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1. Introdução
A conjuntura imposta pelo mercado impõe mudanças rápidas das empresas para se manterem
ativas e capazes de concorrer com as demais adversárias. As mudanças nos sistemas
produtivos das corporações é um dos fatores primordiais para o aumento da concorrência.
Com isso, aumentando a flexibilidade da produção, com índices elevados de qualidade e com
máximo de eficiência reduzindo “sistemática e continuamente” (BORNIA, 2010, p. 2) as
atividades que não agregam valor e na sequência redimensionando os custos.
Este redimensionamento ocorre com o foco na redução ou corte dos custos, pois uma gestão
conhecedora de todos os seus cultos tem muito mais flexibilidade nas decisões do dia-a-dia
tornando-se um fator primordial, mesmo não sendo uma tarefa fácil, pois alguns desses custos
não são contabilizados pelo departamento ou não estão claramente visíveis devido ao alto
grau de dificuldade para mensurá-los, mas isso não quer dizer que não sejam importantes,
pelo contrário, “as imperfeições e ineficiências têm que ser reduzias sistematicamente”
(BORNIA, 2010, p. 2). Esses custos são os chamados custos ocultos, que “são o resultado de
uma interação permanente e complexa entre as estruturas da empresa e os comportamentos
humanos”, Savall e Zardet apud Silva e Severiano Filho (2011, p.500).
Segundo Pedrosa Neto (2009, p.15) os custos ocultos são considerados como “um dos temas
mais complexos contidos na área de custos... não sendo muito abordado pelos autores devido
à grande dificuldade no seu mapeamento”. A empresa em estudo não possui as atividades do
seu sistema produtivo bem definas, não existe um projeto que conduza inteiramente a
produção.
Este trabalho tem como objetivo rastrear e quantificar os custos ocultos de uma linha de
produção em uma empresa do ramo calçadista no estado da Paraíba. Seguindo de uma busca
pelos conceitos de custos ocultos e a maneira de quantifica-los. Logo, foi realizada a
elaboração de um fluxograma para ordenar as atividades do sistema produtivo. Propôs
mensurar os dados que irão alimentar os indicadores de custos, para assim calcula-los e
realizar um brainstorming para reduzir os custos ocultos.
2. Referencial teórico
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Neste tópico são apresentados conceitos para facilitar o entendimento sobre o tema.
Inicialmente aborda os conceitos de custos de uma forma geral, em seguida sobre os cultos
ocultos e sua forma de quantificação e tratamento, que servirão de base para o alcance dos
objetivos.
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“Observa-se que os custos variáveis devem ser analisados com respeito às quantidades
consumidas na produção e não às quantidades adquiridas ou às estocadas” (LEONE apud
FREITAS et al. 2007, p. 4)).
Custos Fixos “são aqueles cujos valores são os mesmos, qualquer que seja o volume de
produção da empresa, ou seja, permanecem inalterados” (LEONE apud FREITAS et al. 2007,
p. 4).
São exemplos de custos fixos aluguel, salário do gerente. Os custos de matéria-prima, energia
são classificados como custos variáveis.
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De acordo com a literatura vista, a principal fonte dos custos ocultos é a origem pelas
disfunções, falhas, erros.
Autores como Lima (1991), Freitas et al. (2007), afirmam que os custos ocultos surgem de
uma interação entre as estruturas da organização e os comportamentos humanos, como
mostrado na Figura 1, a seguir. A estrutura, segundo Lima (1991, p. 2) é definida como o
“conjunto dos elementos que se caracterizam pela capacidade de duração de duração no
tempo de seus principais atributos, capacidade de evolução autônoma e pelo nível de
dispêndio de energia social, material e financeira”.
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A seguir são apontados alguns dos custos ocultos classificados por Lima (1991) e Zaffani
(2005) e definidos por Freitas et al. (2007, p 8 e 9):
Absenteísmo: “é a falta ao trabalho por motivo não justificado” (FREITAS et al. 2007,
p 9);
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3. Procedimentos Metodológicos
3.1 Classificação da Pesquisa
Segundo Gil (2009), uma pesquisa é um “procedimento racional e sistemático que tem como
objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Baseada na classificação
proposta por Silva e Menezes (2005), a pesquisa aqui apresentada é classificada como
aplicada, uma vez que objetiva subsidiar a resolução de um problema prático. Quanto à
abordagem do problema é quantitativa por ser traduzido em números os fatores para análise e
busca de soluções, bem como qualitativa no momento em que houve a identificação e análise
das variáveis em questão.
