Você está na página 1de 2

ciclo da borracha

O ciclo da borracha foi um ciclo econômico que aconteceu na região Norte do


Brasil entre as décadas de 1880 e 1910. Esse ciclo se caracterizou pela extração de látex
das seringueiras presentes na região amazônica para produção de borracha visando
atender às demandas do mercado internacional por essa mercadoria.

Com o ciclo da borracha, milhares de pessoas se mudaram para a região


amazônica, e cidades como Manaus e Belém cresceram rapidamente. Suas populações
aumentaram de tamanho, e a prosperidade trouxe grande infraestrutura para ambas as
cidades. O ciclo da borracha teve fim por causa da concorrência com a borracha
produzida na Ásia.

O que foi o ciclo da borracha?


O ciclo da borracha foi um dos ciclos econômicos da história brasileira, sendo que ele se deu
com base na exportação da borracha produzida no Brasil. Esse produto era produzido por meio
da extração do látex, obtido da seringueira, uma árvore encontrada em grande abundância na
região amazônica.

Esse ciclo foi o responsável por atrair milhares de trabalhadores para a região amazônica a fim
de trabalhar na extração do látex e contribuiu para fazer da borracha o segundo item mais
exportado do Brasil entre as décadas de 1880 e 1910. O desenvolvimento dessa atividade
econômica também promoveu grande desenvolvimento em grandes cidades do Norte,
principalmente Manaus e Belém.

Importância da borracha
A produção da borracha e o seu consumo em larga escala são resultado das mudanças causadas
pelo desenvolvimento tecnológico e industrial que aconteceu no final do século XIX.
A borracha se tornou um item fundamental na produção de inúmeras mercadorias, além
de ser um componente essencial dos carros e bicicletas, grandes novidades do final do século
XIX.

A importância cada vez maior da borracha fez com que inúmeros fabricantes dedicassem
esforços para desenvolver os melhores métodos de produção da borracha. O principal desafio
era fazer a borracha manter suas propriedades elásticas com as variações do clima, e isso foi
alcançado graças ao processo de vulcanização, desenvolvido por Charles Goodyear em 1844.

Com essa inovação, o consumo da borracha aumentou exponencialmente, e isso fomentou a


exploração do látex no Brasil para a produção da borracha. Entretanto, a atividade só se
acentuou consideravelmente no Norte do Brasil a partir da década de 1880.

Ciclo da borracha na Amazônia

A partir de 1880, o aumento do consumo da borracha no mercado internacional impulsionou a


produção dessa mercadoria no Brasil. A região amazônica era marcada pela grande
abundância de Hevea brasiliensis, a seringueira, árvore da qual é obtido o látex, a matéria-
prima da borracha. Com isso, milhares de pessoas foram atraídas para atuar na extração desse
insumo.
O historiador Boris Fausto afirma que só entre 1890 e 1900 a população da região amazônica
aumentou em cerca de 110 mil pessoas. A maioria dos indivíduos que foram para a região
trabalhar com o látex e com a borracha eram pessoas do Ceará. Acredita-se que esse grande
fluxo tenha sido causado pelas fortes secas que atingiram o Ceará no final do século XIX.

Essas pessoas eram transportadas para a Amazônia em condições bastante ruins, e os


trabalhadores nos seringais ficavam à mercê dos interesses de seus patrões. De qualquer forma,
o grande número de indivíduos que se mudaram para a região amazônica contribuiu para o
crescimento acelerado de muitas cidades.

Comunidades ribeirinhas se desenvolveram ou surgiram por conta da exploração dos seringais,


e grandes cidades, como Manaus e Belém, cresceram rapidamente. A cidade de Belém, por
exemplo, viu sua população aumentar de 50 mil para 96 mil de 1890 a 1900. Além do
crescimento populacional, Manaus e Belém presenciaram um grande desenvolvimento em
infraestrutura.

A prosperidade proporcionada pelo ciclo da borracha fez com que teatros, palácios, cinemas,
prédios e outras construções fossem realizadas em ambas as cidades. Além disso, elas passaram
a contar com energia elétrica, linhas de bondes elétricos, serviços de telefonia, água encanada,
sistema de esgoto, iluminação pública com energia elétrica etc.

Isso fez das duas cidades as mais avançadas em questão de infraestrutura do país no começo do
século XX. A prosperidade se justificava pelo fato de a borracha ser o segundo item mais
exportado do Brasil e pelo fato de o principal comprador da borracha brasileira ser a Inglaterra,
que pagava em libras esterlinas.

A importância do item pode ser medida pelas estatísticas, uma vez que entre 1898 e 1910,
25,7% das exportações brasileiras haviam sido de borracha. Esse é um número expressivo,
já que esse produto ficava atrás apenas do café, que representava 52,7% das exportações do
Brasil. Outro dado que evidencia o volume das exportações é o fato de que somente em 1910,
40 mil toneladas de borracha foram exportadas pelo Brasil.

Crise do ciclo da borracha


A partir de 1912, o ciclo da borracha no Brasil entrou em decadência. Isso se explica por conta
da concorrência internacional. Ingleses e holandeses conseguiram cultivar seringueiras em
suas colônias na Ásia e foram responsáveis por produzir borracha de boa qualidade com preços
muito melhores do que os oferecidos pelo Brasil.

Com isso, essa atividade econômica em território nacional entrou em decadência rapidamente.
Em 1915, a borracha produzida na Ásia já controlava 68% do mercado internacional. Com essa
decadência, a economia na região amazônica sentiu forte impacto e também entrou em declínio.
Isso porque não houve nenhum tipo de investimento na diversificação das atividades
econômicas na Amazônia, que ficou dependente do dinheiro oriundo da borracha.

Na década de 1940, houve um segundo ciclo da borracha, que foi incentivado pelo consumo
norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial, sobretudo quando o Japão tomou o
controle da produção do item na Ásia. Mas esse segundo ciclo perdeu força quando a guerra se
encerrou, em 1945.

Você também pode gostar