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Psicologia Geral-Resumo

Aula 1

●​Onde encontramos a Psicologia no dia-a-dia?


↪ A psicologia é facilmente encontrada no nosso dia-a-dia como por exemplo em
esquecimentos, recordações, amor, ódio, juventude, velhice, sono, sonhos, doença
mental e psicoterapia.

●​Como encontramos a Psicologia representada?


↪ No funcionamento do cérebro, nas relações românticas, no teste do polígrafo,
em crimes e nas perturbações mentais. A psicologia é também muito representada
nos meios de comunicação como em filmes e séries.

●​O que caracteriza as concepções erradas sobre a Psicologia?


↪ Há várias coisas que formam as concepções erradas sobre a Psicologia, como
as crenças populares prevalentes sobre a mente, cérebro e comportamento;
↪ Inconsistentes com a evidência científica em Psicologia;
↪ Resultantes de fontes informais adquiridas através da cultura;
↪ Tidas como familiares e intuitivamente verdadeiras “algo que toda a gente
sabe”;

●​Que concepções erradas existem sobre a Psicologia?


↪ Os filhos de pessoas alcoólicas têm a auto-estima mais baixa do que os filhos
dos não-alcoólicos;
↪ Melhorar a auto-estima potencia o sucesso académico;
↪ As pessoas com amnésia esquecem-se de todos os detalhes dos primeiros anos
das suas vidas;
↪ A personalidade das crianças é muito semelhante com a dos pais devido à
educação;

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●​Como é que as concepções erradas podem ser prejudiciais?
↪​ “Os opostos atraem-se” ​As pessoas podem procurar um parceiro com valores
diferentes dos seus;
↪ ​“A memória é tão fiável como um vídeo” ​Os juízes podem condenar um réu com
base num relato confiante de uma testemunha, o qual pode ser pouco rigoroso;
↪ ​“Castigos físicos promovem comportamentos desejados” ​A crença de que os
castigos físicos são uma boa forma de punição​ ​tem efeitos prejudiciais nas crianças
quando o uso dos mesmos é muito continuado, tais como problemas de saúde
mental na infância, menor competência cognitiva na criança, menos qualidade na
relação entre pais-criança, etc

●​Porque surgem estas concepções erradas?


↪ A familiaridade com uma ideia, fomenta a crença de que esta é verdadeira
(Transmissão Intergeracional);
↪ O desejo de atingir rapidamente um objetivo faz-nos ter preferência sobre
respostas mais simples (procura de respostas fáceis);
↪ As nossas expectativas influenciam a forma como interpretamos os
acontecimentos e à atenção que damos à informação para que haja congruência
entre as nossas crenças (só ligamos ao que nos convém/memória e percepção
seletiva);
↪ O facto de dois fatores estarem associados não significa que um causa o outro.
A direção da causalidade pode ser inversa ou pode até existir um terceiro fator que
justifique ambos (confusão entre correlação e causalidade);
↪ O facto de um acontecimento ter acontecido seguidamente a outro não significa
que este o causou (confusão entre sequência cronológica e sequência causal);
↪ Muitas vezes não contactamos uma amostra representativa da população mas
sim um grupo com uma dada característica acentuada (enviesamento da amostra);
↪ As semelhanças entre um dado estímulo e uma representação mental podem
levar-nos a conclusões erradas (Invenção da representatividade);
↪ Os fenómenos psicológicos são frequentemente representados de forma pouco
rigorosa (sensacionalismo nos meios de comunicação);

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↪ Algumas concepções podem não estar totalmente erradas mas baseiam-se
somente em factos parciais (exagero da realidade);
↪ O significado etimológico de alguns conceitos pode fomentar ideias erradas
sobre a sua definição (confusão terminológica);

●​ Como contrariar estas concepções?


↪ Para que estas concepções deixem de existir temos que identificar as erradas,
conhecer o porquê delas existirem e mostrar se são verdadeiras ou não através do
processo científico.

Aula 2

●​ Como se pode obter conhecimento?


↪ ​Peritos com autoridade: N​ em sempre têm conhecimento sobre a área de que
falam; Alguns baseiam-se na intuição ou na experiência sem qualquer dado
científico; Podem facultar informação contraditória; Falácia ao apelo da autoridade -
Acreditar que algo é verdade por ter sido dito por uma figura de autoridade.
Papel da ciência: Um verdadeiro perito avalia a situação de uma forma cética e
aberta, sendo que pode ser um perito numa área e não na outra.
↪ ​Senso Comum, Tradição:​ ​Existem montes de contradições; Não implica rigor,
apenas um consenso; Pode variar de mitos, superstições, tradições e preconceitos;
Varia entre grupos; Falácia da popularidade - Presunção de que uma afirmação está
correta por muita gente acreditar nela; Falácia da antiguidade - Presunção de que
uma afirmação está correta por já existir há muito tempo.
Papel da ciência: Pode testar estas crenças contribuindo para o senso comum pois
as descobertas científicas vão sendo integradas.
↪ ​Lógica e Razão: N
​ ão é uma forma eficaz de obter factos que possam ser obtidos
através da informação; As conclusões lógicas estão dependentes das premissas que
por sua vez podem estar erradas.
Papel da ciência: O cientista recorre à observação para recolher os factos e
posteriormente à lógica para retirar as conclusões dos mesmos.

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↪ ​Experiência: ​As pessoas estão sujeitas a ilusões que não se apercebem; As
pessoas tendem a não aprender com os seus erros; As pessoas não têm experiência
em todos os assuntos; É difícil identificar as causas de um acontecimento com
base na experiência, porque há várias explicações possíveis e não se sabe qual está
certa; Como varia de pessoa para pessoa há várias versões da “verdade”; Falácia da
generalização precipitada - Retirar uma conclusão com base em informação
insuficiente.
Papel da ciência: O pensamento científico ajuda a que utilizemos melhor a
experiência como meio de obtenção de conhecimento.
↪ ​Intuição e Introspecção: ​As percepções que as pessoas têm de si próprias estão
muitas vezes erradas; Aquilo que parece estar certo nem sempre está; Muitas vezes
a intuição traduz o preconceito das pessoas; A intuição é influenciada por vários
enviesamentos que podem levar a conclusões erradas (ex: Heurística da
disponibilidade:Sobrestimar a probabilidade de ocorrência dos acontecimentos que
nos lembramos facilmente); Falácia do raciocínio emocional - avaliação de uma
afirmação com base nas emoções (ex: se uma afirmação científica me causa
desconforto então ela está errada)
Papel da ciência: Ajuda a distinguir a verdade do que gostaríamos que fosse.

● ​ O que é a ciência?
↪ É uma forma de obtenção de conhecimento, pois saber algo implica que haja uma
base que nos dê a certeza de que a informação é verdadeira, sem essa base
podemos presumir, suspeitar, achar, mas nunca ter a certeza.
↪ A ciência usa dados para resolver incertezas e produzir conhecimento que seja
defensável de forma objetiva. Pretende-se eliminar a subjetividade na produção de
conhecimento, para evitar erros.

Processos de Raciocínio

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Dedução: Indução: Abdução:
Premissas cada vez Dados específicos de Combinação de um
menos genéricas são um grupo alargado são resultado com algumas
combinadas para analisados em conjunto possíveis
produzir um conclusão e com base no padrão pré-condições, levando
irrefutável. Exemplo: encontrado, tiram-se a uma conclusão de
Todos os gatos são conclusões para todo o que o primeiro resultou
mamíferos.​O gato da grupo. Exemplo: A das segundas.
minha irmã é mamífero. minha irmã tem 5 Exemplo: A minha irmã
animais de estimação comprou um
incluindo 4 gatos. ​Logo, arranhador. Quem tem
o quinto animal gatos costuma
também é um gato. comprar-lhes
arranhadores. ​A minha
irmã tem um gato.

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● ​ O que é a ciência? (continuação)
↪ A ciência assenta no raciocínio abdutivo, procurando informação fiável através
da observação (empiricismo), para testar hipóteses. Os dados obtidos são
interpretados de forma lógica com a utilização da indução e dedução.
↪ O conhecimento científico é provisório, sendo revisto perante novos dados. Os
dados não podem provar uma teoria em absoluto, apenas podem suportá-la. Um
estudo único com dados inconsistentes com a teoria não leva de imediato ao seu
abandono (o estudo pode não ter sido rigoroso).

●​O que é a falsificabilidade?


↪ Uma boa teoria tem de levar a hipóteses que quando testadas podem não
comprovar a teoria. Quanto mais específica for mais probabilidade tem de ser
falsificável. Exemplo: Prever que uma mulher vai bater à porta VS Prever que uma
mulher morena, com 21 anos e que mora no Porto vai bater à porta.

●​O que é que os cientistas investigam?


↪ Investigam perguntas empíricas: Focam-se em problemas potencialmente
resolúveis através do método científico e da observação sistemática, focados no
mundo natural.
Exemplo: Como é que uma criança adquire a linguagem dos seus pais?; Porque
esquecemos coisas que antes sabíamos?; O ruído prejudica o desempenho
académico?
↪ Não Investigam perguntas metafísicas ou não empíricas: não podem ser
respondidas através da observação sistemática, dado estarem focadas em valores
morais não testáveis.
Exemplo: Qual é o sentido da vida?; Deus existe?.
Falácia do Apelo à ignorância - Acredita-se que algo é verdade só porque ainda não
se provou o contrário.

●​O que caracteriza a ciência?


