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MERCADOS DE
ENERGIA E EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA
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3 UNIDADE 1 - Introdução
4 UNIDADE 2 - Desafios do Desenvolvimento Sustentável
4 2.1 Os recursos hídricos e a gestão das águas

9 2.2 Energia e desenvolvimento sustentável – breves reflexões

11 2.3 Meio ambiente e sustentabilidade

12 2.4 Sistema de Gestão Ambiental

14 2.5 impactos do setor energético no meio ambiente

16 UNIDADE 3 - Mercados de Energia Elétrica

SUMÁRIO
16 3.1 Contratos de concessão e permissão

16 3.2 Distribuição de energia

17 3.3 Matriz de energia elétrica brasileira

18 3.4 Serviços ancilares

19 3.5 Bandeiras tarifárias

21 3.6 Tarifação do consumidor final


24 UNIDADE 4 - A Eficiência Energética e As Certificações
28 4.1 Cálculo econômico para eficiência operacional

30 4.2 Ações de eficiência energética

48 REFERÊNCIAS
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UNIDADE 1 - Introdução

A busca da construção de um modelo de e para que os temas abordados cheguem


desenvolvimento que possa ser considerado de maneira clara e objetiva, mas não me-
sustentável para a humanidade é um desafio nos científicos. Em segundo lugar, deixa-
enfrentado há algumas décadas. Essa procu- mos claro que este módulo é uma compila-
ra, alicerçada numa visão crítica da organiza- ção das ideias de vários autores, incluindo
ção da sociedade humana e impulsionada por
aqueles que consideramos clássicos, não
diversos problemas de caráter ambiental e
se tratando, portanto, de uma redação ori-
social, como o aquecimento global, a ocorrên-
ginal e tendo em vista o caráter didático da
cia de grandes desastres ecológicos, a exis-
obra, não serão expressas opiniões pesso-
tência de grandes populações vivendo em
condições de profunda pobreza e o caráter ais.
altamente consumista da sociedade atual, Ao final do módulo, além da lista de re-
tem trazido uma crescente conscientização ferências básicas, encontram-se outras
das significativas interferências dos sistemas
que foram ora utilizadas, ora somente con-
humanos sobre os sistemas naturais, com
sultadas, mas que, de todo modo, podem
consequente desequilíbrio e possíveis impac-
servir para sanar lacunas que por ventura
tos irreversíveis sobre os referidos sistemas
venham a surgir ao longo dos estudos.
(ROMÉRO; REIS, 2012, p. 2).

Tem sido “pauta do dia” nos noticiários,


nos debates realizados pelos diversos
meios de comunicação, a polêmica questão
que envolve a geração de energia e uso dos
recursos hídricos, não necessariamente
nessa sequência ou lógica. E nós também
vivenciamos no dia-a-dia a falta de água,
“apagões”, possibilidades de racionamento
de ambos (água e energia).

O mercado de energia elétrica e a busca


pela eficiência energética que envolvem
muito além da redução de custos para os
diversos tipos de organizações, das indus-
triais àquelas que buscam participar do de-
senvolvimento sustentável, também serão
temas contemplados ao longo do módulo.

Ressaltamos em primeiro lugar que em-


bora a escrita acadêmica tenha como pre-
missa ser científica, baseada em normas e
padrões da academia, fugiremos um pouco
às regras para nos aproximarmos de vocês
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UNIDADE 2 - Desafios do Desenvolvimento
Sustentável
2.1 Os recursos hídricos e a é uma ação sem nenhum reação... mas se
pensarmos em termos de Brasil, somos
gestão das águas 200 milhões. Faria diferença sim! Reduzir,
É fato a existência de conflitos pelo uso reciclar e reutilizar são realmente ações
da água entre o setor elétrico e demais para promovem o desenvolvimento sus-
usuários. Uso racional dos recursos natu- tentável.
rais, desenvolvimento econômico, racio-
Vamos focar por ora nos recursos hídri-
namento de água, direitos da população
cos e toda a polêmica que temos cotidiana-
que vive no entorno de possíveis lagos que
mente em torno do seu uso.
farão uma usina hidrelétrica “nascer” são
alguns deles. Vamos basear a unidade em A água é um recurso natural essencial à
documentos oficiais e alguns estudos aca- existência e manutenção da vida, ao bem-
dêmicos que buscam elucidar e defender -estar social e ao desenvolvimento socio-
os interesses coletivos que levam aos con- econômico, assim como tem papel funda-
flitos. mental na produção de energia elétrica.
Ao longo dos últimos meses os noticiá- Por definição, recursos hídricos são as
rios vieram falando em racionamento, em águas superficiais ou subterrâneas dispo-
reservatórios de água muito aquém do níveis para qualquer tipo de uso numa de-
normal, principalmente na região sudeste terminada região e que segundo a Organi-
do Brasil, realmente abaixo de sua capaci- zação das Nações Unidas (ONU) não passa
dade e da necessidade da população. Por de um por cento das águas totais do plane-
outro lado, o sul do país nesse momento so- ta.
fre com as “cheias” e enchentes em vários
pontos, a exemplo do Rio Grande do Sul. As
preocupações “pipocam” de todos os lados,
seja por falta ou excesso de chuvas, esse
é um fato que convivemos anualmente no
Brasil, que nem precisamos lembrar, é um
país de dimensões continentais. De todo
modo, não podemos pensar somente em
curto prazo, pelo contrário, o uso racional
dos recursos hídricos, aliás, não só destes,
mas de todos os recursos que a natureza Vejamos:
nos oferece é tema constante com qual
deveríamos, além de nos preocuparmos, Da água dependem muitas indústrias
agirmos conscientemente. e as culturas agrícolas, a vida dos animais
e das pessoas, o transporte de pessoas,
Alguns pensam que fechar a torneira animais e produtos a depender da região.
ao ensaboar o corpo ou escovar os dentes Resumindo: sem água não haveria vida no
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planeta terra. Meio Ambiente (CONAMA).

Quanto à gestão dos recursos hídricos, Em 1989, foi criado o Instituto Brasileiro
1934 foi o ano que marcou nossa história do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
com a instituição do Código de Águas que Renováveis 1 (IBAMA) para ser o executor
objetivava estabelecer regras de controle da política ambiental.
para o uso e aproveitamento dos recur-
A Constituição Federal, promulgada em
sos hídricos e definir a base para a gestão
1988, deu destaque aos recursos hídricos
pública do setor de saneamento. Quanto
e à outorga, uma vez que o inciso XIX do
à organização institucional do setor públi-
artigo 21º estabelece que compete à União
co, voltado, principalmente, para a explo-
instituir o sistema nacional de gerencia-
ração da água como força hidráulica para
mento de recursos hídricos e definir crité-
geração de energia elétrica, destaca-se a
rios de outorga de direitos de seu uso. O in-
criação do Departamento Nacional de Pro-
ciso VIII do artigo 20º define como bens da
dução Mineral – DNPM e, em seguida, do
União os potenciais de energia hidráulica.
Conselho Nacional de Águas e Energia Elé-
trica – CNAEE. Complementando a Constituição Fede-
ral, em 08/01/1997, foi publicada a Lei nº
A Constituição de 1946 procurou regu-
9.433, também denominada de “Lei das
lamentar a utilização dos recursos natu-
Águas”, que instituiu a Política Nacional de
rais, visando à exploração econômica dos
Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacio-
mesmos, reservando à União a competên-
nal de Gerenciamento de Recursos Hídri-
cia para legislar sobre as águas.
cos. São fundamentos da Política Nacional
Durante a década de 1970, destaca-se de Recursos Hídricos:
a instituição do Plano Nacional de Sane-
I - a água é um bem de domínio público;
amento – PLANASA, com a finalidade de
implantar uma política nacional para provi- II - a água é um recurso natural limitado,
mento de serviços de água e esgotos. dotado de valor econômico;
Ao longo da década de 1980, houve o III - em situações de escassez, o uso
retorno da participação da sociedade nas prioritário dos recursos hídricos é o consu-
questões políticas e socioambientais, por mo humano e a dessedentação de animais;
intermédio das entidades civis. A política
ambiental passou por reestruturações,
IV - a gestão dos recursos hídricos deve
sempre proporcionar o uso múltiplo das
das quais se destaca a Lei nº 6.938, de
31/08/1981, que estabeleceu o Progra- 1- Em 2007, os setores do IBAMA responsáveis pela gestão das
Unidades de Conservação foram separados do órgão, dando
ma Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e a origem ao ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação
constituição do Sistema Nacional de Meio da Biodiversidade, criado dia 28 de agosto de 2007, pela Lei
11.516.
Ambiente (SISNAMA). Tal sistema incluía o Tanto o IBAMA quanto o ICMBio são autarquias vinculadas ao
Ministério do Meio Ambiente e integram o Sistema Nacional
conjunto de instituições governamentais do Meio Ambiente (SISNAMA). O IBAMA é responsável pela
que deveriam se ocupar da proteção e da fiscalização e licenciamento ambiental em âmbito federal,
enquanto o ICMBio é responsável pela gestão das unidades de
gestão da qualidade ambiental, tendo por conservação federais – como Parques Nacionais, Estações Eco-
lógicas, Áreas de Proteção Ambiental, entre outras – atuando
instância superior o Conselho Nacional de também na fiscalização e licenciamento apenas dentro destes
territórios.
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águas; com a finalidade de declarar a disponibi-


lidade de água para os usos requeridos,
V - a bacia hidrográfica é a unidade ter-
observado o disposto no art. 13 da Lei nº
ritorial para implementação da Política
9.433, de 1997.
Nacional de Recursos Hídricos e atuação
do Sistema Nacional de Gerenciamento de § 1º A outorga preventiva não confe-
Recursos Hídricos; re direito de uso de recursos hídricos e se
destina a reservar a vazão passível de ou-
VI - a gestão dos recursos hídricos deve
torga, possibilitando, aos investidores, o
ser descentralizada e contar com a partici-
planejamento de empreendimentos que
pação do Poder Público, dos usuários e das
necessitem desses recursos.
comunidades.
Art. 7º Para licitar a concessão ou auto-
Para viabilizar a implementação da Po-
rizar o uso de potencial de energia hidráu-
lítica Nacional de Recursos Hídricos e a
lica em corpo de água de domínio da União,
coordenação do Sistema Nacional de Ge-
a Agência Nacional de Energia Elétrica –
renciamento de Recursos Hídricos, foi pro-
ANEEL – deverá promover, junto à ANA, a
mulgada a Lei nº 9.984, de 17/07/2000,
prévia obtenção de declaração de reserva
que criou a Agência Nacional de Águas –
de disponibilidade hídrica.
ANA.
§ 2º A declaração de reserva de dispo-
Dentre as suas atribuições, a que per-
nibilidade hídrica será transformada auto-
meia o setor elétrico é aquela descrita no
maticamente, pelo respectivo poder ou-
inciso XII e no parágrafo 3º, qual seja: de-
torgante, em outorga de direito de uso de
finir e fiscalizar as condições de operação
recursos hídricos à instituição ou empresa
de reservatórios por agentes públicos e
que receber da ANEEL a concessão ou a
privados, visando a garantir o uso múltiplo
autorização de uso do potencial de energia
dos recursos hídricos, conforme estabe-
hidráulica.
lecido nos Planos das respectivas bacias
hidrográficas. Para tanto, a definição de Criada em 1996, pela Lei nº 9.427, a
condições de operação de reservatórios de Agência Nacional de Energia Elétrica –
aproveitamentos hidrelétricos será efetu- ANEEL – tem por finalidade regular e fisca-
ada em articulação com o Operador Nacio- lizar a produção, transmissão, distribuição
nal do Sistema Elétrico (ONS). e comercialização de energia elétrica, em
conformidade com as políticas e diretrizes
No artigo 25 está prevista a descentrali-
do governo federal.
zação das atividades de operação e manu-
tenção de reservatórios, canais e adutoras A Lei nº 10.848, de 15/03/2004 que
de domínio da União, excetuada a infraes- dispõe sobre a comercialização de energia
trutura componente do Sistema interliga- elétrica entre concessionários, permissio-
do Brasileiro. No que tange à outorga, os nários e autorizados de serviços e instala-
artigos e parágrafos mais relevantes são: ções de energia elétrica, bem como destes
com seus consumidores, no Sistema Inter-
Art. 6º A ANA poderá emitir outorgas
ligado Nacional (SIN), dar-se-á mediante
preventivas de uso de recursos hídricos,
contratação regulada ou livre, nos termos
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desta Lei e do seu regulamento, o qual, ob- drográficas, sendo os demais usos defini-
servadas as diretrizes estabelecidas nos dos a partir da articulação entre os órgãos
parágrafos deste artigo, deverá dispor so- gestores de recursos hídricos e a ANEEL,
bre: no controle da quantidade de água que
será disponibilizada, desde que não haja
[...]
prejuízo da geração. Isso vai contra os fun-
VIII - mecanismo de realocação de ener- damentos da Política Nacional de Recursos
gia para mitigação do risco hidrológico. Hídricos da Lei nº 9.433, que estabelece
como usos prioritários o consumo humano
Segundo Souza (2004), o ONS gerencia
e a dessedentação de animais. Além disso,
o novo sistema de maneira centralizada,
a outorga visa assegurar o controle quanti-
objetivando o custo mínimo global; as em-
tativo e qualitativo dos usos da água, sen-
presas têm pouca influência nesse proces-
do principalmente condicionada a preser-
so, não havendo oferta de preços, só es-
vação do uso múltiplo.
forços para diminuição de custos.
Por outro lado, o artigo 3º da Lei nº
No que tange a base legal, não está claro
9.648 dá nova redação ao artigo 28º da Lei
que o setor elétrico é mais um usuário no
nº 9.074, que em seu parágrafo 3º estabe-
contexto dos usos múltiplos de recursos
lece:
hídricos. Um fato que revela esta questão
é a revogação do parágrafo único do arti- É vedado (...) estipular, em benefício
go 2º da Lei nº 9.427, que definiu a ANEEL da produção de energia elétrica, qual-
como responsável pela promoção da arti- quer forma de garantia ou prioridade
culação com os Estados e o Distrito Fede- sobre o uso da água da bacia hidrográ-
ral, para o aproveitamento energético dos fica, salvo nas condições definidas em
cursos de água e a compatibilização com a ato conjunto dos Ministros de Estado
política nacional de recursos hídricos. Ou- de Minas e Energia e do Meio Ambiente,
tro exemplo que pode ser citado é o expos- dos Recursos Hídricos e da Amazônia
to no parágrafo 3º do artigo 31: Legal, em articulação com os Governos
dos Estados onde se localiza cada bacia
Os órgãos responsáveis pelo geren-
hidrográfica.
ciamento dos recursos hídricos e a ANE-
EL devem se articular para a outorga de Neste caso, pode-se inferir que o ato
concessão de uso de águas em bacias conjunto previsto seja a declaração de re-
hidrográficas, de que possa resultar a serva de disponibilidade hídrica, tal como
redução da potência firme de poten- definida no artigo 7º e no parágrafo 2º da
ciais hidráulicos, especialmente os que Lei nº 9.984, de criação da ANA:
se encontrem em operação, com obras
iniciadas ou por iniciar, mas já concedi- Para licitar a concessão ou autorizar o uso
das. de potencial de energia hidráulica em corpo
de água de domínio da União, a Agência Na-
Uma possível interpretação conduz ao cional de Energia Elétrica – ANEEL deverá
entendimento de que os aproveitamentos promover, junto à ANA, a prévia obtenção
hidráulicos são prioritários nas bacias hi- de declaração de reserva de disponibilidade
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hídrica. Não há dúvidas de que o desenvolvimen-


