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DESENVOLVIMENTO VISUAL
Como os bebês enxergam, quais brincadeiras
estimulam a visão e quando os pais devem se
preocupar.
Expediente
Boa leitura!
visão na infância
Não são os olhos, é o cérebro que vê
Luz é o que os olhos “veem”. Mas... como assim?
Isso mesmo! O cérebro interpreta o que é captado pelos
olhos, que através de seus receptores transformam
estímulos luminosos em imagem, resultando em um
conjunto de percepções visuais como cores, formas,
margens, texturas, sombras, contraste, até dimensão,
distância e velocidade.
Para explicar em algumas palavras como o ser humano
enxerga não há uma única referência, mas é imprescindível
recorrer aos estudos da anatomia humana.
Para desvendar a fisiologia da visão binocular (nos dois olhos)
saudável, aqui vamos abordar apenas os principais componentes
do sistema visual.
Fisiologia da visão
A córnea e a esclera são tecidos de proteção que compõem a camada externa do globo ocular.
Entre a córnea e a lente do cristalino está a íris, com padrões de pigmentação próprios que resultam
em cores de olhos únicas como uma marca de identidade pessoal. No seu centro está a pupila, uma
abertura circular conhecida como a menina dos olhos.
Por meio de fibras musculares existentes na íris é possível dilatar ou contrair a pupila controlando
a entrada de luz. Ela aumenta quando há pouca luminosidade no ambiente e diminui quando há
muita luz.
Portanto, na parte frontal externa do olho está a córnea transparente cobrindo a íris e a pupila. A
esclera, conhecida como “branco do olho”, envolve o restante do órgão.
Atrás da íris o cristalino cons-
titui-se de uma lente gelatinosa,
biconvexa e convergente. Gra-
ças à sua elasticidade e a um
sistema de fibras, que o conecta
ao músculo ciliar, é capaz de
mudar a sua curvatura e foca-
lizar objetos a diferentes distân-
cias. Esse processo é chamado de
acomodação.
Para focalizar um elemento
próximo, por exemplo, o mús-
culo ciliar se contrai promoven-
do um deslocamento da coroide
e do corpo ciliar na direção da
região anterior do olho. Essa
tensão exercida é relaxada e,
então, o cristalino fica mais es-
pesso, enquanto a pupila contrai
e contribui para dar foco ao que
está sendo visto.
Assim, a luz converge para dentro do olho através da córnea e
do cristalino, meios transparentes que juntos dirigem os raios
luminosos para a retina.
A retina é um tecido nervoso formado por um conjunto de
células que transformam a luz em estímulos elétricos (imagine
como pixels que formam a imagem invertida na retina).
Os raios luminosos são convertidos em impulsos nervosos por
células especializadas chamadas fotorreceptores do tipo
bastonetes e cones. Os bastonetes permitem a visão em
ambientes com baixa intensidade luminosa, em tons de cinza;
os cones tornam possível ver com nitidez e em cores.
A imagem enxergada é resultado da interação retina-
cérebro. Os estímulos nervosos gerados na retina são
transmitidos a partir do nervo óptico para o córtex cerebral,
onde são unidas as informações de ambos os olhos e é finalizado
o processamento da visão.
Além disso, é interessante comentar que todo
esse processo integra ainda operações cerebrais
de sentidos como o tato e a audição, que agre-
gam dados espaciais, de forma e movimento.
A grande maravilha de enxergar com o
cérebro é que ele torna as pessoas capazes de
“aprender a ver”.
Isto é o que nos encanta no Visão na Infância:
a plasticidade cerebral e as possibilidades que
oferece para a habilitação/reabilitação visual!
“O meu filho enxerga bem? Como ele vê?”
Curiosidade? Preocupação? Essa dúvida ora é curiosidade, quando queremos
entender a magia da criação e como os bebês “funcionam”. Ora é preocupação
com os estímulos, com a aprendizagem e se tudo está de fato indo bem.
Claro que o bom desenvolvimento visual depende de estruturas oculares
normais, da anatomia cerebral preservada e de estímulos visuais adequados.
Mas como saber? Calma, tem muita informação pela frente!
Para começar, que tal entender como o sistema visual se desenvolve a partir do
nascimento? Nos primeiros doze meses de vida a evolução é incrível!
A visão desde o primeiro olhar
É ao final do 1º. trimestre da gestação que as principais estruturas oculares estão formadas.
