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XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10

Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

BALANCED SCORECARD: UM ESTUDO


DE CASO NA EMPRESA SYSTOMATUS

Jessica Kopak Castro (UFSC )


jessykc@gmail.com
Leonardo Flach (UFSC )
leonardo.flach@ufsc.br
Sergio Murilo Petri (UFSC )
sergio@deps.ufsc.br

A presente pesquisa tem por objetivo estruturar um modelo de


Balanced Scorecard (BSC) para a empresa Systomatus. A proposição
deste modelo pode auxiliar os gestores a alinhar seus objetivos com a
operacionalização da empresa. Para isso, foram elaborados em
conjunto com os gestores da empresa estudada a missão, visão e
valores. O modelo proposto de BSC é composto por quatro
perspectivas, dez subáreas, dezessete objetivos, bem como as relações
entre eles. Após a formalização do mapa estratégico os gestores
tiveram a certeza de que seus objetivos estavam alinhados com a
operacionalização da empresa. Os resultados apontam que o BSC pode
ser utilizado para a gestão de projetos nas organizações, assim, as
empresas podem elaborar um modelo que se adapte às suas
especificações, buscando melhorar o acompanhamento e
gerenciamento de futuros projetos.

Palavras-chaves: Gestores, Tecnologia da informação, Competências,


Desenvolvimento de competências gerenciais
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1. Introdução

O ramo de tecnologia de informação está se consolidando na cidade de Florianópolis.


Segundo dados da prefeitura municipal de Florianópolis (2014) a população gira em torno de
mais de 400 mil habitantes, e a cidade possui cerca de 600 empresas de software, hardware e
serviços de tecnologia, as quais geram aproximadamente cinco mil empregos diretos.

O crescimento destas empresas pode ter ocorrido principalmente pela ação governamental de
Política de Desenvolvimento Produtivo de maio de 2008, que propunha o aumento de 10% no
número de Micro e Pequenas Empresas - MPEs exportadoras até 2010 (GUIMARÃES;
AZAMBUJA, 2010).

Em 2008, estas empresas ocupavam a 12º posição mundial em número de empresas (8.500
empresas) e eram responsáveis por 1% do Produto Interno Bruto – PIB brasileiro, dentre
estas, 94% das empresas de produção e desenvolvimento de softwares são classificadas como
MPEs, o que representa 33% do total do mercado de software brasileiro (GUIMARÃES;
AZAMBUJA, 2010).

Nesse contexto, ao se estabelecerem no mercado, as empresas procuram se manter


competitivas, buscando sempre inovar. Elas necessitam o conhecimento do ambiente interno e
externo no qual estão inseridas, bem como uma visão crítica desta situação, para então
realizar os planejamentos necessários alinhados com os seus objetivos (PINTO; NUNES;
MELO, 2011).

A empresa foco do estudo é a Systomatus, que surgiu no ano de 2012 como uma incubadora
tecnológica na Universidade Federal de Santa Catarina. Inicialmente ela tinha o intuito de
fornecer somente produtos e serviços de automação industrial. Posteriormente, os gestores
perceberam a grande influência do ramo tecnológico na cidade e começaram a desenvolver
também sistemas integrados de gestão empresarial SIG (ERP - Enterprise Resource Planning).

Assim, levando-se em consideração a importância das empresas de tecnologia da informação


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para o desenvolvimento do país, e sendo a Systomatus uma empresa inserida no pólo de


tecnologia da informação, parte-se da seguinte pergunta de pesquisa: Qual é a contribuição do
Balanced Scorecard como instrumento gerencial para a empresa Systomatus?

No intuito de responder a questão-problema, o objetivo geral deste trabalho é estruturar um


Balanced Scorecard para a empresa Systomatus, cuja finalidade é alinhar os objetivos dos
gestores com o mapa estratégico da empresa

Para expor sobre a temática do BSC, após esta seção de caráter introdutório, apresenta-se o
referencial teórico construído para embasar os resultados deste estudo. Posteriormente,
aborda-se o método de pesquisa, os resultados e a conclusão. Por fim, apresentam-se as
referências dos trabalhos utilizados como base para esta pesquisa.

