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ATUALIDADES

Atualidades Mundo

Livro Eletrônico
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Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra
Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes

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do Gran Cursos Online. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer
outra forma de uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o
transgressor às penalidades previstas civil e criminalmente.

CÓDIGO:
230511128800

LUIS FELIPE ZIRIBA

Formado em Geografia pela Universidade de Brasília, leciona desde 2001 em cursos


e plataformas variadas pelo Distrito Federal, tendo começado em pré-vestibulares,
seguindo para preparatórios para o concurso de admissão à carreira diplomática,
escolas de ingresso na carreira militar (ESPCEX) além de lecionar para os mais
concorridos concurso do Brasil, tais quais Câmara dos Deputados, Senado Federal,
BC, PF, PCDF, entre outros, promovendo nestes últimos, principalmente, aulas na
frente de Atualidades e de Realidade do DF

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Atualidades
Atualidades Mundo
Luis Felipe Ziriba

SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Atualidades Mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1. A População Mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1. População Global: Aspectos Globais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2. População Global: Pontos Importantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2. Atualidades da América Latina e dos EUA (+ Coreia Do Norte) . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.1. A América Latina: Conceito Cultural e Geográfico e um pouco de História. 13
2.2. A Esquerdização na América Latina na Década de 2000 e o Atual Momento
Político – e suas Diferenças (2022/2023) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3. Atualidades e a Diáspora na América Latina e, em especial, na América
Central. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4. Unasul x Prosul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.5. O Mercosul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6. A Venezuela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.7. Os Estados Unidos Hoje. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3. Atualidades da Europa, do Oriente Médio, da Rússia e da China. . . . . . . . . . . . . . 63
3.1. A Europa, a União Europeia e seus Contextos Atuais Mais Importantes. . . . 63
3.2. A Guerra na Síria e o Contexto Geopolítico no Oriente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.3. Rússia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.4. China. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
4. Atualidades Relacionadas a Temas Globais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.1. Tecnologia Entretenimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.2. O Aquecimento Global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
4.3. A Questão do Ártico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
5. A ONU e os Gs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
5.1. A ONU. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
5.2. Os Gs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168

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Luis Felipe Ziriba

APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a), é um prazer imenso estar junto a você nesta etapa de preparação rumo
à conquista de algo tão importante na vida: a estabilidade profissional no serviço público.
Peço licença para me apresentar. Meu nome é Luís Felipe Ziriba. Sou formado em
Geografia pela Universidade de Brasília (2004). Sou também, desde 2007, servidor do INCRA
– SEDE, efetivado no cargo de Analista em Desenvolvimento e Reforma Agrária. Ministro
aulas para concursos desde 2001. Comecei a lecionar aos 20 anos de idade em cursos pré-
vestibulares, tendo seguido para concursos de admissão à carreira militar, como EsPcex, EsA,
entre outros, nas disciplinas Geografia Geral e do Brasil. Lecionei as mesmas disciplinas em
preparatórios para cursos de admissão à carreira diplomática – o Instituto Rio Branco. Aí, no
início da década passada (iniciada em 2010), parti rumo ao desafio de lecionar Atualidades
do Brasil e Mundo, e, também, Realidade/Atualidades do Distrito Federal.
Assim, entre tantas matérias diferentes e interessantes, lá se vão mais de 20 anos
preparando alunos nos melhores cursos do Distrito Federal, ministrando conteúdos de
Geografia (Brasil, Geral e Mundo), Atualidades (Brasil e Mundo) e Realidade do DF para os
mais concorridos concursos do Brasil.
Bom, credenciais postas, agradeço a atenção, mas vamos ao que realmente importa,
e obrigado pela atenção!! Saiba que o tempo urge! E assim, com vistas a auxiliá-lo(a) na
preparação para concursos em Atualidades do Mundo, eu dividi o nosso material em SEIS
partes, ok? Então, vamos a elas:
• A POPULAÇÃO MUNDIAL;
• ATUALIDADES DA AMÉRICA LATINA E DOS EUA (+ COREIA DO NORTE);
• ATUALIDADES DA EUROPA, ORIENTE MÉDIO, RÚSSIA E CHINA;
• ATUALIDADES RELACIONADAS A TEMAS GLOBAIS: TECNOLOGIA, ENTRETENIMENTO,
MEIO AMBIENTE, entre outros;
• A ONU e os Gs.
• TEXTOS COMPLEMENTARES COVID 2022/ 2023
Destaco, por fim, caro(a) aluno(a), ser extremamente necessário que realize a leitura
integral dos temas abaixo – e seus respectivos textos complementares, mesmo que haja
em editais recortes balizando períodos específicos, tal como pode (e costuma) acontecer.
Tenha em mente, caro(a) aluno(a), que apenas promovendo a leitura retórica e integral
acerca dos temas, isso desde seu início até o fim, é que se tornará possível ocorrer a
clarificação dos contextos mais recentes de atualidades. E juro, não há como fugir disso!
Pode confiar, ok? A disciplina de Atualidades não está restrita, simplesmente, a uma coleta
de notícias com base no(s) recorte(s) estipulado(s) pelos editais. Em Atualidades, existem
contextos que devem ser percebidos enquanto seus espaços geográficos, agentes, ocasiões
e, sobretudo, antecedentes. Entender isso é a base para que se possa alcançar o melhor
nível de conhecimento pedidos pelas bancas em concursos.

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Então, visto isto, que tal começar? Peço, por favor, caro(a) aluno(a), que resolva também,
após a leitura integral desse material, o nosso caderno de exercícios, apresentado com
vistas à fixação de conteúdo e acréscimo didático. Por fim, avalie meu curso em nossa
plataforma. Obrigado!

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ATUALIDADES MUNDO
Obs.: aula atualizada em maio de 2023.

1. A POPULAÇÃO MUNDIAL
1.1. POPULAÇÃO GLOBAL: ASPECTOS GLOBAIS
Pirâmide Etária Global em 2020:

Em 2022, a população global atingiu os 8 bilhões de habitantes. Prevê-se que, por


muito tempo, esse número continuará a aumentar. As previsões para 2030 são de 8,5
bilhões (aumento de 10%); 9,7 milhões em 2050; e 10,9 milhões em 2100!!!
Maiores países (2021):
• China: 1.434.688.986;
• Índia: 1.366.834.042;
• Estados Unidos: 329.256.465;
• Indonésia: 271.787.403;
• Paquistão: 217.444.892;
• Brasil: 211.862.518;
• Nigéria: 195.300.340;
• Bangladesh: 159.453.001;
• Rússia: 142.122.776;
• Japão: 126.168.156.

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Veja a seguir a dança das cadeiras dos contingentes populacionais globais, com dados
da ONU e intervalos de 1990 a 2100:

1.2. POPULAÇÃO GLOBAL: PONTOS IMPORTANTES

A ultrapassagem da Índia como maior demografia global: a Índia, em 2023, se torna a


maior demografia Global ao ultrapassar a população da China.

O bônus demográfico: em alguns países em desenvolvimento, o alto crescimento


populacional em décadas anteriores promove agora oportunidades econômicas, à medida
que essas nações (o Brasil incluso) possuem, de fato, grande contingente de adultos – ou
seja, de força de trabalho ou PEA (População Economicamente Ativa). Sendo assim, é dever
dos governos locais saberem como promover a seu favor esse tal “bônus demográfico”, com
vistas a canalizar tal abundância de mão de obra na produção de valor econômico, através
da consolidação de políticas de ofertas de empregos.
O Brasil é um dos países com maior quantidade PROPORCIONAL DE ADULTOS no mundo
atualmente, com quase 60% de PEA.

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As taxas de fecundidade: a taxa de fecundidade – ou seja, o número médio de filhos por


mulher em idade reprodutiva – é um indicador que revela bastante sobre a fase demográfica
em que determinada sociedade se encontra. Globalmente, as mulheres vêm tendo menos
bebês, mas as taxas de fecundidade (o número médio de filhos por mulher em idade
reprodutiva) ainda permanecem elevadas em algumas partes do globo. Hoje, cerca de
metade da população global reside em áreas onde a taxa de fecundidade é menor que 2
filhos por mulher (taxa do tipo não repositiva), incluindo o Brasil. A maior média de filhos
por mulher no Planeta ocorre na África Subsaariana, com 4,6. Em Níger, este indicador
chega a 7 filhos por mulher, em média.

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Em termos globais, a fecundidade caiu de 3,2 filhos por mulher em média, em 1990, para 2,5, em 2019.

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A expectativa de vida: a expectativa de vida no mundo subiu de 64,2 anos, em 1990, para 72,6 anos, em 2019.

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Envelhecimento populacional: a população mundial está envelhecendo, sendo que


o grupo etário que mais cresce no Planeta é de pessoas acima de 65 anos. Atualmente, 9%
da população global possui mais de 65 (em média parecida com a brasileira), sendo que em
2050, essa taxa será de 16%. Na Europa, este indicador deve estar, em 2050, em alguns
países (e também no Japão), na casa dos 35%-40%.
A depressão populacional: um número crescente de países experimenta uma redução
no tamanho da população. Desde 2010, 27 países ou áreas sofreram uma redução de 1%
na dimensão das suas populações. Isso é causado por baixos níveis de fertilidade e, em
alguns lugares, altas taxas de emigração.
Entre 2019 e 2050, projeta-se que as populações diminuam em 1%, ou mais, em 55
países, dos quais até 26 podem perceber uma redução de pelo menos 10% até lá.
Na China, por exemplo, prevê-se que a população diminua em 31,4 milhões, ou 2,2%,
em 30 anos, entre 2020 e 2050.
O contexto migratório: entre 2010 e 2020, 14 países ou áreas terão uma entrada
líquida de mais de 1 milhão de migrantes, ao passo que dez países terão uma saída líquida
de migrantes de dimensões similares. Algumas das maiores saídas de migrantes são
impulsionadas pela demanda por trabalhadores migrantes (Bangladesh, Nepal e Filipinas)
ou por violência, insegurança e conflito armado (Mianmar, Síria e Venezuela). Belarus,
Estônia, Alemanha, Hungria, Itália, Japão e Sérvia terão uma entrada líquida de migrantes
ao longo da década – o que ajudará a compensar perdas populacionais causadas por um
excesso de mortes em relação aos (poucos) nascimentos. Esperava-se o mesmo para Ucrânia
e Rússia, dois países deprimidos demograficamente, porém com o contexto de guerra por
tempo indefinido fica claro que essa entrada de imigrantes não ocorrerá e que esses países
continuarão com indicadores populacionais em depressão.

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Expectativas de crescimento populacional 2020-2025:

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2. ATUALIDADES DA AMÉRICA LATINA E DOS EUA (+ COREIA


DO NORTE)

2.1. A AMÉRICA LATINA: CONCEITO CULTURAL E GEOGRÁFICO E UM POUCO


DE HISTÓRIA

O conceito (termo) América Latina atende a um viés cultural que se encontra


relacionado aos países que possuem línguas latinas (no caso, português, castelhano e
francês) como sendo línguas oficiais.
A região em tela engloba 20 países (em azul no mapa acima): Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Haiti, Honduras,
México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Vale destacar que no subcontinente da América do Sul não constam dentro desta divisão
dois países: o Suriname e a Guiana.

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No caso do subcontinente da América do Norte – Estados Unidos, Canadá e México –,


apenas o México pode ser considerado como sendo um país latino-americano.

Obs.: Não é necessário decorar o nome de todos os países da América Latina, mas é
fundamental que entendamos o contexto linguístico-cultural de tais países dentro
desta importante esfera de regionalização.
Considera-se que o termo “América Latina” foi utilizado pela primeira vez no ano de 1856
pelo filósofo chileno Francisco Biloba e, no mesmo ano, também pelo escritor colombiano
José María Torres Caicedo, sendo expressão aproveitada pelo imperador francês Napoleão
III durante sua invasão francesa no México como forma de incluir a França – e excluir,
assim, os anglo-saxões – entre os países com influência na América, citando também a
Indochina como área de expansão da França na segunda metade do século XIX. Devemos
também observar que, na mesma época, foi criado o conceito de “Europa Latina”, que
englobaria as regiões de predomínio de línguas românicas. Michel Chevalier, político e
economista liberal francês que mencionou o termo “América Latina” em 1836, durante uma
missão diplomática feita aos Estados Unidos e ao México, o fez com o mesmo objetivo de
Napoleão III – ou seja, atrair para o seio da França os países em descolonização na América.

2.2. A ESQUERDIZAÇÃO NA AMÉRICA LATINA NA DÉCADA DE 2000 E O ATUAL


MOMENTO POLÍTICO – E SUAS DIFERENÇAS (2022/2023)
Um processo político de extrema relevância observado na América Latina, acompanhe
aqui comigo essa história caro(a) aluno(a), possui relação à entrada no poder de uma série
de governos de esquerda ao longo da década de 2000 (2001-2010), em muitos países da
América do Sul. Foi um período de apogeu na ascensão de governos de esquerda, todos
eleitos democraticamente, tendo seu início em 1999, na Venezuela, quando Hugo
Chávez toma posse ao ser eleito, no ano anterior e, pela primeira vez, declara que seu
país, a partir de então, tornar-se-ia uma “República Bolivariana”, ao implementar o
“Socialismo do Séc. XXI”.

2.2.1. BOLIVARIANISMO, O FORO DE SÃO PAULO + ONDA ROSA EM DOIS TEMPOS


A mesma retórica “bolivariana” de Chávez fora também utilizada pelos presidentes
Rafael Correa, do Equador (a frente do governo local entre 2007-2017), e Evo Morales,
da Bolívia (presidente eleito 3 vezes e com mandatos entre 2005-2017). Todos, bem
verdade, inspirados por Cuba – uma República socialista desde 1959 comandada, até
bem recentemente, pelos ditadores Fidel Castro e seu irmão Raul Castro. Sobre Cuba,
vale o destaque, o país, em 2018, passou o bastão da presidência, de forma autocrática,
ao engenheiro Miguel Canel, após 60 anos sob o comando dos irmãos Castro.

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O BOLIVARISMO prega um novo socialismo, adequado à realidade da América Latina.


Denominado por Hugo Chavez como sendo o “socialismo do Séc. XXI”. Prega a promoção da
educação pública gratuita e obrigatória e o repúdio à intromissão estrangeira nas nações
americanas e à dominação econômica europeia. Propõe, principalmente, a união dos países
latino-americanos.

O bolivarianismo, como ideologia, une o republicanismo cívico-humanista. É, na verdade,


uma fusão de setores de esquerda e o socialismo que busca uma roupagem mais moderna
ao se autointitular como sendo o Socialismo do Séc. XXI.
Mas sigamos. Eis que em outros países, por vias democráticas, governos de esquerda
assumiram ao poder ao longo da década de 2000. Muitos destes países, como o Uruguai e, de
certa forma também o Brasil, tiveram governos de esquerda menos radicais que a Venezuela
e a Bolívia. Estes dois, Brasil e Uruguai, como exemplo, mesmo não sendo bolivaristas raízes,
estiveram junto a todos os países da Onda Rosa e também dentro do Foro de São Paulo.

O FORO DE SÃO PAULO


O Foro de São Paulo é uma associação de países que visa, originalmente, promover
discussões acerca dos rumos da América Latina, com vistas a:
• avançar com propostas de unidade de ação consensuais na luta anti-imperialista e
popular;
• promover também intercâmbios especializados em torno dos problemas econômicos,
políticos, sociais e culturais;
• “[…] em contraposição com a proposta de integração sob o domínio imperialista,
[definir] as bases de um novo conceito de unidade e integração continental”.
Nos encontros anuais do Foro, encontros sub-regionais e setoriais, sedimentaram-se
as plataformas antineoliberais que se tornaram a base dos programas táticos e eleitorais
vitoriosos dos partidos de esquerda e coalizões progressistas, dando condições ao Foro
de São Paulo para coordenar o respaldo político regional e internacional aos governos
progressistas latino-americanos e caribenhos.
Apesar das particularidades sociais, econômicas e políticas de cada país, em linhas
gerais e com graus variados, os novos governos de esquerda, progressistas e democrático-
populares, conseguiram reduzir as desigualdades históricas presentes em nosso continente
por meio de uma série de políticas públicas de caráter inclusivo e aplicaram diretrizes
autônomas de política externa e de integração regional, que se manifestaram, por exemplo,
na reorientação política do Mercado Comum do Sul (Mercosul), na criação da Alternativa

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Bolivariana para as Américas (ALBA), da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) e da


Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
De 2015 para cá, no contexto da forte contraofensiva neoliberal no continente, em
janeiro de 2017, o Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo apresentou ao conjunto dos
partidos-membros um novo documento, analisando nossa trajetória até aqui e lançando
novos debates e proposições, o Consenso de Nossa América. Durante o XXIII Encontro Anual,
em Manágua, Nicarágua, em julho de 2017, este documento foi tomado como referência
para o debate nos partidos e junto aos movimentos sociais e populares de nossa região.
Este novo documento apresenta como ponto de partida os valores e princípios que nos
unem como instrumentos políticos da mudança, construídos ao longo da existência do Foro:
• a igualdade, a equidade e a justiça social;
• a democracia e a luta pela liberdade, aprofundando seu caráter popular, direto,
participativo e comunitário;
• a unidade de nossas forças e organizações e a indissolúvel relação com nossos povos;
• o rechaço a qualquer expressão de fascismo, racismo, xenofobia, machismo, misoginia
e homofobia, e à discriminação de qualquer origem ou natureza;
• a solidariedade com outras pessoas e nações, bem como a realização plena do direito
à Paz;
• o direito de cada país a escolher o sistema político e social que seus povos
democraticamente decidam;
• a ética, a honradez, o exercício transparente do governo e a administração dos
bens públicos e coletivos e a luta sem tréguas contra a corrupção são valores das
organizações de esquerda;
• a integração regional soberana como objetivo estratégico.
Como uma nova referência, o Consenso interpreta o momento atual como sendo de
mudanças nas correlações de forças regionais e aponta nova avaliação e debate sobre as
propostas da esquerda latino-americana e caribenha. Através de acertos e erros, podemos
legitimar a luta e os projetos, buscando enfrentar e superar a atual situação que vivemos.
Por fim, tem-se o Brasil, com Lula e Dilma (2003-2016), a Argentina (com Christina
Kirchner) o Chile (com Michelle Bachelet) e o Uruguai, com Mujica e Tabaré Vazquez. Contudo,
caro(a) aluno(a), o mapa político latino-americano que “avermelhou” dentro da chamada
Onda Rosa, tal qual vimos acima, entre o fim da década retrasada (que abrange de 2001
a 2010) e o início da década passada (2011 a 2020) sofreu mudanças consideráveis. Se,
há exatos 12 anos (em 2011 – e muita atenção a isso!!!!), apenas Colômbia e Suriname
possuíam no comando presidentes de viés ideológico de direita – estando, portanto, na
entrada da década passada (2011) todos os outros países (incluindo Brasil, com Dilma, e a

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Argentina, com Christina Kirchner) com presidentes de esquerda no comando, eis que, de
lá (2011), até aqui (2023), houve transições significativas neste quadro.
Vamos entender isso!! É simples... SIGA COMIGO!!
O que ocorre é que uma série de países sul-americanos que optaram nessa época (década de
2000) por governos declaradamente de esquerda, cambiou, em sua maioria, por vias democráticas,
rumo a governos de direita em tempos mais recentes (especialmente entre 2014-2018).
Vejamos a seguir os casos mais importantes em Atualidades, e começando pelo Brasil:
• BRASIL: Michel Temer (direita) sucede a Dilma Rousseff (esquerda) em 2016, sendo
seguido pela eleição de Jair Bolsonaro (direita mais radical) em fins de 2018; agora
é que, em 2023, toma posse novamente um novo presidente de esquerda, Luís Inácio
Lula da Silva;
• PARAGUAI: Fernando Lugo, o único Presidente de esquerda do Paraguai em todos os
tempos, assume em 2008, sendo impichado em 2012. O atual mandatário local se
chama Mario Benítez, que toma posse em 2018. Benítez vincula-se aos quadros da
direita radical paraguaia, tendo seu pai, inclusive, sido um ajudante de primeira
ordem do ditador Alfredo Strossner.
• URUGUAI: após 15 anos de governos de esquerda (Pepe Mujica e Tabaréz se revezando), em
fins de 2018, o Uruguai elege Luis Lacalle Pou, presidente de viés político de direita;
• PERU: Pedro Pablo Kuczynski toma posse em 2017 (Presidente de direita), sucedendo
Ollanta Humala (Presidente de esquerda). Kuczynski, contudo, é preso sob a acusação
de corrupção ainda em 2018, no segundo ano de mandato, sendo sucedido por seu
vice, Martin Vizcarra. Em 17 de abril de 2019, uma tragédia se sucede no país, quando
o ex-Presidente Alan Garcia (centro-direita), após governar o país entre 2006-2011,
ao ser acusado de corrupção e, portanto, prestes também de ser preso, se suicida com
um tiro na cabeça ao ver a polícia chegar em sua residência para executar o mandado
de prisão. Todos esses presidentes peruanos, reparem bem, querido(a) aluno(a), são
acusados pelo crime de corrupção, envolvendo, entre outras empresas, a construtora
brasileira Odebrecht. Entre junho e julho de 2021, ocorrem eleições presidências,
pareando nas cabeças da preferência do eleitorado de um lado a candidata de direita,
Keiko Fujimori, e do outro o representante de esquerda, Pedro Castillo. Castillo vence,
mas, antes mesmo de tomar posse, anuncia estar intencionado a dissolver o Congresso.
• Sebastián Piñera (Presidente de direita) toma posse em março de 2018 para assumir
o lugar de Michelle Bachelet (Presidente de esquerda). Vale destacar que há mais
de 15 anos o Chile vem alternando, por vias democráticas, governos de esquerda
e de direita, com estes dois personagens, Bachelet e Piñera, ao centro. Contudo,

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agora se encontra na vez da esquerda, com a eleição, em 2022, de Guilherme Boric.


Boric, de apenas 35 anos, assume no lugar do direitista Sebastian Piñera;
• Argentina: finalmente, em nosso de vizinho, vale destacar que o presidente Maurício
Macri (de direita) assume em 2016, substituindo Cristina Kirchner (política
declaradamente esquerda), sem grande apoio popular e buscando realizar reformas
estruturais, tais quais a previdenciária, além de tentar promover cortes em salários e
combate ao déficit orçamentário, apoiando-se em uma agenda neoliberal de direita.
Em 2018, a economia regrediu (queda no PIB) em torno de 2%. A mesma previsão era
esperada para 2019 e se confirmou. A inflação de 2018 na Argentina foi uma das cinco
mais altas no Mundo, atingindo o índice de 48% a.a. Em 2019, a taxa subiu ainda mais,
para além dos 50% ao ano. Em 2018, o peso argentino sofreu a incrível desvalorização
de 115% em relação ao dólar. Outros indicadores econômico-sociais iam (e ainda vão)
muito mal na Argentina. O desemprego atinge taxa de mais de 10%, sendo que a pobreza
já se instalou em 32% da população total do país. Com vistas a respirar um pouco mais
aliviada em meio à crise, em 2018, a Argentina solicitou ao FMI a maior ajuda já paga
pelo fundo monetário em toda sua história, recebendo nossos vizinhos mais de US$
57 bilhões. Como resultado, após 3 anos completos de governo, Maurício Macri viveu,
em seu último ano de mandato (2019), um cenário de enorme insatisfação popular.
E os números não nos deixariam mentir. Em 2019, o nosso vizinho mais importante
experimentou mais um ano de aguda crise econômica, sendo que, ao fim do ano, Macri
perde as eleições para o grupo político oposicionista de esquerda, com Alberto Fernandez
como presidente e Cristina Kischner como vice e também senadora.

E assim, caro(a) aluno(a), espero que tenham compreendido bem estes dois processos.
Ou seja, a esquerdização da década de 2000, também conhecida como “ONDA ROSA” e
a CONSEGUINTE VOLTA DE GOVERNOS À DIREITA, principalmente entre 2015-2018, na
América do Sul (como nos casos do Brasil, do Chile e da Argentina). Contudo, para efeitos
de provas de Atualidades e do tema político na América do Sul, podemos afirmar que hoje
em dia (2023), a América do Sul vivencia mais uma (novamente) onda “esquerdizante”, ou,
é lógico, A VOLTA DA “ONDA ROSA”. Os rachas são imensos atualmente, e os nervos estão
a flor da pele, com a Argentina (esquerda novamente) e também o Brasil, como exemplos
mais importantes, isso sem contar a manutenção de Nicolás Maduro no poder na Venezuela
desde 2014 (esquerda) e a eleição de Luis Arce, do Movimento ao Socialismo, na Bolívia e
afilhado político de Evo Morales (ambos sendo 100% de esquerda). Contudo, nos últimos
três anos, Equador, Paraguai e Uruguai empossaram novos presidentes; todos de direita.

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Temos, a seguir, os destaques mais atuais e resumidos sobre esse tema:


• O Brasil, como sabemos bem, retorna a empossar um presidente de esquerda: Lula.
• O Chile retorna à esquerda em 2022, com o jovem Boric.
• O Peru retornou à esquerda com Pedro Castillo, eleito em 2020, porém o mandatário, ao
tentar um golpe de estado, acabou sendo deposto (e preso) em dez/2022. Assim, em seu
lugar, assumiu a sua vice, Dina Boluarte. Uma controvérsia reside, portanto, pois observe
que a nova presidente vem promovendo atos contra os ideais mais radicais esquerdistas
preconizados por Pedro Castillo. Contudo, ela própria se autodeclara como governante
de centro-esquerda. Vejamos as cenas dos próximos partidos ops! digo, capítulos.
• E, finalmente, temos a Colômbia. A Colômbia é uma país onde a direita sempre esteve
à frente do poder, mas que, porém, e contra toda a sua história anterior, elegeu, de
forma inédita, em 2021, um mandatário de esquerda como Presidente (leia o texto
complementar mais adiante). Seu nome é Gustavo Petro.
Veja, a seguir, os Presidentes na América do Sul atualmente.

Dados de 1º de abril de 2023.


• BRASIL: Luís Inácio Lula da Silva (esquerda)
• ARGENTINA: Alberto Fernández (centro-esquerda)
• URUGUAI: Luis Lacalle Pou (direita)
• CHILE: Gabriel Boric (esquerda)
• PARAGUAI: Mario Benítez (direita)
• BOLÍVIA: Luiz Arce (esquerda)
• PERU: Dina Boluarte (eleita como vice de Pedro Castillo numa chapa de esquerda,
mas com tendências claramente de centro)
• EQUADOR: Guillermo Lasso (direita)
• COLÔMBIA: Gustavo Petro (esquerda)
• VENEZUELA: Nicolás Maduro (esquerda)
• SURINAME: Chan Fantocky (centro-esquerda)
• GUIANA: Irfaan Ali (esquerda)

Obs.: A Guiana não possui qualquer expressão político-ideológica nem geopolítica no


subcontinente sul-americano. Já a Guiana Francesa é governada pelo governo
central da França.

TEXTOS COMPLEMENTARES
As eleições na Colômbia
Após Chile e Peru elegerem um Presidente de esquerda, chega a vez da Colômbia.
Um fato é inegável: após a década de 2010-2020, com o subcontinente passando
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por uma onda de governos de direita eleitos em substituição a governos de esquerda


que dominam o subcontinente nos anos 2000 eleitos desde Hugo Chavez, em 1999.
O momento atual novamente pende favorável à esquerda, com as eleições de
presidentes de esquerdas na Argentina (Alberto Fernandez, em 2019), no Peru, com
Pedro Castillo, eleito em fins de 2021, assim como o Chile, com Guilherme Boric e,
finalmente, a Colômbia. O nosso vizinho ao norte é um país que jamais havia sido
governado por uma figura de vinculação ideológica de esquerda, algo, inclusive,
raríssimo na América Latina. Uma Colômbia sempre governada pela direita, a qual
se dividia entre os partidos Blanco e Colorado, agora vê tomar posse o economista e
ex-guerrilheiro Gustavo Petro, vencedor das eleições por margem apertada contra
Rodolfo Hernandéz, rival conhecido como sendo o “Trump Colombiano”. Com a vitória
de Petro, dos doze países de América do Sul, só quatro possuem em fins de 2022
governos de direita, reduzindo-se a três esse número com a vitória de Lula sobre
Jair Bolsonaro nas eleições de outubro no Brasil. Por fim, destaco que, se em
prova de Atualidades mencionarem a expressão “onda rosa”, este termo
se refere à esquerdização que já fora, inclusive, mencionada nesta aula.
Ou seja, vem à luz em função de governos eleitos democraticamente,
em especial na década de 2000, vinculados estes à ideologia esquerda.
Agora, atualmente, o que se percebe é o retorno de governos de esquerda,
com alguns, inclusive, ao que tudo indica, revestidos de uma roupagem
considerada mais moderna, ao menos em tese, como no Chile, ou no
caso da Argentina, com a eleição de Alberto Fernández e no Brasil com
a eleição de Lula.

