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Simpósio Oftalmologia para a graduação

em Medicina e o Médico Generalista

Urgências Oftalmológicas: o que todo médico


precisa saber
Ophthalmologic emergencies: what every doctor needs to know
Antero Pinto Cardoso Filho1 , Luísa Canesin Dourado Figueiredo Costa2 , Eduardo Melani Rocha2

RESUMO
Queixas oftalmológicas agudas correspondem a uma importante parcela dos atendimentos clínicos de urgência.
Essa revisão tem o objetivo de servir como roteiro para avaliação médica básica no paciente oftalmológico, com
sugestão de ferramentas que auxiliam na avaliação clínica ocular, passando pelas queixas de olho vermelho, perda
de visão e traumas, com seus respectivos diagnósticos e base dos tratamentos.

Palavras-chave: Emergências, Oftalmologia, Guia de prática clínica.

ABSTRACT
Acute ophthalmic complaints represent an important portion of emergency medical care. This review aims to serve
as a guide for basic medical evaluation in the ophthalmological patient, with the suggestion of tools that assist in
the clinical eye evaluation, including red eye complaints, loss of vision and trauma, with their respective diagnoses
and treatment basis.

Keywords: Emergencies, Ophthlmology, Practice guideline.

INTRODUÇÃO estar associadas a doenças com risco à vida do pa-


ciente. Essas urgências precisam de pronto atendi-
As urgências oculares são doenças agudas mento, e o objetivo aqui é orienta-los, sem detalhar
(de início até 15 dias antes da procura do atendi- diagnósticos ou atualizar a terapêutica mais eficaz,
mento) com risco de perda da integridade ocular que são objetos de excelentes livros e revisões.
e da visão. Elas chegam a 20% dos motivos de Muitos pacientes procuram o serviço de ur-
procura pelo pronto atendimento médico. gência com agravamento ou recorrência de doen-
As urgências mais comuns são causadas ças oculares crônicas. Nesses casos, a eficiência
por traumas. Eles podem ser mecânicos (contu- diagnóstica, prognóstica e terapêutica é muito
sos ou penetrantes), químicos (ácidos ou cáusti- maior se os pacientes estabelecem ou retomam
cos), térmicos ou por radiação (ultravioleta, ra- o acompanhamento periódico para as doenças
diação solar, laser, etc)1. crônicas, ao invés de recorrer a serviços de ur-
Em um segundo grupo de urgências, o desen- gência em momentos de piora. É preciso distin-
cadeante não é identificado. O paciente se apresenta guir entre casos agudos ou crônicos, ainda que
com inflamação em um ou mais tecidos de um ou recidivados para melhorar essa eficiência tera-
ambos os olhos, perda aguda da visão ou a combina- pêutica e diagnóstica (Figura 1).
ção dos dois achados. A causa provável ou suspeita Essa revisão orienta o médico no primeiro
e algumas dessas urgências em oftalmologia podem atendimento de pacientes com urgências oculares.

1
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto
2
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2022.174157
Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio,
sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado.
Filho APC, Costa LCDF, Rocha EM

sicas e fundamentais do exame oftalmológico em


qualquer ambiente2. Outros aplicativos de apoio
diagnóstico e terapêutico podem ser encontrados
no sitio: https://www.allaboutvision.com/apps/
O exame ocular pode colocar examinador
em contato com mucosa, secreções e até san-
gue de paciente contaminado por agentes mi-
crobianos como vírus e bactérias. O examinador
dever estar atento, fazer a higiene das mãos e
dos utensílios usados entre um atendimento e
outro. Deve também evitar de tocar as próprias
Figura 1: Síndromes oculares relacionando os sintomas mucosas ou utensílios contaminados durante,
maiores e o tempo de persistência. e após atendimento.