Quanto aos seus objetivos, a classificação apropriada é a exploratória, pois para GIL (2009)
essas pesquisas objetivam criar uma maior intimidade com o problema, com a finalidade de
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Por se tratar de uma micro empresa não apresenta processos bem definidos, não há um
planejamento e controle da produção efetivo e os funcionários não são efetivamente treinados
para a realização de suas funções. Diante de tal gargalo verificou-se a possibilidade de
realização do estudo proposto.
4. Resultados
4.1 Fluxograma
Toda produção de calçados segue, basicamente, a mesma lógica. No caso da empresa em
estudo o fluxograma pode ser observado na figura 2 que segue abaixo.
Primeiramente é elaborado o design que será utilizado em cada modelo de calçado, para tal é
feito uma pesquisa de tendência de moda e de mercado, a fim de verificar a possível aceitação
do modelo pelos consumidores. Aprovado o design, a modelagem que deve ser usada, ou seja,
o modelo de fabricação que deve ser usado é elaborado e repassado para a linha de produção.
Na linha de produção efetivamente, o primeiro passo é o corte da matéria-prima, que pode ser
couro ou couro sintético, para formar as partes do cabedal. As principais ferramentas
utilizadas são facas e balancins. Nesse momento que deve ser observado os possíveis
desperdícios. Em fábricas mais modernas existem corte a laser, que por meio de sistemas
computacionais aproveita toda a matéria-prima possível. No caso da empresa em estudo, o
aproveitamento da matéria-prima se dá pelo know-how do operador em desperdiçar o mínimo
possível.
Após a etapa de corte, as diferentes partes constituintes do cabedal são costuradas para dar
forma ao calçado, podendo também ser colocadas, dobradas ou picotadas. É nesse momento
que qualquer tipo de aplicação de adornos e enfeites é feita no modelo, esse pré-determinado
pelo estilista. Sendo esse outro ponto de controle de desperdícios.
Seguindo o fluxo de produção do calçado, o mesmo segue para a montagem, etapa onde o
solado e o cabedal através de costura, prensagem ou colagem. Além da fixação de saltos, caso
seja requisitado pelo modelo, e palmilha.
A última etapa da fabricação é o acabamento, em que é feita a colagem de etiquetas,
colocação de forros. Além de ser um ponto de controle de qualidade, nessa etapa é observado
se o calçado está conforme o desejado. É feito pelo operador e segue, basicamente, o seu
entendimento quanto a padrões de qualidade.
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Caso o produto esteja conforme, ele é encaminhado para a embalagem, onde são colocados
dentro das respectivas caixas e levados para a expedição. Caso não esteja conforme é
retrabalhado ou descartado.
Figura 2 – Fluxograma do Processo
Design/
Modelagem
Corte
Costura
Montagem
Acabamento
NÃO
Teste
Retrabalho
ok?
SIM
Embalagem
Expedi
ção
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A partir das fórmulas apresentadas anteriormente no Quadro 1 foi calculado os custos ocultos,
apresentados a seguir no Quadro 3. Devido à confidencialidade dos dados vai ser apresentado
o valor final para os custos.
Quadro 3: Valores dos Custos Ocultos
Custo Oculto Valor
Absenteismo R$ 100,00
Acidente R$ 55,00
Retrabalho R$ 1.500,00
Ociosidade R$ 2.300,00
Scrap R$ 2.655,00
Total R$ 6.610,00
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4.3 Brainstorming
Para reduzir os custos ocultos identificados na empresa em pesquisa, foi realizado um
brainstorming com o gerente para levantar ações. Devido ao cronograma das atividades não
foi possível avaliar os custos após a implementação das ações.
