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CAMPUS CHAPECÓ
CURSO DE HISTÓRIA - LICENCIATURA
DISCIPLINA: DIDÁTICA GERAL
DOCENTE: NEIDE CARDOSO DE MOURA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Disciplina: História
Modalidade de ensino/ano: Ensino Fundamental II / 9º ano
Professores: Elica Cristina Simonetti; Natália Barro; Pedro Henrique Pedrotti; Samira Caires
Cantelle
Áreas envolvidas: História, Geografia, Língua Portuguesa, Arte
Tipo de atividade: sequência didática
Número de aulas: 10 aulas (05 semanas)
Conteúdos e objetivos
Factuais: século XX; Período do entreguerras na Europa e América
Conceituais:
Aparecimento/ressurgimento de formas extremas de discriminação nos Estados Unidos;
Aparecimento de potências econômicas;
Formação das ideologias totalitárias;
Crise econômica mundial e a Grande Depressão;
Características da arte surrealista no Entreguerras.
Procedimentais:
Identificar o contexto dos EUA pré e pós Primeira Guerra e como eles se tornam a potência
hegemônica mundial;
Compreender as crises do período da década de 1920;
Pesquisar sobre o surgimento de grupos extremistas no EUA, muito vinculados à perseguição
de grupos específicos da sociedade (negros, católicos, imigrantes…);
Pesquisar mais aprofundadamente sobre os regimes totalitários que surgem no Entreguerras, a
saber o fascismo e o nazismo;
Demarcar as características da vanguarda surrealista, que surge no Entreguerras, e os
contextos que possibilitaram seu aparecimento, além de principais artistas, obras, etc.
Atitudinais:
Conscientização sobre os movimentos ideológicos totalitários ocorridos no período do
Entreguerras;
Crítica às concepções de hegemonia, sobretudo dos Estados Unidos;
Posicionamento contrário às barbáries dos grupos racistas americanos;
Problematização do American Way of Life;
Analisar criticamente os grandes movimentos das massas;
Perceber as características e contexto do surgimento da arte surrealista.
Recursos didáticos: Slides, retroprojetor, caixas de som, livro didático, imagens, vídeos,
textos, textos didáticos e materiais diversos (quadro branco, marcador para quadro branco,
cartolina, papelão, tinta guache, pincéis, régua, lápis, lápis de cor, canetas, canetinhas, papel
machê e outros materias que possam ser cedidos e utilizados para a elaboração das aulas e das
releituras por parte dos alunos).
Formas de avaliação:
TEÓRICA
Mapa conceitual.
Texto dissertativo-argumentativo.
Participação do debate da “mesa-redonda”.
Atividade de releituras de obras de arte surrealistas, esta que será em conjunto para as
disciplinas de História (contexto histórico do surgimento/análise de obras) e de Arte
(características/elementos/obras).
ANEXO ETAPA 01 – AULA 01
Com o final da Primeira Guerra Mundial, que ocorreu entre 1914 e 1918, as nações
europeias estavam totalmente destruídas pelos efeitos do conflito, fazendo com que sua
economia estivesse arruinada, os edifícios destroçados, as indústrias fechadas e a mão de obra
era pouca. Nesse contexto, a Alemanha foi uma das maiores perdedoras do conflito, perdendo
suas colônias africanas, o exército foi desfeito, teve que devolver territórios à França e ainda
pagando indenizações para os países que ela havia invadido.
Envolvendo-se tardiamente na guerra, somente em 1917 e sem ter o seu território
atingido pelas batalhas, os EUA não foram tão prejudicados pela Primeira Guerra Mundial
quanto os países europeus. Ao contrário, obtiveram ganhos financeiros e políticos. Enquanto
as nações europeias reduziram a sua produção industrial e agrícola em decorrência do
conflito, os estadunidenses aumentavam a sua produtividade, exportando alimentos e bens
industrializados para os países beligerantes.
Além disso, ao final da guerra, os Estados Unidos concederam grandes empréstimos
para a reconstrução da Europa. Para se ter uma ideia, antes de 1914, o país devia cerca de 3
bilhões de dólares a diversas nações, e quando o conflito foi encerrado, em 1918, era credor
de 11 bilhões de dólares, crescendo em proporções astronômicas o seu parque industrial,
manufaturas e o poder de compra dos seus cidadãos, aumentando a qualidade de vida e o
acesso aos bens que à época eram de difícil acesso, como geladeiras, fogões, automóveis, etc.