2. Referencial teórico

2.1 Abordagem do balanced scorecard

A utilização de indicadores financeiros pelas empresas e a possível indução destes à decisões


precipitadas fez com que Kaplan e Norton criassem o BSC. Assim o BSC foi criado como
uma ferramenta para auxiliar as empresas a transcreverem sua estratégia em objetivos
operacionais, combinando com diferentes perspectivas de mensuração do desempenho:
financeiro, clientes, processos internos, aprendizado e crescimento (KAPLAN; NORTON,
2000, p. 34).

 Financeira: estratégia de crescimento, rentabilidade e risco sob a perspectiva do


acionista;

 Cliente: a estratégia de criação de valor e diferenciação, sob a perspectiva do cliente;

 Processos de negócio interno: as prioridades estratégicas de vários processos de


negócio, que criam satisfação para os clientes e acionistas;

 Aprendizado e crescimento: as prioridades para o desenvolvimento de um clima


propício à mudança organizacional à inovação e ao crescimento.

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O BSC apresenta três dimensões: a dimensão “estratégia” possibilita a descrição e


comunicação da estratégia da empresa de forma clara; a dimensão “foco” alinha os recursos e
atividades da empresa com a estratégia; a dimensão “organização” provoca a interação entre
as estruturas organizacionais e os empregados (KAPLAN; NORTON, 2000). Como
demosntrado na Figura 1.

Figura 1 – Modelo de Balanço para gerenciamento de projetos em Tecnologia da


Informação

Fonte: Adaptado de ZEE e JONG (1999)

Kaplan e Norton (1997) acrescentam que o BSC pode ser utilizado pelas empresas para
administrar a estratégia a longo prazo, utilizando-o como um sistema de gestão. O BSC
permite a interação entre medidas financeiras e não financeiras com as medidas de
desempenho, o que torna-se um diferencial para os gestores, os quais conseguem relacionar as
suas ações com as metas organizacionais.

As medidas de desempenho financeiro indicam a proporção, na estratégia da empresa, que a

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implementação e a execução estão contribuindo para a melhoria do processo. A realização dos


objetivos financeiros reflete o resultado das dimensões de desempenho utilizados nas outras
três perspectivas do BSC (AMARATUNGA; BALDREY; SARSHAR, 2001).

De acordo com Kaplan e Norton (2000), melhorias no funcionamento de uma organização


resultam em números financeiros. Esse processo é contínuo e deveria ser o foco da
organização, como um ciclo.

Oliveira, Perez Júnior e Silva (2007, p.30) afirmam que a o “BSC possibilita o gerenciamento
e aperfeiçoamento da utilização do ativo mais importante das empresas de hoje, que é a
informação”. Os mesmos citam que o BSC é utilizado pelos gestores como um painel, o qual
possui informações estratégicas e indicadores que permitem identificar possíveis problemas,
determinar objetivos, prever futuras tendências e entender as metas da empresa.

O mapeamento das quatro perspectivas do BSC pode contribuir para o planejamento dos
projetos de Tecnologia da Informação (TI) que estão em fase de desenvolvimento e/ou
implantação, conseguindo assim os resultados financeiros esperados (BERRY, 2003).

Brock et al. (2003) comentam que o BSC pode ser utilizados em projetos de TI, visualizando
cada projeto com como uma pequena empresa, obtendo assim indicadores de performace de
cada projeto, bem como o BSC pode ser utilizado como uma ferramenta de gerenciamento de
projetos. O modelo de Brock et al. (2003) está exposto na Figura 2.

Figura 2 – Modelo de Balanço para gerenciamento de projetos em Tecnologia da Informação

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Fonte: Adaptado de Brock et al. (2003)

Brock et al. (2003) elencaram algumas limitações do BSC ao ser utilizado em empresas e
projetos de TI, uma delas é de que as teorias a respeito do BSC não deixam claro quais áreas
ou fatores devem ser considerados em cada uma das quatro perspectivas, bem como a
inexistência de uma base terórica mais robusta para aplicar em projetos.

