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Material Digital do Professor

História – 9º ano
2º bimestre – Sequência didática 1

Os impactos da Primeira Guerra


Duração: 3 aulas
Referência do Livro do Aluno: Unidade 2, Capítulo 5

Relevância para a aprendizagem


O objetivo desta sequência didática é apresentar as principais causas que levaram à Primeira
Guerra Mundial, enfatizando a sua relação com a dinâmica do capitalismo. Nesse sentido, o
estudante vai compreender como a Revolução Industrial, o imperialismo (colonialismo) e a corrida
armamentista estão ligados historicamente à origem do conflito no início do século XX. Além disso,
os estudantes serão capazes de visualizar a disputa por territórios, por meio da elaboração e análise
de mapas, permitindo a compreensão sobre a formação dos blocos que culminaram na Primeira
Guerra. Através da apresentação dos conceitos de nação, nacionalismo e imperialismo, juntamente
da análise de imagens de guerra, o estudante deve refletir sobre os impactos da Primeira Guerra
Mundial para a cultura europeia e identificar os seus desdobramentos.

Objetivos de aprendizagem
• Contextualizar a Primeira Guerra Mundial, identificando precedentes, desenvolvimento e
consequências do conflito.
• Compreender os conceitos de Imperialismo e Nacionalismo.

Objetos de conhecimento e habilidades (BNCC)


Objeto de conhecimento Habilidade
O mundo em conflito: a Primeira (EF09HI10) Identificar e relacionar as dinâmicas do capitalismo e suas crises, os
Guerra Mundial grandes conflitos mundiais e os conflitos vivenciados na Europa.
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História – 9º ano
2º bimestre – Sequência didática 1

Desenvolvimento
Aula 1 – Antecedentes da Primeira Guerra
Duração: cerca de 45 minutos
Local: sala de aula
Organização dos estudantes: os estudantes estarão sentados em suas carteiras, de frente para a lousa e para o professor
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz, lápis, borracha, caderno, cópias da imagem selecionada para a aula ou
equipamento para projeção
Material de referência:
• Eugène Delacroix. Liberdade guiando o povo. 1830. Museu do Louvre. Disponível em:
<http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/july-28-liberty-leading-people>.
• ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas. São Paulo: Cia. das Letras, 2008.

Aula expositiva: Nação e nacionalismo (40 minutos)

Separe, previamente, uma reprodução da pintura Liberdade guiando o povo, de Eugène


Delacroix (1798-1863). Ela deverá ser projetada ou distribuída em cópias para os estudantes.

Inicie a aula perguntando se a classe recorda quais foram as principais características da


Revolução Industrial. Onde e em que época ocorreu? O que a provocou? Que consequências ela
trouxe para a sociedade e a economia do mundo? Conduza a discussão para que todos recordem que
a Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, e se intensificou no século XIX,
espalhando-se para as demais nações em formação. Destaque principalmente o aumento na
produtividade por conta da introdução de máquinas no ambiente de trabalho, ou seja, as indústrias
passaram a produzir um volume muito maior de mercadorias em um mesmo intervalo de tempo,
possibilitando o acúmulo e a concentração de riquezas. Nesse contexto, a competição torna-se cada
vez mais importante, assim como o domínio de colônias.

A partir da segunda metade do século XIX, os industriais ingleses começam a ser desafiados pelos
industriais de outros países. Isso gerou duas consequências. Em primeiro lugar, os governos das potências
europeias precisaram expandir seus impérios, conquistando mercados e territórios na África e na Ásia,
onde poderiam escoar produtos e capitais. Aproveite para explicar a noção de “imperialismo”: relação de
dominação, direta (colonização) ou indireta, de um país/região sobre outra. Consequentemente, ingleses,
franceses e alemães, entre outros, passaram a competir por colônias, o que gerou disputas e tensões.
Além disso, começaram a restringir o acesso aos seus mercados internos. Em segundo lugar, explique que
os governos de países europeus adotaram políticas protecionistas para privilegiar suas indústrias e
dificultar a expansão econômica de seus concorrentes – por exemplo, passaram a proibir ou sobretaxar
mercadorias estrangeiras de setores considerados estratégicos. Se julgar adequado, relembre a ideia de
“livre mercado” pregada pelo liberalismo, explicando que a prática mostrava seus limites diante de uma
economia europeia cada vez mais competitiva, na qual faltavam consumidores para tantas mercadorias.
Pontue que o poderio inglês chegou a tal ponto que eles passaram a impor a lógica do “livre mercado”
para outras partes do mundo.
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2º bimestre – Sequência didática 1

Esclareça que, nesse contexto de rivalidade e concorrência, os europeus entraram no último


quarto do século XIX em uma corrida armamentista, isto é, os governos passaram a ampliar seus
exércitos e estimular a produção de armas cada vez mais potentes, sempre tentando estar “um
passo à frente” de seus rivais no caso de uma eventual guerra.