to socioeconômico está cada vez mais ba-
A declaração de reserva de disponibilida-
seado no uso intensivo de energia. Consta-
de hídrica será transformada automatica-
ta-se uma crescente demanda por energia
mente, pelo respectivo poder outorgante,
elétrica no mundo, bem como a importância
em outorga de direito de uso de recursos
dessa expansão para o desenvolvimento
hídricos à instituição ou empresa que rece-
das nações e para a melhoria dos padrões
ber da ANEEL a concessão ou a autorização
de vida. De acordo com o Departamento de
de uso do potencial de energia hidráulica
Energia – DOE – dos EUA, o consumo de ele-
(BRASIL, 2006; HORA, 2011).
tricidade praticamente irá dobrar até o ano
Segundo o Ministério de Meio Ambien- de 2025.
te, o setor elétrico historicamente tem se
A hidroeletricidade e outras fontes re-
destacado no processo de exploração dos
nováveis deverão aumentar a uma taxa de
recursos hídricos nacionais, em função da
1,9% ao ano até 2025. O crescimento será
implantação e operação de usinas hidrelé-
maior nas economias emergentes onde é
tricas, que têm contribuído para o desen-
esperado um aumento do consumo em tor-
volvimento do país. A Política Nacional de
no de 4% ao ano. Diversos estudos com-
Recursos Hídricos estabelece uma relação
provam o papel essencial da eletrificação
de igualdade entre os usuários e critérios
no desenvolvimento econômico social no
para a priorização de usos que trazem reba-
mundo todo.
timentos para o planejamento e para a ope-
ração desse setor. (BRASIL, 2006). Existem evidências estatísticas que com-
provam que o consumo de eletricidade está
O aproveitamento dos potenciais hidrelé-
fortemente correlacionado com a riqueza,
tricos está sujeito à outorga de direitos de
ao mesmo tempo em que a dificuldade de
uso dos recursos hídricos pelo Poder Públi-
acesso à energia elétrica apresenta forte
co (inciso IV, Art. 12 da Lei nº 9.433/1997),
correlação com o número de pessoas que
estando essa outorga subordinada ao Pla-
vivem com menos de US$ 2 por dia. A elas-
no Nacional de Recursos Hídricos (§ 2º, Art.
ticidade da capacidade de geração elétrica
12 da Lei n. 9.433/1997) aprovado em 30
em relação ao PIB nos países em desen-
de janeiro de 2006 pelo Conselho Nacional
volvimento está em torno de 1,4 (BRASIL,
de Recursos Hídricos (Resolução CNRH nº
2006).
58). Assim, um dos desafios para a expan-
são da oferta de energia elétrica, baseada Se por um lado os projetos hidrelétricos
na hidroeletricidade nos próximos anos, é a contribuem positivamente para a equidade
incorporação, no seu processo de planeja- entre as gerações atuais e futuras, por usa-
mento, dos princípios da Política das Águas rem uma fonte renovável e limpa, por outro
e a articulação com o planejamento dos de- lado, também contribuem negativamente
mais setores usuários dos recursos hídri- para a equidade entre diferentes grupos
cos, contribuindo para a gestão equilibrada e indivíduos e entre comunidades locais e
e integrada dos recursos naturais na bacia regionais, pois estes são afetados distinta-
hidrográfica (BRASIL, 2006). mente por tais projetos.
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Não se pode ignorar os impactos bastan- mento sustentável – breves


tes significativos causados por alguns em-
preendimentos hidrelétricos, tanto em ter- reflexões
mos da sustentabilidade dos ecossistemas Roméro e Reis (2012) ponderam que um
quanto da sustentabilidade social. modelo de desenvolvimento passível de ser
sustentável deve ser capaz não só de contri-
Alguns defendem que a utilização dos
buir para superar os atuais problemas, mas,
recursos hídricos pelo setor agrícola de irri-
também, de garantir a própria vida por meio
gação comanda um valor econômico para a
da proteção e manutenção dos sistemas na-
sociedade bem maior que o valor propiciado
turais que o tomam possível. Os objetivos
pela geração de energia elétrica, fazendo
implicam a necessidade de profundas mu-
valor o princípio dos usos múltiplos, como
danças nos atuais sistemas de produção, de
demonstra estudos de Carrera-Fernandez
organização da sociedade humana e de utili-
(2001).
zação de recursos naturais essenciais à vida
Outros estudos apoiam que uma hidrelé- no planeta.
trica seja aproveitada de forma diferencia-
Na linha do tempo, a discussão global do
da, atendendo à demanda da sua bacia e
modelo sustentável de desenvolvimento
não somente pela demanda energética do
iniciou-se na Conferência de Estocolmo (Uni-
sistema interligado a ela.
ted Nations Conference on the Human Envi-
Concordamos com Tundisi (2008), ao in- ronment), realizada em 1972, e continua em
ferir que o gerenciamento integrado, predi- nossos dias, num cenário cada vez mais am-
tivo com alternativas e otimização de usos plo e participativo, catalisado pelo processo
múltiplos deve ser implantado no nível de de globalização que, por si próprio, é também
bacias hidrográficas com a finalidade de um desafio ao desenvolvimento sustentá-
descentralizar o gerenciamento e dar opor- vel.
tunidades de participação de usuários, se-
Não vamos estender essa linha do tem-
tor público e privado, bem como educação
po, mas é importante, contudo, citar que, ao
da comunidade em todos os níveis e prepa-
longo dessa trajetória, foram propostas di-
ração de gestores com novas abordagens, é
versas conceituações, com maior ou menor
outro necessário desenvolvimento da ges-
complexidade, sobre o que seria desenvol-
tão de recursos hídricos no século XXI.
vimento sustentável. Em consequência de
Enfim, os interesses e objetivos dos mais sua simplicidade, ressalta-se aqui o concei-
variados setores da sociedade civil são re- to apresentado no relatório Nosso Futuro
almente diferentes, mas acreditamos que Comum (Our Common Future, 1987), como
as discussões sobre o uso dos recursos hí- resultado do trabalho da Comissão Mundial
dricos/elétricos são necessárias e salutares para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
uma vez que não há como fugirmos de sua (World Commission on Environment and De-
importância não só para o desenvolvimento velopment): “Modelo de desenvolvimento
como para a sobrevivência da população. que satisfaz as necessidades das gerações
presentes sem afetar a capacidade de ge-
2.2 Energia e desenvolvi- rações futuras de, também, satisfazer suas
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próprias necessidades”. dentre os quais se destaca a grande impor-


tância do setor energético, o qual forma com
Na busca por um modelo de desenvolvi-
os setores de águas e saneamento, de trans-
mento que se configure como sustentável,
portes e de telecomunicações, assim como
podem-se distinguir diversas ações em nível
com as edificações e o ambiente construído,
global e local, e em diferentes patamares,
a infraestrutura básica para qualquer modelo
que vão desde discussões de caráter con-
de desenvolvimento que possa ser pensado
ceitual e teórico até a implantação prática de
atualmente para a humanidade. Importância
atividades, de certa forma, orientadas pelo
que é ainda mais ressaltada quando se veri-
que se entende por sustentabilidade.
fica a sinergia existente entre a energia e os
Vários são os motivos dessa grande demais setores da infraestrutura citados, e
diversidade de ações, ressaltando-se que se estende para a eficiência energética
dentre eles: (que veremos ao final do módulo).

interesses econômicos e políticos de Um aspecto fundamental da implanta-


momento; ção de uma estratégia de desenvolvimento
baseada na sustentabilidade (em um mode-
a perversa distribuição da riqueza entre lo sustentável de desenvolvimento) é que
as nações e suas classes sociais; o novo paradigma deve englobar, de forma
o ceticismo sobre as consequências ne- integrada, as dimensões políticas, econô-
fastas da continuidade do modelo atual de micas, sociais, tecnológicas e ambientais, e
desenvolvimento; orientar-se pela procura de soluções de ca-
ráter amplo para o desenvolvimento das po-
o grande crescimento populacional; pulações mundiais (ROMÉRO; REIS, 2012).
a cultura mundial voltada ao consumo e As discussões globais também demons-
o crescente individualismo. traram que problemas ambientais estão di-
Tudo isso em um ambiente cada vez mais retamente relacionados aos da pobreza e
participativo e fragmentado ao mesmo tem- do atendimento às necessidades básicas de
po, fruto da globalização. alimentação, saúde e moradia, problemas
esses englobados no conceito de equida-
As forças opostas que se contrapõem a de, que, atualmente, é parte inseparável do
cada um desses motivos acabam por criar modelo de desenvolvimento sustentável.
um cenário nebuloso, no qual se torna difícil Equidade que, no cenário energético, pode
distinguir não somente as tendências de cur- ser ilustrada por dois requisitos básicos res-
to e médio prazo, mas principalmente as de saltados: a universalização do atendimento
longo prazo, isto é, aquelas que mais teriam a energético e o direito a uma quantidade mí-
ver com o conceito de sustentabilidade como nima de energia que garanta o atendimento
algo que pode ser sustentado pela socieda- das necessidades básicas de cada ser huma-
de humana ao longo de gerações em sua in- no.
teração com o planeta.
Nesse cenário, será preciso incorporar
De qualquer forma, é possível distinguir o contexto ecológico tanto na sociedade
alguns aspectos consensuais nesse cenário, moderna global quanto em sociedades pe-
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riféricas nas quais formas tradicionais de dade às mudanças que levarão ao desenvol-
produção e cultura ainda predominam. Será vimento sustentável.
preciso considerar as diferenças temporais
necessárias para a percepção e efetiva ocor- 2.3 Meio ambiente e susten-
rência de transformações nas diferentes or-
ganizações sociais, uma vez que essa multi-
tabilidade
plicidade sugere diversas respostas para os Quando se fala em meio ambiente, a pri-
problemas de sustentabilidade de acordo meira ideia que vem à mente é relacionada
com cada contexto, ressaltando a importân- com a natureza, plantas e animais, contudo,
cia da integração entre soluções locais e uma na realidade, o meio ambiente é mais amplo
solução global. e complexo, podendo ser rural ou urbano,
incluindo até mesmo conjuntos arquitetôni-
Dentro dessa visão, ressaltam os auto- cos, ruas, praças, etc.
res, um sistema baseado no uso racional de
recursos renováveis, na reciclagem de mate- De acordo com o art. 3º, I, da Lei nº
riais, na distribuição justa dos recursos natu- 6.938/81, o meio ambiente é “o conjunto de
rais e no respeito a todas as formas de vida condições, leis, influências, alterações e in-
da terra oferece uma solução com equilíbrio terações de ordem física, química e biológica,
dinâmico e harmônico entre o ser humano e que permite, abriga e rege a vida em todas as
a natureza. suas formas”.

