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PEÇONHENTOS
SUMÁRIO
1. OBJETIVO 2
2. INTRODUÇÃO 2
3. APLICAÇÃO 2
4. DEFINIÇÃO 2
5. DESENVOLVIMENTO 3
5.1. ACIDENTES OFÍDICOS 3
5.1.1. ACIDENTE BOTRÓPICO 3
5.1.2. ACIDENTE CROTÁLICO 5
5.1.3. ACIDENTE LAQUÉTICO 6
5.1.4. ACIDENTE ELAPÍDICO 7
5.2. PROFILAXIA ANTITETÂNICA EM ACIDENTES OFÍDICOS: 8
5.3. ACIDENTE ESCORPIÔNICO 9
5.4. ACIDENTES POR ARANHAS 11
5.4.1. ACIDENTES POR PHONEUTRIA (“ARMADEIRA”) 11
5.4.2. ACIDENTES POR LOXOSCELES (“ARANHA MARROM”) 12
5.4.3. ACIDENTES POR LATRODECTUS (“VIÚVA NEGRA”) 14
5.4.4. ACIDENTES LONÔMICO (ERUCISMO) 15
5.5. PREVENÇÃO DE REAÇÕES ADVERSAS AOS SOROS HETERÓLOGOS:
16
5.5.1. PRÉ MEDICAÇÃO: 18
5.6. MANEJO DA SÍNDROME COMPARTIMENTAL PÓS ACIDENTE OFÍDICO
18
6. CRÉDITOS 18
7. REFERÊNCIAS 19
8. ANEXOS 20
1. OBJETIVO
2. INTRODUÇÃO
3. APLICAÇÃO
4. DEFINIÇÃO
Ac – Acidente
Síndrome Compartimental – edema intersticial levando ao aumento de pressão de
perfusão capilar dentro de um compartimento osteofascial fechado, podendo
comprometer vasos, músculos e terminações nervosas provocando lesão tecidual.
Fasciotomia – constitui o procedimento cirúrgico utilizado para tratar a síndrome de
compartimento.
5. DESENVOLVIMENTO
1. Regulação/Demanda espontânea
2. Recepção
3. Triagem (em caso de ausência de profissional na triagem, a recepção
passará o caso diretamente aos médicos plantonistas)
4. Atendimento médico
5. Desfecho após o primeiro atendimento médico
a. Alta
b. Observação
c. Internação hospitalar
i. Enfermaria
ii. Unidade de Terapia Intensiva
3. Membro acometido;
4. Descrição de manifestações locais e sistêmicas pós acidente;
5. Em caso de soroterapia específica prévia, registrar o horário descrito de
aplicação e a quantidade de ampolas;
6. Classificação do acidente (tipo de animal e gravidade);
7. Presença de complicações (síndrome compartimental, lesão renal aguda,
etc);
8. Status vacinal anti-tetânico;
9. Profilaxia antitetânica realizada (caso indicada);
10. Soroterapia específica;
11. Sinais vitais;
12. Desfecho (alta, observação e internação);
13. Reavaliações programadas e conforme demanda;
1. Medidas específicas
a. Administração do soro específico, o mais rápido possível, caso
indicado, conforme tipo provável de acidente e gravidade, sem
necessidade de diluição, para correr em 30 minutos, sem indicação
de pré-medicação.
