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1 Introdução
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(FELIPE, 2023). O objetivo desta pesquisa está concentrado em identificar quais infâncias
eram atendidas nas escolas isoladas da cidade de São Paulo nas décadas iniciais da República,
assim como situá-las nas diferentes realidades vividas a depender de seus posicionamentos
sociais, econômicos e geográficos.
2 Fundamentação teórica
Esta pesquisa está amparada conceitos da Nova História Cultural. As categorias de
análise são “representação” segundo a perspectiva proposta por Chartier (1990), para o qual as
representações “[…] têm tanta importância como as lutas econômicas para compreender os
mecanismos pelos quais um grupo impõe, ou tenta impor, a sua concepção do mundo social,
os valores que são seus, e o seu domínio” (p. 17), permitindo a apreensão de que há uma
relação de contínuo abastecimento do status quo por meio da interação entre materialidades e
representações social, econômica e política. A categoria “estado” está fundamentada nos
estudos desenvolvidos por Norbert Elias (1991) que em sua obra O Processo Civilizador 2:
formação do estado e civilização tece considerações do papel do estado na propagação da
modificação das condutas em sociedade.
3 Metodologia
Como procedimentos metodológicos foram analisadas produções literárias, imagens e
mapas de sala, registros sobre exames, documentos legislativos e cartas disponíveis em
suportes digitais e físicos disponíveis no site Hagop Garagem, no acervo digital e físico do
Arquivo Público do Estado de São Paulo, Arquivo Municipal de São Paulo, Domínio Público,
Alesp, acervo digital da Biblioteca Nacional e acervo digital do jornal O Estado de São Paulo.
Os procedimentos de análise tomaram por base entendimentos descritos por autores como
Kosoy (2021) no trato das relações entre a fotografia e a pesquisa histórica, Farge (2009) e
Bacellar (2005) no que se refere aos documentos dos arquivos, e Luca (2005) em relação às
pesquisas realizadas em periódicos.
4 Resultados e Discussão
Os resultados desta pesquisa indicaram a existência de um atendimento variado das
escolas isoladas às infâncias paulistas durante as primeiras décadas republicanas. Estas
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escolas atendiam crianças de diferentes grupos étnicos, sociais e econômicos da cidade,
distribuindo-se e disseminando o ensino das primeiras letras em diversas regiões. No entanto,
coube discutir a relação entre estas diferenças e as desigualdades nos atendimentos,
lembrando ainda que um número considerável das crianças da cidade de São Paulo não se
encontrava nas escolas (MOURA, 1999).
5 Considerações Finais
As possibilidades de entendimento propiciadas por esta pesquisa indicaram caminhos
para a identificação e apreensão de algumas dimensões das infâncias paulistas na Primeira
República. Neste sentido, ao identificar e apreender as proximidades e os distanciamentos
entre as infâncias da cidade de São Paulo no período inicial republicano, também ocorreu a
viabilização de uma percepção das desigualdades e do papel do estado na manutenção destas
disparidades, partindo do princípio da distribuição e fornecimento de condições para o devido
funcionamento e aprimoramento dos serviços públicos – seja a providência de serviços
sanitários, comunicação, água, luz, transporte ou educação.
A presença de crianças imigrantes ou filhas de imigrantes apresentam também nuanças
internas das desigualdades que já se apresentavam em suas formas de adentrar ao país, como
nos indica Panizzolo (2020) e prosseguem após o seu estabelecimento, como podemos
identificar na produção literária de Alcântara Machado. A distribuição geográfica também
estava relacionada à propagação das diferenças. As distinções étnicas, econômicas, sociais e
geográficas, embora se façam presentes de forma majoritária, o que pode ser observado tanto
no conto Negrinha de Monteiro Lobato, quanto em trechos de Éramos Seis de Maria José
Dupré, não são definidores absolutos.
A análise das fotografias viabilizou o traçar de imagens de infância em seus diversos
espaços e atuações, tanto quanto os documentos escritos, fossem estes jornais, registros
oficiais ou produções literárias. Neste sentido, as localizações das escolas isoladas e as
imagens e descrições dos bairros da cidade de São Paulo apresentaram crianças em uma
variedade de condições – pobres, privilegiadas, trabalhadoras do comércio e das indústrias, na
rua, nas escolas, brincando, não brincando. Assim sendo, as desiguais realidades que se
apresentavam entre os espaços citadinos, entre suas escolas, também se apresentavam entre as
infâncias paulistas.
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Referências
BACELLAR, C. Uso e Mau Uso dos Arquivos. In: PINSKY, C. B. (Org.). Fontes Históricas.
São Paulo: Contexto, 2005.
FARGE, A. O Sabor do Arquivo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 2009.
LUCA, T. R. de. História dos, nos e por meio dos Periódicos. In: PINSKY, C. Fontes
Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 111-153.