Essas características gerais são necessá- Com base na Constituição Federal de


rias ao novo paradigma, e deverão orientar 1988, passou-se a entender também que
a busca de soluções e políticas energéticas o meio ambiente divide-se em físico ou na-
para o desenvolvimento sustentável. Pro- tural, cultural, artificial e do trabalho, assim
dução, transporte e uso de energia devem conceituados:
ser repensados e o planejamento energéti- meio ambiente natural – formado
co deve ser reavaliado de forma a incorporar pelo solo, a água, o ar, flora, fauna e todos
novas tecnologias e métodos, práticas de os demais elementos naturais responsáveis
gerenciamento, hábitos de uso e envolvi- pelo equilíbrio dinâmico entre os seres vivos
mento da população. Além disso, as escolhas e o meio em que vivem (CF, 1988, art. 225,
que se apresentam devem ser viabilizadas caput e § 1º);
de acordo com a realidade e o grau de desen-
volvimento de cada país e em cada contexto, meio ambiente cultural – aquele
os quais determinam a capacidade de orga- composto pelo patrimônio histórico, artísti-
nização institucional e absorção tecnológica, co, arqueológico, paisagístico, turístico, cien-
social e política. tífico e pelas sínteses culturais que integram
o universo das práticas sociais das relações
A sustentabilidade se configura como um de intercâmbio entre homem e natureza (CF,
processo dinâmico que virá requerer moni- 1988, art. 215 e 216);
toração e reavaliação continuadas. A ques-
tão, portanto, é encontrar os caminhos apro- meio ambiente artificial – é constitu-
priados dentro de cada contexto específico e ído pelo conjunto e edificações, equipamen-
construir uma base sólida para dar continui- tos, rodovias e demais elementos que for-
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mam o espaço urbano construído (CF, 1988, Com relação ao meio ambiente, o setor
art. 21, XX, 182 e segs., art. 225); energético produz impactos ambientais em
toda sua cadeia de desenvolvimento, desde
meio ambiente do trabalho – é inte-
a captura de recursos naturais básicos para
grado pelo conjunto de bens, meios e
seus processos de produção até seus usos
instrumentos, de natureza material e finais por diversos tipos de consumidores.
imaterial, em face dos quais o ser humano
Ao final da unidade listaremos, do ponto
exerce as atividades laborais (CF, 1988, art.
de vista global, a participação significativa da
200, VIII).
energia nos principais problemas ambientais
preservação ambiental – como o da atualidade.
próprio nome já sugestiona, é o ato de pro-
teção contra algum dano. “É a ação de pro- 2.4 Sistema de Gestão Am-
teger contra a destruição e qualquer forma
de dano ou degradação de um ecossistema,
biental
uma área geográfica ou espécies animais e No dicionário eletrônico da língua portu-
vegetais ameaçados de extinção”. guês (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,
1986), gestão é o ato de gerir, administrar,
degradação Ambiental, ao contrário, gerenciar. Transportando e relacionando o
é toda alteração adversa das características conceito com as questões do meio ambien-
qualitativas do meio ambiente. te, podemos inferir que Gestão Ambiental é
a administração do exercício de atividades
De modo geral, as empresas são respon-
econômicas e sociais de forma a utilizar de
sáveis por gerar impactos na natureza em
maneira racional os recursos naturais, reno-
suas principais áreas (água, energia, recur-
váveis ou não.
sos naturais variados e geração de resíduos).
Independente do seu porte, toda empresa A gestão ambiental deve visar o uso de
deve estar focada na prática da responsa- práticas que garantam a conservação e pre-
bilidade social e ambiental (como já falamos servação da biodiversidade, a reciclagem
anteriormente), para diminuir e prevenir das matérias-primas e a redução do impac-
efetivamente os impactos que possa causar, to ambiental das atividades humanas sobre
dessa forma contribuindo ativamente para a os recursos naturais. Fazem parte também
preservação do planeta. do arcabouço de conhecimentos associados
à gestão ambiental técnicas para a recupe-
Voltando a focar a energia, há uma gran-
ração de áreas degradadas, técnicas de re-
de discussão sobre a relação entre energia e
florestamento, métodos para a exploração
desenvolvimento, enfocando, dentre outros
sustentável de recursos naturais, e o estudo
aspectos, a disparidade entre os cenários
de riscos e impactos ambientais para a ava-
energéticos nacionais e regionais, a exten-
liação de novos empreendimentos ou am-
são do atendimento energético a cada ser
pliação de atividades produtivas.
humano (universalização do atendimento), a
oferta de energia necessária ao atendimen- A prática da gestão ambiental introduz
to das necessidades básicas e a questão da a variável ambiental no planejamento em-
equidade. presarial, e quando bem aplicada, permite
13

a redução de custos diretos – pela diminui- a política e serve, inclusive, para explicitá-la.
ção do desperdício de matérias-primas e
f) Sistema organizacional – é um siste-
de recursos cada vez mais escassos e mais
ma no qual as relações entre pessoas predo-
dispendiosos, como água e energia – e de
minam sobre as relações entre equipamen-
custos indiretos – representados por san-
tos.
ções e indenizações relacionadas a danos ao
meio ambiente ou à saúde de funcionários e g) Sistema operacional – é um sistema
da população de comunidades que tenham no qual as relações entre equipamentos pre-
proximidade geográfica com as unidades de dominam sobre as relações entre pessoas.
produção da empresa. Por extensão, é operacional o sistema que,
mesmo apresentando intensa rede de rela-
Uma vez que gestão é o ato de coordenar
ções pessoais, apresente características re-
esforços de pessoas para atingir os objetivos
petitivas e mecânicas de trabalho.
da organização, devemos primar por uma
gestão eficiente e eficaz, realizada de modo h) Programa – é um conjunto de ações
que as necessidades e os objetivos das pes- desenvolvidas dentro de determinado cam-
soas sejam consistentes e complementares po de ação. Promove a evolução da organiza-
aos objetivos da organização a que estão ção rumo aos objetivos. São constituídos por
vinculadas (CARDELLA, 1999). objetivos específicos, diretrizes, estratégias,
metas, projetos, atividades e planos de ação.
Sistema de gestão pode ser definido en-
tão como um conjunto de instrumentos in- i) Meta – é um ponto intermediário na tra-
ter-relacionados, interatuantes e interde- jetória que leva ao objetivo.
pendentes de que uma organização faz uso
para planejar, operar e controlar suas ativida-
j) Projeto – é a menor unidade de ação ou
atividade que se pode planejar e avaliar em
des com o intuito de alcançar seus objetivos.
separado e, administrativamente, implantar.
Cardella (1999) define como instru- Tem característica não repetitiva de traba-
mentos do sistema de gestão: lho.

a) Princípio – é a base sobre a qual o sis- k) Atividade – é um conjunto de ações


tema de gestão é construído. Resulta da filo- com características repetitivas, utilizadas
sofia, do paradigma dominante. para atingir e/ou manter metas e objetivos.

b) Objetivo – é um estado futuro que se l) Método – é um caminho geral para re-


deseja atingir. solver problemas.

c) Estratégia – é um caminho para atingir m) Norma – é um conjunto de regras


o objetivo. obrigatórias que disciplinam uma atividade.

d) Política – é uma regra ou conjunto de n) Regra – é uma restrição imposta a pro-


regras comportamentais. cedimentos, processos, operações ou equi-
pamentos.
e) Diretriz – é uma orientação. Pode res-
tringir os caminhos possíveis ou dar indica- o) Procedimento – é a descrição detalha-
ções de caráter geral. É mais específica que da de um processo que se realiza em batela-
14

das. Pode ser organizacional ou operacional. enunciado se realize.

Cabe a cada organização adotar um siste- Uma boa gestão leva à proteção do meio
ma de gestão escolhido entre os disponíveis ambiente, dever de todos e de cada um dos
ou criar um próprio, de acordo com suas ne- seres que habita este planeta e neste con-
cessidades e especificidades. texto, vários são os programas que você
poderá aplicar no ambiente organizacional,
Para Arantes (1994 apud ARAÚJO, 2002),
dentro de sua formação que é multidiscipli-
as empresas têm um papel claro a desempe-
nar.
nhar perante a sociedade: prover produtos
de valor (utilidades) que irão satisfazer às
necessidades de um grupo representativo
2.5 impactos do setor ener-
de pessoas (clientes), praticando padrões de gético no meio ambiente
comportamento (conduta) aceitos pela so- a) Poluição do ar urbano:
ciedade. Além desse papel, as empresas têm
obrigações internas a cumprir: satisfazer as A poluição é um dos problemas atuais
expectativas de seus empreendedores e co- mais visíveis. Grande parte da
laboradores (realizações) e ter um compor- poluição, amplamente relacionada ao uso
tamento (conduta) coerente com suas con- de energia, deve-se ao transporte e à produ-
vicções, crenças e valores, portanto, Sistema ção industrial. A produção de eletricidade a
de Gestão é um conjunto, em qualquer nível partir de combustíveis fósseis é uma fonte
de complexidade, de pessoas, recursos, po- de emissão de óxido de enxofre (SOx), óxi-
líticas e procedimentos. Esses componentes dos de nitrogênio (NOx), dióxido de carbono
interagem de um modo organizado para as- (C02), metano (CH4), monóxido de carbono
segurar que uma dada tarefa seja realizada, (CO) e partículas, em quantidades que de-
ou para alcançar ou manter um resultado es- pendem de características específicas de
pecífico. cada usina e do tipo de combustível utilizado
Um Sistema de Gestão é uma estrutura (gás natural, carvão, óleo, madeira, energia
organizacional composta de responsabilida- nuclear etc.). Há também a ocorrência de po-
des, processos e recursos capazes de imple- luição de interiores (locais fechados) devida
mentar tal gestão, de forma que seu objeto a emissões de CO durante atividades domés-
seja eficazmente operacionalizado por to- ticas com uso de determinadas fontes ener-
dos os gestores de pessoas e contratos da géticas, principalmente em áreas rurais.
empresa, vindo a fazer parte da cultura e dos b) Chuva ácida:
valores dessa organização (DE CICCO; FAN-
TAZZINI, 1991). Resulta do efeito da poluição; é causada
por reações ocorridas na atmosfera com o
Enfim, como pondera Araújo (2002), os dióxido de enxofre (SO2) e os óxidos de ni-
sistemas de gestão se mostram como forma trogênio (NOx), que levam à concentração
eficiente de se implementar ideias, ou seja, de ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico
novos valores culturais às empresas, permi- (HNO3) na chuva. Esses ácidos têm efei-
tindo que ações efetivas venham a ocorrer, tos bastante negativos na vegetação e nos
mudanças se operem e o projeto corporativo ecossistemas. A geração de energia elétrica
15

a partir do carvão mineral, por exemplo, é um grande participação de fontes renováveis, a


dos grandes causadores de chuva ácida no grande ocorrência de queimadas, principal-
mundo. mente nas regiões centro-oeste e norte, faz
com que o país se situe em quarto lugar den-
c) Efeito estufa e mudanças climáti-
tre as nações que contribuem para o aqueci-
cas:
mento global;
São problemas que estão em grande evi-
a degradação da terra em áreas áridas,
dência em todo o mundo há algumas déca-
semiáridas e subúmidas secas, em virtude
das e, por isso, têm tido maior destaque em
do impacto humano adverso relacionado
discussões sobre os impactos dos padrões
a cultivo e práticas agrícolas inadequadas,
energéticos, embora façam parte de um con-
bem como com o desflorestamento, que tem
junto maior de problemas. Os problemas re-
influência no aquecimento global, visto que
lacionados ao efeito estufa, cerne do aque-
as florestas concentram grande poder de
cimento global, devem-se à modificação na
absorção dos gases-estufa.
intensidade da radiação térmica emitida pela
superfície da Terra em razão do aumento da e) Degradação marinha e costeira:
concentração dos gases-estufa na atmosfe-
Essa degradação, bem como a de lagos e
ra.
rios, vem principalmente de materiais po-
Acredita-se que esse aumento de con- luentes descarregados nos cursos de água e
centração tenha origem principalmente nas na atmosfera, os quais são responsáveis por
ações antropogênicas relacionadas com ati- cerca de 75% de todo o problema. O restan-
vidades industriais e produção de energia. O te vem da navegação, da mineração e da pro-
CO2 é o mais significativo e preocupante en- dução de petróleo.
tre os gases emitidos por essas ações causa-
das pelas quantidades e pela longa duração
f) Alagamento:
de seus efeitos na atmosfera. Suas emissões O alagamento ou a perda de área de ter-
estão ligadas principalmente ao uso de com- ras produtivas ou de valor histórico, cultural
bustíveis fósseis. Outros gases são o CH4 e biológico estão relacionados principalmen-
(cujo impacto unitário é maior que o do CO2, te com o desenvolvimento de barragens e
mas a produção é muito menor), o óxido ni- reservatórios, os quais, muitas vezes, são
troso (N2O) e os clorofluorcarbonetos. criados para a geração de eletricidade. Hi-
d) Desflorestamento e desertificação: drelétricas inundam áreas de terra e trazem
problemas sociais relacionados com reas-
São fenômenos que se relacionam sentamento de populações.
respectivamente com:
g) Contaminação radioativa:
a destruição de florestas causada pela
Está associada à energia nuclear e à dis-
poluição do ar, urbanização, queima associa-
posição de resíduos dos reatores nucleares
da à expansão da agricultura e pecuária, ex-
(ROMÉRO; REIS, 2012).
ploração de produtos florestais e regenera-
ção inadequada. Nesse contexto, embora o
Brasil apresente uma matriz energética com
16

