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Marcelo Sacramone
Sumário
■ 1.2. Conceito
O Direito Empresarial caracteriza-se pelo conjunto de regras
destinado a disciplinar o exercício da atividade econômica
profissional e organizada, voltada à produção e circulação de bens e
serviços: a empresa. Disciplina também institutos típicos que, ainda
que não ligados diretamente à empresa, pois poderão ser realizados
por pessoas que não os empresários, possuem características
específicas e que exigem regulação peculiar. São exemplos de
institutos tipicamente empresariais os títulos de crédito.
Três características básicas identificam o ramo do direito
empresarial: o informalismo, o cosmopolitismo e a onerosidade.
O informalismo é característica do direito empresarial. Como esse
ramo surge para disciplinar a atividade dos empresários, uma
atividade dinâmica e célere no mercado, as normas de direito
empresarial devem evitar impor formas solenes e rígidas ou
exigências excessivas para a realização dos negócios jurídicos.
O cosmopolitismo é decorrente da necessidade de contratar,
independentemente das fronteiras nacionais. O direito empresarial
não se restringe às trocas internas a uma nação, mas permite a
contratação entre agentes situados em diversos países. A
regulamentação dessas trocas é realizada, em diversos desses
casos, por convenções internacionais, as quais, de modo a garantir
uma abordagem universalista ao direito empresarial, foram
reproduzidas em parte na legislação nacional, como as leis
uniformes da letra de câmbio, da nota promissória etc.
Por fim, a característica mais importante: a onerosidade. Definida
como a disciplina da atividade econômica organizada e profissional
voltada à produção e circulação de bens e serviços, pressupõe-se
que os atos sejam praticados com a finalidade lucrativa. Como
realizada a atividade profissionalmente, o empresário aufere
rendimentos em razão desta, de modo que se presume que os
diversos atos e contratos celebrados são onerosos.
■ 1.3. Princípios
Alguns princípios básicos orientam a disciplina da atividade
desenvolvida pelo empresário. Dentre os princípios mais
importantes, despontam a livre-iniciativa, a liberdade de
concorrência e a função social da propriedade.
A livre-iniciativa é a ampla possibilidade de criar e explorar uma
atividade econômica pelos empresários, os quais apenas poderão
ter a liberdade de atuação restrita por lei ou pela própria vontade.
Une-se com a livre-iniciativa a liberdade de concorrência. Essa parte
do pressuposto de que apenas a livre concorrência entre os
diversos agentes permitiria um maior desenvolvimento nacional,
com a melhoria dos serviços e produtos e uma redução dos preços,
caracteriza-se pela liberdade dos agentes de atuarem
economicamente, inclusive disputando mercados com outros
agentes.
Ambas as liberdades, entretanto, devem se harmonizar com o
princípio da função social da propriedade. A atividade produtiva
envolve o interesse de diversas pessoas, as quais sofrem os efeitos
da atividade tal como o empresário. O interesse econômico do
empresário deve ser harmonizado, nesse ponto, com esses demais
interesses, os quais são também protegidos pela legislação durante
o desenvolvimento da atividade, como o interesse dos empregados,
na manutenção dos postos de trabalho, dos consumidores, com a
melhoria dos produtos, da coletividade como um todo, por permitir o
desenvolvimento econômico nacional.
■ 2.7. Capacidade
A atividade empresarial poderá ser desempenhada apenas por
aqueles que estão em pleno gozo da capacidade civil. São
absolutamente incapazes de exercer os atos da vida civil os
menores de 16 anos, assim como são relativamente incapazes os
maiores de 16 e menores de 18 anos, os ébrios habituais e os
viciados em tóxico e os que, mesmo que por causa transitória, não
conseguem exprimir sua vontade. Ambos não poderão exercer
atividades empresariais.
Exige-se para o empresário a capacidade plena. Apenas se
excetua o menor púbere que possua estabelecimento comercial que
lhe forneça economia própria, pois esse poderá ter capacidade civil
plena através da emancipação.
Ainda que para se iniciar a atividade o empresário deva ter
capacidade civil plena, possível o exercício por incapaz, desde que
a incapacidade seja superveniente ao desenvolvimento da atividade.
O incapaz, seja ele relativo ou absoluto, poderá somente continuar a
empresa, desde que essa atividade tenha sido exercida antes por
ele, enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança que lhe
beneficia.
Para tanto, esse exercício deverá ser desempenhado por
representação do curador, se absolutamente incapaz, ou pela
assistência do tutor, se relativamente incapaz.
■ 2.8. Impedimento
Impedimento é uma impossibilidade pessoal de alguns, em razão
da função exercida, de desempenharem a atividade empresarial.
Estão impedidos de a desempenharem os falidos até a extinção
das obrigações ou, se condenados por crime falimentar, até cinco
anos após a extinção da punibilidade ou reabilitação penal (arts. 102
e 181 da Lei n. 11.101/2005).
Os servidores públicos não podem exercer atividade empresarial
nem participar da administração de sociedades. Tampouco podem
realizar atividade empresária os magistrados e membros do
Ministério Público.
Não a poderão exercer também os deputados e senadores.
