si… 1
1
1
Arrumar um emprego compatível com meus estudos.
1
2
Auxílio financeiro da faculdade de alguma forma.
2
1
Focar mais no meu TCC
1
1
Maior dedicacao
1
3 13
Organizar minha rotina de estudos 69 85
7 25
Participar de grupos de estudo 42 74
2 10
Participar de monitoria ou tutoria 38 50
Participar de oficinas temáticas (Ex.: memorização e 78 53
concentração, controle de ansiedade), 68
46
Participar de projetos de cultura e esporte, 39 49
47
Participar de projetos de extensão 35 46
56
Participar de projetos de pesquisa 48 59
Participar do movimento estudantil (DCE, CA, Atlética), 6
6
Receber apoio de professores 910 44 63
Receber apoio de técnicos administrativos 2 1214

Receber apoio na elaboração do plano de estudos, 8 10 23 41


3 9
Receber atendimento de saúde 34 46
Receber atendimento do Serviço Social 1 5 14 20
5 10
Receber atendimento psicológico 64 79
4
4
Receber orientação nutricional 30 38
Reformulação da grade curricular 1
1
Ter mais tempo para estudo 1
1

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 TOTAL

34
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

3. INDICATIVOS PARA O TRABALHO DOS ASSISTENTES SOCIAIS

O presente acompanhamento foi realizado, considerando a competência3 da Diase4,


divisão em que o Assistente Social está vinculado, que é “atuar no acompanhamento no
monitoramento do desempenho e frequência do aluno beneficiário dos programas e ações de
assistência estudantil”. A partir dos dados coletados, identificamos que é imprescindível
analisar as situações que levam ao descumprimento dos requisitos de rendimento exigidos
para permanência nos auxílios de assistência estudantil.
Isso porque partimos do pressuposto que o desempenho não depende apenas do
esforço individual de cada acadêmico, mas que é preciso considerar outros elementos da
vida social e da organização acadêmica que favorecem ou não seus resultados.
Essa perspectiva fica evidenciada a partir dos dados desta pesquisa, os quais indicam
que os principais motivos para não obter o rendimento previsto nas normativas institucionais
estão relacionadas a organização da universidade/curso e questões pedagógicas, que são
agravadas ao considerar as dificuldades pessoais e de formação da educação básica. Isso
mostra que o auxílio financeiro, por si só, não é suficiente para superação dos obstáculos que
a vida acadêmica proporciona. A oferta do auxílio não implica na melhoria da grade
curricular, metodologia do professor, melhoria da estrutura dos cursos, entre outros, os quais
impactam em todos os acadêmicos e não apenas aos acadêmicos pobres.
Como exemplo disso, mostramos neste relatório o exemplo do curso de Engenharia
de Software, cuja nota média da turma nas disciplinas citadas é muito baixa, demonstrando
que não são apenas os acadêmicos pobres e bolsistas que possuem dificuldade em
determinadas disciplinas. Então questionamos: Por que apenas os alunos bolsistas têm sido
penalizados com a perda dos auxílios, se o problema de rendimento envolve todo o curso?
Mas, se é necessário um rendimento mínimo, como medir o esforço de um acadêmico
isolado? Sem considerar outros fatores sociais, econômicos ou da estrutura ofertada?

3
Conforme Resolução CD nº 33 de 06/03/17.
4
A partir de 2017, o acompanhamento previsto pela Resolução Coun nº 8/2017 está sendo realizado
pela Divisão de Integração Estudantil (Diies).

35
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Não é nosso objetivo aqui analisar e responder esses questionamentos, mas


consideramos relevante chamar atenção para esses aspectos para que sejam avaliados no
planejamento das ações da política de assistência estudantil da Universidade.
O objetivo desta pesquisa de acompanhamento foi de identificar as demandas sociais
e educacionais dos acadêmicos atendidos pelas ações de assistência estudantil, e a partir
delas, indicar possibilidades de atuação dos Assistente Sociais vinculados à Diase.
A metodologia escolhida preocupou-se em dividir os acadêmicos atendidos em três
grupos: os acadêmicos desligados, os mantidos após recurso e os que não tiveram problemas
de rendimento. A justificativa dessa divisão foi motivada pela preocupação com o
desligamento de 86 acadêmicos, os quais, embora não tenham atendido os critérios de
manutenção dos auxílios disciplinados nas normas, continuam com necessidades sociais e
educacionais que podem comprometer a sua permanência nos cursos. Há de se considerar,
também, que estes continuam se constituindo como público da assistência estudantil,
considerando sobretudo que os acadêmicos desligados possuem a menor renda per capita
(Gráfico 9 e 10).
A partir deste levantamento identificamos os seguintes indicativos para o trabalho:

a) observar a permanência dos acadêmicos no curso após o desligamento dos auxílios:

Ao identificarmos que os acadêmicos desligados têm mais possibilidade de evasão,


pois necessitam dos auxílios em função da sua menor renda, apontamos duas ações:
 Enviar e-mail a estes acadêmicos com a finalidade de divulgar o Serviço Social como
referência de apoio em caso de necessidade, oferecendo outras formas de apoio de
modo a evitar a evasão;
 Verificar, após a conclusão do semestre 2018.2 se os acadêmicos permaneceram ou
evadiram dos cursos;

b) sobre a organização e tempo para estudos:

Identificamos que a maioria dos acadêmicos informaram realizar outras atividades


além do ensino regular dentro da universidade, com destaque para a pesquisa. Como não

36
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

realizamos uma pergunta direta relacionada à sobrecarga de atividades nesse eixo, alguns
acadêmicos indicaram essa sobrecarga nas perguntas abertas sobre a saúde mental e sobre
os motivos que levaram ao baixo rendimento. Em suas respostas, afirmaram que a sobrecarga
de atividades tem levado ao estresse, depressão e não alcance do rendimento. Neste sentido,
é possível afirmar que não exigir o cumprimento de carga horária como requisito para manter
o auxílio permanência (assim como já ocorre com os outros auxílios), pode contribuir para
que os acadêmicos se dediquem mais tempo aos seus cursos e deem enfoque na superação
das dificuldades que possuem. Essa iniciativa pode favorecer a diminuição dos índices de
reprovação entre acadêmicos atendidos pela assistência estudantil, além de contribuir para
que possam realizar outras atividades oferecidas pela universidade de acordo com seus
interesses.
Muitos acadêmicos indicaram que possuem tempo vago, mas isso não significa que
seja ocioso. Por este motivo, indicamos que:
 Consultar os acadêmicos sobre seu interesse e tempo disponível antes de ofertar
atividades. Essa consulta pode resultar em maior sucesso da atividade ofertada e em
maior adesão e participação;
 Sugerir à Proaes a consulta e efetivação de participação dos acadêmicos na criação
de todos os serviços e ações ofertados pela Pró-Reitoria.

c) Saúde e alimentação do acadêmico:

Identificamos que muitos acadêmicos passaram ou estão passando por problemas


relacionados à saúde mental. Em relação a isso indicamos o seguinte:
 Realizar reunião com o setor de psicologia para estabelecer maior articulação entre
os setores e construção de propostas de ações em conjunto;
 Acompanhar individualmente os acadêmicos que apresentaram nas respostas
situações mais graves, sobretudo os que expressaram pensamentos suicidas;
 Realizar atividades de atendimento em grupo abordando as temáticas apresentadas
(orientações nutricionais, etc). Seja por meio de oficinas, reuniões, palestras ou
parcerias com outros setores da área da saúde;

37
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

 Divulgar o mapeamento da rede de serviços de saúde.

d) Importância do auxílio financeiro para permanência no curso:

Diante da evidente importância do auxílio financeiro para a permanência dos


acadêmicos; considerando a sobrecarga de atividades relatada por alguns acadêmicos;
considerando que, em alguns casos, o desligamento pode agravar situações de acadêmicos
com problemas de saúde mental ou gerar estresse e ansiedade desnecessários e prejudiciais
à vida acadêmica; considerando a renda per capita dos acadêmicos e que as necessidades
apresentadas vão além da renda; indicamos as seguintes ações:
 Sugerir à Proaes a retirada de exigência de realização de atividade extra, com carga
horária obrigatória, para manutenção do recebimento dos auxílios;
 Sugerir à Diies que antes do desligamento os acadêmicos sejam ouvidos para
justificar os motivos que levaram às reprovações;
 Sugerir à Diies que sejam estabelecidos no edital de desligamento critérios a serem
considerados, que possibilitem na avaliação dos recursos e justificativas que
situações e problemas apresentados pelos acadêmicos sejam analisados de maneira
igualitária;
 Contribuir para o aprimoramento dos processos de seleção e análise de renda,
visando a ampliação do acesso aos auxílios;
 Dar continuidade na elaboração proposta de perfil socioeconômico que considere
situações agravantes ou de risco para além do simples cálculo da renda.

e) Rendimento dos acadêmicos:

 Elaborar relatório com as principais demandas


 Elaborar relatório com as principais demandas relacionadas a estrutura da
Universidade, dos cursos e a questões de cunho pedagógico e encaminhar para os
setores competentes;

38
Serviço Público Federal
Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

 Realizar reunião com os participantes para divulgação dos resultados deste


acompanhamento e para elaborar, junto com os acadêmicos, propostas de
intervenção a serem realizadas pelo Serviço Social.

Campo Grande, 9 de outubro de 2018.

39

Você também pode gostar