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Carga Térmica é o total de calor a ser removido do ambiente e dos produtos que serão refrigerados

(câmara), que é proveniente de:

1.1 – Carga de Transmissão (Q1).

É o calor que penetra na câmara pelas paredes, teto e piso.

Q1 = U. A (Te – Ti). 24h Kcal/24h


Q1 = Carga total
A = Área de troca de calor (m2)
U = Coeficiente global de transmissão de calor em (kaca/h. m². °C).
Te – Ti = Dt temperaturas externa e interna respectivamente (°C)

1.2 – Calor do produto (Q2).

(A) Calor removido no resfriamento


(B) Calor removido no resfriamento até a temperatura de início de congelamento.
(C) Calor removido no congelamento
(D) Calor removido na redução de temperatura entre o início de congelamento até o valor final
desejado.
Qa = m. C1. (t1 – t2)
Qb = m. C1. (t1 – t)
Qc = m L
Qd = m . C2. (t – tf)

Onde:
Q – Calor removido (kcal)
M – massa do produto (Kg)
C1 – Calor específico
T1 – Temperatura inicial do produto
T2 – Temperatura a que se que levar o produto no resfriamento (°C)
T – Temperatura de início do congelamento do produto ((°C)
L – Calor latente para congelamento do produto (Kcal/Kg)
C2 – calor específico do produto abaixo do ponto de congelamento (Kcal/Kg.°C)
Tf – temperatura final a que se quer levar o produto no congelamento.
1.3 – Cargas de Infiltração (Troca de Ar) (Q4)

É o calor que entra na câmara proveniente da abertura de portas e outras aberturas.

Q4 = n. V. Dt (Kcal/24h)

N = Numero de trocas de ar por 24h, dependendo do tamanho da câmara.


V = Volume da câmara (m³)
Dt = Ganho de energia por m³ de câmara dependendo das temperaturas e umidades relativas internas
e externas (Kcal.m³)

1.4 – Carga por embalagens:

Fórmula:

Q = m x Cpe x Dt em Kcal/h

Onde:
M = massa da embalagem (Kg)
Cpe = calor específico do material da embalagem (Kcal/Kg.°C)
Dt = Diferença das temperaturas externa e interna (°C)

OBS: Se a quantidade estimada de material utilizado na embalagem do produto não atingir 10% do
peso bruto que entra na câmara, não é necessário o cálculo devido à embalagem. Isso se o
congelamento não for rápido.

Normalmente esta carga térmica adicional é acrescentada quando os produtos a serem resfriados /
congelados são, por exemplo: leite, cerveja, ou outros produtos engarrafados / embalados e caixas.

Para ajudar alguns tipos mais comuns de embalagens.

Tipo de embalagem Calor específico (Kcal/h/Kg.°C)

Alumínio 0,2
Vidro 0,2

Aço 0,1

Madeira 0,6

Papelão/Cartão 0,35

Caixas plásticas 0,4

1.5 – Carga por pessoas (Q6).

Q6 = N. T. g (Kcal/24h)
N = numero de pessoas
T = tempo de permanência no interior da câmara.
G = Kcal/h pelo tipo de permanência de pessoas

1.6 – Carga de Iluminação Q7.

Q7 = P. A. 0,86. Nh (Kcal/24, Q=P x 860(kcal/h) x tempo de iluminação.


Pode-se utilizar 250 Kcal/h para cada 100m².

1.7 – Carga por motores Q8.

Q8 = n. 632,41. nh (Kcal/24h

N = Potência dos motores (CV).

Nh = Número de horas dos motores ligados por dia na câmara.

1.8 – Carga térmica total QT.


É a soma de todas as cargas parciais.

QT = somatória Q1 à (Kcal/24h) ou Qt = Q / X (Kcal/h), onde X pode variar de 16 a 22.

Para simplificar o cálculo e planificação das cargas térmicas, a Heatcraft do Brasil LTDA
disponibiliza um Software (SR2005 e 2011) para auxiliar este trabalho. Todos os dados e tabelas
necessários para o cálculo de carga térmica de câmaras estão nesse Software.

Recomendamos que ele seja utilizado como referência da carga térmica em refrigeração comercial e
conservação de produtos frigorificados e perecíveis.

2 – NOÇÕES DE VAZÃO DE AR EM CÂMARAS FRIGORÍFICAS

2.1 – Importância do número de trocas de ar no cálculo de carga térmica e na seleção dos


equipamentos.

2.2 – Após determinarmos a carga térmica, devemos proceder ao selecionamento dos equipamentos
corretos para o sistema, tendo como referência o tipo de trabalho e operação da câmara.

Dados a serem levados em consideração para especificar os equipamentos:


2.1.1 – Balanceamento dos equipamentos
2.1.2 – Diferencial de temperatura (Dt)
2.1.3 – Controle de capacidade e segurança do sistema
2.1.4 – Tipo de operação e fluxo de ar.
2.1.5 – Característica dos produtos a ser refrigerados.
Diferença de temperatura recomendado (Dt) para câmaras e classes de produtos (evaporadores de ar
forçado).

Classe Dt U. R. Aprox. Classes dos produtos

Armazenamento de vegetais, produtos agrícolas, flores, gelo


1 4°C a 5°C 90%
câmaras para resfriamento.

2 6°C a 7°C 80, 85% Armazenamento frigorificado em geral e refrigeração, alime


frutas e produtos similares, produtos que requerem menores

que os produtos da classe 1.

Cerveja, vinho, produtos farmacêuticos, batatas, cebolas, f


3 7°C a 9°C 65, 80%
melão. Produtos embalados. Estes produtos requerem U.R. m

Sala de preparo e processo, corte, armazém de cerveja, doce


4 9°C a 12°C 50, 65%
estas aplicações necessitam de baixa umidade relativa e não

3 – NÚMERO DE TROCAS DE AR NECESSÁRIAS PARA CADA APLICAÇÃO.