Nesse momento, anote na lousa uma síntese em forma de organograma para que os
estudantes copiem no caderno e relembrem a ordem das relações estabelecidas até o momento
dessa exposição:

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL → COMPETIÇÃO → IMPERIALISMO E COLONIZAÇÕES + PROTECIONISMO


ECONÔMICO → CORRIDA ARMAMENTISTA.

Explique agora que essas rivalidades entre países europeus fizeram aflorar com mais força
uma ideologia chamada nacionalismo. Pergunte aos estudantes o que eles entendem por “nação”. O
Brasil, por exemplo, é uma nação? Por quê? O que a caracteriza? É provável que os estudantes
respondam que sim, mas que tenham dificuldade para justificar suas respostas em razão da enorme
diversidade cultural da população brasileira. Ouça as respostas e faça a mediação da discussão,
procurando pontuar ícones (como a bandeira ou o hino), instituições (como o Estado e a
Constituição) e/ou traços culturais (como o idioma oficial do país) que poderiam ser apontados como
elementos que vigoram em todas as regiões do território nacional, embora não necessariamente
sejam conhecidos e utilizados por todas as culturas presentes no país. O objetivo é fazer com que
compreendam que “nação” é uma comunidade que compartilha uma mesma cultura, uma mesma
língua e, em alguns casos, uma mesma origem étnica. Se possível, faça um contraponto, expondo a
visão de Benedict Anderson segundo a qual as nações são entendidas como enormes “comunidades
imaginadas”, ou seja, são baseadas em um sentimento de identificação que não é “natural”, calcado
em laços concretos de parentesco, por exemplo, mas sim em algo inventado pela cultura e pela
ideologia. Nessa perspectiva, o sentimento de identificação precisa ser reforçado pelos símbolos
nacionais mencionados (hino, bandeira, idioma oficial, etc.). Assim, pode-se reforçar a identidade
nacional e, simultaneamente, combater quaisquer outras identidades que entrem em contradição
com a ideologia do Estado. Se julgar necessário, exemplifique que, no caso do Brasil, isso foi feito
com os povos indígenas (nações indígenas), que, por décadas, foram alvo de políticas
governamentais que incentivavam o abandono das identidades culturais particulares e a integração à
“cultura brasileira” ou “cultura nacional”.

Explique aos estudantes que no século XIX esse nacionalismo, ou seja, a ideia de amor e
defesa da sua nação, começou a ganhar duas características novas. Em primeiro lugar, vários povos
europeus começaram a reivindicar territórios próprios para construir seus Estados – o que
contrariava o interesse de alguns impérios multinacionais. Em segundo lugar, no contexto das
rivalidades entre os países europeus, o amor à pátria começou a ser complementado pelo
sentimento de ódio ao estrangeiro, chamado xenofobia.
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Nesse momento, apresente para a classe a imagem de Eugène Delacroix (1798-1863).


Pergunte se alguns dos estudantes já viram essa pintura antes. Faça uma breve introdução da obra,
apresentando título (Liberdade guiando o povo), data em que foi produzida (1830) e o contexto (uma
revolução liberal acontecia na França, inspirada por ideais similares aos da Revolução de 1789).
Explique que essa obra é considerada um dos principais símbolos do nacionalismo.

Indague aos estudantes: “Quem as figuras representam?”, “Que objeto a mulher ao centro
carrega?”, “Suas vestimentas são nobres ou comuns?”, “Que ideal seus gestos transmitem?”, “Qual
ideia?”. Ouça as respostas e faça a mediação da discussão para que todos percebam que essa figura
feminina representa não apenas a liberdade, como indicado pelo título, mas a própria “pátria”
francesa, que precisa ser defendida. Agora questione quem são os homens na imagem. Como estão
vestidos? O que carregam? O objetivo é fazer com que a classe perceba que essas figuras anônimas
representam o povo, ou a nação, que pega em armas para defender seu país.