Esses, além disso, não poderão ser proprietários, controladores ou
ter direitos de sociedades que realizem contratos com pessoa
jurídica de direito público.
Ainda que impedidos de realizarem a atividade empresarial, caso
a realizem, os agentes não ficam isento das obrigações contraídas.
Obrigatório
Empresário individual João da Silva
firma
■ 3.3. Trespasse
O estabelecimento empresarial poderá ser objeto de negócios
jurídicos. Para preservar os terceiros, esses contratos somente
produzirão efeitos quanto a esses após a sua averbação à margem
da inscrição do empresário no Registro Público de Empresas
mercantis.
O contrato de trespasse é o contrato pelo qual o estabelecimento
é alienado a uma terceira pessoa. Consiste na transferência de todo
o estabelecimento mediante o pagamento de um preço. Com a
transferência, o adquirente passará a ser proprietário de todos os
bens organizados para que possa continuar a desenvolver a
atividade empresarial exercida inicialmente pelo vendedor.
Para que isso ocorra, o adquirente se sub-rogará em todas as
posições contratuais do vendedor, desde que não tenham caráter
pessoal. Os terceiros contratantes poderão rescindir o contrato em
90 dias da averbação da transferência, se ocorrer justa causa.
Se, por ocasião do trespasse, o alienante não possuir mais bens
para a satisfação de seus credores, o contrato somente será eficaz
perante os credores se houver o pagamento prévio de todos eles,
ou se eles manifestarem seu consentimento, expressa ou
tacitamente.
Os credores precisarão ser notificados para anuírem com a
alienação. Caso, no período de 30 dias da notificação, não se
oponham a essa, presume-se que anuíram tacitamente à alienação.
O alienante será responsável pelo prazo de um ano,
solidariamente com o adquirente, pelos débitos existentes antes do
trespasse. Referido prazo se inicia, quanto aos débitos já vencidos,
da data da averbação do contrato de trespasse e, quanto aos
vincendos, de seu vencimento.
A responsabilidade do adquirente, contudo, ocorre apenas pelos
débitos regularmente contabilizados. Pelas obrigações não
contabilizadas, responde apenas o alienante.
Débitos
Responde solidariamente com o alienante.
contabilizados
Adquirente
Débitos não
Não responde.
contabilizados
■ 4. CONTRATOS EMPRESARIAIS
Ainda que a disciplina contratual esteja unificada no direito privado
e possa ser tratada pelo direito civil, a Lei n. 13.874/2019 procurou
assegurar a livre autonomia entre as partes contratantes, com a
intervenção excepcional do Estado. Notadamente nos contratos
empresariais, característicos por serem integrados por empresários
em ambos os lados da relação contratual, os contratantes têm
absoluta ciência de todos os termos do contrato e dos riscos a que
voluntariamente submeteriam suas prestações.
A liberdade contratual, nesses termos, deve ser exercida nos
limites da função social do contrato (art. 421 do Código Civil). Essa
função social do contrato, contudo, deverá ser entendida como a
circulação de riqueza a que o contrato se destina e é concebida
pelas partes. O Estado não poderá intervir nessa relação para
alterar a vontade das partes ou equilibrá-las na relação jurídica.
Nas relações contratuais privadas prevalecerão o princípio da
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. Isso
porque, nos termos do art. 421-A do Código Civil, os contratos civis
e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença
de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa
presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis
especiais.
Essa paridade dos contratantes assegura que as partes
negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de
revisão ou de resolução. Exige que a alocação de riscos definida
pelas partes seja respeitada e observada; e que a revisão contratual
somente ocorra de maneira “excepcional e limitada”.
No mesmo sentido de se garantir a liberdade econômica dos
contratantes para livremente se vincularem pela própria vontade,
determinou a Lei n. 13.874/2019, pela inserção no art. 113 do
Código Civil, que os negócios jurídicos devem ser interpretados
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Para essa
interpretação, o sentido deverá ser aquele que for confirmado pelo
comportamento das partes posterior à celebração do negócio;
corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas
ao tipo de negócio; corresponder à boa-fé; for mais benéfico à parte
que não redigiu o dispositivo, se identificável; e corresponder àquela
que seria a razoável negociação das partes sobre a questão
discutida, inferida das demais disposições do negócio e da
racionalidade econômica das partes, consideradas as informações
disponíveis no momento de sua celebração.
Para se assegurarem de que os contratos sejam interpretados
conforme a vontade dos contratantes, as partes poderão livremente
pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de
integração dos negócios jurídicos diversas das acima referidas.
Os contratantes, outrossim, desde que pessoas capazes de
contratar, poderão valer-se da arbitragem para dirimir seus litígios. A
arbitragem pode ser estipulada no contrato, desde que verse sobre
direitos patrimoniais disponíveis (Lei n. 9.307/96).
As partes podem inclusive dispor se a arbitragem será de direito
ou de equidade. Se de direito, poderão as partes escolher as regras
de direito aplicáveis, os princípios gerais de direito, os usos e
costumes ou regras internacionais de comércio, a menos que violem
os bons costumes ou a ordem pública. Exceção, a arbitragem que
envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará
o princípio da publicidade.