O Caos Político Peruano


A crise política no Peru é antiga, contudo, originada em tempos recentes pela
eleição de Pablo Kuscinsky, no ano de 2016, e sua posterior prisão, em 2018. Esse
presidente, apoiado pela esquerda e combatido pelo grupo pró-Keiko Fujimori,
política de direita e filha de Alberto Fujimori, ditador que governou o país por 10 anos
(e que esteve, inclusive, preso entre 2006 e 2022), em 2018, dois anos após tomar
posse, é impeachmado e preso acusado do crime de corrupção. A acusação residia
exatamente no fato de ele ter comprado votos para ter base no Congresso peruano.
Siga aqui comigo.
Em lugar de Kuscinsky, assume o seu vice Martin Vizcarra, um novo presidente ainda
mais fraco politicamente, e que, repare bem, caro(a) aluno(a), teve o mesmo destino
de Kuscinsky. Vizcarra fora destituído do governo em processo de impeachment
comandado pelo Congresso. Quem assume interinamente em seu lugar em 2020 é
Manuel Merino. Só aí, já são três presidentes em apenas quatro anos, de 2016 a 2020.
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Um ponto importantíssimo para compreendermos o contexto político de nosso


vizinho reside no fato de que a Constituição peruana, de 1993 (feita à época do
governo de Fujimori), traça em seu texto um equilíbrio precário entre a Presidência
e o Congresso, com o Presidente podendo dissolver o Congresso e, por outro lado, o
Congresso podendo destituir o Presidente ao aprovar uma medida de “incapacidade
moral”, sendo que o uso dessa faculdade depende exatamente da força política do
Presidente. Entenda bem, querido(a) aluno(a), que esse mecanismo de instabilidade
e desconfiança entre os poderes previstos na Constituição do país gera, por si só, um
ambiente propício à corrupção, visto, na origem, que o Presidente precisa sempre
convencer o Congresso a não o destituir.
Agora vamos para outra questão. Você lembra da Operação Lava Jato? É claro
que sim, né!! Pois é, caro(a) aluno(a), para se ter uma ideia, a Operação Lava Jato
apurou que todos os presidentes peruanos, desde Fujimori, possuíram
envolvimento em atos de corrupção (e de forma direta) ao longo de seus
mandatos, exatamente por tratarem com empresas brasileiras, tais quais
Odebrecht e Braskem. E, assim, venha comigo!! Um evento drástico relacionado
a este tema ocorre quando, em 2019, o ex-presidente Alan Garcia (2006-2011) se
matou ao ver a aproximação da Polícia Federal peruana em sua residência. A força
policial máxima do país para lá dirigia com vistas a cumprir um mandado de prisão
contra ele, por corrupção. Mandato este expedido, exatamente, em função das
investigações promovidas no seio da Operação Lava Jato, a qual constatou haver o
recebimento de propinas por parte de Garcia (enquanto presidente) da Odebrecht, a
construtora brasileira. Garcia, ex-presidente, se matou com um tiro, simplesmente.
Bom, por fim, em 2021, Pedro Castillo, candidato de esquerda, se elege como
presidente do país pelo partido Peru Livre, derrotando Keiko Fujimori (candidata de
direita e filha de Alberto Fujimori, outro ex-presidente peruano preso e condenado),
com uma margem minúscula de votos. Antes de tomar posse, Castillo anuncia sua
intenção de dissolver o Congresso. Em seguida, ao tomar posse, como era de se
esperar, Castillo já havia desgastado, obviamente, sua relação com o parlamento.
O novo mandatário, contudo, não esmorece em relação a seus planos e, no início de
dez/2022, após atravessar o ano em intensa instabilidade política e se desentendendo
até com seus ministros, o recém-empossado presidente de esquerda do Peru se
coloca a fechar o Congresso e dissolver o Judiciário. Para o poder judicial local,
esteva ali caracterizada escancarada tentativa de Golpe de Estado, sendo expedida
uma ordem de prisão contra ele. Castillo, além de deposto do governo, foi preso,
acusado de cometer crime contra a pátria travestido de Golpe de Estado. Em seu
lugar, assume a sua vice; Dina Boluarte.
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Dina, a vice, é uma advogada de 60 anos que, além de bradar publicamente seu
descontentamento com as atitudes de cunho golpista (e ditatorial) do presidente
Castillo, se autodefine politicamente como sendo de centro-esquerda. No frigir
dos ovos, atualmente, ela governa nesse ano de 2023 o nosso país vizinho com
relativo distanciamento das pautas mais radicais da esquerda peruana, encabeçadas
exatamente por Castillo, o presidente preso e o partido Peru Livre, vencedor das
eleições de 2021.

A nova força da Celac com o retorno do Brasil


Após se retirar por dois anos da Cúpula por questões de corpo ideológico, por
ordem da diplomacia do ex-Presidente Jair Bolsonaro, o Brasil retorna a participar
da CELAC – Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos.
Realizada em Buenos Aires, em 24 de janeiro de 2023, a VII Cúpula da Celac foi
marcada, claro, pelo retorno do Brasil e pela Declaração de Buenos Aires.
Estavam presentes delegações dos 33 países que integram a Celac, bem como
altos representantes de sócios extrarregionais da Comunidade. A delegação brasileira
foi chefiada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e integrada pelo
ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira obtendo destaque nas conversas
multilaterais. O Brasil havia, por questões inerentes a ideologia, saído da Cúpula por
ordem da diplomacia de Jair Bolsonaro.
A Declaração de Buenos Aires, aprovada após o encontro, expressa visão
compartilhada da região sobre um conjunto amplo de temas, entre os quais
recuperação econômica pós-pandemia, segurança alimentar e energética, estratégia
em saúde, cooperação em meio ambiente, ciência e tecnologia, transformação
digital, infraestrutura, entre outros.
Aprova, ainda, conjunto de iniciativas para o próximo ano. Merecem destaque
as decisões de convocar reunião dos Ministros da Economia da Celac no primeiro
semestre de 2023 para tratar de agenda comum de recuperação econômica; atualizar
o Plano de Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome da Celac 2025; e
dar continuidade ao Plano de Autossuficiência Sanitária da Celac, para fortalecer
capacidades de produção e distribuição local e regional de vacinas, medicamentos
e insumos críticos.

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Em matéria de relacionamento externo, foi ratificada a decisão de realizar


reunião de Cúpula Celac-União Europeia em 2023, bem como reunião de Cúpula do
Foro Celac-China em 2024.
Os países da Celac saudaram a candidatura do Brasil para sediar a 30ª Conferência
das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
(COP-30), em 2025, em Belém do Pará. Por consenso, foi decidido que São Vicente e
Granadinas assumirá a Presidência pro tempore da Celac em 2023. Será a primeira
vez que um país do Caribe anglófono estará à frente do mecanismo.
HISTÓRICO: a Celac foi fundada em fevereiro de 2010, com a participação
direta do Brasil, que, ainda em 2018, sediou a I Cúpula de Países da América Latina
e Caribe, reunindo representantes dos 33 países (incluindo o Brasil) que integrariam
a Celac para discutir um projeto de integração regional.
Desde sua criação, a Celac tem promovido reuniões sobre os diversos temas de
interesse das nações latino-americanas e caribenhas, como educação, desenvolvimento
social, cultura, transportes, infraestrutura e energia, além de ter se pronunciado
em nome de todo o grupo por ocasião de assuntos discutidos globalmente, como o
desarmamento nuclear, a mudança do clima e a questão das drogas, entre outros.
Em janeiro de 2020, o governo chefiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu
suspender a participação brasileira no grupo. A medida foi anunciada pelo então
chanceler, Ernesto Araújo. Em sua conta pessoal no Twitter, o ministro justificou a
medida afirmando que “a Celac não vinha tendo resultados na defesa da democracia
ou em qualquer área. Ao contrário, dava palco para regimes não democráticos como
os da Venezuela, Cuba, Nicarágua”. O fim do bloqueio norte-americano a Cuba é uma
reivindicação histórica do bloco.
A decisão de reintegrar o Brasil à Celac faz parte do projeto de “restaurar a
diplomacia brasileira” e reconstruir pontes com países sul-americanos, anunciado
pelo presidente Lula ainda durante a última campanha eleitoral.
Já eleito, Lula viajou para o Egito, onde participou da COP-27, a Conferência do
Clima das Nações Unidas. Na ocasião, ele disse que o Brasil está “de volta”, referindo-
se ao desejo de assumir protagonismo global. Pouco depois, Lula anunciou que sua
primeira viagem internacional já como presidente seria para a Argentina, onde
participou da Cúpula da Celac.
MEMBROS DA CELAC: dos 35 países independentes da América, 33 integram
a Celac: Penas os EUA e Canadá não são membros.

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Mapa Político da América Latina Pré-Eleição de Lula

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A Nova Onda Rosa (2023)

2.3. ATUALIDADES E A DIÁSPORA NA AMÉRICA LATINA E, EM ESPECIAL, NA


AMÉRICA CENTRAL
A associação entre os contextos de letargia econômica, pobreza e desemprego, corrupção
institucional, narcotráfico, entre outras mazelas sociais, percebidas em quase todos
os países da América Central, produz, faz décadas, na imensa maioria dos países deste
subcontinente, um movimento crescente de repulsa populacional. Ou seja, além de verem
sendo expulsos os investimentos externos e malogrando toda a sorte de atração a pessoas
de outros lugares, esses países produzem um fenômeno demográfico de diáspora de seus
pátrios, formando um contingente imenso de imigrantes econômicos (não confundir com
refugiados), os quais evadem aos milhares suas deprimidas localidades para tentar uma
vida mais digna e próspera fora de seus países de origem.

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Contingente este que busca nos EUA, principalmente, e, de forma residual, também na
Europa e, até no México, uma nova vida. De forma ilegal e arriscada, um número crescente
de pessoas de países centro-americanos se lança rumo à travessia de fronteiras que, via
de regra, passam por um processo de crescente rigidez e, principalmente, de políticas cada
vez mais refratárias à entrada de imigrantes ilegais.
Com políticas ultrarrígidas de contenção à entrada de imigrantes por parte dos
EUA, veja este exemplo, caro(a) aluno(a), somente no ano de 2021, mais de 2 milhões
de pessoas, imigrantes ilegais em sua imensa maioria latinos, foram expulsas dos EUA.
Gente pobre, sofrida e oprimida de países como Guatemala, Honduras, El Salvador,
entre outros. Por incrível que pareça, a situação de repulsa populacional é tão drástica
nesses países que até o México, atualmente, é buscado como localidade para a fixação de
população destes lugares. Pois é, caro(a) aluno(a), o México, outrora um tradicional emissor
de imigrantes para os EUA, se tornou, em tempos recentes, um receptor de imigrantes de
países mais pobres vizinhos.
No fundo, é um ocaso social, em que a mistura de gangues urbanas e milícias rurais
internas formadas nos países da América Central, desde a década de 1990 (posicionando
os países da América Central no topo do ranking global de violência, onde El Salvador e
Honduras se revezam na liderança desta carnificina em 2020, com média de número de
homicídios por grupo de 100.000 habitantes, em taxa aproximadamente 3 vezes acima
da média do Brasil), em associação a crises econômicas e à falência de modelos de Estado
de sociedade civil organizada, resultou em um modelo colapsado em termos socias.
Em suma, o narcotráfico, os sistemas políticos calcados em corrupção e populismo e a
ausência de ensino e oportunidades transformaram os países da América Central, tais
quais El Salvador, Nicarágua, Guatemala, Haiti, Dominica, só para citar os principais,
em verdadeiros infernos na terra.
Vale destacar que as políticas anti-imigratórias dos Estados Unidos, declaradamente
refratárias à entrada de população imigrante, oriunda esta, em especial, de países latino-
americanos, foram encrudescidas ao longo do governo de Donald Trump (2018-2021).
Em 2018, no primeiro ano de Trump como presidente, por meses a fio, esteve permitida
uma política de separação de pais e filhos que fossem pegos ingressando ilegalmente no
país – lembrando que, como há muito tempo não sei via nos EUA, Donald Trump foi um
Presidente ultrarrefratário à presença de imigrantes em seu país. Tal política, além de
separar os pegos ali no imediato tentando cruzar a fronteira, permitiu, nos EUA, haver
também a separação de pais e filhos que fossem presos vivendo em situação análoga à de
imigrantes ilegais. Assim, para os pais pegos ilegalmente vigorava um tipo de prisão, com
possibilidade de duração de mais de um ano, e para as crianças outro tipo de albergue deixava
os meninos e meninas em separado, ou seja, longe de seus pais. Após protestos por parte

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de grupos pró-direitos humanos, Trump revogou a política de separação entre pais ilegais
e seus filhos. Contudo, centenas de crianças não conseguiram encontrar os seus genitores
após o fim dessa separação forçada, ou seja, não conseguiram retornar à sua origem para
encontrar a sua família. Relatos dão conta, inclusive, que vários pais presos (separados de
seus filhos) chegaram até a se matar.

2.4. UNASUL X PROSUL


A UNASUL é a União das Nações Sul-Americanas. Criada em 2008, é composta por doze
países originalmente. A UNASUL, embora não seja um bloco econômico, resulta da fusão de dois
blocos econômicos: um dos países do MERCOSUL e o outro da CAN, a Comunidade Andina
das Nações – este último um bloco econômico criado em 1969 pelo Protocolo de Cartagena.

Criada em 2008, ou seja, completando 15 anos em 2023, em uma reunião em Brasília,


a UNASUL é formada sob a intenção de se constituir uma mútua de cooperação entre
os países do subcontinente sul-americano, exatamente com vistas a cooperações em
setores de infraestrutura, energia, educação, transportes, entre outros. Obteve êxito
inicial, é lógico, visto que, em seu período inicial de formação, grande parte dos países
sul-americanos eram governados por governos de presidentes declaradamente de viés
político de esquerda.
Porém, com o passar dos anos, uma série de países que possuíam governos de esquerda
à frente (a “onda rosa”, não se esqueça) na América do Sul cambiaram seus rumos político-
ideológicos para a direita. A “onda rosa” perdeu força, sendo o Brasil, a Argentina e o Chile,
exemplos: Temer e Bolsonaro por aqui (2016-2022); Macri na Argentina (2017-2020); e
Piñera, no Chile. Assim, perceba bem, a UNASUL se enfraquece. Seu propósito originário
residia originalmente em torno do alinhamento de nações ideologicamente governadas
pela esquerda no subcontinente sul-americano. Nesse período (a partir da segunda
metade da década de 2010), ocorre, principalmente, o ocaso absoluto do “bolivarianismo”
naquele que é considerado o país-bastião das esquerdas na América do Sul, a Venezuela.

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Por fim, para se discutir, ao menos em tese, por parte da nova direita sul-americana
acerca da crítica situação venezuelana (país bastião da esquerda), formou-se um fórum por
parte de países de direita do continente – tais quais Brasil, Argentina, Colômbia –, sendo que
até o Canadá se incluiu, em um total de catorze participantes, denominado Grupo de Lima.
O Grupo de Lima, criado em 2019, é uma associação de países inseridos no âmbito das
relações internacionais regionais com vistas a tentar estruturar uma agenda de reuniões e
debates propositivos acerca de mecanismos que possam solucionar o drástico cenário de crise
institucional e econômica da Venezuela. O Grupo de Lima, formado em 2019, origina também o
embrião para a formação de um novo grupo dos países sul-americanos, chamado PROSUL, que
engloba, entenda bem, caro(a) aluno(a), apenas países com direcionamentos políticos de direita.
Assim, em fev./2019, um acordo é formalizado no Chile, contando a presença do então
presidente Jair Bolsonaro, acordo este que resultou na formação do PROSUL, ou PRONASUL.
Consolida-se, portanto, a divisão entre a UNASUL e o PROSUL. Assim, a primeira associação,
a UNASUL, em voga desde 2008, é uma mútua mais antiga (e que foi esvaziada em tempos
recentes, como vimos, mas que agora volta à baila com força, visto que, em 2023, mais de
2/3 dos países da América do Sul possuem chefes de estado ideologicamente à esquerda),
abraçando os países ideologicamente à esquerda da América do Sul. Já a mútua mais nova,
criada em 2019 – PROSUL, ou PRONASUL –, integra os países que eram governados por
Presidentes de direita, ou seja, Brasil, Chile, Argentina e Colômbia.

Em suma:
• UNASUL (União de Nações Sul-Americanas): iniciado em 2008, reúne, além dos
países do MERCOSUL, também Guiana, Suriname, Bolívia e Venezuela.
• PRONASUL (Foro para o Progresso da América do Sul): reúne, em primeira fase,
Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Peru, Colômbia, Equador e Guiana. Exclui Bolívia e
Venezuela, governados por presidentes de esquerda. Bem verdade, diga-se, o bloco
ainda não mostrou a que veio e depende de um forte alinhamento de países com
presidentes à direita na América do Sul, o que vem mudando em tempos recentes (2020-
2022). Veja, por exemplo, o que aconteceu exatamente nas vitórias de presidentes
de esquerda em países como Argentina, Chile, Colômbia e Brasil.

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2.5. O MERCOSUL
Formalizado pelo Tratado de Assunção de 1991, o MERCOSUL tem seu início conceitual,
contudo, um pouco antes disto, exatamente quando, em meados da década de 1980, Brasil
e Argentina iniciam tratativas bilaterais frente à promoção de escalas mais liberalizadas
de comércio entre ambos os países. Ou seja, a origem do MERCOSUL ocorre com vistas à
formação de uma Zona de Livre Comércio (ZLC) com base nos interesses bilaterais do
Brasil e da Argentina.
Vale destacar, por ser cobrado em provas, que o embrião do MERCOSUL se encontra na
ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), um organismo intergovernamental
criado em 1980, que deu continuidade à Associação Latino-Americana de Livre Comércio
(ALALC), esta de 1960 – ou seja, promover a expansão da integração da região, com vistas a
garantir seu desenvolvimento econômico e social, tendo como ambiciosa meta finalística:
promover a criação de um mercado comum latino-americano.

2.5.1. MEMBROS DO MERCOSUL

Atualmente, o MERCOSUL possui cinco membros efetivos: Brasil, Argentina, Uruguai,


Paraguai e Venezuela.
Os quatro primeiros citados são os membros originais do bloco – que desde o Tratado
de 1991 fazem parte efetivamente. Já a Venezuela entrou no bloco em definitivo
somente em 2012.
Há também os chamados “membros associados” – no caso, Bolívia (desde 1996), Chile
(1996), Peru (2003), Colômbia (2004), Equador (2004), Guiana (2013) e Suriname (2013).

Em dezembro de 2016, por infringir em torno de 75% dos tratados e 20% das normas de
livre comércio, a VENEZUELA foi suspensa do bloco. Meses depois, em agosto de 2017, o
país sofreu nova medida SUSPENSIVA, dessa vez de cunho político, em função de se retalhar
a forma como o governo local e as forças oficiais trataram milhares de oposicionistas
saídos às ruas da capital do país, Caracas, em protestos contra a formação da Assembleia
Constituinte personificada por Nicolás Maduro. Mas, ainda assim, com DUAS SUSPENSÕES
nas costas, segue a Venezuela como sendo um país-membro efetivo do MERCOSUL, ok?

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2.5.2. OS ESTÁGIOS DE FORMAÇÃO DOS BLOCOS ECONÔMICOS


Para que entendamos a atual formatação do MERCOSUL, em conhecimento que servirá
quando mais à frente falarmos sobre o contexto da UNIÃO EUROPEIA, vejamos como
evoluem os blocos econômicos, as fases para a formação dessas modernas alianças e onde
se encontrava, em 2019, o MERCOSUL:
• Zona de Livre Comércio: é o primeiro estágio de um bloco. Ainda frágil, em termos de
regras formais, mas revestido de protocolos de boa vontade acerca de se fomentar
escalas liberalizadas de comércio entre os países. No caso do MERCOSUL, ocorre em
fins da década de 1980, entre Brasil e Argentina;
• União Aduaneira (Tarifa Externa Comum): um avanço ante a ZLC. Regras mais rígidas
e formação de uma tarifa externa comum. Este é o estágio em que o MERCOSUL se
encontra encaixado mais plenamente hoje em dia;
• Mercado Comum: nessa fase, deve ocorrer a integração de seus indivíduos, o que
inclui livre passagem, livre residência e completa queda de barreiras ante, por exemplo,
o livre ingresso nos mercados de trabalho. É interessante notar que o MERCOSUL
ainda não conseguiu de forma plena ingressar nesta fase, pois, entre os países
integrantes do bloco, ainda ocorrem barreiras burocráticas frente à plena liberalização
do mercado de trabalho. Em termos de livre trânsito e residência, tais liberdades já
se encontram garantidas (havendo, inclusive, um passaporte único do MERCOSUL E
PLACAS COMUNS DE CARRO ADOTADAS DESDE 2019 em alguns estados do Brasil).
Contudo, os entraves relativos a um mercado de trabalho liberalizado fazem com
que este estágio fundamental a um bloco econômico, o de mercado comum, ainda
não tenha sido concretizado no bloco de forma plena.

A fim de aprofundar a agenda cidadã da integração, foi aprovado, em 2010, o Plano de Ação
para a Conformação de um Estatuto da Cidadania que visa ampliar e consolidar o conjunto
de direitos e benefícios para os cidadãos dos Estados-Partes. Alguns dos pressupostos,
contudo, previstos para ocorrer até 2020, não conseguiram ser colocados para frente ainda,
tal qual a plena liberalização dos mercados de trabalho dos países-membros.

• União Econômica e Monetária: forma-se pela unificação de procedimentos monetários,


realizada em essência pela instituição de uma moeda única e de um Banco Central
comum. Apenas a União Europeia alçou tal estágio, quando, em 1999, instituiu o
Euro como moeda oficial. Atualmente, encontram-se dormentes tais tratativas para
o MERCOSUL dentro deste âmbito, tendo havido somente iniciativas pontuais que
auxiliam ao intercâmbio de investimentos e no fomento financista dentre os países
do bloco, mas que ainda não formam, nem de longe, uma União Econômica Monetária.

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2.5.3. OS PRINCIPAIS MECANISMOS DE COOPERAÇÃO EXISTENTES NO MERCOSUL


A Corporação Andina de Fomento (CAF), que começou a operar em 1970, é uma instituição
financeira multilateral sub-regional com características de banco de desenvolvimento:
Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai possuem em torno de 20% do capital.
O Fundo de Convergência Estrutural (FOCEM), criado em 2004, mas que se tornou
operacional apenas em 2007, é um fundo fiscal atrelado ao MERCOSUL.
No âmbito de um acordo de integração, mecanismos que visem facilitar o comércio
intrarregional são de especial importância. É nessa perspectiva que se insere o Sistema de
Pagamentos em Moeda Local (SML), que entrou em vigor em 2008, entre Brasil e Argentina.
No SML, a liquidação das transações para os importadores e exportadores é feita em moeda
local, sendo apenas a compensação entre os bancos centrais feita em dólar.

2.5.4. OS ENTRAVES RECENTES DO MERCOSUL


O MERCOSUL não vem conseguindo projetar, ao longo dos últimos anos, um crescimento
considerável, tanto em relação à sua força geopolítica como também em torno de sua força
comercial.
Alguns pontos precisam ser compreendidos acerca de certos entraves percebidos, os
quais resultaram no enfraquecimento do bloco. Vamos aos principais, então:
• As assimetrias entre o tamanho das economias e a TEC: as tarifas externas comuns
visam determinar padrões iguais e formais ao intercâmbio entre mercadorias por
parte dos países integrantes de um bloco econômico. De forma simplificada, significa
dizer que, se o Brasil vende sapato para a Venezuela e eles também vendem
sapatos produzidos por lá ao Brasil, ambos deverão ser taxados nas respectivas
alfândegas dos respectivos países em mesma tarifa. Mas, no caso do MERCOSUL,
o que vem acontecendo é que uma série de exceções acerca de tais tarifas comuns
(as TECs), com vistas a não se prejudicar os países menos competitivos do bloco, vem
tendo espaço. Assim, com mais de uma centena de exceções na TEC no MERCOSUL,
ficou mais difícil consolidar uma União Econômica no pleno;
• O protecionismo argentino: a Argentina, apesar de ter sido, ao menos no papel, uma
entusiasta e defensora do MERCOSUL, veio ao longo dos anos promovendo medidas
nitidamente protecionistas ante a sua indústria e o seu mercado consumidor. O
protecionismo ocorre quando um país busca por meio de medidas de aumentos na
taxação dificultar a entrada de produtos estrangeiros em seus mercados, ou retendo
a venda de produtos essenciais com vistas a provocar um aumento em seu preço
no mercado externo, como no caso de sua política externa acerca do trigo e suas
iniciativas para aumentar o preço do cereal artificialmente. O protecionismo fere
os princípios basilares que levam ao fomento a um livre mercado e que permeiam o
modelo ideal de funcionamento de um bloco econômico;
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• Novos parceiros comerciais dos países do MERCOSUL (China ao centro): um ponto


fundamental em Atualidades acerca do MERCOSUL reside no fato de que o comércio
intrabloco vem passando por um declínio ao longo dos últimos quinze anos.
Explica-se tal queda em função da entrada agressiva de um player global: a China,
como forte parceiro comercial dos países do bloco, aproveitando-se, também, da
queda na produção industrial nos países do MERCOSUL, a qual resulta logicamente em
uma consequente perda na agressividade sobre os mercados regionais de produtos
manufaturados feitos no próprio MERCOSUL (e em especial do Brasil e da Argentina).
No caso brasileiro, o gigante oriental veio ultrapassando tradicionais parceiros
comerciais para, atualmente, fixar-se como o maior parceiro comercial do Brasil,
tanto em relação às importações quanto às exportações. Para a Argentina, Uruguai
e Paraguai o mesmo processo ocorre.

Para se ter uma ideia, o Brasil, em 2018, comercializou quase três vezes mais com a China
quando comparando à Argentina. A China possui atualmente cerca de 25% do comércio exterior
brasileiro. Já a Argentina, relegada, ficou como nosso terceiro maior parceiro comercial
(atrás dos EUA), não conseguindo abocanhar nem 7% das transações internacionais.
No gráfico a seguir, podemos perceber tal dinâmica, de queda no comércio entre o Brasil
e o MERCOSUL ao longo dos últimos anos (2005-2015).

2.5.5. A FORMAÇÃO DE UM TRATADO DE LIVRE COMÉRCIO ENTRE UNIÃO EUROPEIA E


MERCOSUL
Ponto fundamental em atualidades sobre o Mercosul diz respeito às tratativas sobre a
formação de um acordo pleno de liberalização entre a União Europeia e o Mercosul, seguindo
avançadas tais negociações ao longo do ano de 2019, porém retornando quase à estaca
zero em 2020 e 2021.

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Ainda sem prazo totalmente definido acerca do fim das negociações entre os blocos,
essa enorme costura multilateral, após avançar enormemente ao longo dos últimos
anos (principalmente no Governo Temer, de 2016 a 2018), e agora deverá avançar com
Lula à frente da Presidência.
Tal acordo já vinha sendo costurado, a bem da verdade, fazia mais ou menos 20 anos,
mas esbarrou em alguns pontos. Um deles, bem latente, reside na França e na apreensão que
seus agricultores, sabidamente subsidiados e muito protegidos pelo Estado e pela política
agrícola comum da União Europeia. Há ainda, por parte dos setores agrícolas europeus,
temores acerca de como a alta competitividade dos parques agrícolas da Argentina e,
principalmente, do Brasil, vão impactá-los. Reside também uma premissa, caso um acordo
comercial UE/MERCOSUL ganhe forma, em que um compêndio de regras mais claras e menos
patriarcais por parte dos governos locais europeus, com o fim dos auxílios à produção
agrícola – conhecidos por todos como “subsídios” –, seja realidade.
É interessante observar que o fato de o Reino Unido, outra oposição a tais acordos
comerciais com o MERCOSUL, se encontrar finalmente fora da União Europeia contribuiu
(em tese) para que avançasse a costura UE/MERCOSUL. Sem dúvida, um acordo comercial
robusto entre MERCOSUL e União Europeia seria formalizado em pouco tempo, sendo que
os anos de 2017 e 2018 (com Temer) e 2019 (Bolsonaro) no Brasil (ao menos até o meio
do ano) foram fundamentais para que houvesse avanços nesta questão. Atualmente,
em 2023, com Lula a frente da Presidência e uma maior maturidade por parte de nossa
agenda de relações internacionais, além, claro, de um alinhamento político-ideológico
entre as duas maiores economias do bloco; Brasil e Argentina, experimentamos, ao que
tudo indica, um novo período de negociações positivas para o bloco

2.6. A VENEZUELA
Para entender a atual situação de ocaso político/econômico que a Venezuela vem
passando, precisamos nos remeter, sobretudo, à história da formação deste governo de
esquerda – que está em sua segunda geração (pois Maduro sucedeu Chávez em 2013) e que
se autodenomina como sendo o “Socialismo do século XXI”.