Esclareça que, pelos gestos (bandeiras e braços erguidos), expressões faciais (como se
gritassem avançando, com coragem) e composição (a figura central está acima da pilha de corpos e
escombros, literalmente pisando sobre eles, e também no ponto mais iluminado da imagem), o autor
passa uma ideia de triunfo, de heroísmo.

Atividade para casa (5 minutos)

Peça aos estudantes que anotem no caderno a seguinte questão, para que respondam em
casa: “O quadro Liberdade guiando o povo, de Delacroix, apresenta uma imagem positiva ou negativa
da guerra? Justifique sua resposta, usando o conceito de nacionalismo”.

O objetivo é conferir se os estudantes compreenderam a pintura como exemplo de arte


nacionalista e como representação positiva da guerra, retratada como uma luta heroica e fraterna,
quase livre de sofrimento, apoiada em causas justas. Isso permitirá, nas aulas seguinte, enfatizar a
importância da ideologia nacionalista como facilitadora da Primeira Guerra Mundial.

Aula 2 – Os nacionalismos e a Primeira Guerra


Duração: cerca de 45 minutos
Local: sala de aula
Organização dos estudantes: os estudantes estarão sentados em suas carteiras, de frente para a lousa e para o professor
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz, lápis, borracha, caderno, cópias da imagem selecionada para a aula, cópias
de mapa político da Europa (início do século XX)
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Atividade: Discussão da análise da imagem Liberdade guiando o povo, de Delacroix (5 minutos)

Para esta atividade, retome as questões da última aula e peça a alguns estudantes que leiam
suas respostas à tarefa de casa. Abra espaço para discussão, perguntando quais foram as dificuldades
que os estudantes encontraram. Verifique se há posições divergentes e, ao final, assegure-se de que
todos tenham entendido que a representação nacionalista da guerra proposta por Delacroix é
positiva. Recolha as tarefas para correção.

Atividade: Movimentos nacionalistas no mapa (35 minutos)

Separe, previamente à aula, um mapa em branco e preto do continente europeu, contendo


apenas as linhas de fronteiras entre os países em 1914. Outra possibilidade é separar um mapa
político atual da Europa e traçar a divisão territorial existente no início do século XX. Separe cópias
para serem distribuídas aos estudantes durante a aula.

Entregue para os estudantes as cópias dos mapas da Europa. Peça-lhes que peguem lápis de
cor e que sigam as instruções quando for necessário. Explique que a atividade com o mapa servirá
para que identifiquem o formato e a posição dos países europeus às vésperas da guerra,
especialmente em regiões como os Bálcãs, cuja divisão política em geral é menos conhecida. Dessa
forma, eles visualizarão os dois blocos que entraram em guerra e as fronteiras comuns, o que os
ajudará a identificar as regiões que foram consideradas estratégicas e que representaram alvo de
disputas.

Nesse momento, explique que existiram na Europa do início do século XX três principais
movimentos nacionalistas. Anote na lousa o nome dos três movimentos e peça aos alunos que os
registrem em seus cadernos. Ao mesmo tempo, mostre (ou projete) um mapa político da Europa
semelhante ao que eles têm em mãos para auxiliá-los no processo de identificação:

• O pan-eslavismo, que pretendia unificar os povos eslavos da Europa oriental, em especial


nos Bálcãs. Peça aos estudantes que circulem no mapa a península Balcânica e coloquem
o nome de todos os países que a repartiam (Albânia, Montenegro, Sérvia e Bulgária). Se
for necessário, peça que criem legendas ou marquem setas que permitam a
identificação. Informe que o centro desse movimento era a Sérvia, que pretendia unificar
essas regiões eslavas em um único país, a chamada “Grande Sérvia”. Isso contrariava
interesses dos austro-húngaros, pois iriam perder territórios para satisfazer esse anseio
nacionalista. Pontue que o pan-eslavismo tinha o apoio do governo da Rússia, que
desejava uma aliança com os povos da Europa oriental para, entre outras coisas, obter
uma abertura para o mar Mediterrâneo. Peça aos estudantes que nomeiem Áustria-
Hungria e Rússia no mapa.
• O pangermanismo, movimento que desejava anexar à Alemanha os territórios ocupados
por populações culturalmente germânicas. Explique que isso contrariava os interesses
dos governos de muitos países, mas especialmente o da Inglaterra, que via no
fortalecimento alemão uma ameaça ao seu domínio econômico capitalista. Peça aos
estudantes que identifiquem a Inglaterra e a Alemanha no mapa.
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• O revanchismo francês, ou seja, um sentimento de “revanche” por parte dos franceses