↪ ​Procura leis gerais: ​Os cientistas assumem que tudo acontece por uma razão e
tentam encontrar explicações que justifiquem os acontecimentos, tentando

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interligá-los, tornando o mundo mais simples, previsível e compreensível (Exemplo:
Lei da gravidade).
↪ ​Reúne evidência objetiva: ​Para evitar a influência de preconceitos e
enviesamento, a base da ciência são dados concretos, observáveis e físicos
(provenientes da visão, audição, ou de instrumentos que ajudem os sentidos como
questionários). Os psicólogos já identificaram várias leis gerais que orientam o
comportamento. É possível prever o comportamento da maioria das pessoas, na
maior parte do tempo. Uma exceção não infirma uma lei geral. A ciência é
probabilística, pelo que não se espera explicar todos os casos, mas sim uma grande
parte.
↪ ​Faz afirmações testáveis: ​Muitas vezes, os resultados são contrários à hipótese
do investigador, que é infirmada. É necessário definir os termos de forma objetiva e
específica (Exemplo: Avaliação do stress)
↪ ​Adota uma atitude de ceticismo e questionamento: ​As afirmações só são
aceites como verdadeiras perante a evidência científica, mesmo que pareçam óbvias
↪ ​Mostra abertura a afirmações novas: A​ evidência é soberana por isso as
afirmações pouco populares são aceites se tiverem provas, como nenhuma ideia é
descartada à partida, permite novas descobertas.
Os psicólogos valorizam mais os factos do que as opiniões, pelo que testam ideias
contraintuitivas.
↪ ​É criativa: ​A criatividade é necessária para testar ideias pouco convencionais e
formular e testar ideias novas
↪ ​É pública: O
​ trabalho é sempre publicado e partilhado o que permite avaliar a sua
qualidade, replicá-lo e utilizá-lo como base para outros estudos, garante também a
objetividade através da detecção de falhas e enviesamentos. Existem centenas de
revistas científicas em que os psicólogos publicam os seus trabalhos.
​↪​ É produtiva: ​Os cientistas partilham as suas descobertas e baseiam-se no
trabalho dos outros, o que leva à revisão, desenvolvimento e substituição de
teorias,a um ritmo cada vez mais rápido. O progresso tem sido tanto a ponto de não
ser possível a um psicólogo conhecer todas as áreas da psicologia.

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●​O que é a Pseudociência?
↪ A Pseudociência são os campos que se identificam como ciências mas não
aderem aos princípios nem às práticas da verdadeira ciência.
As principais diferenças de substância entre ciência e pseudociência são:
1. Valores atribuídos na falsificabilidade: Sendo que na ciência, se uma
afirmação não puder ser infirmada, não é possível avaliar o seu rigor e como
tal perde todo o valor; Já a pseudociência assenta em afirmações
não-falsificáveis.
2. Perspetiva sobre as implicações da falta de infirmação: Na ciência uma
proposição que não foi infirmada, não é considerada verdadeira porque não há
informação suficiente; Enquanto na pseudociência uma proposição que não
foi infirmada é considerada verdadeira (Falácia do apelo à ignorância).
3. Atitudes acerca da importância da parcimónia: Na ciência quando há duvidas
entre duas ou mais explicações, a mais razoável é a que se baseia em menos
pressupostos ainda por corroborar, se todas explicarem os dados, escolhe-se
a mais simples; Já a pseudociência não adota o princípio da parcimónia
(Exemplo: Se um amigo nos diz que viu um tigre no centro comercial, a
pseudociência tenta procurar motivos para isso como a possibilidade do tigre
ter escapado de um zoo sem nunca ponderar que o amigo pode estar a
mentir).
As principais diferenças de estilo entre a ciência e a pseudociência são:
1. Atitudes acerca da revisão de pares: Na ciência o trabalho científico só é
disseminado após ser revisto por colegas para garantir a qualidade; A
pseudociência divulga muitas vezes trabalhos sem que estes sejam revistos
por pares.
2. Veracidade atribuída às afirmações dos gurus: A ciência não atribui qualquer
valor só à palavra pois todas as afirmações têm que ser fundamentadas
independentemente do seu autor; A pseudociência atribui valor à palavra dos
gurus mesmo que estes não apresentem provas do que estão a dizer.
3. Valor atribuído a relatos pessoais: Para a ciência os relatos pessoais têm
pouco valor; Para a pseudociência os relatos pessoais são aceites.

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Aula 3

●​O que é a Psicologia?


↪ A Psicologia é a ciência que estuda, através do empiricismo, os processos
mentais, o comportamentos e os fatores causais.
↪ Tira conclusões acerca do comportamento com base em evidências científicas
↪ As aplicações práticas de Psicologia foram testadas por métodos científicos e
derivam dos mesmos.

●​A Psicologia é uma ciência?


↪ A Psicologia causa interesse para a população (Exemplo: A forma e a razão pelos
outros se comportarem de certas formas.)
↪ Há vários termos na Psicologia que são utilizados com um significado normal
pela população (Exemplo: Transtorno, Ansiedade, Depressão, Pânico)
↪ Necessidade dos Psicólogos se desmarcarem da Pseudociência pois várias
pessoas ainda não consideram a Psicologia uma ciência.

●​A Psicologia é uma ciência?


(Críticas feitas à Psicologia pelo público geral):
↪ “É apenas senso comum” - O que é falso uma vez que algumas descobertas
científicas são contrárias ao que o senso comum diz (Exemplo: Os opostos
atraem-se)
↪ “A Psicologia não usa métodos científicos” - O que é falso uma vez que a
Psicologia usa métodos científicos e estatísticos bastante rigorosos
↪ “Cada pessoa é única por isso não podemos generalizar” - Os sintomas que
apresentam semelhança podem ser muito mais importantes do que os que são
diferentes.
↪ “Não permite resultados repetíveis” - Apesar da possibilidade de existir muitas
casas para um certo comportamento, a capacidade de fazer previsões
bem-sucedidas é superior ao acaso
↪ “Não faz previsões precisas” - Para as previsões temos sempre que ter em conta
o contexto (Exemplo: Nem sempre as separações de casais afetam os filhos
negativamente), apesar de serem úteis, são incompletas.
↪ “Não é útil para a sociedade” - A Psicologia teve contributos notórios em
diversas áreas

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​(De onde surgem estas críticas feitas à Psicologia?)
↪ Uso de práticas não científicas por parte de alguns profissionais (Exemplo:
Hipnose)
↪ Rostos públicos da Psicologia que trabalham de forma pouco ética (Exemplo:
Dr.Phil?)
↪ Confusão entre Psicólogos e Psicoterapeutas
↪ Evisieamento retrospectivo (Exemplo: Considerar um acontecimento provável
após o seu acontecimento) que leva à desvalorização de factos científicos.
↪ Ilusão da compreensão (Exemplo: Confusão com familiaridade e controlo)
↪ Desculpa da impotência científica (Exemplo: Recusar um facto científico por ele
ir contra o senso comum)
↪ Não-distinção entre investigação básica (procura de princípios científicos) e
aplicada (procura de resolver problemas práticos)

​● ​ A Psicologia é afinal uma ciência ou não?


↪ A Psicologia é de facto uma ciência devido a todos os fatores que a caracterizam
(ver em cima).

●​ Porque se investiga em Psicologia?


↪ Para ​descrever ​os comportamentos de forma rigorosa e sistemática. Exemplo:
Perguntar às pessoas quantas vezes por semana é que se lembram dos seus
sonhos.
↪ Para ​explicar​ comportamentos com base em fatos, organizados de forma
coerente numa teoria que será testada posteriormente. Exemplo: Teoria da
contaminação dos consumidores que prova que os produtos que foram tocados por
outras pessoas são vistos de forma negativa por quem os vai comprar devido à
repugnância
↪ Para ​prever​ os comportamentos especificando em que ocasiões é que os
comportamentos irão ocorrer. Exemplo: Teoria da autoconsciência que prevê que as
pessoas mais autoconscientes têm menos probabilidade de copiar num teste.
↪ Para ​controlar ​os comportamentos manipulando fatores de influência de forma a
produzir comportamentos específicos. Exemplo: Teoria da facilitação social - quando
as pessoas não dominam as tarefas, devem realizá-las sozinhas.

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Investigação Básica: Investigação Aplicada:
↪ Compreensão dos processos ↪ Resposta a perguntas relacionadas
fundamentais do comportamento, para com o mundo real.
aumentar o conhecimento. ↪ Melhoria das teorias do
Exemplo: Que quantidade de comportamento.
informação conseguimos armazenar na Exemplo: Qual é o melhor tipo de
memória a curto prazo? tratamento para pessoas deprimidas?
↪ As pessoas que demonstram ↪ Para ajudar pessoas com insónias
ansiedade, também demonstram testam-se tratamentos focados na
insónias. redução da ansiedade, para determinar
↪ Estes dois conjuntos de sintomas se a relação entre os sintomas é ou
podem estar associados. não causal.

↪ A investigação ​básica​ fornece conhecimento fundamental de como os


comportamentos operam, o que é útil para os investigadores que conduzem a
investigação ​aplicada​.

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Aula 4

●​De onde parte a Investigação em Psicologia?


↪ O facto das pessoas se comportarem de formas surpreendentes leva a questões
e curiosidades que podem ser feitas por Observadores Informais ou Investigadores.
↪ Os ​Observadores informais​ fazem perguntas específicas sobre uma pessoa só;
Focam-se em duas variáveis; E usam o senso comum e a experiência como fontes.
↪ Os ​Investigadores​ fazem perguntas relevantes para um grupo maior de pessoas;
Focam-se em várias variáveis; Usam métodos científicos e teorias atuais como
fontes.
● Que fatores levam a esta curiosidade?
↪ ​Vida real ​- As notícias da atualidade podem levar a perguntas de investigação.
Exemplo: Os adolescentes recorrem mais às redes sociais do que a telefonemas
para pedir socorro?
↪ ​Problemas Práticos ​- Algumas perguntas de investigação servem para resolver
problemas mundiais. Exemplo: O que leva os estudantes universitários a diminuir a
frequência do uso do preservativo ao longo de uma relação amorosa?
↪ ​Estudos Prévios ​- A literatura inspira estudos com outras manipulações,
medidas ou populações. Exemplo: Avaliar os padrões de consumo de drogas nas
apreensões em vez de questionários de autorrelato.
↪ ​Teoria ​- Os estudos permitem testar explicações de fenómenos. Exemplo:
Hipótese - Os homens têm mais tendência a aceitar um encontro sexual com um
desconhecido do que as mulheres.

●​O que são perguntas de Investigação?


↪ São focadas em tópicos adequados à investigação social; Características (o
quê, quando, quem), Causas (porquê,como), Consequências, processos e
significados da vida social.
↪ Possíveis de serem respondidas através de dados obtidos em métodos
científicos. Exemplo: Empirismo que implica recolher dados através dos sentidos
(audição, visão, tato, etc)
↪ Centradas em tópicos importantes. Razões que justificam uma investigação:
Teóricas (aumentar o conhecimento) ou Práticas (resolver algum problema social).

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●​Tipos de perguntas de investigação e os seus significados.
Perguntas de Existência:
↪ Descrição - Avaliação da existência de um objeto, entidade, atributo,
comportamento, competência, condição ou acontecimento que possa ser detectado
pelos sentidos
↪ Estrutura - X existe?
↪ Exemplo - O inconsciente existe?

