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Cresce rapido assim?

- APG 14

crescimento
Segundo
Segundo Semestre
Semestre

1. FISIOLOGIA do hormônio do crescimento e eixo hipotálamo - hipófise

1.1 Efeitos metabólicos


Os somatotrofos secretam o hormônio do crescimento (GH), também conhecido como somatotrofina. O
hormônio do crescimento estimula o crescimento corporal geral e regula aspectos do metabolismo.
(TORTORA, 17ªEd.)

Os somatotrofos são as células mais numerosas da adeno-hipófise, e o hormônio do crescimento (GH) é


o hormônio mais abundante da adeno-hipófise. O GH promove o crescimento dos tecidos corporais,
incluindo ossos e músculo esquelético, e regula certos aspectos do metabolismo. O GH exerce os seus
efeitos na promoção do crescimento indiretamente por meio de pequenos hormônios proteicos,
denominados fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF) ou somatomedinas. Em resposta ao
hormônio do crescimento, as células no fígado, no músculo esquelético, na cartilagem e no osso secretam
IGF. Os IGF sintetizados no fígado entram na corrente sanguínea como hormônios que circulam até as
células-alvo em todo o corpo, causando crescimento. Os IGF produzidos no músculo, na cartilagem e no
osso atuam localmente como hormônios autócrinos ou parácrinos, induzindo o crescimento desses
tecidos. Diferentemente dos efeitos do GH sobre o crescimento do corpo, os efeitos do GH no
metabolismo são diretos, o que significa que o GH interage diretamente com as células-alvo,
causando reações metabólicas específicas. Ou seja por meio de seus efeitos diretos, o GH ajuda a
regular certas reações metabólicas nas células do corpo. (TORTORA, 17ªEd.)

° Diminuição da captação de glicose. O GH influencia o metabolismo dos carboidratos por meio de


redução da captação de glicose, o que diminui a utilização de glicose para a produção de ATP pela
maioria das células corporais. Essa ação preserva a glicose, de modo a deixá-la disponível para os
neurônios para a produção de ATP em períodos de escassez de glicose. O GH também estimula os
hepatócitos a liberar glicose no sangue.
° Aumentam a lipólise. O GH aumenta a lipólise no tecido adiposo, o que resulta em aumento da
utilização dos ácidos graxos liberados para a produção de ATP pelas células corporais. (TORTORA,
17ªEd.)

1.2 Crescimento das cartilagens e ossos


No osso, por exemplo, IGF-I apresenta efeitos endócrinos e parácrinos sobre o crescimento linear, alguns
dos quais são independentes de GH. Hormônios como o paratormônio (PTH) e o estradiol também
representam estímulos efetivos para a produção de IGF-I pelos osteoblastos. (BERNE E LEVY)

O GH, utilizando os IGF como mediadores, induz o crescimento dos ossos e de outros tecidos do
corpo.
° Aumentam o crescimento dos ossos e dos tecidos moles. Nos ossos, os IGF estimulam os osteoblastos,
promovem a divisão celular na lâmina epifisial e intensificam a síntese das proteínas necessárias para
a formação de mais matriz óssea. Nos tecidos moles, como o músculo esquelético, os rins e os
intestinos, os IGF fazem com que as células cresçam por meio de aumento da captação de
aminoácidos nas células e aceleração da síntese de proteínas. Os IGF também reduzem a degradação
das proteínas e o uso de aminoácidos para a produção de ATP. Devido aos efeitos dos IGF, o GH
aumenta o crescimento do esqueleto e dos tecidos moles durante a infância e a adolescência. Nos
adultos, o GH (atuando por meio dos IGF) ajuda a manter a massa dos ossos e dos tecidos moles e
promove a cicatrização de lesões e o reparo tecidual. (TORTORA, 17ªEd.)

1.3 Regulação da secreção


Os somatotrofos na adeno-hipófise liberam salvas de hormônio do crescimento com intervalos de
poucas horas, particularmente durante o sono. A sua atividade secretora é controlada principalmente
por dois hormônios hipotalâmicos: (1) o hormônio liberador de hormônio do crescimento (GHRH), que
promove a secreção de hormônio do crescimento, e (2) o hormônio inibidor do hormônio do
crescimento (GHIH), que o suprime. (TORTORA, 17ªEd.)