após a perda da Alsácia-Lorena (região rica em minérios) na Guerra Franco-Prussiana.
Peça aos estudantes que identifiquem a França no mapa.
Explique que, a partir dessas rivalidades e interesses, duas alianças militares se formaram. A
primeira era a Tríplice Entente, formada por forças da Inglaterra, França e Rússia, mas com o apoio de
governos de outros países, entre eles a Sérvia. Peça aos estudantes que pintem esses países de uma cor e,
se necessário, que os identifiquem por meio de uma legenda. A segunda era a Tríplice Aliança ou as
Potências Centrais, formadas por forças da Alemanha, Áustria-Hungria e Itália (o governo dessa última
mudaria de lado em 1915), apoiados também pelos turcos e búlgaros. Peça aos estudantes que nomeiem
e pintem de outra cor os membros desse bloco e, se necessário, os identifiquem na legenda. Auxilie-os
nesse processo, garantindo que estejam sinalizando da forma correta. O objetivo é que tenham clareza
sobre os movimentos nacionalistas e a sua representação territorial.

Explique agora que o estopim da Primeira Guerra Mundial foi o assassinato do arquiduque
Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, por um nacionalista sérvio. O atentado ocorreu em
Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina (na época dominada pela Áustria-Hungria), e fez com que
rapidamente os governos da Tríplice Entente e da Tríplice Aliança declarassem guerra uns aos outros.

Pergunte aos estudantes como eles acham que essa notícia foi recebida na Europa da época.
Se necessário, recorde a análise que foi feita na aula anterior sobre a ideologia nacionalista. O
objetivo é pontuar que o início da guerra foi visto com entusiasmo por muitos cidadãos, inclusive
pelos soldados. Isso porque, de acordo com o discurso nacionalista disseminado na Europa, o conflito
armado era uma oportunidade que o cidadão tinha para defender sua pátria e seu modo de vida
contra os “inimigos” vizinhos.

Finalize a atividade verificando se os estudantes identificaram os blocos e os movimentos


nacionalistas. Esclareça as dúvidas e peça-lhes que colem o mapa nos cadernos. Ressalte que
deverão recorrer a ele sempre que necessitarem. Encerre essa parte da aula solicitando-lhes que
preparem uma atividade para casa.

Explicação da atividade de casa (5 minutos)

Peça aos estudantes que separem uma folha de caderno e anotem a seguinte questão para
casa: “Pensando no que foi visto nas últimas duas aulas, é possível afirmar que as reivindicações por
território e autonomia feitas pelos três principais movimentos nacionalistas que culminaram na
Primeira Guerra Mundial (pan-eslavismo, pangermanismo, revanchismo francês) tinham motivações
econômicas/imperialistas? Explique.”. Além da consulta às anotações feitas em aula, os estudantes
devem pesquisar em livros didáticos e sites de referência para consolidarem suas respostas. O
objetivo da questão é que eles percebam que o contexto imperialista de busca por riquezas,
mercados e territórios que marcou a segunda metade do século XIX e o início do XX motivou o
fortalecimento dos nacionalismos na Europa.
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Aula 3 – Uma nova visão sobre a guerra


Duração: cerca de 45 minutos
Local: sala de aula
Organização dos estudantes: os estudantes estarão sentados em suas carteiras, de frente para a lousa e para o professor
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz, lápis, borracha, caderno, cópias da imagem selecionada para a aula ou
equipamento para projeção.
Material de referência: O doutor, 1916, de C. R. W. Nevinson. Museu Imperial da Guerra (Reino Unido). Disponível em:
<http://www.iwm.org.uk/collections/item/object/20221> (acesso em: 31 out. 2018)

Aula expositiva: Impactos da Primeira Guerra (15 minutos)

