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Disciplina: ACH4093 – Linguagem Química e Reações Químicas 1

Roteiro de Aula Prática


TEMA: Forças intermoleculares

Introdução
As forças atrativas entre moléculas são designadas por forças intermoleculares. Estas
forças são responsáveis pela existência de estados condensados da matéria, líquidos e sólidos, e
estão condicionadas em grande parte às suas propriedades. Consideremos uma dada porção de
gelo (água no estado sólido) que é aquecido. À temperatura de 0 °C o gelo vai fundir, a
temperatura constante, até toda a água passar ao estado líquido. Se continuarmos a aquecer a
água, a temperatura vai subir gradualmente, até atingir 100 °C, temperatura à qual a água entra
em ebulição. Toda a água passa, então, ao estado gasoso, encontrando-se as moléculas
afastadas umas das outras. Em todo este processo apenas ocorrem transformações físicas, pois a
identidade das moléculas não foi alterada, isto é, não foram quebradas ligações químicas
intramoleculares. O tipo de ligações quebradas foram ligações intermoleculares, existentes entre
as moléculas.
Em suma, as ligações químicas intramoleculares ou primárias são as ligações covalente,
iônica e metálica, enquanto as ligações intermoleculares ou secundárias são ligações físicas.
Estas ligações são de menor energia que as ligações químicas. E são estas forças as
responsáveis pela existência de 3 estados físicos da matéria. Sem elas, só existiriam gases. As
forças intermoleculares têm origem eletrônica: surgem de uma atração eletrostática entre nuvens
de elétrons e núcleos atômicos. São fracas, se comparadas às ligações covalentes ou iônicas.
Mas forte o suficiente para sustentar uma lagartixa no teto da sala.
As forças de van der Waals, como também são conhecidas as forças intermoleculares,
podem surgir de 3 fontes. Em primeiro, as moléculas de alguns materiais, embora eletricamente
neutras, podem possuir um dipolo elétrico permanente. Devido a alguma distorção na distribuição
da carga elétrica, um lado da molécula e ligeiramente mais "positivo" e o outro é ligeiramente mais
"negativo". A tendência é destas moléculas se alinharem, e interagirem umas com as outras, por
atração eletrostática entre os dipolos opostos. Esta interação é chamada de dipolo-dipolo.

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Em segundo, a presença de moléculas que tem dipolos permanentes pode distorcer a
distribuição de carga elétrica em outras moléculas vizinhas, mesmo as que não possuem dipolos
(apolares), por meio de uma polarização induzida. Esta interação é chamada de dipolo-dipolo
induzido.
E, em terceiro, mesmo em moléculas que não possuem momento de dipolo permanente
(e.g., no gás nobre neônio ou no líquido orgânico benzeno) existe uma força de atração (do
contrário nem o benzeno ou neônio poderiam ser liquefeitos). A natureza destas forças requer a
mecânica quântica para sua correta descrição, mas foi primeiramente reconhecida pelo físico
polonês Fritz London, que as relacionou com o movimento eletrônico nas moléculas. London
sugeriu que, em um determinado instante, o centro de carga negativa dos elétrons e de carga
positiva do núcleo atômico poderia não coincidir. Esta flutuação eletrônica poderia transformar as
moléculas apolares, tal como o benzeno, em dipolos tempo-dependentes, mesmo que, após certo
intervalo de tempo, a polarização média seja zero. Estes dipolos instantâneos não podem orientar-
se para um alinhamento de suas moléculas, mas eles podem induzir a polarização das moléculas
adjacentes, resultando em forças atrativas. Estas forças são conhecidas como forças de dispersão
(ou forças de London), e estão presentes em todas as moléculas apolares e, algumas vezes,
mesmo entre moléculas polares.
Algumas moléculas, entretanto, exibem um tipo especial de interação dipolo-dipolo. É o
caso da água, em cuja molécula os átomos de hidrogênio ligados ao oxigênio formam um lado
"positivo" do dipolo permanente. O átomo de hidrogênio é formado por apenas um próton e um
elétron. Como o elétron é fortemente atraído pelo oxigênio, na água, este próton encontra-se
desprotegido. A água possui, então, um dipolo bastante forte, com uma das cargas (positiva)
bastante localizada. Este próton pode interagir com as regiões negativas (o oxigênio) de outras
moléculas de água, resultando em uma forte rede de ligações intermoleculares. Esta interação é
chamada de ligação hidrogênio, e ocorre entre átomos de hidrogênio ligados a elementos como o
oxigênio, flúor ou nitrogênio, com átomos de O, N ou F de outras moléculas. Esta interação é a
mais intensa de todas as forças intermoleculares.