Perguntas de Descrição e Classificação:


↪ Descrição - Identificação das características de um dado objeto de estudo.
↪ Estrutura - Que características tem X?; X é único ou pertence a um grupo
conhecido?
↪ Exemplo - Quais são as práticas educativas utilizadas por mães
toxicodependentes?

Perguntas de Composição:
↪ Descrição - Decomposição de um elemento total nos seus componentes ou
análise de vários componentes separados para avaliar se formam um fator mais
abrangente.
↪ Estrutura - Que componentes formam X?
↪ Exemplo - Que fatores constituem a autoestima?

Perguntas Descritivas-Comparativas:
↪ Descrição - Avaliação da aplicabilidade de uma descrição a toda a amostra ou
identificação de especificidades nos grupos estudados.
↪ Estrutura - O grupo X difere do grupo Y?
↪ Exemplo - Os homens são mais agressivos que as mulheres?

Perguntas de Relação:
↪ Descrição - Avaliação da relação entre as duas variáveis.
↪ Estrutura - Existe associação entre X e Y?
↪ Exemplo - A felicidade relaciona-se com o rendimento?

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Perguntas Causais:
↪ Descrição - Avaliação do impacto de uma variável na outra.
↪ Estrutura - X causa, leva, ou impede mudanças em Y?
↪ Exemplo - Jogar jogos de vídeo violentos leva as crianças a tornarem-se mais
agressivas?

Perguntas Causais-Comparativas:
↪ Descrição - Comparação do efeito de dois fatores num resultado.
↪ Estrutura - X causa mais mudanças do que Z em Y?
↪ Exemplo - Estudar para um teste individualmente resulta em melhores notas do
que estudar em grupo?

Perguntas Causais-Comparativas de Interação:


↪ Descrição - Comparação do efeito de duas variáveis num certo resultado,
considerando diferentes conjugações dos preditores.
↪ Estrutura - X causa mais mudanças do que Z em Y em determinadas condições
mas não noutras?
↪ Exemplo - Estudar para um teste individualmente resulta em melhores notas do
que estudar em grupo no caso de um exame de estatística mas não de biologia?

●​O que são hipóteses?


↪ São previsões sobre respostas às perguntas de investigação, focando na relação
entre duas ou mais variáveis, e é elaborada antes da realização do estudo que a
testa.
↪ Existem dois tipos de relação: a positiva e a negativa.
↪ Relação Positiva: O aumento ou a diminuição de uma variável é acompanhado por
um aumento ou uma diminuição da outra; Quanto mais X, mais Y; Quanto menos X,
menos Y; “Maior semelhança ao nível das atitudes associa-se a maior atração
interpessoal”
↪ Relação Negativa: O aumento de uma variável está acompanhado pela diminuição
de outra variável; Quanto mais X, menos Y; “Maior conflito conjugal relaciona-se com
menor satisfação conjugal.”

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●​Em que se baseiam as hipóteses?
↪ Na Teoria - Previsões decorrentes na teoria, desenvolvidas para estudos que
pretendem testar a teoria; Assentam no raciocínio dedutivo: do geral (teoria) para o
particular (previsão).
Teoria: A ansiedade causa insônia
Hipótese: Um grupo exposto a uma situação de ansiedade terá mais dificuldades em
dormir do que um grupo exposto a uma situação relaxante.
↪ Nos dados - Previsões decorrentes de estudos prévios semelhantes ao atual;
Assentam num raciocínio indutivo (de um resultado específico é feita uma
generalização).
Estudo prévio: As pessoas com ansiedade elevada dormem menos horas do que as
pessoas que não têm ansiedade elevada
Hipótese: A ansiedade está relacionada com a insónia.

●​Que tipos de hipóteses existem?

●​Linguagem que indica causalidade:


↪ X conduz a Y
↪ X influencia Y
↪ X potencia Y
↪ X leva a Y
↪ X tem um efeito em Y
↪ X causa Y
↪ X resulta em Y
↪ X provoca Y
↪ X afeta Y

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●​Que características deve ter uma hipótese?
↪ Deve ser testável - Incluir definições operacionais das variáveis (indicar como
cada variável vai ser objetivamente medida); Identificar os resultados que apoiam a
hipótese e os que a infirmam.
↪ Deve ser defensável - Impossibilidade de provar a ​hipótese nula​ (previsão de que
não existe relação entre as variáveis); Não é possível provar que um tratamento não
tem efeito ou que dois tratamentos têm o mesmo efeito; Apenas é possível concluir
que não se identificou qualquer efeito do tratamento ou que não se encontrou
diferença entre dois tratamentos.
↪ Deve ser fundamentada - Necessidade de bases para a hipótese; Fontes: senso
comum, estudos prévios, teoria (conjunto de princípios que explicam os resultados
dos estudos e podem ser utilizados para previsões sobre estudos futuros); Exemplo:
tomar conta de uma planta leva a que os idosos estejam mais saudáveis, porque
fomenta a perceção de controlo (com base na teoria do desespero aprendido)
↪ Deve ser relevante - Importância do estudo (preencher uma lacuna, testar uma
teoria, resolver um problema prático); Contextualização teórica pode envolver mais
do que uma teoria, inclusive perspetivas inconsistentes; Exemplo: idade média com
que as crianças deixam de acreditar no Pai Natal (permite testar a perspetiva
desenvolvimentista de Piaget).

Aula 5

●​O que são variáveis?


↪ Variáveis são características ou qualidades com duas ou mais
categorias/valores, que podem ser manipulados para gerar outros comportamentos
ou apenas medidos.
Existem dois tipos de variáveis:
↪ Variáveis bivalentes - Têm apenas dois níveis. Exemplo: ​fumador ou não-fumador
↪ Variáveis multivalentes - Têm três ou mais níveis. Exemplo: Cigarros fumados por
dia - ​O; 1-5; 6-10; Mais de 10

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●​Como se define variáveis?
↪ Definição Concetual: Descrição das qualidades de uma variável que são
independentes do tempo e do espaço e podem ser usadas para distinguir
acontecimentos observáveis que são e não são relevantes para o conceito;
Definição precisa e exata de um conceito; Variáveis conceituais ou construtos não
podem ser medidos diretamente pois não são observáveis (Amor, timidez,
autoestima). Exemplo: A inteligência é a capacidade para aprender, compreender ou
lidar com situações desafiantes.
↪ Definição Operacional: Especificação dos procedimentos usados para medir e
recolher dados sobre os construtos, que podem ser inferidos com base em
comportamentos e resultados. Exemplo: Medir a Inteligência através da Escala de
Inteligência para Adultos; A mesma variável pode ser operacionalizada de diferentes
maneiras consoante o objetivo do estudo (ex: Fomentar a raiva dos participantes
mostrando-lhes um vídeo de uma criança a ser maltratada); Uma operacionalização
pode não definir uma definição precisa (ex: avaliar a inteligência com base nos
resultados académicos).

●​Como classificar as variáveis?


↪ Variáveis Independentes: Tratamento ou intervenção aplicados a um grupo
(experimental) mas não a outro (de controlo); Fator que o investigador presume que
forma uma causa e que manipula (ex: Ingestão de cafeína) para avaliar o seu efeito
noutra variável (ex: nível de energia); Manipular implica criar de forma intencional e
sistemática, dois ou mais níveis de uma variável (ex: ingerir 10 ou 70 miligramas de
cafeína); A operacionalização de variáveis independentes corresponde ao método
específico utilizado para manipular a variável (ex: Usar vídeos cómicos para melhorar
o humor); ​Variáveis quasi-independentes​:Prévias ao estudo com base nas quais se
pode formar e comparar grupos de pessoas, mas que não podem ser manipuladas
(ex: etnia, idade, sexo) e podem não ser recolhidas pelo investigador do estudo,
aliás, normalmente não são.
↪ Variáveis Dependentes: Resposta que o investigador mede (fisiológica, emocional,
cognitiva); a curto ou longo prazo; Variável que o investigador espera que seja
influenciada pelo fator manipulado (ex: Tornar-se agressivo em resultado de usar
armas); A operacionalização de variáveis dependentes corresponde ao método de
medição da mesma (ex: medindo a raiva com base na tensão arterial); Existem

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vários tipos de operacionalização como - medidas de autorresposta (questionários);
medidas comportamentais (observar o número de pessoas que aceita dançar com
desconhecidos numa discoteca); medidas fisiológicas (verificar o batimento
cardíaco)
↪ Variáveis Mediadoras: Mecanismo (biológico, mental, físico, emocional ou
comportamental) que intervém entre uma causa e um efeito.
Exemplo: Variável Independente (A) - Acontecimento ativador (ex: Aceder a armas)
que tem um efeito ---> Variável Mediadora (B) - Fatores Intermédios que explicam a
relação entre as variáveis A-C; Pode ser difícil de observar; Sem a conhecer não é
possível explicar a relação A-C ---> Variável Dependente (C) - Resposta observável
(ex:Agressão)
↪ Variáveis Moderadoras: Modificam (fortalecem, enfraquecem ou invertem) a
relação entre duas variáveis); Relação Original - A VI leva a um aumento ligeiro ou a
uma diminuição ligeira da VD.
Fortalecimento - A VI leva a um aumento ou diminuição elevada da VD
Enfraquecimento - A VI não exerce nenhum efeito na VD
Inversão - A VI leva a uma diminuição ou aumento da VD

●​Como testar a existência de variáveis mediadoras?


Avaliar a relação A-B: ​A presença das armas (A) aumenta os níveis de testosterona?
(B)?
Avaliar a relação B-C:​ O aumento dos níveis de Testosterona (B) levam ao aumento
da agressão (C)?
Manipular os mediadores quando possível:​ No caso não é possível manipular os
níveis de Testosterona por questões éticas

Aula 7

●​O que são Afirmações Científicas?