Inicie a aula pedindo a um ou dois estudantes voluntários que leiam suas respostas para a
tarefa de casa. Peça à sala que comente o que o colega apresentou e medeie a discussão. Espera-se
que os estudantes reconheçam que os movimentos nacionalistas do começo do século XX não
podem ser dissociados do contexto imperialista de busca por riquezas, mercados e territórios. A
disputa pela Alsácia-Lorena, rica em ferro e carvão, a tentativa russa de obter saída marítima nos
Bálcãs e os movimentos austríacos de colonização das populações eslavas para ampliar mercado:
todos estes são exemplos que podem ser mencionados. A discussão deve facilitar a percepção sobre
a Primeira Guerra como um conflito imperialista.
Faça uma breve contextualização da Primeira Guerra, pontuando os principais marcos e
fases. Peça aos estudantes que anotem os dados no caderno e, se necessário, consultem o mapa
trabalhado na aula anterior. Explique que a Primeira Guerra Mundial pode ser dividida em três
grandes fases: a primeira (1914-1915) foi marcada pelo movimento das tropas e pelo rápido avanço
das tropas alemãs sobre a França, que recebeu ajuda inglesa para conseguir frear a ofensiva. A partir
de então, iniciou-se a segunda fase (1915-1917), mais longa, marcada pela guerra de trincheiras,
resultando em muitas mortes e poucos avanços. Explique que as trincheiras eram uma espécie de
corredor escavado que servia de abrigo aos soldados. Pontue que foi nessa fase que as ilusões de
uma guerra “heroica” começaram a se desfazer. Por fim, a terceira fase (1917-1918) foi marcada pela
“virada” da guerra, com a saída das tropas russas a partir da Revolução que ocorria em seu país, a
entrada das forças militares dos Estados Unidos ao lado da Tríplice Entente e o avanço desse bloco
sobre as Potências Centrais, derrotadas em 1918.
Explique os impactos da Primeira Guerra sobre a população europeia. O desenvolvimento militar
durante a corrida armamentista implicou a destruição de casas, estradas, pontes e outros tipos de
infraestrutura, assim como resultou em elevado número de mortes. Explique também que a população
que não estava lutando sofreu com a fome e a falta de itens básicos para a sobrevivência cotidiana, já que
o exército era priorizado com relação ao abastecimento. Essa situação deixou a população mais
vulnerável às doenças. Por fim, ressalte que foi um período de grande mudança social, pois as mulheres
passaram a trabalhar em massa nas indústrias para suprir a falta de homens, que eram enviados para as
frentes de combate. Assim, com o fim do conflito, muitas continuaram no mercado de trabalho, tendo
renda própria e mais independência. Isso ampliou a luta por direitos, especialmente o direito ao voto.
Entre 1918 e 1920, as leis de países como Reino Unido, Alemanha, Áustria, Bélgica e Estados Unidos
incorporaram as mulheres no processo político, por meio do voto feminino.
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Agora explique que, ao final do conflito, uma série de acordos foi feita entre os países
participantes, mas que o principal deles foi o Tratado de Versalhes, de 1919, que negociava os
termos de rendição alemã. Especialmente por pressão francesa (relembre a noção de “revanchismo
francês”, se necessário), mas com o apoio inglês, as potências vencedoras impuseram condições
severas, consideradas injustas por muitos alemães, especialmente por ex-soldados e operários que
sofreriam com a crise econômica que tomou o país. Enumere algumas dessas condições: pagamento
de indenização bilionária aos países vencedores, entrega de todas as suas colônias para franceses e
ingleses, redução da indústria e seu exército, devolução à França da região de Alsácia-Lorena.
Explique que essas condições criariam uma crise séria no país e um sentimento de humilhação, o que
serviria de combustível para movimentos posteriores, como o nazismo.

Atividade: Análise das obras de Delacroix e de Nevinson (25 minutos)

Separe previamente uma reprodução da pintura O doutor, de Christopher Nevinson, que


retrata soldados feridos em atendimento médico. Ela deverá ser projetada ou distribuída em cópias
para os estudantes.

Contextualize o autor e a obra: Nevinson foi um pintor inglês que se tornou enfermeiro
voluntário do exército britânico durante a Primeira Guerra Mundial. O quadro O doutor foi pintado
durante o conflito, em 1916, e retrata o sofrimento dos soldados feridos que Nevinson testemunhou
em primeira mão.

Peça aos estudantes que se recordem da tela de Delacroix. Se necessário, mostre as duas, lado a
lado. Saliente que ambas retratam figuras anônimas, do povo, e ambas têm como pano de fundo um
contexto bélico, de guerra ou de revolução, mas que suas mensagens são muito diferentes.