ROTEIRO DE ATENDIMENTO Box 1


Roteiro de questões para urgências oculares
O atendimento a problema ocular no pronto
A) associação temporal e intensidade da dor e acui-
socorro deve seguir uma sequência, garantindo dade visual;
primeiro que as funções vitais do paciente estão B) histórico de trauma;
adequadas e se não estiverem, oferecer medidas C) sazonalidade ou recorrência;
de suporte à vida. Depois realizar anamnese com D) doenças palpebrais, na pele ou sistêmicas;
paciente ou acompanhante e o exame oftalmo- E) uso prévio de colírios;
lógico (Box 1). Essa segunda parte inicia pela F) cirurgia ocular prévia recente

anamnese, segue com a medida acuidade visual


(perto e longe, com ou sem ajuda de lentes cor-
retoras que a pessoa use e disponha no momento Box 2
do atendimento), exame estático, dinâmico dos Sinais discretos porem relevantes ao exame
olhos e anexos oculares (incluindo motilidade
· Presença de corpo estranho
ocular extrínseca, exame da contração pupilar à
· Secreção purulenta
luz), biomicroscopia (lâmpada de fenda), uso de · Anormalidades corneanas
colírio de fluoresceína pode ser útil para delimitar · Anormalidades da pupila
lesões, identificar perda de fluido e localizar cor- . Motilidade ocular na busca de paresias ou paralisias
pos estranhos. A medida da pressão intraocular
pode ser feita com equipamentos ou através da
palpação ocular bidigital, e por fim a fundoscopia GRUPOS DIAGNÓSTICOS E
para avaliar e mapear a retina e o vítreo (Box 2). ORIENTAÇÕES INICIAIS
Todas as observações devem ser claramente re-
gistradas no prontuário do paciente. Pode-se dividir as urgências oftalmológicas
Aplicativos e acessórios acoplados a te- em três grandes grupos:
lefones celulares podem ajudar muito nesses
exames. Por exemplo, o aplicativo gratuito para
smartphones Snellen Chart ® simula uma tabe- A. Olho inflamado ou “olho vermelho”
la de Snellen para teste de acuidade visual, com
a possibilidade de ajustar a distância do examina- Uma queixa frequente, facilmente cons-
dor em suas configurações. Outros, como o Eye tatável e com inúmeras possíveis causas é a de
Test®, também gratuito, permite testar além da olho vermelho. Confirmada que é aguda, que não
acuidade visual, a visão de cores e o campo visual possui causa óbvia, dois caminhos são possíveis3
central. Assim é possível extrair informações bá- (Figura 2):

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Urgências Oftalmológicas: o que todo médico precisa saber

são arterial ou êmese reativos a dor, frequente


no glaucoma agudo) ou ainda medidas sintomá-
ticas para controle da dor ocular podem ser ne-
cessários, de acordo com peso e idade, enquanto
aguarda atendimento especializado.
Agentes irritantes, tóxicos ou alergênicos
em contato com os olhos fazem diagnóstico dife-
rencial com agentes infecciosos. A investigação do
agente infeccioso pode ser demorada e mesmos
exames sofisticados na busca de agentes especí-
Figura 2: Fluxograma diagnóstico para olho vermelho agudo.
ficos possuem índice de acerto ao redor de 50%.
O tratamento inicial é melhor decidido por proba-
A1) no caso da visão estar preservada, bilidades fundamentadas em indicadores clínicos
a possibilidade de um evento causal auto limita- e epidemiológicos. A maior chance de acerto e
do de resolução espontâneo é alta. Para condi- resolução favorável da inflamação estão associa-
ções com olho vermelho e lacrimejamento, com dos a maior quantidade possível de informações
ou sem coceira, medidas sintomáticas como com- que o paciente possa trazer, somados aos dados
pressa fria, e se for necessário analgésico sistê- de exame e à experiência clínica do médico que
mico podem ser prescritos. Quando a inflamação atende. Medicamentos de amplo espectro, mui-
é palpebral e a conjuntiva e córnea estão inaltera- tas vezes procurando tratar diferentes agentes ao
das, a possibilidade do hordéolo (terçol), indican- mesmo tempo, associados a anti-inflamatórios e
do obstrução de uma ou mais glândulas da pálpe- sintomáticos são iniciados em paralelo com a in-
bra pode ter a resolução acelerada com o uso de vestigação subsidiária.
compressas mornas, repetidas por 2 a 3 vezes ao A investigação subsidiária inclui amos-
dia, durante alguns dias até a resolução da infla- tras de secreção em casos de olho vermelho
mação palpebral. com baixa de visão e sinais de lesão superficial.
Em caso de inflamação intraocular as amostras
A oftalmia neonatal, no caso de recém- de sangue são úteis para testes laboratorial e
nascidos até o primeiro mês de vida, quando identificação de infecções sistêmicas e doenças
a acuidade visual (AV) não é parâmetro dispo- autoimunes que exigem tratamento específico
nível e o exame sem equipamentos pode ser li- distinto. Nas lesões orbitárias ou com manifes-
mitado, precisará de avaliação especializada e tações neurológicas o exame de imagem da ca-
em alguns casos de medidas terapêuticas e de beça, incluindo o sistema nervoso central (SNC)
acompanhamento específicas, envolvendo oftal- e da órbita e ainda amostra do líquor para tes-
mologia e neonatologia. tes laboratoriais são mandatórios para avaliar
a extensão e gravidade e assim programar a te-
A2) no caso de inflamação com perda agu- rapêutica e internação.
da de visão, as possiblidades diagnósticas e a ne- Nos casos onde há intersecção entre infla-
cessidade de terapêutica especializada exigem mação ocular com perda de visão (Figura 1), es-
a avaliação e o acompanhamento oftalmológico ses exames mencionados acima serão úteis para
o mais rápido possível (Tabela 1). Nesses casos, determinar a gravidade, definir a urgência do tra-
a mínima intervenção seja para equilíbrio hemo- tamento específico e a periodicidade do acompa-
dinâmico (alguns pacientes podem ter hiperten- nhamento pelo oftalmologista.

