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movimentos sociais.
Tema: O movimento operário brasileiro
Disciplina: Metodologia do Ensino de História II
Discente: Michelle Oliveira Lima Leal
Parte do professor
1. Descrição da oficina
A Oficina de História: Sistema fabril, desemprego, trabalho coletivo e movimentos
sociais tem como subtema “O movimento operário brasileiro”, focando na Greve de
1917 e Greve do ABC Paulista, que teve início em 1979. Para trabalhar com essa
temática é utilizado dois documentários, o primeiro é “Libertários” (1976), do diretor
Lauro Escorel Filho, e o segundo é o “ABC da Greve” (1987) produzido por Leon
Hirzman. Com isso, é proposto que os professores, juntamente com os estudantes,
trabalhem o tema a partir da análise dos documentários.
Desse modo, no primeiro momento será fornecido pelo professor uma fala
introdutória acerca das greves de 1917 e 1979, e contexto de produção dos filmes,
pedindo em seguida para que os alunos assistam aos documentários. No terceiro
momento os estudantes irão ler um trecho da obra de Eric Hobsbawn acerca das
condições dos trabalhadores da fábrica durante a Segunda Revolução Industrial para que
se possa fazer um paralelo com as condições dos trabalhadores brasileiros.
Em seguida, os estudantes deverão responder um questionário acerca das três fontes
utilizadas, a fim de compreender a relação entre elas e assim construir sua própria fonte.
A atividade final será de que os estudantes imaginem que são diretores dos filmes e
estão fazendo uma seleção de fontes históricas sobre o tema “O movimento operário
brasileiro” e uma montagem de banner e sinopse.
2. Objetivos
Trabalhar o cinema, mais especificamente, o gênero documentário, como fonte
histórica;
Conhecer os movimentos operários brasileiros e suas especificidades;
Analisar criticamente os processos de industrialização e suas consequências para
a população;
Compreender as diferenças entre os movimentos operários apresentados e sua
importância;
Dialogar com a realidade do Brasil do século XXI;
Desmistificar a ideia de que os movimentos de esquerda são negativos;
3. Conteúdos
Conceituais: industrialização – urbanização – resistência - movimentos sociais –
movimento operário – comunismo – anarquismo - sindicalismo autônomo.
Atitudinais: Essa oficina de História pretende desenvolver nos estudantes a criticidade
em relação a documentos históricos, por meio do reconhecimento de como ele foi
construído. Além disso, busca-se apresentar a industrialização como um acontecimento
em que houve resistência e evidenciar novos personagens da história.
Procedimentais: Nessa oficina os estudantes deverão analisar textos, imagens,
documentários, expondo seu conhecimento por meio de fichas de análise e pela
construção de uma fonte histórica.
4. Estratégias
Essa oficina de História foi pensada para os estudantes do 8°ano do ensino
fundamental II. Ela é organizada por uma temática, sendo assim, os estudantes deverão
trabalhar com o tema em diversos momentos da história, inclusive no tempo presente.
Para isso, é importante que você, professor de história, tenha domínio dos conceitos e
temas que aparecem. Pensando nisso, trouxemos como referências os textos O Primeiro
Primeiro De Maio Na França (1890): Nascimento De Um Rito Operário, da autora
Michelle Perrot, e A história vista de baixo, do autor Jim Sharpe.
É necessário que ajude seus alunos a desenvolverem a perspectiva de que a História
não é apenas feita de grandes heróis, ressaltando a visibilidade de outros sujeitos. Além
disso, com o texto da Michelle Perrot, é possível construir a história do movimento
operário pelo mundo.
Além disso, as principais fontes utilizadas na construção dessa oficina é o cinema e
se deve ter clareza acerca dos seus objetivos, para que não se torne algo maçante para
seus alunos. O cinema então, não deve servir como um tapa buraco nas aulas de História
e nem devem ser apresentados sem contexto. Em específico, para desenvolver essa
oficina é necessário que se tenha domínio do gênero de documentário, pois será a
principal fonte utilizada. Sugere-se então ao professor que ele desenvolva nos seus
alunos a criticidade de se assistir ao documentário como fonte histórica, e como um
produto de criação e não como uma mera representação da realidade. Leia então com
atenção o texto Elementos de linguagem e história do cinema, do autor Marcos
Napolitano.
Para destacar elementos específicos dos documentários “Os Libertários e “ABC da
Greve” é estritamente necessário que o você, professor, faça uma pesquisa sobre seu
contexto de produção, intencionalidades, composição, entre outros elementos. Para isso,
separamos dois textos de apoio que pode te auxiliar nessa tarefa. O primeiro é Imagens
e história da industrialização no Brasil: a pesquisa histórica e a produção do
documentário Libertários, de Lauro Escorel Filho (1976), do autor Rafael Rosa
Hagemeyer e o segundo é o texto Classe trabalhadora, confronto político e
democracia: o ciclo de greves do abc paulista e os desafios do sindicalismo atual, do
autor Marco Aurélio Santana.