As partes contratantes poderão submeter a solução dos litígios ao
juízo arbitral mediante compromisso arbitral ou pela cláusula
compromissória.
O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes
submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas,
podendo ser judicial ou extrajudicial.
Por sua vez, a cláusula compromissória é a cláusula contratual
pela qual as partes submetem eventuais litígios que podem surgir à
arbitragem. Ela deve ser estipulada por escrito, podendo estar
inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se
refira. Se for decorrente de contratos de adesão, a cláusula
compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de
instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua
instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em
negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa
cláusula.
A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato
em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica,
necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória.
Dentro dos contratos com maior incidência nos exames em direito
empresarial, podem ser apontados os apresentados a seguir.
■ 5.6.2.1. Constituição
A constituição da sociedade limitada exige contrato escrito, o qual
será inscrito no Registro Público. O contrato social deverá
estabelecer: I – nome, nacionalidade, estado civil, profissão e
residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a
denominação, nacionalidade e a sede dos sócios, se pessoas
jurídicas; II – nome empresarial, objeto, sede e prazo da sociedade;
III – capital social; IV – a quota de cada sócio no capital social e o
modo de realizá-la; V – os administradores da sociedade, seus
poderes e atribuições; VI – a participação de cada sócio nos lucros e
nas perdas.
Como contrato, exige-se a pluralidade de sócios contratantes. Ao
menos dois sócios, pessoas físicas ou pessoas jurídicas, devem
contratar a sociedade.
A Lei n. 13.874, de 2019, entretanto, criou modalidade de
sociedade unipessoal. Por meio da alteração no art. 1.052, admitiu-
se a sociedade limitada constituída por uma única pessoa,
hipótese em que se aplicarão ao documento de constituição do
sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social.
Quórum de
Sócio ou não sócio Quórum de destituição
eleição
■ 5.6.3.7.1. Ações
Ações são bens representativos do capital social da companhia.
Consideradas bens móveis, as ações conferem ao proprietário
direitos e deveres como acionista da companhia.
As ações poderão ter valor nominal, preço de emissão e valor
patrimonial.
O estatuto determinará se as ações possuirão valor nominal, que
é o montante representativo daquela ação em face do valor do
capital social. Caso o estatuto social não estabeleça o valor nominal,
as ações continuam a conferir os mesmos direitos e deveres,
apenas não terão um valor expresso em moeda no título.
Caso tenham expresso o valor nominal, todas as ações deverão
ter o mesmo valor. Ainda que a companhia não tenha ações com
valor nominal, o estatuto poderá criar uma ou mais classes de ações
preferenciais com valor nominal.
O preço de emissão da referida ação, contudo, não se identifica
com o seu valor nominal. O preço de emissão é o valor pago como
contribuição pelo subscritor e que será fixado pela assembleia na
constituição da companhia ou no aumento de seu capital social.
Caso o preço de emissão seja superior ao valor nominal, a diferença
não formará o capital social, mas constituirá reserva de capital.
O valor patrimonial, por seu turno, é a parcela do patrimônio da
companhia. Como o capital social não varia, mas o patrimônio sim, o
valor patrimonial da ação poderá ser superior ou inferior ao valor
nominal da ação.
Quanto à forma, as ações poderão ser nominativas ou escriturais.
Estão proibidas as ações ao portador, cujos proprietários não eram
identificados. Todas as ações devem ser nominativas.
Na primeira forma de ação nominativa, o nome do acionista
encontra-se inscrito no livro de Registro de Ações Nominativas. A
transferência nessa ocorre mediante termo no livro de transferência
de ações nominativas.
As ações escriturais são formas também de ações nominativas,
pois identificam os acionistas. Não há emissão de certificados. São
mantidas as ações escriturais em contas de depósito em nome dos
titulares, numa instituição financeira. Prescinde-se, portanto, do livro
de transferência, pois a instituição financeira fará o controle de
quem é o proprietário das ações. A propriedade é presumida pelo
registro na conta de depósito das ações.
As ações podem se diferenciar, também, quanto aos direitos
conferidos aos acionistas. Podem ser ações ordinárias, ações
preferenciais ou ações de fruição.
As ações ordinárias são as ações que conferem direitos comuns
aos acionistas. Garantem a esses o direito de voto nas deliberações
e o direito de participar dos lucros e das perdas. Apenas nas
companhias fechadas podem ser divididas em classes diversas, se
permitirem a conversão em ações preferenciais, exigirem
nacionalidade brasileira ou permitirem direito de voto em separado
para eleger membros dos órgãos de administração.
■ 5.6.3.7.3. Debêntures
Debêntures são valores mobiliários emitidos pela companhia para
captação de recursos de longo e médio prazos. Não confere direitos
de acionista, mas apenas direitos de crédito em face da companhia.
Podem ser de quatro espécies: com garantia real (o empréstimo
tem uma garantia real de pagamento), com garantia flutuante
(garantem um crédito com privilégio geral sobre o ativo),
quirografárias (não garantem nenhum privilégio aos titulares),
debêntures subordinadas (os titulares somente têm preferência
sobre os acionistas para receber partilha do ativo, em liquidação,
mas menos privilegiada do que os demais acionistas).