UNIDADE 3 - Mercados de Energia Elétrica

3.1 Contratos de concessão 9.074/95 (ANEEL, 2014).

e permissão 3.2 Distribuição de energia


Os contratos de concessão assinados Segundo a ANEEL (2014), o segmen-
entre a Agência Nacional de Energia Elé- to de distribuição se caracteriza como o
trica e as empresas prestadoras dos ser- segmento do setor elétrico dedicado à
viços de transmissão e distribuição de entrega de energia elétrica para um usu-
energia estabelecem regras claras a res- ário final. Como regra geral, o sistema de
peito de tarifa, regularidade, continui- distribuição pode ser considerado como o
dade, segurança, atualidade e qualidade conjunto de instalações e equipamentos
dos serviços e do atendimento prestado elétricos que operam, geralmente, em
aos consumidores. Da mesma forma, de- tensões inferiores a 230 kV, incluindo os
fine penalidades para os casos em que a sistemas de baixa tensão.
fiscalização da ANEEL constatar irregula-
ridades. Atualmente, o Brasil possui 63 conces-
sionárias do serviço público de distribui-
Os novos contratos de concessão de ção de energia elétrica, além de um con-
distribuição priorizam o atendimento junto de permissionárias (cooperativas
abrangente do mercado, sem que haja de eletrificação rural que passaram pelo
qualquer exclusão das populações de processo de enquadramento como per-
baixa renda e das áreas de menor densi- missionária de serviço público de distri-
dade populacional. Prevê ainda o incenti- buição de energia elétrica).
vo à implantação de medidas de combate
ao desperdício de energia e de ações re- A geração distribuída de pequeno
lacionadas às pesquisas voltadas para o porte (classificada como micro ou mini-
setor elétrico. geração distribuída) pode participar do
Sistema de Compensação de Energia re-
A concessão para operar o sistema de gulamentado pela Resolução Normativa
transmissão é firmada em contrato com ANEEL nº 482/2012.
duração de 30 anos. As cláusulas estabe-
lecem que, quanto mais eficiente as em- Esse sistema é conhecido internacio-
presas forem na manutenção e na ope- nalmente pelo termo em inglês “net me-
ração das instalações de transmissão, tering”. Nele, um consumidor de energia
evitando desligamentos por qualquer ra- elétrica instala pequenos geradores em
zão, melhor será a sua receita. sua unidade consumidora (como, por
exemplo, painéis solares fotovoltaicos
As novas concessões de geração, por ou pequenas turbinas eólicas) e a ener-
sua vez, são outorgadas mediante proce- gia gerada é usada para abater o consu-
dimento licitatório por até 35 anos, não mo de energia elétrica da unidade. Nos
havendo previsão de prorrogação con- meses em que a quantidade de energia
forme estabelece as Leis nº 8.987/95 e gerada for maior que o consumo, o saldo
17

positivo poderá ser utilizado para abater Abaixo temos a matriz de energia elé-
o consumo em outro posto tarifário, em trica atualizada em 02/02/2014.
outra unidade consumidora (desde que
as duas unidades estejam na mesma área
de concessão e sejam do mesmo titular)
ou ainda na fatura do mês subsequente.
Vale lembrar que os créditos de energia
gerados continuam válidos por 36 meses.

As distribuidoras são avaliadas em


diversos aspectos no fornecimento de
energia elétrica. Entre eles, está a quali-
dade do serviço e do produto oferecidos
aos consumidores.

A qualidade dos serviços prestados


compreende a avaliação das interrup-
ções no fornecimento de energia elétri-
ca. Destacam-se no aspecto da qualidade
do serviço os indicadores de continuida-
de coletivos, DEC e FEC 2, e os indicado-
res de continuidade individuais DIC, FIC e
DMIC 3 .

A qualidade do produto avalia a confor-


midade de tensão em regime permanen-
te e as perturbações na forma de onda
de tensão. Destacam-se neste quesito
os indicadores coletivos DRPe e DRCe 4,
obtidos a partir da campanha de medição
Fonte: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capaci-
amostral instituída pela ANEEL.
dadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.asp

3.3 Matriz de energia elétri-


ca brasileira
2 -DEC (duração equivalente de continuidade) mede o tempo
que um grupo de consumidores ficou sem energia e o FEC
(frequência equivalente de continuidade) indica a quantidade
O Brasil possui um total aproximado de de vezes que ocorreu interrupção no fornecimento.
3.040 empreendimentos em operação, 3 - DIC (Duração de Interrupção Individual por Unidade
totalizando 126.567.082 kW de potência Consumidora) e FIC (Frequência de Interrupção Individual
por Unidade Consumidora), que medem, respectivamente,
instalada. a duração e a frequência das interrupções do fornecimento
de energia em cada unidade consumidora. DMIC (Duração
Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora),
Está prevista para os próximos anos que registra o tempo máximo que uma unidade consumidora
uma adição de 35.948.322 kW na capa- permaneceu sem energia no intervalo de tempo de apuração.
Esses números são detalhados pelas distribuidoras na fatura
cidade de geração do País, proveniente mensal de seus consumidores.
dos 148 empreendimentos, atualmente 4 - Indicadores coletivos que expressam a média dos indicado-
em construção, e mais 544 outorgadas. res individuais DRP e DRC.
18

Tipos de Usinas:
UHE - Usinas Hidrelétricas (Caracte- definição deveria contemplar seu aspec-
rizada por possuir potência instalada su- to semântico e os aspectos mais gerais
perior a 30 MW); do espírito da lei, tais como diminuir a ne-
cessidade de investimentos e melhorar a
UTE - Usinas Termelétricas;
qualidade dos serviços, contribuindo para
PCH - Pequenas Centrais Hidrelétri- a modicidade tarifária.
cas (Caracterizada por possuir potência
No aspecto semântico vale lembrar que
instalada entre 1MW e 30MW);
o adjetivo está em desuso na língua portu-
EOL - Usinas Eolioelétricas; guesa há bastante tempo sendo seu signi-
ficado, segundo Aurélio:
UTN - Usinas Termonucleares;
“Ancilar. [Do lat. ancillare.] Adj. 2 g. 1.
SOL - Fontes Alternativas de Ener- Relativo a ou próprio da ancila 2. Auxiliar,
gia;
subsidiário”.
CGH - Central Geradora Hidrelétrica Serviços ancilares são aqueles que com-
(unidade geradora de energia com poten-
plementam os serviços principais que, na
cial hidráulico igual ou inferior a 1 MW (um
segmentação brasileira, são caracteriza-
megawatt), normalmente com barragem
dos pela geração, transmissão, distribui-
somente de desvio, em rio com acidente
ção e comercialização. Estes serviços, em
natural que impede a subida de peixes).
um sistema integrado como o brasileiro,
se caracterizam por relações causa-efeito
3.4 Serviços ancilares que afetam os sistemas como um todo e
A expressão “serviço ancilar” foi empre- que ultrapassam as fronteiras da área de
gada na Lei nº 9.648/98 (Art. 13, Parágra- abrangência das empresas e/ou dos servi-
fo único, “d” e Art. 14, § 1º, “d”) sem uma ços principais.
definição explícita do seu significado. Tal
Para que possam ser definidos como
19

serviços e que sejam estabelecidas formas serviços que contribuem para segurança
de remuneração do agente responsável, confiabilidade e qualidade do suprimento
no entanto, é preciso que ela seja mensu- de energia elétrica, tornando-os impres-
rável (INEE, 2006). cindíveis à operação eficiente do sistema
elétrico em um ambiente de mercado.
Souza (2006) explica de maneira bem
didática o que vem a ser os serviços anci- No Brasil, os Serviços Ancilares de gera-
lares: ção e transmissão foram definidos em 10
de junho de 2003, através da Resolução
As mudanças estruturais nas empresas
nº 265 publicada pela Agencia Nacional de
de energia elétrica, decorrentes do pro-
Energia Elétrica – ANEEL. Embora tenha
cesso de desverticalização, resultaram
ocorrido tal definição, regras para remune-
na separação das atividades de geração,
ração da prestação destes serviços foram
transmissão e distribuição de energia elé-
propostas apenas para o Serviço Ancilar
trica.
prestado pelo gerador quando o mesmo
Com o processo de desverticalização trabalha como compensador síncrono, ou
surge a necessidade de repartição dos seja, os geradores que produzem apenas
custos de operação, de maneira que os potência reativa (capacitativa ou indutiva).
agentes envolvidos sejam remunerados
Outro exemplo de serviço ancilar seria o
adequadamente e que as restrições do sis-
autorrestabelecimento (black start).
tema sejam atendidas, viabilizando as ope-
rações de mercado.
3.5 Bandeiras tarifárias
Para que o processo de repartição dos A partir de 2015, as contas de energia
custos ocorra com o máximo de eficiência terão uma novidade: o Sistema de Bandei-
possível, há a necessidade de definir os di- ras Tarifárias. As bandeiras verde, amarela
ferentes tipos de serviços prestados com o e vermelha indicarão se a energia custará
objetivo de conhecê-los, organizá-los por mais ou menos, em função das condições
função e definir metodologias para identi- de geração de eletricidade.
ficação dos envolvidos no fornecimento e
recebimento destes serviços. Bandeira verde: condições favorá-
veis de geração de energia. A tarifa não so-
Definidos os envolvidos no fornecimen- fre nenhum acréscimo.
to e recebimento dos serviços prestados,
o próximo passo é definir métodos de re- Bandeira amarela: condições de
muneração destes serviços, sem que haja geração menos favoráveis. A tarifa sofre
subsídios cruzados e sem perder de vista acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 qui-
os estímulos necessários à expansão do lowatt-hora (kWh) consumidos.
sistema. Bandeira vermelha: condições mais
Uma classe de serviços melhor definida custosas de geração. A tarifa sobre acrés-
após o processo de reestruturação do se- cimo de R$ 3,00 para cada 100 kWh consu-
tor elétrico é a dos Serviços Ancilares. Os midos.
Serviços Ancilares são definidos como os Para facilitar a compreensão das ban-
20

deiras tarifárias, 2013 e 2014 serão Anos


Testes. Em caráter educativo, a ANEEL di-
vulga mês a mês as bandeiras que estariam
em funcionamento. Consulte a seguir quais
bandeiras estariam valendo agora em cada
um dos subsistemas que compõem o Siste-
ma Interligado Nacional (SIN).

Acionamento das bandei-


ras tarifárias

Importante: Amazonas, Amapá e Roraima não estão


no SIN e, portanto, nesses estados não funcionará o sis-
tema de Bandeiras Tarifárias.

Conforme explicações da ANEEL, a


energia elétrica no Brasil é gerada, predo-
Além disso, as distribuidoras de ener- minantemente, por usinas hidrelétricas.
gia divulgarão, na conta de energia, a si- Para estas funcionarem, elas dependem
mulação da aplicação das bandeiras para das chuvas e do nível de água nos reserva-
o subsistema de sua região. O consumidor tórios.
poderá compreender então qual bandeira Quando há pouca água armazenada, usi-
estaria valendo no mês atual, se as bandei- nas termelétricas podem ser ligadas com a
ras tarifárias já estivessem em funciona- finalidade de poupar água nos reservató-
mento. rios das usinas hidrelétricas. Com isso, o
Abaixo temos os subsistemas e seus custo de geração aumenta, pois essas usi-
estados pertencentes: nas são movidas a combustíveis como gás
natural, carvão, óleo combustível e diesel.
subsistema Sudeste/Centro-Oeste Por outro lado, quando há muita água ar-
(SE/CO) – regiões sudeste e centro-oeste, mazenada, as térmicas não precisam ser
Acre e Rondônia; ligadas e o custo de geração é menor.
subsistema Sul (S) – região Sul; As bandeiras tarifárias são uma for-
ma diferente de apresentar um custo que
subsistema Nordeste (NE) – região
hoje já está na conta de energia, mas ge-
nordeste, exceto o Maranhão;
ralmente passa despercebido. Atualmen-
subsistema Norte (N) – Pará, Tocan- te, os custos com compra de energia pelas
tins e Maranhão. distribuidoras são incluídos no cálculo de
reajuste das tarifas dessas distribuidoras
e são repassados aos consumidores um
21

