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Análise da estrutura melódica do segundo andamento da sonata nº8 de Beethoven


Análise Musical III
2022/2023
Maria da Graça Oliveira Antunes l52570

Contextualização:

A sonata nº 8 de Ludwig Van Beethoven integra a primeira fase da sua obra e, por essa
razão, nela transparece a influência de outros grandes compositores tais como Haydn ou
Mozart. Apesar desta sonata pertencer ao período clássico, podemos encontrar nela vários
elementos característicos do período romântico, uma vez que, o compositor é conhecido
como um dos principais precursores da época. Esta obra foi, ainda, apelidada por Beethoven
como Pathetique cujo étimo é a palavra Pathos. Pathos significa paixão ou sofrimento, uma
dualidade de emoções que se encontra bastante presente nesta sonata.

Análise da estrutura melódica:

Ao longo do segundo andamento da sonata nº 8 de Beethoven, Beethoven mantém


uma textura homofónica que provoca no interlocutor uma sensação de acalmia e segurança.
Este inicia-se na tonalidade de Lá bemol maior, mas nos compassos analisados neste trabalho
(c. 1-23), modula para as tonalidades de Fá menor, a respetiva relativa menor, e Mi bemol
maior, a respetiva dominante.

A primeira secção do andamento inclui oito compassos. Nestes oito compassos, é-nos
apresentada a melodia dona de um contorno suave e tranquilo na voz do soprano, tal como
podemos verificar na figura 1.

Figura 1- Sonata Pathetique c.1-8


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Neste excerto, poucas são as notas que não pertencem à harmonia. Na figura que se
segue, estas estão assinaladas com um contorno amarelo.

Figura 2- Notas pertencentes à harmonia c.1-8

As notas instáveis de uma peça abarcam o segundo, quarto, sexto e sétimo graus
melódicos da própria escala. Tal como nos explica Sadai no seu livro Harmony in Its Systemic
and Phenomenological Aspects: “These tones have high kinetic potential and demand
resolution” (1980). Neste excerto, uma vez que nos encontramos na tonalidade de lá bemol
maior, estas notas são: si, ré, fá e sol respetivamente. Naturalmente, o segundo grau melódico
resolve no primeiro, o quarto no terceiro, o sexto no quinto e, por fim, o sétimo grau melódico
resolve no primeiro.

Na figura 3, podemos observar as notas instáveis existentes na primeira voz e as


respetivas resoluções através do uso de setas. No compasso 3, a nota si não apresenta
resolução.

Legenda:

Si -> ---

Ré -> ---

Fá -> ---

Sol -> ---

Figura 3- Notas instáveis c. 1-8


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A segunda secção compreende os compassos nove a dezasseis e consiste numa


variação da primeira secção. O ritmo, a melodia e o acompanhamento mantêm-se constantes
havendo, ainda, a repetição da progressão de acordes anteriormente apresentada tal como
podemos inferir pela figura 4, que se segue.

Figura 4- Sonata Pathetique c.9-16

A figura 5 expõe as notas instáveis e as respetivas resoluções, caso existam, no referido


excerto. No compasso 11 encontramos a nota si bemol que não aparenta ter resolução
próxima.

Legenda:

Si b -> ---

Ré b -> ---

Fá -> ---

Sol -> ---

Figura 5- Notas instáveis c. 9-16


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A sonata prossegue com duas modulações, uma primeira para a tonalidade de Fá


menor e que se estende por dois compassos e a segunda para a tonalidade de Mi bemol maior,
tal como podemos verificar pela figura 6. Nos compassos 22 e 23, dá-se a segunda inversão
de cadência.

Figura 6- Sonata Pathetique c. 17-23

A figura 7 apresenta assinaladas a amarelo as notas que não pertencem à harmonia.

Figura 7- Notas não pertencentes à harmonia c-17-23


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Neste excerto as notas instáveis, quando na tonalidade de Fá menor serão o sol, si


bemol, ré bemol e mi bemol. Enquanto que quando nos encontramos na tonalidade de Mi
bemol maior, estas serão as notas Fá, Lá bemol, Dó e Ré bemol. As resoluções das respetivas
notas instáveis, quando presentes, encontram-se assinaladas com uma seta. Em relação à
primeira tonalidade, fá menor, o sol resolverá em fá. Relativamente à tonalidade de Mi bemol
maior o fá resolve em mi bemol, o lá bemol em sol, o dó em si bemol e o ré bemol em mi
bemol.

Legenda:

Sol -> ---

Fá -> ---

Lá b -> ---

Dó -> ---

Ré b -> ---

No compasso 19 encontramos a nota dó assinalada, mas a sua resolução não está


presente, tal como acontece nas notas instáveis assinaladas no compasso 21 e no lá bemol do
compasso 22.

Bibliografia:

Sadai, Y. (1980). Harmony in its Systemic and Phenomenological Aspects

Cadwallader, A., Gagné, D., & Samarotto, F. (2019). Analysis of Tonal Music: A

Schenkerian Approach (4th ed.). Oxford University Press.

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