O estatuto social poderá garantir que as debêntures possam ser
ou não conversíveis em ações, caso o titular prefira, em vez de
receber o que lhe fora garantido, converter seu crédito em ação da
companhia.
Os debenturistas podem se fazer representar, nas relações com a
companhia, por um agente fiduciário. Esse agente terá poderes para
proteger os interesses dos debenturistas.
■ 5.6.3.8.2. Administradores
São administradores das sociedades anônimas os membros do
conselho de administração e os diretores, ou somente os diretores.
Aos administradores, de modo geral, foi atribuído o dever de agir
com diligência, lealdade e sem conflito de interesses.
Com base no dever de diligência, o administrador deve
empregar a diligência que todo homem ativo e probo costuma
empregar na administração de seus próprios negócios. De modo
que não pode praticar ato de liberalidade à custa da companhia,
salvo autorização da assembleia ou do conselho de administração,
tomar por empréstimo recursos ou bens da companhia, usar em
proveito próprio os bens ou serviços da sociedade, nem poderá
receber de terceiros qualquer vantagem em razão do exercício de
seu cargo.
Pelo devedor de lealdade, deve manter reserva sobre os negócios
sociais. Não poderá usar em benefício próprio oportunidades
comerciais de que tenha conhecimento em razão do cargo nem
poderá omitir-se no exercício ou proteção dos direitos da companhia
visando à obtenção de vantagens pessoais.
Terá ainda o dever de informar e de sigilo. O administrador deverá
comunicar imediatamente à bolsa de valores e divulgar pela
imprensa fatos relevantes.
■ 5.6.3.8.2.2. Diretores
Os diretores são órgãos administrativos que diferem do conselho
de administração. A diretoria é sempre obrigatória, enquanto o
conselho de administração é facultativo, exceto nas hipóteses
legais. Os diretores têm poderes de atuação isolada, salvo se o
contrário for estabelecido no estatuto, enquanto o conselho de
administração é sempre órgão deliberativo. Salvo se no contrário for
estabelecido no estatuto social, a todos os diretores são atribuídos
poderes de representação da companhia, enquanto nunca os terão
os membros do conselho de administração.
O estatuto estabelecerá a quantidade de diretores, embora a lei
imponha o limite mínimo de dois, bem como o prazo de gestão, o
qual, todavia, não poderá ser superior a três anos, permitida a
reeleição. Poderá o estatuto, ainda, estabelecer quais são as
funções de cada um dos diretores.
Na existência do conselho de administração, os diretores serão
eleitos pelo Conselho. Caso não exista o conselho de
administração, os diretores serão eleitos diretamente pela
assembleia geral de acionistas.
Os diretores deverão obrigatoriamente ser pessoas naturais e ter
residência no Brasil. Podem ou não ser acionistas. Poderão ser
eleitos como diretores até um terço dos membros do conselho
de administração da companhia.
■ 6.1. Histórico
O Decreto-lei n. 7.661/45 disciplinava anteriormente a falência e a
concordata do empresário.
A concordata era um benefício legal concedido
independentemente da vontade dos credores e permitia a dilação do
vencimento das obrigações do empresário ou o desconto, remissão
parcial de seus valores, conforme o tempo pretendido de
pagamento. A concordata podia ser preventiva, quando pretendia
evitar a decretação da falência, ou suspensiva, quando a falência já
tinha sido decretada e a concordata era concedida para sustar os
seus efeitos.
A concordata, entretanto, como não exigia a manifestação dos
credores, foi em grande parte desviada para beneficiar empresários
cuja crise já era irreversível, o que comprometia, inclusive, o
desenvolvimento regular do procedimento falimentar depois de
determinado tempo.
A disciplina da falência pelo Decreto-lei n. 7.661/45, por outro
lado, também não era eficiente. A lei condicionava a liquidação dos
bens à apuração do passivo, criando fases estanques no processo e
que comprometiam a celeridade no procedimento. A maior
morosidade impedia que a lei promovesse seus objetivos, pois a
alienação tardia dos bens provocava grande deterioração na prática,
com reduzida satisfação dos credores.
A Lei n. 11.101/2005 procurou tornar o instituto da falência mais
célere e eficiente, assim como procurou garantir a efetiva
possibilidade de recuperação do empresário sob crise reversível,
seja através da estruturação da recuperação judicial, seja da
possibilidade de recuperação extrajudicial. Propiciou, para tanto, a
possibilidade de intensa participação dos credores durante todo o
procedimento, de modo a garantir maior controle do empresário e o
atendimento dos interesses de toda a coletividade afetada pela
atividade.
■ 6.4. Falência
■ 6.4.1. Conceito de falência
A falência é uma execução coletiva dos bens do empresário
devedor. Decorre da crise econômico-financeira pela qual passa o
empresário a ponto de não mais lhe permitir a satisfação das
obrigações contraídas perante seus credores.