ano depois de ocorridos, quando a tarifa reais por quilowatt-hora (R$/kWh). Esse
reajustada passa a valer. Com as bandei- valor, ao ser multiplicado pela quantidade
ras, haverá a sinalização mensal do custo de energia consumida num determinado
de geração da energia elétrica que será período, em quilowatt (kW), representa a
cobrada do consumidor, com acréscimo das receita da concessionária de energia elé-
bandeiras amarela e vermelha. Essa sina- trica. A receita da distribuidora é destina-
lização dá, ao consumidor, a oportunidade da a cobrir seus custos de operação e ma-
de adaptar seu consumo, se assim desejar nutenção, bem como remunerar de forma
(ANEEL, 2014. Disponível em: http://www. justa o capital investido de modo a manter
aneel.gov.br/area.cfm?idArea=758). a continuidade do serviço prestado com a
qualidade desejada.
3.6 Tarifação do consumi- As empresas concessionárias fornecem
dor final energia elétrica a seus consumidores com
Os consumidores de energia elétrica base em obrigações e direitos estabeleci-
pagam por meio da conta recebida da sua dos em um Contrato de Concessão, cele-
empresa distribuidora de energia elétrica, brado com a União, para a exploração do
um valor correspondente a quantidade de serviço público de distribuição de energia
energia elétrica consumida, no mês ante- elétrica em sua área de concessão.
rior, estabelecida em kWh (quilowatt-hora) No momento da assinatura do Contrato,
multiplicada por um valor unitário, denomi- a empresa concessionária reconhece que
nado tarifa, medida em R$ / kWh (reais por o nível tarifário vigente, ou seja, as tarifas
quilowatt-hora), que corresponde ao preço definidas na estrutura tarifária da empre-
de um quilowatt consumido em uma hora. sa, em conjunto com os mecanismos de
As empresas de energia elétrica pres- reajuste e revisão das tarifas estabeleci-
tam este serviço por delegação da União na dos nesse contrato, são suficientes para a
sua área de concessão, ou seja, na área em manutenção do seu equilíbrio econômico-
que lhe foi dado autorização para prestar -financeiro.
o serviço público de distribuição de energia Os contratos de concessão estabelecem
elétrica. que as tarifas de fornecimento podem ser
Cabe à Agência Nacional de Energia Elé- atualizadas por meio de três mecanismos:
trica – ANEEL – estabelecer tarifas que as- a) Reajuste tarifário anual:
segurem ao consumidor o pagamento de
uma tarifa justa, como também garantir o Este mecanismo tem como objetivo res-
equilíbrio econômico-financeiro da conces- tabelecer o poder de compra da receita
sionária de distribuição para que ela possa obtida por meio das tarifas praticadas pela
oferecer um serviço com a qualidade, con- concessionária.
fiabilidade e continuidade necessárias.
A receita da concessionária de distribui-
A tarifa regulada de energia elétrica ção é composta por duas parcelas: a “Par-
aplicada aos consumidores finais corres- cela A”, representada pelos custos não-ge-
ponde a um valor unitário, expresso em renciáveis da empresa (encargos setoriais,
22

encargos de transmissão e compra de As principais alterações que permitiram a


energia para revenda), e a “Parcela B”, que redução da conta foram:
agrega os custos gerenciáveis (despesas
alocação de cotas de energia, resul-
com operação e manutenção, despesas de
tantes das geradoras com concessão re-
capital).
novadas, a um preço médio de R$ 32,81/
O novo Reajuste Anual é calculado me- MWh;
diante a aplicação do Índice de Reajuste
redução dos custos de transmissão;
Tarifário sobre as tarifas homologadas na
data de referência anterior. redução dos encargos setoriais;
b) Revisão tarifária periódica: retirada de subsídios da estrutura da
tarifa, com aporte direto do Tesouro Nacio-
Este processo tem como principal ob-
nal.
jetivo analisar, após um período previa-
mente definido no contrato de concessão Redução e reajustes: o efeito dessa re-
(geralmente de 4 anos), o equilíbrio econô- dução é estrutural, ou seja, promoverá
mico-financeiro da concessão. uma mudança permanente no nível das
tarifas, pois retira definitivamente custos
Destaca-se que enquanto nos reajustes
que compunham as tarifas anteriores.
tarifários anuais a “Parcela B” da Receita é
atualizada monetariamente pelo IGP-M, no Tarifas diferentes: A ANEEL estabelece
momento da revisão tarifária periódica são uma tarifa diferente para cada distribuido-
calculadas a receita necessária para cober- ra – em função das peculiaridades de cada
tura dos custos operacionais eficientes e a concessão. A tarifa de energia elétrica
remuneração adequada sobre os investi- deve garantir o fornecimento de energia
mentos realizados, com prudência. com qualidade e assegurar aos prestado-
res dos serviços receitas suficientes para
c) Revisão tarifária extraordinária:
cobrir custos operacionais eficientes e re-
É uma revisão a qualquer tempo, a pedi- munerar investimentos necessários para
do da distribuidora, quando algum evento expandir a capacidade e garantir o atendi-
provocar significativo desequilíbrio econô- mento.
mico-financeiro. Também pode ser solicita-
As datas de leitura dos relógios são dis-
da em casos de criação, alteração ou extin-
tribuídas ao longo do mês: por isso, a redu-
ção de tributos ou encargos legais, após a
ção do preço da energia elétrica só deve ser
assinatura dos contratos de concessão, e
percebida integralmente pelo consumidor
desde que o impacto sobre as atividades
após um ciclo completo de cobrança com
das empresas seja devidamente compro-
as novas tarifas, ou seja, no primeiro mês
vado.
de vigência das novas tarifas, dependendo
A redução é resultado da Lei nº da data de vencimento da conta, parte do
12.783/2013, que promoveu a renovação consumo utilizará a tarifa antiga e outra
das concessões de transmissão e geração parte a nova tarifa, reduzida.
de energia que venciam até 2017, e das me-
Como as novas tarifas valem a partir do
didas provisórias 591/2012 e 605/2013.
23

dia 24 de janeiro, por exemplo, um consu-


midor que tem sua leitura feita no dia 10
de fevereiro, teria, em fevereiro, metade
de sua energia faturada pela tarifa antiga
e a outra metade pela nova tarifa. A partir
de 25 de fevereiro todas as contas já per-
ceberão os benefícios completos da tarifa
reduzida.

Classes de consumo: outros fatores que


fazem variar a conta de energia são as ca-
racterísticas de contratação de forneci-
mento. Os consumidores cativos residen-
ciais e os de baixa renda – aqueles que só
podem ser atendidos por uma distribuidora
– têm uma tarifa única em sua concessio-
nária.

As variações também ocorrem de acor-


do com o nível de tensão em que os con-
sumidores são atendidos, que é a tensão
disponibilizada no sistema elétrico da con-
cessionária e que varia entre valores in-
feriores a 2,3 kV (como as tensões de 110
e 220 volts) e valores superiores a 2,3 kV.
Essa variação divide os consumidores nos
grupos A (superiores a 2,3 kV, por exem-
plo as indústrias e grandes comércios) e
B (inferiores a 2,3 kV – no qual se incluem
os consumidores residenciais e os de baixa
renda).

Os consumidores do grupo A têm tarifas


definidas para energia e uso de rede, para
horários de ponta e fora de ponta. Os con-
sumidores livres possuem características
diferentes, pois podem contratar energia
de outros fornecedores, em condições es-
peciais (ANEEL, 2014).
24
UNIDADE 4 - A Eficiência Energética e As
Certificações
A definição mais simples para eficiência No processo de concessão do Selo Pro-
energética seria obter o melhor desempe- cel, a Eletrobras conta com a parceria do
nho na produção de um serviço com o menor Instituto Nacional de Metrologia, Qua-
gasto de energia. lidade e Tecnologia (Inmetro), executor
do Programa Brasileiro de Etiquetagem
Nesta direção, o Programa Nacional de
(PBE), cujo principal produto é a Etique-
Conservação de Energia Elétrica (Procel) visa
ta Nacional de Conservação de Energia
promover o uso eficiente da energia elétrica,
(ENCE), sendo também a Eletrobras par-
combater o desperdício e reduzir os custos
ceira do Inmetro no desenvolvimento do
e os investimentos setoriais. Foi criado pelo
PBE. Normalmente, os produtos contem-
governo federal em 1985, é executado pela
plados com o Selo Procel são caracteriza-
Eletrobras e utiliza recursos da empresa, da
dos pela faixa “A” da ENCE.
Reserva Global de reversão (RGR) e de enti-
dades internacionais. Etiqueta Nacional de Conservação
de Energia
O selo Procel Eletrobras deverá ser uti-
lizado nas cores especificadas abaixo e em
nenhuma hipótese pode-se alterar as co-
res ou fazer uso de fundos que confundam
sua visualização, como dégradés nas cores
institucionais e policromias (diversas cores)
(PROCEL, 2012).

Selo Procel

Fonte:http://www.inmetro.gov.br/consumidor/etique-
tas.asp

Mas, voltemos um pouco no tempo,


afinal de contas, a história sempre nos
aponta o caminho do futuro!

Quanto ao contexto do surgimento


do conceito de eficiência energética, ve-
jamos o que nos contam Roméro e Reis
Fonte: Procel (2012, p. 9).
(2012):
25

Alguns fatos não possuem uma data Com o aumento do consumo de ener-
certa, outros possuem data aproxima- gia no mundo, a sociedade vem a cada dia
da e alguns têm datas precisas. O surgi- se preocupando com as medidas de uso
mento da preocupação mundial com a racional das diversas formas de energia
questão da eficiência energética possui utilizadas, notadamente a energia elé-
precisão: dia 17 de outubro de 1973, data trica. Há também que considerar que a
conhecida como a do primeiro choque do geração de energia, seja ela hidráulica, a
petróleo. óleo, a carvão e a gás natural, agride de
uma forma ou de outra o meio ambiente.
Naquele dia, os produtores majoritá-
Logo, é necessário preservar as fontes
rios da Organização dos Países Exporta-
de energia existentes comercialmente e
dores de Petróleo (OPEP) reduziram a ex-
aumentar a eficiência dos aparelhos con-
tração, elevando o preço do barril de US$
sumidores para evitar uma maior agres-
2,90 para US$ 11,65 em apenas 90 dias,
são ao meio ambiente (MAMEDE FILHO,
ou seja, o valor do barril foi multiplicado
2012).
por um fator muito próximo de quatro.
Atualmente, o governo brasileiro tem
A Agence France-Presse (2014) tam-
desenvolvido uma política moderada de
bém conta que a OPEP estabeleceu que
conservação de energia com a finalidade
os preços do petróleo seriam fixados pela
de reduzir os desperdícios, notadamente
própria organização e não pelas compa-
da área industrial, comercial e de ilumi-
nhias distribuidoras de petróleo, fazendo
nação pública, buscando uma melhor uti-
seu preço saltar de US$ 4,00 o barril para
lização da energia consumida. O PROCEL,
cerca de US$ 40,00. Em janeiro de 2014,
órgão vinculado à ELETROBRAS, é o res-
o barril do tipo “light sweet” (WTI) para
ponsável direto pela execução das políti-
entrega em março perdeu 74 centavos,
cas de eficientização energética, agindo
a 97,49 dólares, no New York Mercantile
das mais diferentes formas, tais como na
Exchange (Nymex).
educação, na promoção, no financiamen-
Declarada a crise, os governos e as so- to, no incentivo, etc.
ciedades, em geral, foram se conscien-
Se focarmos em uma instalação indus-
tizando de que era necessário conter os
trial, por exemplo, o estudo da eficiência
desperdícios de energia e implementar
energética requer agir nos diferentes ti-
programas para alcançar esse objeti-
pos de carga com a finalidade de verificar
vo. No Brasil, os Ministérios das Minas e
o seu potencial de desperdício. Além das
Energia e Indústria e Comércio tomaram
mencionadas cargas, devem ser imple-
para si essa tarefa em 1985, instituindo
mentadas certas ações que podem resul-
o Programa Nacional de Conservação de
tar na racionalização do uso de energia e
Energia Elétrica – PROCEL , cuja função
consequente economia na fatura mensal
básica era integrar as ações de conserva-
de energia elétrica. Essas ações devem
ção de energia, na época em andamento
ser implementadas nos segmentos de
por iniciativa de várias organizações pú-
consumo a seguir enumerados:
blicas e privadas.
iluminação;
26

condutores elétricos; pende do objetivo do estudo de eficiên-


fator de potência; cia energética. Para um estudo completo
motores elétricos; da instalação devem ser realizadas medi-
ções nos seguintes pontos:
consumo de água;
climatização; a) Quadros de Luz (QL)
ventilação natural; Essa medição pode ser feita através
refrigeração; de uma leitura instantânea. O valor da
aquecimento de água; energia pode ser obtido considerando o
elevadores e escadas rolantes; tempo médio de funcionamento de cada
setor.
ar comprimido;
carregamento de transformadores; b) Terminais dos motores
instalação elétrica; No caso de pequenos motores, as me-
administração do consumo de ener- dições devem ser feitas nos seus termi-
gia elétrica; nais através de uma leitura instantânea.
controle de demanda. São considerados motores pequenos
aqueles cuja potência nominal é inferior
Segundo Mamede Filho (2012), antes a 5 cv. Para motores com potência supe-
de desenvolver quaisquer ações de efici- rior a 5 cv, mas que operam de forma con-
ência energética que impliquem custos, tínua e com carga uniforme, basta obter
deve-se inicialmente realizar levanta- também uma leitura instantânea ou de
mento dos aparelhos elétricos instalados pequena duração em torno de quatro ho-
nos diferentes segmentos da indústria, ras. Para motores que operam de forma
conforme anteriormente indicado. Após não contínua e com carga não uniforme,
obtidos esses resultados, é necessário é necessário realizar uma medição que
realizar medições de parâmetros elétri- caracterize pelo menos um ciclo de ope-
cos, tais como energia, demanda ativa e ração da máquina. Utilizando esses pro-
reativa, corrente, tensão e fator de po- cedimentos, é possível obter resultados
tência. Para instalações industriais com que indiquem a substituição ou não dos
grande número de equipamentos de co- motores.
mutação e chaveamento, tais como re-
tificadores, nobreaks, inversores, etc., é c) Centros de Controle dos Motores
necessário realizar medições de compo- (CCM)
nentes harmônicos de tensão e corrente Essa medição tem por objetivo básico
para fins de avaliação da sua contribui- obter informações do consumo de ener-
ção no desempenho do sistema elétrico. gia, níveis de tensão e de distorção har-
As medições devem ser realizadas com mônica. Pode-se adotar como satisfató-
medidores digitais com memória de mas- ria uma medição por um período de 24
sa que permitam obter graficamente as horas.
curvas dos valores medidos. d) Quadro Geral de Força (QGF)
A seleção dos pontos de medição de-
27

Essa medição tem por objetivo princi- niza-se uma tabela horária média a partir
pal avaliar os ganhos obtidos a partir da da soma das demandas respectivas de
implementação das medidas de eficiên- cada dia em cada horário. Por exemplo, o
cia energética. Para isso é necessário que valor da demanda média de 73 kW regis-
as medições sejam realizadas durante a trada no horário de 11:45 horas mostra-
fase de levantamento e após a conclusão da na Tabela a seguir (parte da medição
das ações desenvolvidas. A diferença en- completa) é o resultado da média dos
tre os valores de energia e demanda das valores de demanda dos dias da semana,
duas medições mostra os ganhos obtidos nesse mesmo horário. Já o gráfico mos-
com o projeto. tra a formação das curvas registradas
no período de medição. Para efeito de
Essa medição deve ser realizada por
avaliação dos resultados, devem ser con-
um período mínimo de uma semana para
sideradas apenas as curvas médias das
que se possam obter resultados satisfa-
medições realizadas antes e depois das
tórios. Com os resultados das demandas
ações de eficiência energética.
ativas horárias, obtidas a cada dia, orga-

Medição semanal em kW

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 553).