2.6.1. O CONTEXTO DO CHAVISMO E MADURO – UM POUCO DE HISTÓRIA

Em 1999, ocorre a eleição de Hugo Chávez como presidente venezuelano. Coronel do


Exército, Hugo Chávez uniu as esquerdas venezuelanas no movimento denominado como
V República, criado exatamente de seu projeto de Estado Socialista que logrou vencedor.
Até então, a Venezuela jamais havia possuído um governo de esquerda, e ostentava por
décadas alto crescimento econômico e prosperidade. Na década de 70, era o país com

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melhor poder de compra dentre todos da América Latina. Esse cenário durou, contudo,
até o fim da década de 80, quando (e importante destacar, anos antes da chegada de
Hugo Chávez ao poder) o país, que outrora fora chamado como “Venezuela Saudita”,
passou a viver uma crise econômica e política (cenário de extrema corrupção), sendo
que Chávez se elege com a promessa de estruturar uma plataforma reformista.
Governando a partir de 1999 com uma nova Constituição debaixo do braço, promulgada
em seu primeiro ano como mandatário eleito, a qual lhe permitia ser reeleito por quantas
vezes fosse referendado por seu povo, Chávez surfou numa onda de alta contínua do preço
internacional do petróleo que se estendeu até, mais ou menos, o ano de 2013/2014. Vale
destacar, que o petróleo representa 85% das exportações venezuelanas. Como resultado
prático, houve na década retrasada (de 2000 a 2010) melhoras sociais promovidas pelo
modelo assistencialista promovido pelo chavismo em uma primeira fase, quando, de
fato, milhares de pessoas saíram da linha da pobreza. Contudo, há uma série de críticas
a este modelo “Bolivariano” orquestrado por Hugo Chávez. Uma delas reside no fato de não
ter havido por parte de seu governo qualquer diversificação nas matrizes econômicas
do país, tal qual escalas mínimas de industrialização, a qual se manteve alicerçada numa
dependência absurda nos ganhos do petróleo. Outra questão fundamental reside no alto
custo de se bancar esse movimento socialista que é enormemente assistencialista, o qual
subsidia até o supermercado das populações mais carentes. Esse modelo não tinha lastro
e, de fato, ruiu à medida que o preço do petróleo começou a cair a partir de 2012/2013: o
barril, que chegou a valer algo em torno de US$ 130 (em 2012), caiu para um piso, em 2016,
de US$ 35 – queda, em menos de 4 anos, a pouco mais de ¾ de seu preço.
Em meio a isso, houve também a troca do comando central na Venezuela: Hugo Chávez
morre as vésperas de iniciar seu 4º mandato seguido, para em seu lugar entrar o seu
vice, Nicolás Maduro, que vem a iniciar seu primeiro governo, no qual, sob pressão do
Congresso, contudo, fora levado a convocar um pleito separado, sendo, finalmente,
eleito pela população venezuelana nos primeiros dias de 2014.
Já em 2016, em meio a uma crise econômica aguda que se estende até hoje, as
eleições parlamentares na Venezuela dão ampla maioria no Congresso venezuelano
para a oposição. No início de 2017, pouco após a posse dos novos parlamentares,
Maduro dissolve as atividades do Legislativo e convoca em lugar dos parlamentares uma
Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Manifestações tomam as ruas de Caracas e
mais de 120 pessoas são mortas. Maduro recua, mas as atividades deste novo parlamento
francamente oposicionista são tolhidas pelo Tribunal Superior.

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2.6.2. A VENEZUELA EM 2022/2023


Primeiro ponto importante a se destacar é que quando a “Onda Rosa” esteve em
franco vigor, a Venezuela conseguiu entrar no Mercosul, tornando-se membro efetivo
em 2012. Contudo, atualmente o país se encontra SUSPENSO do BLOCO, sendo, contudo,
ainda um membro permanente. A Venezuela sofreu não apenas uma, mas duas suspensões. A
primeira ocorreu em 2016, por questões de cunho econômico à medida que o país não cumpriu
uma imensa parte dos acordos previstos intrabloco desde seu ingresso, em 2012. A segunda
suspensão (em 2017) é sanção punitiva acerca da forma como Maduro e suas forças (leia-se
as “Forças Armadas”), reprimiram os protestos ocorridos no início de 2017 que confrontaram
oposicionistas e partidários, tendo, como resultado a morte de mais de 120 pessoas.
Em fevereiro de 2019, apareceu a figura de Juan Guaidó, um jovem parlamentar de
35 anos, oriundo este dos quadros de oposição (ou seja, da direita), que, simplesmente,
se autoproclamou como sendo o novo Presidente venezuelano. E imensa parte da direita
local até embarcou nessa, porém ele não conseguiu tomar o poder de fato, nem ao menos
angariou qualquer reconhecimento internacional, com exceção de dois países, Brasil e
Estados Unidos, os quais, contudo, logo desistiram de oferecer suporte à tentativa de golpe
encabeçada pelo parlamentar.
Maduro convocou, em meados de 2018, uma eleição presidencial a toque de caixa e
conseguiu ser reeleito, porém com apenas 42% de participação popular. Isso gerou uma
crise de legitimidade dentro (e também fora) do país acerca de seu novo mandato. Mesmo
assim, em 9 de janeiro de 2019, sob protestos da comunidade internacional e da oposição
local, ele toma posse para mandato, que deve se estender legalmente até 2024.
Em 2022, a inflação na Venezuela ultrapassou a casa de um milhão por cento por ano.
Isso mesmo: 1.000.000% de inflação, sendo, portanto, o país no mundo com a maior crise
econômica instalada, ao menos dentre aqueles onde não há uma guerra civil declarada.

Caro(a) aluno(a), recomendo acessar este link relacionado aos países em guerras internas
e externas de todos os tipos. Leitura rápida, fluida e necessária!
Link: https://gizmodo.uol.com.br/nao-e-so-na-ucrania-mapa-mostra-paises-que-estao-
em-guerra-em-2023/

Um ponto de atualidades fundamental sempre aventado diz respeito a como por lá, ou
seja, na Venezuela, diretamente através da figura de Maduro, ocorreu o solapamento
de estamentos basilares do Estado Democrático de Direito. Um deles, como exemplo: o
exercício livre e autônomo dos Poderes. Maduro governa apoiado no Poder Judiciário e nas
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Forças Armadas apenas, destruindo o Legislativo local – este em franca oposição a seu governo.
Ainda dentro deste desequilíbrio entre Poderes promovido por Maduro, o que se vê por lá, de
forma clara, é que o Poder Executivo, com base na ideologia bolivariana, vem aparelhando
estatais e a administração pública direta e indireta com pessoas dos quadros de seu partido.
Já a crise migratória na Venezuela produziu um contingente superior a 7 milhões de
pessoas que se deslocaram para fora de suas fronteiras pátrias. Brasil e Colômbia,
junto ao Peru, ao menos em uma primeira fase (a qual vem se estendendo), são os maiores
receptores diretos desses imigrantes venezuelanos, sem dúvidas. Contudo, vale analisar
que, por tempos, algumas querelas, envolvendo, por exemplo, o Brasil e a Venezuela, e a
Colômbia e a Venezuela, então fizeram com que as fronteiras destes pais em ambos os casos
permanecessem fechada, em decisão tomada pelo próprio governo venezuelano. No caso
brasileiro, foram em torno de três meses de fronteiras fechadas, havendo a reabertura
em maio de 2019. Essa crise foi causada devido às tratativas do Brasil em fornecer ajuda
humanitária ao país vizinho, algo considerado como aviltante pelos venezuelanos.
A seguir, com vistas a elucidar de forma clara e fora de qualquer viés ideológico,
apresento uma matéria extraída do portal da organização Human Rights Watch, o qual,
em seu mais recente relatório, apresentou uma análise precisa e contundente acerca da
situação venezuelana sob vários aspectos. Peço, caro(a) aluno(a), que leia a matéria em sua
integralidade, por favor. Me coloco aqui sem nenhuma chance de errar a dizer-lhes que esta
análise clara e direta sobre pontos cruciais é, dentre todas as que obtive contato (e foram
inúmeras, como podem imaginar), a mais precisa, clara e atualizada também, pois relata
fatos de 2022. Portanto, não deixe de se debruçar sobre o que é expresso, sem rodeios. É
realidade pura e, lógico, atualidades sem sair um milímetro fora dos temas atinentes sobre
este país os quais vem caindo, aliás, melhor, caindo é pouco, VEM DESPENCANDO EM PROVAS.
Em: https://www.hrw.org/pt/world-report/2023/country-chapters/venezuela
Na íntegra:

A Venezuela enfrenta uma grave emergência humanitária, com milhões sem acesso
a cuidados de saúde e nutrição adequados.
As autoridades assediam e perseguem jornalistas, defensores dos direitos humanos
e organizações da sociedade civil. Preocupações persistentes incluem práticas
brutais de policiamento, falta de proteção a populações indígenas e condições
prisionais precárias.
Um êxodo de cerca de 7,1 milhões de venezuelanos representa uma das maiores
crises migratórias do mundo.
Um relatório de uma missão de observação eleitoral da União Europeia lançado
em 2022 apresentou recomendações concretas para abrir o caminho para eleições
livres e justas.
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As negociações que estavam suspendidas desde outubro de 2021 foram retomadas


em novembro.
Perseguição de Opositores Políticos, Detenções e Tortura
O governo prendeu opositores políticos e os impediu de concorrer a cargos públicos.
Segundo o Fórum Penal, uma rede venezuelana de advogados de defesa criminal
que atuam pro-bono, reportou 245 presos políticos até outubro.
Pelo menos 114 presos políticos passaram mais de três anos em prisão preventiva,
apesar dos limites de tempo incluídos em uma recente reforma do Código Penal.
Aproximadamente 875 dos 15.770 civis presos arbitrariamente de 2014 a junho de
2022 foram processados em tribunais militares, informou o Fórum Penal.
Embora alguns detidos tenham sido libertados ou transferidos das instalações
do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN, na sigla em espanhol) para
prisões, novos críticos foram submetidos a detenções arbitrárias.
O ACNUDH continuou recebendo denúncias de tortura, maus-tratos e detenções
incomunicáveis em 2022.
Forças de segurança e colectivos – grupos armados pró-governo – têm
sistematicamente atacado manifestações desde 2014, inclusive com ações violentas,
espancamentos brutais e tiros à queima-roupa.
Segundo fontes oficiais consultadas pelo ACNUDH, o Ministério Público registrou 235
denúncias de violações de direitos humanos envolvendo privação de liberdade, de
maio de 2021 a abril de 2022, incluindo 20 em acusações relacionadas a terrorismo.
O ACNUDH e o Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenções Arbitrárias relataram
dificuldades persistentes para garantir os direitos à liberdade e julgamentos justos.
Também há atrasos na implementação de ordens judiciais de soltura.
Em setembro, a Missão da ONU informou que crimes cometidos por serviços de
inteligência, por ordem de autoridades de alto escalão, incluindo Nicolás Maduro,
faziam parte de uma política deliberada de repressão aos opositores do governo.
A missão novamente os descreveu como crimes contra a humanidade.
Supostas Execuções Extrajudiciais
Agentes da Força de Ações Especiais (FAES) e outras unidades policiais e militares
mataram e torturaram com impunidade em comunidades de baixa renda, inclusive
durante operações de segurança chamadas de “Operações de Libertação do Povo”.
Entre 2016 e 2019, forças de segurança alegaram “resistência à autoridade”
em mais de 19 mil mortes. Evidências mostraram que muitas foram execuções

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extrajudiciais. O ACNUDH documentou padrões contínuos dessas mortes em bairros


marginalizados, mas relatou uma redução significativa do número em 2022.
Grupos Armados
Grupos armados – incluindo o Exército de Libertação Nacional (ELN), Forças
Patrióticas de Libertação Nacional (FPLN) e grupos dissidentes das Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) – operam principalmente em estados
fronteiriços, estabelecendo e aplicando com brutalidade toques de recolher e
regras que regem as atividades cotidianas.
Em 1º de janeiro de 2022, eclodiram confrontos entre o Comando Conjunto do
Oriente— uma coalizão de grupos dissidentes que surgiram da desmobilização das
FARC — e guerrilheiros do ELN pelo controle do território no estado de Arauca,
na Colômbia, e no estado de Apure, na Venezuela. Ambos os grupos cometeram
abusos, incluindo assassinatos, deslocamento forçado e recrutamento forçado,
inclusive de crianças.
Agentes de segurança venezuelanos realizaram operações conjuntas com
combatentes do ELN e foram cúmplices de seus abusos.
Independência do Poder Judiciário e Impunidade por Abusos
O Judiciário parou de funcionar como um poder independente do Estado em 2004.
Não tem ocorrido justiça significativa pelos crimes cometidos com conhecimento
ou aquiescência de autoridades de alto escalão.
As autoridades judiciais foram cúmplices de abusos, informou a Missão da ONU em 2021,
inclusive ao emitir mandados retrospectivos para prisões ilegais, ordenar rotineiramente
prisões preventivas, manter detenções com base em evidências frágeis e não proteger
vítimas de tortura.
A Assembleia Nacional da Venezuela, controlada por partidários de Nicolás Maduro,
revisou a Lei Orgânica do Tribunal Supremo de Justiça em janeiro, exigindo uma nova
Suprema Corte—a qual desempenha um papel crítico na nomeação e destituição
de juízes de primeira instância— com 20 ministros em vez de 32. O processo de
seleção não foi independente. Embora a constituição da Venezuela permita apenas
um mandato de 12 anos, juízes que não atuaram no controle do poder executivo
foram reconduzidos por mais tempo.
Direitos dos Povos Indígenas e Mineração
As autoridades aparentemente não consultaram moradores antes de criar uma
zona especial de mineração em 2016, abrangendo 14 territórios indígenas. A

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mineração é um dos principais vetores do desmatamento e da poluição da água,


contribuindo para doenças como a malária. O SOS Orinoco e o jornal Correo del
Caroní informaram que pessoas de comunidades indígenas próximas às minas
estão sofrendo uma intoxicação severa pelo mercúrio usado para separar o ouro
das impurezas. Alguns foram deslocados à força.
As autoridades têm falhado em proteger as populações indígenas da violência,
do trabalho forçado e da exploração sexual. A Human Rights Watch documentou
abusos terríveis – amputações, tiroteios e assassinatos – por grupos que controlam
minas de ouro ilegais no sul da Venezuela, operando com a aquiescência do governo.
Em 20 de março, um confronto entre as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas
(FANB) e uma remota comunidade indígena Yanomami no estado do Amazonas
deixou quatro indígenas mortos. As autoridades mantiveram um jovem de 16 anos
que havia sido baleado e ficou gravemente ferido incomunicável, por mais de três
meses, em um hospital militar de Caracas. O ACNUDH pediu uma investigação
adequada, incluindo as “causas subjacentes” do incidente. Advogados disseram
que as investigações estão paradas.
Em setembro, a Missão da ONU se referiu a abusos cometidos por agentes das
forças de segurança e grupos armados, incluindo o ELN, contra pessoas em áreas
de mineração.
Vários líderes indígenas têm sido ameaçados ou atacados por atores estatais e não
estatais. Em junho, Virgilio Trujillo, líder indígena que se opunha ao garimpo ilegal
na comunidade Uwottuja e havia recebido ameaças de morte, foi morto a tiros.
Direitos de Pessoas com Deficiência
Em maio, o Comitê dos Direitos das Pessoas com Deficiência concluiu que não
há lei ou mecanismo para combater e punir a discriminação contra pessoas com
deficiência e um modelo de educação não inclusiva. Há uma necessidade de garantir
a acessibilidade e o acesso à justiça, e de eliminar as restrições à capacidade legal.
Orientação Sexual e Identidade de Gênero
A Venezuela não possui legislação civil abrangente que proteja as pessoas contra
a discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero, além de
disposições específicas no Código do Trabalho e na lei de habitação. Não há proteção
legal para casais do mesmo sexo.
O Código de Justiça Militar pune com prisão de até 3 anos e demissão ato sexual
consensual entre pessoas do mesmo sexo. O Tribunal Supremo de Justiça anunciou
que analisará o dispositivo, após um recurso do grupo Venezuela Igualitária.

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Direitos da Mulher
O aborto é criminalizado na Venezuela, exceto quando a vida da gestante está
em risco.
Os serviços de saúde sexual e reprodutiva para mulheres sofrem uma perda de
capacidade, segundo um estudo da HumVenezuela, uma plataforma independente
de organizações da sociedade civil que monitoram a emergência humanitária. Em
março, havia uma falta de 61,7% de contraceptivos e 55,8% das mulheres grávidas
“não puderam receber cuidados obstétricos adequados”.
Em setembro, a Missão da ONU documentou que mulheres e meninas têm relatado
violência sexual por parte de agentes da FANB trabalhando em postos de controle
e de grupos armados controlando áreas de mineração.
Direito ao Voto
Em fevereiro, a missão da União Europeia que monitorou as eleições de 2021
divulgou um relatório final descrevendo sérios obstáculos para votar e concorrer
a cargos públicos, incluindo desqualificação arbitrária de oponentes do governo
que buscam se candidatar, uso partidário de recursos estatais, acesso desigual à
mídia e redes sociais, bloqueio de websites e falta de independência do judiciário
e de respeito pelo Estado de Direito. Tais condições, disseram eles, prejudicaram
a justiça e a transparência da eleição.
As eleições presidenciais estão marcadas para 2024 e as legislativas e regionais
para 2025.
Emergência Humanitária
O Plano de Resposta Humanitária da ONU para a Venezuela 2022-2023 estima
que existam 5,2 milhões de pessoas que precisam de apoio em áreas como saúde,
segurança alimentar e água, saneamento e higiene.
A HumVenezuela disse em março que a maioria dos venezuelanos enfrenta
dificuldades no acesso a alimentos, com 10,9 milhões de subnutridos ou com
fome crônica. Cerca de 4,3 milhões são privados de alimentos, às vezes passando
dias sem comer.
O colapso do sistema de saúde da Venezuela levou ao ressurgimento de doenças
infecciosas e evitáveis por vacinas. Barreiras à realização de transplantes
supostamente estão resultando em centenas de mortes.
Em março, cerca de 8,4 milhões de pessoas gravemente doentes estavam tendo
problemas para obter serviços médicos, e mais de 9 milhões de pessoas que
precisavam de medicamentos e suprimentos de saúde não podiam pagar por eles.
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Quedas de energia e água nos centros de saúde – e a emigração de profissionais


de saúde – estavam enfraquecendo ainda mais a capacidade operacional.
O governo não publica dados epidemiológicos oficiais desde 2017.
A falta de acesso a serviços básicos agrava a crise humanitária. O acesso à água
potável e ao saneamento diminuiu de 2021 a 2022, informou a HumVenezuela,
deixando cerca de 4,4 milhões pessoas em extrema necessidade de água potável e
1,3 milhão de pessoas em extrema necessidade de serviços básicos de saneamento.
Crise de Refugiados
Aproximadamente 7,1 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014,
informa a Plataforma de Coordenação Interagencial para Refugiados e Migrantes
da Venezuela (R4V), cerca de 5,9 milhões para países da América Latina e Caribe.
Embora muitos governos vizinhos tenham recebido os venezuelanos, a falta de uma
estratégia regional coordenada deixa milhares sujeitos a condições inadequadas
ou sem obter o status de refugiados ou outras proteções legais, forçando-os a
seguir para o norte. A xenofobia continua sendo um desafio significativo.
Novas restrições de visto impediram os venezuelanos de voar para o México e
países da América Central, aumentando significativamente o número de pessoas
enfrentando a perigosa selva da região de Darién, na fronteira entre Colômbia e
Panamá. Mais de 107.000 venezuelanos cruzaram a região entre janeiro e setembro,
em comparação com cerca de 1.500 em 2021. Eles enfrentam graves abusos,
inclusive violência sexual.
Até maio, cerca de 76.000 venezuelanos obtiveram status de proteção temporária
nos Estados Unidos. Em julho, os EUA estenderam essa proteção até 10 de março
de 2024.
Em 12 de outubro, os governos dos Estados Unidos e do México anunciaram que os
venezuelanos que cruzassem a fronteira irregularmente seriam expulsos para o México
sem a chance de pedir asilo. Um novo programa permitirá que alguns venezuelanos se
inscrevam para viajar de avião para os EUA. Os requisitos para se inscrever no programa
geralmente são difíceis de cumprir.
Liberdade de Expressão
As autoridades estigmatizaram, assediaram e reprimiram a imprensa, fechando
veículos dissidentes. A autocensura é generalizada devido ao medo de represálias.
As autoridades usam a vaga Lei Contra o Ódio de 2017— pela qual a publicação
de “mensagens de intolerância e ódio” é punível com prisão de até 20 anos—para
restringir o discurso antigoverno.

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Em fevereiro, provedores de internet bloquearam sites de imprensa, inclusive


da Efecto Cocuyo, Crónica Uno e El Nacional, informou a análise do VeSinFiltro.
A Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana
de Direitos Humanos (CIDH) reportou, em julho, o aumento da censura por meio
do bloqueio deliberado de plataformas digitais e cortes no serviço de Internet.
Defensores dos Direitos Humanos
As autoridades venezuelanas assediam e perseguem defensores dos direitos
humanos e organizações da sociedade civil que tratam de direitos humanos e
emergências humanitárias.
Javier Tarazona, do grupo Fundaredes, permanecia preso, até a redação deste
relatório. Ele foi detido arbitrariamente em julho de 2021, após expor ligações
entre as forças de segurança venezuelanas e grupos armados.
Várias organizações e a CIDH expressaram preocupação de que um projeto de lei de
cooperação internacional apresentado na Assembleia Nacional em maio pudesse
permitir o cancelamento arbitrário do status legal de organizações por promover
ou participar de atividades contrárias aos interesses do governo.
Em 28 de junho, as autoridades rejeitaram as acusações feitas em 2021 contra
cinco trabalhadores do grupo humanitário Azul Positivo.
Em setembro, dois agentes de inteligência visitaram os escritórios da organização
de direitos humanos Provea, que estava realizando uma coletiva de imprensa com
familiares de sindicalistas presos em julho.
Condições Prisionais
Corrupção, fraca segurança, deterioração de infraestrutura, superlotação,
funcionários insuficientes e guardas mal treinados permitem que grupos criminosos,
na prática, controlem os presídios.
O Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) estima que cerca de 54% dos detidos
estão em prisão preventiva.
O OVP estima que 7.792 pessoas morreram na prisão entre 1999 e 2021. Serviços
médicos e de higiene de baixa qualidade e falta de acesso a água potável e alimentos
nutritivos suficientes contribuem para a fome e doenças. Nos últimos quatro
anos, as mortes por desnutrição e tuberculose excederam as mortes violentas,
de acordo com a OVP.
Principais Atores Internacionais
Em outubro, o Conselho de Direitos Humanos da ONU estendeu o mandato da
Missão por mais dois anos. Em um relatório de setembro, concluiu que autoridades

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de alto escalão foram responsáveis por uma política deliberada de repressão


aos opositores e que o governo venezuelano atuou com “conivência” com grupos
criminosos na região do Arco Mineiro.
Durante uma visita à Venezuela em março, o procurador do TPI anunciou que abriria
um escritório em Caracas. Em 15 de abril, as autoridades venezuelanas pediram
a ele que adiasse sua investigação sobre possíveis crimes contra a humanidade,
afirmando a “vontade genuína” de investigar casos internamente. Em 20 de abril,
Khan notificou os juízes do TPI sobre o pedido da Venezuela, indicando que pediria
que o rejeitassem e permitissem a continuidade de sua investigação.
Em março, a alta comissária da ONU para os direitos humanos informou o Conselho
de Direitos Humanos os sistemáticos abusos, incluindo desafios ao devido processo
legal, restrição de espaço cívico e detenções arbitrárias. Em junho, ela pediu
investigações independentes, responsabilização, reparações para vítimas e
famílias, fortalecimento da independência do judiciário e separação de poderes. Ela
mencionou os desafios persistentes para a plena realização dos direitos econômicos,
sociais e culturais.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU, que obteve permissão do governo de
Maduro em 2021 para fornecer alimentos a crianças pequenas, entregou refeições
a 210.000 beneficiários em 1.700 escolas em sete estados até agosto de 2022. Os
representantes esperam que o programa atinja 1,5 milhão de pessoas até o final
do ano letivo de 2022-2023.
A Plataforma R4V solicitou USD 1,79 bilhão para ajudar 8,4 milhões de pessoas na
região, incluindo migrantes venezuelanos, retornados colombianos e comunidades
de acolhida. Em outubro, apenas 16,8% do plano havia sido financiado.
O Plano de Resposta Humanitária da ONU 2022-2023 para a Venezuela pediu USD
795 milhões para ajudar 5,2 milhões dos venezuelanos mais vulneráveis. Até outubro,
foram arrecadados USD 130,7 milhões, cobrindo 16,4% do plano.
Em outubro, a Venezuela falhou em sua tentativa de ser reeleita como membro
do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Vários governos e instituições mantêm sanções direcionadas contra autoridades
venezuelanas implicadas em abusos de direitos humanos e corrupção.
O recém-eleito presidente colombiano, Gustavo Petro, anunciou que a Colômbia
reabriria sua fronteira com a Venezuela e nomeou um embaixador, que assumiu o
cargo em Caracas em 29 de agosto. A Argentina também anunciou sua intenção de
restabelecer relações diplomáticas em abril.

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Em março e junho, os Estados Unidos enviaram delegações oficiais a Caracas pela


primeira vez em anos para conversas aparentemente motivadas pelo interesse
em acessar o petróleo venezuelano. Em junho, o presidente Joe Biden ofereceu
seu apoio a Juan Guaidó – a quem os EUA reconhecem como presidente interino
da Venezuela – e reafirmou a disposição dos EUA de calibrar a política de sanções
com base nos resultados das negociações. Durante uma audiência no Congresso
sobre a Venezuela, o secretário adjunto de Estado para Assuntos do Hemisfério
Ocidental, Brian Nichols, alertou sobre sanções adicionais se as negociações não
forem retomadas.
Em outubro, a Venezuela libertou sete cidadãos norte-americanos detidos
injustamente, em troca da libertação de dois sobrinhos da esposa de Nicolás
Maduro, detidos nos Estados Unidos sob acusação de tráfico de drogas.
Em setembro, o governo venezuelano e a oposição estavam negociando um acordo
para aumentar a ajuda humanitária que chega ao povo venezuelano.
Um momento de tensão entre as relações bilaterais Brasil e a Venezuela veio à tona
quando, lá nos primeiros meses de 2019, em meio a uma fuga incessante de venezuelanos
rumo ao Brasil, a própria Venezuela, e não o Brasil, repare, que era, em tese, o país mais
prejudicado, determina o fechamento de suas fronteiras conosco. Aviltado em função
da oferta de ajuda humanitária oferecida pelo Presidente Bolsonaro, Nicolas Maduro
simplesmente respondeu com um bloqueio total. Imaturidade foi mato em sua ação. Não
havia nenhuma dúvida de que a Venezuela necessitava de auxílios externos. Mas, em ato
completamente voltado a tão somente demonstrar que seu país, claro, de forma mentirosa
e melancólica e, porque não dizer, até burra, não necessitava de nenhum auxílio, ainda mais
em se tratando de uma oferta vinda de um país onde o nosso presidente Jair Bolsonaro se
posicionava claramente como opositor (radical) do governo socialista da Venezuela.

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Veja matéria abaixo do G1, de 21/03/2019:

Venezuela fecha fronteira com o Brasil


Bloqueio do lado venezuelano começou às 21h de quinta e, por ordem de
Maduro, não tem prazo para terminar. Grupos de estrangeiros que entraram
em Roraima pouco antes das 20h (horário local) foram informados pela
Guarda Venezuelana de que não poderiam retornar.
A fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada na noite após Nicolás Maduro
determinar o bloqueio por tempo indeterminado. Normalmente, a passagem
é fechada à noite e reabre por volta das 8h do dia seguinte.
Grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes das 20h (horário local, 21h em
Brasília) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retornar
após o horário definido por Maduro. Na manhã desta sexta, moradores do país vizinho
tentavam voltar para lá.
Até as 21h29 o fluxo ainda era liberado para pedestres, no entanto, a passagem
de veículos era proibida. Guardas venezuelanos colocaram cones no meio da pista
a poucos metros do primeiro ponto de fiscalização no país.
O Presidente venezuelano determinou o fechamento para tentar barrar a ajuda
humanitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, após

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pedido do autoproclamado Presidente interino Juan Guaidó. Maduro vê a


oferta dessa ajuda como uma interferência externa na política da Venezuela.
Durante a tarde, após o anúncio do fechamento, venezuelanos correram
para Pacaraima, cidade brasileira na fronteira, para comprar estoques de
mantimentos. Um comerciante da região relatou aumento de 30% no movimento
em relação a “dias comuns”.
No anúncio, feito de Caracas, o líder chavista afirmou que a passagem entre os
países ficaria “fechada total e absolutamente até novo aviso”.
Do fim da tarde até o início da noite, por volta das 19h (20h de Brasília), houve uma
intensa movimentação de carros carregados com compras saindo de Pacaraima a
Santa Elena. Uma fila chegou a se formar próximo à área de fiscalização venezuelana.
O fechamento ocorre onde seria um dos pontos de coleta dos carregamentos de
comida, remédio e itens de higiene básica enviados à população venezuelana. O
porta-voz do Presidente Jair Bolsonaro (PSL), Otávio Rêgo Barros, disse que a
ajuda humanitária está mantida.

Após três meses fechada por decisão unilateral de Maduro, o governo venezuelano resolveu
reabrir a fronteira com o Brasil em maio de 2019. No caso da fronteira da Venezuela com a
Colômbia, esta foi reaberta em junho de 2019, após quase um ano fechada.