A regulação da secreção de hormônio do crescimento pelo GHRH e pelo GHIH ocorre da seguinte
maneira:
¹O GHRH é secretado pelo hipotálamo. Os fatores que promovem a secreção de GHRH incluem
hipoglicemia (baixo nível de glicemia); diminuição dos níveis sanguíneos de ácidos graxos; aumento dos
níveis sanguíneos de aminoácidos; sono profundo (estágios 3 e 4 do sono sem movimentos oculares
rápidos); aumento da atividade do sistema nervoso simpático, como o que pode ocorrer em caso de
estresse ou exercício físico vigoroso; e outros hormônios, incluindo testosterona, estrogênios,
hormônios tireoidianos e grelina. (TORTORA, 17ªEd.)
²Uma vez secretado, o GHRH entra no sistema porta hipofisário e flui para a adeno-hipófise, onde
estimula os somatotrofos a secretar GH.
³O GH atua diretamente sobre várias células para promover reações metabólicas. No fígado, nos ossos,
no músculo esquelético e na cartilagem, (nos ossos e tecido mole) o GH é convertido em IGFs, os quais,
por sua vez, promovem o crescimento dos ossos, do músculo esquelético e de outros tecidos.
⁴Os níveis elevados de GH e de IGF inibem a liberação de GHRH e de GH (inibição por
retroalimentação negativa). (TORTORA, 17ªEd.)
⁵O GHIH é secretado pelo hipotálamo. Os fatores que promovem a secreção de GHIH incluem
hiperglicemia (nível elevado de glicemia); aumento dos níveis sanguíneos de ácidos graxos; diminuição
dos níveis sanguíneos de aminoácidos; obesidade; envelhecimento; e níveis sanguíneos elevados de GH
e de IGF.
⁶Após ser secretado, o GHIH entra no sistema porta hipofisário e flui para a adeno-hipófise, onde
impede a secreção de GH pelos somatotrofos ao interferir na via de sinalização utilizada pelo GHRH.
(TORTORA, 17ªEd.)

A secreção de GH, como a de ACTH, demonstra ritmos diurnos proeminentes, com a secreção máxima
ocorrendo no início da manhã logo antes de despertar. Sua secreção é estimulada durante o sono
profundo de ondas lentas (estágios IIIe IV). A secreção de GH é lenta durante o dia. Esse ritmo é
atrelado aos padrões de sono - vigília e não aos padrões de luz - escuridão, portanto ocorre um desvio de
fase em pessoas que trabalham em turnos noturnos. (BERNE E LEVY)
A secreção de GH é regulada de modo diferencial dependendo do estado fisiológico. GH é classificado
como um dos “hormônios de estresse” e é aumentado por estresse neurogênico e físico. (BERNE E
LEVY)

2. FISIOLOGIA do crescimento (fases)

2.1 Crescimento intra uterino


IGF-II é a principal forma produzida no feto, onde regula o crescimento tanto do feto quanto da
placenta, de um modo independente de GH. (BERNE E LEVY)
A secreção de GH aumenta no período neonatal, quando o crescimento se torna dependente de GH e
IGF-I. (BERNE E LEVY)

2.2 Crescimento primeira infância (0 aos 2 anos)


A secreção permanece elevada durante toda a infância. Os níveis de GH no soro variam muito (0 a
30 ng/mL, com a maioria dos valores em geral situados entre 0 e 3 anos). (BERNE E LEVY)

Obs: O estímulo da síntese proteica a partir de aminoácidos que entram nas células e a inibição da
degradação de proteínas estimulam o crescimento.
O efeito anabólico da insulina é auxiliado pela ação poupadora de proteína das reservas adequadas de
glicose intracelular. A insuficiência de crescimento é um sintoma do diabetes em crianças. (Ganong,
24ª Ed.)