Dessa maneira, Brock et al. (2003) elaboraram um modelo de BSC que fosse aplicável aos
projetos de TI. O modelo consite na divisão em foco interno e externo, onde, o interno consite
em todos os colaboradores e processos que estão ao alcance do projeto e o externo consite na

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influência de fatores externos que não estão no domínio do projeto.

Esta seleção destas nove áreas de conhecimento foi criada a partir de um projeto chamado
Projeto Gerenciamento do conhecimento. Segundo Brock et al. (2003), um paralelo entre
essas nove áreas e as quatro perspectivas do BSC pode ser realizado e ser apresentado na
forma de balanço.

A partir desse modelo os autores sugerem que seja assegurado que as noves áreas recebam
considerações proporcionais em termos de custo, tempo e escopo, e que este modelo esteja
alinhado com a estratégia da empresa e com os interesses dos stakeholders (BROCK et al.,
2003).

2.2 Pesquisas anteriores relacionadas com a investigação

Dos artigos que fizeram parte do portfólio de trabalhos, os que aplicaram o BSC foram o
trabalho de Grembergen e Saull (2001), o qual possuía o objetivo de desenvolvimento e
implementação de um TI BSC em um grupo de empresas canadenses, e como resultados
encontrou-se que o processo do TI BSC tem que estar ligado com o BSC de negócios para
apoio/alinhamento ao processo de TI e ao processo de governança em TI. O trabalho elaborou
os seguintes objetivos estratégicos: Gerenciar os investimentos em TI; Satisfação do
consumidor; Excelência no processo; e Capacidade de aprimorar o serviço.

Já o trabalho de Craig e Moores (2010) buscou demonstrar a utilização de uma estratégia de


gestão e uma ferramenta de gestão para alinhar o sistema familiar e o sistema de metas de
negócios. Como resultados notou-se que o BSC possibilitou a família a certeza de que as
expectativas foram aplicadas como uma central de considerações no desenvolvimento das
estratégias dos planos de negócios. Os principais objetivos estratégicos utilizados no trabalho
foram: Retorno / crescimento / sustentabilidade; Garantir que cada hóspede se sinta especial;
Comunicar e construir a cultura da organização; Desenvolver pessoas para sucessão interna e
garantir que os membros da família estejam conscientes das suas responsabilidades.

3. Método de pesquisa

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A pesquisa é classificada como um estudo prático desenvolvido por meio de uma pesquisa-
ação pois “envolve a colaboração próxima entre pesquisar e profissionais e enfatiza a
promoção de mudanças dentro de uma organização” (GRAY, 2012).

A metodologia de pesquisa quanto aos objetivos caracteriza-se como descritiva, pois busca-se
“aprimorar ideias ou descobertas de intuições” (GIL, 2002) descrevendo as características da
situação de gerenciamento encontrada na empresa pesquisada.

Em relação à abordagem do problema, esta pesquisa é qualitativa pois tem-se o intuito de


descrever e compreender todo o processo de gerenciamento utilizado pela empresa pesquisada
(RICHARDSON, 1999).

As informações utilizadas para o desenvolvimento do BSC são primárias pois foram coletadas
por meio de entrevistas com os gestores da empresa.

Com base nas informações coletadas, estruturou-se o negócio, missão, valores, visão, políticas
estratégicas, análise de ambientes e fatores críticos de sucesso, o mapa estratégico e o BSC,
no qual são definidos os objetivos dos gestores da empresa, indicadores e metas. Este
processo foi realizado juntamente com os gestores da empresa.

Após a definição dos objetivos no mapa estratégico, estruturou-se um painel balanceado que
contem, os objetivos, indicadores e metas, bem como as possíveis ações a serem tomadas para
se alcançar as metas propostas.