28

Curva de carga semanal

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 554).

Para determinar o consumo médio tempo de duração da medição –


mensal da instalação a partir dos resul- 167,75 horas.
tados das medições, pode-se calcular a
2) Determinação da taxa de consu-
taxa média de consumo, explicada nume-
mo médio:
ricamente:
Tcm = 89.050 / 167,75 = 530,84 kWh/h
1) Dados da medição realizada:
3) Determinação consumo médio
demanda máxima mensal – 990,5
mensal
kW (máxima registrada durante o perío-
do de medição); Tcm = 530,84 kWh/h X 24 h X 30 dias
= 382.204 kWh/Mês
consumo de energia ativa –
89.050 kWh (energia registrada no apa- 4.1 Cálculo econômico para
relho durante o período de medição);
eficiência operacional
data de início da medição –
Todo projeto de uma instalação elé-
12/11/2009;
trica deve buscar a eficiência operacio-
data do fim da medição – nal. No entanto, essa eficiência deve
19/11/2009; ser medida de forma a se encontrar jus-
tificativas econômicas para a sua imple-
hora de início da medição – 12:15
mentação. Não é razoável adotar proce-
horas;
dimentos para eficientizar um projeto
hora do fim da medição – 12:00 elétrico a qualquer custo.
horas;
29

Sempre que for adotada uma ação de Fc - fluxo de caixa descontado que cor-
eficiência energética esta deve ser pre- responde a diferença entre as receitas e
cedida de uma análise econômica. O mé- despesas realizadas a cada período con-
todo de cálculo denominado Valor Pre- siderado, em R$ ou US$;
sente Líquido (VPL) é de fácil execução
Ir - taxa interna de retorno ou taxa de
e deve ser aplicado em todas as ações de
desconto;
eficiência energética.
T - tempo, em meses, trimestre ou ano,
O Valor Presente Líquido é a soma al-
a que se refere a taxa interna de retorno;
gébrica de todo fluxos de caixa descon-
tados para o instante T = 0. Pode ser de- N - número de períodos.
terminado através da Equação:
Através desse método pode-se deter-
minar o tempo de retorno do investimen-
to, observando-se a Planilha de Cálculo
da Tabela abaixo e o gráfico seguinte.
Quando a curva dos fluxos acumulados
Onde: tocar a reta representativa do investi-
mento, obtém-se o tempo de retorno do
Fac - fluxos acumulados, em R$ ou em
investimento realizado.
US$;

Valor presente líquido

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 555).


30

Tempo de retorno do investimento

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 555).

4.2 Ações de eficiência ener- utilizar lâmpadas adequadas para


cada tipo de ambiente;
gética
utilizar telhas translúcidas nos gal-
Vimos que são vários os segmentos de
pões industriais onde não há necessida-
consumo industriais onde podemos im-
de de forro;
plementar ações que busquem a eficiên-
cia energética. Vejamos alguns deles: dar preferência ao uso da iluminação
a) Iluminação: natural;

No Brasil, a iluminação representa atu- evitar o uso de refratores opacos,


almente cerca de 15% de toda a energia como globos, que elevam o índice de ab-
consumida, o que equivale aproximada- sorção dos raios luminosos, em média, de
mente a 58.000 GWh/ano. No ramo in- 30%;
dustrial, a energia, em média, representa as luminárias de corpo esmaltado
de 2 a 8% do consumo da instalação. usadas por longo tempo devem ser subs-
No âmbito de uma instalação indus- tituídas por luminárias do tipo espelhado,
trial, a iluminação é uma das principais que possuem maior eficiência;
fontes de desperdício de energia elétri- a iluminação dos ambientes deve ser
ca, devido à diversidade de pontos de desligada, sempre que não houver a pre-
consumo, ao uso generalizado do serviço sença de pessoas;
e ao frequente emprego de aparelhos de
baixa eficiência. usar luminárias cuja geometria cons-
trutiva facilite a limpeza de suas partes
Para reduzir o desperdício nesse seg- refletoras;
mento, vale a pena observar e implemen-
tar medidas de curto prazo e promover a os difusores das luminárias devem
manutenção do sistema de iluminação. ser substituídos sempre que se tornarem
opacos, inibindo a passagem do fluxo lu-
São medidas de curto prazo: minoso;
31

nos ambientes bem iluminados de- utilizar luminárias de maior aprovei-


ve-se verificar a possibilidade de acen- tamento energético. A eficiência de uma
der alternativamente as lâmpadas neles luminária pode ser medida relacionan-
instaladas; do-se o fluxo emitido pelas lâmpadas e o
fluxo que deixa a luminária. As luminárias
sempre que possível, devem-se uti-
também devem ser escolhidas em função
lizar lâmpadas de maior potência nomi-
da curva de distribuição da intensidade
nal em vez de várias lâmpadas de menor
luminosa. Esse é um ponto difícil para o
potência nominal, pois quanto maior for
projetista. Assim, se uma luminária ca-
a capacidade lâmpadas, maior será o seu
racterizada por sua curva luminotécni-
rendimento;
ca foca com maior intensidade o plano
evitar o uso de lâmpadas incandes- de trabalho e com menor intensidade as
centes; quando usá-las, não empregar paredes, apresenta uma maior eficiência
lâmpadas de bulbo fosco. É preferível uti- energética. No entanto, do ponto de vis-
lizar lâmpadas com bulbo transparente; ta do observador, o ambiente lhe parece
escuro, apesar de o nível de iluminamen-
em áreas externas, tais como esta-
to estar adequado ao tipo de tarefa do
cionamentos, locais de carga e descarga
ambiente, pois a avaliação inicial dá pre-
etc., utilizar, preferencialmente, lâm-
ferência à iluminação das paredes. Isto
padas a vapor de sódio de alta pressão,
é a prática das empresas que trabalham
acionadas por fotocélulas;
em eficiência energética na substituição
utilizar células fotoelétricas ou dis- de lâmpadas e luminárias comuns por
positivos de tempo para iluminação ex- equipamentos eficientes.
terna;
Está em ascensão o uso de LEDs nos
os reatores devem ser desligados sistema de iluminação. São aplicados
sempre que forem desativadas as lâmpa- especialmente em residências, hotéis e
das fluorescentes; motéis. Consomem pouca energia e têm
uma vida útil muito elevada.
em instalações novas, utilizar lâm-
padas fluorescentes T5 de 14 ou 28 W As duas tabelas a seguir mostram, res-
que equivalem às lâmpadas fluorescen- pectivamente, a eficiência luminosa de
tes T10 de 20 e 40 W, respectivamente, vários tipos de lâmpadas comerciais e
essas lâmpadas não são adequadas às lu- a equivalência de fluxo luminoso entre
minárias para lâmpadas T8; lâmpadas incandescentes e compactas
do tipo eletrônica, com reator incorpora-
reduzir a iluminação ornamental uti- do.
lizada em vitrines e placas luminosas;

utilizar reatores de maior eficiência.


Os reatores eletrônicos são aqueles que
apresentam uma eficiência energética
muito superior aos reatores convencio-
nais, ou seja, reatores eletromagnéticos;
32

Eficiência luminosa das lâmpadas elétricas (lm/W)

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 557).

Equivalência de fluxo luminoso entre lâmpadas incandes-


centes e compactas

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 557).


33

Para que o usuário do sistema de ilumi- Esse acréscimo poderá ser evitado se as
nação tenha sempre as condições de ilu- lâmpadas forem substituídas logo que
minância na forma como foi inicialmente queimem.
projetado, é necessário que o profissio-
b) Condutores elétricos
nal de manutenção execute as seguintes
tarefas: O dimensionamento dos condutores
elétricos, incluindo-se aí a escolha da sua
as paredes, o forro e as janelas de-
isolação, pode conduzir projetos de bai-
vem ser limpos com determinada frequ-
xas perdas elétricas.
ência, já que, normalmente, quando é
projetado um sistema de iluminação, o As principais ações que devem ser
projetista determina o número de lâmpa- desenvolvidas são:
das de acordo com a cor das paredes, piso
e teto, na condição de limpos. Se as pare- b.1) Dimensionamento da seção
des, teto e piso ficam sujos, a iluminância dos condutores
no recinto se torna menor, prejudicando corrente de carga;
as pessoas que utilizam o referido am-
biente; queda de tensão;

as luminárias devem ser limpas com curto-circuito.


determinada frequência. Todas as ins- b.2) Medidas para conservação de
talações se tornam sujas com o tempo energia
e reduzem a iluminância. O intervalo do
tempo de limpeza das luminárias e das implantar transformadores junto
lâmpadas depende do grau de sujeira aos centros de consumo: menor compri-
presente no ambiente. Por exemplo, nos mento dos circuitos secundários;
ambientes de cozinha, a gordura das fri- calcular os custos do cabo e a ener-
turas rapidamente recobrem as superfí- gia de perda;
cies das luminárias e lâmpadas. Nesses
locais, é conveniente proceder à limpeza potências acima de 500 kVA, adotar,
desses aparelhos a cada dois meses; se possível, o local da subestação próxi-
ma à carga;
substituir semanal ou mensalmente
as lâmpadas queimadas; evitar o uso de cabos XLPE ou EPR, a
plena carga, de acordo com a capacidade
se não for conveniente, sob o ponto dos mesmos. A elevação de temperatura
de vista de transtorno na área de produ- do condutor faz crescer a resistência elé-
ção, substituir as lâmpadas com mau fun- trica;
cionamento ou queimadas quando acu-
mular um total de 10%. aplicar a melhor maneira de instalar
os condutores na forma permitida para
Para evitar a perda de iluminância cada particularidade do projeto.
quando 10% das lâmpadas estiverem
queimadas, é necessário, no cálculo lumi- b.3) Temperatura de trabalho dos
notécnico acrescentar 10% de lâmpadas. condutores elétricos em função do
34

carregamento. c) Correção do Fator de Potência


b.4) Valor econômico da seção do Em todo estudo de eficiência energé-
condutor pode ser calculado de acor- tica de uma instalação, é de fundamental
do com a equação: importância o controle do fator de po-
tência.
Ct = C c + C i + C e onde,