3.1 – Para evaporadores de câmaras de armazenamento e conservação de produtos em geral e as de


conservação de congelados, não há um critério para a velocidade e a quantidade exata de trocas de ar
dentro da câmara, o total de ar sugerido seria de 40 a 80 trocas/h.
Para fazer este cálculo, utiliza-se a seguinte formula.

Trocas de ar = vazão em m³/h /volume interno da câmara.

A vazão inclui todos os evaporadores em funcionamento na câmara.


A equação descarta a movimentação de ar que é induzido pela descarga de ar do evaporador, ou seja,
o maior volume da câmara só é usado se o produto e o equipamento ocupam mais de 10% do
volume. Aplicações especiais tais como câmaras de corte e câmaras de maturação de banana têm
limites desejados mostrados na tabela abaixo.

A tabela mostra as quantidades mínimas e máximas de trocas de ar.

Tipo de aplicação Número de trocas de ar recomendada Número de trocas de ar rec

Mínimo Máximo

Conservação de congelados 40 80
Conservação de resfriados 40 80

Câmaras de corte 20 30

Câmara de resfriamento de carne 80 120

Maturação de banana 120 200

Armazenamento de frutas e vegetais 30 60

Túneis de congelamento rápido 150 300

Salas de processo 20 30

Armazenamento de carne sem empacotar 30 60

Para uma correta conservação dos produtos no interior da câmara, todos os dados observados acima
devem ser considerados e também a capacidade útil da câmara para cada tipo de trabalho, produtos
congelados e resfriados. Para cada tipo de produto, temos uma densidade para utilização por m³,
(Ver tabela). Para um bom acondicionamento de produtos no interior da câmara sugerimos a
utilização de 70% do espaço útil da câmara frigorífica.
O volume de ar a ser movimentado em função da carga térmica pode ser verificado com a seguinte
fórmula.

Q = V. d . c. (Dt).
Q – Carga térmica a ser retirada.

V – Volume do ar a ser deslocado.


D – Densidade do ar.

C – Calor específico do ar.

Dt – Diferença de temperatura entre o Ar de entrada e saída no evaporador.

Um maior (Dt) para uma mesma carga térmica tem-se menor volume de ar circulado. No entanto, a
este (Dt) maior corresponde um menor fator de calor sensível e, portanto, maior possibilidade de
perda de peso dos produtos a ser refrigerados. De forma contrária, um grande volume de ar através
do evaporador com adequada superfície de troca de calor será favorável para uma alta umidade e
menor perda de peso dos produtos a ser refrigerados.

EXEMPLO RESUMIDO DE CÁLCULO DE CARGA TÉRMICA DE UMA CÂMARA.

DADOS:
– Temperatura externa: 35°C
– Temperatura interna: -18°C
– Unidade relativa: 60%
– Dimensões internas: 3m x 4m x 2,5m
– Tensão disponível; 220 v, 3F
– Material do isolamento da Câmara: painel pré-fabricado de EPS 200 mm
– Produto: peixe fresco já congelado
– Embalagem: sim
– Movimentação diária: 3.000kg/24
– Ocupação total estática: 7.500kg
– Presença de calor e fonte de calor: sim
– Temperatura de entrada do produto: -8°C
– Número de pessoas: 2 pessoas permanecendo 3 horas

CÁLCULOS

Transmissão de calor: Parede, teto e piso:


Dt = (temp. externa – Temp. interna), (35°C –(-18)) = 53°C
Dt = 53°C

– Piso: (larg.) x (comp.) x (fator tabela 1)


4m x 3m x 190 = 2.280 kcal/24h
– Parede: (larg.) x (alt.) x (fator tabela 1) x 2
– 4m x 2,5m x 190 x 2 = 3.800Kcal/24h

– Parede: (comp.) x (alt.) x (fator tabela 1) x 2


– 3m x 2,5m x 190 x2 = 2.850 kcal/24h

– Teto: (larg.) x (comp.) x (fator tabela 1)


– 4m x 3m 190 = 2.280 kcal/24h

– Soma total das cargas disponíveis = 11.210 kcal/24h

INFILTRAÇÃO DE AR

– Volume: (larg.) x (comp.) x (alt.) x (fator tabela 2b) x (fator tabela 3)


– 4m x 3m 2,5m 13 x 35,3 = 13.767kcal/24h

CARGA TÉRMICA DIÁRIA = Soma disponíveis + troca de Ar


– 11.210kcal/24h + 13.767 kcal/24h = 24.997 kcal/24h

CARGA TÉRMICA DO PRODUTO (Temperatura conservação = -18°C)

– (Movimentação diária) x (Redução de temp.) x (calor esp. AB – Tab. 4C, col. 4)


3.000 kg/24h x 10°C x 0,45 kcal/kg°C = 13.500 kcal/24h

CALOR DE OCUPAÇÃO (Pessoas)

– (Nº de pessoas x fator tabela 5) x (horas reais permanência)


2 x 238 kcal/h x 3 = 2.028 kcal/24h

ILUMINAÇÃO (10 watts/m²)


– (larg.) x (comp.) x (10) x (horas reais ) x (fator de conversão)
3 x 4 x 10 x 3 x 0,86 = 309,6 kcal/24h

DIMENSIONAMENTO
Carga total diária =∑ de todas as cargas térmicas:
Total diária = 40.814,6kcal/24h
Total diária: 16h = 2.551 kcal/h
Fator de segurança (10%) = 255 kcal/h
Carga térmica total final = 2.806 kcal/h

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