Diante de uma crise irreversível do empresário, esse é afastado
da condução da atividade empresarial para que não lese mais os
contratantes. Nos termos do art. 75 da Lei n. 11.101/2005, a
falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades,
visa a preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos
ativos e dos recursos produtivos, inclusive os intangíveis da
empresa; permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com
vistas à realocação eficiente de recursos na economia; e fomentar o
empreendedorismo, inclusive por meio da viabilização do retorno
célere do empreendedor falido à atividade econômica.
A falência permite a arrecadação dos seus bens para o
pagamento dos credores conforme a ordem legal. Pretende a lei que
os credores sejam satisfeitos de modo idêntico, conforme a classe
de preferência de cada qual, por meio da liquidação dos bens do
empresário devedor.
Para que se possa obter maior valor com a venda dos bens e,
portanto, maior satisfação dos credores, o processo de falência
atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual. A
liquidação deverá ser realizada pelo administrador judicial em até
180 dias da arrecadação dos bens e essas alienações não terão
preço vil para justamente conseguir se acelerar o procedimento de
venda. Por conta disso, os processos de falência, mas também os
de recuperação judicial e extrajudicial e os seus incidentes,
preferem a todos os outros na ordem dos feitos, em qualquer
instância.
■ 6.4.8.1. O juiz
Ao juiz compete decretar a falência ou conceder a recuperação
judicial. Deve ele ainda apreciar todas as deliberações da
Assembleia Geral de Credores, ou manifestações de Comitê de
Credores, julgar todas as impugnações de crédito, pedidos de
restituição, ações revocatórias etc.
Sua função não é apenas jurisdicional no procedimento falimentar.
O magistrado também tem função administrativa, de preservar e
otimizar a utilização produtiva dos bens da massa falida, fixar o valor
da remuneração do administrador judicial, substituí-lo ou destituí-lo
etc.
■ 6.4.14. Encerramento
A liquidação total do ativo com o rateio entre os credores, ainda
que nem todos sejam satisfeitos, provoca o encerramento da
falência.
O administrador judicial apresentará suas contas no prazo de 30
dias e elas serão aprovadas ou rejeitadas. Dessa decisão cabe
recurso de apelação.
Após apreciação das contas, o administrador apresentará relatório
final com o valor do ativo e o produto de sua realização, o valor do
passivo e os pagamentos feitos. Com base nisso, o juiz profere
sentença de encerramento da falência.
As obrigações do devedor falido somente se extinguirão com o
pagamento de todos os créditos. Podem as obrigações ser extintas,
também, com a realização de todo o ativo e o pagamento de mais
de 25% dos credores quirografários; com o decurso do prazo de 3
(três) anos, contado da decretação da falência, ressalvada a
utilização dos bens arrecadados anteriormente e que serão
destinados à liquidação para a satisfação dos credores habilitados
ou com pedido de reserva realizado; ou com o encerramento do
processo de falência.
VI – O encerramento da falência nos termos do arts. 114-A ou 156
desta Lei.” (NR)
■ 7.1. Patente
Direito atribuído pelo Estado que garante a utilização exclusiva de
uma invenção ou de um modelo de utilidade. Após a concessão
da patente, os terceiros não poderão explorar a invenção ou o
modelo de utilidade sem autorização e, caso o façam, poderão ser
condenados à indenização por perdas e danos.
A violação à patente não ocorrerá se for realizada em caráter
privado e sem finalidade comercial; com finalidade experimental;
preparação de medicamentos para casos individuais; atos
destinados exclusivamente à produção de informações etc.
São requisitos tanto da invenção quanto do modelo de utilidade: a
novidade, que exige que a obra não esteja no estado da técnica,
ou seja, não seja de conhecimento do público; atividade inventiva;
aplicação industrial; e licitude.
Não é patenteável o que é contrário à moral, aos bons costumes,
à segurança, à ordem e à saúde pública. Não podem ser
patenteáveis qualquer alteração do núcleo atômico, ou todo ou parte
dos seres vivos, com exceção dos micro-organismos transgênicos.
Não podem também as descobertas, teorias científicas, métodos
matemáticos, concepções abstratas, métodos comerciais; obras
literárias, arquitetônicas, artísticas, científicas, criação estética;
programas de computador; regras de jogo; métodos operatórios; os
processos biológicos naturais.
Terá direito de pedir a patente o autor da invenção ou do modelo
de utilidade. A invenção será exclusivamente do empregador, se ela
for feita pelo empregado em razão do contrato de trabalho.
Considera-se feita na vigência do contrato a invenção ou modelo de
utilidade cuja patente seja requerida em até um ano após a extinção
do contrato de trabalho.
Se não houver contrato para inventar, mas o empregado inventou
com a utilização dos recursos do empregador, exceto se
estabelecido em contrário, a titularidade do direito de patente será
50% do empregado e 50% do empregador. O direito de exploração
da patente, contudo, é atribuído exclusivamente ao empregador,
embora a remuneração pela exploração seja dividida.
Se a invenção ou modelo de utilidade foram feitos por duas
pessoas, mas de forma independente, terá o direito de explorar a
patente aquele que realizar o primeiro depósito do pedido no INPI,
ainda que a invenção tenha ocorrido posteriormente à do outro.
Garante-se o direito de prioridade ao pedido de patente
depositado em país que mantenha acordo com o Brasil.