Obs.: O NÚMERO DE VENEZUELANOS no Brasil bateu, em meados de 2022, cifra na casa de


300.000 indivíduos, os quais, em sua imensa maioria, estão alocados em condições
de extrema pobreza, morando nas ruas das cidades de Roraima, principalmente na
capital Boa Vista. Peru e Colômbia são outros dois imensos receptores de imigrantes
venezuelanos, perfazendo em torno de mais de 1 milhão de venezuelanos atualmente
em cada um destes países.
Em números totais, estima-se que quase 7 milhões de venezuelanos saíram do país em
busca de melhores condições de vida em outros lugares. Atualmente, somente a Síria, visto
haver por lá uma guerra civil faz mais de dez anos, conseguiu produzir um contingente de
pessoas similar.
Por fim, na entrada de 2020, as relações entre Brasil e Venezuela azedaram de vez.
Os países rumam rapidamente a um rompimento diplomático, o que é péssimo para o
MERCOSUL. Em março de 2020, ambos os Presidentes deram seguimento à retirada de seus

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representantes diplomáticos nos dois países. Porém, com Lula à frente da Presidência, o
que se espera (e deve ser a tônica) é que ocorra um cenário mais ameno e de cordialidade na
relação entre os dois países, de certa forma similar ao que ocorria quando Dilma Rousseff
(2011-2016) esteve à frente da Presidência.
No campo externo, a Venezuela tenta se segurar como pode com ajuda chinesa, país este
que, junto a Cuba, é o seu parceiro no exterior. No Caribe, as tropas americanas seguiram
de prontidão, em austero aviso de que poderiam, ao menos enquanto Donald Trump esteva
a frente do poder (2017-2020), atacar o país e mudar o governo. Mas nada se realizou de
prático neste sentido, prevalecendo a cautela, repare bem, e o não intervencionismo.
Por fim, a Venezuela, atualmente, se arrasta sob uma crise econômica sem precedentes
em toda a história econômica global.

2.7. OS ESTADOS UNIDOS HOJE

2.7.1. A ELEIÇÃO DE DONALD TRUMP E O “RUST-BELT”


Eleito através um sistema eleitoral complexo, do tipo indireto, e com menos votos
populares que a tarimbada senadora por Nova York, sua rival Hilary Clinton (algo em torno
de 2,8 milhões de diferença de votos pró-parlamentar), o bilionário se valeu da vitória em
Estados-chaves do chamado “manufacturing-belt”, o cinturão a Nordeste dos EUA, que
foi, por décadas, o motor pulsante da indústria global e da pujança financeira, mas que,
atualmente, se encontra esfacelado por perdas relativas à transferência de plantas fabris
para países com melhores vantagens competitivas (leia-se “salários bem mais baixos, leis
ambientais frouxas e sindicatos fracos ou inexistentes”), tais como China, Índia, Tailândia,
Indonésia e parte da América Latina, especialmente o México, entre outros.
Tal retrocesso econômico é resultado direto da nova estruturação econômica global pós-
fordista (a partir dos anos 1970), intensificado pelo processo de globalização recente e a
abertura da China em definitivo para o Mundo (década de 1990), o qual assolou esta grande
área a Nordeste dos EUA. Com perdas econômicas (empobrecimento) e de perspectivas,
associadas a uma depressão urbana, em que cidades como Detroit, em Michigan, chegaram a
perder algo em torno de 2/3 de sua população desde a década de 1970, o pujante epicentro
da produção industrial global, que outrora fora conhecido como sendo o “cinturão da
manufatura”, passou a receber a alcunha de “rust-belt”, o “cinturão da ferrugem”.

Obs.: Caro(a) aluno(a), veja a área compreendida pelo rust-belt (oficialmente manufacturing-
belt) e, no outro mapa, mais adiante, como se deu a vitória de Trump em parte dos
estados compreendidos (em vermelho, os estados onde os republicanos venceram).

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Assim, Donald Trump evoca um discurso em sua campanha em defesa ferrenha desta
população desacreditada e empobrecida do Nordeste dos EUA, de origem norte-americana
por excelência (em contraste à população dos Sul dos EUA, em parte de origem hispânica),
calcado no lema “America First”, a que fossem às urnas no dia 8 de novembro de 2016 e o
elegessem. E ele, alavancado pelos votos em Estados pertencentes ao manufacturing-belt,
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os quais votaram nas eleições anteriores no candidato democrata, tais quais Wisconsin,
Ohio e Pennsylvania, venceu as eleições.
É interessante que, nas eleições de 2020, Donald Trump perdeu também em boa parte
dos estados que o ajudaram em sua eleição de 2016.
Um ponto em atualidades em relação ao que foi exposto reside no fato de que A GUERRA
COMERCIAL PROMOVIDA POR TRUMP ANTE A CHINA (e veremos mais à frente sobre este
tema) ocorre exatamente para atender a seu eleitorado do norte dos EUA, que almeja a
volta do emprego industrial através, exatamente, do retorno das plantas indústrias que se
dispersaram dos EUA em direção à China.

2.7.2. A ECONOMIA AMERICANA (2022/2023)


Os Estados Unidos possuem a maior economia do mundo. Falar sobre este país obriga-
nos, inicialmente, a comentar o atual contexto econômico, bastante positivo até a chegada
da epidemia da COVID-19, porém com peculiaridades inerentes a este gigante global que
detém em torno de 25% das riquezas produzidas no globo em 2022.
Alguns cenários/dados recentes da economia dos EUA no pós-pandemia (2022):

Aumentar juros e diminuir os estímulos monetários é uma medida que vem sendo tomada
em regiões desenvolvidas, como os Estados Unidos, ao menos em tese. Porém, a injeção de
dólares na economia para estimular o consumo foi muito superior ao auxílio emergencial
que chegou a 600 reais no Brasil. Associado a isto, além de baixar os juros a zero e comprar
bilhões de dólares em títulos públicos para aumentar a liquidez dos mercados, o governo
dos Estados Unidos, por exemplo, deu auxílios diretos que chegaram a até 6 mil dólares por
família no pior momento da pandemia, o que estimulou o consumo e ajudou a economia a
girar. Na outra ponta, ocorreu uma pressão inflacionária que não era percebida por lá fazia
décadas; uma carestia relacionada ao ocaso das cadeias globais de produção, em função da
pandemia de Covid-19 e, em seguida, a Guerra Ucrânia x Rússia e também a redução dos juros.

O nível do emprego no gigante do Norte ainda é considerado pleno. Se no Brasil em torno


de 12 milhões de pessoas procuram trabalho (mais de 10% da PEA), nos EUA esse número
não atinge nem 4% da população economicamente ativa, sendo percebido por lá ainda
a manutenção do estágio denominado como “pleno emprego”. Contudo, a reclamação é
enorme por parte dos empregadores, reclamando incessantemente ser muito difícil manter
a oferta de emprego em um cenário de baixo crescimento econômico.
E por falar em crescimento econômico, os dados finais de 2022 revelam ter havido um
crescimento anual de 2.1%
CRESCIMENTO DA ECONOMIA DOS EUA EM 2022: 2.1%
Em 2020, tal como era de se esperar, a economia americana entrou em crise junto
com as principais economias globais em função da pandemia de Covid-19. Mesmo assim,

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a participação dos EUA em termos globais ainda é, em 2022, a maior proporcionalmente


em termos globais disparada. Após a recessão global, os EUA voltam a crescer em 2021 e
também em 2022. Atualmente, o tamanho da economia dos Estados Unidos supera em
1/5 a economia da China.

Gráfico comparativo economias globais


Em: https://www.reddit.com/r/brasilivre/comments/vyddbj/economia_mundial_em_2022_pib/

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No gráfico acima, observe, caro(a) aluno(a), ser latente a primazia global da economia
americana, ou seja, a sua dianteira ante aos outros países do globo. É interessante, preste
atenção nessa informação, notar que havia uma previsão em franco vigor, no início da
década 2000, que vaticinava que, mais ou menos, isto entre os anos de 2015 e 2018, haveria
a ultrapassagem do tamanho da economia chinesa frente à americana. Seria um evento
histórico, sem dúvida alguma, visto ser, em mais de 100 anos, uma ultrapassagem de algum
país, e ainda mais um país comunista, frente a um país capitalista. Contudo, tal fato não
ocorreu conforme fora previsto pelos analistas. Enfim, mas isso se deveu, principalmente,
porque, nos últimos anos, antes da pandemia, ocorreu uma forte redução no vigor do
crescimento econômico da China – ou seja, um arrefecimento. O gigante país comunista-
oriental saiu de um quadro em que os números anuais de crescimento econômico estiveram
ao redor de 11% a 13% ao ano, entre o início da década de 1990 até a entrada da década
de 2010, para uma taxa de crescimento, em 2019, na casa dos 7%. Na outra ponta, os EUA
vinham recentemente (nos anos antes da pandemia) recuperando o vigor de seu crescimento
econômico. Sendo assim, em 2019 – no último antes da pandemia –, a economia chinesa
representava ainda em torno de 60% do tamanho da economia norte-americana, não
havendo, portanto, ultrapassado (e frustrando essas previsões) o tamanho da economia
dos Estados Unidos. Agora, neste período chamado como sendo “pós-pandemia”, é que
analisaremos quando esse cenário poderá apresentar de fato uma reversão. As novas
análises (visto a China ainda crescer sempre mais anualmente que os EUA) dão conta de
que tal ultrapassagem deverá ocorrer por volta de 2030 a 2032. Veremos!

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2.7.3. A PAX-AMERICANA X ISOLACIONISMO DE DONALD TRUMP (2017-2020)


Com uma plataforma eleitoral voltada à atenção das necessidades econômicas dos
EUA – xenófoba por excelência, por ser ideologicamente repulsiva aos imigrantes –, Donald
Trump destilava, já em seu discurso de posse, no dia 20 de janeiro de 2017, sua pegada
afinada à projeção dos negócios nos EUA (com sua forma peculiar de perceber o papel dos
EUA) e como se pautaria a partir dali a atuação de seu país. Ressalta que “o poder estava
de volta ao povo” e deixa claro que não esmoreceria ante o lema “America First”, propalado
em seus discursos de campanha.
Trump demonstrava nitidamente que não caberia mais a promoção de escalas globalizadas
como antes vistas, nem de comércio multilateral, direcionando assim seu mandato, inclusive
em franca colisão ao que fora levado a cabo por seu antecessor, Barack Obama, em oito anos
de governo (2008-2015), e outros presidentes americanos, tais quais George Bush (pai e
filho) e Bill Clinton. Era, sem dúvida alguma, um soco no estomago daquela globalização – tal
qual conhecemos – iniciada nos primeiros dias da década de 1990, em que os paradigmas
de um mundo globalizado, leia-se livre comércio e blocos multilaterais em franca expansão,
começam a ruir de vez.
Observe bem: por décadas a fio os EUA imprimiram a chamada pax-americana, corolário
que buscava sinalizar que quem os acompanhasse ideologicamente sairia (ao menos na
promessa norte-americana) privilegiado no jogo das cartas de forças geopolíticas e econômicas
capitalistas. Com Trump, porém, à frente do poder, ascende um novo rumo nesse “contrato”.
Sua plataforma de governo se mostra escancaradamente isolacionista ao relegar arranjos
e acordos com países. Arranjos estes de comércio multilateral oriundos de uma política/
promessa neoliberal/globalizada. Tais costuras, sob a ótica de Trump, só poderiam obter
corpo e forma sendo ultravantajosas aos EUA. Vemos aqui, preste bastante atenção, caro(a)
aluno(a) haver, portanto, uma nova lógica ou novo direcionamento, eminentemente refratário
ao discurso globalizante que pregava redução nas taxas, ou seja, o fim dos protecionismos
para formar um único mundo comercial. Isso era interessante para os EUA, mas, neste século,
com a saída das plantas globais produtivas de dentro dos EUA rumo, principalmente, aos
países do sudeste asiático, em associação ao crescimento da produção e da produtividade
agrícola no Brasil, tal liberalização passa a ser desinteressante para os norte-americanos.
Houve também uma extrema concentração de capital em poder na mão de pouquíssimas
empresas globais, em que boa parte dessas atualmente são, inclusive, de propriedade dos
chineses. A produção e o capital começam a mudar de mãos. Com eles vão-se os empregos
industriais (e também no campo e no setor de serviços) e, claro, consequentemente, o
gigantesco controle norte-americano sobre as escalas econômicas globais.

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Luis Felipe Ziriba

Em suma, Trump defende (e ele já disse que tentará a eleição em 2024) com unhas e
dentes em seu mandato a promessa de colocar sempre os interesses dos EUA em primeiro
lugar. Ora, é só lembrarmos que, em sua campanha, o lema empunhado era o “America First”.
Repare que, logicamente, reside nesse lema a busca pelos eleitores preocupados apenas
com os interesses dos EUA, relegando, assim, a posição de liderança global adquirida pelo
gigante país. Além do mais, intitular América como se fosse apenas os EUA, o que não é
visto haver no imenso e belo continente da terra mais 34 países independentes, é uma
apropriação indevida do termo e erro crasso de percepção geográfica.
Agora também vem uma pergunta: E com Biden a frente da presidência dos EUA, será
que ocorre uma reversão neste contexto isolacionista impresso a ferro e fogo por Trump, ou
seja; de escancarada defesa dos interesses dos EUA em primeiro lugar custe o que custar?
Respondo: Não. Visto a pujança produtiva da China comunista, a rebeldia da Rússia de Putin
com seu alinhamento escancarado ao gigante vizinho comunista, entre outros aspectos,
Joe Biden também imprime em seu governo iniciado em 2021, claro, de forma menos
escancarada, mas parecida com Trump, uma defesa ferrenha dos interesses comerciais
dos EUA. Tal direcionamento passa por uma desregulação das bases de acordos de taxas
e tarifas alfandegárias liberalizadas. Contudo, vale destacar que Biden não relega, tal qual
seu rival e antecessor na presidência, participar, por exemplo, de acordos climáticos e/ou
associações que visem o bem comum global. Sobre a questão climática e os EUA, desde
Trump até aqui, siga comigo a seguir.

2.7.4. A SAÍDA DOS EUA DO ACORDO DE PARIS (COP-21)


Primeiramente, vale-nos compreender que o Acordo de Paris foi o mais robusto acordo
climático em número de países participantes da história. Fechado na 21ª Conferência do Clima,
realizada em dezembro de 2015 (ainda com Barack Obama à frente da Presidência dos EUA), em
Paris, embora não obrigue que os países venham a assumir metas de redução de gases de efeito
estufa, tal qual fora conseguido em Kyoto, foi, contudo, por meio deste importante tratado que
195 países assumiram compromisso no sentido de manter o aumento da temperatura média
global em bem menos de 2ºC acima dos níveis pré-industriais e também de envidar esforços
para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Pois bem, sigamos. Com a justificativa de “tornar a América grande novamente” e com
o “dever solene de proteger os Estados Unidos e os seus cidadãos”, os Estados Unidos se
retiraram do Acordo Climático de Paris. Se, com Barack Obama, esse tipo de participação
norte-americana era mais ativa em torno questões globais, o isolacionismo de Trump vem
fazer água nessa questão climática e, também, em várias outras de relevância global, as
quais a participação dos EUA é de extrema necessária.

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Trump, inclusive, consegue um aumento de seguidores refratários à questão climática


ao tornar o Brasil um expoente desse tipo de forma de agir, quando, durante a campanha
presidencial de 2018, o (ex) presidente Jair Bolsonaro declarou que, caso eleito fosse,
também retiraria nosso país do acordo climático global. Bolsonaro, contudo, após tomar
posse, desistiu de tal retirada do Brasil do acordo, porém não aceitou sediar a COP-24
aqui. Em sua alegação, Bolsonaro diz ter percebido não valer a pena para o Brasil sediar tal
cúpula, pois os custos eram, em suas palavras, “altos demais”.

2.7.5. SAÍDA DOS EUA DA UNESCO


Em outubro de 2017, Donald Trump anunciou a saída dos EUA da Unesco, a agência de
educação e cultura da Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão foi tomada por
Trump tendo, logo depois, Israel também declarado seguir o mesmo caminho. A justificativa
de ambos aliados é que percebiam em uníssono haver por parte da agência posturas em
torno de suas ações claramente de cunho anti-israelense.
A decisão americana, válida a partir de 2019, não surpreende, contudo, pois, em 2011,
ainda no primeiro mandato de Barack Obama, os EUA já haviam cancelado sua contribuição
financeira para a Unesco em protesto contra decisão da agência de conceder aos palestinos
o status de membros plenos.

2.7.6. A QUESTÃO DO TRATADO DE ASSOCIAÇÃO TRANSPACÍFICO


O isolacionismo econômico tem como primeira e principal medida de governo tomada
por Trump a retirada do Tratado de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), acordo
este o qual, ainda durante a campanha, o fez vociferar, com veemência, que o acordo era
“terrível” e que “violava” os interesses dos trabalhadores norte-americanos.
O acordo foi negociado pelo governo de Barack Obama. Nasceu como um contrapeso à
crescente influência econômica e política da China. Sendo assim, Austrália, Brunei, Canadá,
Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietnã ajustaram as pontas e,
em 2018, assinam uma nova parceria, renomeada como Acordo Progressivo e Compreensivo
Tratado Transpacífico (TPP11), com os EUA.

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Veja o mapa do TPP – Trans Pacific Partership (ainda com os EUA)

Outra medida de impacto, e que dá mais uma dimensão deste isolacionismo comercial
promovido por Donald Trump, foi anunciada dias depois da sua retirada do TPP. Para o
NAFTA, Trump disse que seu país só seguiria dentro da Aliança de Livre Comércio dos países
da América do Norte, iniciada em 1994, se Canadá e México aceitassem reiniciar rodadas
de renegociação comercial (entenda-se “tarifárias”), com vistas a reduzir o saldo negativo
do comércio norte-americano com os dois países-parceiros no acordo. Pressionados e com
medo de perder o parceiro comercial, mesmo a contragosto, Canadá e México iniciaram, em
2017, novas negociações visando atender ao interesse dos EUA, para, em outubro de 2018,
o mandatário norte-americano anunciar oficialmente o fim do NAFTA como conhecemos
e iniciar rodadas individualizadas de negociações.

Sobre a questão supremacista nos EUA, entenda: os Estados Unidos são o país no mundo
com a maior quantidade absoluta de imigrantes inseridos em uma população. Residem por
lá, atualmente, algo em torno de 40 milhões de estrangeiros, para um contingente total
de 330 milhões de habitantes.
Desde a década de 1960, até a entrada deste século, os EUA promoveram políticas de
cunho a facilitar a entrada de imigrantes. Contudo, tal política de abertura a estrangeiros
arrefeceu, em primeira análise, em função dos ataques terroristas de 11 de setembro de
2001. Assim, ao longo das últimas duas décadas, uma série de políticas de cunho a dificultar
a entrada de imigrantes tomaram corpo no país. Com Donald Trump à frente da Presidência,
se encrudescem tais iniciativas de forma radical.
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Além das questões relacionadas ao tecido social promovidas pela massa de imigrantes
constantes na população americana (tais quais a questão da presença no mercado de trabalho,
o dinamismo econômico e os aspectos legais e jurídicos), os EUA atravessam tempos nos
quais também o tecido racial vem rasgando. Para consertar, em nada colabora o modelo
xenófobo – abertamente racista – que Trump imprime sobre a sociedade americana.
O ano de 2017, o primeiro completo de Donald Trump à frente dos EUA, foi marcado por
sucessivos distúrbios, principalmente pelo interior dos EUA, confrontando posições de
grupos de defesa dos imigrantes e dos negros e os grupos denominados supremacistas.
Em Charlottsville, Virginia, uma passeata, em agosto de 2017, de cunho antirracista se
transformou em tragédia. De posse de seu veículo Dodge Challenger, o jovem James Alex
Fields, declaradamente um defensor da supremacia americana, matou uma pessoa e feriu
outras 19 ao avançar com seu bólido sobre a multidão. Pelas cidades do país, de Norte a
Sul, o que se percebe ao longo do ano é a mesma situação. Uma série de distúrbios e uma
crescente considerável nas mortes em função do confronto étnico-racial. Se, por um lado,
os EUA, ao longo dos últimos tempos, vêm diminuindo suas taxas de homicídios por causas
econômicas ou uso drogas, por outro aumentou consideravelmente, após a eleição de
Trump, o número de mortes por causa de questões raciais e étnicas.
Os supremacistas são a parte da população norte-americana que considera indesejável,
de estirpe inferior, imigrantes, judeus e negros. Preconizam um país livre dessas minorias
e reivindicam, ao menos, poderem bradar livremente seus discursos, colocando à frente
de tudo um conceito escancarado de prevalência de uma superioridade branca. Estima-se
haver, no primeiro ano de Trump como presidente (2017), algo em torno de 900 a 1.000
organizações desse tipo nos EUA.
A verdade é que, com Donald Trump (2017-2020) à frente dos rumos da nação, tais grupos
se sentiram à vontade para vociferar em defesa dos mais radicais ideários supremacistas.
Não que tais grupos tenham nascido a partir da eleição de Trump em 2016, muito pelo
contrário, pois tal pensamento se encontra enraizado nos EUA há tempos. Porém, à medida
que um presidente se identifica claramente com a xenofobia (chegando Trump, em discurso
oficial, ter se referido aos grupos latinos oriundo de El Salvador e da Nicarágua como sendo
pessoas nascidas em “shit-countries”, ou “países de merda”) e seu apoio para ter derrotado
Hillary Clinton residir em um eleitorado mais radical, fica óbvio haver, em função de sua
eleição como chefe da nação, todo um cenário favorável à ação destes grupos xenófobos.

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TEXTO COMPLEMENTAR
Por Professor Luis Felipe Ziriba

05/07/21

GEORGE FLOYD E O #BLACKLIVESMATTER


Em 25 de maio de 2020, George Floyd, um cidadão americano negro, desempregado
e com algumas passagens pela polícia, foi detido pela polícia de Minneapolis, capital
de Minnesota. Um vídeo mostrando a prisão de Floyd e a forma como o oficial de
polícia Derek Chauvin procedeu viralizou logo em seguida.
Algemado, de bruços no chão, após sofrer acusação de tentar passar uma
nota falsa de US$ 20 em um mercado na tentativa de comprar cigarros, além de
supostamente haver resistido à prisão, Floyd acaba morrendo sufocado. Tudo
registrado em vídeo: por mais de 8 minutos o policial fica com o joelho sobre a sua
garganta e ele súplica por ar.
A desastrosa ação empreendida pelo policial Chauvin provocou uma onda de
protestos em todos os Estados Unidos e reacendeu uma questão que, na verdade,
nunca esteve dormente. O tecido racial norte-americano é rachado ao extremo, se
encontrando a violência policial, escancaradamente, como uma evidência mais do
que latente de que algo está muito errado por lá já faz décadas. Faz séculos, aliás.
E com Donald Trump à frente do poder nada mudou – aliás, vem piorando.
Criado em 2013, o movimento Black Lives Matter – “Vidas Negras Importam” –
busca denunciar e mostrar exatamente a forma agressiva com que policiais americanos
tratam vidas e ameaçam a integridade física e moral de negros, reivindicando por
Justiça, para que esses policiais sejam usados de exemplo e respondam por seus
crimes.
E lá atrás, há 8 anos, foi a indignação ante a absolvição de Jorge Zimmermann,
um homem branco que havia matado com vários tiros Trayvon Martin, um jovem
negro de 17 anos, que impulsionou a criação deste que hoje se tornou um dos mais
importantes movimentos de combate ao racismo da atualidade.
A professora, escritora e ativista negra Alicia Garza, ao se revoltar vendo mais
uma vez um crime cometido por brancos contra negros recebendo salvo-conduto da
Justiça americana, postou, então, em suas redes sociais, um depoimento indignado:
“Pessoas negras, eu amo vocês, eu nos amo, vidas negras importam”. Em seguida, outra
ativista, Patrície Khan, replicou a mensagem e cunhou a hashtag #blacklivesmatter.

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Logo em seguida, outra ativista negra replicou tal mensagem de indignação, e


criou-se assim um movimento que, em 2020, conseguiu com que, em várias cidades
americanas, a população saísse às ruas em protesto contra o racismo.
Embora o Black Lives Matter não proclame ser um movimento hierárquico e
guerrilheiro, suas bandeiras estão associadas aos principais movimentos negros
históricos, tais quais os Panteras Negras ou a luta contra o apartheid na África do Sul.
“Black Lives Matter é uma intervenção política e ideológica em um mundo
onde vidas negras são sistemática e intencionalmente desaparecidas”, diz o site
do movimento. “É uma afirmação da humanidade das pessoas negras, da nossa
contribuição para a sociedade, da nossa resiliência em face dessa opressão fatal”.
Trata-se, portanto, também de um movimento em incentivo por mais protestos
e mais atos de resistência em luta contra o racismo no mundo todo. Nessa seara,
até a Fórmula 1, esporte elitista e quase sem conexão com o mundo real, se
rendeu, propondo que seus pilotos, ao iniciarem a temporada atual na Áustria, se
ajoelhassem ao se apresentar ao público na primeira corrida do ano, como referência
ao antirracismo e George Floyd. Vimos a maioria dos corredores (14 pilotos dentre
20) curvando-se de forma inédita contra o racismo.
Nascido no universo que as redes sociais projetam, com a morte de George Floyd,
vimos mais uma vez a força de manifestações convocadas virtualmente com vistas
ao combate de desigualdade e injustiças latentes. Vale lembrar que nos movimentos
#occupywallstreet (2011 e 2012) e também nos recentes protestos no Chile (desde
outubro de 2019), a força virtual se fez totalmente presente, sem esquecer de uma
insurreição da dimensão da Primavera Árabe, em alguns países árabes, o que era
impensável – ou seja, a volta de democracia, obteve início também através do meio
virtual.
Por fim, em abril de 2021, o policial Derek Chauvin foi condenado pela morte
de George Floyd. A pena será divulgada em dois meses, mas pode chegar a 40 anos.
Outros três policiais envolvidos no caso também foram condenados.

2.7.7. OS EUA E A COREIA DO NORTE: 2018/2020


A grande novidade na relação dicotômica-ideológica no ano de 2018 entre os EUA e a
Coreia do Norte se deu em relação à aproximação inédita entre ambos os países. Se em seu
primeiro ano (2017) como mandatário Trump recebeu seguidas ameaças do líder norte-
coreano, o tresloucado Kim Jong-un, que bradava de forma explícita que estaria intencionado
a atacar os EUA com mísseis antiaéreos, em 2018 uma mudança em torno dessa retórica veio
à tona e ganhou contornos importantes. Já nos primeiros dias de 2018, o líder comunista

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acenou aceitar que fosse desenhado um acordo desarmamentista, dispondo-se, inclusive,


a se reunir com Trump para que dessem início ao fim das animosidades entre os países.
Assim, em 12 de junho de 2018, na cidade-Estado de Singapura, os dois líderes, outrora
inimigos declarados, se reuniram e selaram a paz entre os dois países. Em troca, ali mesmo,
os EUA ofereceram, sob a condição que a Coreia do Norte se comprometesse a seguir uma
agenda desarmamentista, dar ensejo ao fim dos inúmeros embargos econômicos que vinham
sendo impressos contra o regime ditatorial da dinastia dos Kim no país comunista, medidas
estas originadas quase que exclusivamente pela política externa repressiva norte-americana.
Para 2019, tal aproximação caminhou em curso estável: em março, Trump não autorizou
ao Tesouro norte-americano promover mais sanções econômicas ao regime de Kim Jong-un e,
em julho, o mandatário norte-americano amenizou os temores emanados por parte da Coreia
do Sul acerca dos testes de mísseis feitos pela Coreia do Norte. A interlocutores, o Presidente
americano faz questão de afirmar que simpatiza e confia no líder norte-coreano. Em 2020,
embora sem maiores ações histriônicas por parte de ambos os ex-inimigos, a que sejam
incrementadas maiores escalas de aproximação, visto também que a quase totalidade dos
esforços se concentraram na pandemia de covid, os EUA e a Coreia do Norte permaneceram
em paz, desfrutando dos avanços promovidos ao longo dos dois anos anteriores.
Joe Biden, presidente eleito nos EUA em fins de 2020, não recebeu, porém, nenhum tipo
de felicitação por parte de Kim Jong-un. Analistas internacionais deixaram claro, contudo,
que, caso Donald Trump se reelegesse, haveria, com quase certeza, felicitações por parte
do ditador norte-coreano. Biden, ao que tudo indica, não deve ter paz em seu mandato
com a Coreia comunista de Kim Jong-un.

2.7.8. A ELEIÇÃO DE JOE BIDEN 2021


Longe de ter transitado em mar de tranquilidade ao longo dos seus primeiros três anos
de governo pré-Covid (2017-2018-2019), ao menos Donald Trump possuía a seu favor
indicadores econômicos relativamente robustos, com bom crescimento do PIB e baixíssimo
desemprego. Bem ou mal, sua aprovação ficava, até a entrada do ano de 2020, na casa dos
50%. A impressão era de que Trump não havia puxado ninguém do séquito oposicionista
para seu lado, mas, ao mesmo tempo, ele conseguia manter a outra metade do país que o
apoiava desde as eleições de 2016 consigo. Podemos afirmar, inclusive, que, até a entrada
da pandemia de Covid-19, a chance de Trump ser reeleito era relativamente alta, pois nem
o processo de impeachment que atravessou (sendo prontamente absolvido na entrada de
2020) parecia abalar tal convicção. As eleições de novembro de 2020 demonstraram, contudo,
que o cenário mudou, e Trump perdeu o pleito para o candidato democrata, Joe Biden.
Joe Biden se tornou o Presidente mais idoso a ser eleito nos EUA em todos os tempos.
Com 78 anos, o Senador do Partido Democrata pelo minúsculo estado de Delaware foi eleito

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oficialmente após 11 dias de contagem de votos, em 14 de novembro de 2021. Levou no


voto popular e no colégio eleitoral.
Sem qualquer apoio oficializado do (mau) perdedor Donald Trump, que em uma primeira
fase anunciou aos quatro ventos que iria em busca de seus direitos no Judiciário por
considerar uma fraude o atual pleito, Joe Biden possui, como desafio principal, além de
desatolar a economia dos EUA, tentar atar novamente o seu país. Repare que os EUA (tal
qual o Brasil de Lula X Bolsonaro) se encontram rachados em função da acirrada dicotomia
entre apoiadores de Trump e de Biden.