↪ São declarações que resultam de observações sistemáticas, sendo que existem
três tipos de afirmações científicas:
↪ Afirmações de frequência - Devem basear-se em estudos não-experimentais
(ex:Inquéritos); Descrevem uma taxa ou grau de uma variável específica que o
investigador mede. Exemplo: 42% dos Europeus não fazem exercício físico

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↪ Afirmações de Associação - Devem basear-se em estudos não-experimentais
correlacionais; Descrevem a probabilidade de ligação entre os níveis de duas
variáveis, medidas pelo investigador. Exemplo: As raparigas têm mais tendência a
enviar SMS de forma compulsiva do que os rapazes; ​Terminologia​ (...Associa-se a…;
...tem um risco superior de…; ...correlaciona-se com…; ...tem menos tendência para
a…)
↪ Afirmações Causais - Devem basear-se em estudos experimentais; Identificam
uma variável (manipulada pelo investigador) como causa da mudança noutra variável
(medida pelo investigador). Exemplo: Fazer refeições em família diminui o risco de
perturbações na alimentação; ​Terminologia ​(...causa…; ...afeta…; ...muda..;
...exacerba…; ...prejudica…; ...promove…; ...reduz…; ...evita…; ...aumenta..; ...piora…

●​O que é a validade?


↪ É uma adequação de uma conclusão: uma afirmação válida é razoável, rigorosa e
justificável. Existem três tipos de validade
↪ Validade de construto - Relevante para todos os tipos de afirmações científicas.
Exemplo: O investigador manipulou e mediu realmente as duas variáveis (“sentir
muito calor” e “ser agressivo”) que pretendia?; Há várias formas de operacionalizar
um construto e nem todas são igualmente boas
↪ Validade Externa - Relevante para todos os tipos de afirmações científicas.
Exemplo: Os resultados são generalizáveis a outros participantes e locais?
↪ Validade Interna - Relevante para afirmações causais. Exemplo: O investigador ao
colocar as pessoas em salas diferentes causou mesmo comportamentos
diferentes?

●​O que é um Construto Psicológico?


↪ São características pessoais que não podem ser diretamente observáveis.
Estados mentais - Amor, fome
Competências - Inteligência
Traços - Extroversão, Neuroticismo
Intenções - Intenção de fazer mal a alguém

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●​O que ameaça a validade de construto?
↪ Manipulação - Aumentar o termostato corresponde a fazer pessoas sentir calor?;
Será que teve outros efeitos para além de fomentar calor?
↪ Medida - O conceito de agressão é abstrato e impossível de medir diretamente; O
comportamento e reações dos participantes podem ser mal interpretados
↪ Participantes - Possibilidade de ocultarem os seus pensamentos e sentimentos;
Tentativa de ajudar o investigador a comprovar a sua teoria.
Se a validade de construto estivesse ameaçada o Investigador não podia afirmar que
o aumento do calor tornou as pessoas mais agressivas, mas podia dizer que houve
uma mudança de comportamento nas pessoas quando se alterou a temperatura.

●​Por quem se interessam os investigadores?


↪ Os Psiquiatras, Assistentes Sociais… - Interessam-se pela compreensão de
características e problemas e por pessoas específicas em circunstâncias
específicas
↪ Os Investigadores na área Social - Interessam-se pela compreensão de
características, experiências e problemas e por tipos de pessoas e tipos de
situações.
Dados recolhidos a partir de pessoas específicas em situações específicas →
Necessidade de garantir que o conhecimento obtido é generalizável ao todo que o
investigador não tem acesso → ​Amostragem​ Tarefa de decisão em que se decide
que elementos numa população serão escolhidos e como serão escolhidos.

População:
↪ Todas pessoas com determinadas características em que o Investigador está
interessado. Exemplo: Mulheres que estudam na Universidade
↪ Grupos suficientemente grandes para serem importantes mas suficientemente
pequenos para serem teoricamente pertinentes
↪ População relevante depende da pergunta de estudo

Amostragem:
↪ Parte de uma população que participa num determinado estudo
↪ Características da amostra influenciam os resultados e o seu significado, bem
como a possibilidade de generalização

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↪ O tamanho da amostra depende do tipo de estudo e dos recursos que o
investigador tem para a recolher
↪ ​Erro de Amostragem: ​Diferenças entre a população e a amostra recrutada
(impossível de eliminar mas pode ser minimizado).

●​Como é a amostragem?
↪ Probabilística, aleatória ou representativa (difícil de arranjar) - Todos os
elementos da população têm a mesma probabilidade de serem escolhidos; Como é
uma amostra representativa o erro é menor e como tal a generalização é legítima; É
difícil listar todos os elementos da população; Algumas pessoas selecionadas
podem não participar ameaçando a representatividade.
↪ Não probabilística ou não aleatória (fácil de obter) - Alguns elementos elementos
da população têm mais probabilidade de serem escolhidos do que outros podendo
enviesar a amostragem; A amostra não é necessariamente representativa da
população o que condiciona a generalização; As amostras devem ser adequadas ao
objeto de estudo; O investigador deve avaliar possíveis enviesamentos e tentar
contorná-los.

●​Como é a Amostragem Probabilística?


↪ Aleatória Simples - Todos os elementos da população têm a mesma probabilidade
de pertencer à amostra o que aumenta a representatividade mas é difícil de
conseguir. Exemplo: Estudantes Universitários escolhidos a partir de uma lista com
todos os inscritos
↪ Clusters - Identifica-se grupos de indivíduos e seleciona-se aleatoriamente um
subconjunto desses grupos onde a amostra é aleatoriamente escolhida, é mais fácil
de recolher a amostra desta forma mas pode excluir elementos da população não
representados. Exemplo: Seleção de vários hospitais dentro de uma lista com todos
os hospitais nacionais e depois escolhem-se médicos nos hospitais destacados.
↪ Aleatória Estratificada - A proporção de um grupo é igual na amostra e na
população o que evita enviesamentos associados a uma certa característica mas é
extremamente difícil de conseguir. Exemplo: Proporção de filiados em partidos
políticos é igual à população nacional

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●​Como é a Amostragem Não-Probabilística?
↪ Quotas - O investigador constrói a sua amostra com características importantes
(ex: sexo, idade, estatuto económico), na mesma proporção em que elas se
manifestam na população
↪ Bola de Neve - As pessoas da amostra identificam outras pessoas que possam
participar no estudo
↪ Conveniência - A amostra é escolhida nos locais mais acessíveis ao Investigador
(ex: salas de aula)
↪ Autosseleção - Pessoas que se voluntariam para participar e respondem a
anúncios deste estudo (ex:estudos online).

●​O que é a validade Externa?


↪ Grau em que os resultados de um estudo podem ser generalizados a várias
pessoas, lugares e períodos temporais
↪ Depende da adequabilidade da amostra para representar a população que o
investigador não estudou
↪ Pode ser avaliada repetindo o estudo em diferentes sítios, com diferentes
participações (replicação)

●​Que subtipos de validade externa existem?


↪ ​Validade da População​ - Como as pessoas são diferentes um resultado que se
aplica a um grupo pode não se aplicar noutro, por isso temos que constituir uma
amostra representativa da população
↪ ​Validade Ecológica ​- Como o comportamento das pessoas pode mudar consoante a
situação, os resultados podem não se manter num contexto diferente (ex:
laboratório vs mundo real) por isso temos que fomentar que a situação estudada
seja o mais naturalista e real possível
↪ ​Validade Temporal ​- Como o comportamento das pessoas pode mudar ao longo do
tempo, os resultados podem não se aplicar a todas as alturas do ano (ex: o humor
varia consoante as estações do ano) e por isso temos que realizar o mesmo estudo
em diversas alturas do ano e comparar os resultados para ver se há ligação

22
●​Quão relevante é a validade externa?
Depende do objetivo de estudo
↪ Muito relevante para afirmações de frequência - é conveniente recorrer a
amostragem probabilística
↪ Menos relevante em afirmações de associação e causais

●​O que pode ameaçar a validade externa?


↪ Estudar apenas alguns participantes
↪ Estudar apenas um subgrupo (ex: Inquérito por telefone fixo)
↪ Estudar os participantes num ambiente muito controlado (ex: Pedir aos
participantes que avaliem a atratividade feminina através de desenhos).

Aula 8

●​Que tipos de investigação existem?


↪ ​Não experimental/Descritiva: ​“O quê”,“Quando”,”Quem” e “Onde”; Foca-se no
primeiro objetivo da Investigação em psicologia: ​Descrever​ o que está a acontecer; O
investigador só mede as variáveis e não as manipula (Inquéritos, Investigação
correlacional). Exemplo: Os homens discutem mais do que as mulheres? Quantas
pessoas se descrevem como felizes?
↪ ​Experimental: ​O “porquê” do comportamento; Foca-se no segundo objetivo da
Investigação em Psicologia: ​Explicar​ porque é que determinado fenómeno acontece;
O investigador manipula as variáveis e recorre à aleatorização (Desenho de grupos,
Desenho de pré e pós testes). Exemplo: A manipulação de x variável faz as pessoas
deixarem de discutir? Ouvir música deixa as pessoas felizes?

23
●​ O que são inquéritos?

↪ Objetivo: Conhecer opiniões, características, comportamentos de x população
↪ Procedimento: Questionar vários elementos da população sobre x variável
↪ Conclusão: Uma afirmação de frequência
↪ Exemplo de Pergunta de Investigação a que este desenho responde: “Qual é a
percentagem de adolescentes com problemas de sono?”

●​Porque não é possível fazer uma afirmação de frequência


sem um inquérito?
Percepções de Frequência pelo público geral:
↪ Frequentemente baseada e amostras pequenas e não representativas. Exemplo:
“No meu grupo de amigos ninguém fuma. A percentagem de fumadores na faixa
etária dos 30 deve ser 0”.
↪ Não se baseiam em medidas rigorosas e as observações não são registadas de
forma sistemática, pelo que podem estar sujeitas a enviesamentos de confirmação
e memória.

●​O que são estudos correlacionais?


↪ Objetivo: Avaliar se existe relação entre duas variáveis
↪ Procedimento: Questionar diversos elementos de x população sobre duas
variáveis
↪ Conclusão: Uma afirmação de Associação
↪ Exemplo de Pergunta de Investigação a que este desenho responde: “O uso de
telemóveis à noite associa-se aos problemas de sono?”

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●​ Que conhecimento se obtém com os estudos correlacionais?
↪ Permitem testar a hipótese de que duas ou mai variáveis estão relacionadas
↪ Viáveis mesmo quando não é possível manipular ou controlar variáveis (Exemplo:
Efeito do consumo de drogas ilegais na adaptação à faculdade)
↪ Não permitem saber o porquê de duas variáveis se associarem:
↪​ ​Não há manipulação de variáveis​: O que não permite identificar qual é que
surge primeiro. Exemplo: Associação entre uso de telemóveis e problemas de sono.
↪ ​Não há controlo de variáveis​: Sendo que podem existir vários fatores
responsáveis pela relação. Exemplo: Associação entre consumo de gelados e
afogamento em piscinas.
↪ Não tem validade interna, logo, não é possível estabelecer relações de
causa-efeito.