4. Resultados

A empresa foco do estudo é a Systomatus, que surgiu no ano de 2012 como uma incubadora
tecnológica na Universidade Federal de Santa Catarina, por alunos do curso de Engenharia de
Automação.

Foi criada primeiramente com o intuito de fornecer somente produtos e serviços de automação
industrial. Posteriormente percebeu-se a grande influência do ramo tecnológico na cidade e
começaram a desenvolver também sistemas integrados de gestão empresarial SIG (ERP -

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Enterprise Resource Planning).

A seguir apresenta-se a estruturação do mapa estratégico para a empresa em estudo bem como
a elaboração do Balanced Score Card (BSC).

4.1 Apresentação dos dados

A estruturação do mapa estratégico para a empresa Systomatus baseia-se na necessidade de


gerenciamento dos projetos desenvolvidos, para que com este instrumento consiga-se avaliar
os pontos de gestão a serem aprimorados.

A ferramenta utiliza indicadores financeiros tradicionais e complementa com medidas não


monetárias, sendo que seus objetivos e medidas derivam da visão e estratégia da própria
organização (ROCHA, 2000).

Na entrevista o gestor afirmou que ainda não possui um planejamento estratégico


formalizado. Para tanto, pesquisadores e gestores se reuniram e formalizou-se o negócio, a
missão, os valores, a visão, as políticas estratégicas e a análise de ambientes:

 Negócio: Ser uma empresa de tecnologia da informação referência na cidade de


Florianópolis;

 Missão: A Systomatus será referência em Florianópolis em tecnologia da informação,


telemetria e automação industrial. Estará comprometida com o desenvolvimento
sustentável nas dimensões social, econômica e ambiental. Terá administração flexível
e integrada;

 Valores: Comprometimento, Ética, Excelência, Inovação, Valorização das pessoas,


Qualidade eTransparência;

 Visão: Até 2015 ser reconhecida pela eficiência, qualidade e agilidade dos serviços e
soluções tecnologia da informação, telemetria e automação Industrial;

 Política estratégica: A política adotada pela empresa é de diferenciação no mercado


com qualidade;

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 Pontos fortes: Contatos sólidos e frutuosos; Excelentes relações com grandes clientes;

 Pontos fracos: Produtos e empresa não são conhecidos no mercado; Falta de canal de
distribuição ou rede de comercialização eficiente;

 Oportunidades: Parque tecnológico catarinense bastante desenvolvido; Mudanças nas


condições de mercado aumentam a procura de produtos na empresa;

 Ameaças: Quebra no padrão de qualidade, incorporações e fortalecimento da


concorrência, alterações de hábitos do mercado.

Da mesma forma como Craig e Moores (2010), no presente trabalho a partir do planejamento
estratégico, pode-se estruturar o BSC para a empresa Systomatus, transcrevendo sua estratégia
em objetivos operacionais, combinando com diferentes perspectivas de mensuração do
desempenho: financeiro, participação no mercado, processos internos e aprendizado e
crescimento (KAPLAN; NORTON, 2000, p.34).

O mapa está organizado em quatro perspectivas, financeira, participação no mercado,


processos internos e aprendizado e conhecimento. O mapa que contém os objetivos
elaborados para a empresa em estudo está na Figura 3.

Figura 3 – Mapa estratégico

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Fonte: Elaborado pelos autores

O mapa estratégico do presente trabalho foi desenvolvido pelo pelos autores em conjunto com
a empresa em estudo, para formalizar as estatégias da empresa em um mapa, assim tem-se
metas para cada perspectiva, e para cada meta, seus indicadores para avaliaçação de
desempenho. Evitando assim, desentendimentos entre estratégias e operações (Kaplan e
Norton, 2000). O qual está apresentado na Figura 4.

