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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

ESCOLA DE APLICAÇÃO
COORDENAÇÃO DE ENSINO FUNDAMENTAL II
PROFESSOR GEOVANI PARENTE
7ª SÉRIE
A FILOSOFIA E O AGIR ÉTICO

A diferença entre ética e moral.


Quando ouvimos falar, no cotidiano, as palavras “ética” e “moral”, imediatamente as com-
preendemos como uma forma de qualificar a ação, a conduta, o comportamento humano.
De modo geral, no senso comum, os dois termos, muitas vezes, são usados como sinônimos,
isto é, com o mesmo sentido. Por exemplo: “fulano tal”, em determinada situação, agiu moralmente
ou agiu com ética.

A palavra “moral” deriva dos termos latinos “mos”, “moris”, “morale” que significam “cos-
tume”, isto é, a maneira do ser humano se comportar regulada pelos costumes. Já a palavra “ética”
vem do termo grego “éthos” que significa também “costume” ou “hábito”.
Podemos compreender o termo “moral”, apropriadamente, em referência aos conjuntos de
valores compartilhados entre os indivíduos, que regulam suas ações dentro de uma determinada so-
ciedade.
Desta forma, a palavra “moral” tem um sentido amplo, e à sua história compete a descrição
dos conjuntos de regras e normas, que desdes as primeiras sociedades, determinaram o comporta-
mento humano.

(Cidade Tikal - civilização Maia) (Templo Jokhang - Tibet, China)


A palavra “ética”, por sua vez, denomina uma das mais importantes disciplinas filosóficas,
também, por vezes, chamada de “filosofia moral”.
A ética como disciplina da filosofia, estuda o comportamento moral dos seres humanos, isto
é, procura compreender quais são os fundamentos da ação humana. Sua investigação envolve pro-
blemas próprios como, por exemplo: “o que é agir de forma ética?, “o que é, e como podemos al-
cançar a felicidade?”, “o que é o bem?”, “a liberdade é possível?”, etc.

Os Valores Morais ou Éticos


Em um primeiro momento, podemos dizer que os valores morais ou éticos, são, por nós, her-
dados. Ao nascermos, em uma determinada sociedade, já estão consolidados um conjunto de valo-
res não só morais, como também, religiosos, artísticos, políticos, etc.
Desde muito cedo aprendemos normas básicas relacionadas aos costumes. Por exemplo: co-
mo devemos nos comportar à mesa, na rua, diante de estranhos, como e quando falar em determina-
das circunstâncias.
As pessoas, em geral, podem emitir juízos valorativos como, por exemplo: achar bonito ou
feio um desenho, achar bom, justo o preço de determinado produto, assim como, elogiar pessoas
que cumprem um acordo. Podemos emitir juízos de valor sobre nossa própria pessoa, isto é, nos ale-
gramos ou não com nossas ações. (ARANHA, 2013, p. 171)

(imagens disponíveis na web)


O que é ser moral ou agir moralmente? Pra que agir moralmente?

A resposta a estas perguntas são muito importantes para nossa orientação referente a conduta
adequada que devemos ter com relação as outras pessoas e a nós mesmo. O que entendemos por
“bem” ou por “mal”, poderá determinar que tipo de pessoa queremos ser e que compromisso temos
com os valores éticos e morais. (Idem).
A ação moral é capaz de provocar efeitos não só na pessoa que age moralmente, mas tam-
bém nas pessoas que a cercam, na sociedade como um todo. A ação moral é um ato que, no indiví-
duo, envolve, a liberdade, a intenção e, também, a solidariedade. O ato moral supõe a solidariedade
e a reciprocidade com as pessoas com que convivemos.

(imagem disponível na web)

Alguns exemplos de valores morais


Já vimos que os valores morais ou éticos são normas ou princípios que podem determinar a
conduta das pessoas dentro de uma sociedade determinada. Neste contexto o comportamento huma-
no é avaliado, isto é, julga-se os atos dos indivíduos como certo ou errado.
Como exemplo, podemos citar alguns valores morais muito importantes para a sociedade:
“respeito ao próximo; responsabilidade; lealdade; empatia; gratidão; disciplina; paciência; tole-
rância; gentileza; caridade; compaixão; sinceridade; honestidade,” etc.