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Procedimento experimental

Experimento 1. Em uma placa de petri, coloque separadamente gotas das amostras líquidas de
água, n-pentano, n-dodecano e etanol. Aguarde e acompanhe atentamente a evolução de cada
uma das lâminas ao longo da aula.
a) Quais amostras evaporam mais rapidamente?
b) Quais amostras evaporam mais lentamente?
c) Que fator estrutural está ligado à maior ou menor volatilidade (ou, em outras palavras, maior ou
menor pressão de vapor)?
d) Que tipo de força intermolecular está presente entre as moléculas de cada amostra?
e) Justifique claramente a ordem de volatilidade encontrada relacionando-a às forças
intermoleculares.

Experimento 2. Limpe e seque 3 tubos de ensaio pequenos idênticos. Coloque 1mL de cada
amostra tal como na tabela abaixo:
TUBO 1 TUBO 2 TUBO 3

n-hexano glicerol água

Agitando lentamente os tubos, tente determinar qual líquido tem a maior e qual tem a menor
viscosidade.
a) Qual é a ordem de viscosidade entre os 3 líquidos?
b) Qual é o tipo de força intermolecular em cada caso?
c) Há algum tipo de correlação, de acordo com suas observações, entre força intermolecular e
viscosidade?

Aqueça cerca de 100 mL de água em um béquer de 250 mL, utilizando uma placa de aquecimento
até esta atingir a ebulição. Desligue a placa de aquecimento. Coloque os tubos 2 e 3 (NÃO
COLOQUE O TUBO 1!) neste banho de água quente por dois minutos. Investigue a viscosidade
novamente.
a) Há alguma mudança significativa na viscosidade de algum destes líquidos?
b) Se houver, explique em termos de forças intermoleculares presentes.

Experimento 3. Pegue 10 tubos de ensaio pequenos e idênticos. Prepare misturas de todos os


pares possíveis entre água, n-hexano, etanol, acetato de n-butila e glicerol, de acordo com a
tabela abaixo:

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NÚMERO DO TUBO SOLVENTE 1 SOLVENTE 2
Tubo 4 Água n-hexano
Tubo 5 Água Etanol
Tubo 6 Água Acetato de n-butila
Tubo 7 Água Glicerol
Tubo 8 n-hexano Etanol
Tubo 9 n-hexano Acetato de n-butila
Tubo 10 n-hexano Glicerol
Tubo 11 Etanol Acetato de n-butila
Tubo 12 Etanol Glicerol
Tubo 13 Acetato de n-butila Glicerol

Agite bem cada tubo e decida, para cada par, se as substâncias são ou não miscíveis.
a) Quais pares de substâncias são miscíveis e quais são imiscíveis
b) Qual(is) é (são) o(s) tipo(s) de força(s) intermolecular(es) presente(s) em cada caso?
c) Baseado nas suas observações, você espera que o composto n-octanol seja miscível em água?
Por quê?
d) Faça a mesma predição sobre a mistura n-hexano/n-octanol
e) Utilizando 2 tubos de ensaio limpos e secos, teste suas predições feitas nos itens (c) (marcar
como TUBO 14) e (d) acima (marcar como TUBO 15). Discuta seus resultados em termos de
forças intermoleculares.

Experimento 4. Tome 8 tubos de ensaio pequenos e idênticos. Você irá testar a solubilidade de
KMnO4(s), I2(s), NiSO4.7H2O(s) e sacarose em dois solventes: água e n-hexano.
Coloque entre 0,0200 g e 0,0300 g de cada sólido em dois tubos distintos. Faça o experimento
com um sólido de cada vez, de acordo com a tabela abaixo:
NÚMERO DO TUBO SOLVENTE SÓLIDO
Tubo 16 Água KMnO4
Tubo 17 Hexano KMnO4
Tubo 18 Água I2
Tubo 19 Hexano I2
Tubo 20 Água NiSO4.7H2O
Tubo 21 Hexano NiSO4.7H2O
Tubo 22 Água Sacarose
Tubo 23 Hexano Sacarose

Agite bem todos os tubos e decida sobre a solubilidade de cada sólido em ambos os solventes.

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Experimento 5. Determinação do teor de álcool na gasolina
Usando a pipeta (ou uma seringa hipodérmica), coloque 10,0 mL de gasolina na proveta. A seguir,
adicione 10,0 mL de água, tampe a proveta com a rolha e agite a mistura água-gasolina. Após
deixar o sistema em repouso para que ocorra a separação das fases, determine o volume de cada
fase. Então, calcule o percentual de álcool na amostra de gasolina e compare com os níveis
permitidos.

DESAFIO: Preencha um béquer com água e coloque uma moeda sob a superfície da água de
forma a verificar o efeito da TENSÃO SUPERFICIAL!!!

Referências
[1] http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/sala_de_aula/forcas_intermoleculares/
[2] Brady, James E. - Russell, Joel W. - Holum, John R. / Química - A Matéria E Suas
Transformações - Vol. 1 e 2.

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