Porém, o processo de desenvolvimento da visão se inicia somente quando o recém-nascido
abre os olhos pela primeira vez e recebe a luz na retina.
Nesse momento, o neném saudável já percebe a luz, o movimento e as formas ao seu redor,
mas a visão é ainda borrada, sem foco ou diferenciação de cores.
No primeiro mês, ele move os olhos na linha horizontal através de movimentos sacádicos,
que são como pequenos saltos do olhar.
Os reflexos de fixação e os movimentos de perseguição, em sentido horizontal, vertical ou
circular, se desenvolvem a partir do segundo mês (enquanto permanecem os movimentos
sacádicos).
Com três meses, os bebês são atraídos por objetos brilhantes, em cores vibrantes e que
gerem forte contraste ou pessoas até 20-25 cm de distância, gostam muito de rostos e
pessoas.
Pequenos exploradores
No 1º. mês – a criança percebe a luz, fixa brevemente o olhar e reage ao movimento de
pessoas. Note se ela movimenta a cabeça em direção à claridade de janelas e lâmpadas.
Note se ele explora o ambiente visualmente, localiza pessoas e objetos no espaço e busca-os
ativamente.
Dica 5: você pode mostrar um brinquedo de seu interesse por alguns segundos e afastar
devagar até que saia do campo visual da criança, mas ainda esteja próximo. Ela vai tentar
achar e agarrar o brinquedo com suas mãozinhas para examiná-lo.
Assim que o bebê está apto para engatinhar, a brincadeira ganha nova
dinâmica.
E o desafie!
visão na infância
E lembre-se!
Cada criança é única e tem seu próprio
ritmo. Algumas podem apresentar os sinais
de desenvolvimento visual indicados mais
ou menos rápido que outras. O mais
importante é que você perceba que
existe uma evolução da resposta visual ao
longo do tempo.
Se tudo estiver indo bem, aos seis meses
agende uma consulta com o oftalmolo-
gista, de preferência um oftalmopediatra.
Com as suas observações e os exames de
rotina o médico poderá avaliar com quali-
dade funções como a adaptação à lumino-
sidade, a acuidade visual, a percepção de
cores e de contraste, os movimentos e o
alinhamento oculares, o campo visual e a
visão de profundidade.
17 sinais de problemas de visão que
você pode reconhecer em casa
Como você pode ver, é no primeiro ano de vida que o sistema ocular
de uma criança saudável se desenvolve mais fortemente, evoluindo até
que entre 5 e 7 anos de idade a visão seja completa, atingindo a
maturidade por volta dos dez anos.
Reconhecer o quanto antes qualquer sinal de dificuldade de enxergar
é o ideal. Diagnósticos tardios podem afetar criticamente o desen-
volvimento cognitivo, social e motor e a resposta ao tratamento é
mais complexa.
Mas os pais e responsáveis não devem estar sozinhos nessa missão. A
visita periódica ao pediatra e ao oftalmologista, informando sempre os
comportamentos observados é o melhor caminho para a prevenção.
Em casa é possível notar alterações grosseiras nos olhos como
manchas brancas, diferença de cor e de tamanho entre os olhos,
pálpebras caídas, lacrimejamento excessivo, olhos que brilham no
escuro e desvios (estrabismo).
Atenção para situações corriqueiras
que podem passar despercebidas e que
muitas vezes podem parecer engraçadas.
Se a criança não reconhece pessoas,
brinquedos e outros objetos, tropeça
muito, tromba com móveis, assiste TV e
usa tablets e smartphones muito de perto
e sempre em uma mesma posição é para
se preocupar.
Na fase escolar, ficar atento se há dificuldades para ler um
texto, copiar matéria, seguir linhas ao escrever. Ou se há desinteresse,
dispersão para atividades que exigem maior esforço visual. Dores de
cabeças e náuseas também podem vir associadas aos comportamentos
observados acima. E no primeiro sinal de alerta, agende uma visita ao
oftalmologista (se possível, um oftalmopediatra)!