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Tabela 1
Critérios e padrões diagnósticos para diferenciar olho vermelho.

Hemorra- Conjunti- Glaucoma Uveíte


Conjuntivite Úlcera de
gia Sub- vite aguda agudo pri- anterior Episclerite Esclerite
aguda viral córnea
conjuntival bacteriana mário aguda
Aquosa ou
Secreção Ausente Hialina Purulenta Ausente Ausente Ausente Ausente
Purulenta
Conservada Conservada Baixa impor-
Baixa visual
Visão Conservada ou levemen- ou levemen- Diminuída tante de acui- Conservada Conservada
moderada
te diminuída te diminuída dade visual
Sensação Sensação
Moderada - Moderada -
Dor Ausente de corpo de corpo Moderada Intensa Moderada
severa severa
estranho estranho
Setorial,
Pericerá-
Hiperemia vermelho- Difusa Difusa Pericerática Pericerática Localizada Localizada
tica
vivo
Normal ou Áreas opa- Turva (edema Transpa-
Córnea Normal Normal Normal Normal
infiltrados cificadas de córnea) rente
Médio-
Pupila Normal Normal Normal Normal Miose Normal Normal
midríase
Reflexo foto- Normal ou
Normal Normal Normal Normal Ausente Normal Normal
motor diminuída