O extraordinário desenvolvimento também se revela nas atividades culturais e nas
comunicações, como o telégrafo, o telefone e o rádio.
Assim, devido à destruição e pauperização das nações europeias em decorrência da
Primeira Guerra, os Estados Unidos começam a surgir como uma nação hegemônica, podendo
dar as cartas no processo de desenvolvimento industrial e econômico mundial, visto que a
maioria dos países que se envolveram no conflito ou que ainda estavam se desenvolvendo,
como é o caso do Brasil, dependiam de produtos ou das transações econômicas
estadunidenses.
Conceitos:
Ascensão: “Ação ou efeito de ascender, de se mover de baixo para cima; elevação.” – No
caso dos EUA, o seu crescimento enquanto país e força econômica no âmbito mundial,
tornando-se assim uma potência econômica.
Potência econômica: “Quanto mais um país apresenta capacidade de produção e distribuição
de bens materiais, maior se torna a sua força econômica. As maiores economias globais são as
principais potências econômicas do planeta.” – Neste sentido, os EUA, pela sua grande
produção e estabilidade no mercado mundial, fizeram com que eles se tornassem uma nação
hegemônica pela sua grande economia.
Nação hegemônica: “é aquela que conduz o sistema de nações a uma direção desejada por
ela.” – São os países que conseguem ter uma relevância bastante grande dentro dos outros e
exercem uma força ideológica forte, visando atingir os seus interesses enquanto nação,
sobretudo com transações econômicas, acordos comerciais, conflitos militares, embargos, etc.
Fordismo: forma de organização da produção que surgiu nos EUA, em 1914, a partir das
montadoras de carros de Henry Ford, que buscava fazer a produção em massa. Nesse modelo
de produção, cada funcionário é responsável por apenas uma etapa do processo, fazendo
movimentos e ações repetitivas por longas horas, além da presença da esteira que dinamiza o
tempo de produção, fazendo mais produtos, em menos tempo, com menos funcionários e,
consequentemente, menos recursos, gerando grandes estoques e barateando o preço.
Exemplos de imagem:
Conceitos:
Comunismo: do latim, “ser comum”. No comunismo, todas as pessoas têm direito às mesmas
coisas, não existe propriedade privada e não existem classes sociais.
ANEXO ETAPA 04 – AULAS 05 E 06
Conforme foi estudado até aqui, os anos da década de 1920 observaram uma série de
mudanças e alterações dentro das conjunturas sociais, culturais, políticas e econômicas,
principalmente nos Estados Unidos, como uma rápida industrialização, o crescimento de
grupos supremacistas e racistas, novos modos de vida pautados no consumismo, meios de
comunicação de massa, o surgimento da indústria cultural, ascensão dos Estados Unidos
como potência hegemônica, etc. Contudo, essas mudanças não conseguiram se sustentar por
muito tempo, até que, em 1929, aconteceu uma quebra generalizada na bolsa de valores de
Nova Iorque, conhecido como o Crash da Bolsa, que foi uma crise de superprodução e que
teve efeitos em quase todos os lugares o globo, inclusive no Brasil, principalmente na
economia cafeeira.
Essa crise de superprodução foi causada por uma série de fatores, podendo-se citar
que, com a industrialização muito grande nos parques industriais dos Estados Unidos, houve
muita produção e as pessoas não tinham mais condição de comprarem esses produtos,
gerando assim altos estoques, os mercados europeus também não estavam comprando mais
tantos produtos, pois estavam se reestruturando internamente, reconstruindo suas fábricas e
plantações agrícolas, não precisando mais importar esses produtos, além do próprio estilo de
vida problemático estadunidense que se desenvolveu nesses anos da década de 1920, que
consumia demais, comprava demais, mas a inflação não acompanhava os níveis dos salários,
criando assim um endividamento e, consequentemente, a menor procura por comprar estes
produtos industrializados.
Com essa crise, o período a partir de 1929, também conhecido como a Grande
Depressão, foi marcado por dificuldades expressivas dentro do Estados Unidos, como
suicídios em massa por terem perdido todo o seu dinheiro na bolsa de valores, dificuldade
econômicas em sustentar as famílias, aumento de preços, demissões em massa e
desmantelamento de diversas empresas, que tiveram que fechar pelas dificuldades
econômicas. Outra questão que deve ser lembrada é o caráter liberal dos Estados Unidos à
época, ou seja, os Estado não fazia nenhum tipo de intervenção, o que causou então esse
descontrole no mercado que causou a Crise de 29.