TEXTOS COMPLEMENTARES
Kamala Harris, a primeira vice-presidente dos Estados Unidos
Eis que Kamala Harris se torna, aos 56 anos, a primeira mulher Vice-Presidente
dos Estados Unidos. Procuradora-Geral da Califórnia de 2011 a 2017 e Senadora dos
Estados Unidos pela Califórnia de 2017 a 2021, Kamala Harris acumula ineditismos.
Foi a primeira Procuradora-Geral da Califórnia e também a primeira senadora e vice-
Presidente de origem indiana e afro-americana. Kamala é filha de dois imigrantes:
a mãe nascida na Índia e o pai, na Jamaica. Antes de ingressar à chapa democrata
consagrada vencedora como vice de Joe Biden, Kamala Harris havia tentado, sem
sucesso, ser a candidata do partido ao cargo principal.
Não conseguindo, contudo, postular o cargo máximo como candidata, sendo
candidata como vice na chapa vencedora, ela serviu enormemente a que Joe Biden
angariasse os votos das chamadas “minorias”, leia-se; negros e imigrantes, sem
falar no êxito obtido ao angariar os votos do eleitorado feminino. Mesmo às vezes
malvista entre os grupos imigrantes, que consideram sua atuação (e também suas
propostas) muito aquém do que se esperaria de uma filha de pais imigrantes, o fato
é: Kamala somou à chapa vencedora do pleito de 2020. Conhecida por ser enfática,
firme e capaz de articular nas redes sociais de modo formidável, Kamala Harris
acumula ineditismos e holofotes. Dentre seus predicados, a primeira mulher a ocupar
a Vice-Presidência dos EUA, reverbera, de forma inequívoca, um vigor incrivelmente
maior que o do próprio Biden. Claro, a sua idade ajuda (e muito), visto ser quase
duas gerações mais nova que o presidente eleito.
Kamala buscou, ao longo de sua vida pública, primeiro enquanto Procuradora-
Geral da California e depois como Senadora, revisar a justiça criminal dos EUA – projeto
visto como uma resposta às críticas de progressistas a seu trabalho como uma dura
procuradora-geral da Califórnia. Dentro de sua inerente disposição, ela não se cala em
debates, tais quais a legalização do aborto ou, dentre outros, de como a atividade policial

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nos EUA até hoje, de forma escancarada, se demonstra segregacionista. São temas
espinhosos diante dos quais ela não esmoreceu. Kamala é moldada por um progressismo
que é facilmente perseguido nos EUA por enorme parcela do eleitorado republicano
de Trump. É julgada por esse séquito, inclusive, como sendo uma representante “de
carteirinha” do auge de um pensamento de esquerda no poder.
E Kamala Harris possuía a chance de ser a primeira Presidente dos EUA nas
eleições de 2024, pois Joe Biden, entenda bem, com 78 anos a data de sua posse (em
jan./2021), declarava abertamente não possuir intenção em concorrer à reeleição,
isso já aos 82 anos em 2024. Porém, nesse ano de 2023, Biden vem declarando haver
mudado de ideia, devendo concorrer à reeleição em 2024. Muito provavelmente, e
atenção às cenas dos próximos capítulos, teremos uma reedição, caso se mantenham
os quadros políticos-eleitorais atuais, do mesmo confronto eleitoral entre Biden
e Trump. A tempo, Trump declara a todo o tempo disposto a ser o candidato à
presidência republicano em 2024.
O aborto no mundo e no Brasil em 2022
Aborto ou interrupção da gravidez é a interrupção de uma gravidez resultante da
remoção de um feto ou embrião antes de este ter a capacidade de sobreviver fora do
útero. Um aborto que ocorra de forma espontânea denomina-se aborto espontâneo
ou “interrupção involuntária da gravidez”. Um aborto deliberado denomina-se
“aborto induzido” ou “interrupção voluntária da gravidez”. O termo “aborto”, de
forma isolada, geralmente refere-se a abortos induzidos.
Discussão controversa que envolve questões religiosas, espirituais e, logicamente,
de saúde, o aborto, como não poderia deixar de ser, não é tratado da mesma forma
no mundo. Pelo contrário. Podemos distinguir cinco róis de países, que vão dos mais
liberais aos que não permitem, em hipótese alguma, o aborto. A seguir, apresento
um infográfico (em inglês) sobre o tema.

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Em:https://exame.com/mundo/quais-sao-os-paises-onde-o-aborto-e-autorizado-no-mundo/

Bom, seguindo. Eis que, em fins de 2020, o nosso vizinho Argentina, atualizando
uma legislação datada de 1922, decidiu por liberalizar o aborto. Ou seja: o Senado da
Argentina aprovou a legalização do aborto até a 14ª semana de gestação, em decisão
celebrada por milhares de ativistas feministas que aguardaram a votação durante
mais de 12 horas nas proximidades do Congresso. A legalização do aborto por lá é um
projeto do presidente de centro-esquerda Alberto Fernández, aprovado pela Câmara
dos Deputados com os votos favoráveis de 38 senadores, 29 votos contrários e uma
abstenção, uma margem mais ampla que o previsto.
Outro país a legalizar o aborto em fins de 2020 foi a Coreia do Sul. No longínquo
país oriental, o direito à interrupção voluntária da gravidez, antes só aceito para
vítimas de estupro ou em casos de risco à saúde da gestante, agora é extensivo a
todas as mulheres.
O Brasil, como podem notar, se encaixa dentre o rol de países onde a legislação
em relação ao aborto se encontra em posição das mais restritivas. Nosso Código
Penal de 1940 estabeleceu ser crime a prática do aborto (pena de 3 a 10 anos) e,
assim, permanece até hoje, salvo em caso de risco direto e comprovado à vida da
mãe, não sendo ainda permitido, por exemplo, o aborto em caso de estupro.

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3. ATUALIDADES DA EUROPA, DO ORIENTE MÉDIO, DA


RÚSSIA E DA CHINA

3.1. A EUROPA, A UNIÃO EUROPEIA E SEUS CONTEXTOS ATUAIS MAIS


IMPORTANTES

3.1.1. O CONTEXTO DA UNIÃO


A União Europeia é a mais importante iniciativa frente à formação de uma zona comum
de países a ser realizada com vistas à promoção de uma integração comum na história da
humanidade.
Tal qual vimos em nossa primeira parte desta aula, quando falamos sobre o MERCOSUL,
os blocos multilaterais atendem a estágios específicos em sua formação. Possuem uma
origem seminal na formação de uma Zona de Livre Comércio, seguindo-se à formação de
uma União Aduaneira, chegando ao Mercado Comum (integração de pessoas, trabalho, bens
e serviços) para, finalmente – e aí apenas a União Europeia foi quem realizou tais etapas
dentre todos os instrumentos já existentes de cooperação multilaterais – chegar-se à uma
União Econômica e Financeira (monetária). Neste último estágio, unificam-se atividades
monetárias e bancárias, sendo, digamos assim, a “cereja no bolo” a criação da Zona do
Euro em 1999.

Os quatro estágios da formação dos blocos multilaterais são: Zona de Livre Comércio, União
Aduaneira, Mercado Comum e União Econômico-Monetária.

Bom, no mapa a seguir, tem-se quais são os países constituintes da União Europeia
em 2020. Vale destacar que eram 28 PAÍSES AO TOTAL, contudo, após formalizada a
saída plena do Reino unido em 31 de janeiro de 2020, temos 27 INTEGRANTES (por isso
o nome EUROPA dos 27, tal qual exemplificado na legenda), sendo a Croácia o último
país a ingressar, em 2013.

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Os 27 Países da União Europeia

3.1.2. A ZONA DO EURO


Criada em 1999, mas somente colocada em prática alguns anos depois, em 2002, a Zona
do Euro dispõe que as transações dentro dos países constituintes do bloco devem ser feitas
por uma moeda única. Atende aos preceitos ditados pelo Banco Central Europeu (com sede
em Frankfurt, na Alemanha), instituição esta que estabelece e aplica os preceitos da política
monetária europeia, dirige as operações de câmbio e busca garantir o bom funcionamento
dos sistemas de pagamento e do sistema financeiro como um todo.
Destaca-se, contudo, que nem todos os países da União Europeia integram a Zona do Euro,
à medida que não há uma obrigatoriedade expressa. Temos economias saudáveis e grandes
que optaram por não participar – como Suécia e Reino Unido (este último antes de sair

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do bloco, em 2020). Outras economias menores, países recém-ingressos ao bloco, tais quais
Bulgária, República Tcheca, Croácia e outros também ainda não integram a Zona do Euro.

3.1.3. O REINO UNIDO NA UNIÃO EUROPEIA


Caro(a) aluno(a), antes de ingressarmos na análise acerca do chamado BREXIT, ou seja,
neste importantíssimo tópico de atualidades relacionado à saída do Reino Unido da UE,
o qual tem seu início formalmente em 2016, vale-nos destacar dois pontos inicialmente.
Primeiro, o que é o Reino Unido? Com vistas a facilitar a compreensão deste tópico,
vejamos o que se considera do ponto de vista geográfico-político como sendo o Reino
Unido, de fato.
Constituído por quatro países – Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte
–, este agrupamento, de nome em inglês United Kingdom, possui a formatação a seguir e
representa, ainda na União Europeia, apenas um único país (este não aderente à Zona do
Euro), dentre os 27 ainda pertencentes ao megabloco. Veja o mapa:

Obs.: Os países do Reino Unido alinhavados em mesma porção insular, em total de três, são
os países da Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia). Já a oeste, tem-se
a Irlanda do Norte (outro constituinte do Reino unido e com capital em Belfast). A
soma destes resulta no Reino Unido.
Depois, é importante delimitar a posição histórica do Reino Unido em relação à União
Europeia: essa potência europeia, atualmente a SEGUNDA MAIOR ECONOMIA DO BLOCO,

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rivaliza com a França no total populacional do continente e posicionou-se, ao longo das


últimas décadas, de forma refratária à União Europeia. Isso mesmo! Os britânicos
(comandados pela Coroa Real britânica), mesmo sabendo de sua extrema importância –
devido, entre outros fatores, a seu enorme peso econômico, demográfico e geopolítico,
tendo sido, inclusive, ao longo das duas Guerras Mundiais, parte crucial na defesa dos ideais
pró-Europa –, não se demonstraram de forma ampla (isso desde a década de 1960)
partidários a uma inserção efetiva do Reino Unido na União Europeia.
Veja que o ingresso do Reino Unido se deu em 1973, sendo que, logo na década seguinte,
a mandatária Margareth Thatcher, conhecida mundialmente pela alcunha de “Dama de Ferro”
(1980-1991), deixava claro que os britânicos não estariam dispostos a pagar o preço das
bases de integração que se desenhavam (leia-se arcar com custos inerentes à integração ou
dividir seu mercado de trabalho). Mesmo assim, o Reino Unido assinou, em 1991, o Tratado
de Maastrich – de formação da União Europeia, tal qual como conhecemos hoje (mercado
comum à frente; ou seja, integração de pessoas, bens e mercado de trabalho), para, em
1999, se ausentar, contudo, das tratativas acerca do ingresso na Zona do Euro.
Em seguida, ao longo da década de 2000, com o advento do ingresso de países mais
pobres do continente, tais quais Hungria, Bulgária, República Tcheca, Eslovênia e, finalmente,
a Croácia, em 2013, os ingleses roeram a corda de vez. Em 2016, após seis anos como
primeiro-ministro, David Cameron passa o bastão da política local para a primeira-
ministra do Partido Conservador, Thereza May. Esta rapidamente dá ensejo à saída em
definitivo do Reino Unido logo em seus primeiros meses como mandatária, dando início ao
BREXIT – a saída do Reino Unido do bloco.

3.1.4. O BREXIT
Em 23 de junho de 2016, é realizada votação em todo o Reino Unido acerca da permanência
ou não do país (visto que o Reino Unido conta apenas como um único país na União Europeia)
do bloco europeu. Se, em 1975, em um referendo do mesmo tipo no Reino Unido, não se
conseguiu maioria, finalmente, em 2016, 52% da população do Reino Unido aprovou a
saída do bloco. Era o BREXIT, ou seja, o Britain-Exit, ganhando contorno definitivo.
Em um ambiente de franco crescimento de ideários separatistas e xenófobos ao redor
do mundo por parte da população dos países desenvolvidos e de racha no Reino Unido
(com o assassinato, inclusive, dias antes do referendo, da política partidária à unificação,
Jo Cox), somente a população da Escócia dentro do Reino Unido preferiu manter-se na
União Europeia. Mas, como sua população é proporcionalmente pequena, prevaleceu, assim,
a vontade da maioria. Assim, o Reino Unido deu seu início à saída do bloco em definitivo,
alegando não querer dividir mais o custo inerente às responsabilidades de seu peso
econômico frente a bancar o bloco (custo que é proporcional ao tamanho da economia,
visto que o Reino Unido é a segunda maior economia da UE, atrás apenas da Alemanha).

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Pesou na decisão comum da maioria da população também o fato de não quererem


dividir o mercado de trabalho nem os ganhos atuais promovidos por um contexto de
bom crescimento econômico sustentado (girando em torno de 2% a.a. em média entre
2012-2018) com os países mais pobres integrantes da União Europeia. Enfim, os britânicos
negaram as tratativas mais amplas e colocadas em prática acerca de um Mercado
Comum, as quais envolvem, entre outros aspectos, partilhar o mercado de trabalho
com seus pares – à medida que eram, até a saída do Reino Unido, 28 países no bloco.
Mas esta saída da União Europeia levada a cabo pelo Reino Unido não foi fácil. A agenda
que a ex-primeira-ministra conservadora Thereza May pretendia esbarrou enormemente
nos compromissos já assumidos (visto que o Reino Unido faz parte da UE desde 1973),
como o sistema financeiro comum, entre outros. Além disso, a UE obrigou com que o Reino
Unido seguisse recebendo normalmente os cidadãos europeus (incluem-se brasileiros
naturalizados europeus) até o fim oficial de sua saída, o que, contrariando as expectativas
britânicas, dera-se em prazo maior do que o esperado (pois eles esperavam estar fora do
bloco já em 2018, algo que nem de longe se concretizou).
E essa tamanha demora em sair da União Europeia desgastou a primeira-ministra
Thereza May, a qual foi destituída do cargo nos primeiros dias de junho de 2019.
Em seu lugar, após quase um mês de discussões, é aprovado o nome de Boris Johnson,
político conservador, pertencente aos quadros do Partido Conservador (francamente
favorável a dar-se sequência ao Brexit), com ou sem acordo com o resto do continente.
Cumprindo a promessa de que evadiria o bloco em prazo máximo até fevereiro de 2020,
Johnson anuncia no dia 31 de janeiro de 2020 que o Reino Unido, após 47 anos fazendo
parte da União Europeia, se retirou em definitivo do bloco.

Veja abaixo a sequência de Primeiros-Ministros do partido conservador no Reino Unido, os quais,


desde 2010, sucedem-se no poder após mais de 30 anos de domínio do Partido Trabalhista:
DAVID CAMERON (2010-2016) > THEREZA MAY (2016-2019) > BORIS JONHNSON (2019-
2022) > ELIZBETH TRUZ > RISHI SUNAK

TEXTOS COMPLEMENTARES
A morte da rainha Elisabeth II
Aos 96 anos de idade, após 70 anos de reinado no Reino Unido, a rainha Elisabeth
II morreu por razões ainda não reveladas. Sabe-se, contudo, que ela não vinha bem
de saúde nos últimos meses.

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Seu reinado passou por momentos de desconfiança no início, logo ao suceder


seu pai, que faleceu subitamente em 1953, pois acreditava-se que ela não teria a
firmeza necessária para ser a rainha de 18 países. Ela superou as desconfianças, e
também as baixas de popularidade inerentes a sete décadas no poder. Deu posse
a 16 primeiros-ministros, sendo a última, a conservadora que veio suceder a Boris
Johnson, Elizabeth Truz, em julho de 2022.
Seu sucessor é seu filho mais velho, o Príncipe Charles III, agora empossado como
rei. O funeral da rainha durou 10 dias, levando a Londres chefes de Estado e também
uma população de plebeus que chegou a enfrentar dois dias de fila para se despedir
de Elisabeth. Além de gozar em seus últimos anos de alta popularidade, a rainha
deixa seu povo com a sensação de dever cumprido, tendo jamais cometido grandes
gafes, além de sua descrição fazê-la jamais se meter nos assuntos de governo de
seus primeiros-ministros além de se gabar a interlocutores mais próximos de ter
auxiliado o mundo no combate ao comunismo. Venceu a Guerra das Malvinas e viu a
Grã-Bretanha entrar e sair da União Europeia. A rainha, que era a presidente da igreja
anglicana, com certeza morreu com a noção de compromisso mais que cumprido
em relação a seu povo.
Vale destacar que, após a saída do Reino Unido, a Escócia, principal refratária a
esta evasão promovida pelos súditos da rainha, deverá tentar, ao que tudo indica,
retornar à UE como um único país, provavelmente já em 2020.
Por fim, é facultado ao Reino Unido o seu retorno ao bloco, segundo estatuto
da União Europeia.

O terremoto na Síria e Turquia


Por: Luís Felipe Ziriba
05/04/2023
O número de mortos após o forte terremoto que atingiu o sul da Turquia e o Norte
da Síria em fevereiro ultrapassou os 48 mil, sendo este o pior evento cataclísmico
em território europeu em séculos.
Segundo dados divulgados pelo governo turco, mais de 42 mil pessoas morreram
no país. Na vizinha Síria, estima-se mais mortos até o dia 6 de fevereiro.
O governo sírio, mais de um mês depois do abalo, ainda enfrentava dificuldades
para retirar os corpos de pessoas que moravam em áreas dominadas por rebeldes. O

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país vive uma guerra civil há mais de uma década. Nos primeiros dias da catástrofe,
praticamente nenhuma ajuda externa pode ser enviada ao país exatamente por não
haver permissão por parte do ditador Bashar Al Assad.
Segundo o Banco Mundial, os danos materiais atingiram em torno de 35 bilhões
de dólares, paralisando em torno de 10% da combalida economia turca.
Os terremotos são, via de regra, causados em função do encontro de placas
tectônicas. A crosta terrestre é dividida em várias placas e os movimentos, e
consequente choque delas, fazem com que ocorram os terremotos.
No caso da região do terremoto, como pode-se perceber no mapa a seguir, ela
se encontra num ponto de encontro de três placas: Placa Arábica, Placa Africana e
Placa Euroasiática.

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O terremoto que devastou parte do sul da Turquia e o Norte da Síria possuiu


epicentro a 24 km de profundidade, podendo ser considerado razoavelmente raso
e, por isso, o espectro de destruição foi mais devastador. Numa escala de 0 a 9, o
terremoto atingiu 7,8 graus na escala Richter.

3.2. A GUERRA NA SÍRIA E O CONTEXTO GEOPOLÍTICO NO ORIENTE

3.2.1. INTRODUÇÃO

Antes de entrarmos mais a fundo na principal questão atualmente de Atualidades no


Oriente Médio, ou seja, a questão da Guerra Civil na Síria, é importante que façamos uma análise
esmiuçada acerca de alguns contextos fundamentais. Peço muita atenção a estes temas e que
não prossiga, inclusive, SEM QUE HAJA A COMPREENSÃO plena dos temas e das diferenças entre
eles, ok? Serão TRÊS conceitos a serem colocados inicialmente e que são basilares:
• A diferença entre árabes (conceito etnológico) e muçulmanos (conceito religioso)

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Há vários muçulmanos, ou seja, países de maioria Islâmica, que não são Árabes, como os
Iranianos (persas), Turcos, Indonésios.

Árabes são o tronco étnico; se situam basicamente em países do Norte da África e


Oriente Médio. Veja o mapa:

Já os muçulmanos são o tronco religioso dos países que têm uma população que
professa a cartilha do Islamismo. A religião muçulmana originou-se através do profeta
Maomé, morto em 632 d.C., em Medina, na atual Arábia Saudita.
Vale destacar, por fim – sem querer complicar, mas é bastante importante que entendamos
–, que há um país árabe onde a população não é muçulmana em praticamente sua
totalidade. Este é o Líbano, onde algo em torno de 35% da população do país (de etnia árabe)
é composta por cristãos. Contudo, entre os países do Norte da África e do Oriente Médio,
isso é uma raridade, pois a imensa maioria dos países é de maioria absoluta muçulmana,
ou seja, islâmica.

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• A diferença entre xiitas e sunitas


Ambos são troncos da mesma religião, ou seja, dos muçulmanos, mas aí vale uma
separação.
Os XIITAS são aqueles que consideram que apenas descendentes diretos do profeta
MAOMÉ podem ser líderes, isto tanto no plano espiritual como no político.
Xiita não pode ser confundido com uma religião específica (e, claro, nem os sunitas).
Eles são membros do islamismo e tornaram-se apenas uma seita com outra linha de
pensamento. São vistos como “radicais”, à medida que possuem este rigor mais específico
a designar seus líderes, mas é interessante destacar que o radicalismo também ocorre
entre os sunitas, visto, por exemplo, que o número de grupos fundamentalistas terroristas
que representam os sunitas, tal qual veremos a seguir, é muito maior que entre os xiitas.
No contexto árabe, os xiitas estão em minoria numérica (algo em torno de 20% no
total). Os países de maioria xiita atualmente de destaque são o Irã e a Síria. Seu grupo
fundamentalista (radical e de ações terroristas) é o Hezbollah, com sede no Líbano.
Já os SUNITAS são aqueles que consideram haver certa flexibilidade na questão de
se assumirem altos postos nas hierarquias religiosas (dita espiritual) e política. Ou seja,
não há a necessidade expressa de ser descendente direto do profeta Maomé para tal. Os
principais países de maioria sunita hoje são Qatar, Arábia Saudita, Turquia e Indonésia
(maior população muçulmana do mundo).
A seuir, apresento uma leitura mais aprofundada sobre tal tema e recomendo promovê-
la, extraída da versão on-line da BBC Brasil e veiculada no G1:

Entenda as diferenças e divergências entre sunitas e xiitas


Execução de clérigo xiita acusado de ‘terrorismo’ na Arábia Saudita provocou
protestos no Irã e rompimento de relações entre os dois países.
A execução de um importante clérigo xiita iraniano pela Arábia Saudita, reino de
maioria sunita, expôs as delicadas relações entre sunitas e xiitas na região.
A Arábia Saudita, de maioria sunita, é rival tradicional do Irã, a grande potência xiita
no Oriente Médio, que monitora – com grande interesse – a questão de minorias
xiitas em outros países.
O clérigo Nimr Al-Nimr era conhecido por manifestar o sentimento da minoria xiita
na Arábia Saudita, que se sente marginalizada e discriminada, e por suas críticas
à família real saudita.
O clérigo e outras 46 pessoas foram executadas no sábado, após serem condenadas
por crimes de terrorismo na Arábia Saudita.

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Após as execuções, manifestantes iranianos invadiram a embaixada saudita em


Teerã. Na noite de domingo, o governo saudita anunciou o rompimento das relações
diplomáticas com o Irã e deu um prazo de 48 horas para que diplomatas iranianos
deixassem o país.
Mas o que opõe as duas maiores correntes do Islã? Veja abaixo algumas respostas
para entender o que opõe sunitas a xiitas.
Quais são as diferenças entre sunitas e xiitas?
Peregrinação a Meca, um dos rituais compartilhados entre as duas vertentes do
islamismo
A separação teve origem em uma disputa logo após a morte do profeta Maomé
sobre quem deveria liderar a comunidade muçulmana.
A grande maioria dos muçulmanos é sunita – estima-se que entre 85% e 90%.
Membros das duas vertentes coexistem há séculos e compartilham muitas práticas
e crenças fundamentais.
Apesar de se misturarem pouco, há exceções. Nas áreas urbanas do Iraque, por
exemplo, casamentos entre sunitas e xiitas eram comuns até recentemente.
As diferenças entre os dois grupos estão mais nos campos da doutrina, rituais, lei,
teologia e organização religiosa.
Seus líderes também parecem constantemente estar competindo entre si.
Do Líbano e Síria ao Iraque e Paquistão, vários conflitos recentes enfatizaram
divisões sectárias, dividindo comunidades.
Quem são os sunitas?
Muçulmanos sunitas se consideram o ramo ortodoxo e tradicionalista do islã.
A palavra sunita vem de “Ahl al-Sunna”, as pessoas da tradição. A tradição, neste
caso, refere-se a práticas baseadas em precedentes ou relatos das ações do profeta
Maomé e daqueles próximos a ele.
Um dos centros de aprendizagem sunitas do Islã mais antigos fica no Egito
Os sunitas veneram todos os profetas mencionados no Corão, mas veem Maomé
como o profeta derradeiro.
Em contraste com os xiitas, os líderes e professores de religião sunitas historicamente
ficaram sob controle do Estado.

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A tradição sunita também enfatiza um sistema codificado da lei islâmica e adesão


a quatro escolas da lei.
Quem são os xiitas?
Nos primórdios da história islâmica os xiitas eram uma facção política, – literalmente
os “Shiat Ali”, ou partido de Ali.
Os xiitas reivindicavam o direito de Ali, genro do profeta Maomé, e de seus
descendentes de guiar a comunidade islâmica.
Ali foi morto como resultado de intrigas, violência e guerra civil que marcaram seu
califado. Seus filhos, Hassan e Hussein, viram negado o que achavam ser seu direito
legítimo à ascensão ao califado. Acredita-se que Hassan tenha sido envenenado
por Muawiyah, o primeiro califa (líder muçulmano) da dinastia Umayyad.
Seu irmão, Hussein, foi morto no campo de batalha com outros membros de sua
família, após ser convidado por partidários a ir para a cidade de Cufa (onde ficava
o califado de Ali) onde prometeram jurar aliança a ele.
Esses eventos deram início ao conceito xiita de martírio e de rituais como a
autoflagelação.
Há um elemento messiânico característico nesta fé e os xiitas têm uma hierarquia de
clérigos que praticam interpretações independentes e constantemente atualizadas
dos textos islâmicos.
Os xiitas seriam cerca de um décimo do total de muçulmanos, entre 120 e 170
milhões.
Muçulmanos xiitas são maioria no Irã, Iraque, Barein, Azerbaijão e, segundo algumas
estimativas, Iêmen. Há grandes comunidades xiitas no Afeganistão, Índia, Kuwait,
Líbano, Paquistão, Catar, Síria, Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Qual o papel do sectarismo em crises recentes?
Em países que foram governados por sunitas, xiitas tendem a representar os
setores mais pobres da sociedade. Eles normalmente se veem como vítimas de
discriminação e opressão. Algumas doutrinas extremistas sunitas defendem o
ódio aos xiitas.
A revolução iraniana de 1979 lançou uma agenda xiita radical que foi percebida
como um desafio por regimes conservadores sunitas, particularmente no Golfo
Pérsico.

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A política de Teerã de apoiar milícias xiitas e partidos além de suas fronteiras foi
adotada por Estados do Golfo, que reforçaram suas ligações com governos sunitas e
movimentos no exterior.
Durante a guerra civil no Líbano, os xiitas ganharam força política graças às
atividades militares do Hezbollah.
No Paquistão e no Afeganistão, grupos sunitas linha-dura, como o Talebã, atacaram
com frequência lugares de fé xiita.
Os conflitos atuais no Iraque e na Síria também têm fortes tons sectários. Jovens
sunitas nos dois países se uniram a grupos rebeldes, muitos dos quais ecoam a
ideologia da Al-Qaeda.
Enquanto isso, jovens da comunidade xiita estão lutando pelas – ou com – as forças
do governo nestes países.
Acrescento também um mapa, com vistas a promover um melhor dimensionamento
sobre tal questão: nele vemos parte do globo como um todo, com recorte, bem verdade,
mais específico na África e na Ásia e nos países onde há forte presença de população
muçulmana, com o contraste entre as maiorias XIITAS e SUNITAS. Veja bem que são muito
maiores as áreas com sunitas (em amarelo) do que com xiitas (em vermelho).

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Bom, dando seguimento a nossa aula e aos termos conceituais, já vimos, portanto,
as diferenças entre ÁRABES e MUÇULMANOS e também entre XIITAS e SUNITAS. Agora,
veremos como que a religião e os Estados se confundem (ou não) em países de maioria de
população muçulmana.
• A Sharia versus Estado Laico
Pelo fato de a religião se encontrar extremamente arraigada nos países árabes, vários
destes, ao elaborarem as suas Cartas Magnas, promovem uma confusão (proposital) entre a
religião, esta expressa pelo livro sagrado Alcorão, e a Constituição. Para estes Estados que
não fazem intencionalmente tal separação, tem-se a denominação de Sharia. Os códigos
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de leis, tais quais o Código Penal, como exemplo, e a própria Constituição são perpétuos
e de condutas rígidas como expressos no Alcorão. São Estados que tendem, por exemplo,
a promover os códigos penais mais rígidos dentro do Islã, com pena de morte por causas
torpes no mundo ocidental, como não respeito a costumes de vestimentas ou ao consumo
de bebidas alcoólicas, por exemplo. São exemplos clássicos dentro deste modo de ver religião
e código de leis a Arábia Saudita (sunita) e o Irã (xiita).
Já os chamados Estados Seculares, ou laicos, conseguem promover níveis de distinção
entre o código de leis (seja civil ou penal) e o Alcorão. Veja que tal separação não é plena
em muitos Estados, porém, mesmo assim, ocorre esta busca por se separarem os assuntos.
Exemplos são o Egito e a Turquia.

