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Caso Clínico

Acadêmicas: Camila Kellen Teixeira Nascimento; Joseane David

ANAMNESE

Paciente G.C.S 28 anos, hipertensa e diabética, queixa-se dor abdominal difusa com início dia
14/06, relata dor epigástrica com irradiação para hipocôndrio direito e flanco direito. Procurou o
PSF de Francisco Sá e foi medicada para alívio da dor. Com a persistência da dor, procurou o
Hospital da cidade, no qual foi feito ultrassom e suspeitaram de apendicite, foi medicada e
encaminhada para o Hospital Universitário de Montes Claros-HUCF no dia 15/06. Foi
diagnosticada com Colecistite Aguda litiásica. Ultrassom realizado no HCF dia 20/06 e cirurgia
realizada dia 21/06. No exame físico apresentou-se calma, consciente, orientada em tempo e
espaço, respondendo as solicitações verbais.

Tipo de cirurgia: Colecistectómia Videolaparoscopica

Dados pré-operatório:

21/06 09h00min

Peso: 57 kg
Altura: 1,55 cm
Glicemia: 101
PA: 140x90 mmhg
Tª: 36,4ºc
Evacuações e diurese presente.
Em Jejum.
Paciente estava sem o uso da medicação desde o dia 15/06. (glifage 500mg e losartana 50mg)

Pós-operatório Imediato:

Admitida na SRPA às 11h55min, em soroterapia, sob efeito de anestesia, seguiu monitorada e


liberada para o setor de origem por volta de 13h.

Dado Pós-operatório:

21/06 16h30min

Peso: 57 kg
Altura: 1,55cm
PA: 130x90mmhg
T: 36.8ºc
Queixa de dor na ferida cirurgia, paciente sem edemas, sem febre, evacuação e diurese ausente.
Não havia se alimentado ainda.
Definição

A colecistite aguda é definida como o processo inflamatório da vesícula biliar, secundário,


geralmente, a impactação de um cálculo no ducto cístico. Logo, é uma complicação da doença
calculosa biliar, a colelitíase.

Epidemiologia da Colecistite Aguda

Mais de 90% das colecistites agudas ocorrem em associação com a colelitíase, sendo a sua
complicação mais comum.
A colecistite alitiásica corresponde aos outros 10% dos casos de colecistite e está associada a
uma maior morbimortalidade.
A doença tem uma prevalência maior nos pacientes do sexo feminino, considerando até os 50
anos de idade.

Fisiopatologia

A impactação de um cálculo no ducto cístico leva a estase biliar, resultando em um aumento da


pressão intraluminal e danificação da mucosa da vesícula.
Esse dano estimula a liberação de fosfolipase A2, que converte a lecitina, um constituinte
normal da bile, em lisolecitina. A lisolecitina é um irritante químico responsável por
desenvolver todo o processo inflamatório da vesícula biliar.

Os fatores de risco para o surgimento dos cálculos são obesidade, diabetes mellitus, estrogênio,
gravidez, doença hemolítica e cirrose.

Quadro clínico da Colecistite Aguda

Os pacientes com colecistite aguda, geralmente, referem uma dor contínua em abdome superior,
sobretudo em hipocôndrio direito e epigástrio, podendo irradiar para o dorso.
Essa dor costuma piorar após ingesta de alimentos gordurosos, devido ao estímulo de contração
da vesícula biliar. Além do quadro álgico, náuseas, vômitos, anorexia e febre também são sinais
e sintomas comuns.
É importante ressaltar que a colecistite aguda não causa icterícia, logo, quando esse sinal clínico
está presente, devemos pensar em outras complicações, como coledocolitíase, colangite ou
síndrome de Mirizzi, por exemplo.
Raramente, nos casos de maior gravidade, os pacientes podem apresentar sinais de sepse e
peritonite generalizada.
No exame físico abdominal de um paciente com colecistite aguda, o sinal de Murphy pode estar
presente, sugerindo o diagnóstico. Esse sinal é positivo quando o paciente interrompe a
inspiração profunda devido uma dor intensa durante a palpação do ponto cístico, realizada pelo
examinador.

Diagnóstico da Colecistite Aguda

O diagnóstico da colecistite aguda é feito através da anamnese, achados do exame físico,


laboratoriais e de imagem. O exame laboratorial costuma evidenciar leucocitose, com desvio à
esquerda e um aumento de amilase sérica. O aumento das enzimas canaliculares e da bilirrubina
não são comuns no quadro de colecistite, uma vez que, a obstrução está limitada a vesícula
biliar.

Um exame de imagem é fundamental para fechar o diagnóstico, sendo a ultrassonografia


abdominal, muitas vezes, suficiente. Esse exame pode evidenciar um espessamento da parede da
vesícula > 4mm, fluido pericolecistico e uma sinal de Murphy ultrassonográfico positivo (o
ponto cístico é pressionado pelo transdutor).

Tratamento da Colecistite Aguda

Pacientes com diagnóstico de colecistite aguda devem ser internados para cuidados de suporte
clínico e, posteriormente, submetidos ao procedimento cirúrgico. As medidas de suporte
incluem analgesia com anti-inflamatórios não esteroidais ou opióides, hidratação, dieta zero e
antibioticoterapia com cobertura para germes gram negativos e anaeróbios.
O tratamento definitivo consiste na colecistectomia, que pode ser pela via aberta convencional
ou laparoscópica. O ideal é que seja realizada o mais precocemente possível, uma vez que,
diminui a morbimortalidade e tempo de internação hospitalar.

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