●​ A que pode dever-se uma dada relação?


Estudos descritivos demonstram uma relação entre A e B. Exemplo: “A participação
em cerimónias religiosas associa-se a felicidade”
↪ ​A causa B​: A participação em cerimónias religiosas promove a felicidade.
↪ ​B causa A​: A felicidade promove a participação em cerimónias religiosas.
↪ ​C causa A e B​: O otimismo promove a participação em cerimónias religiosas e a
felicidade.
↪ Um estudo descritivo não permite saber qual destas está correta.

●​Porque não é possível fazer uma afirmação de associação


sem um estudo correlacional?
Percepções de Associação pelo público:
↪ Estão sujeitas à correlação ilusória uma vez que percepcionam erradamente
algumas relações entre variáveis (é necessário uma investigação para avaliar se a
associação realmente existe). Exemplo: Relação entre lua cheia e partos, suicídios e
crimes violentos; Mau tempo e dores nas articulações

25
↪ ​Não se baseiam em medidas rigorosas e as observações não são registadas de
forma sistemática, pelo que podem estar sujeitas a enviesamentos de confirmação
e memória.

●​Quais as fontes de dados para estudos descritivos?


↪ Dados ex post facto
↪ Dados de arquivo
↪ Observação
↪ Testes

●​O que são dados ex post facto?


Exemplo: Foi realizada uma investigação para avaliar o efeito da pressão do tempo
no desempenho numa tarefa verbal.
Foram recolhidos dados como sexo, idade, tipo de personalidade e outras
características dos participantes. Estes dados não foram utilizados no âmbito deste
estudo, por serem considerados irrelevantes para o objetivo do mesmo.
Posteriormente, o investigador vai explorar a relação entre essas variáveis.
↪ Descrição: Dados recolhidos num âmbito (ex: avaliação da pressão do tempo no
desempenho de uma tarefa verbal) são utilizados para ​outro​ ​objetivo (ex: Comparar
sexos numa tarefa verbal, concluindo que a mulher tem um desempenho superior)
↪ Validade ​Externa​: Necessidade de recolher uma amostra aleatória da população
(ex: No estudo podem ter sido recolhidos homens com inteligência média e mulheres
com Inteligência acima da média)
Validade ​De Construto​: Necessidade de recorrer a medidas válidas (ex: Garantir que
a tarefa pretende avaliar o desempenho verbal e é igualmente válida para os dois
sexos)
Validade ​Interna​: Impossibilidade de fazer inferências sobre causalidade (ex: é
possível afirmar que existem diferenças entre os sexos mas não que têm como
causa os sexos)

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↪ Qualidade: Depende da qualidade e quantidade dos dados previamente recolhidos,
recolher mais dados possibilita o estudo futuro de mais hipóteses.

●​O que são dados de arquivo?


Dados recolhidos por outra pessoa e codificados:
↪ Fontes: Censos, estatísticas, etc.
↪ Foram atribuídos números aos comportamentos registados
↪ Poupança de tempo e de recursos
↪ Formas de recolha e cotação podem não ser apropriadas para responder à
pergunta de investigação.
Exemplo: Avaliar se o número de suicídios aumenta após a notícia de uma ocorrência
semelhante (Sim, mas só se houver semelhança etária com a vítima)
Dados recolhidos por outra pessoa e não-codificados:
↪ Fontes: Vídeos de programas televisivos, transcrições de reuniões, diários,
comentários de fóruns, etc
↪ Análise de conteúdo: O comportamento é codificado de maneira a avaliar se
pretende a uma dada categoria, a qual deve ser objetivamente definida
↪ É possível evitar problemas de cotação
↪ Poupança de tempo na recolha de dados
↪ Dificuldade no estabelecimento de critérios de codificação objetivos, face à
relevância do contexto
Exemplo: Verificar as gravações dos vencedores olímpicos e codificar as expressões
faciais, de maneira a identificar os classificados mais felizes (um estudo mostrou
que terceiros classificados demonstram mais felicidade do que os segundos).
↪ Validade ​Interna​: Estudo correlacional não permite avaliar a causalidade
↪ Validade ​De construto​: As medidas não foram escolhidas pelo investigador, logo
podem não ser as melhores; Enviesamentos de instrumentação: podem haver
mudanças na medida devido a alterações na própria medida, na forma como é cotada
e na forma como as pessoas são avaliadas (ex: contabilizar o número de
desempregados com o critério “estar desempregado” vs “estar desempregado há
pelo menos 6 semanas e apresentar prova de procura de trabalho pelo menos três
vezes por semana”)

27
↪ Validade ​Externa​: Tende a ser boa devido à facilidade de recolher muitos dados (ex:
milhões de pessoas no caso dos censos); A recolha pode prolongar-se por vários
anos sendo possível generalizar os resultados para outros períodos temporais
↪ Dados agregados: Não permitem o foco indivíduos, apenas em grupos; A Psicologia
foca-se no comportamento dos indivíduos pelo que estes dados podem ser
insuficientes para responder a algumas questões.

●​O que é a observação?


↪ ​Observação Laboratorial​: Ocorre em laboratório, em condições controladas; O
comportamento dos participantes pode assemelhar-se ao que têm no mundo real.
↪​ Observação Naturalista​: Ocorre no mundo real (ex: escola, jardim, ginásio), o
comportamento das pessoas tende a ser espontâneo; ​Avaliação não-intrusiva​: as
pessoas não sabem que estão a ser observadas, o investigador mantém distância;
Dados recolhidos sem o consentimento das pessoas, logo compromete a ética
↪ ​Observação Participante​: Ocorre no mundo real, o comportamento das pessoas
tende a ser espontâneo; O investigador interage com as pessoas observadas
podendo influenciá-las (ex: grupo de apoio online); Possibilidade de recolher mais
informações mas dificuldade em registá-la; Dados recolhidos sem o consentimento
das pessoas e envolvendo engano, uma vez que o investigado finge ser outra pessoa,
comprometendo a ética

●​Que limitações tem a observação?


↪ Reatividade: As pessoas podem reagir ao facto de estarem a ser observadas, não
agindo naturalmente; Solução - Recurso a opções não-intrusivas (ex: Espelho
unidirecional) manutenção da distância e/ou promoção da familiaridade com o
investigador
↪ Falta de objetivos dos registos: Observadores diferentes podem codificar o mesmo
comportamento de forma diferente; Solução - Avaliação da fidelidade interjuízes,
recurso a um esquema de codificação claro (ex: definir comportamentos específicos
de cada categoria) e treino de observadores.

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●​ O que são testes?
Especialmente úteis para avaliar variáveis de personalidade, conhecimentos e
competências
↪ Validade Externa: Depende da representatividade da amostra
↪ Validade Interna: Correlação não implica causalidade: a relação entre as variáveis
avaliadas pode não ser causal
↪ Validade de Construto: Mais asseguradas em medidas desenvolvidas por outros
autores e amplamente estudas. ​(VER AULA 8 SLIDE 33)

Aula 10

●​ Exemplo:

↪ Química: Um químico enche dois tubos de ensaio com moléculas de Hidrogénio de
de Oxigénio → Não mexe mais num dos tubos de ensaio e aquece o outro →
Observa que só se forma água no segundo tubo de ensaio → Conclui que aquecer
moléculas de Hidrogénio e Oxigénio leva a que estas reajam
↪ Psicologia: Um investigador enche duas salas com pessoas → Numa das salas a
temperatura fica normal e na outra aumenta para 32ºC → Observa que as pessoas
da segunda sala se comportam de forma diferente (ex: agitação) das da primeira
sala → Conclui que sentir muito calor leva as pessoas a ser agressivas.
↪ Validade de Construto: O investigador manipulou e mediu realmente as variáveis
(“sentir muito calor” e “ser agressivo”) que pretendia?
↪ Validade Externa: Os resultados são generalizáveis a outros participantes e
locais?
↪ Validade Interna: O investigador ao por pessoas em salas diferentes ​causou
realmente as suas diferenças de comportamento?

29
●​O que é a validade interna?
↪ Grau em que o estudo consegue mostrar que um determinado acontecimento
observável causou ou influenciou uma mudança de comportamento. Isso implica
comprovar 3 aspetos:
↪ Associação: Como ​as causas têm efeitos​, a investigação tem que mostrar que a
mudança na variável considerada a causa se relacionam com mudanças na variável
considerada o efeito. ​Depende dos resultados do estudo
↪ Cronologia: Como ​as causas têm que surgir antes dos efeitos​, a investigação tem
que mostrar que a alegada causa mudou antes da ocorrência do alegado efeito.
Depende dos procedimentos do estudo
↪ Exclusividade: Como ​os efeitos têm várias potenciais causas​, a investigação tem
que mostrar que a alegada causa é a única explicação plausível para o efeito.
Depende dos procedimentos do estudo

●​O que pode ameaçar a validade interna?


↪​ C
​ onstrangimentos éticos e práticos podem impedir a manipulação de variáveis.
Exemplo: Causa - viver em climas quentes; Efeito - Agressão
Alternativa: Recurso à observação
↪ Impossibilidade de verificar a variável que mudou primeiro leva ao risco de tirar
conclusões contrárias à realidade. ​Incumprimento do critério da cronologia
↪ Possibilidade de existir um terceiro fator responsável pela relação estatística
entre duas variáveis. ​Incumprimento do critério da exclusividade

30
●​Quais as dificuldades relacionadas com a validade

interna?
Um detetive chega ao local de crime e No caso dos Investigadores as
vê dois homens mortos junto a uma perguntas foram as seguintes:
arma: ↪ A variável A influencia a variável B?
↪ A pessoa A matou a pessoa B e ↪ A variável B influencia a variável A?
suicidou-se depois?
↪ As variáveis A e B são influenciadas
↪ A pessoa B matou a pessoa A e pela mesma terceira variável?
suicidou-se depois?
↪ ​Solução​: Manipulação do tratamento
↪ As pessoas A e B foram mortas pela
pessoa C?
↪ ​Solução​: Informação do médico
legista

●​ O que é um estudo experimental?