B. Perda súbita de visão homônimas, ou seja do mesmo lado (esquerdo ou


direito), limitado a um hemisfério em cada olho
A perda da visão aguda pode ser causada (nasal ou temporal) indica lesão de trato óptico
por lesão no olho, na órbita ou no SNC (Box 3). ou córtex occipital. Os exames cujo resultado não
As perdas de visão que se acompanham de dor e cabe em interpretações clínico-anatômicas suge-
inflamação estão associadas a lesões nos compo- rem falta de colaboração do paciente, neuroses
nentes ópticos do olho (córnea, cristalino, humo- conversivas, simulação ou transtornos factícios.
res aquoso e vítreo) ou a inflamações orbitárias. Os exames clínicos e subsidiários mencio-
A baixa de visão indolor de um dos olhos é mais nados acima são uteis para apoiar as conclusões e
comumente associada a lesão de componente diferenciar de condições onde não há lesão orgâ-
neurosensorial (retina e nervo óptico)4. nica, como nas neuroses conversivas, transtornos
No caso de perda de visão bilateral e sem factícios e simulações.
sinais inflamatórios, a possibilidade de estar asso-
ciada a lesão de SNC é alta (compressiva, isquê-
mica ou desmielinizante). Uma regra simples diz Box 3
que quanto pior a acuidade visual e mais rápida Grupos de causas de baixa aguda da visão
foi a perda relatada ou observada, mais urgente é
a) Opacidades de meio
a necessidade de avaliação oftalmológica e neuro-
b) Doenças da retina
lógica para identificar causa e instituir a terapêutica b1. Inflamatórias
visando contensão e reversão dos danos funcionais. b2. Vaso-oclusivas
b3. Hemorrágicas
Investigar sinais neurológicos, sejam sensoriais,
c) Traumas
motores e cognitivos é de grande ajuda para identi-
d) Doenças do nervo óptico
ficar a gravidade, localização e extensão da doença. d1. Neuropatia óptica isquêmica
E exame de campo visual pode ser bastante d2. Neurite óptica
informativo na localização da lesão e poder ser d3. Síndromes quiasmáticas agudas ou apoplexia pituitária
feito com a técnica da confrontação. Perdas mo- e) Doença do SNC acometendo trato óptico ou córtex
cerebral
noculares, com padrão segmentado indicam lesão e1. Isquêmicas
de retina ou nervo óptico. Perdas bitemporais in- e2. Compressivas
dicam que a lesão está no quiasma óptico e perdas e3. Degenerativas

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Urgências Oftalmológicas: o que todo médico precisa saber

C. Trauma corticoterapia tópica, associada a analgesia sistê-


mica podem ser instituídas junto com o planeja-
Os traumas podem ser divididos em mecâ- mento do acompanhamento ambulatorial.
nicos, químicos ou por radiação (térmica, lumi-
nosa ou ambas). Na maioria das vezes a causa e O trauma por radiação deve ter o agente
a gravidade da lesão ocular são fácil e rapidamen- causal estancado o mais rápido possível, afim de
te determinadas. De maneira geral, o roteiro de conter o dano tecidual e deformidades permanen-
atendimento segue da mesma forma que indicado tes. A mais frequente é a lesão no trabalho com
acima (sessão 1). solda elétrica, que produz queimadura por radia-
ção ultravioleta. A proteção ocular com oclusão
O trauma mecânico pode produzir contu- sem compressão e em casos cruentos a necessi-
são (Box 4), laceração, perfuração (Box 5) e as dade de antibioticoterapia e corticoterapia tópica,
vezes deslocamento de tecidos (cristalino, retina, associada a analgesia sistêmica devem ser ava-
úvea), lesão de anexos (músculos e nervos) e fra- liadas. O reestabelecimento e a necessidade de
turas dos ossos da órbita, com possível conse- cirurgias reparadoras serão avaliados em visitas
quente retenção de corpo-estranho, aumento da ambulatoriais ao oftalmologista.
pressão e hemorragia intra-ocular, ou efeito de
massa obstruindo a circulação sanguínea e axo- Corpos estranhos que lesam mas não pe-
nal. O diagnóstico de uma ou mais dessas lesões netram no globo ocular podem causar dano agudo
pode ser feito com o exame clínico ou ser comple- com desdobramentos crônicos por ação química
mentado com exames de imagem, como a ultras- local ou infecções oportunistas da córnea, conjun-
sonografia ocular. tiva e pálpebra. Eles podem ser de natureza animal
Durante a limpeza de traumas na região da (pelos, unhas, partes e ferrões de heminópteros),
face e orbitária, deve-se tomar cuidado para não vegetal (pequenas sementes, seivas, fragmentos
confundir estruturas intraoculares lesadas com co- de caule e folhas) ou não-biológicos como metais,
águlos sanguíneos, evitando a remoção inadverti- vidros e até mesmo lentes de contato deslocadas
da de conteúdo intraocular parcialmente extruido. para a região de fundo de saco conjuntival.
Enquanto o planejamento cirúrgico para caso
de perfuração ou lesão de anexos em uma ou mais Nesses casos, a remoção cuidadosa, evi-
etapas deve ser feito pela equipe oftalmológica, a tando a dispersão de toxinas ou resíduos e ex-
profilaxia antitetânica e antibioticoterapia e anal- tensão das feridas, com ajuda de pinças de jo-
gesia sistêmica podem ser instituídas logo após o alheiro, agulha de insulina, hastes com algodão.
exame, junto com curativo protetor não compressi- Os corpos estranhos podem se alojar no fundo de
vo do olho lesado podem ser feitos pela equipe do saco inferior ou na superfície conjuntival abaixo
pronto socorro sem demora. A proteção ocular deve das pálpebras, sendo necessário everter a pálpe-
preferencialmente ser feita com protetor de plástico bra superior, remover com irrigação de soro fi-
rígido ou com copinho plástico de café, fixado com siológico ou haste flexível de algodão. Nos casos
esparadrapo micropore. Não se deve utilizar medi- de corpo estranho na córnea, a irrigação, a haste
cações tópicas, tanto colírios como pomadas, nem flexível de algodão podem ser uteis. O colírio de
realizar limpeza do globo em caso de suspeita de fluoresceína e uma gota de colírio anestésico
perfuração, pelas razões indicadas acima. (apenas para auxiliar a remoção e nunca como
analgésico para uso domiciliar) podem ajudar no
O trauma químico pode ser tão ou mais procedimento e ser de grande alivio para o pa-
danoso que outras emergências oculares, em par- ciente. O corpo estranho aderido a córnea deve
ticular no caso de queimadura alcalina. De toda ser encaminhado para o especialista, para remo-
forma, a rápida remoção do agente com ringer ção com agulha de insulina ou material de micro-
lactato, soro fisiológico ou mesmo agua corrente, cirurgia sob visualização na lâmpada de fenda.
em casos de atendimento no local podem ser de- De toda forma, a proteção ocular, a anti-
cisivos para o prognóstico. A antibioticoterapia e bioticoterapia associada a corticoterapia tópica,