3.2.2. A GUERRA NA SÍRIA


A atual guerra civil na Síria adentrou, em 2021, em seu nono ano, expondo as fraturas
do mundo árabe e o racha entre sunitas e xiitas nos países muçulmanos. Também escancara
como as peças do tabuleiro geopolítico na região, movidas de um lado pela Rússia e de outro
pelos EUA, se comportam de forma antagônica.
Para entendermos melhor o contexto da Guerra Civil na Síria, contudo, meu(minha)
caro(a) aluno(a), importa nos atermos inicialmente ao que foi a Primavera Árabe, com
seus levantes iniciados lá em 2011.
Em vários países do chamado Mundo Árabe, uma série de revoltas populares tomou
conta das ruas de nações árabes do Norte da África ao longo dos anos de 2010/2011 – com
o início destes levantes ocorrendo na Tunísia, país no Norte da África. Assim, neste país
norte-africano, a população saiu às ruas em protesto pela morte do jovem Mohammed
Boauzizi, um vendedor de frutas de 26 anos que se suicidou ateando fogo ao próprio
corpo após ser humilhado (ter apanhado de fiscais locais, sendo que não era a primeira
vez que tal fato acontecia desta forma) apenas porque vendia frutas com seu carrinho nas
ruas de sua cidade sem as devidas autorizações ou pagamentos de propinas requeridos.
A população da Tunísia se rebelou, desencadeando um protesto massivo que, na verdade,
estava associado contra a pobreza e a corrupção de seu país e se voltava contra o ditador
local: Zine Ben Ali. Ben Ali subiu ao poder na Tunísia em 1987 e, somente pela Revolução de
Jasmin, empreendida pela população tunisiana oprimida, em janeiro de 2011, foi derrubado.
Zine Ben Ali foi o primeiro dos líderes árabes a cair e o primeiro a ser condenado: 35 anos
de prisão sob a acusação de roubo e posse ilegal de joias e grandes quantias de dinheiro. A
partir daí, uma série de novos levantes tomou conta dos países da África do Norte (países
árabes), depondo, assim, Muammar al-Gaddafi, na Líbia, após sete meses de luta no país
(e seu assassinato em outubro de 2011), e também Hosni Mubarak, do Egito, após mais de
1 milhão de pessoas saírem às ruas do Cairo para derrubá-lo.

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A PRIMAVERA ÁRABE SEGUE SEUS VENTOS PARA O ORIENTE MÉDIO!


Conforme explicado, os levantes no chamado Mundo Árabe, os quais, entre 2010/2011,
percorreram os países árabes ao Norte da África – em sequência, Tunísia, Líbia e Egito –,
saem do continente africano para, já em 2011, chegarem ao Oriente Médio, porção territorial
que compartilha características semelhantes às dos países árabes pela presença de países
de etnia árabe e a ausência de liberdades individuais e políticas (leia-se democracia).
Os primeiros levantes no Oriente Médio se deram no Iêmen e, em seguida, imbuídos das
mesmas causas que em outros lugares, a maioria da população da Síria saiu às ruas pedindo
a deposição de Bashar-Al-Assad, tirano que governa desde 2000 o país ao suceder seu pai
(também golpista e ditador), que fora Presidente entre 1971-2000.

• Um pouco sobre a Síria:


− A Síria é um país situado à beira do Mar Mediterrâneo, no coração do Oriente Mé-
dio, inimigo de Israel e reduto radical xiita, mas de maioria de população sunita.
Basshar-Al-Assad é o Presidente desde 2000.
− É um país aliado do Irã, da Rússia e do Hezbollah (grupo fundamentalista xiita
com sede no Líbano).

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• O confuso cenário da Síria


− A atual guerra civil na Síria, a mais sangrenta em curso no mundo, em 10 anos
contabiliza cerca de 500.000 mortes e mais de 5 milhões de refugiados. Possui
origem na oposição entre o Exército de Libertação da Síria, composto por SUNITAS,
maioria da população da Síria – estes recebem apoio da OTAN (EUA e Reino Unido
no comando), além da Turquia e da Arábia Saudita (estes dois duas potências bé-
licas na região e países de população de maioria sunita) –, e os alauitas – que são
os XIITAS, minoria numérica no país, porém pró-governo, que contam com o
apoio, principalmente, do Hezbollah (grupo terrorista de inclinação xiita), do
Irã e da Rússia;

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− Ainda existem no país o Exército Livre da Síria – moderados e oposição a Assad –,


os Curdos e o Estado Islâmico. Sobre o Exército Islâmico, que ao Norte do território
da Síria conquistou territórios ao longo dos anos de 2014, 2015 e 2016, veremos
na sequência desta aula como se deu tal processo;
− Seguindo, então: na passagem de 2011 para 2012, se instalou uma guerra civil na
Síria, buscando restaurar aquilo que fora conseguido em outros países do Mundo
Árabe através da Primavera Árabe (entre 2011 e 2012 na Tunísia, na Líbia e no Egito).
Esse período foi marcado pelo fato de países da etnia árabe realizarem a deposição
de ditadores constituídos e, assim, conseguirem ver a volta da democracia. Mas,
ao contrário do que ocorrera no Egito, na Líbia e na Tunísia (e Iêmen), na Síria as
forças de Assad não cederam. Utilizando-se de uma conjunção de fatores, tais quais
seu exército bem paramentado, armas químicas e apoio internacional da Rússia
e do Irã, além do apoio terrorista do grupo Hezbollah, seu ditador se sustenta no
poder desde então, na base da mais sangrenta guerra do mundo.

A Guerra na Síria se constitui, basicamente, em um conflito entre os próprios sírios (árabes)


de mesma religião (muçulmanos), contudo, de seitas diferentes. Assim, temos, de um lado,
os grupos de oposição a Bashar Al-Assad, todos SUNITAS, visando derrubar um ditador do
ramo XIITA (Assad).

Ao longo dos últimos anos, uma intervenção efetiva, tal qual como de praxe os EUA
promovem ao redor do globo, em geral com a justificativa de “restaurar a democracia”, não
teve espaço. Isto se deve a algumas questões abaixo listadas:
− oposição da Rússia e falta de unanimidade, portanto, no Conselho de Segurança
da ONU para referendar tais ações;
− receio de entregar o poder a grupos sunitas que possuem braços armados funda-
mentalistas (terroristas) na Al-Qaeda (de Osama Bin Laden), no Talibã, na Irman-
dade Muçulmana e no Hamas (esse último controlando atualmente a Palestina);
− necessidade de combate e extermínio ao Estado Islâmico, sendo mais importante
do que propriamente retirar Assad.
Por fim, é importante destacar que a guerra na Síria gerou a questão humanitária mais
crítica em tempos recentes no Planeta. Mais de 5 milhões de sírios, ou aproximadamente
20% da população do país antes de eclodir a guerra (2012), tornou-se refugiada, saindo a
pé pelos desertos para pousar em países vizinhos da região, como Turquia, Irã ou Jordânia,
ou evadindo, por água, em botes improvisados no Mar Mediterrâneo, tentando entrar na
Europa pela Itália ou pela Grécia para, daí, buscar refúgio em áreas continentais, como a
Hungria e a Alemanha. Fato é que, desde a Segunda Guerra Mundial, uma diáspora (fuga
forçada) tal qual ocorre agora na Síria não era vista em todo o Planeta.
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E Assad não aceita base alguma de negociação com a oposição. Garantiu-se por muito
tempo nesta guerra apenas com o domínio de Damasco (a capital) e suas cercanias, e a
crueldade imposta por práticas de uma MINORIA XIITA que há décadas comanda o país.
Chegou, de fato, a parecer que perderia a guerra por várias vezes, mas veio retomando
mais áreas, inclusive a cidade mais populosa do país, Aleppo, ao norte, e se fortalecendo
de novo no controle.

A aliança com a Síria é antiga e vital para a Rússia no Oriente Médio, uma região estratégica
onde há governos alinhados aos Estados Unidos, como Israel, Arábia Saudita e os Emirados
Árabes. Desde a década de 1980, os russos têm um grande porto na cidade de Tartus, na Síria,
sendo esta a única base própria russa no Mar Mediterrâneo, que, em 2016, se transformou
numa base militar russa de usufruto por mais 49 anos. Nesse mesmo ano (2016), e não por
coincidência, ocorre com auxílio russo a retomada de Allepo (a segunda mais importante
cidade do país) pelo governo de Assad.

Em 2021, no início de Joe Biden no poder, os EUA ainda não indicaram para onde
caminhará a sua bússola acerca de ações de intervenção na Síria. Já a Rússia mantém-
se fiel a seus aliados, abrindo mais espaço para o crescimento de sua impressão
geopolítica na área.
Vale destacar, por fim, que, em abril de 2021, os EUA iniciam a sua retirada de uma
das mais longevas guerras que o país esteve envolvido. A Guerra do Afeganistão, que se
arrastava por quase 20 anos e não conseguiu expurgar os talibãs do território do Afeganistão.
Enquanto Trump havia marcado a saída do Afeganistão para abril de 2021, Biden adiou o
processo e prometeu retirar em definitivo as tropas em 11 de setembro de 2021 – ou seja,
no aniversário de 20 anos do atentado ao World Trade Center.

3.2.3. O ESTADO ISLÂMICO

O Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis) foi criado em 2013 e cresceu como um braço
da organização terrorista Al-Qaeda no Iraque. Em 2014, romperam com os iraquianos e
formam apenas o EI.
As atividades do EI se concentraram na Síria, onde o grupo assumiu um papel dominante
aproveitando-se da desestruturação do Estado sírio por causa da guerra civil interna, e
no Iraque, em função também da desestruturação interna após anos de guerra contra
os EUA. Às áreas as quais ocuparam ao Norte da Síria e do Iraque dá-se o nome de LEVANTE.

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Veja o imenso território que o ESTADO ISLÂMICO chegou a dominar em 2015 (em lugar
denominado como sendo o Levante):

Financiado por doações de Estados Sunitas (leia-se Arábia Saudita e Qatar – sendo
este, inclusive, sede da Copa do Mundo de 2022, acusado pela própria Arábia Saudita de
financiar descaradamente o EI –, que obtêm lucro com a posse de poços de petróleo do Norte
do Iraque e também sequestros e pilhagens), o ESTADO ISLÂMICO tem como ideologia
a formação (construção) de uma sociedade completamente voltada aos preceitos
religiosos, políticos, morais e culturais vigentes à época do profeta Maomé (600 d.C.).
Ou seja, eles negam toda e qualquer evolução que houve no mundo muçulmano (e
árabe por consequência) depois da morte do profeta no ano 632. Este é o CALIFADO
pretendido por eles.
Vale destacar que a Arábia Saudita já vive perto disto, ou seja, um Estado onde preceitos
religiosos seculares (e arcaicos) imperam. Contudo, estando os sauditas banhados em
petróleo, com gastos militares astronômicos e sendo aliados aos EUA, não recebem severas
críticas. Ainda no caso saudita, uma roupagem mais moderna para sua sociedade vem
sendo colocada em prática exatamente para se destacar desses meios quase pré-históricos
de vida impressos pelo EI (em processo que ainda engatinha, é bem verdade) pelo atual
primeiro-ministro e futuro rei da Arábia Saudita, o jovem e garboso Mohammad bin Salman
bin Abdulaziz Al Saud.

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Uma força do Estado Islâmico muito em voga alguns anos atrás era exatamente o
poder de cooptar jovens, principalmente de outros países, como EUA, Suécia, França, Nova
Zelândia e até do Brasil, para atuarem em suas frentes, seja localmente em seus países,
promovendo atentados (e vários atentados aconteceram deste modo, culminando inclusive,
em um atentado em Orlando, nos EUA, em uma boate LGBT, com 49 mortes, em 2017),
seja dentro dos próprios territórios do Estado Islâmico. Neste último caso, em específico,
três jovens brasileiros, até onde se sabe, acabaram se envolvendo com o grupo Jihadista,
indo lutar em suas frentes de combate. O mecanismo de convencimento destas pessoas
de fora é a internet. Sendo assim, o Estado Islâmico foi chamado de “cibercalifado” (e
muita atenção a esse nome, que pode vir a cair em provas!) à medida que possui de forma
contundente esta capacidade de chamar pessoas para se alistarem em suas frentes atrás
do meio cibernético/virtual.
Mas, voltando, portanto, ao caso do Estado Islâmico, um recente controle de vastos
territórios no Norte e Oeste do Iraque, chegando às portas de Bagdá, além das áreas
dominadas pelos curdos, ajudaria o grupo islâmico a consolidar seu domínio ao longo da
fronteira com a Síria, onde lutou contra o regime de Bashar al-Assad. Mas, ao longo dos
anos de 2016 e 2017, houve SUCESSIVAS DERROTAS E EXTINÇÃO DO PODER DO ESTADO
ISLÂMICO NO IRAQUE. Na Síria, apenas em 2018, numa ação conjunta entre EUA e Rússia
(que atuam em campos opostos, tal qual vimos na questão interna Síria), ao que tudo
indica, ELES TAMBÉM FORAM expulsos do território.

Caro(a) aluno(s), ESTE É UM PONTO EXTREMAMENTE IMPORTANTE EM ATUALIDADES: a


batalha contra o radicalismo do califado, contudo, não terminou totalmente. Pelo contrário!
O Estado Islâmico ainda tenta voltar, buscando agora novos domínios de áreas pelo mundo
árabe, como no caso da Líbia, ao Norte da África, onde já se identifica um novo foco de ação
e domínio territorial por parte deste grupo. Portanto, é importante ficarmos atentos às
possíveis futuras ações do Estado Islâmico ao longo desta nova década, pois o grupo não
cessou suas atividades, apenas mudou de endereços (no plural, mesmo).

A seguir, apresento matéria (curta) do portal CNN Brasil, acerca das atuais ações do
Estado Islâmico em 2021. Leia com atenção, por favor.

Estado Islâmico avança na África após derrota na Síria


Grupo terrorista recruta extremistas em Moçambique
Radicais do grupo Estado Islâmico tentam expandir a atuação em países do
continente africano após perderem território na Síria e no Iraque. O ministro da

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Defesa de Moçambique enviou tropas para a cidade de Palma, no norte do país,


para conter o avanço na região.
Soldados estão posicionados em locais estratégicos da cidade produtora de gás
natural, que foi atacada por militantes do Estado Islâmico na semana passada. O
Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque.
Os combatentes ocuparam fábricas, bancos e prédios públicos. A maior parte da
rede de comunicação com Palma está cortada. As Nações Unidas falam em dezenas
de mortos. Cerca de 700 famílias estão desabrigadas.
O governo da República Democrática do Congo, na região central da África, acusa
a milícia conhecida como Forças Democráticas Aliadas de ter assassinado, pelo
menos, 23 civis nos últimos dias. Os Estados Unidos consideram esse grupo aliado
do Estado Islâmico.
Os ataques terroristas na África estão aumentando nos últimos anos: as ações
têm se tornado mais frequentes inclusive em países que antes eram considerados
seguros. Segundo uma agência de avaliação global de risco, sete dos dez lugares
mais perigosos para ações de extremistas são agora da região subsaariana.
O fenômeno cresceu com o enfraquecimento do Estado Islâmico em países do
Oriente Médio, como Síria e Iraque. Mas também existe atividade de grupos ligados
à Al-Qaeda.
No último trimestre de 2020, houve aumento de 13% nas ações terroristas no
continente africano, em comparação com o período anterior. Burundi foi o país
que mais piorou no índice de risco: é agora a 27ª nação mais perigosa para ações
terroristas no planeta. Costa do Marfim, Tanzânia, Chade, República Democrática
no Congo, Etiópia, Quênia, Moçambique e Senegal também pioraram no ranking.

3.2.4. A GUERRA DE MAIO DE 2021 ENTRE PALESTINA E ISRAEL


Durante 11 dias de maio de 2021, Israel bombardeou pontos em Gaza de maioria
palestina, considerados como bunkers do grupo radical Hamas.
Enfrentamentos em Jerusalém foram o estopim para mais uma escalada de violência na
região. Desta vez, em 11 dias, houve 250 mortes. Segundo Benjamin Netanyahu, primeiro-
ministro de Israel, o que se buscou por parte de Israel foi estabelecer a calma na região. Mas,
segundo analistas políticos (e algo também que Israel não esconde), o foco era o combate
às operações do Hamas em Gaza.
No fundo, os confrontos entre palestinos e israelenses, especialmente em Gaza e nas
imediações de Jerusalém, são muito antigos, com mais de cinco décadas de duração (ao

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menos desde 1967) e, ultimamente, podem ser vistos como um cemitério de iniciativas de
paz, lideradas, via de regra, pelos Estados Unidos. Peço muita sua atenção para este tema
(Palestina X Israel), que estava dormente em atualidades ao longo dos últimos cinco anos, mas
que, agora, ao que tudo indica, volta à nossa pauta com força e deve despencar em provas.

Os dois principais grupos radicais (fundamentalistas) com atuação na Palestina são o


Hamas, grupo de orientação sunita, e o Fatha – também de orientação sunita e criado por
Yasser Arafat. Ambos, embora defendam a mesma causa (ou seja, a defesa dos preceitos
islâmicos e politicamente a libertação/formação da Palestina), rivalizam no controle da
Palestina e já tiveram entre si travada uma guerra entre 2006-2007. Atualmente, quem
possui maioria no parlamento palestino é o Fatah, mas quem controla Gaza é o Hamas. De
forma indireta, o Hezbollah (de orientação xiita) também possui relativa força na região,
se encontrando sediado no Líbano recebendo franco apoio do governo do Irã.

Perceba, no mapa a seguir, que vem ocorrendo um gradual enxugamento em termos


de área da Palestina ao longo das décadas. Atualmente os palestinos ocupam as partes
esparsas na área da Cisjordânia e ao Sul de Israel, em Gaza.

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TEXTOS COMPLEMENTARES
Os Talibãs 20 anos depois no poder
Por Luis Felipe Ziriba – 01/10/2021
Fato é: os Talibãs retomaram o poder que possuíam entre os anos de 1996-
2001 no Afeganistão e vai ser muito difícil tirá-los de lá agora. Em 2001, quando
as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, foram derrubadas em um
estrondoso atentado terrorista, as Forças Armadas dos Estados Unidos entraram
no Afeganistão e puseram abaixo o regime talibã.
Contudo, passados 20 anos, o governo norte-americano anunciou uma distensão.
Joe Biden declarou, em abril de 2021, que iria retirar, até o fim do ano, as tropas
americanas no país que há duas décadas expulsaram os talibãs e vinham, assim,
tolhendo exatamente as tentativas de retorno ao poder por parte da milícia guerrilheira
radical. E não deu outra, em poucos meses os mulás, como são conhecidos os radicais
barbudos que compõem as fileiras do Talibã, tomaram a Capital Cabul. O Presidente
afegão foi um dos primeiros a deixar o país. Junto a ele, uma população desesperada
tentou embarcar em aviões americanos com a missão original de promover retirada
apenas de cidadãos norte-americanos e pessoas de consulados e corpo diplomático.
Alguns afegãos até conseguiram embarcar. Outros se penduraram onde deu, fosse
na fuselagem ou no trem de pouso. Foi sem dúvida uma das imagens mais chocantes
vistas recentemente. Abaixo, antes de falarmos acerca do medo que envolve a volta
do Talibã e suas práticas – e qual nova roupagem inclusive eles prometem, vamos ver
resumidamente a história deste grupo para, assim, entendermos em qual contexto
histórico se encaixam (...) lembrando ser este um tema extremamente quente para
as próximas provas de concursos em Atualidades. Então vamos lá!

Talibã: Contexto histórico.


Em: https://www.politize.com.br/taliba-terrorismo/
No contexto da Guerra Fria ao final da década de 1970, o Afeganistão se encontrava
em meio a disputas internacionais de poder. O país sofreu uma ocupação pela então
União Soviética, entre 1979 e 1989, que buscava garantir e manter a implementação
de um regime comunista alinhado à Moscou.
Seguindo a lógica de combater um “inimigo em comum”, os Estados Unidos
ofereceram treinamento e equipamentos militares aos Mujahedin*, um grupo de

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combatentes armados que lutavam contra a ocupação soviética. Após uma década
de conflito, a União Soviética decidiu retirar suas tropas do Afeganistão em fevereiro
de 1989.
Com a retirada dos soviéticos do país, e com a destituição do governo de
Mohammad Najibullah em 1992, parte dos Mujahedin que haviam sido apoiados
pelos Estados Unidos se organizaram. Como veremos mais adiante, o grupo se
radicalizou, baseando-se em uma interpretação fundamentalista do Alcorão, e
formou o que hoje conhecemos como o Talibã. Desta forma, a disputa internacional
entre as duas superpotências da Guerra Fria – Estados Unidos e União Soviética –
deixaram consequências indesejadas para os afegãos.
Obs.: *O termo Mujahedin traduz literalmente do árabe como “combatente” ou “alguém
que se empenha na luta ( jihad)”, embora o termo seja frequentemente traduzido
como “guerreiro santo”.

COMO SURGIU O TALIBÃ?


Quando as tropas soviéticas deixaram o Afeganistão, nos anos 1990, o país foi
tomado por uma série de conflitos entre facções que brigavam pelo controle da
nação. Neste contexto de guerra civil, surgiu, em 1994, o Talibã, sob a liderança do
Mullah Mohammed Omar.
O grupo, criado no sul do Afeganistão, tem origem nas tribos que ocupavam a
fronteira do país com o Paquistão. É formado principalmente pelos pashtuns, um
povo que lutou contra o imperialismo britânico, a invasão soviética e hoje se dedica
a combater a intervenção do ocidente na região.
Em 1997, pouco tempo após o seu surgimento, o Talibã conquistou o controle do
Afeganistão, sendo muito bem recebido por significativa parte da população. Isto
porque, após um longo período de guerras, o grupo estabeleceu a paz no território,
combateu a corrupção e tornou as estradas mais seguras para o desenvolvimento
do comércio. Apesar desse apoio interno, o Talibã só teve o seu governo reconhecido
por três países: Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Paquistão.
Após os ataques em 11 de setembro de 2001, o Afeganistão foi invadido pelas
tropas estadunidenses. As alegações de que o Talibã protegia Osama Bin Laden
– responsável pelo ataque – motivaram os Estados Unidos a destituir o
Talibã do poder. Mas isso não impediu o grupo de continuar exercendo

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influência, na época controlando quase 90% do Afeganistão. Os Talibãs


perseguiram sua luta, na clandestinidade até retomarem o poder após 20 anos no
país asiático.
Bom, retornando então aos tempos atuais, os talibãs retornaram ao poder após
20 anos. Se aproveitando da saída (em missão incompleta) das tropas americanas
do território afegão, eles tomaram a Capital Cabul com vistas a fazer do Afeganistão
novamente um país de partido único, regido pelas bases mais radicais do islamismo.
É interessante perceber, contudo, que nessa nova etapa, ao menos nesta largada, o
que se percebe é que o grupo radical vem com um discurso, uma roupagem,
por assim dizer, mais amena frente ao radicalismo de outrora. Explico: se em
sua primeira tomada de poder (1996-2001), os talibãs, um dos mais fundamentalista
grupo muçulmano, não permitiam que as mulheres saíssem às ruas sem ser cobertas
dos pés à cabeça (obrigando o uso da burka), meninas absolutamente não podiam
estudar a partir dos 10 anos (e sobre este ponto, vale lembrar, portanto, a figura
de Malala Yousafzai, ativista que lutou por este direito e sofreu uma tentativa de
execução por parte dos talibãs), chegando-se, dentro deste contexto exacerbado
de extremismo ao ponto de não se permitir cantar nem empinar pipas, sendo os
inimigos do regime executados sumariamente.
Pois bem, eis que agora nessa retomada de Cabul, o grupo islâmico promete
deixar as mulheres em paz (ao menos, permitindo-as executar as atividades básicas
da vida civil). Os talibãs também não preconizam mais um isolamento em relação a
política externa, já tendo realizado reuniões com algumas potências globais como
os mandatários da Rússia e da China. Veremos as cenas dos próximos capítulos.

O Irã e o movimento Mulher, Vida e Liberdade


O Irã, país do Oriente Médio de orientação muçulmana xiita, experimentou ao
longo dos últimos meses de 2022, uma série de protestos pelas ruas da sua principal
cidade, Teerã, naquele que pode ser considerado o maior levante revolucionário desde
a Revolução Islâmica de 1979. Os protestos, inclusive, ocorreram em países vizinhos
ao Irã, tal qual a Turquia, onde a população deste país se uniu em solidariedade à
população de origem iraniana, reivindicando liberdade, principalmente às mulheres.
De acordo com a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos, mais de
500 pessoas foram mortas desde o início das manifestações, em 16 de setembro,
incluindo 69 crianças. Além disso, dois manifestantes foram executados pelos atos
insurgentes e outros 26 foram condenados à morte pelo governo iraniano.
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O movimento de protestos no Irã foi desencadeado pela morte de Mahsa Amini,


uma mulher curda-iraniana que morreu sob a custódia da polícia moral. Segundo eles,
ela foi presa por usar o hijab, lenço iraniano que cobre a cabeça, da maneira errada.
Os atos de 2022 são únicos porque envolvem um número enorme de pessoas
dentro e fora do país e de diversas camadas sociais, adquirindo o slogan “Mulher, Vida
e Liberdade”. O movimento conta inclusive com incondicional apoio de personalidades
famosas do país, como atores e atrizes que integram o pujante mercado de produções
cinematográficas locais, entre outras celebridades da sociedade iraniana.
Para tentar reprimir os atos dos manifestantes, o governo iraniano tem feito uso
de torturas e execuções, como o caso de Arshia Emamgholizadeh, de 16 anos, que
esteve detido por 10 dias acusado de “jogar turbantes”. De acordo com sua família,
ele foi agredido frequentemente durante o período e foi obrigado a tomar pílulas
desconhecidas, tratamento que fez com que ele se suicidasse dois dias depois.
No mais recente desdobramento, em meados de dezembro, o Irã foi expulso de
uma comissão temática das Nações Unidas encarregada de empoderar as mulheres.
Durante a sessão, 29 dos 54 países votaram a favor de uma moção apresentada pelos
Estados Unidos que afirmava que a adesão do Irã à comissão era uma “mancha feia”
para a credibilidade do grupo.
Ativistas e grupos de direitos humanos afirmaram que o papel iraniano na
Comissão sobre o Status da Mulher tem sido uma farsa, à medida que surgem relatos
de que autoridades iranianas têm espancado e matado mulheres, se tornando o alvo
principal nos protestos, e que as forças de segurança têm atirado em seus rostos,
seios e órgãos genitais.

3.3. RÚSSIA

3.3.1. INTRODUÇÃO
A Rússia vem buscando, de forma aguerrida, recuperar o terreno perdido, tanto no
campo econômico quanto geopolítico, após o esfacelamento do bloco comunista da União
Soviética e a condução trôpega promovida por Boris Yeltsen nos anos 1990. O responsável
por esse processo atende pelo nome de Vladimir Putin. Homem forte à frente do país
há 20 anos, seja como Presidente, Primeiro-Ministro e depois Presidente novamente
(reeleito em 2018, com mandato até 2024), o ex-agente faixa preta da KGB se utiliza de
expedientes autoritários, eliminando adversários, tal qual agiu na Chechênia, em 2000; na
questão entre a Ucrânia e a Crimeia (parte do território ucraniano que ele tomou posse),
em 2014; e, por óbvio, agora, em 2022, na Guerra contra a Ucrânia. Podemos afirmar, e sem
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sombra de dúvida, que atualmente a Rússia fala de igual para igual com qualquer outra
potência global dentro do jogo geopolítico.

3.3.2. A COPA DO MUNDO DE 2018


A Rússia realizou, em 2018, entre 14 de junho e 15 de julho, a sua primeira Copa do
Mundo. O país já havia sido sede dos Jogos Olímpicos de 1980 (Moscou) e das Olimpíadas
de Inverno, em Sochi (2014). A Rússia faz parte também do calendário oficial da Fórmula
1 e é considerada uma potência em vários esportes, tais quais ginástica, natação, vôlei e
tiro, para, no ano de 2018, com 11 sedes (12 estádios, pois dois eram em Moscou), mostrar
ao Mundo, mais uma vez, sua capacidade em organizar eventos de grande porte realizando
a 21ª Copa do Mundo. Vale destacar que nunca na história uma Copa havia sido realizada
com jogos em dois continentes ( já tendo havido, contudo, Copa do Mundo em dois países,
como em 2002, entre Japão e Coreia). No caso em tela russo, uma das sedes ficou em
Ecaterimburgo, depois dos Montes Urais, na Ásia.
Veja as sedes a seguir.