Como forma de diminuir os efeitos da crise e tentar contorná-la, o presidente
estadunidense do período, Franklin Delano Roosevelt, propôs uma maior intervenção da mão
do Estado na economia, através da política que ficou conhecida como o New Deal, um novo
acordo econômico que passou a regular as transações econômicas, criaram-se sindicatos para
mediar as tensões entre os patrões e os empregados, foi instituído um programa de
construções, injetando dinheiro no setor da construção civil e empregando a grande massa que
havia sido dispensada das fábricas, concessão de empréstimos a pequenos agricultores e a
criação da previdência social, garantindo um auxílio aos desempregados, idosos e inválidos
desta sociedade. Dessa forma, as ideias liberais foram deixadas um pouco de lado, em que o
intervencionismo do Estado foi revisto como algo benéfico para o próprio país, o que ajudou
o próprio Roosevelt a se reeleger. Com os trechos do livro As vinhas da ira, de John
Steinbeck (1939), espera-se que os alunos compreendam, a partir de uma obra literária quase
contemporânea à crise e que foi escrita com base nos seus efeitos, como estava a sociedade
neste período pós-crise de 1929, muito vinculada à falta de emprego que é trazida nestas
passagens e como estava a situação desses desempregados: pobres, relegados e sem nenhum
auxílio para conseguirem sobreviver.
Já sobre a crise de 2008, ela foi uma crise de efeito-dominó, isto é, que diversos
eventos vão levando a outros. Ela ocorreu devido à quebra de um dos bancos mais
tradicionais dos EUA, o Lehman Brothers, que decretou falência. Muito similar à crise de
1929, apesar de estar mais associada à quebra do banco, seus efeitos já vinham sendo sentidos
desde a década de 1990, em que houve um aumento dos valores imobiliários e acesso aos
créditos de financiamento, principalmente a hipoteca, mas que não acompanharam o
crescimento salarial da população, o que causou um aumento enorme nos preços do imóveis e
dos juros cobrados pelos bancos. Com isso, diversas instituições financeiras, inclusive o
Lehman Brothers, acabaram falindo pelos empréstimos de alto risco que foram cedidos aos
seus clientes, fazendo com que houvesse uma queda brusca a nível internacional na bolsa de
valores, gerando assim uma crise global, diminuindo a renda e aumentando o desemprego.
Em relação à produção do texto, os alunos deverão pesquisar e produzir um texto que
deverá ser entregue aos professores, entre 30 e 40 linhas, no modelo
dissertativo-argumentativo, em terceira pessoa, apresentando introdução, desenvolvimento e
conclusão que aponte alguns dos problemas do capitalismo e que conceitue estes dois
momentos históricos, do seguinte tema: “A fragilidade do estilo de vida e modo de produção
capitalista em vista às crises de 1929 e 2008”.
Este texto deverá conter, obrigatoriamente, as seguintes palavras:
*Crise de 1929; Crise de 2008; Bancos; Crise de Superprodução; Estilo de vida americano;
Crash da Bolsa de Valores de Nova York; Theodore Roosevelt; New Deal; Keynesianismo;
Sistema Capitalista; Liberalismo econômico; Efeito-dominó; e Ajuda estatal.*
Os estudantes poderão utilizar-se destes conceitos da melhor forma que acharem
interessante dentro dos seus textos, não precisando seguir esta ordem pré-determinada, mas
que deverão aparecer no corpo do texto.
Este texto servirá como processo avaliativo e será corrigido nos moldes do Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM), levando em consideração conectivos, estruturação dos
parágrafos, argumentos utilizados durante o desenvolvimento, organização das ideias e
conclusão que apresente algum tipo de solução que venha de encontro com os problemas que
foram sendo citados ao longo do texto e/ou novas políticas a partir destes episódios que foram
estudados pelos alunos em sala de aula. Juntamente com as lista de palavras, os professores
irão entregar três textos de apoio para ajudar na formulação desta redação.