■ 7.3. Marca
É o sinal distintivo de determinado produto ou serviço para que
possa ser reconhecido pelos consumidores, ou para que permita o
conhecimento de que ele fora produzido de determinada forma, ou
por alguém.
Podem ser:
■ 8.1. Classificação
Os títulos de crédito podem ser classificados de diversas formas.
■ 8.4. Cheque
O cheque é título de crédito disciplinado pela Lei n. 7.357/85.
Consiste em ordem de pagamento à vista.
Consiste na ordem emitida pelo sacador, correntista de uma
instituição financeira, para que ela, sacada, pague uma determinada
quantia em benefício de terceiro ou dele próprio.
É título de forma vinculada, pois a cártula é fornecida pela própria
instituição financeira. Exige também a celebração de um contrato
prévio entre o emitente e a instituição financeira de modo que sejam
depositados fundos. Diante do requisito do prévio depósito, não há
propriamente um crédito a ser realizado pela instituição financeira,
pois ela simplesmente paga o montante com os recursos do
emitente, o que torna o cheque um título de crédito impróprio.
Não há aceite e considera-se não escrita qualquer declaração em
contrário. A instituição financeira não precisa aceitar a ordem. Ela é
obrigada a pagar desde que haja recursos disponíveis.
A falta de recursos não prejudica a validade do cheque, mas o
pagamento não se efetuará se não houver créditos na conta
corrente, saldo exigível de conta-corrente ou soma proveniente de
abertura de crédito.
São requisitos essenciais ao cheque: a denominação “cheque”; a
ordem incondicional de pagar quantia determinada; o nome do
sacado e a instituição financeira; a data da emissão e a assinatura
do emitente. Caso a instituição financeira não pague a cártula, o
emitente é responsável pelo pagamento.
Não são requisitos essenciais o local de pagamento e o local
de emissão. Caso não seja indicado, o local de pagamento é o local
junto ao nome do sacado. Caso não haja menção do local em que
emitido, considera-se que o cheque foi emitido no local junto ao
nome do emitente.
■ 8.4.2. Aval
O aval é garantia cambiária fornecida pelo avalista ao avalizado.
Pode ser total ou parcial e é feito no anverso do cheque. Apenas o
sacado não pode ser considerado avalista.
O avalista é coobrigado e possui a mesma obrigação do
avalizado. Como obrigação cambial, sua obrigação é autônoma,
inclusive em relação a esse.
■ 8.4.3. Pagamento
O cheque é ordem de pagamento à vista. Qualquer cláusula que
exige sua apresentação em momento posterior é considerada não
escrita. O cheque pós-datado, ou conhecido como pré-datado, é
pagável antes da data convencionada. Entretanto, por
descumprimento de convenção, o contratante poderá ser
condenado a indenizar o emitente se na data apresentada não
houver fundos e o pagamento tiver sido recusado pelo banco
sacado.
O prazo de apresentação é de 30 dias, se tiver sido emitido no
mesmo lugar em que houver de ser pago, e de 60 dias, se emitido
em local diverso. Decorrido o prazo de apresentação sem que tenha
sido feita, o cheque não poderá ser cobrado dos endossantes e
avalistas, mas continua a ser exigido do sacado até a prescrição.
Caso tenha sido apresentado na data de apresentação e não
pago, o beneficiário poderá executar os coobrigados, os quais
respondem solidariamente pela obrigação da cártula.
São coobrigados o emitente e seus avalistas e os endossantes e
seus avalistas. Contra os endossantes e avalistas, o tomador deverá
demonstrar que o cheque foi apresentado no prazo de apresentação
e que não fora pago. A prova é feita com o protesto do título ou pela
declaração escrita por câmara de compensação. O protesto poderá
ser dispensado para a cobrança desses apenas se houver o
endossante aposto cláusula sem despesa ou sem protesto.
Em face do emitente e seus avalistas, o protesto é dispensado,
mas o tomador poderá perder o direito de executar se o emitente
não tiver mais fundos disponíveis em razão de fato que não lhe
possa ser imputável.
■ 8.4.4. Prescrição
Para a execução do emitente e dos avalistas, o cheque prescreve
em 6 meses do término de sua data de apresentação, ou seja, 6
meses do decurso do prazo de 30 dias, se emitido na mesma praça,
e de 60 dias, se emitido em praça diversa. O prazo de regresso para
os coobrigados exigirem o pagamento dos demais coobrigados
anteriores prescreve em 6 meses da data do pagamento.
Caso o prazo decorra, não mais haverá a possibilidade da
execução. Entretanto, poderá ser promovida ação de
locupletamento indevido contra o emitente no prazo de dois anos da
data em que se consumou a prescrição executiva.
■ 8.5. Duplicata
A duplicata é título de crédito causal disciplinado pela Lei n.
5.474/68 e pela Lei n. 13.774/2018 e consiste em ordem de
pagamento. Poderá ser emitida na forma cartular, materializada em
documento, ou poderá ser emitida na forma escritural, eletrônica ou
virtual.
■ 8.5.2. Protesto
O protesto pode ser por falta de aceite, por falta de devolução
da cártula e por falta de pagamento.