Cr - custo total durante a vida do cabo;


d) Motores Elétricos
Os motores elétricos numa instalação
Cc - custo inicial de compra do cabo;
industrial consomem, em média, 75% da
Ci – custo inicial de instalação do cabo; energia demandada. Por isso, devem ser
motivo de avaliações periódicas para de-
Ce – custo de energia desperdiçada ao
terminar se estão operando na faixa de
longo do tempo.
melhor desempenho.
b.5) Cálculo da seção econômica de
um condutor, pode ser calculado de De forma geral, na indústria, mesmo
acordo com a equação: aquelas instaladas em períodos recen-
tes onde o tema eficiência energética
tem tomado corpo entre os gerentes de
produção e financeiros, existe um consi-
derável desperdício de energia, notada-
mente na operação dos motores elétri-
cos, devido a algumas causas que podem
Onde: ser enumeradas:
Ic - corrente de carga; 1. Substituição de motores defeitu-
osos por motores de potência superior,
Na - número de anos considerados no
pelo simples fato de não haver disponi-
cálculo que corresponde ao tempo de
bilidade de um motor de igual potência e
operação do cabo;
características no setor de manutenção
Na - número de horas por ano de fun- da indústria.
cionamento;
2. Instalação, pelo próprio fabricante
G - custo médio do cabo em R$/mm2 da máquina a ser acionada, de um motor
X km; esse valor pode ser obtido através de capacidade desnecessariamente su-
do preço médio de mercado dos cabos perior às necessidades da mesma.
de mesmo material condutor e isolação;
assim, se um cabo de cobre de 120 mm2,
3. Fatores de correção adotados por
projetistas e profissionais de manuten-
isolação EPR, 06/1 kV, tem preço médio
ção que elevam a capacidade nominal
de mercado de R$14,80/m, o valor de G =
dos motores em busca de uma maior se-
R$123,33/mm2 x km, ou seja, 14,80 / 120
gurança e vida útil.
x 1000. Em geral, o valor de G vale para
os cabos das demais seções e de mesma 4. Falta de conhecimento real da carga
especificação. que será acionada e de suas demais ca-
35

racterísticas operacionais. substituir os motores elétricos que


operam com carga inferior a 60% da sua
5. Falta de conhecimento técnico para
capacidade nominal (relação entre a po-
aplicação dos fatores de serviço de al-
tência útil e a potência nominal);
guns motores.
instalar inversores nos motores
6. Previsão quase sempre inatingível
elétricos de indução que operam por um
de aumento de produção da máquina.
longo período de tempo com carga de po-
7. Suposição de que motores subdi- tência variável, tais como ventiladores,
mensionados têm menores desgastes compressores, etc.;
mecânicos e maior vida útil.
instalar inversores nos motores uti-
8. Redução, por tempo muito longo, do lizados nas estações de tratamento de
ritmo de produção de determinadas má- esgoto ou em emissores submarinos e
quinas. cargas similares, pois durante o período
da madrugada há uma acentuada redu-
Em geral, para motores de potên- ção na produção de esgoto e, consequen-
cia nominal não superior a 100 cv temente, menor solicitação dos motores.
são válidas as seguintes informa-
ções constatadas pelos catálogos Durante a avaliação dos motores elé-
dos fabricantes: tricos de uma instalação industrial, é nor-
mal encontrar máquinas acionadas por
quanto maior a sua potência nomi- motores cuja forma de operação é mui-
nal, mais elevado é o seu rendimento má- to complexa para determinar se há po-
ximo; tencial de economia a considerar. Como
exemplo, podem ser indicadas as prensas
os motores, em geral, operam com
hidráulicas utilizadas na fabricação de
o seu rendimento máximo quando carre-
peças metálicas em alto-relevo, em que
gados a 75% da sua potência nominal;
o comportamento da demanda solicita-
os motores que operam com uma da da rede é muito irregular e o tempo
taxa de carregamento igual ou inferior a de operação dessas máquinas também é
50% da sua potência nominal apresen- incerto. As paradas da máquina são fre-
tam um rendimento acentuadamente quentes e a sua duração é variável, po-
declinante; rém necessária para substituição do mol-
de e ajustes decorrentes.
os motores que operam com uma
taxa de carregamento igual ou superior Já a avaliação de potencial de econo-
a 65% da sua potência nominal apresen- mia em máquinas cujos motores operam
tam um rendimento próximo do seu ren- em regime S1, dada a regularidade de seu
dimento máximo (MAMEDE FILHO, 2012). funcionamento, é muito facilitada e se
obtêm resultados muito precisos.
A especificação, a utilização e os cui-
dados com os motores elétricos podem Para determinar o potencial de econo-
resultar na eliminação ou redução dos mia de energia elétrica que pode ser ob-
desperdícios de energia elétrica, ou seja: tida na operação dos motores elétricos,
36

segue a orientação: - chave de partida;


a) Avaliação de desperdício de - temperatura ambiente.
energia elétrica:
Dimensionamento do circuito de ali-
baixa qualidade da energia forneci- mentação
da;
d) Cuidados com a substituição dos
dimensionamento inadequado do motores:
motor;
substituição sempre por motores de
tensão elétrica inadequada; alto rendimento;

utilização inadequada do motor; verificação da rotação;

condições operativas inadequadas; verificação das tensões de placa


comparadas com as de rede;
condições de manutenção inade-
quadas; verificação do número de partidas
por hora;
baixo fator de potência do motor;
regime de funcionamento do motor;
transmissão motor-máquina desa-
justada; torque de partida;

temperatura ambiente elevada. capacidade da chave de partida;


b) Dificuldades de avaliação de capacidade do condutor de alimen-
desperdícios: tação;
dados de catálogos incorretos; redimensionamento da proteção.
variação de rendimentos entre fa- e) Potencial de economia dos mo-
bricantes; tores:
rebobinamento dos motores. Para determinar o potencial de econo-
mia dos motores elétricos de uma deter-
c) Medidas de combate ao desper-
minada instalação, é preciso implemen-
dício:
tar as seguintes ações:
seleção adequada do motor relativa-
Listar os motores de maior potência
mente a:
nominal:
- potência nominal;
- potência nominal;
- regime de funcionamento;
- tensão de operação;
- corrente de partida;
- conjugado de partida;
- queda de tensão na partida;
- regime de operação.
- conjugado de partida;
Medir a corrente nas condições nor-
37

mais de trabalho cessos e a falta de água são desaconse-


lhados e prejudicam as plantas.
Analisar a curva de desempenho do
motor: Não usar a mangueira de água para
remover a sujeira em calçadas, pátios,
- fator de potência;
etc.; usar neste caso, a vassoura.
- rendimento para a corrente medida.
Não usar a mangueira com água cor-
e) Consumo de Água rente; usar apenas a quantidade de água
necessária à limpeza da área.
Os vazamentos de água ao longo da
tubulação são responsáveis por um ex- Inspecionar rotineiramente as co-
cessivo consumo desse líquido nas ins- nexões das tubulações de água quente e
talações industriais. Como consequência, água fria das máquinas da produção.
o motor da bomba d’água necessita tra-
Inspecionar rotineiramente os tan-
balhar além do normal para compensar o
ques de água bruta e tratada, além dos
volume d’água desperdiçado no sistema
boilers ou aquecedores de água.
hidráulico, aumentando o consumo de
energia elétrica. Nesse caso, haverá tan- Realizar inspeções rotineiras no sis-
to desperdício de água quanto de energia tema de suprimento e de distribuição de
elétrica, onerando consequentemente água.
os custos operacionais da instalação.
Regular a válvula de descarga dos
Quanto maior for o consumo de água vasos sanitários.
na instalação consumidora, maior será o
ii) Recomendações aos funcioná-
volume de água nas estações de trata-
rios burocráticos e de chão de fábrica
mento de água, as chamadas ETA’s e o
uso de material de tratamento. Manter bem fechadas as torneiras,
de forma a evitar que pinguem continu-
Assim, é necessário que os responsá-
amente.
veis pela manutenção monitorem perio-
dicamente toda a tubulação de água para Comunicar aos responsáveis pela
descobrir vazamentos e façam os repa- manutenção a existência de vazamentos
ros necessários. em torneiras diversas, chuveiros, cone-
xões, vasos sanitários, etc.
Para que os custos operacionais com
o consumo de água e energia elétrica se- As máquinas de lavar roupa, louça,
jam racionalizados, podem ser adotadas etc., devem ser utilizadas com sua capa-
as seguintes instruções: cidade máxima.
i) Recomendações aos responsá- Dar atenção aos vazamentos no sis-
veis pela manutenção tema de água quente para evitar conco-
mitantemente a perda de água, a perda
As áreas ajardinadas devem receber
de gás e finalmente a perda de energia
a quantidade de água apenas necessária
elétrica.
para preservar a vida das plantas. Os ex-
38

Acionar, minimamente, as válvulas após cerca de três horas, em média,


dos aparelhos sanitários. medir novamente nível da água no reser-
vatório. Para reservatórios muito gran-
Não deixar a torneira aberta enquan-
des, esperar pelo menos cinco horas para
to escovar os dentes ou fazer a barba.
realizar a referida medição;
Deve ser mínimo o tempo de banho.
comparando os dois níveis medidos,
Em qualquer instalação industrial exis- pode-se concluir se houve ou não vaza-
tem dois tipos de vazamentos: vazamen- mento no reservatório;
tos visíveis e vazamentos não visíveis.
caso confirmado, verificar se o vaza-
Os vazamentos visíveis ocorrem com mento ocorreu por trinca no reservatório
maior frequência nas torneiras, cone- ou nos pontos de saída e entrada de tu-
xões com as máquinas, chuveiros, bidês e bulação.
no extravasor das caixas d’água cuja boia
Para que se possa quantificar os des-
não funciona adequadamente. Nos siste-
perdícios de água e energia elétrica numa
mas industriais de maior porte existem
unidade consumidora sujeita a vazamen-
controles através de sensores elétricos.
tos, pode-se utilizar as tabelas abaixo. A
Os vazamentos não visíveis normal- primeira fornece o desperdício de água
mente são de difícil identificação. Esses em função do gotejamento nas tornei-
vazamentos ocorrem, em geral, nos va- ras e registros ou aberturas dos mesmos
sos sanitários (pequenos vazamentos) permitindo a passagem de um fio de água
ou nos reservatórios ao nível do solo ou corrente. A segunda fornece o desperdí-
subterrâneos. cio de água em função dos diferentes ní-
veis de pressão existentes na tubulação
Para orientar as equipes de manuten-
para a condição de vazamento no siste-
ção, seguem algumas recomendações,
ma hidráulico.
ou seja, testes que podem ser realizados
em reservatórios construídos no solo:

abrir o registro do hidrômetro;

fechar o registro de limpeza e o de


saída do reservatório:

vedar a entrada de água, fechando a


boia através de um fio ou barbante;

desligar a bomba de recalque, evi-


tando conduzir água para o reservatório
superior;

medir o nível da água no reservató-


rio através de uma tira de madeira ou ou-
tro material que possa identificar a mar-
ca d’água;
39

Desperdício de água através de orifício à pressão


atmosférica

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 578).

Desperdício de água através de orifício em função da


pressão (pressão: 5 kg/cm/)

Fonte: Mamede Filho (2012, p. 578).


40

f) Climatização lações e os diversos elementos para in-


suflamento, tais como o retorno de ar e
De forma geral, os sistemas de climati-
admissão de ar do meio exterior.
zação provocam grandes desperdícios de
energia elétrica nas instalações indus- Para reduzir os desperdícios de
triais e comerciais, independentemente energia elétrica, Mamede Filho
se são utilizados aparelhos do tipo jane- (2012) sugere observar as seguintes
leiro ou sistemas centralizados. orientações:
Atualmente, o PROCEL tem incentiva-
do muito a eficiência de unidades de cli-
matização. Os aparelhos comercializados
com selo PROCEL apresentam uma taxa
média de 0,95 kW/10000 BTU contra
uma taxa média de 1,35 kW/10000 BTU
de aparelhos um pouco mais antigos, per-
mitindo, assim, um ganho de eficiência
de cerca de 30%. Esse ganho já viabiliza
economicamente a substituição dos apa-
relhos antigos por aparelhos certificados
pelo PROCEL, dependendo do tempo de
utilização diário.

Para melhor compreensão, serão


definidos alguns termos básicos re-
lativamente aos sistemas de climati-
zação, ou seja:
a) Circuito de condensação é cons-
tituído pelos equipamentos empregados
no arrefecimento do fluido frigorígeno
(por exemplo, amônia) no condensador
do sistema, tais como bombas, torres de
resfriamento, instrumentos, dispositi-
vos, etc.

b) Circuito de água gelada é cons-


tituído pelos equipamentos de circula-
ção de água gelada, tais como bombas,
instrumentos, dispositivos, tubulação e
fan-coils.

c) Circuito de distribuição de ar é
constituído pelos equipamentos utili-
zados na circulação do ar tratado, tubu-
41

MEDIDA DE CURTO PRAZO

Aparelho de ar condicionado tipo


Aparelho de ar condicionado tipo central
janeleiro

Utilizar somente aparelhos de ar condicionado Verificar, periodicamente, se o termostato está


certificados pelo PROCEL. em pleno funcionamento.

Evitar a entrada do ar exterior no ambiente cli- Verificar as condições dos condensadores das
matizado, mantendo as portas e janelas sempre serpentinas.
fechadas.
Verificar se há incrustações nas superfícies dos
Limpar periodicamente os filtros do aparelho trocadores de calor.
para melhorar o rendimento e higienizar o ar
Verificar se há vazamento do fluido frigorígeno.
circulante.
Verificar a perda de pressão nos trocadores de
Evitar que áreas climatizadas fiquem expostas
calor do equipamento de geração de frio.
ao sol, para evitar o aumento da carga térmica;
para isso utilizar cortinas, persianas ou película Verificar se há vazamentos de água no circuito

de proteção solar nas janelas. de condensação.

Desligar o aparelho de ar condicionado quando Realizar periodicamente a limpeza das serpenti-

não houver nenhuma pessoa no ambiente clima- nas dos fan-coils.

tizado. Realizar periodicamente a limpeza das serpenti-

Evitar que a saída de ar do aparelho seja obstru- nas de arrefecimento do ar, dos filtros de ar e dos

ída. ventiladores.

Manter a temperatura do ambiente climatizado


no valor de 23°C que é a temperatura mais agra-
dável para o ser humano.

Nos dias de frio manter funcionando apenas os


ventiladores dos aparelhos de ar condicionado;
proceder da mesma forma para as centrais de
climatização.

Desligar o aparelho de ar condicionado em


ambientes não utilizados ou que fiquem longo
tempo desocupados.