Único tipo de estudo com validade interna, permite aos investigadores identificar
relações de causa-efeito através de dois procedimentos:
↪ ​Manipulação do tratamento​ (variável independente): Para garantir que o
tratamento ocorre antes da diferença no comportamento (ex: variável dependente)
↪ ​Distribuição Aleatória​: Para garantir que a diferença no comportamento não se
deve a um fato se não o tratamento (as restantes variáveis são controladas porque
são constantes entre os níveis da variável independente - ou seja, as diferenças
individuais são distribuídas de forma equilibrada pelos grupos)
O estudo do exemplo foi experimental? Porquê?

31
●​Como avaliar se um dado fator causa um efeito?
↪ Formar dois grupos que não difiram de forma sistemática em nenhum critério
↪ Administrar o tratamento a um grupo (experimental) e a outro não (de controlo)
↪ Atribuir as diferenças encontradas ao tratamento (ex: única diferença sistemática
entre os dois grupos
Qual destes passos é mais difícil de realizar? Porquê?

●​Como contornar as ameaças à validade interna?


↪ Impossibilidade de criar dois grupos com personalidades e experiências idênticas
→ Possibilidade de estas diferenças explicarem o comportamento → ​Solução​:
Distribuição aleatória
↪ Os grupos poderiam ser testados em momentos diferentes → Possibilidade de o
momento de avaliação explicar o comportamento → ​Solução​: contrabalanceamento
↪ Possível existência de outros fatores externos que não são controláveis pelo
investigador → Podem existir soluções para alguns fatores e não para outros

●​O que é a distribuição aleatória?


Distribuição​:
↪ Parte dos participantes recebe um tratamento e a outra parte recebe um
tratamento diferente: O tratamento é algo que é dado pelo Investigador aos
participantes
↪ Há características que não se podem dar aos participantes (ex: gênero, idade,
etnia)
Aleatória​:
↪ Todos os participantes independentemente das suas características, têm a
mesma probabilidade de receber o tratamento
↪ Método sistemático, baseado em tabelas de números aleatórios ou programas de
computador
Este método garante que além do tratamento, o acaso é o único fator que causará
diferenças entre os grupos. ​Permite assegurar a exclusividade

32
●​Como formar grupos sem diferenças sistemáticas?
↪ O investigador recruta participantes (de preferência mais de 30 por grupo, para
aumentar a probabilidade de os grupos serem semelhantes)
↪ O investigador não deve recrutar grupos que distribui pelas condições
experimentais: a distribuição aleatória exige que a cada participante , de forma
independente, seja atribuído um grupo
↪ Os grupos criados serão em média, iguais ou muito parecidos. Exemplo: Num total
de 20 mulheres e 20 homens, a distribuição por grupo com base no sexo será
equilibrada (10 mulheres num grupo e 10 homens no outro; 9 homens num grupo e
11 no outro)
↪ O investigador certifica-se que não há diferenças sistemáticas entre os grupos
prévias ao estudo

●​O que é o contrabalanceamento?


↪ Estratégia que permite, de forma sistemática, equilibrar um fator (VER AULA 10
SLIDE 58)

●​Como manipular o tratamento?


↪ Por decisão do investigador, um grupo recebe um tratamento e o outro recebe um
tratamento diferente → O investigador isola o efeito do tratamento, porque todos os
outros fatores são iguais para os grupos → Nos estudo experimentais simples há
dois níveis da VI: valores (quantidades ou tipos) diferentes do tratamento → Há
fatores que não podem ser manipulados como sexo, etnia, idade, personalidade,
inteligência. ​Este procedimento permite assegurar a cronologia

33
●​Como avaliar os participantes?
↪ Os elementos do mesmo grupo podem influenciar-se como resultado da ​interação
(ex: risos, exclamações, choro) pelo que não devem ser testados em grupo
↪ Os grupos ​não devem ser testados em sessões diferentes​, para que as diferenças
inevitáveis entre sessões não se tornem efeitos sistemáticos passíveis de ser
confundidos com os efeitos do tratamento
↪ Se possível, os participantes devem ser avaliados ​individualmente ou em pequenos
grupos​; Se for necessário avaliar grupos grandes deve-se ​incluir elementos de ambos
os grupos em cada sessão
Exemplo: Porque se deve evitar testar os grupos em sessões diferentes?
Quando o grupo experimental foi testado, havia muito barulho devido a uma
discussão no corredor entre vários alunos (externos à experiência) → Quando o
grupo de controlo foi avaliado, isto não aconteceu → Todos os elementos de um dos
grupos foram expostos a uma condição à qual nenhum dos elementos do grupo de
controlo teve exposto → Criou-se uma diferença sistemática entre os grupos cujo
efeito pode ser erradamente interpretado como um efeito do tratamento

●​Como garantir a causalidade entre duas variáveis?


↪ As mudanças na variável A são acompanhadas por mudanças na variável B? As
variáveis correlacionam-se?
Não: ​A não causa B
Sim:
↪ As mudanças na variável A são seguidas de mudanças na variável B?
Não: ​A não causa B
Sim:
↪ Há outra variável que possa estar a influenciar A e B?
Não: ​A causa B
Sim: ​A pode não causar B

34
Aula 11

●​Como demonstrar a causalidade entre variáveis?


É preciso cumprir três condições:
↪ Mudanças no fator ​relacionam-se​ com mudanças no efeito: Ambas as variáveis são
medidas e avaliadas estatisticamente
↪ Mudanças no fator ​ocorrem antes​ das mudanças no efeito: É necessário manipular
o tratamento para ver qual ocorreu primeiro
↪ Mudanças no fator são a ​única causa​ das mudanças no efeito: Não há influência de
variáveis alheias a esta relação (todas as outras além do fator)
Estudos experimentais permitem verificar que a causa ocorreu antes do efeito e que
é o único fator que difere entre os grupos
Exemplo:
Hipótese: Escrever coisas pelas quais estamos gratos potencia a felicidade
Manipulação da VI: Dividir a amostra em dois grupos de forma aleatória (grupo
experimental - escreve e grupo de controlo - não escreve)
Comparação da VD: Se a média de felicidade for maior no primeiro grupo que no
segundo, há apoio para a hipótese

●​Que tipo de desenhos experimentais existem?


↪ Grupos independentes ou intergrupos: Grupos diferentes de participantes recebem
níveis diferentes da variável independente. Exemplo: desenho de dois grupos (com
ou sem pré teste)
↪ Medidas repetidas ou intragrupos: Existe apenas um grupo de participantes e
todos recebem todos os níveis da variável independente. Exemplo: desenho de pré
teste e de pós teste

35
●​Como controlar a influência de variáveis alheias nos
desenhos de dois grupos?
Versão ideal do desenho de dois grupos:
↪ Seleção de dois grupos idênticos
↪ Procedimento idêntico excepto no facto e apenas um ser manipulado (VI)
↪ Comparação dos dois grupos na VD
Uma solução perfeita que não está disponível. O que a torna inviável?

●​Porque não é possível constituir grupos idênticos?


↪ Não podemos presumir que existem pois há sempre a possibilidade (enviesamento
de seleção)
↪ Se os tentarmos formar vamos estar a enviesar a amostra (enviesamento de
seleção); mesmo que sejam parecidos, vão se diferenciando devido à (interação
entre seleção e maturação); Houve equiparação entre variáveis muito contaminadas
por erros aleatórios (regressão para a média) e a constituição dos grupos torna-se
diferente da inicial (atrito)

●​O que são enviesamentos de seleção?


Ter grupos que diferem entre si ​antes​ de começar o estudo, sendo a maior ameaça à
validade interna num desenho de dois grupos devido a:

36
↪ Autosseleção: Os participantes escolhem o grupo a que querem pertencer, sendo
que existe pelo menos uma diferença (alguns escolhem o grupo e outros não).
Exemplo: Sessões pós-laborais com o tema “como ajudar a sue empresa” Um nível
maior de compromisso com a empresa no primeiro grupo, pode dever-se à
participação nas sessões ou ser prévio (voluntários poderiam já estar mais
empenhados)
↪ Distribuição a cargo do investigador: Mesmo de forma não intencional, o
investigador pode enviesar o estudo. Exemplo: “Escrita sobre a gratidão potencia a
felicidade”, o investigador poderia enviar os participantes mais sorridentes para o
grupo experimental e os menos sorridentes para o grupo de controlo
↪ Distribuição arbitrária: O investigador utiliza uma regra arbitrária para distribuir os
participantes, sendo que essa regra tem por base uma diferença entre os grupos
fazendo com que os mesmos sejam diferentes e podendo causar diferenças
adicionais nos grupos. Exemplo: Alunos do lado esquerdo ficam no grupo
experimental e os do lado direito no grupo de controlo, levando a grupos não
idênticos levando pelo menos a uma variável diferente (o local onde se sentam),
podendo existir outras diferenças (pontualidade, energia, apreço pelo exterior)

●​O que é a equiparação?


O investigador tenta assegurar que os grupos são tão idênticos quanto possível
antes da administração da VI
↪ Avaliação dos participantes nas variáveis relevantes. Exemplo: Avaliação do QI
num estudo sobre a influência do stress no desempenho académico.
↪ Formação de pares com base na pontuação obtida. Exemplo: Um par de pessoas
com QI de 130 e outro com QI de 115, etc.
↪ Distribuição aleatória dos elementos do par pelos grupos. Exemplo: Uma pessoa
com QI de 130 vai para o grupo experimental e a outra para o de controlo.
Este procedimento exige tempo e recursos

37
●​Que problemas advêm da equiparação?
Selecionar grupos idênticos em variáveis relevantes
↪ ​Múltiplas variáveis (equiparação incompleta)​: Impossibilidade de ter os
participantes idênticos (nem os gêmeos o são); Impossibilidade de equiparar os
participantes em todas as variáveis (ex: altura, peso, idade, número de irmãos);
Impossibilidade de equiparar os participantes em todas as variáveis relevantes (ex:
influências na felicidade)
↪ ​VD no pré teste (equiparação imperfeita)​: Grupos semelhantes que se vão
diferenciando (interação entre seleção e maturação); VD muito contaminada por
erros aleatórios (Regressão para a média); Constituição dos grupos muda ao longo
do tempo (atrito)

●​O que é a interação entre seleção e maturação?