2.3 Crescimento na segunda infância (3 aos 12 anos)


A secreção permanece elevada durante toda a infância. (BERNE E LEVY)
A secreção inadequada do hormônio do crescimento durante a infância causa o nanismo hipofisário.
A hipossecreção do hormônio do crescimento num adulto produz uma condição rara denominada
caquexia hipofisária (doença de Simmonds). Um dos sintomas dessa doença é o envelhecimento
prematuro causado pela atrofia tecidual. Por outro lado, a hipersecreção do hormônio do crescimento
durante a infância causa o gigantismo. A secreção excessiva do hormônio do crescimento num adulto
não provoca um crescimento porque as lâminas epifisiais cartilagíneas já se encontram ossificadas. Em
vez disso, a hipersecreção do hormônio do crescimento num adulto causa a acromegalia, em que o
aspecto da pessoa se altera gradualmente em conseqüência do espessamento dos ossos e do
crescimento dos tecidos moles, sobretudo na face, nas mãos e nos pés. (STUART, 7ª Ed.)
2.4 Crescimento na puberdade e adolescência (12 aos 18 anos)
A secreção do hormônio GH atinge um pico na puberdade, quando o estrogênio (nas mulheres e
também nos homens pela aromatização) promove taxas ainda maiores de secreção de GH. O hormônio
da tireoide também aumenta a secreção de GH e IGF-I para favorecer o crescimento e a maturação
óssea. (BERNE E LEVY)
Após a adolescência, a secreção do GH diminui lentamente com o passar dos anos, até cair para cerca de
25% em pessoas idosas em relação ao nível encontrado na adolescência. (GUYTON)

Durante a puberdade, quando os níveis de GH aumentam, os níveis de IGF-I também aumentam


paralelamente. (BERNE E LEVY)

“A condição de nascer com peso inferior a 2500 gramas se constitui um expressivo fator de risco para
um posterior retardo no crescimento das crianças. Em geral, contribui para o déficit de crescimento e
desenvolvimento pós-natal, dificultando a amamentação dessas crianças e tornando-as mais vulneráveis
à ocorrência de doenças freqüentes, repetidas e prolongadas com seqüelas de fundamental importância,
muitas vezes, conduzindo à morte. O comprimento ao nascer também é citado como um preditor
importante de retardo de crescimento.”
“Através de um estudo transversal com 3389 crianças de 0 a 59 meses de idade, de 1988 a 1990, em
Porto Alegre, RS, utilizando a mesma técnica de regressão logística, encontrou maior risco de retardo de
crescimento nas crianças cujas famílias tinham uma baixa inserção socioeconômica, representada
principalmente, pela baixa renda per capita, associada à baixa escolaridade da mãe.”
“Analisando dados do estudo "Demografic health survey", realizado em áreas de baixa renda em três
países da América Latina e três do Oeste africano, identificou maiores déficits de crescimento em
famílias com menor alocação de recursos, cujos chefes eram mulheres sozinhas ou não unidas pelo
matrimônio.
Muitas vezes, a influência da renda familiar sobre o estado de saúde e nutrição da criança é relativizada
por outros determinantes, como educação, tipo de moradia, saneamento, acesso aos serviços de saúde,
bens de consumo, dentre outros. Assim, Monteiro, analisando o papel da renda através da escolaridade
do chefe da família e do número de bens do domicílio, nos dados das pesquisas nacionais de 1974, 1989
e 1996, confirmou a importante influência desses fatores sobre o crescimento e o estado de nutrição das
crianças.”
“A classe social, a renda familiar per capita, a escolaridade dos pais, as condições da habitação e o
saneamento foram os fatores que se associaram significativamente com o risco de retardo do
crescimento. O aproveitamento escolar daqueles que ingressaram com retardo de crescimento, foi
inferior ao dos que não apresentavam retardo.”
“Fortemente associado com o crescimento das crianças é a escolaridade materna. As mães com maior
grau de escolaridade realizam com mais propriedade os cuidados preventivos e curativos com as
crianças e, por essa razão, vem sendo evidenciado por muitos autores como um fator bastante influente
na determinação do crescimento dos menores de cinco anos. A coabitação com o pai da criança
também constitui fator de favorecimento ao adequado crescimento da criança.”
“POR FIM As variáveis relacionadas ao domicílio, representam um conjunto de causas intermediárias da
determinação do crescimento infantil, sendo também, influenciadas pelas condições socioeconômicas. A
importância do ambiente domiciliar DEVE SER ressaltada. ALEM DE FATORES HEREDITARIOS, DE MÁ
NUTRIÇÃO, SAÚDE (PORTADORES DE COMORBIDADES) ENTRE OUTROS QUE PODEM INFUENCIAR
NO CRESCIMENTO GERAL.”

Nome: Fatores determinantes do crescimento infantil


Publicado por: Revista Brasileira Saúde Matero Infantil
Autores: Azevedo, Sylvia de Mello Romani; Cabral, Pedro Israel de Lira
Publicado em: 17 Maio 2004

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