O protesto deverá ser realizado no prazo de 30 dias do
vencimento. O protesto por falta de devolução da cártula e o
protesto por falta de aceite são facultados ao beneficiário, pois a
ausência não impedirá o protesto por falta de pagamento.
Se a duplicata não tiver sido aceita, o protesto é obrigatório
inclusive para a cobrança do devedor principal, além dos
coobrigados.
A ação poderá ser proposta em face desses com a demonstração
de que a duplicata ou triplicata foram protestadas, de que há
documento hábil comprobatório da entrega e recebimento das
mercadorias, e deverá ser demonstrado que o sacado não recusou
de modo legítimo o aceite.
Se a duplicata tiver sido aceita, o protesto é imprescindível
apenas para a execução dos coobrigados. Na sua ausência,
permite-se a execução apenas do sacado e dos avalistas, pois já se
obrigaram pela assinatura como devedores principais.
■ 8.5.3. Prescrição
Prescreve em 3 anos, do vencimento do título, a ação contra o
sacado e os avalistas; 1 ano, contado do protesto, a ação contra os
endossantes e seus avalistas; em 1 ano, contado da data do
pagamento, a ação promovida pelo coobrigado contra o sacador ou
os endossantes anteriores e avalistas.
RESPOSTA:
A) Não há qualquer dispensa do registro ao empresário. O art. 967 do Código
Civil determina: “é obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início da atividade”.
Alternativa conforme o art. 967 do Código Civil.
C) O microempreendedor individual não está dispensado do registro, pois se
enquadra como empresário individual.
D) A microempresa e a empresa de pequeno porte não estão dispensadas do
registro, conforme o art. 3º da Lei Complementar n. 123/2006.
RESPOSTA
A) Na recuperação extrajudicial, somente poderá ocorrer desistência dos credores
signatários após a distribuição do pedido de homologação, a menos que haja
concordância dos demais credores signatários.
B) Esta alternativa contraria o art. 161, § 5º, da Lei n. 11.101/2005.
Alternativa conforme a redação do art. 161, § 5º, da Lei n. 11.101/2005.
D) Não há qualquer exigência de quórum para a desistência. Exige-se a
concordância de todos os demais.
RESPOSTA
Conforme o art. 116 da Lei n. 11.101, a decretação da falência suspende o
exercício do direito de retirada por parte dos sócios da sociedade falida.
B) Nos termos do art. 116 da Lei n. 11.101/2005, é suspenso o direito de retirada
por ocasião da falência.
C) O direito de retirada é suspenso por ocasião da decretação.
D) A alternativa contraria o art. 116 da Lei n. 11.101/2005.
RESPOSTA
A) Conforme o art. 974, § 3º, I e III, do Código Civil, o sócio poderá ser incapaz.
Contudo, não poderá exercer a administração da sociedade e deve ser
assistido ou representado por seus representantes legais.
B) Desde que a sociedade tenha capital integralizado, é possível a participação
de incapaz na sociedade, nos termos do art. 974, § 3º, II, do Código Civil.
C) É possível a participação de incapaz na sociedade, nos termos do art. 974 do
Código Civil.
O incapaz poderá ingressar na sociedade, desde que assistido e que não
possa exercer atos de administração.
RESPOSTA
A) Não há desoneração. Para evitar que o título seja pago pelo devedor e por
seus coobrigados, André poderá realizar a oposição ao pagamento, que
constitui um meio para comunicar ao devedor a ocorrência de um
acontecimento prejudicial aos interessados na nota promissória (art. 40, § 3º,
da LUG).
Alternativa conforme o art. 40, § 3º, da LUG.
C) Deverá a sociedade endossante se recusar ao pagamento após a oposição ao
pagamento realizado pelo antigo beneficiário desapossado. Outrossim, deverá
verificar a regularidade da sucessão dos endossos.
D) Para a não obrigação em face do portador atual da cártula, o devedor deverá
demonstrar que não há regularidade da sucessão dos endossos.
RESPOSTA
A) Segundo a Lei Complementar n. 123/2005, em seu art. 3º, são MEs e EPPs as
sociedades empresárias, a sociedade simples, a empresa individual de
responsabilidade limitada e o empresário individual. Não podem ser
microempresas ou empresas de pequeno porte as cooperativas ou sociedade
por ações.
Alternativa conforme o art. 3º da Lei Complementar n. 123/2005.
C) As cooperativas não podem ser microempresas ou empresas de pequeno
porte.
D) Sociedade por ações não pode ser microempresa ou empresa de pequeno
porte.
RESPOSTA
A) Como regra, o agente apenas aproxima negócios jurídicos. O comissário
pratica os atos em nome próprio e o corretor não pode atuar como mandatário.
O comissário pratica, em nome próprio, os atos a ele incumbidos à conta do
comitente.
C) O corretor apenas aproxima os negócios, e não pode ser considerado
mandatário.
D) O corretor apenas aproxima os negócios a serem celebrados entre as partes.
RESPOSTA
A) Prática de ato de falência é disciplinada pelo art. 94, III, da Lei n. 11.101/2005.
Na alternativa “A” está descrita a impontualidade injustificada e não o ato de
falência.