Figura 4 – Mapa Estratégico detalhado

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Fonte: Elaborado pelos autores

Entretanto, para que a empresa possa trazer resultados para os gestores das empresas, todos os
colaboradores devem alcançar as metas estipuladas no mapa estratégico. Para este trabalho,
no sentido de preservar a estratégia da empresa, não são expostas informações estratégicas

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detalhadas das perspectivas do BSC, são expostas, apenas as informações estratégicas


detalhadas da perspectiva aprendizado e conhecimento, conforme a Figura 5.

Figura 6 – Mapa Estratégico detalhado (Perspectiva Aprendizado e Conhecimento)

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Fonte: Elaborado pelos autores

Quanto ao primeiro indicador, percentual de aumento dos treinamentos, atualmente os


colaboradores possuem cursos técnicos e somente o gerente possui mestrado, portanto,
elaborou-se como meta para a empresa um aumento no percentual de treinamentos realizados
em 50% até 2018, para que o nível técnico dos colaboradores aumente, bem como a qualidade
dos produtos e serviços prestados.

Já para o indicador de percentual de colaboradores satisfeitos, com o intuito de melhor e


manter o ambiente de trabalho atraente toma-se como iniciativa criar uma “caixa de
sugestões”, para identificar possíveis problemas e soluções, bem como aumentar a motivação
dos colaboradores.

Para o objetivo de ter e manter pessoas informadas, motivadas, saudáveis e participativas


estimou-se 3 indicadores, sendo que para estes o plano de ação criado foi primeiramente criar
um cronograma de reuniões mensais para a discussão de assuntos pertinentes a empresa, bem
como discussão da execução dos projetos e do planejamento financeiro da empesa. Outra ação
será criar um plano de cargos e salários, para que os colaboradores possuam perspectiva de
crescimento dentro da empresa, bem como recebam salários competitivos em relação ao
mercado de trabalho. E a última ação elencada será criar grupos de trabalhos para a realização
dos projetos, para que os colaboradores interajam entre si, bem como efetuar um cronograma
de rodízio de equipes, assim, surgindo integração no ambiente de trabalho.

Por fim, deve haver um acompanhamento contínuo do BSC elaborado para a presente
empresa, pois, futuramente podem surgir possíveis falhas bem como mudanças no ambiente
econômico, as quais podem exigir a revisão e reelaboração do BSC. Também podem surgir
possíves pontos que possam ser melhorados no decorrer do tempo bem como novos pontos a
serem acrescentados.

Acredita-se que o presente trabalho corrobora com os resultados encontrados nas pesquisas
similares em relação a importância da implementação e utilização do BSC. Os trabalhos
similares encontrados na área trouxeram resultados para departamentos de tecnologia da

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informação dentro das empresas e em empresas familiares hoteleiras.

O presente trabalho realizou a implementação do BSC em uma empresa nova no mercado, a


qual está inserida no ramo tecnológico, na cidade de Florianópolis. A pesquisa demonstra a
importância da implantação do BSC na empresa como um todo para a consolidação da mesma
no mercado.

A empresa Systomatus, assim como as demais empresas do ramo tecnológico, desenvolvem


softwares ERP’s específicos para a necessidade de cada empresa, portanto, cada projeto
envolve despesas diferentes, frisando a importância da elaboração do BSC para cada projeto
que é realizado na empresa como se fossem pequenas empresas.

Assim, o presente trabalho evolui na pesquisa na área quando apresenta a importância da


elaboração do BSC não somente para as empresas, mas também para projetos individuais
significativos dentro das empresas.

5. Conclusão

O BSC apresenta-se como uma ferramenta útil de gestão para as organizações. Conforme
observado no presente trabalho, na empresa Systomatus, pode-se considerar que aplicação do
BSC possibilitará uma gestão mais efetiva e com resultados satisfatórios.

O BSC traz uma visão mais clara das estratégias da empresa para os colaboradores e para a
avaliação do desempenho pelos gestores. Após a formalização do BSC para a empresa notou-
se que os gestores tiveram a certeza de que seus objetivos estavam alinhados com a
operacionalização da empresa.

