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CONTRATAÇÕES PÚBLICAS
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Bem por isso que cada fase de produção da lei pode ser questionada judicialmente, através do controle
de constitucionalidade de sua produção. Há possibilidade de haver inconstitucionalidade no próprio
andamento do processo legislativo.
No entanto, pergunta-se: de todos esses prismas do processo, qual
deles pode ser tido por “procedimento”? O procedimento é o modo de
realização de cada um dos atos do processo e, portanto, NÃO INCLUI
quantos e quais atos devem ser praticados, quem os deve praticar e em que
ordem. É apenas a indicação da maneira pela qual cada um dos atos do
processo irá ocorrer. É assim que as normas de procedimento podem ser
vistas como um conjunto das formalidades necessárias ao cabal
cumprimento de cada ato-fase processual (oral, por escrito, onde
protocolar, manuscrito, datilografado etc). O autor então conclui que este é
o sentido do artigo 24, XI da CR “competência concorrente entre União,
Estados e DF para legislar sobre “procedimentos em matéria processual”.
Trazendo este conceito maior de processo legislativo como molde
para o conceito de processo licitatório tem-se que este é um conjunto de
normas constitucionais e legais que tenham por objeto a atividade
administrativa de seleção da melhor proposta e dos atos sequencialmente
propiciadores dessa escolha final, com seus jurídicos praticantes.
Cumpre a União editar normas gerais de processo licitatório, sendo
certo, então, que aos demais entes federados cumpre a edição de normas
específicas, ou seja, normas de procedimento. Normas de processo
possuem aplicabilidade federativamente global e homogênea, por outro
lado, normas de procedimento possuem aplicabilidade federativamente
parcial e desuniforme, por ser o ângulo peculiar a cada ente político 2. Nesse
sentido, está a União impedida de legislar sobre o procedimento licitatório
por um limite material imposto pela própria CR, através do preceito
“normas gerais”. Por outro lado, os entes federados, ao estabelecerem o
procedimento, não podem contrariar as normas gerais de processo ditadas
pela União.
Em conclusão, licitação é ambivalentemente processo e
procedimento. Processo, enquanto conteúdo de normas gerais (lei
central). Procedimento, enquanto conteúdo das normas específicas (lei
periférica).
A crítica feita a esta analogia do processo administrativo com o
processo legislativo é que a CR usa o termo “procedimento” por diversas
vezes para indicar uma secessão encadeada de atos, como, por exemplo, no
procedimento de desapropriação, no procedimento de avaliação para o
estágio probatório etc. Logo, a sucessão encadeada de atos, levando em
conta diversas passagens do texto constitucional, indica procedimento, e
não processo conforme defende o autor.
Sérgio Ferraz esclarece que processo é a relação jurídica
desenvolvida por dois ou mais sujeitos que, ao longo do tempo,
exercem direitos e obrigações. Todo processo implica procedimento,
2
A lei 8.666/93 está impregnada por normas que editam o modo pelo qual os atos do processo licitatório
deve se realizar. Dúvida.
visto este como a sucessão encadeada de atos através de um rito pré-
estabelecido
No último capítulo, o autor apresenta as características centrais da
licitação enquanto processo, quais sejam: a) é processo rigorosamente
público; b) via de concreção do princípio da legalidade (lei propriamente
dita, já que o artigo 37, XXI diz “nos termos da lei”); c) que assegura o
princípio da igualdade (“assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes); d) precedente a uma relação jurídica negocial; e) relação
esta que será onerosa (“com cláusulas que estabeleçam condições de
pagamento”), sinalagmática e comutativa 3 (mantidas as condições efetivas
da proposta”); f) visando segurança e eficiência na contratação pública
(exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia
do cumprimento das obrigações); g) garantindo economicidade nos gastos
públicos; h) ele é regra para as contratações públicas (“ressalvados os casos
especificados na legislação”), excluindo-o em caso de dispensa legal 4.
? Prestação de serviço público – SEMPRE precedente de licitação –
e o terceiro setor5?
3
E a permissão?
4
Não mencionamos inexigibilidade, já que nesta inexiste o pressuposto lógica para a realização de
licitação (ausência de competição). Portanto, inexigibilidade não é uma exceção legal ao dever de licitar.
É, na verdade, ausência de pressuposto lógico para a realização do certame.
5
Adin 1.923 – STF entende que os serviços estabelecidos na lei das organizações sociais não são serviços
exclusivos do Estado e, portanto, não dependem de delegação por parte do mesmo. Sendo uma atividade
de utilidade pública que pode ser prestada e titularizada tanto pelo Estado como pelo particular, não há
que se falar em processo licitatório para a hipótese.