B) Os atos falimentares exigem, pelo art. 94, III, que não haja previsão no plano
de recuperação judicial para a sua realização.
C) A execução frustrada é hipótese diversa dos atos falimentares.
A prática de ato falimentar é considerada o aumento do risco aos credores,
desde que não prevista em plano de recuperação judicial. Entre eles, deixar de
cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação
judicial e posteriores a dois anos da concessão da recuperação, haja vista
que, se anterior, provocará a convolação em falência.
RESPOSTA
A) A Lei n. 9.279/96 determina que o prazo para a ação para reparação de dano
causado ao direito de propriedade industrial é de 5 anos, conforme o art. 225.
Logo, a partir do conhecimento dos administradores da prática de atos
violadores da patente, em 2015, haveria mais cinco anos de prescrição para a
ação.
B) A pretensão não estava prescrita.
A pretensão indenizatória não se encontrava prescrita.
D) A licença da patente é irrelevante à pretensão.
(XXX Exame de Ordem Unificado / FGV) Rolim Crespo, administrador da
sociedade Indústrias Reunidas Novo Horizonte do Oeste Ltda., consultou sua
advogada para lhe prestar orientação quanto à inserção de cláusula
compromissória em um contrato que a pessoa jurídica pretende celebrar com uma
operadora de planos de saúde empresariais. Pela leitura da proposta, verifica-se
que não há margem para a negociação das cláusulas, por tratar-se de contrato
padronizado, aplicado a todos os aderentes. Quanto à cláusula compromissória
inserida nesse contrato, assinale a opção que apresenta a orientação dada pela
advogada.
A) É necessária a concordância expressa e por escrito do aderente com a sua
instituição, em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou o visto
para essa cláusula.
B) É nula de pleno direito, por subtrair do aderente o direito fundamental de
acesso à justiça, e o contrato não deve ser assinado.
C) Somente será eficaz se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem,
e, como a iniciativa foi do proponente e unilateral, ela é nula.
D) Somente será eficaz se houver a assinatura do aderente no contrato, vedada
qualquer forma de manifestação da vontade em documento anexo ou,
simplesmente, com o visto para essa cláusula.
RESPOSTA
Na Lei de Arbitragem, Lei n. 9.307/96, o art. 4º, § 2º, determinou que, nos
contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente
tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a
sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito,
com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.
B) A cláusula é válida. Sua eficácia somente poderá ocorrer se os demais
requisitos forem preenchidos.
C) Se houver a concordância do aderente, preenchidos os demais requisitos para
essa concordância, a cláusula será eficaz.
D) A manifestação de vontade em documento anexo é possível.
RESPOSTA
Nos termos do art. 1.053 do Código Civil, a sociedade limitada será regida, nas
omissões do capítulo da sociedade limitada, pelas normas da sociedades
simples. O art. 1.028 nesses termos, determina que apenas a quota será
liquidada no caso de morte de sócio, a menos que o contrato disponha de
forma diferente ou os sócios optarem pela dissolução da sociedade ou acordo
com os herdeiros.
B) A transmissão da quota apenas ocorrerá, nos termos do art. 1.028 do Código
Civil, se houver acordo com os herdeiros.
C) Os sócios remanescentes poderão regular a substituição do sócio falecido, ora
aceitando os herdeiros, caso esses concordem, ora dissolvendo toda a
companhia. Não há obrigatoriedade.
D) Se não houver cláusula específica no contrato, o art. 1.028 será aplicável.
RESPOSTA
A) Nos termos do art. 1.146 do Código Civil, o alienante será solidariamente
obrigado apenas pelo prazo de um ano a partir da publicação.
B) A responsabilidade é decorrente da própria lei quanto ao prazo e a
determinação de solidariedade.
C) Conforme o art. 1.146 do Código Civil, o alienante tem responsabilidade
limitada a um ano.
A alternativa reproduz a redação expressa do art. 1.146 do Código Civil.
RESPOSTA
Nos termos do art. 710 do CC, foi caracterizado o contrato de agência na
assunção de caráter não eventual e sem vínculo de dependência de uma
obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de
certos negócios, em zona determinada. A concessão de poderes poderá ser
feita para que o agente o represente na conclusão do contrato.
B) Há expressa permissão na fixação da zona determinada e para garantia de
atuação do agente.
C) O Código Civil, nos termos do art. 710, permite ambas as atribuições.
D) O agente poderá promover o próprio negócio em nome do representado.
RESPOSTA
O art. 80 da Lei 11.101/2005 determina que serão considerados habilitados os
créditos remanescentes da recuperação judicial, quando definitivamente
incluídos no quadro geral de credores, tendo prosseguimento as habilitações
que estejam em curso.
B) A ação revocatória será promovida perante o Juízo da falência, nos termos do
art. 134 da Lei 11.101/2005.
C) A convolação em falência implica a reconstituição dos direitos anteriores ao
plano, nos termos do art. 61, § 2º, da Lei 11.101/2005.
D) O procedimento de recuperação judicial não altera os poderes nem para a
condução regular da atividade do devedor, nem para a manutenção de suas
ações.