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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
DISC: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO – TURMA A
PROFA: SÔNIA MARIA RODRIGUES
ALUNA: ANA LUÍSA REZENDE DE OLIVEIRA
Trabalho final
O livro como direito essencial para crianças, é esse o tema abordado no texto de Diana
Valdez, Direito aos bens culturais na infância: o livro literário como instrumento
intelectual e afetivo. Trazer o livro como um direito remete a muitas discussões
elaboradas durante tempos, quando pensamos na possibilidade do livro com caráter
obrigatório, já se cria um imaginário com fins pedagógicos, sobre os livros como recursos
pedagógicos obrigatório Diana afirma que:

Também não argumento favoravelmente ao acesso ao livro como objeto


didático, que ensina por meio do texto o verbo de ligação, o substantivo
derivado, o predicado nominal e outros. Qualquer fenômeno artístico como a
literatura é totalmente passível de escapar dos padrões fixos. Neste aspecto, os
livros literários estão propensos muito mais para uma ruptura de normas do
que para ser aquietados em redundantes receitas pedagógicas. (VALDEZ,
2018, p. 46)

Dessa forma, situa a necessidade do livro como além do que se é trago para o alcance da
criançada, a literatura reconhecida com um caráter humanizador, pois faz viver emoções
e visões de mundo dentro de um conhecimento difuso e inconsciente, nos convida a
questionar, a sonhar e a explorar a diversidade do mundo ao nosso redor nos tornando
seres mais completos. Dessa maneira se faz necessário que o livro deixe de ser um objeto
inalcançável para a infância, entendendo sua importância no dia a dia desse ser, podendo
se tornar um objeto tateável e rotineiro, tornando-se presente nos lugares frequentados
por crianças como traz Valdez:

Aposto no direito de ter livros no ambiente escolar, livros coletivos ao alcance


de todos, ler coletivamente, meninos e meninas aprendendo a dividir,
emprestar, doar e compartilhar letras, páginas e a vida. Também estendo o
direito à promoção de livros em todos os lugares da casa, no quarto, no
banheiro, na estante, fora da estante, em caixas, em baús (como tesouros), no
jardim ou na varanda (como plantas). Livros nas praças para a criança que,
cansada de correr, deita na grama para vê-los. Nos pontos de ônibus, nas
geladeiras que abrigam alimentos livrescos, no lugar de cortar cabelo, nos
quartos frios de hospitais, em reuniões familiares ou em qualquer local que
reúna a pequenada. (Valdez, 2018, p.47)

Remetendo ainda a uma nova indagação que é o livro não ser visto como uma forma de
lazer no dia a dia dos pequenos, mostrando a diferença entre brinquedos e livros. Onde
essa falta de leitura como lazer não permite criar uma relação afetiva com os livros, de
uma forma de abertura a um novo mundo ao invés de serem objetos impostos, dessa forma
poderia ser criada a capacidade de fabulação e imaginação, tão necessária no mundo
infantil. De acordo com AGUIAR (2012, s.p.), conforme citado por VALDEZ (2018,
p.41)

Exigir conceitos herméticos, oferecidos antes dos livros, pode impedir uma das
ações indispensáveis do mundo literário, a substituição da realidade por
aventuras imaginárias, o que Aguiar chama de fabulação: A capacidade de
fabulação é uma qualidade universal dos seres humanos, embora ela possa – e
até deva – se manifestar de formas diferentes em diferentes culturas. Ela é
como o sonho: indispensável. AGUIAR (2012, s.p.), conforme citado por
VALDEZ (2018, p.41)

Isso posto, aliado com as falas de Mia couto escritor moçambicano, em seu “Ensaio sobre
a Convenção sobre os Direitos da Criança: Engravidar o mundo de futuro” onde em uma
conversa com um garoto de 9 anos, se enxerga a função da literatura na infância e esse
encontro de autor e leitor que descreve Blanchot:
O escritor escreve um livro, mas o livro ainda não é a obra, a obra só é obra
quando através dela se pronuncia, na violência de um começo que lhe é
próprio, a palavra ser, evento que se concretiza quando a obra é intimidade de
alguém que a escreve e de alguém que a lê.