i. Vigilância para eventos alérgicos associados à soroterapia
heteróloga;
2. Medidas gerais
a. Internação hospitalar conforme indicação;
b. Precaução adequada;
c. Dieta zero, em razão da possibilidade de náuseas e vômitos (retornar
dieta após duas horas de soroterapia, caso paciente estável, sem alto
risco de broncoaspiração e sem possibilidade de abordagem cirúrgica
à curto prazo). Atenção ao risco de hipoglicemia;
1. Hemograma
2. Tempo de coagulação
3. Tempo de protrombina (TAP)
4. Tempo de Tromboplastina parcial ativada (TTPA)
5. Ureia
6. Creatinina
7. Sódio
8. Potássio
9. Magnésio
10. Transaminase oxalacética (TGO)
11. Transaminase pirúvica (TGP)
12. Amilase (em caso de acidentes escorpiônicos moderados e graves)
13. Glicemia (em caso de acidentes escorpiônicos moderados e graves)
14. Proteína C Reativa
15. Creatinofosfoquinase (CPK)
16. Desidrogenase lática (DHL)
17. Sumário de urina (EAS)
18. Eletrocardiograma (em caso de acidentes escorpiônicos moderados e graves)
Causado por serpentes do gênero Bothrops (e.g. jararaca), é o mais frequente entre
os acidentes por serpentes peçonhentas (cerca de 90%). Após a picada, pode haver
sangramento pelos orifícios de inoculação, em pequena quantidade, e a região
atingida pode evoluir com edema, dor e equimose. O veneno é uma mistura de mais
de 100 diferentes proteínas e outras substâncias com características marcadamente
necrotizantes ou proteolíticas, coagulantes e hemorrágicas. Assim, após o acidente
podem surgir, no local da picada, equimose progressiva, bolhas ou flictenas em
quantidade e proporções variáveis, com conteúdo seroso, hemorrágico, necrótico ou
mesmo purulento. Além das manifestações no local da picada, pode ocorrer uma
coagulopatia de consumo, com sangramentos à distância (epistaxe, gengivorragia,
hematêmese e hematúria); em gestantes há risco de hemorragia uterina. Os
acidentes podem ser clinicamente leves e moderados, sem repercussão
hemodinâmica, ou graves, nos quais observa-se hemorragia intensa e/ou em
regiões vitais, choque e insuficiência renal aguda. As principais complicações locais
descritas são abscesso, necrose e síndrome compartimental. Manifestações
sistêmicas como hipotensão arterial, choque, oligoanúria ou hemorragias intensas
definem o caso como grave, independentemente do quadro local.
o Síndrome compartimental
o Fenômenos hemorrágicos
o Necrose local
programada nas
primeiras 6 horas após
soroterapia (reavaliar
antes caso necessário)
5. Avaliação da cirurgia
geral com urgência****
6. Repetir tempo de
coagulação com 24h de
soroterapia. Caso
alterado, fazer mais
duas ampolas.
*O membro picado é dividido em 3 segmentos: Membro superior: 1 - Mão e punho; 2 - Antebraço e cotovelo; 3 -
Braço. Membro inferior: 1 - Pé e tornozelo; 2- Perna e joelho; 3- Coxa.
**A reavaliação programada é de fundamental importância. Devem ser pesquisados sinais e sintomas de
complicações locais, principalmente síndrome compartimental,, bem como nova sintomatologia sugestiva de
outro tipo de envenenamento, afim de possibilitar o tratamento precoce, caso presentes.
***O diagnóstico de síndrome compartimental é clínico. Sinais e sintomas: dor intensa, limitação da
movimentação, tempo de enchimento capilar prolongado, palidez, cianose, diminuição do pulso e parestesias.
**** Se paciente estiver com síndrome compartimental franca, entrar em contato com cirurgião na escala. Caso
impossibilidade de realização do procedimento no HDT, solicitar autorização de internação hospitalar (AIH) para
transferência de urgência para serviço de cirurgia geral.
NOTAS:
1) Em caso de pacientes que se apresentem ao pronto-socorro em até duas horas do acidente, tratar como um
nível de gravidade acima (forma leve com dose de soro para forma moderada e forma moderada com dose
de soro para forma grave. Esta conduta se deve ao fato de que com 2 horas após o acidente nem todos os
pacientes apresentam quadro clínico compatível com a quantidade de veneno inoculada)
2) O tempo de coagulação não deve ser usado para avaliação de gravidade
3) Todo paciente submetido a tratamento soroterápico deve ser internado e ficar em observação por, no mínimo,
24hs.
Causado por serpentes do gênero Crotalus (cascavel), representa cerca de 10% dos
acidentes por serpentes peçonhentas no Brasil. As ações principais do veneno
crotálico são neurotóxica, miotóxica e, eventualmente, coagulante. No local da
picada, não há dor, ou, se existe, é de baixa intensidade. As manifestações clínicas
decorrentes da atividade neurotóxica do veneno, apresentam-se geralmente nas três
primeiras horas após a picada. A “fácies miastênica”, com ptose palpebral e flacidez
da musculatura da face, permite o diagnóstico clínico do envenenamento. Há
oftalmoplegia e dificuldades de acomodação, com queixa de visão turva ou de
diplopia. Pode haver midríase, mesmo unilateral. Queixas menos frequentes como
◦ Rabdomiólise
◦ Fenômenos hemorrágicos
Fácies
miastênica
ou visão
turva
1. 10 ampolas
discretas.
2. Internação hospitalar
Mialgia
MODE 3. Solicitação de exames padronizados
discreta.