↪ Descrição: Grupos começaram por ser idênticos (pré-teste) mas progrediram a
diferentes ritmos ou em diferentes direções
↪ Causas: Maturação física, emocional, social e/ou intelectual; Maturação é afetada
por inteligência, motivação e saúde; É preciso equiparar os grupos em todas as
variáveis que podem afetar a maturação
↪ Exemplo: Rapazes e raparigas do 4º ano são avaliados na categoria de levantar
pesos conseguindo levantar 18, mas ao longo de 8 anos os rapazes vão tomar
comprimidos que causam o aumento de força e chegando ao 12º conseguimos ver
que os rapazes têm mais força mas não sabemos se é devido aos comprimidos ou
ao sexo uma vez que anteriormente não foram equiparados nesta variável (sexo).

38
●​O que é a regressão para a média?
↪​ D
​ escrição: Processo de medição não é perfeito - verificar que dois grupos são
idênticos não significa que o sejam; As medições são afetadas por erros de medida
aleatórios que podem influenciar os grupos de maneira diferente; Pontuações
extremamente raras tendem a aproximar-se mais da média numa segunda avaliação
↪ Exemplo: Pontaria no tiro ao alvo avaliada em cinco disparos. Formam-se dois
grupos (pessoas que acertaram cinco vezes e pessoas que falharam cinco vezes. O
erro aleatório favoreceu o primeiro grupo e prejudicou o segundo. Numa nova
avaliação a média do primeiro grupo tenderia a descer (porque seria difícil acertar 10
vezes no alvo a menos que fosse excepcional) e a do segundo a subir (porque tinham
mais cinco hipóteses e com o “treino” iam conseguir acertar pelo menos uma)
levando a pontuações menos extremas e mais próximas da média.

●​O que é o atrito?


↪ Descrição: Grupos podem começar por ser idênticos mas deixam de o ser ao longo
do estudo; Num dos grupos pode haver mais participantes a desistir do que no outro;
Atrito torna os grupos diferentes por influenciar quem sai de cada grupo
↪ Exemplo: Programa desenvolvido para adolescentes em risco, com dois grupos
com quarenta participantes casa (experimental e controlo). Adolescentes do
primeiro grupo mostram probabilidade superior de ter uma vida profissional estável,
porém 75% dos participantes desse grupo abandonam o estudo o que nos leva a
uma comparação entre os 10 “sobreviventes” do primeiro grupo com os outros 40 do
segundo, fazendo com que o sucesso possa não advir do programa mas sim da
comparação entre os melhores de um grupo com a totalidade do outro.

39
●​ Que ameaças considerar num desenho de dois grupos?
↪ Enviesamentos de seleção: Verificar se os grupos eram idênticos antes do estudo
começar
↪ Interação entre seleção e maturação: Verificar se mesmo sem terem o mesmo
tratamento, os grupos se diferenciam
↪ Regressão para a média: Verificar se mesmo que os grupos parecessem
equivalentes antes do estudo, se a equivalência era ilusória e resultante do erro de
medida aleatório
↪ Atrito: Verificar se houve mais participantes a desistir num grupo do que no outro

●​ O que é um desenho de pré e pós teste?


Exemplo: Investigar a eficácia de um programa de melhoria da gestão financeira
numa amostra de pessoas endividadas
↪ Avaliação antes do tratamento (Pré-teste VD) Avaliação das competências de
avaliação financeira → Administração do tratamento (Manipulação VI) Aplicação do
programa de melhoria da gestão financeira → Avaliação posterior ao tratamento
(Pós-teste VD) Reavaliação das competências de gestão financeira.
↪ Vantagens: Recurso aos mesmos participantes elimina enviesamentos de seleção
e não é necessária uma amostra tão grande
↪ Ameaças: Validade interna dependente de o tratamento ser a única razão de
diferenças entre o pré e o pós teste

●​Como controlar a influência de variáveis alheias nos


desenhos de pré e pós testes?
Versão ideal do desenho de pré e pós teste:

40
↪ Seleção de participantes
↪ Avaliação da VD
↪ Aplicação do tratamento garantido que não há mais mudança nenhuma na vida dos
participantes
↪ Nova avaliação da VD
Uma solução perfeita que não está disponível. O que a torna inválida?

●​Porque não é possível garantir que o tratamento é a única


coisa que muda na vida dos participantes?
↪ Mudança nos participantes (maturação, História e testagem) → Mudança nas
cotações (Instrumentação, regressão para a média, atrito)

●​O que pode levar a mudanças nos participantes?


↪ Maturação: Mudanças biológicas e desenvolvimentais que ocorrem nos
participantes; As pessoas estão sempre a mudar de forma espontânea, a curto (ex:
fome, fadiga) e a longo prazo (ex: crescimento). Exemplo: Condução segura aos 20 e
aos 25 anos
↪ História: Acontecimentos ocorridos no mundo exterior, major (ex: guerra) ou minor
(ex: rumores); Mudanças no ambiente não relacionadas com o tratamento, que têm
influência sistemática (afetam a maioria dos participantes). Exemplo: Programa de
sensibilização para a poupança de energia, havendo variação na temperatura no
exterior
↪ Testagem: Pré-teste pode mudar os participantes (ex: motivação, treino, reflexão
sobre uma questão); O efeito pode ocorrer com testes de conhecimento e de outras
variáveis. ​Alternativas​: Não ter pré-testes ou usar outros instrumentos. Exemplo: A
prática favorece a nota do teste seguinte; fadiga gerada pela repetição pode levar a
piores resultados.

41
●​O que pode levar a mudanças nas pontuações?
↪ Instrumentação: Mudanças no instrumento de medida, na sua administração ou
cotação; Mudanças intencionais (ex: tentativa de melhorar a avaliação) ou
não-intencionais (ex: falha humana); ​Alternativas​: não incluir pré-testes, usar formas
equivalentes nos testes, treinar observadores. Exemplo: O observador torna-se mais
tolerante com o passar do tempo.
↪ Regressão para a média: Grau em que o erro aleatório afeta o pré teste e o pós
teste pode diferir, quando os participantes são selecionados com base nas suas
pontuações extremas; Vulnerabilidade potecial de todas as medidas influenciadas
por erros aleatórios. Exemplo: O aluno tira 20 num teste, no teste seguinte a nota
vai tender a aproximar-se mais da média
↪ Atrito: No pós teste são avaliados menos participantes que no pre teste;
Participantes com cotações mais baixas no pré teste (fator sistemático) podem
abandonar o estudo - O investigador pode eliminá-lo do pré-teste. Exemplos de
razões: morte, mudança de localidade, não seguimento das instruções - têm
impactos diferentes nos resultados

●​Que ameaças considerar num desenho de pré e pós-teste?


↪ Maturação: Verificar se as diferenças entre pré-teste e pós teste se podem dever a
mudanças naturais resultantes do envelhecimento dos participantes?
↪ História: Verificar se há outros acontecimentos na vida dos participantes ou no
mundo que possam levar às diferenças?
↪ Testagem: Verificar se as diferenças podem dever se ao treino e à experiência que
os participantes adquiriram no pré teste
↪ Instrumentação: Verificar se os participantes foram avaliados com o mesmo
instrumento e da mesma forma nas duas ocasiões
↪ Regressão para a média: Verificar se os participantes foram selecionados devido a
pontuações extremas no pré teste
↪ Atrito: Verificar se todas as pessoas que participaram no pré teste realizaram o
pós teste ou o grupo do pós teste é mais seleto do que o do pré teste.

42
●​Como evitar ameaças num desenho de pré e pós-teste?
Desenho de pré e pós-teste com dois grupos permite minimizar as ameaças
anteriores
↪ Avaliação antes do tratamento (Ambos os grupos) Pré-teste VD → Administração
apenas do tratamento (apenas num grupo) Manipulação da VI → Avaliação posterior
ao tratamento (ambos os grupos) Pós-teste VD.

Aula 11

●​Como demonstrar a causalidade entre variáveis?


É preciso cumprir três condições:
↪ Mudanças no fator ​relacionam-se​ com mudanças no efeito: Ambas as variáveis são
medidas e avaliadas estatisticamente
↪ Mudanças no fator ​ocorrem antes​ das mudanças no efeito: É necessário manipular
o tratamento para ver qual ocorreu primeiro
↪ Mudanças no fator são a ​única causa​ das mudanças no efeito: Não há influência de
variáveis alheias a esta relação (todas as outras além do fator)
Estudos experimentais permitem verificar que a causa ocorreu antes do efeito e que
é o único fator que difere entre os grupos
Exemplo:
Hipótese: Escrever coisas pelas quais estamos gratos potencia a felicidade
Manipulação da VI: Dividir a amostra em dois grupos de forma aleatória (grupo
experimental - escreve e grupo de controlo - não escreve)
Comparação da VD: Se a média de felicidade for maior no primeiro grupo que no
segundo, há apoio para a hipótese

43
●​Que tipo de desenhos experimentais existem?
↪ Grupos independentes ou intergrupos: Grupos diferentes de participantes recebem
níveis diferentes da variável independente. Exemplo: desenho de dois grupos (com
ou sem pré teste)
↪ Medidas repetidas ou intragrupos: Existe apenas um grupo de participantes e
todos recebem todos os níveis da variável independente. Exemplo: desenho de pré
teste e de pós teste

●​Como controlar a influência de variáveis alheias nos


desenhos de dois grupos?
Versão ideal do desenho de dois grupos:
↪ Seleção de dois grupos idênticos
↪ Procedimento idêntico excepto no facto e apenas um ser manipulado (VI)
↪ Comparação dos dois grupos na VD
Uma solução perfeita que não está disponível. O que a torna inviável?

●​Porque não é possível constituir grupos idênticos?