Comece destacando as posições corporais: na tela de Nevinson, os soldados estão em poses


humilhantes, em especial o homem curvado em segundo plano. Pergunte se há alguma pose de
heroísmo na tela. Depois destaque as expressões faciais: que sensações elas revelam? O objetivo é
fazer com que percebam a predominância de dor e constrangimento, em contraponto ao heroísmo
das representações clássicas da guerra. Em seguida, chame-lhes a atenção para a escolha das cores,
perguntando: “Predominam os tons escuros ou claros?”, “Qual será o propósito dessa escolha?”. É
importante apontar o destaque dado ao vermelho do sangue dos soldados. Por fim, questione se o
quadro apresenta uma visão positiva ou negativa da guerra e por quê. O que provocou esse novo
olhar? Ouça as respostas e faça a mediação do debate, fazendo com que percebam o impacto da
Primeira Guerra Mundial sobre a Europa, especialmente sobre os “mitos” criados pelo nacionalismo
a respeito da guerra.

Atividade para casa: Redação (5 minutos)

Terminada a discussão, peça aos estudantes que elaborem uma redação em casa a ser
entregue na aula seguinte: “Primeira Guerra Mundial: origens e desdobramentos”.
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Espera-se que os estudantes sintetizem os conhecimentos sobre a Primeira Guerra Mundial,


identificando as origens, trabalhadas na primeira aula, relacionando-as com os movimentos
nacionalistas e citando a formação dos blocos. Os estudantes devem apontar a lógica do capitalismo
no acirramento da competição e disputa pelas colônias, relacionando essa lógica com o imperialismo
e as colonizações, assim como com a eclosão da guerra. Em suma, espera-se que argumentem que a
Primeira Guerra Mundial expressa a disputa capitalista que já se arrastava na Europa desde a
segunda metade do século XIX.

Aferição do objetivo de aprendizagem


A aferição poderá ser feita por meio da participação e do engajamento dos estudantes nas
discussões em aula, com apresentação e discussão das tarefas de casa. A primeira tarefa, referente
ao quadro Liberdade guiando o povo, de Delacroix, permitirá avaliar se os estudantes
compreenderam pontos principais da ideologia nacionalista e da sua visão positiva sobre a guerra.
Na segunda atividade, sobre os nacionalismos, verifique se os estudantes compreenderam que o
contexto imperialista de busca por riquezas, mercados e territórios que marcou a segunda metade
do século XIX e o início do XX motivou o fortalecimento dos nacionalismos na Europa. E a última
atividade, a redação, permitirá aferir se os estudantes são capazes de estabelecer relações entre a
dinâmica do capitalismo do século XIX e a eclosão da Primeira Guerra, caracterizando esse conflito
como um desdobramento militar das rivalidades econômicas entre os governos e industriais das
potências europeias que já se arrastavam desde o século anterior. Por fim, verifique se eles foram
capazes de incorporar os conhecimentos adquiridos por meio das análises das obras de Delacroix e
Nevinson, refletindo sobre a visão de “guerra” e os impactos da Primeira Guerra Mundial.

Questões para auxiliar na aferição

1. O pangermanismo foi um movimento nacionalista que desejava:


a) reunir em um único Estado territórios da Europa central que fossem ocupados por
populações culturalmente germânicas.
b) anexar países balcânicos como Albânia, Montenegro, Sérvia e Bulgária.
c) garantir uma saída para o mar Mediterrâneo para a Alemanha, algo estratégico para seus
objetivos de expansão econômica.
d) reanexar a região de Alsácia-Lorena, perdida durante a Guerra Franco-Prussiana.

2. Contextualize a Europa do século XIX, relacionando o imperialismo, o colonialismo e os


nacionalismos.
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Gabarito das questões

1. Alternativa correta: a. Os Bálcãs não eram disputados territorialmente pelo governo da


Alemanha, mas, sim pelo da Sérvia e da Áustria-Hungria; o desejo de saída para o mar
Mediterrâneo era do governo da Rússia; e os alemães possuíam a região de Alsácia-Lorena desde
a Guerra Franco-Prussiana; quem a retomou foi o governo da França.

2. Espera-se que o estudante afirme que a consolidação de novas potências europeias, desafiando
o poderio inglês, impulsionou a busca por novos mercados, o que justifica o imperialismo e o
colonialismo, especialmente sobre territórios e mercados da África e da Ásia, para onde
escoariam produtos e capitais. A própria disputa imperialista e a corrida armamentista, que
marcaram a segunda metade do século XIX e o início do XX, motivaram o fortalecimento dos
nacionalismos na Europa.

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