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3.3.3. AS ESCALAS DE PODER DA RÚSSIA ATUALMENTE: AS GEOPOLÍTICAS


• Energia
Consolidada há mais de um século como uma potência na produção de energia, a Rússia,
país com as maiores reservas de gás natural do Mundo, terceiro em produção de petróleo
e quarto em energia nuclear, avança sobre o Mundo com seu poder econômico, alicerçando
uma imbricada rede de dependência emaranhada por seus gasodutos e oleodutos.
O jogo é simples. Onde os EUA deixaram lacunas, os russos entram. Onde há necessidades
de gás natural, eles entram e as sanam. No Qatar, uma das várias petrolíferas estatais (o
Estado russo possui mais de 15 empresas de energia próprias ou de capital misto) de Putin,
chamada ROSNEF, ao se associar aos xeiques do país sede da Copa de 2022, descontentes
com a forma como vinham sendo tratados pela Arábia Saudita e os EUA, se tornou, em 2017,
a maior empresa de energia do Mundo. Pela Ásia Central, a rede de gasodutos que passa
por dentro das ex-repúblicas soviéticas faz com que estes ex-países-satélite não tenham
autonomia plena para decidir seus rumos. Basta-nos ver o que aconteceu na Ucrânia quando,
em 2014, a Rússia forçou o país a se retirar das negociações de entrada na União Europeia.
Foi assim com a Georgia, com a Ucrânia, e será assim com outros países ex-satélites.
Essa situação se estende até 2022/2023, com a Rússia imprimindo uma ingerência sobre
os países ex-repúblicas soviéticas. Na Europa, estima-se que mais de 80% das necessidades
de gás natural e em torno de 90% de petróleo seja sanada pelos russos. Para onde se olha, a
influência deles está presente cada vez mais no tabuleiro do jogo geopolítico global, sendo
a energia como uma ponta desta lança afiada.
• População e Geopolítica
Por fim, um ponto interessante acerca da geopolítica russa reside na questão populacional,
desta que já foi uma das potências globais em termos populacionais e que hoje vê encolher
– em processo similar ao que ocorre em mais de 20 países situados ao norte geopolítico do
planeta – a sua população.
Matéria publicada no G1, oriunda da BBC, de 08/09/2019, nos revela a real dimensão
desta questão e como o governo russo busca soluções a curto prazo.

O ambicioso plano da Rússia para combater o encolhimento da população


País quer atrair entre 5 e 10 milhões de imigrantes entre 2019 e 2025; objetivo
é evitar redução da população e, assim, perda de influência geopolítica.
É uma das principais ameaças às aspirações geopolíticas da Rússia.
O país enfrenta uma crise demográfica sem precedentes que atingiu um novo
patamar em 2018 quando, pela primeira vez em uma década, a população russa
caiu em termos absolutos.
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Segundo a Rosstat, o IBGE russo, o país tem agora 148,8 milhões de habitantes,
93,5 mil a menos do que no ano anterior.
E as estimativas não são promissoras. Segundo estimativas da ONU, a Rússia
perderá cerca de 8% de sua população até 2050.
Consciente disso, o governo do Presidente Vladimir Putin desenvolveu um plano
ambicioso para atrair entre 5 e 10 milhões de imigrantes entre 2019 e 2025.
“O declínio demográfico tem sido um problema para a Rússia há décadas”, diz
Gregory Feifer, analista do Centro Davis para Estudos Russos e Eurasianos da
Universidade de Harvard (EUA), à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
“O alto escalão do governo, incluindo o Presidente Putin e o primeiro-ministro
Medvedev, falou publicamente sobre isso”.
“Mas as políticas que vêm sendo tomadas são inadequadas para enfrentar o
declínio da população. O que o governo está fazendo é desestimular a imigração
e incentivar a emigração”, acrescenta Feifer.
Fuga de cérebros
Como muitos outros países do mundo, a Rússia também enfrenta baixas taxas
de natalidade.
Em sua campanha eleitoral de 2018, o Presidente Putin prometeu gastar mais de
US$ 8 bilhões (R$ 32 bilhões) nos próximos três anos em programas para ajudar
as famílias a ter filhos.
Mas o declínio da população russa em termos absolutos se deve, principalmente,
à migração.
Em 2017, o último ano com dados disponíveis, 377 mil deixaram a Rússia, segundo
a Rosstat.
“Muitas pessoas estão deixando a Rússia, jovens profissionais altamente qualificados
são maioria”, diz Feifer. “E isso é um problema para a Rússia, porque é o tipo de
pessoas que o país precisará para manter sua influência no mundo e em sua
economia.”
A opinião de Feifer é comprovada pelos números da Rosstat. Segundo o órgão,
em 2017, 22% das pessoas que deixaram a Rússia tinham formação superior, 5%
a mais que em 2012.
Atrair imigrantes
Tradicionalmente, a Rússia era um país receptor de imigrantes, e a perda de
população causada pelo declínio natural (baixas taxas de natalidade) costumava
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ser mitigada pelos recém-chegados ao país, principalmente de países do Cáucaso


e da Ásia Central.
Por outro lado, esse número vem registrando quedas consecutivas. No ano passado,
chegou ao valor mais baixo desde 2005: 124.900, segundo a Academia Russa de
Economia e Administração Pública (Ranepa).
A dificuldade na obtenção de vistos de residência e a obrigatoriedade de que o
candidato à cidadania russa renuncie a sua nacionalidade de origem representam
barreiras à imigração, explicou Yulia Florinskaya, especialista em migração da
Ranepa, ao site de notícias Eusarianet.
Estima-se que a Rússia precise de até 300 mil pessoas a mais por ano para mitigar
os efeitos da perda natural da população e permanecer em um crescimento líquido
zero.
Neste contexto, o governo de Putin deu prioridade à política imigratória e aprovou
em outubro do ano passado um novo plano para os próximos seis anos, com o qual
espera atrair entre 5 e 10 milhões de migrantes.
Pelo plano, os procedimentos para obtenção de autorizações de trabalho e acesso
à cidadania russa são simplificados.
O objetivo é atrair principalmente a população de língua russa de países vizinhos,
incluindo a Ucrânia, o Cazaquistão, o Uzbequistão, a Moldávia e outras repúblicas
ex-soviéticas. Mas também tem como alvo os estrangeiros que querem “integrar-
se à sociedade russa”.
O despovoado leste
A desigualdade na ocupação do território é outro problema para as autoridades
russas.
Segundo um documento do Conselho Russo de Assuntos Internacionais, “a Rússia
entende que tem uma crise demográfica em curso, especialmente nas regiões da Sibéria
e do Extremo Oriente”.
E é por isso que esse plano de imigração visa a “atrair estrangeiros e imigrantes
para repovoar essas áreas com baixa população”.
Isso não é algo novo. De acordo com o serviço russo da BBC, desde o colapso da
União Soviética, houve numerosos programas para receber imigrantes “etnicamente
russos” das antigas repúblicas soviéticas.
O objetivo desses programas, por meio dos quais os imigrantes podiam obter a
nacionalidade russa, era repovoar essas áreas remotas. As famílias que se mudaram

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para a Rússia receberam terras e uma quantia em dinheiro (aproximadamente


US$ 6,5 mil).
“Não se podia escolher o local onde você ia morar; era o governo que escolhia, e
geralmente se tratava de lugares remotos, sem serviços sociais, sem escolas...”,
explica Anastasia Uspenskaya, repórter do serviço russo da BBC.
Como resultado, menos de 1 mil pessoas se candidataram a esses programas.
Segundo uma análise do centro de estudos Stratfor, a Rússia enfrenta o risco de
tensões étnicas com a chegada de imigrantes do Cáucaso e da Ásia Central.
“A Rússia não é tradicionalmente propensa à imigração; é uma sociedade fechada”,
diz Anastasia Uspenskaya.
Para Gregory Feifer, a Rússia “é um lugar muito difícil para os imigrantes viverem
e trabalharem”.
“Em teoria, a Rússia seria o destino ideal para imigrantes de países fronteiriços da
Europa Oriental e da Ásia Central, como o Tajiquistão, onde o salário médio mensal
é de US$ 15 por mês. Mas a sociedade é muito racista”, diz o analista.
“Especialmente os imigrantes de pele escura enfrentam discriminação e violência”,
acrescenta.
Em Yakutsk, na Sibéria, fortes protestos contra a imigração foram realizados em
março passado, após o estupro de uma mulher por imigrantes da Ásia Central.
O plano de Putin está funcionando?
Após uma trajetória descendente durante vários anos, os números da Rosstat
mostram um aumento significativo no número de imigrantes nos primeiros meses
de 2019.
Entre janeiro e abril deste ano, houve uma “imigração estranhamente alta na Rússia”.
As estatísticas oficiais mostram que nesse período a população migrante cresceu
em 98 mil pessoas, em comparação com as 57,1 mil registradas no mesmo período
de 2018.
No entanto, nenhum dos planos anteriores do governo russo foi bem-sucedido.
Além disso, ainda é muito cedo para vincular esse aumento à nova política de
imigração do governo e estabelecer uma tendência.
Em qualquer caso, de acordo com uma análise da Stratfor, embora a Rússia consiga
atrair um número significativo de migrantes para mitigar o declínio de sua população,
isso terá um impacto pequeno nas previsões demográficas.

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“Mesmo que a Rússia consiga aumentar substancialmente a imigração, isso não


vai garantir números suficientes para compensar o declínio em sua população”,
diz Feifer.
“As autoridades russas perceberam que suas estratégias anteriores para aumentar
as taxas de natalidade não funcionavam, e agora eles estão falando sobre o
incentivo à imigração, mas é tudo da boca para fora. Não acho que isso vai resolver
os problemas”, conclui.

• Geopolítica com a China


A nova ordem geopolítica que se desenha para este novo século se encontra relacionada
à costura entre a Rússia e China com vistas à formação de um campo geopolítico forte
de contraposição ao poder dos EUA. Segundo o historiador inglês Eric Hobsbawn, morto
recentemente, o século XIX foi considerado o “século da Europa”; o século passado (XX), o
“século dos EUA”; e muito provavelmente o século atual será o da Ásia.
Tanto a Rússia quanto a China se encontram alinhadas aos Brics, no G20, sendo nações
do Conselho de Segurança da ONU e de atitudes vorazes com relação a seus interesses,
governos autocratas (na Rússia, ainda disfarçado de democracia) e possuidores de extensos
territórios (sendo a Rússia o primeiro, e a China, o quarto no Mundo). Na Guerra com a Ucrânia,
a China, embora não declare abertamente apoiar a Rússia, imprime posições conservadoras
acerca de promover qualquer reprimenda à Rússia. A verdade é que, no jogo de cadeiras
geopolíticas que envolve essa guerra, a China é considerada, de fato, uma aliada russa.
• A Geopolítica Armamentista
No início de 2018, o Presidente Vladmir Putin anunciou um plano armamentista para a
Rússia, a quarta nação que mais gastou com armamentos no Mundo, sendo uma das que mais
ampliaram seus gastos nos últimos anos. O “pacote”, tal qual o Presidente russo se referiu em
discurso, visa exatamente inutilizar o poder dos EUA e da OTAN com tecnologia inovadora de:
• míssil de cruzeiro com propulsão nuclear ilimitado;
• um submarino nuclear não tripulado com alcance intercontinental, altíssima velocidade,
propulsão silenciosa e capaz de atingir grande profundidade;
• um míssil hipersônico Mach 10 com velocidade de 200 km;
• um novo míssil estratégico Mach. 20.
Todos estes sistemas têm capacidade de serem armados com ogivas convencionais ou
nucleares. As implicações são de imensa importância para a correlação de forças internacional.
Em primeiro lugar, porque demonstra que foram inúteis os esforços dos EUA para a construção
dos chamados escudos nos territórios vizinhos à Rússia, e, em segundo lugar, porque a
vantagem americana em função de seus porta-aviões tornara-se questionável em razão
desses novos submarinos.

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A verve armamentista de Putin segue a todo fôlego, ao promover ataques diretos


contra a Ucrânia, iniciando uma guerra em fev./2022. Misseis de alto poder de destruição,
os quais Putin assevera serem sem precedente atualmente no Mundo, começaram a ser
usados. Na outra ponta (e na mesma linha), Putin testa seus aliados, leia-se Belarus e
Bielo-Rússia, instalando, de forma inédita, ogivas nucleares fora do território de seu país
nestes países citados.
As preocupações com as crescentes tensões nucleares entre a Rússia e os EUA ressurgiram
após Moscou suspender recentemente a participação no acordo New Start, o último pacto
remanescente de controle de armas firmado entre os dois países. O tratado limita o número
de armas nucleares estratégicas que cada país pode manter, mas não especifica números
para armas nucleares táticas menores.
Não há informação exata sobre quantas armas nucleares táticas a Rússia possui
atualmente. No entanto, de acordo com agência de notícias Reuters, os Estados Unidos
estimam que sejam cerca de 2 mil ogivas táticas operacionais – aproximadamente 10 vezes
mais do que Washington.

TEXTOS COMPLEMENTARES
A guerra Rússia x Ucrânia começa
Por: Luís Felipe Ziriba
Em 25/04/2022
Eis que na alvorada do dia 24 de fevereiro de 2022, pela primeira vez desde a
Segunda Guerra Mundial, duas nações entram em conflito aberto bélico em território
europeu.
A Rússia, comandada por Putin, possui a intenção clara de colocar a Ucrânia sob
seu jugo. A desculpa dada pelo Kremlin para invadir o país reside na proteção dos
separatistas ucranianos pró-Rússia que residem ao Leste do País e que, segundo
as palavras de Moscou, vem sendo açoitados por grupos neonazistas os quais vem
promovendo um “genocídio”. O bote da Rússia sobre a Ucrânia foi orquestrado de
maneira clara e anunciada. Primeiro Putin deslanchou um lento movimento de tropas
na direção do país vizinho, que por muito tempo foi uma extensão da União Soviética.
Depois, atacou efetivamente o país vizinho, iniciando sua ofensiva pelo Leste, onde
se encontram exatamente os partidários de Putin em território ucraniano. Leia-se:
população russa na Ucrânia (em menor número), ou ucranianos pró-separação da
Rússia (esses sim em maior número).
Em dois meses de guerra, no dia 25 de abril de 2022, contabilizam-se oficialmente
em torno de 2,5 mil perdas humanas entre civis e militares de ambos os lados.

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Números extraoficiais, contudo, dão conta de quase 20 mil mortos. Não há sinal
para trégua até então, sendo que na mesa de negociações os tabuleiros não vêm
se mexendo e a capital Kiev já se encontra sob julgo russo.
A guerra segue, infelizmente, e, como não poderia deixar de ser, com questões
pertinentes a serem analisadas e que devem cair nas provas de Concurso. Vamos
analisá-las.

Ofensivas iniciais russas: primeiros ataques em 24/25 fevereiro


A guerra Ucrânia x Rússia
Por: Luís Felipe Ziriba
Em 25/04/2022
A Guerra Híbrida
A atual guerra entre Rússia e Ucrânia revela-nos uma face interessante. Estamos
diante de uma guerra híbrida, onde várias frentes de ataque são impostas e tais
levantes transcendem o sentido clássico de ataques com bombas e afins. São ataques
cibernéticos e ataques também às finanças russas
Os ataques cibernéticos
A Rússia, uma das nações no mundo com maior número de hackers e especialistas
em computação em geral, quase que simultaneamente ao ataque à Ucrânia, em fins
de fevereiro, colocou em prática uma série de ataques cibernéticos às instituições
governamentais ucranianas. Quase simultaneamente, outro ataque, dessa vez de um

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tipo conhecido como wiper (limpador), apagou dados dos servidores de instituições
financeiras e empresas ucranianas. Logo, após computares pessoais de civis também
foram atacados e infectados por hackers russos.
Para os ucranianos, os ataques cibernéticos não são novidade. Desde a invasão
da Crimeia pela Rússia, em 2014, o país se tornou um alvo sistemático de brigadas
cibernéticas financiadas pelo Kremlin. que tentam, por meio de suas invasões digitais,
semear o caos e desestabilizar o governo. Em 2015 e 2016, o sistema de distribuição
de energia elétrica foi atacado e houve corte no fornecimento por vários dias, em
pleno inverno.
Dentro deste contexto da guerra híbrida encaixaram-se perfeitamente as
criptomoedas (e temos textos sobre criptomoedas em nossa Aula de Atualidades
Mundo) como viés de financiamento de ativistas pró-Rússia fora do controle regular
de bancos Centrais.
A diáspora de ucranianos
Estima-se que, em dois meses de guerra na Ucrânia, algo em torno de 5 milhões
de pessoas já tenha evadido do país. É praticamente o mesmo número que em 10
anos de guerra civil na Síria. São basicamente ucranianos que abandonam suas
cidades e o campo por motivos óbvios: por medo da guerra, gerando a grande crise
humanitária desta década. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR), a velocidade de saída dos ucranianos já é considerada a mais
rápida vista no mundo desde a Segunda Guerra Mundial. Vale destacar que todos
os homens entre 18 e 60 anos foram convocados para a defesa e, em sendo assim,
as imensas filas de fugitivos são compostas basicamente de mulheres, crianças e
idosos.

• A Geopolítica
A China no tabuleiro
Em relação às posições das potências ocidentais lideradas pelos EUA não há mistério.
Todas são declaradamente contra a guerra e, logicamente, contra todas as posições de
Putin. Ponto. Já em relação à China, a segunda maior economia global – e potência mais
ascendente no Planeta –, vemos que o gigante oriental se lança em posições dúbias. Xi
JiPing, presidente chinês, declarou certa feita que China e Rússia possuem uma amizade
que “não tem limites”, porém vem dando a entender estar decepcionado com a Rússia visto
o avanço das tropas e a demora em resolver “a questão”. A posição de Pequim, por ora, é
não se comprometer com nenhum lado. O Ministério das Relações Exteriores declarou que

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a Ucrânia tem direito à soberania sobre seu território, mas simultaneamente se recusou a
vetar a Rússia no Conselho de Segurança da ONU.
A posição de Volodomyr.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky segue amotinado em algum lugar da capital
Kiev, fazendo lives e sendo admirado pelos congressistas americanos. A Rússia não fala mais
em sua deposição, mas não dá para confiar. Depois de pedir admissão imediata na Otan – o
que por um lado lhe daria tremendo poderio bélico e, por outro, poderia desencadear a III
Guerra Mundial –, Zelensky admitiu que seu país provavelmente nunca entrará na aliança,
o que atende a uma das principais exigências russas.
O conselho de segurança da ONU (em:https://www.politize.com.br/
conselho-de-seguranca-da-onu/)
Introdução.
O Conselho de Segurança da ONU atua basicamente para manter um amplo diálogo e
evitar diversos problemas diplomáticos, sendo o principal deles, a guerra. Considera-se
que, no caso da Segunda Guerra Mundial, faltou um instrumento dessa envergadura que
conseguisse balizar a paz em termos globais.

Órgãos principais das Nações Unidas: uma Assembleia Geral, um Conselho de Segurança, um
Conselho Econômico e Social, um Conselho de Tutela, uma Corte Internacional de Justiça
e um Secretariado.

Assim como a Liga das Nações, a ONU também tem por finalidade garantir e prevenir
conflitos globais, conforme a Carta estabelece no Capítulo I que trata dos Propósitos e
Princípios:

Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são:


1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medidas
efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da
paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito
internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma
perturbação da paz.

O Conselho de segurança é formado por quinze membros, sendo cinco permanentes e


dez rotativos.
Os membros permanentes são aqueles que se sagraram vencedores da Segunda Guerra
Mundial: Estados Unidos, Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, China, Rússia e França.

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O poder de veto no Conselho de Segurança é um dos principais, senão o principal poder.


Além disso, só o fato de cinco países se manterem por tempo indeterminado no Conselho,
que pode definir situações que envolvem a paz mundial, já é um grande poder!
No rol dos “Vencedores”, dois se destacam até os dias atuais, seja pelo seu posicionamento
político-ideológico, pela localização geográfica, pelo poder bélico etc.: Rússia (antigo membro
da URSS) e Estados Unidos. É notória a rivalidade desses dois Estados, que reflete, inclusive,
na tomada de decisões no Conselho de Segurança.
Sempre que uma decisão contraria os interesses dos Estados Unidos e/ou seus aliados,
ele vota contra e o projeto é arquivado. O mesmo pode se falar da Rússia e China, geralmente
alinhadas político-econômico-ideologicamente.
Por exemplo, os últimos dez projetos arquivados em reuniões realizadas no período de
12 de abril de 2017 a 19 de setembro de 2019 contaram com o voto negativo da China,
Estados Unidos e Rússia. Nesses projetos, a Rússia votou negativamente em oito deles,
enquanto a China votou em dois e os Estados Unidos em dois.
• O Conselho de Segurança e a Guerra na Ucrânia
Resumindo em poucas palavras, até aqui, com pouco mais de dois meses de guerra, o
Conselho de Segurança da ONU não teve absolutamente qualquer participação efetiva que
conseguisse coibir ao menos uma, repito, uma morte na guerra. Pesam para tal inépcia o
fato de que as decisões no Conselho precisam ser tomadas em consenso e, além disso, o
bloco Rússia-China no Conselho segue se mostrando sólido e coeso. Contudo, ao menos no
discurso, o português Antônio Guterres, Secretário-Geral da ONU, vem apelando para que
a Rússia aceite as recomendações da Agência. Caso contrário, serão abertos processos no
Tribunal Penal Internacional.
Outros órgãos e agências da ONU, contudo, vêm atuando com vistas a mitigar os terríveis
efeitos da guerra, como o ACNUR, com políticas de alocação de ucranianos fugidos (inclusive
uma família de ucranianos até aqui no Brasil foi recebida), além de auxílios alimentares e
um discurso sólido de apoio ao Presidente Zelensky. E mais nada.

A guerra Rússia x Ucrânia: 1 ano


Por: Professor; Luis Felipe Ziriba
05/04/2023
Em 26 de Fevereiro de 2022 a Rússia realiza o primeiro ataque à Ucrânia, dando
início a uma a guerra contra o país vizinho e antigo aliado na Guerra Fria. Em suma,
o que levou a essa guerra atende ao fato de que a Ucrânia, um ex-estado satélite da
União Soviética, começou a se desvincular da Rússia com o fim da União Soviética e,
consequentemente, ao promover a sua independência em 1991. Ao longo das últimas

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décadas, a Ucrânia foi gradativamente se aproximando do mundo Ocidental, leia-se


Estados Unidos, até expressar, em tempos recentes, e de forma bastante clara, a
sua intenção de ingresso na Otan, espécie de guarda-chuva ideológico militar dos
países do Ocidente, comandada pelos EUA. Embora o pensamento positivo global
fosse de que a guerra deveria durar pouco, na realidade era fácil perceber que isso
não aconteceria. Agora, com mais de um ano de guerra, o que se constata é que
(muito provavelmente) a guerra será longa. Repare bem que atualmente (abril de
2023) não há qualquer sinal de que as forças de ambos os países se renderão.
A invasão, que começou com bombardeios constantes e rápido avanço de
tropas russas, passou por um período de estagnação, uma contraofensiva das
tropas da Ucrânia e ataques à infraestrutura energética.
Analistas globais dão conta de que, de fato, a guerra possui até aqui quatro fases
bem marcadas. Vamos a elas:
1ª fase – início da invasão russa
Fev./2022 a Jun./2023
Invasão russa começa por várias frentes de batalha.
Em poucos dias, parte considerável do território da Ucrânia é dominado.
Prédios militares e civis são alvos de bombardeio por todo o país.
Kiev não é tomada, apesar de centenas de tropas russas ao redor da capital.
Bucha, cidade próxima a Kiev, é palco de uma matança de civis realizada
pelos russos.
Mariupol fica cercada por três meses, sem abastecimento de água e comida,
até ser dominada pela Rússia.
2ª fase – impasse no Leste
Jun. a Ago./2022
Exército russo se retira dos arredores de Kiev.
Batalhas se concentram na região de Donbass.
Ucrânia demonstra grande capacidade defensiva.
Não há grandes avanços territoriais, mas bombardeios continuam.
Usina nuclear de Zaporizhzhia foi alvo de disputas e houve risco de desastre
nuclear.

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Luis Felipe Ziriba

3ª fase – contraofensiva da Ucrânia


Set. a Nov./2022
Após período de impasse, tropas ucranianas reagem.
Grande parte do território próximo a Kharkiv é reconquistado.
Tropas russas deixam a cidade de Kherson, no Sul.
Nesse período, a Rússia conduz referendos ilegais para anexar quatro regiões:
Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson.
4ª fase – ataque a usinas
Nov./2022 – hoje (maio/2023)
Rússia direciona ataque à infraestrutura de energia.
Metade de Ucrânia passa a sofrer com falta de luz.
Aquecimento e abastecimento de água também são afetados.
Situação é agravada pelo intenso inverno ucraniano.
Bom, para facilitar nossos estudos, vamos por partes aqui. Nas provas, as bancas
podem sim cobrar (e cairá algo sobre isso nas próximas provas, sem dúvidas) se
você sabe que ocorreram alguns eventos cruciais na guerra, como, logo na largada,
a tentativa frustrada de tomar a capital Kiev, havendo, inclusive, enorme resistência
por parte da população civil local ou a rápida tomada de territórios ucranianos por
parte da Rússia. Podem também falar sobre os referendos ilegais de anexação de
áreas promovidos pela Rússia (na 3ª parte). Atente-se aos pontos elencados e tenha
interesse em conhecer mais sobre esses eventos
Sem querer aqui promover um exercício de futurologia, caro(a) aluno(a), mas
analistas dão conta de que a guerra não termina em 2023. Também que o protagonismo
entre os EUA de um lado, dando suporte à Ucrânia, e de outro a China defendendo
as posições da Rússia serão ainda a tônica dessa guerra.
Por fim, a Finlândia, concluiu os trâmites de entrada na Otan, afrontando seu
vizinho Rússia.

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Finlândia e Suécia atentam contra a Rússia e pedem entrada na Otan


Por: Professor Luís Felipe
09/05/2023
Suécia e Finlândia, dois países nórdicos onde o último uma fronteira de quase
2.000 km com os russos (sendo esta uma das maiores fronteiras da Rússia com um
país estrangeiro) se lançaram a buscar os seus respectivos ingressos na Otan. Se
há um ano, ambos os países respeitavam a premissa de se manterem fora tanto da
esfera de ação russa como da ocidental (em um pacto tácito que perdurava desde a
década de 50), com o início da guerra Rússia x Ucrânia, as relações se alteram e, claro,
os ânimos se exaltam. Ambos, um pouco para provocar e muito para se protegerem,
agora buscam no guarda-chuva militar ocidental uma forma de, ao menos em tese,
se blindarem da mão pesada russa.
O fim do não alinhamento militar dos dois países nórdicos é uma das maiores
guinadas de política externa na Europa nos últimos anos. Ambos os países mantinham
uma política de não vinculação a blocos armamentistas, embora a Suécia, por exemplo,
seja um dos maiores produtores de armamentos do mundo. Mesmo demorando
em média quase dois anos apara o ingresso de algum novo país na Otan, inclusive
necessitando de ser aprovado por unanimidade pelos 30 atuais membros, o estrago
está feito, com os EUA se laçando explicitamente em apoiar a entrada dos dois
países. Essa explicitação de vontade dos dois vizinhos russos fez Putin declarar que
dará resposta simetricamente equivalente caso os dois países persigam de fato o
ingresso no bloco militar Ocidental.
Adiante, veja o mapa atual dos países integrantes da Otan. Observe que até a
Noruega está dentro do bloco, junto com basicamente toda a Europa, inclusive a
Turquia.

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Países integrantes da Otan 2022

Obs.: Nessa entrada de 2023, a Finlândia tem atendido seu pleito e se torna membro
oficial da Otan.

3.4. CHINA

3.4.1. A CURIOSA DEMOGRAFIA CHINESA

A China é percebida secularmente como detentora da maior demografia global. Concentra,


em tempos recentes, em torno de 18% de todos os habitantes do Planeta. Contudo, em 2023,
esse cenário sofreu alteração. Seus indicadores de crescimento populacional já estão totalmente
estabilizados, como se pode perceber na matéria a seguir. Mais interessante, porém, é perceber
que, em 2023, o gigante Oriental foi ultrapassado em termos demográficos pela Índia.
Mesmo a China não sendo mais a maior demografia global, ainda é o maior país planeta
em termos econômicos/produtivos, liderando, ao mesmo tempo, o ranking global de maior
produtor de produtos industriais e também o de maior consumidor de insumos energéticos.
Mas, retornando à questão demográfica, vamos analisar inicialmente quais foram as
alterações promovidas ao longo dos últimos anos sobre esta que é uma das políticas mais
severas de controle de natalidade no Planeta: a Política do Filho Único, adotada pelo estado
comunista chinês desde 1981.
A China impôs uma política de filho único – na qual cada casal podia ter apenas um filho
– de 1980 a 2015. Em 2016, a lei passou a permitir até dois filhos e, em 2021, três filhos.
Ainda assim, os nascimentos continuaram diminuindo nos últimos cinco anos.