↪ Não podemos presumir que existem pois há sempre a possibilidade (enviesamento
de seleção)
↪ Se os tentarmos formar vamos estar a enviesar a amostra (enviesamento de
seleção); mesmo que sejam parecidos, vão se diferenciando devido à (interação
entre seleção e maturação); Houve equiparação entre variáveis muito contaminadas
por erros aleatórios (regressão para a média) e a constituição dos grupos torna-se
diferente da inicial (atrito)

44
●​O que são enviesamentos de seleção?
Ter grupos que diferem entre si ​antes​ de começar o estudo, sendo a maior ameaça à
validade interna num desenho de dois grupos devido a:
↪ Autosseleção: Os participantes escolhem o grupo a que querem pertencer, sendo
que existe pelo menos uma diferença (alguns escolhem o grupo e outros não).
Exemplo: Sessões pós-laborais com o tema “como ajudar a sue empresa” Um nível
maior de compromisso com a empresa no primeiro grupo, pode dever-se à
participação nas sessões ou ser prévio (voluntários poderiam já estar mais
empenhados)
↪ Distribuição a cargo do investigador: Mesmo de forma não intencional, o
investigador pode enviesar o estudo. Exemplo: “Escrita sobre a gratidão potencia a
felicidade”, o investigador poderia enviar os participantes mais sorridentes para o
grupo experimental e os menos sorridentes para o grupo de controlo
↪ Distribuição arbitrária: O investigador utiliza uma regra arbitrária para distribuir os
participantes, sendo que essa regra tem por base uma diferença entre os grupos
fazendo com que os mesmos sejam diferentes e podendo causar diferenças
adicionais nos grupos. Exemplo: Alunos do lado esquerdo ficam no grupo
experimental e os do lado direito no grupo de controlo, levando a grupos não
idênticos levando pelo menos a uma variável diferente (o local onde se sentam),
podendo existir outras diferenças (pontualidade, energia, apreço pelo exterior)

●​O que é a equiparação?


O investigador tenta assegurar que os grupos são tão idênticos quanto possível
antes da administração da VI
↪ Avaliação dos participantes nas variáveis relevantes. Exemplo: Avaliação do QI
num estudo sobre a influência do stress no desempenho académico.
↪ Formação de pares com base na pontuação obtida. Exemplo: Um par de pessoas
com QI de 130 e outro com QI de 115, etc.
↪ Distribuição aleatória dos elementos do par pelos grupos. Exemplo: Uma pessoa
com QI de 130 vai para o grupo experimental e a outra para o de controlo.
Este procedimento exige tempo e recursos

45
●​Que problemas advêm da equiparação?
Selecionar grupos idênticos em variáveis relevantes
↪ ​Múltiplas variáveis (equiparação incompleta)​: Impossibilidade de ter os
participantes idênticos (nem os gêmeos o são); Impossibilidade de equiparar os
participantes em todas as variáveis (ex: altura, peso, idade, número de irmãos);
Impossibilidade de equiparar os participantes em todas as variáveis relevantes (ex:
influências na felicidade)
↪ ​VD no pré teste (equiparação imperfeita)​: Grupos semelhantes que se vão
diferenciando (interação entre seleção e maturação); VD muito contaminada por
erros aleatórios (Regressão para a média); Constituição dos grupos muda ao longo
do tempo (atrito)

●​O que é a interação entre seleção e maturação?


↪ Descrição: Grupos começaram por ser idênticos (pré-teste) mas progrediram a
diferentes ritmos ou em diferentes direções
↪ Causas: Maturação física, emocional, social e/ou intelectual; Maturação é afetada
por inteligência, motivação e saúde; É preciso equiparar os grupos em todas as
variáveis que podem afetar a maturação
↪ Exemplo: Rapazes e raparigas do 4º ano são avaliados na categoria de levantar
pesos conseguindo levantar 18, mas ao longo de 8 anos os rapazes vão tomar
comprimidos que causam o aumento de força e chegando ao 12º conseguimos ver
que os rapazes têm mais força mas não sabemos se é devido aos comprimidos ou
ao sexo uma vez que anteriormente não foram equiparados nesta variável (sexo).

46
●​O que é a regressão para a média?
↪​ D
​ escrição: Processo de medição não é perfeito - verificar que dois grupos são
idênticos não significa que o sejam; As medições são afetadas por erros de medida
aleatórios que podem influenciar os grupos de maneira diferente; Pontuações
extremamente raras tendem a aproximar-se mais da média numa segunda avaliação
↪ Exemplo: Pontaria no tiro ao alvo avaliada em cinco disparos. Formam-se dois
grupos (pessoas que acertaram cinco vezes e pessoas que falharam cinco vezes. O
erro aleatório favoreceu o primeiro grupo e prejudicou o segundo. Numa nova
avaliação a média do primeiro grupo tenderia a descer (porque seria difícil acertar 10
vezes no alvo a menos que fosse excepcional) e a do segundo a subir (porque tinham
mais cinco hipóteses e com o “treino” iam conseguir acertar pelo menos uma)
levando a pontuações menos extremas e mais próximas da média.

●​O que é o atrito?


↪ Descrição: Grupos podem começar por ser idênticos mas deixam de o ser ao longo
do estudo; Num dos grupos pode haver mais participantes a desistir do que no outro;
Atrito torna os grupos diferentes por influenciar quem sai de cada grupo
↪ Exemplo: Programa desenvolvido para adolescentes em risco, com dois grupos
com quarenta participantes casa (experimental e controlo). Adolescentes do
primeiro grupo mostram probabilidade superior de ter uma vida profissional estável,
porém 75% dos participantes desse grupo abandonam o estudo o que nos leva a
uma comparação entre os 10 “sobreviventes” do primeiro grupo com os outros 40 do
segundo, fazendo com que o sucesso possa não advir do programa mas sim da
comparação entre os melhores de um grupo com a totalidade do outro.

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●​ Que ameaças considerar num desenho de dois grupos?
↪ Enviesamentos de seleção: Verificar se os grupos eram idênticos antes do estudo
começar
↪ Interação entre seleção e maturação: Verificar se mesmo sem terem o mesmo
tratamento, os grupos se diferenciam
↪ Regressão para a média: Verificar se mesmo que os grupos parecessem
equivalentes antes do estudo, se a equivalência era ilusória e resultante do erro de
medida aleatório
↪ Atrito: Verificar se houve mais participantes a desistir num grupo do que no outro

●​ O que é um desenho de pré e pós teste?


Exemplo: Investigar a eficácia de um programa de melhoria da gestão financeira
numa amostra de pessoas endividadas

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↪ Avaliação antes do tratamento (Pré-teste VD) Avaliação das competências de
avaliação financeira → Administração do tratamento (Manipulação VI) Aplicação do
programa de melhoria da gestão financeira → Avaliação posterior ao tratamento
(Pós-teste VD) Reavaliação das competências de gestão financeira.
↪ Vantagens: Recurso aos mesmos participantes elimina enviesamentos de seleção
e não é necessária uma amostra tão grande
↪ Ameaças: Validade interna dependente de o tratamento ser a única razão de
diferenças entre o pré e o pós teste

●​Como controlar a influência de variáveis alheias nos


desenhos de pré e pós testes?
Versão ideal do desenho de pré e pós teste:
↪ Seleção de participantes
↪ Avaliação da VD
↪ Aplicação do tratamento garantido que não há mais mudança nenhuma na vida dos
participantes
↪ Nova avaliação da VD
Uma solução perfeita que não está disponível. O que a torna inválida?

●​Porque não é possível garantir que o tratamento é a única


coisa que muda na vida dos participantes?
↪ Mudança nos participantes (maturação, História e testagem) → Mudança nas
cotações (Instrumentação, regressão para a média, atrito)

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●​O que pode levar a mudanças nos participantes?
↪ Maturação: Mudanças biológicas e desenvolvimentais que ocorrem nos
participantes; As pessoas estão sempre a mudar de forma espontânea, a curto (ex:
fome, fadiga) e a longo prazo (ex: crescimento). Exemplo: Condução segura aos 20 e
aos 25 anos
↪ História: Acontecimentos ocorridos no mundo exterior, major (ex: guerra) ou minor
(ex: rumores); Mudanças no ambiente não relacionadas com o tratamento, que têm
influência sistemática (afetam a maioria dos participantes). Exemplo: Programa de
sensibilização para a poupança de energia, havendo variação na temperatura no
exterior
↪ Testagem: Pré-teste pode mudar os participantes (ex: motivação, treino, reflexão
sobre uma questão); O efeito pode ocorrer com testes de conhecimento e de outras
variáveis. ​Alternativas​: Não ter pré-testes ou usar outros instrumentos. Exemplo: A
prática favorece a nota do teste seguinte; fadiga gerada pela repetição pode levar a
piores resultados.

●​O que pode levar a mudanças nas pontuações?


↪ Instrumentação: Mudanças no instrumento de medida, na sua administração ou
cotação; Mudanças intencionais (ex: tentativa de melhorar a avaliação) ou
não-intencionais (ex: falha humana); ​Alternativas​: não incluir pré-testes, usar formas
equivalentes nos testes, treinar observadores. Exemplo: O observador torna-se mais
tolerante com o passar do tempo.
↪ Regressão para a média: Grau em que o erro aleatório afeta o pré teste e o pós
teste pode diferir, quando os participantes são selecionados com base nas suas
pontuações extremas; Vulnerabilidade potecial de todas as medidas influenciadas
por erros aleatórios. Exemplo: O aluno tira 20 num teste, no teste seguinte a nota
vai tender a aproximar-se mais da média
↪ Atrito: No pós teste são avaliados menos participantes que no pre teste;
Participantes com cotações mais baixas no pré teste (fator sistemático) podem
abandonar o estudo - O investigador pode eliminá-lo do pré-teste. Exemplos de
razões: morte, mudança de localidade, não seguimento das instruções - têm
impactos diferentes nos resultados

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●​Que ameaças considerar num desenho de pré e pós-teste?
↪ Maturação: Verificar se as diferenças entre pré-teste e pós teste se podem dever a
mudanças naturais resultantes do envelhecimento dos participantes?
↪ História: Verificar se há outros acontecimentos na vida dos participantes ou no
mundo que possam levar às diferenças?
↪ Testagem: Verificar se as diferenças podem dever se ao treino e à experiência que
os participantes adquiriram no pré teste
↪ Instrumentação: Verificar se os participantes foram avaliados com o mesmo
instrumento e da mesma forma nas duas ocasiões
↪ Regressão para a média: Verificar se os participantes foram selecionados devido a
pontuações extremas no pré teste
↪ Atrito: Verificar se todas as pessoas que participaram no pré teste realizaram o
pós teste ou o grupo do pós teste é mais seleto do que o do pré teste.

●​Como evitar ameaças num desenho de pré e pós-teste?


Desenho de pré e pós-teste com dois grupos permite minimizar as ameaças
anteriores
↪ Avaliação antes do tratamento (Ambos os grupos) Pré-teste VD → Administração
apenas do tratamento (apenas num grupo) Manipulação da VI → Avaliação posterior
ao tratamento (ambos os grupos) Pós-teste VD.

Fim
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