O principal objetivo do treinamento sobre o retrabalho é conscientizar a operação do alto
valor gasto, mostrar a importância dos operadores nesse processo e também o gasto com
scrap que o retrabalho às vezes gera.
As auditorias verificam se os procedimentos estão sendo realizados corretamente, se os
operadores estavam treinados para tal. Quanto às ações para a ociosidade, foram voltadas para
a chefia. Para tal foi feito o levantamento diário das principais perdas para a partir disso
elaborar planos de ações. Com relação ao scrap foram elaborados treinamentos para a
operação com o objetivo de conscientizar sobre o alto valor gasto com scrap e as principais
fontes geradoras; estoque, falta de atenção, movimentação inadequada.
Para o absenteísmo foram sugeridas ações para melhorar o clima organizacional como criação
de praças, datas comemorativas. E por fim, para o último custo, acidente de trabalho, foram
criadas ações como treinamentos de conscientização para a operação sobre a importância da
utilização de EPIs, realização de rápidas reuniões diárias sobre segurança e estudos de
possíveis fontes geradoras de acidentes e análises de comportamento humano.
A seguir, a Tabela 1 apresenta o resumo das ações definidas:
Tabela 1: Resumo das ações do brainstorming
Custo Oculto Ações
Realização de trabalhos voltados à melhoria de clima (dia de
Absenteísmo massagem, comemoração de dadas especiais, praças)
Realização de avaliações explorando o absenteísmo
Realização de diário de segurança
Acidente Realização de treinamento de conscientização
Analises de pontos de possíveis causas de acidentes
Treinamentos
Retrabalho
Auditorias internas
Levantamento das principais perdas
Ociosidade
Elaboração de um plano de ação
Treinamento com 100% da operação
Scrap
Análise de causas específicas geradoras de scrap
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5. Considerações Finais
Pode-se afirmar que a pesquisa atendeu ao objetivo central de estudo, ou seja, foi feito o
rastreamento e a quantificação dos custos ocultos da linha de produção da empresa em estudo.
Realizado o levantamento teórico para compreender os tipos de custos ocultos a pesquisa
retrata que, os custos ocultos acontecem em função de erros organizacionais.
Com a classificação dos custos ocultos, ressaltou a importância da averiguação dos dados dos
custos de produção com o máximo de exatidão, pois tais informações proporcionam as
respostas para as necessidades dos negócios, com isso auxilia os gerentes na tomada de
decisões.
Com a elaboração do fluxograma do sistema produtivo da empresa estudada foi possível
organizar as atividades executadas na produção logo, iniciando a mensuração dos dados que
irão alimentar os indicadores de custos e calcular os custos ocultos estão descritos no curso da
pesquisa. Por fim, foi realizado o brainstorming para reduzir os custos ocultos, onde foi
observado um grande número de ações gerando oportunidade para atacar e diminuir a
incidência dos custos ocultos.
Constata-se pelos resultados, a importância do conhecimento dos custos ocultos e suas fontes
causadoras, pois assim fornece informações precisas ajudando na tomada de decisões,
aumento de produtividade, redução de custos, melhora na qualidade. Mesmo observando as
dificuldades relacionadas aos custos ocultos por estarem relacionados com estruturas e
comportamentos, é de extrema importância envolver a equipe para atuar sobre os motivos que
afetam o processo.
Portanto, acredita-se que, as informações obtidas através dos custos ocultos, proporcionam
um progresso no conhecimento que pode ser direcionado para um ganho de vantagem
competitiva nas organizações.
Referências Bibliográficas
BORNIA, A. C. Análise Gerencial de Custos. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PEDROSA NETO, Carlos. Uma contribuição na identificação dos custos ocultos na produção de uma
indústria de cerâmica. 2009. 104 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis)-Programa
Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, UnB/UFPB/UFRN, João Pessoa,
2009.
ROBLES JR., Antônio. Custos da Qualidade: uma estratégia para a competição global. São Paulo: Atlas,
1994.
SILVA, P. C.P. e SEVERIANO FILHO, C. Ocorrência de custos ocultos em operações de serviços: insights
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WERNKE, R. Gestão de Custos: Uma abordagem prática. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.
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