Mostra esse poder que a literatura é capaz de dar, a intimidade de se ver em algo que lê,
criar-se recordações e memorias, quando o garoto se apropria da frase do autor se fazendo
entender, assim capaz de concluir que ali se existe um ser letrado e poético.

Adicionalmente a essa discussão da literatura como instrumento libertador, utilizarei o


filme “Sociedade dos Poetas Mortos”, 1989. A história se passa na Welton Academy,
uma tradicional escola preparatória, onde um ex-aluno se torna o novo professor de
literatura, mas logo seus métodos de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos cria
um choque com a ortodoxa direção do colégio. Uma das principais cenas do filme, é onde
na sua primeira aula o professor incentiva seus alunos a rasgarem o primeiro capitulo do
livro, que trata de literatura através de métodos, quebrando aquela ideia do livro como
objeto com regras, como elabora Diana Valdez:

Não é raro o estabelecimento de padrões voltados para a criança quando se


refere ao livro e a suas formas de acesso. Normas e regras fixas são lembradas
continuamente para evitar possibilidades de estragar, sujar, rasgar ou manusear
do jeito infantil. No ambiente escolar e doméstico, quase sempre, os livros são
alçados em distâncias construídas historicamente, ampliando o fosso que
separa a criança do livro. (Valdez, 2018, p.35)

Ao decorrer do filme, nota-se mais quebras dessa educação ortodoxa, construindo aqueles
adolescentes em seres poéticos, incentivando cada vez mais essa liberdade de expressão
através da literatura, como também indaga Martins, Souza, 2015, p.225 citado por Diana
Valdez, 2018, p.39:

A literatura, assim como as manifestações artísticas em geral, é também um


meio de expressão que trata das mais diversas questões humanas, dentre elas a
liberdade. A liberdade de expressão é inerente à literatura, que, por meio do
plano ficcional, aborda temas como: felicidade, tristeza, vida, morte, amor,
ódio, riqueza, pobreza, autoridade, obediência, liberdade, submissão, espírito,
matéria (SOUZA; MARTINS, 2015, p. 225)

Dessa maneira, o professor vai mostrando aos seus alunos a importância de seguir seus
próprios sonhos, mesmo em face da pressão social, encorajando-os a viver uma vida
autentica e significativa, mostra a eles que através da literatura se pode encontrar formas
extraordinárias de se viver, se libertando dos medos e padrões impostos. A expressão
marcante do filme é o “carpe diem”, expressão em latim que significa aproveite o dia, que
carrega com si o significado de apreciar o máximo o presente, se tornando um lema que
alerta sobre viver pois a vida é breve.

“Os trabalhos da mão”

O livro traz a presença das mãos em todas ações humanas e as criações que delas provém,
mostrando a importância dessas em um simples gesto de acenar até o gesto de poder. As
mãos como instrumento de comunicação, segundo Alfredo Bosi (2017, p.9) “É a voz do
mudo, é a voz do surdo, é leitura do cego. ” Dessa maneira, se faz entender o quanto as
mãos são objetos também de inclusão, dessa forma trabalhar com as crianças que a
inclusão também é uma responsabilidade da mão.

Figura 1- Página do livro

Fonte: Nelson Cruz, 2017.

Outra ora, podemos trabalhar o caminho que os alimentos levam até chegar em nossa
mesa, dessa forma ditando para eles as diferentes formas de trabalho e remetendo o
processo necessário, e quem faz parte dele até que a comida, por exemplo, leva para
chegar em nossas mãos, mostrando assim a importância do trabalho de outras mãos.
Como Bosi trouxe nesse segmento:

A mão prepara o alimento. Debulha o grão, depela o legume, desfolha a


verdura, descama o peixe, depena a ave e a desossa. Limpa. Espreme até extrair
o suco. Pila de punho fechado, corta em quina, mistura, amassa, sova, espalma,
enrola, amacia, unta, recobre, enfarinha, entrouxa, enforma, desenforma,
polvilha, guarnece, afeita, serve. (BOSI, Alfredo, 2017, p.12)

Dessa forma proponho o trabalho da obra para crianças do fundamental 2, trabalhar de


maneira lúdica e repleta de conteúdo, buscando atender o entendimento de tal turma
escolhida.

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