Designar um funcionário da empresa para desli-


gar os aparelhos de ar condicionado em horários
pré-definidos, como, por exemplo, durante o
horário de almoço.
42

MEDIDAS DE MÉDIO PRAZO

Reparar periodicamente as tubulações de ar das centrais de climatização, para evitar a perda de calor
(frio).

Tratar quimicamente a água de refrigeração.

Reparar janelas e portas quebradas ou fora de alinhamento.

Reparar fugas de ar, água e fluido refrigerante.

Evitar a circulação de ar condicionado nos reatores de lâmpadas fluorescentes e, se for necessário,


removê-lo para outro ambiente.

MEDIDAS DE LONGO PRAZO

Elaborar estudos técnicos e econômicos para a implantação de um sistema de termo acumulação ou


água gelada, onde é possível a sua utilização. O sistema de termo acumulação ou água gelada não re-
duz o consumo, apenas permite que os compressores do sistema de climatização não operem na hora
da ponta de carga.

Em edificações antigas, reavaliar o projeto de climatização adequando-o aos critérios mais modernos.

Dimensionar os aparelhos de ar condicionado utilizando a carga térmica do ambiente.

Utilizar barreiras verdes (árvores) para proteger a edificação contra a entrada de raios solares nos
ambientes dotados de janelas e portas de vidro.

g) Ventilação Industrial temente, a troca de polias, é necessário ado-


tar o seguinte procedimento:
Em muitas indústrias existem grandes
ventiladores que são responsáveis por uma a) Determinação da nova velocidade
parcela ponderável do consumo de energia do ventilador, sendo que a velocidade do
elétrica. Esses ventiladores fazem parte do motor com o diâmetro da polia reduzida
processo produtivo e devem ser analisados é dada pela seguinte equação:
para identificar o potencial de desperdício de
energia elétrica.

O principal ponto que pode ser analisado


é a possibilidade da redução da velocidade
dos ventiladores. Se factível, o meio mais fá-
cil para reduzir a velocidade dos ventiladores Onde:
é a substituição das polias do motor e/ou do W2 - velocidade do ventilador com o di-
próprio ventilador. âmetro da polia reduzido;
Para determinar o potencial de economia W1 - velocidade em que opera o venti-
com a mudança da velocidade e, consequen- lador;
43

N1 - volume de movimentação do ar re- Pum - potência útil do motor na condi-


alizado pelo ventilador; ção de operação rotação N2;

N2 - volume de movimentação do ar Pnm - potência atual do motor.


realizado pelo ventilador com o diâmetro
d) Redução da energia consumida no
da polia reduzido.
mês, dada pela equação:
b) Determinação do diâmetro das
polias:
Polia do motor Onde:

Top - tempo de operação do ventilador


durante o mês, em horas.

h) Refrigeração
Os sistemas de refrigeração, se não
Onde: gerenciados adequadamente, consti-
tuem uma grande fonte de desperdício
Dm2 - diâmetro da nova polia do motor;
de energia elétrica. Para alcançar uma
Dm1 - diâmetro da polia atual do motor. melhor eficiência operacional desses
equipamentos, sugere-se seguir os pro-
Polia do ventilador, onde o diâmetro
cedimentos abaixo:
da polia do ventilador é dado pela seguin-
te equação: somente adquirir refrigeradores
certificados pelo PROCEL;

evitar utilizar os refrigeradores com


portas ou tampas abertas;

evitar armazenar produtos quentes;


D v2 - diâmetro da nova polia do venti- evitar armazenar produtos que ne-
lador; cessitem apenas de refrigeração no mes-
mo local dos produtos congelados;
D v1 - diâmetro da polia atual do venti-
lador. nos balcões frigoríficos, respeitar a
c) Determinação da potência útil linha de carga marcada pelo fabricante. O
do motor que é dada pela seguinte armazenamento de produtos acima des-
equação: sa marca eleva a frequência do descon-
gelamento;

degelar periodicamente os refrige-


radores;

em locais onde existem câmaras fri-


Onde: goríficas funcionando continuamente,
aproveitar as mesmas para realizar o pré-
44

-congelamento dos produtos a serem ar- verificar e reparar, se for o caso, a


mazenados nos balcões frigoríficos; vedação das portas e tampas dos refri-
geradores, freezers e câmaras;
afastar os produtos armazenados
pelo menos 10 cm das paredes dos refri- automatizar a porta das câmaras
geradores, para garantir uma melhor cir- frigoríficas, de forma que a iluminação
culação do ar de refrigeração; interna seja desligada quando as portas
permanecerem fechadas;
evitar instalar os refrigeradores e
freezers próximos de equipamentos que abrigar os condensadores dos raios
produzem calor, tais como fogões, for- solares;
nos, etc.;
nas câmaras frigoríficas desprovidas
usar com moderação os expositores de antecâmaras, utilizar cortinas de ar;
ofertados por fabricantes ou fornecedo-
realizar estudos técnicos e econô-
res de produtos resfriados ou congela-
micos visando ao aproveitamento do ca-
dos;
lor rejeitado nas torres de resfriamento,
os termostatos das câmaras frigo- utilizando-o no aquecimento de água ou
ríficas devem ser ajustados para permi- outros produtos
tir que os produtos armazenados sejam
i) Aquecimento de Água
mantidos a uma temperatura de referên-
cia; São medidas de implementação ime-
diata:
no interior das câmaras frigoríficas
devem ser instaladas lâmpadas fluores- os aquecedores de água devem ser
centes compactas tubulares de alta efici- ajustados para a temperatura de traba-
ência, com especificação adequada para lho de 55°C;
baixas temperaturas. A iluminância deve
utilizar as máquinas de lavar roupa e
ser de 200 lux.;
lavar louça somente com plena carga;
é conveniente que numa mesma câ-
utilizar duchas e torneiras com baixa
mara frigorífica sejam armazenados pro-
vazão;
dutos que requeiram a mesma tempera-
tura e o mesmo percentual de umidade; verificar o isolamento térmico da tu-
bulação, reservatórios e demais elemen-
manter sempre em bom funciona-
tos do sistema de aquecimento;
mento e limpos os termostatos que ope-
ram com válvulas de três vias e/ou com manter em 55°C a temperatura da
válvulas de expansão; água quente dos aquecedores centrais
utilizados para higiene pessoal (MAMEDE
as portas das câmaras frigoríficas
FILHO, 2012).
devem estar sempre fechadas quando
fora de operação; São medidas de implementação a
verificar periodicamente a vedação médio e longo prazos:
das portas das antecâmaras; analisar a possibilidade de lavagem a
45

frio de alguns produtos do processo pro- minado pelo óleo ou pela água em algu-
dutivo; ma parte do processo e verificar que as
tomadas de ar devem ser providas de um
realizar estudos técnicos e econô-
ou dois filtros de abertura adequada ao
micos visando à recuperação de calor das
tamanho das partículas em suspensão no
unidades de refrigeração;
local.
é conveniente separar a produção
Em relação à rede de distribuição,
de água quente e vapor;
manter a pressão do sistema de ar com-
instalar redutores de fluxo de água primido tecnicamente adequada ao bom
em ramais alimentadores de grupo de funcionamento da máquina; nunca in-
torneiras que operam com elevada va- troduzir na rede do sistema de ar com-
zão; primido qualquer elemento restritor de
pressão para atendimento às exigências
analisar a viabilidade e avaliar os
de uma única máquina e, evitar que o ar
custos de substituição de chuveiros elé-
circulando em alta velocidade arraste o
tricos por sistema de aquecimento de
condensado formado no interior do sis-
água a gás natural ou energia solar;
tema para os pontos de uso das máqui-
analisar a viabilidade técnica e ava- nas, acarretando mau funcionamento
liar os custos para aproveitamento da das mesmas.
água quente de drenagem das cozinhas,
Sobre a pressão, cada máquina deve
lavanderias e unidades de refrigeração
receber do sistema a pressão nominal
para pré-aquecimento da água quente
indicada pelo fabricante, devendo-se di-
de utilização;
mensionar tantas redes de distribuição
analisar a viabilidade de instalação de ar comprimido quantas forem as má-
de coletores solares para o aquecimento quinas com pressões nominais diferen-
de água, em substituição aos aquecedo- tes.
res elétricos;
Em se tratando de vazamento nos
quando utilizar coletores solares e dutos, válvulas e conexões, evitar vaza-
os respectivos reservatórios térmicos, mentos nos diversos elementos da rede
adquirir equipamentos certificados pelo de ar comprimido, pois a quantidade de
PROCEL - INMETRO. ar desperdiçada é proporcional ao nível
de pressão da rede.
j) Ar Comprimido
Os custos com os vazamentos é o prin-
Uma fonte de desperdício de energia cipal ponto de desperdício nos sistemas
elétrica bastante conhecida é a operação de ar comprimido. Estudos apontam que
do sistema de ar comprimido, cujos pon- entre 20 e 70% do ar comprimido produ-
tos básicos devem ser motivo de cuida- zido num compressor são desperdiçados
dos permanentes. entre este equipamento e os pontos de
Em relação à qualidade do ar comprimi- consumo (MAMEDE FILHO, 2012).
do, vale evitar que o mesmo seja conta-
46

k) Carregamento dos Transforma- veis de carregamento anteriormente de-


dores finidos.

A operação dos transformadores de l) Instalação Elétrica


força deve ser estudada para evitar des-
A execução, de modo sistemático, de
perdícios de energia elétrica. Assim, logo
um adequado programa de manutenção
no projeto da indústria deve-se conside-
das instalações elétricas está inserida no
rar a possibilidade de utilizar transforma-
contexto da filosofia de conservação de
dores de luz e força separadamente, des-
energia elétrica, visto que a sua ausência
ligando o transformador de força após
implica aumento de perdas térmicas, cus-
cessadas as atividades produtivas.
tos adicionais, imprevistos em virtude da
As principais ações que devem ser incidência de defeitos nas instalações,
implementadas num estudo de efi- maior consumo, maior probabilidade de
ciência energética na utilização dos ocorrência de incêndios, etc.
transformadores são: Além das recomendações gerais que
utilizar transformador para ilumina- envolvem verificar a instalação elétrica
ção em indústrias com baixo fator de car- periodicamente para localizar defeitos
ga; monopolares (fugas de corrente) por de-
ficiência da isolação ou emendas de con-
utilizar subestações unitárias próxi- dutores mal-executadas e verificar se os
mas a grandes cargas concentradas; condutores elétricos dos circuitos estão
desligar os transformadores em dimensionados adequadamente para a
operação a vazio no período de carga carga instalada, vale focar:
leve (não há deterioração do óleo); Limpeza e conservação – as tarefas
verificar as perdas de transformado- de limpeza, quando bem planejadas, po-
res antigos e comparar com as perdas dos dem reduzir o consumo de energia elétri-
transformadores novos; ca. Para tal, sempre que possível, realizar
as limpezas durante o dia; iniciar pelos
projetar os Quadros de Comando andares superiores, mantendo-se desli-
(QGF – Quadro Geral Força –, e QGL – Qua- gada a iluminação dos ambientes dos de-
dro Geral de Luz) de forma a possibilitar a mais pavimentos.
transferência de carga entre transforma-
dores de força e entre transformadores Segurança – nas instalações elétricas
de iluminação, mantendo o nível de car- deve ser motivo para implementação de
regamento adequado próximo de 80%; rotinas, de forma a eliminar a possibilida-
de de falhas ou procedimentos perigo-
adquirir transformadores com bai- sos.
xas perdas no ferro e no cobre;
Algumas recomendações de segu-
em geral, os transformadores pos- rança podem ser adotadas:
suem rendimento elevado, não obtendo
grandes economias, quando operado ní- o uso de conexões do tipo “T” é uma
prática muito perigosa e deve ser evita-
47

da, principalmente quando diversos apa- dem ter certeza que o meio ambiente e
relhos elétricos são ligados numa mesma as futuras gerações serão muito gratas,
tomada; pois do nosso uso racional e consciente
de hoje depende e muito uma vida com
inspecionar periodicamente as ins-
qualidade para os nossos descendentes.
talações elétricas, substituindo imedia-
tamente os condutores elétricos desgas-
tados;

evitar empregar condutores já utili-


zados e cujo estado de conservação es-
teja a desejar;

substituir os condutores com seção


transversal inferior às necessidades da
carga a ser alimentada;

segurar pelo bulbo as lâmpadas quei-


madas, evitando tocar o soquete;

ao trabalhar com aparelhos elétri-


cos em operação, evitar tocar em canos
d’água ou de gás canalizado;

antes de realizar qualquer interven-


ção na instalação elétrica, desligue a cha-
ve correspondente àquele circuito.

Proteção para a instalação – se o


disjuntor ou o fusível de proteção de um
circuito operar, procure identificar a cau-
sa, antes de religar o mencionado disjun-
tor ou substituir o fusível; nunca prender
a alavanca do disjuntor, se esse disposi-
tivo realizar disparos contínuos e nunca
usar arames ou fios de qualquer espécie
em substituição aos fusíveis.

Muitas das recomendações e orienta-


ções acima parecem primárias demais,
mas o descuido delas acontece, se por
distração ou imprudência, não importa.

Seguindo as orientações, as chances


de combater o desperdício de energia au-
mentam muito e, além de contribuírem
para reduzir os custos da empresa, po-
48

REFERÊNCIAS

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50

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