RADO 4. Reavaliação clínica programada nas primeiras 6 horas
Alteração
após soroterapia (reavaliar antes caso necessário)
discreta na
coloração
da urina
Sem
oligoanúria
Fácies
miastênica
e visão
turva
1. 20 ampolas
evidentes.
2. Internação hospitalar (Avaliar indicação de internação
Mialgia
em unidade de terapia intensiva)
GRAV intensa.
3. Solicitação de exames padronizados
E Urina
4. Reavaliação clínica programada nas primeiras 6 horas após soroterapia
vermelha
necessário)
ou
marrom.
Oligoanúri
a
NOTAS: 1. Em caso de pacientes que se apresentem ao pronto-socorro em até duas horas do acidente, tratar
como um nível de gravidade acima. 2. Todo paciente submetido a tratamento soroterápico deve ser internado e
ficar em observação por, no mínimo, 24hs.
Causado por serpentes do gênero Lachesis (nome popular: surucucu), que preferem
ambientes com vegetações exuberantes (Mata Atlântica e Floresta Amazônica). Não
há informações de acidentes com Lachesis em Goiás. O quadro é semelhante
ao acidente botrópico e, por serem serpentes de grande porte, considera-se que a
quantidade de veneno por elas injetada é potencialmente muito grande. As
complicações locais descritas no acidente botrópico (síndrome compartimental,
necrose, infecção secundária, abscesso, déficit funcional) também podem estar
presentes no acidente laquético.
o Síndrome compartimental
o Fenômenos hemorrágicos
o Necrose
MANIFESTAÇÕES
CONDUTAS
CLÍNICAS
1. Não fazer soro anti-elapídico
2. Solicitação de exames
padronizados
3. Internação para observação por
no mínimo 24h
a. Caso se mantenha
assintomático no período,
Parestesia e dor de
alta
intensidade
LEVE b. Caso evolua com
variável, sem
miastenia, reclassificar e
clínica de miastenia
prescrever soroterapia
adequada
4. Sintomáticos
5. Reavaliação clínica de 2/2h
(reavaliar antes caso necessário)
a
Vacinar e aprazar as próximas doses, para complementar o esquema básico. Essa
vacinação visa proteger contra o risco de tétano por outros ferimentos futuros. Se o
profissional que presta o atendimento suspeita que os cuidados posteriores com o
ferimento não serão adequados, deve considerar a indicação de imunização passiva
com SAT (soro antitetânico) ou IGHAT (imunoglobulina humana
antitetânica).Quando indicado o uso de vacina e SAT ou IGHAT,
concomitantemente, devem ser aplicados em locais diferentes.
b
Se o paciente não for imunodeprimido, desnutrido grave ou idoso e não houver
suspeita que os cuidados posteriores com o ferimento não serão adequados, pode-
dor e avaliar o
paciente. Se
persistirem as
manifestações
sistêmicas,
mesmo após a
analgesia,
iniciar
soroterapia
2. Internação para
observação por no
mínimo 24h
3. Analgésico e
compressa local
quente e/ou
bloqueio anestésico
4. Solicitação de
exames
complementares
padronizados
1. SAEs ou SAAr: 06
Manifestações sistêmicas
ampolas. IV
intensas: inúmeros
2. Internação em
episódios de vômitos,
unidade de terapia
sudorese intensa,
intensiva
aumento ou diminuição da
3. Analgésico e
FC, aumento ou
compressa local
GRAVE diminuição da PA,
quente e/ou
sialorreia, agitação
bloqueio anestésico
alternada com sonolência,
local.
taquidispneia, priapismo,
4. Solicitação de
convulsões, insuficiência
exames
cardíaca, EPA.
complementares
padronizados
NOTAS:
1) Observação e contínua reavaliação do paciente: detecção e tratamento precoce de complicações, ou
reclassificação clínica e complementação dos tratamentos.
2) ACIDENTE MODERADO: soroterapia formalmente indicada em crianças de até 7 anos. Nas crianças acima
dos 7 anos e nos adultos com quadro moderado de escorpionismo, tratar inicialmente a dor e avaliar o
paciente. Se persistirem as manifestações sistêmicas, mesmo após a analgesia, iniciar soroterapia.
IMPORTANTE: todo paciente submetido a tratamento soroterápico deve ficar em observação por, no
mínimo, 24h.
3) Manter em monitorização contínua, durante período de observação, todas crianças menores de 7 anos e
idosos maior que 60 anos.
