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FAI – FACULDADE IRECE

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA


DOCENTE: MAXUEL SILVA
DISCETE: LIDIANE O. MACIEL DOURADO

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA – ANESTESIOLOGIA VETERINARIA

RELATO DE CASO

Paciente, felino, macho, sem raça definida, 3 anos de idade, pesando 2.800 kg, denominado
Zoinho, foi levado a Clínica Veterinária da FAI, no dia 15 de setembro de 2023, às 09 horas
para realização de dois procedimentos cirúrgicos: enucleação e orquiectomia. Segundo o
tutor, o animal apresentava alterações oculares desde filhote, fazendo uso de diversos colírios,
não sabendo explicar quais medicações foram utilizadas em tratamentos anteriores.

Na ficha do paciente, havia um registro de suspeita de


diagnóstico de Glaucoma congênito, que é uma afecção
ocular progressiva que causa morte das fibras de mielina do
nervo óptico e perda da visão. Acomete inúmeras espécies,
sendo a principal causa de cegueira em animais pets (SILVA,
2017). Quando congênito, o glaucoma ocorre no
nascimento ou logo nas primeiras semanas a meses de vida,
sendo causado geralmente por defeitos genéticos que
alteram o desenvolvimento anormal da câmara anterior, o
que acaba afetando as vias de drenagem do Humor Aquoso,
elevando a pressão intraocular. Normalmente este aumento
de pressão intraocular causa buftalmia severa (malformação
congénita caracterizada por uma distensão do globo ocular),
como no caso aqui analisado.

No exame físico, a frequência cardíaca (FC) encontrava-se em 146 batimentos por minuto
(bpm), a frequência respiratória (FR) em 32 movimentos respiratórios por minuto, a
temperatura retal em 37,5°C. O tempo de preenchimento capilar (TPC) 02 segundos, as
mucosas apresentavam-se róseas e brilhantes. O animal era dócil. Em consulta prévia, também
realizada na CMEV-FAI (27/04/2023), foi diagnosticada uma úlcera de córnea no olho direito,
sendo inserido o tratamento paliativo, afim de proporcionar conforto; as medicações utilizadas
foram: dipirona, maxicam, tobex (colírio) e hyabak (colírio). Além da inserção do tratamento
foi, coletada amostra sanguínea para realização de exames pré-operatórios e também FIV e
FELV. Ao avaliar os exames pré-operatórios não foi detectada nenhuma alteração, significativa,
testagens negativas para FIV, FELV, Toxoplasmose e Herpes Virus. Diante da avaliação,
classificou-se o risco anestésico em ASA II.

O internamento aconteceu por volta das 08h40min da manhã. Logo após a avaliação
pré-anestésica, foi estabelecido o protocolo anestésico, determinando as medicações e doses a
serem utilizadas durante o procedimento.
Medicação pré-anestésica:

FARMACOS DOSE VOLUME ADMINSTRADO VIA


 Metadona 10 mg/ml 0,2mg/kg 0,056 ml IM
 Cetamina 10g/100ml 2mg/kg 0,056 ml IM
 Dexmedetomidina 0,5mg/ml 0,01mg/kg 0,056 ml IM

Indução e Manutenção

FARMACOS DOSE VOLUME ADMINSTRADO VIA


 Propofol 0,02mg/kg 1,3ml IV/BOLOS
 Isoflurano - - INALATÓRIO

Bloqueios

FARMACOS DOSE VOLUME ADMINSTRADO VIA


 Lidocaína 2% sem vaso Retro bulbar
 Lidocaína 2% sem vaso Intratesticular
 Lidocaína 2% sem vaso Aspersão/traqueia

Pós Opertório

FARMACOS DOSE VOLUME ADMINSTRADO VIA


 Amoxicilina 15g/100ml 20mg/kg 0,04 ml IM
 Meloxicam 0,2% 0,1mg/kg 0,1 ml IM
 Metadona 10 mg/ml 0,2mg/kg 0,5 ml IM

O animal foi levado para a sala pré-operatória, onde foi


administrada as medicações pré-anestésicas. A dosagem
da medicação pré-anestésica utilizada foi 0,6 ml
dexmedetomidina (alfa 2 adrenérgico de grande potencial
anestésico e analgésico, associado a opioide para
aumentar a analgesia); 0,6 ml de metadona (opioide com
pouca ação de vomito, quando associado ao um alfa 2
adrenérgico aumenta o efeito de sedação); e 0,6 ml de
Cetamina, associados em uma mesma seringa. Cerca de 02
a 03 minutos após a administração dos medicamentos de
MPA, o gato apresentou vômito, o que esperado pelo uso
da dexmedetomidina.

O animal começou a apresentar leves sinais de sedação 10


minutos após a MPA. Iniciou-se a tricotomia da região
inguinal, e retro orbital, acesso venoso e fluídoterapia,
seguido para o centro cirúrgico, para a realização dos
procedimentos; foi canulado pelo Professor Maxuel, o qual
aspergiu sobre a traqueia um pouco de lidocaína antes da
passagem da sonda.

O mesmo manteve-se em fluídoterapia com taxa de


gotejamento de 64gotas por minuto. A indução anestésica
foi iniciada, com a administração de Propofol em bolos
lentamente. Após ser induzido, o animal foi intubado e conectado ao oxigênio, logo após foi
iniciada a anestesia inalatória com o isoflurano. Às 09 h e 02 min o plano anestésico já estava
adequadamente estabelecido (globo ocular rotacionado, sem reflexo palpebral, midríase,
sem tônus mandibular ou reflexo de deglutição), a frequência cardíaca estava em 110
batimentos por minuto e a frequência respiratória em 28 respirações por minuto.

Foi realizado um bloqueio retrobulbar com a lidocaína a 2% sem vasoconstritor, utilizando o


cateter com a agulha adaptada em um ângulo que facilitou a introdução do anestésico local,
logo após a Professora Bianca, iniciou o processo de enucleação de ambos os olhos do gato, o
bloqueio foi feito para impedir quaisquer reflexos dolorosos. A dosagem de propofol foi
mantida durante todo o procedimento, sendo administrada lentamente conforme a
necessidade. Em tempo, alunas do 10 semestre de medicina veterinária iniciaram o processo
cirúrgico de orquiectomia, sob supervisão da professora Bianca. Antes de iniciar o
procedimento, foi realizada a assepsia local e bloqueio intratesticular com Lidocaína a 2% sem
vasoconstrictor. Os procedimentos terminaram simultaneamente, então a anestesia inalatória
foi suspendida, e os sinais de superficialização voltaram a surgir (globo ocular centralizado
reflexo palpebral). Quando os primeiros reflexos de deglutição surgiram, extubou-se o animal,
que apresentou sinais de agitação intensa no pós-operatório sendo necessário a utilização da
ioimbina para reverter efeitos da dexmedetomidina. Com a excitação houve um pequeno
sangramento nos testículos, que logo foi controlado. Ademais, o gato seguiu para sala de
recuperação onde ficou sendo monitorado até sua recuperação.

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