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e eventualmente a analgesia sistêmica podem GLOSSÁRIO


apoiar os primeiros dias de recuperação. O rees-
tabelecimento deve ser avaliado em visitas ambu- Olho Vermelho (Olho inflamado): perda da
latoriais ao oftalmologista. coloração branca habitual do olho (conjuntiva e
esclera), tornando-o avermelhado.
Box 4 Baixa súbita de visão: perda aguda da visão
Tipos de trauma contuso ocular corresponde a uma redução significativa ou perda
da acuidade visual num curto espaço de tempo.
- Laceração conjuntival
- Corpo estranho conjuntival
- Corpo estranho na córnea
- Abrasão de córnea CONCLUSÃO
- Laceração de pálpebra
- Laceração de via lacrimal Urgências oculares são comuns, muitas
- Hemorragia retrobulbar. vezes de causa e prevenção obvias, mas o tra-
tamento pode exigir esforço na identificação da
Box 5 extensão, causas e melhor abordagem em cada
Sinais de perfuração ocular caso (Figura 3). Esse texto se propõe a apoiar
o médico não especialista e iniciante nessa ati-
- Tonicidade do olho diminuída
- Lesões corneanas ou esclerais com saída de sangue vidade, sem se propor a substituir a experiência
ou aquoso e orientação presencial na prática clínica. Existe
- Extrusão de conteúdo ocular (íris ou coróide) a possibilidade de que no futuro próximo, a te-
- Desvios ou alterações da forma da pupila
lemedicina acelere e apoie a comunicação entre
- Assimetria de profundidade de câmara
- Deformidades do globo médicos que atendem na urgência e especialistas
- Coagulo sanguíneo volumoso no espaço subconjuntival à distância5.

Hiperemia conjuntival difusa Úlcera de córnea com região Uveíte associada a edema corneano difuso
infiltrada (seta)

Hifema (seta) pós trauma Corpo estranho na córnea (seta) Edema de córnea difuso (associado
a úlcera e hipópio - setas branca e
preta respectivamente)

Figura 3: Imagens de lesões oculares mais frequentes na urgência oftalmológica

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Urgências Oftalmológicas: o que todo médico precisa saber

2019;9(1):1339. doi: https://doi.org/10.1038/s41598-


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