Quando um indivíduo cultiva e possui, por exemplo, o valor do respeito, ele poderá agir, nas
diversas situações de sua vida, conforme seus deveres para com as outras pessoas e para consigo
mesmo.
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ARISTÓTELES: A Felicidade e a Virtude

Aristóteles (384-322 a.C) é considerado por muitos, o primeiro filósofo a tratar de forma sis-
temática os problemas que envolvem a ética. A ética, como dissemos acima, é uma disciplina da fi-
losofia que nos ajuda a refletir sobre o fim último de todas as atividades humanas. Tudo o que nós
fazemos na vida tem por finalidade algum bem - ou que nos parece ser um bem.
Em sua obra chamada ”Ética a Nicômaco”, Aristóteles examinou todos os bens desejáveis,
tais como os prazeres, a riqueza, a honra, a fama, etc. Ele constatou que esses bens não eram toma-
dos por si mesmo, mas sempre em vistas de outras coisas. Levantou-se, então, a questão sobre qual
seria o sumo bem (bem supremo), aquele que é tomado com o fim em si mesmo. Aristóteles chegou
ao conceito de “vida feliz”, “boa vida”. (Idem, p. 203).

(Escola de Atenas - Rafael Sanzio)

A Felicidade
Em geral, os bens desejáveis, como a riqueza e a fama, não fornecem as condições necessá-
rias à felicidade. Isto porque, para Aristóteles, as ações, que podem nos tornar felizes, só podem ser
aquelas mais próximas do que é essencial ao ser humano. Isto é, o que nos diferencia dos diversos
outros seres da natureza, e o que mais bem nos caracteriza, é a racionalidade. Desta forma, para o
filósofo de Estagira, as ações que podem nos conduzir à felicidade, envolvem o exercício da inteli-
gência teórica, da contemplação. (Idem)
A Virtude
A vida humana, porém, não se resume ao intelecto e encontra sua realização na ação, em
uma atividade bem realizada. Por exemplo: “a função do tocador de lira é tocar lira, e a de um bom
tocador de lira é fazê-lo bem”. Este exemplo, dado por Aristóteles, caracteriza a virtude ou a exce-
lência como exercer bem uma atividade. (Idem)

A Teoria da Mediania
As virtudes éticas se definem pelo controle de nossas paixões e ações. Isto é, para Aristóte-
les, a virtude se caracteriza pela moderação, encontrada na mediania, entendida também como justo
meio ou justa medida entre os excessos e as faltas em nossas ações.
Para o filósofo estagirita, as virtudes são de dois tipos, a virtude intelectual e a virtude ética
ou moral. A virtude intelectual é principalmente produzida e ampliada pela educação, empenho e
experiência. A virtude ética, por sua vez, é produzida pelo hábito.
Assim, para Aristóteles, nós não nascemos virtuosos, bons ou maus, mas sim, aptos por natu-
reza, ao desenvolvimento da virtude ou excelência em nossas ações. Essa aptidão para agir com vir-
tude é aprimorada e amadurecida pelo hábito. (ARISTÓTELES, 2007, p. 67)

(Ilustração da Grécia Antiga - Divulgação / Pixabay)

A ética, diferentemente dos outros ramos da filosofia, possui um propósito prático. Assim,
Aristóteles formulou a teoria da mediania como um princípio para o “agir corretamente”. Este prin-
cípio, como já mencionado, é entendido como “agir conforme a reta razão”.
Agir corretamente é agir de forma equilibrada, moderada, com justiça. Isto é, a ação ética,
para Aristóteles é a ação virtuosa. A virtude envolve a escolha e a disposição para ser tornar um
bom ser humano e desempenhar bem sua função. (Idem, p.75)

Exemplos de virtudes em Aristóteles


A virtude determinada por Aristóteles como mediania, significa que, a virtude, se caracteriza
como um ponto equidistante de dois extremos. Os extremos opostos à virtude são o excesso e a falta
em nossas ações, também chamado de vícios.
Vejamos alguns exemplos de virtude e os vícios por excesso e falta:

VIRTUDES Vícios por Excesso Vícios por Falta


Amizade Condescendência Enfado
Prudência Ambição Moleza
Respeito Próprio Vaidade Modéstia
Veracidade Orgulho Descrédito Próprio
Justa Indignação Inveja Malevolência
(Quadro reduzido das virtudes - Convite à Filosofia M. Chauí)

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FONTES:

ARANHA, M. Filosofando: introdução à filosofia / Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena
Pires Martins. 5ª Ed. - São Paulo: Moderna, 2013.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. Edson Bini. Ed. EDIPRO: Bauru, SP, 2007.
CHAUÍ, M. Iniciação à filosofia. Editora Ática. São Paulo, 2000.
MORA, J. F. Dicionário de filosofia. Trad. Roberto Leal Ferreira e Álvaro Cabral. Ed. Martins
Fontes: São Paulo, 1998.

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