Fique alerta! Quando o Comportamentos no dia a dia:
bom desenvolvimento da Não reconhece pessoas, brinquedos e outros
objetos a certa distância
visão pode estar em risco
na infância? Tropeça muito ao caminhar
Tromba com móveis
Segura livros, assiste TV e usa tablets e smart-
phones muito de perto
Alterações visíveis nos olhos: Em atividades que exigem atenção, esfrega com
frequência os olhos, mesmo sem estar
Manchas brancas nos olhos
notadamente cansado
Diferença de cor e de tamanho
Tem dificuldade para copiar matérias
entre os olhos
Pálpebras caídas Confundem-se ao ler um texto sem usar o dedo
para acompanhar as linhas
Lacrimejamento excessivo
Vira ou inclina a cabeça, ou fecha um dos olhos
Olhos que brilham no escuro
para ver melhor
Desvios permanentes ou intermi-
Queixa de dores de cabeça e náuseas
tentes (estrabismo)
Mostra desinteresse, dispersão para atividades
Um olho permanece parado en-
que exigem maior esforço visual
quanto o outro se movimenta
visão na infância
Como uma simples fotografia do bebê
pode revelar alterações nos meios oculares
Ao nascer, o neném faz o teste do olhinho (reflexo vermelho). Mas, alguns problemas podem surgir mais
tarde e com o flash da câmera fotográfica você pode notar alterações nas estruturas internas do olho.
Quando a luz do flash atravessa os meios oculares transparentes (córnea, cristalino, humor vítreo) e atinge a
retina, o reflexo do olho será vermelho (ou em tons laranja) e redondinho. Isso é bom sinal!
No entanto, um reflexo da pupila branco, róseo ou amarelo é motivo de
alerta, pois pode ser indicativo de algumas doenças graves: catarata, des-
colamento de retina, retinopatia da prematuridade, malformação da retina,
endoftalmite (infecção intraocular), anomalia vascular da retina e tumor
intraocular (retinoblastoma).
O ideal é que o reflexo vermelho seja igual nos dois olhos. Na foto,
quando apenas um olho aparece vermelho e o outro mais escuro pode também
sinalizar que algo não está bem.
Mas as fotografias precisam ser tiradas em condições ideais e nada substitui o exame do especialista!
visão na infância
Qual a rotina ideal de exames oftalmológicos?
visão na infância
Crédito de Imagens
Capa: rosto-bebe, por Pixabay; Pág. 01: olho-preto-
e-branco, por Crissy Pauley, Free Images; Pág. 02:
exame-de-vista, por Maria Amélia Franco, Visão na
Infância; Pág. 03: lego-braille-bricks, por Dorina
Nowill Foundation/Lew’Lara\TBWA; Pág. 04:
menino-olhos-fechados, por Stockvault, Freepik;
Pág. 05: menina-estimulacao-visual, por Suellen
Polati, Visão na Infância; Pág. 06: olhar, por
Freemagebank Pág. 07: anatomia-ocular, por Marcelo
Bittencourt, Visão na Infância; Pág. 08: interação-retina-
cerebro, por Marcelo Bittencourt, Visão na Infância; Pág. 09: close-
bebe, por Anna Brett, Freepik; Pág. 10: bebe-brincando, por Patrick
Jayne e Thomas; Pág. 11: close-rosto-bebe, por Rasmus Svinding,
Pexels; Pág. 12: como-bebe-enxerga, por LaserMom; Pág. 13:
painel-fotos-estimulacao-bebe, por Tempo Junto; banho-bebe,
arquivo pessoal, Visão na Infância; Pág. 14: mobile-espiral-
contraste-bebe-conforto, por Aliexpress; bebe-brincando-com-
diferentes-tipos-de-bolas, por Tempo Junto; Pág.15: espaco-
estimulacao- bebe, por The Imagination Tree; engatinhando-com-
obstaculos, por Playing and learning begins at home; Pág. 16: bebe-
com-bola, por Pixabay; Pág. 17: bebe-bricando-mae, por Nenetus,
Free Digital Photos; criança-correndo-e-caindo, por Jamie
Campbell; menina-escrevendo, por Woodley Wonder Works;
menino-lendo-livro, por Jose A. Warletta, FreeImages; Pág. 18:
bebe-estrabismo, por Mjtmail-Tiggy; Pág. 19: criança-
retinoblastoma, por kinderaugenkrebsstiftung-de; olho-sem-
reflexo-vermelho, por Chect; olho-com-reflexo-branco, por Chect;
Pág. 20: cover-test, por Maria Amélia Franco, Visão na Infância; Pág.
21: olho-camera, por FreePik; Pág. 22: pilha-de-livros-oculos, por
Freepik.
visão na infância
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visão na infância
visaonainfancia.com