● Tratamento específico:
1. SAAr IV: 5
ampolas
2. Internação
- Lesão característica(1)
hospitalar
ou sugestiva(2)
3. Solicitação de
- Com ou sem
exames
Grave comprometimento do
complementares
estado geral
padronizados
- Sem sinal de
4. Prednisona: 5 a 7
hemólise
dias (40-60mg)
5. Sintomáticos
1. SAAr 10 ampolas
2. Internação
- Lesão característica(1) hospitalar
ou sugestiva(2) 3. Solicitação de
- Alteração no estado exames
LOXOSCELISMO geral (anemia aguda, complementares
CUTÂNEO- Grave icterícia) padronizados
VISCERAL - Evolução rápida 4. Prednisona por 5
- Alterações a 7 dias (40-
laboratoriais sugestivas 60mg)
de hemólise 5. Sintomáticos
NOTAS:
1) Lesão característica: dor em queimação associada a lesões hemorrágicas focais mescladas com áreas claras
de isquemia e necrose.
2) Lesão sugestiva: dor em queimação, edema endurado, equimose e bolhas.
Causado por lagartas do gênero Lonomia sp, podendo cursar com síndrome
hemorrágica que, nos últimos anos, vem adquirindo significativa importância médica
em razão da gravidade e da expansão dos casos, principalmente na região Sul.
Estas lagartas têm cerdas cheias de toxinas, que são capazes de causar lesões
cutâneas e distúrbios sanguíneos e renais. Muitas vezes o animal inteiro é
esmagado no acidente e, nesse caso, a cutícula do inseto é quebrada e muitas
secreções, incluindo hemolinfa, penetram na pele humana e entram na circulação. O
veneno de Lonomia sp. provoca um distúrbio na coagulação sanguínea, com dois
mecanismos descritos, quais sejam: ação pró-coagulante e fibrinolítica, o que pode
reduzir significativamente o processo de coagulação sanguínea. A maioria das
manifestações de erucismo é local e inclui hipertermia, dor em queimação, prurido e
, mais raramente, bolhas. Sintomas gerais como náuseas, vômitos, cefaleia, febre,
mialgia, dor abdominal e conjuntivite também podem ocorrer.
Exames complementares: uma vez que o contato com lagartas do gênero Lonomia
não provoca alterações da coagulação em 100% dos pacientes, a confirmação do
diagnóstico de síndrome hemorrágica é feita por meio da investigação laboratorial
com os testes globais da coagulação.
Tratamento:
Os soros heterólogos são produtos cada vez mais purificados, razão pela qual se
considera rara a possibilidade de causarem complicações graves, tais como o
choque anafilático e a doença do soro.
As reações que podem ocorrer após a administração dos soros heterólogos são
basicamente, de três tipos:
1. Reações imediatas, que se manifestam logo após a administração do soro
até duas horas depois (geralmente nos primeiros 30 minutos), sendo necessário
manter o indivíduo na Unidade de Saúde, em observação, por, no mínimo, 6 horas e
idealmente 24 horas;
2. Reações precoces, que se manifestam nas primeiras 24 horas depois da
administração do soro; e
Toda equipe assistencial deve estar alerta para identificar a ocorrência destas e
também orientar adequadamente paciente e acompanhantes dos riscos da
administração de soro heterólogo.
6. CRÉDITOS
7. REFERÊNCIAS
▪ Andrade JG; Pereira LIA, Editores. Manual Prático de Doenças Transmissíveis. 8ª edição;
p. 23-34. Editora da Imprensa Universitária, Goiânia, 2017.
▪ Bochner, R., Struchiner, CJ. Epidemiologia dos acidentes ofídicos nos últimos 100 anos
no Brasil: uma revisão. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(1):7-16, jan-fev, 2003.
▪ França FOS, Medeiros CR, Málaque CMS, Duarte MD, Chudzinski-Tavassi AM, et al.
Acidentes por Animais Peçonhentos. In: Clínica Médica Volume 7; Martins M, Carrilho F,
Alves V, Castilho E, Cerri G, Wen C., Editores. 1ª edição, p. 553-613. Ed. Manole, São
Paulo; 2016.
▪ Snakebite envenoming: a strategy for prevention and control. Geneva: World Health
Organization; 2019.
▪ Weiss MB, Paiva JWS. Acidentes com animais peçonhentos. Revinter 1ª edição 2017.
8. ANEXOS
“Não se aplica”