Ressalta-se que para a obtenção de resultados a longo prazo, o controle e a constante revisão
do BSC deverá ser realizado, para mantê-lo sempre atualizado com as estratégias da empresa.

Considera-se que o BSC é um modelo de gestão que traduz a estratégia da organização em


objetivos práticos, criando uma visão compartilhada com os colaboradores que procura

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garantir a sustentabilidade nas perspectivas

O modelo utilizado é derivado dos estudos de Kaplan e Norton (1997) que trabalha com as
quatro perspectivas (clientes, financeira, processos internos, aprendizagem e crescimento).
Para a elaboração do BSC, formaliza-se primeiramente a missão, visão e valores da empresa,
a fim de estruturar os objetivos para cada perspectiva.

As principais contribuições que podem ser alcançadas através da implantação do BSC na


empresa em estudo são: fornecer aos gerentes suporte para tomada de decisão em novos
investimentos, em obtenção de recursos, vizualiação dos custos de cada projeto elaborado
pela empresa, bem como um controle dos objetivos e metas cumpridos.

Portanto, o BSC apresenta-se como uma ferramenta de gestão que pode ser utilizada por
empresas de tecnologia da informação, já que o patrimônio destas é constituído pelo capital
intelectual dos seus colaboradores, carteira de clientes e reconhecimento da marca no
mercado.

O objetivo deste trabalho foi alcançado no momento em que se elaborou o BSC em conjunto
com os gestores da empresa, o qual contempla quatro perspectivas e treze objetivos, bem
como as relações entre eles, indicadores, metas e as ações para realização das metas.

Apresentam-se os objetivos, indicadores e as metas estipuladas para a empresa em estudo,


bem como as ações a serem tomadas para o alcance das metas estipuladas para a perspectiva
de aprendizado e conhecimento.

Para o indicador percentual de aumento dos treinamentos, elaborou-se como meta para a
empresa um aumento no percentual de treinamentos realizados em 50% até 2018, para que o
nível técnico dos colaboradores aumente bem como a qualidade dos produtos e serviços
prestados.

Para o objetivo de ter e manter pessoas informadas, motivadas, saudáveis e participativas


estimou-se criar um cronograma de reuniões mensais para a discussão de assuntos pertinentes
a empresa, criar um plano de cargos e salários, para que os colaboradores possuam
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perspectiva de crescimento dentro da empresa, criar grupos de trabalhos para a realização dos
projetos, para que os colaboradores interajam entre si e ocorra a integração no ambiente de
trabalho.

A implantação do BSC para a empresa em estudo torna-se recomendável uma vez que a uma
organização tem poucos anos de mercado e que ainda não havia delimitado sua missão, visão
e valores. Assim, o presente trabalho contribui para que as estratégias da empresa estejam em
conformidade com as ações dos seus gestores, possibilitando a consolidação da empresa no
mercado.

O trabalho apresenta também a reflexão sobre a possibilidade de se aplicar o BSC em


empresas de tecnologia de informação já que segundo Guimarães e Azambuja (2010) em
2008, estas empresas ocupavam a 12º posição mundial em número de empresas (8.500
empresas) e eram responsáveis por 1% do Produto Interno Bruto – PIB brasileiro.

Quanto às limitações do estudo, no sentido de preservar a estratégia da empresa, não


apresentou-se o BSC de todas as perspectivas, porém através dos resultados apresentados,
verificou-se a necessidade da utilização do BSC na empresa como um todo bem como nos
projetos individuais elaborados.

Os resultados apontam que o BSC pode ser utilizado para a gestão de projetos nas
organizações, assim, as empresas podem elaborar um modelo que se adapte às suas
especificações, buscando melhorar o acompanhamento e gerenciamento de futuros projetos.

Por fim, sugere-se para futuros trabalhos seja realizado o BSC desenvolvido, bem como o
acompanhamento da execução do e a futura avaliação periódica dos indicadores definidos,
para que continue existindo alinhamento entre a estratégia e a sua operacionalização.

REFERÊNCIAS

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