ANEXO ETAPA 05 - AULAS 07 E 08
RAÇA “ARIANA”
Com a ascensão nazista, é proliferado o uso do termo “ariano” enquanto agrupamento
racial de povos, mesmo com a definição original baseada no estudo de estrutura de
linguagem. Pensadores como Houston Stewart Chamberlain (1855- 1927) foram responsáveis
por fomentar ideias deturpadas de que os arianos seriam racialmente e culturalmente
superiores às outras pessoas. Desse modo, em meados de 1920 os ideológos do Partido
Nazista, radicalizaram a crença infundada que a raça ariana seria superior. Diante desse
pensamento, começam a ser aplicadas políticas ideológicas de segregação e exterminação
daqueles que “não fossem arianos”, principalmente aos judeus, que eram considerados a
maior ameaça racial da sociedade alemã, aos negros e aos ciganos. Apesar da grande
distinção, a definição de “não ariano” era bastante ampla e imprecisa. Além disso, o termo
“arianização” também tinha fundamento nesse sentido, sendo compreendido como o processo
de confisco e transferência de negócios e propriedades judaicas para não judeus na Alemanha
nazista e na Europa ocupada pelos alemães.
FICÇÃO E HISTÓRIA
"Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião
ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de
comunicação social ou publicação de qualquer natureza: Pena: reclusão de dois a cinco anos e
multa.”
DECISÃO DO STF
SURREALISMO
No período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, os países europeus
passaram por uma complicada crise econômica, enquanto tentavam se reconstruir após os
estragos da Primeira Grande Guerra. Foi nesse contexto que, em 1924, surgiu, oficialmente, o
surrealismo com a publicação do Manifesto Surrealista escrito por André Breton, apesar de
algumas obras desse estilo já serem produzidas desde 1919.
No entanto, o movimento surrealista afasta-se da realidade sociopolítica da Europa,
atuando como uma fuga da realidade ao conceder mais atenção à exploração do inconsciente,
tendo como uma de suas principais influências, a Psicanálise de Sigmund Freud, além de
possuir relação com o Futurismo e o Dadaísmo. Dessa forma, entre as características do
surrealismo, destacam-se, a valorização do inconsciente, o uso de imagens oníricas e
fantásticas, o caráter ilógico e irracional, a colagem de objetos desconexos, o
antiacademicismo, o aspecto subversivo, o enaltecimento de impulsos primitivos e o fascínio
pela loucura. Ainda, os surrealistas defendiam a destruição daquela sociedade e a construção
de uma nova com base em outra realidade, situada no subconsciente e no inconsciente.
Entre os principais representantes europeus, estão Salvador Dalí e Luis Buñuel.
Enquanto no Brasil, traços do movimento são percebidos no modernismo, principalmente nas
obras do pintor Ismael Nery (1900-1934). Ademais, os artistas Cícero Dias (1907-2003),
Tarsila do Amaral (1886-1973) e Maria Martins (1894-1973), além de Murilo Mendes no
campo da literatura, também foram influenciados pelo movimento surrealista.
2
Disponível em:
<https://www.spescoladeteatro.org.br/noticia/100-anos-da-semana-de-22-conheca-urutu-ou-o-ovo-de-tarsila-do-a
maral#:~:text=A%20pintora%20modernista%20estava%20muito,o%20trauma%20de%20seu%20nascimento.>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLAINEY, Geoffrey. Uma breve História do mundo. São Paulo: Fundamento, 2015. 335 p.
______. Uma breve História do século XX. São Paulo: Fundamento, 2011. 307 p.
______. Uma breve História das guerras. São Paulo: Fundamento, 2014. 237 p.
CAMPOS, Flavio de; MIRANDA, Renan Garcia. (orgs.) A escrita da História. São Paulo:
Escala Educacional, 2006. 656 p.
CARNEIRO, Raquel. Os Peaky Blinders existiram? A história real por trás da série. Veja, 22
de jun. de 2022. Disponível em:
<https://veja.abril.com.br/coluna/e-tudo-historia/os-peaky-blinders-existiram-a-historia-real-p
or-tras-da-serie>. Acesso em 08 de jun. de 2023
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
STEINBECK, John. As vinhas da ira. Rio de Janeiro: Editora Record, 2022. 560 p.
VAINFAS, Ronaldo; FARIA, Sheila de Castro; FERREIRA, Jorge; SANTOS, Georgina dos.
(orgs.). São Paulo: Saraiva, 2010.