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OBJETIVOS DOS CURRÍCULOS

Ou seja, estes currículos têm como principais objetivos fornecer meios e conhecimento
que façam com que o estudante realize um exercício de compreensão da realidade à qual está
inserido partindo de um ponto de vista mais racional e crítico. Porém, apesar de possuírem
estes objetivos, ambas as propostas curriculares possuem controvérsias e outras semelhanças.
As principais as quais vou buscar apresentar, já que o tempo é curto, são as questões de
sujeitos que estão (ou não) inseridos, a narrativa que se busca construir (ou perpetuar) e as
questões identitárias.

A BNCC

O texto da disciplina de História só viria a ser publicada duas semanas depois da


publicação oficial da proposta curricular.

A proposta principal deste currículo é tido no maior cumprimento da lei 11.645/08,


que dava destaque a outras matrizes identitárias que trespassavam a já consolidada narrativa-
mestra linear e eurocêntrica. Essa lei colocava a obrigatoriedade do ensino da História da
cultura afro-brasileiro e indígena.

Estes manifestos vieram por parte de historiadores que criticavam o documento, que,
querendo ou não, tinha como objetivo o rompimento com um código disciplinar centenário
que já não correspondia às demandas da sociedade brasileira. Este último ponto foi tema
central para as discussões acerca da BNCC, visto que vários historiadores pertencentes a
cátedras tradicionalistas lançaram seus próprios artigos, os quais criticavam fortemente a
construção da disciplina de História e o que ela se propunha a ensinar, por “deixar de lado” as
tradicionais repartições, tais como História Medieval, História Antiga e História Moderna,
provenientes do modelo quadripartite francês e já embasadas nos currículos tradicionais.
PARAFRASEAR GERLADO MAGELLA MENEZES NETO E COMENTAR SOBRE O MOMENTO
POLÍTICO VIVIDO NA ÉPOCA.

COMPREENDENDO A BNCC

Esse currículo dito tradicional é organizado através de uma cronologia conhecida como
“história integrada”. Nessa organização, uma história que abarca “toda a história da civilização”
tem maior espaço enquanto a História do Brasil, dos povos africanos e da américa latina
ocupavam menor espaço. A decisão de enfatizar pontos centrais da História do Brasil como
partes cruciais da formação identitária enfrenta, diretamente, o eurocentrismo e uma história
predominantemente europeia que excluía as “periferias coloniais”. PARAFRASEAR JEAN
CARLOS MORENO E MARIA APARECIDA DA SILVA CABRAL.

Para a Historiadora Maria Aparecida da Silva Cabral, a questão principal é a de qual


conceito de identidade pretende ser abordado por parte da população e não deixa de criticar o
fato de uma tentativa de construir uma identidade nacional, que aborda suas origens e raízes,
ter sido tão rechaçada em um país que, dentro dos currículos, tem sua própria História
caracterizada como “uma história paralela ao expansionismo europeu”.

OS LINEAMIENTOS CURRICULARES

Na Colômbia, assim como no Brasil, o ensino de História é alvo de intensa disputa. Seja
para manutenção de uma hegemonia previamente imposta ou pela problematização e
rompimento com a mesma.
Como afirma Nilson Javier Ibagón, estes currículos passados produziam e valorizavam
uma narrativa que “deixava de lado” a pluriculturalidade como processo de formação
identitário, apesar das diversas tentativas passadas de reverter esse cenário, como a reforma
curricular dos anos 70 e a Lei General de Educación sancionada em 1994.

AS CONTROVÉRSIAS DOS LCCS

Como afirma Ibagón, apesar da proposta apresentar um caráter interdisciplinar e


buscar abarcar sujeitos caracterizados como o “outro” dentro de um contexto narrativo
eurocêntrico vigente, esta falha em certos pontos quando se trata, por exemplo, do ensino das
matrizes socioculturais africanas. ENTRE AUSENCIAS Y PRESENCIAS AUSENTES. Esta identidade
nacional é formada com base na construção de um “nacionalismo”, que conta com as histórias
de “grandes heróis” e grandes acontecimentos”, como a colonização por parte dos espanhóis.

Dessa forma, mesmo com o objetivo de promover a multiculturalização, sujeitos como


negros, nativos e suas trajetórias ainda são ensinados a partir do marco cronológico da
chegada dos espanhóis e da escravidão.

Apesar de todos os esforços, o tema “afro” ainda se encontrava de forma abstrata e


generalizada, além de contemplar apenas as grades do quarto e sétimo ano (9 e 12 anos,
aproximadamente)

CONCLUINDO...

Ao propor promover uma interdisciplinaridade e uma multiculturalidade do ensino de


História, entende-se que haverá maior integração das demandas do presente e de sujeitos
caracterizados como “outros”.

Além das questões disciplinares, existem questões de tempo em sala de aula. A grade
temática do 9° ano da BNCC, por exemplo, apresenta uma quantidade de temáticas e assuntos
a serem abordados que não se encaixam ao tempo dado aos professores, que desfrutam de
duas ou três aulas semanais com cinquenta minutos cada. Nos LCCS há uma série de perguntas
problematizadoras capazes de gerar debate e de aflorar o criticismo nos alunos que são
deixadas de lado por conta do tempo, pois também desfrutam de apenas duas aulas semanais,
cada uma com uma hora de duração.

Entende-se, desta forma, que a História explicitada tem um ponto de vista: o europeu.
Esse ponto de vista perpetua uma tradição curricular que insere sujeitos como negros,
mulheres e as questões de gênero de forma sucinta e partindo de um marco cronológico ao
qual teve um papel subalterno, como, por exemplo, a escravidão.

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