5. Informações adicionais
Para saber mais sobre o movimento operário brasileiro de 1917 recomenda-se que leia o
texto:
BATALHA, Claúdio H. M. Formação da classe operária e projetos de identidade
coletiva. In: O Brasil Republicano – O tempo de liberalismo excludente: da
Proclamação da República à Revolução de 1930 (2.ª Ed.). Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2006.
Outras informações sobre a história do movimento operário são possíveis encontrar em
dois sites, o CPDOC e o site Memórias da Ditadura, nele você encontra referências de
livros, filmes, outros documentários, fotografias, textos e até mesmo propostas de aulas
de História.
OPERÁRIO, Movimento. In: FGV CPDOC. Rio de Janeiro: FGV, 2021. Disponível
em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/QuestaoSocial/
MovimentoOperario> . Acesso em: 14/03/2022.
Outra referência muito interessante, são os textos do Hobsbawn, pois ele trabalha acerca
da industrialização e suas consequências. Na atividade proposta para os alunos, é
retirado um texto da obra referenciada abaixo:
Fonte 2
“Em geral, a produção de documentários históricos no Brasil ocorreu à margem das
universidades, através de cineastas e produtoras que agiam voltados para as instituições
oficiais de incentivo à produção educativa e resgate do patrimônio cultural. Mas há uma
exceção digna de consideração: a produção do documentário Libertários, de Lauro
Escorel Filho, em 1976, viabilizado através do projeto Imagens e História da
Industrialização no Brasil (1889-1945), coordenado pelos professores Paulo Sérgio
Pinheiro e Victor Leonardi, no Departamento de Ciências Sociais da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) entre 1975 e 1977.3 Ainda em plena ditadura militar,
sob a vigência do Ato Institucional n.5 e sem nenhuma perspectiva de renascimento de
movimentos grevistas, o documentário ousou ao tratar de temas como as péssimas
condições de trabalho e vida operária, os movimentos grevistas e o desenvolvimento da
propaganda anarquista no Brasil no início do século XX.” (HAGEMEYER, 2010, p.50)
Fonte 3
Fonte 4
Fonte 5
Leia o trecho abaixo retirado da obra “Os trabalhadores – Estudos sobre a História do
Operariado” do autor Eric Hobsbawn, que trabalha acerca do movimento operário
europeu no século XIX, até o início da Primeira Guerra Mundial.
“Nenhum problema inicial de determinação do salário surgia para os não habilitados ou
aqueles com oferta abundante. Eles tinham que aceitar um salário de subsistência (se
fossem homens), ou um fixado de tal maneira simplesmente para atraí-los para longe do
(digamos) trabalho rural. (As mulheres e as crianças naturalmente recebiam menos do
que o de subsistência...” (HOBSBAWN, 2008, p.401)
3. Guia de investigação
Documentário 1 – Os Libertários
Qual o nome do diretor(a) do documentário “Os libertários”? Quando ele foi
produzido?
Qual base nas aulas anteriores de História, qual era o contexto político
brasileiro no ano de produção do documentário? Esse contexto político é o
mesmo retratado no filme?
Quais tipos de fontes utilizadas para construir o documentário 1? Como por
exemplo, jornais, fotografias, outros documentários, documentos escritos,
artefatos...
Qual tipo de narrador? Narrador personagem? Narrador observador?
Narrador onisciente?
Qual a intencionalidade na produção desse documentário? Você consegue
identificar apenas ao assistir?
Quais são as primeiras características dos grevistas? Responda acerca do seu
gênero, idade, etnia, vestuário.
Qual era o modo de organização dos operários da Greve de 1917? Existia
apenas um líder? Qual era o objetivo da greve? Onde esses trabalhadores se
reuniam?
Fonte 5
Qual documento foi retirado o trecho? Jornal? Livro? Revista? Artigo
acadêmico?
O autor Hobsbawn está falando de um outro momento do movimento
operário, quais semelhanças e rupturas você consegue enxergar entre ele e o
movimento apresentado no documentário ABC da Greve?
4. Atividade final
Agora você é o diretor e irá produzir em 2022 um documentário sobre o movimento
operário brasileiro no decorrer dos anos. Para isso você deverá fazer uma seleção de
possíveis fontes que irá utilizar, a partir de recortes dos documentários propostos e
produzir um banner, com título, nome do diretor e sinopse do filme.
Referências
Libertários. Youtube, 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=yBysX6-7ezw>. Acesso em: 17 de janeiro de 2022.
OPERÁRIO, Movimento. In: FGV CPDOC. Rio de Janeiro: FGV, 2021. Disponível
em:<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/QuestaoSocial/
MovimentoOperario>. Acesso em: 14/03/2022.
SHARPE, Jim. A história vista de baixo. In: BURKE, Peter. A escrita da História:
novas perspectivas/ Peter Burke (Org.); trad. de Magda Lopes - São Paulo: Editora
UNESP, 1992.