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População da China está prestes a encolher pela 1ª vez em 60 anos


Xiujian Peng
The Conversation*
14 junho 2022
A maior nação do mundo está prestes a encolher.
A China representa mais de um sexto da população mundial. No entanto, após
quatro extraordinárias décadas durante as quais o número de habitantes do país
aumentou de 660 milhões para 1,4 bilhão de habitantes, a população está prestes
a diminuir neste ano, pela primeira vez desde a Grande Fome de 1959-1961 (fome
generalizada que matou estimados 55 milhões de chineses).
Segundo números mais recentes do Escritório Nacional de Estatísticas da China,
a população do país cresceu de 1,41212 bilhão para 1,41260 bilhão em 2021 — um
aumento de apenas 480 mil habitantes, uma mera fração do crescimento anual
de oito milhões ou mais, comum uma década atrás.
Embora a relutância em ter filhos diante das rígidas medidas impostas contra
covid-19 possa ter contribuído para a desaceleração dos nascimentos, isso vem
ocorrendo há anos.
A taxa de fecundidade total da China (nascimentos por mulher) era de 2,6 no final
da década de 1980 — bem acima dos 2,1 necessários para compensar as mortes.
Estava entre 1,6 e 1,7 desde 1994, e caiu para 1,3 em 2020, chegando a apenas
1,15 em 2021.
Para efeito de comparação, na Austrália e nos Estados Unidos a taxa de fecundidade
total é de 1,6 nascimentos por mulher. No longevo Japão, é de 1,3. No Brasil, 1,7,
segundo dados do Banco Mundial.
Para que a reposição populacional seja assegurada, a taxa de fecundidade não pode
ser inferior a 2. Caso isso aconteça, o país passa a registrar declínio demográfico.
Isso aconteceu apesar de a China ter abandonado sua política de filho único em
2016 e ter implementado uma política de três filhos, apoiada por incentivos fiscais,
no ano passado.
Há diferentes teorias sobre por que as mulheres chinesas continuam relutantes
em ter filhos diante dos incentivos do Estado.
Uma das hipóteses se baseia na suposição de que muitas delas se acostumaram com
famílias pequenas; outra está relacionada ao aumento do custo de vida, enquanto

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uma terceira aponta para o aumento da idade do casamento, o que atrasa os


nascimentos e diminui o desejo de ter filhos.
Além disso, a China tem menos mulheres em idade fértil do que se poderia esperar.
Limitados a ter apenas um filho desde 1980, muitos casais optaram por um menino,
elevando a proporção de sexo ao nascer de 106 meninos para cada 100 meninas
(a proporção na maior parte do restante do mundo) para 120, e em algumas
províncias para 130.
Encolhimento — suposições razoáveis
A população total da China cresceu, depois da baixa pós-fome, a uma taxa de
apenas 0,34 em 1000 no ano passado.
Projeções preparadas por uma equipe da Academia de Ciências Sociais de Xangai
mostram que neste ano — pela primeira vez após a fome — essa proporção cairá
em 0,49 em 1000.
O ponto de virada chegou uma década mais cedo do que o esperado.
Em 2019, a Academia Chinesa de Ciências Sociais esperava que a população atingisse
seu pico em 2029, com 1,44 bilhão de habitantes. O relatório de Perspectivas
Populacionais das Nações Unidas de 2019 previa o pico ainda mais tarde, em 2031-
2032, com uma população de 1,46 bilhão.
A equipe da Academia de Ciências Sociais de Xangai prevê um declínio médio anual
de 1,1% após 2021, reduzindo a população da China para 587 milhões de habitantes
em 2100, menos da metade de hoje.
As suposições razoáveis p​ or trás desta previsão são que a taxa de fecundidade
total da China caia de 1,15 para 1,1 entre agora e 2030, e permaneça nesse nível
até 2100.
O rápido declínio terá um impacto profundo na economia da China. A população em
idade ativa do país atingiu seu pico em 2014 e deve encolher para menos de um terço
desse patamar até 2100.
A expectativa é que a população idosa da China (com 65 anos ou mais) continue a
aumentar na maior parte deste tempo, ultrapassando a população em idade ativa
do país por volta de 2080.
Mais idosos e bem menos jovens
Isso significa que, embora existam atualmente 100 pessoas em idade ativa
disponíveis para cada 20 idosos, em 2100, essa proporção será de 100 chineses
em idade ativa para 120 idosos.

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O declínio médio anual de 1,73% na população em idade ativa da China cria o


cenário para um crescimento econômico muito menor, a menos que a produtividade
avance rapidamente.
Os custos trabalhistas mais altos, impulsionados pela força de trabalho que
encolhe rapidamente, devem expulsar a manufatura de mão de obra intensiva de
baixa margem da China para países com abundância de mão de obra, como Vietnã,
Bangladesh e Índia.
Os custos da mão de obra de manufatura na China já são duas vezes maiores do
que no Vietnã.
Mais cuidados, menos manufatura
Ao mesmo tempo, a China será obrigada a direcionar mais recursos produtivos para
a prestação de serviços de saúde, médicos e assistência a idosos para atender às
demandas de uma população cada vez mais velha.
Cálculos feitos pelo Centro de Estudos de Políticas da Universidade de Victoria,
na Austrália, apontam que, sem mudanças no sistema previdenciário da China, o
montante gasto com pensões vai crescer cinco vezes, de 4% do Produto Interno
Bruto (PIB, soma de bens e serviços de um país) em 2020 para 20% em 2100.
Para nações exportadoras de matéria-prima como a Austrália ou o Brasil, essas
mudanças provavelmente vão exigir uma reorientação das exportações para
fabricantes fora da China.
Para os importadores de mercadorias, incluindo os Estados Unidos, a origem
das mercadorias deve mudar gradualmente para centros de manufatura novos e
emergentes.
Apesar das previsões de que este será “o século da China”, se depender das projeções
populacionais, o gigante asiático pode ver sua influência se deslocar para outros
locais – inclusive para a vizinha Índia, cuja população deve ultrapassar a da China
na próxima década.

3.4.2. CHINA: POLÍTICA E ECONOMIA EM ATUALIDADES


Do ponto de vista político, em 2018, o Partido Comunista Chinês acaba formalmente
com os limites do mandato para a presidência de Xi-Jinping, abrindo caminho para um
governo vitalício do atual líder do país.
Dos 2.964 delegados que votaram sobre a matéria no Congresso Nacional do Povo (CNP),
2.958 se declararam a favor de revogar um limite de dez anos para mandatos presidenciais,
juntamente com uma série de outras mudanças constitucionais visando consolidar o poder
de Jinping.

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Na verdade, o gigante oriental, de forma explícita, busca promover uma política em


que, pelos próximos anos, não haja espaço para que uma alteração de rumos institucionais
venha representar minimamente qualquer fratura frente à segura conduta que, há décadas,
o país vem perseguindo em torno de se consolidar ainda mais como um gigante global em
todos os segmentos possíveis.
Dentro desses contextos, a China ainda ostenta a maior taxa de crescimento econômico
em comparação a todas as principais economias do mundo. Chama atenção, contudo, que
o crescimento do PIB chinês em 2019 (último ano pré-pandemia) foi o menor desde 1990,
tendo avançado “apenas” 6,1% em relação ao ano anterior (sendo que, em 2018, houve
6,6% de crescimento), segundo dados oficiais. Embora o país há mais de 10 anos não revele
um crescimento econômico na casa dos dois dígitos, segue de forma inequívoca um norte
voraz, engolindo mercados e incrementando escalas de consumo internas. Ao decidir, em
2018, manter Xi Jinping como líder por tempo indefinido, o Partido Comunista Chinês não
deixa dúvida alguma de que seus estamentos político-institucionais são mais sólidos até
que a própria Muralha da China.
Em 2020, mesmo em meio a acusações (ainda não provadas) de haver causado de
forma proposital a pandemia de Covid-19 e, claro, sendo o epicentro da pandemia global, a
economia chinesa foi uma das únicas no Mundo ( junto apenas com Taiwan) que conseguiu
crescer em 2020, com incremento de 2,1% no ano. Como comparação: a economia do Brasil
regrediu 4,1%, a dos EUA regrediu em torno de 6%. Na Alemanha, no ano auge da pandemia,
a redução do crescimento econômico foi na casa dos 7%.
O Produto Interno Bruto (PIB) da China, o segundo maior do Mundo, atrás apenas dos
EUA, tal qual vimos na parte de Estados Unidos, cresceu 3% no acumulado de 2022. O
dado representa uma forte desaceleração em relação a 2021, quando o PIB do país havia
avançado 8,4%.
Há uma queda acentuada na segunda maior economia do mundo, agravada por tensões
com Washington e vizinhos asiáticos sobre comércio, tecnologia e segurança.
O líder chines Xi Jiping se limita sempre a dizer que o Estado deve desempenhar um
papel maior na gestão econômica e promete um “desenvolvimento focado na economia
doméstica”, ou seja, pouco fala ao mundo acerca da desaceleração pós-pandemia que a
economia chinesa vem passando.

3.4.3. CHINA, HONG KONG E TAIWAN


Uma questão de atualidades muito importante ocorrida em 2019/2020 na China diz respeito
a Hong Kong e a como a população da cidade-Estado vem temendo (e protestando contra) o
peso do controle chinês. Ao longo do segundo semestre de 2019 (seguindo-se em 2020), uma
série de manifestações nas ruas da cidade-Estado que pertence à China, mas é governado com

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maior distensão política, demonstrou o descontentamento da população local frente à direção


nítida do Partido Comunista chinês em aumentar o controle sobre a localidade.
Quando Hong Kong retornou ao controle de Pequim em 1997, seus habitantes receberam
a promessa de que manteriam por 50 anos as liberdades civis e o Estado de Direito adotados
durante o século e meio de colonização britânica. A ilha nunca teve democracia, mas
desfrutava de garantias inexistentes na China continental, entre as quais a liberdade de
imprensa e de expressão e um Judiciário independente.
Faltando, em 2019, 28 anos para o ano 2047, quando os 50 anos se completam, muitas
das liberdades civis de Hong Kong estiveram sob ataque da China continental. O alvo das
manifestações vem em direção ao projeto de lei que permite a extradição para a China de
acusados da prática de crimes. Os críticos da proposta afirmam que ela abre caminho para
opositores políticos em Hong Kong serem enviados para julgamentos pelo nada independente
sistema judicial de Pequim, no qual imperam os desígnios do Partido Comunista.
No início do ano de 2019, Xi Jinping ofereceu aos taiwaneses a reunificação com a
China sob modelo de “um país, dois sistemas”, o mesmo adotado em Hong Kong. Nas
horas subsequentes, a Presidente da ilha, Tsai Ing-wen, reiterou sua rejeição à proposta
e manifestou solidariedade aos manifestantes da ex-colônia britânica. “Nós estamos ao
lado do povo amante da liberdade de Hong Kong. Em seus rostos, nós vemos o anseio pela
liberdade e somos lembrados de que a democracia arduamente conquistada por Taiwan
deve ser protegida e renovada por cada geração”, escreveu Tsai em sua conta no Twitter.
Taiwan é a ilha para a qual fugiram os nacionalistas derrotados pelos comunistas na
guerra civil da China, encerrada em 1949. Governada de maneira ditatorial e sob lei marcial
até 1987, a ilha realizou sua primeira eleição direta para Presidente em 1996. “Hong Kong
vive a realidade de ‘um país’ e a ilusão de ‘dois sistemas’”, afirmou a porta-voz do Partido
Democrático Progressista de Taiwan, Isis Lee, de acordo com relato do jornal Taipei Times.
Em matéria do portal G1, da BBC News, de 05/07/2019, vemos a dimensão das principais
diferenças que constituem o postulado regente, ao menos nas relações entre Hong Kong
e a China: ou seja; “um país, dois sistemas”. Então vejamos com atenção:

As 5 principais diferenças da vida em Hong Kong e na China


Por 150 anos, Hong Kong foi uma colônia britânica; ao ser devolvido aos
chineses, o território teve assegurado até 2047 um grau elevado de autonomia.
Hong Kong está em contagem regressiva para 2047. Se nada mudar, esse é o ano
em que o território passará a ser controlado completamente pela China.
A China cedeu Hong Kong ao Reino Unido em 1842 após a Primeira Guerra do Ópio.
Por cerca de um século e meio, o território foi uma colônia britânica.

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E só foi devolvido aos chineses em 1997, quando Hong Kong passou a ser uma
região administrativa especial da China.
À época, ficou acertado que Hong Kong teria um grau elevado de autonomia, o
que inclui um sistema político e uma estrutura econômica próprios. A exceção
trataria das áreas de defesa e relações exteriores, ambas sob o controle da China.
O acordo de devolução sob um modelo chamado de “um país, dois sistemas”
duraria 50 anos.
No entanto, ninguém sabe exatamente o que vai acontecer em 2047 com o território
de 7,4 milhões de habitantes.
Há diferentes cenários possíveis. Além de passar a ser controlada integralmente
pela China, discute-se também a possibilidade de estender o prazo, de assegurar
independência total a Hong Kong ou até mesmo de firmar novos termos com a
China para uma solução intermediária.

Em 2014, contudo, um conselho do governo chinês publicou um documento oficial,


chamado Livro Branco sobre Hong Kong. Nele, assinalavam que o objetivo é a
“reunificação do continente” e lembravam que o território tem autonomia sobre
assuntos locais desde que tenha permissão do poder central.
Analistas internacionais advertem que esse poder que Pequim tenta exercer
sobre Hong Kong está cada vez mais acentuado. Tem impulsionado também um
processo de homogeneização do território, na tentativa de diminuir as diferenças
que existem entre a China continental e o território semiautônomo.
Essa postura de Pequim tem gerado resistência em Hong Kong.
Milhões de pessoas saíram às ruas nas últimas semanas, inicialmente motivadas
por uma lei que autorizaria extradições de cidadãos locais ao território chinês
propriamente dito. Os protestos serviram também para externar a insatisfação
mais difusa de cidadãos de Hong Kong com Pequim.

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Na segunda-feira (1º), dia do aniversário da transferência da soberania sobre Hong


Kong do Reino Unido à China, manifestantes invadiram e ocuparam a sede do
legislativo e depredaram seletivamente alguns símbolos da soberania de Pequim,
depois de semanas de imensas manifestações.
Mas você sabe quais são as principais diferenças entre a China e o território
semiautônomo?
A BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC News, listou cinco dessas
diferenças:
1. Sistema político
A República Popular da China é um Estado socialista comandada por um único
partido, o Partido Comunista chinês, ainda que existam outros partidos no país.
Segundo o estatuto do Partido Comunista do país, 90 milhões de filiados selecionam
2.300 delegados que, por sua vez, votam nos 200 membros do comitê central.
Esse comitê é quem elege o Politburo com seus 25 integrantes, o comitê permanente
que tem de cinco a nove membros e o secretário-geral que, na prática, é o principal
líder do partido.
Desde 2012, esse posto é ocupado por Xi Jinping, que também assumiu o cargo
de Presidente da China em 2013.
Hong Kong, por sua vez, também tem como Presidente Xi Jinping. Mas o território
tem o próprio governo.
O chefe do Executivo local é eleito por votação secreta por um comitê de 1.200
pessoas escolhidas pelo próprio governo central.
O mandato é de cinco anos e renovável por duas vezes consecutivas, no máximo.
Desde 2017, a chefe do governo local de Hong Kong é Carrie Lam, que condenou a
violência e o vandalismo dos protestos mais recentes.
Hong Kong também tem uma Assembleia Legislativa com 70 integrantes, entre
eles políticos, empresários, sindicalistas, professores, líderes religiosos e até
celebridades, eleitos (algo impensável na China) por residentes com mais de 18
anos. Metade das vagas é ocupada por representantes de regiões geográficas e a
outra metade por representantes de empresas ou associações.
Ainda que Hong Kong não seja uma democracia plena, a Assembleia é eleita por
um segmento mais diverso da sociedade se comparado à China continental.

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Nos últimos anos, contudo, tem aumentado a demanda por mais democracia em
Hong Kong, com uma série de manifestações que se repetem nas ruas há mais de
uma década contra políticas e leis impostas pela China.
2. Sistema judicial
O sistema legal de Hong Kong é bastante distinto do modelo continental chinês.
Ele se assemelha ao sistema britânico, em que a transparência e independência
dos processos judiciais são prerrogativas previstas em lei – no caso de Hong Kong
estão na chamada Lei Básica, uma espécie de carta constitucional do território
semiautônomo.
Na China continental, por sua vez, o Partido Comunista controla todos os aspectos
do processo judicial e críticos afirmam que é um sistema bastante corrupto que
não oferece garantias mínimas aos que são processados.
No entanto, a Lei Básica também está subordinada ao comitê permanente do
Congresso Nacional da China, que tem o poder de emitir uma interpretação final
e vinculante das leis. Assim, nesse aspecto, a independência do sistema não é
integralmente garantida uma vez que Pequim tem a última palavra.
3. Direitos civis
Ainda que Pequim tenha a última palavra em relação à legislação de Hong Kong, os
cidadãos do território semiautônomo têm uma série de liberdades civis exclusivas.
Diferente do resto da China, desfrutam de liberdade de imprensa, de associação
e de expressão.
No entanto, episódios nos últimos anos colocaram em xeque essas prerrogativas.
Em 2014, líderes estudantis foram detidos e acusados de traição por terem
participado da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, que ganhou esse nome em referência
aos guarda-chuvas usados como proteção do gás lacrimogêneo lançado pelas forças
de segurança. Estudantes foram às ruas contra a decisão de Pequim de fazer uma
reforma educacional na qual se exaltava nas escolas os valores comunistas.
Professores críticos ao sistema comunista também foram detidos, e livrarias consideradas
“subversivas” têm sido fechadas por publicarem ou venderem obras com críticas ao
regime chinês.

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Ainda assim, a mídia e o acesso à informação em Hong Kong são visivelmente mais
diversos que no resto da China. Redes sociais como Facebook, Twitter, WhatsApp,
por exemplo, são permitidos sem restrições.
Cidadãos de Hong Kong também têm passaporte diferente dos chineses, que
permite viajar à maioria dos países do mundo, entre eles os EUA e aos Estados-
membros da União Europeia sem necessidade de solicitar visto.
4. Economia
O modelo “um país, dois sistemas” permite que Hong Kong conviva, paradoxalmente,
com o socialismo e o capitalismo ao mesmo tempo no mesmo lugar. Dessa forma,
enquanto as empresas da China são regidas por um sistema comunista, controlados
em sua maior parte pelo Estado, Hong Kong tem um sistema livre de mercado.
A República Popular da China não interfere nas leis fiscais da região administrativa
e não cobra nenhum tipo de imposto.
A economia chinesa, assim como a de outros países em desenvolvimento, depende
principalmente da produção de matéria-prima e produtos manufaturados. Já a
economia de Hong Kong se baseia nos setores de serviços e finanças.
As moedas são distintas. Enquanto a China usa o yuan o território semiautônomo
tem o dólar de Hong Kong. A moeda de Hong Kong opera num câmbio vinculado
ao dólar dos EUA e se submete às regras do mercado internacional, algo que não
acontece com a moeda chinesa.
E a economia local é reconhecida por impostos mais baixos, livre comércio e pequena
interferência das autoridades governamentais nas atividades empresariais.
5. Idioma
A China continental e Hong Kong não falam a mesma língua. O idioma oficial da
China é o mandarim. No entanto, existem no país uma série de dialetos e outros
idiomas, entre eles o cantonês, que se fala em Hong Kong.
O mandarim, contudo, é ensinado em todas as escolas, inclusive em Hong Kong.
Mas no dia a dia, tanto nas ruas quanto no trabalho, o cantonês é mais falado no
território semiautônomo que o mandarim. O inglês também é usado, em especial
em placas de sinalização nas ruas e nos transportes coletivos.
Ainda que a maioria das pessoas em Hong Kong tenha origem chinesa e o território
pertença à China, muita gente não se identifica com os chineses. Várias pesquisas
da Universidade de Hong Kong mostram que uma parcela significativa da população
se identifica como ‘hongkonger’ e que apenas 15% se identificam como chinês.

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Essa diferença é ainda mais forte entre os jovens. Levantamento feito em 2017
mostrou que apenas 3% das pessoas com idade entre 18 e 29 anos se declaravam
como chineses em Hong Kong.

Na abertura do 20º Congresso do Partido Comunista da China, em 2022, o presidente Xi


Jinping fez um discurso com foco em segurança, uma de suas maiores preocupações após
tensão recente no Estreito de Taiwan. Ele disse que pretende controlar totalmente a ilha
autônoma, assim como fez com Hong Kong, e reiterou seu objetivo de uma reunificação
pacífica, sem abrir mão do uso da força caso veja necessidade.
“Tentaremos buscar uma reunificação pacífica com a maior sinceridade e os maiores esforços,
mas nunca nos comprometeremos a abandonar o uso da força”, afirmou.
Xi reforçou o último livro branco do Partido Comunista, documento que destaca os feitos
governamentais e as prioridades do Partido Comunista, que transformou Taiwan em
questão-chave. O documento de agosto foi o terceiro publicado – o primeiro foi em 1993
e o segundo, em 2000. Em ambos, a China prometia não enviar tropas ou funcionários à
ilha, compromisso revogado este ano.

3.4.4. NOVO BLOCO ECONÔMICO – PARCERIA ECONÔMICA REGIONAL ABRANGENTE – O


MAIOR DO MUNDO E LIDERADO PELA CHINA
Eis que, na entrada de 2022, quinze economias da Ásia-Pacífico consolidaram oficialmente
o maior bloco de livre comércio do mundo, um acordo apoiado pela China. É interessante
perceber que até 2017 estava em andamento justamente a formação de um bloco econômico
de países da Ásia e Pacífico, tal qual vimos em nosso material de Atualidades anteriormente,
com os EUA na liderança (e o Tratado de Associação Transpacífico seria o maior bloco do
Mundo, com praticamente 40% do PIB global), excluindo (e rivalizando) a China. Mas Trump,
dentro da ótica isolacionista de sua política externa, decidiu sair.
Foi realizada a assinatura da Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla
em inglês) em uma cúpula regional de Hanói. Em meio a questões sobre o envolvimento de
Washington na Ásia, o RCEP pode cimentar a posição da China com mais firmeza como
parceiro econômico do Sudeste Asiático, Japão e Coreia, colocando a segunda maior
economia do mundo em melhor posição para moldar as regras comerciais da região.

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4. ATUALIDADES RELACIONADAS A TEMAS GLOBAIS

4.1. TECNOLOGIA ENTRETENIMENTO

TEXTOS COMPLEMENTARES
O trabalho na atualidade
Falar do mundo do trabalho em Atualidades passa, fundamentalmente, por entendermos
acerca de perdas e ganhos e toda a gama de mudanças estruturais que a Nova Revolução
Tecnológica, também conhecida como 4ª Revolução Tecnológica, (ou 4.0) traz à tona.
• Era da automação: o grande “calcanhar de Aquiles” atualmente na questão do
emprego no mundo é a inteligência artificial, ou seja, máquinas (computadores)
simulando reações humanas (e, consequentemente, substituindo pessoas), desde
apertar um botão até questões de maior complexidade, como pilotar um avião. Se nas
décadas anteriores, desde os anos 70, assombravam o mundo a perda de postos pela
automatização e por robôs, hoje, para além dessas perdas, temos ainda, com o advento
da atual revolução tecnológica, a inteligência das máquinas tomando o espaço da ação
humana. Cerca de 50% das atividades de trabalho são tecnicamente automatizáveis,
segundo relatório da McKynsei, uma das consultoras mais importantes do mundo
acerca do trabalho. Conforme outro estudo, mais da metade dos empregos formais
no Brasil (54%) estão ameaçados de substituição por máquinas. Em comparação
com outros estudos publicados no exterior com metodologia semelhante, o Brasil
tem mais empregos ameaçados de extinção do que os Estados Unidos (47%), porém
menos que Europa (59%) e países como Uruguai (63%), Argentina (65%) e Guatemala,
que tem o maior índice (75% dos empregos poderão ser exercidos por máquinas). O
número brasileiro significa que essa quantidade de pessoas ocupadas se encontra em
funções classificadas com probabilidade “alta” (60% a 80%) ou “muito alta” (acima
de 80%) de serem exercidas por máquinas. Isso porque são funções “tipicamente
rotineiras e não cognitivas”, como ascensorista de elevador (com 99,9% de que o
trabalho seja exercido por máquinas no futuro), taquígrafo (99,5%) ou coletor de
lixo (89,3%). Também estão na lista tarefas cognitivas num nível já alcançado por
formas de inteligência artificial (IA), como recepcionista de hotel (99,1%), cobrador
de ônibus (99,3%) e gerente de almoxarifado (93,4%).
• Trabalho remoto: regulamentado na Reforma Trabalhista de 2017, o home office
deve crescer como alternativa para a contratação de profissionais. Interessante
perceber que a década que se findou (2010-2019) foi de enorme evolução acerca
deste conceito. O que instrumentaliza sem dúvida nenhuma o home office são as
redes de computadores muito mais eficientes. Um dos principais ganhos com a

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evolução do home office é do ponto de vista ecológico, resultado pelo corte de horas
de deslocamento (onde se estima girar em São Paulo em torno de 1 hora e meia por dia
entre ida e retorno de casa para o trabalho), reduzindo, assim, as emissões de gases que
causam o efeito estufa. Graças a essa iniciativa, é possível diminuir o número de viagens
ao trabalho e, assim, reduzir a poluição, os gastos de energia e o desperdício de papel.
Várias agências de emprego começaram em tempos recentes a demandar profissionais
nesta modalidade. Quem não gostaria de trabalhar em casa? Parece que a hora chegou
e, incentivados forçadamente pela pandemia do coronavírus, as corporações e também
o serviço público entraram de cabeça na era do teletrabalho.
• Multidisciplinaridade: quem possuir sólidas competências técnicas e comportamentais
terá prioridade nas ofertas de emprego. Importa-nos entender que o mundo do trabalho
tradicional, tal qual formado pelo Fordismo, em que enormes indústrias em que cada
operário devia compreender bem apenas uma fase da produção. Com o Toyotismo, a partir
dos anos 1970, as capacidades ficaram mais abrangentes, e o trabalho começa a demandar
conhecimentos interdisciplinares. Tal tendência segue até os dias atuais.
• Novas carreiras: abre-se, atualmente, uma gama de novas carreiras, como mecânicos
de veículos híbridos, técnico em impressão de alimentos, analista de internet das coisas e
técnico em automação predial são profissões aguardadas na indústria 4.0 (ou 4ª Revolução
Tecnológica), segundo estudo do Senai, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.

As 4 revoluções tecnológico-industriais consideradas:


• Primeira Revolução Industrial: chega quase ao final do século XVIII, em 1784, com o uso
do vapor na produção mecânica. O aparecimento do primeiro tear mecânico é um de
seus marcos.
• Segunda Revolução Industrial: em 1870, tem início a produção em grande escala
baseada na eletricidade. Inventa-se a cadeia de montagem, e o setor industrial vive uma
extraordinária aceleração.
• Terceira Revolução Industrial: em 1969, com a informática, começamos a programar as
máquinas, o que resulta em uma progressiva automatização.
• Quarta Revolução Industrial: por volta de 2014, a indústria vivencia outro giro imenso,
surgindo as fábricas inteligentes e a gestão on-line da produção. O alemão Klaus Schwab,
fundador do Fórum Econômico Mundial, no seu livro A Quarta Revolução Industrial, traduziu
o que se aproximava: “Estamos à beira de uma revolução tecnológica que modificará a forma
que vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em uma escala de alcance e complexidade,
a transformação será diferente de qualquer coisa que o gênero humano já experimentou
antes”. E efetivamente está sendo assim por três motivos com os quais os especialistas
estão de acordo: sua velocidade, seu alcance e seu impacto sem precedentes.

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Em: https://www.iberdrola.com/inovacao/quarta-revolucao-industrial

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O trabalho na atualidade II
A semana de 4 dias nos países desenvolvidos
Muito tem se falado sobre a semana de 4 dias de trabalho. Vários países já adotaram
e outros ainda testam a nova rotina. O objetivo é deixar os colaboradores mais satisfeitos
e, com isso, ter mais produtividade.
No Brasil, algumas empresas já oferecem esse esquema aos seus funcionários e perceberam
um aumento de rendimento no dia a dia.
Neste artigo, vamos explicar como funciona a semana de 4 dias de trabalho, os principais
países que já adotaram e se há chances de ser aplicada no Brasil. Então, continue a leitura
até o final!

Como funciona a jornada de trabalho 4×3?

A semana de 4 dias de trabalho, ou jornada de trabalho 4×3, objetiva proporcionar mais


tempo de lazer aos colaboradores e, assim, aumentar a produtividade. O esquema defende
4 dias de trabalho e 3 de descanso, mantendo o salário integral dos funcionários. Nesse
sentido, a média de horas semanais passa de 40 para até 32 horas.
Desde o início da pandemia de Covid-19 esse debate tem ganhado força. Uma empresa
norte-americana de serviços financeiros, Jeffrey, fez um levantamento com jovens de
22 a 25 anos que pediram demissão de seus empregos. Segundo a pesquisa, 32% deles
permaneceriam nas empresas caso elas oferecessem uma semana de 4 dias de trabalho.

Onde se trabalha 4 dias por semana?

Países como Escócia, Islândia, Bélgica e Emirados Árabes Unidos já adotaram a semana
de 4 dias de trabalho.
• Emirados Árabes Unidos
Os Emirados Árabes Unidos foram o primeiro país a adotar, integralmente, a semana de
4 dias de trabalho. Por lá, a nova jornada entrou em vigor em janeiro de 2022 para todos
os órgãos públicos. Já para as empresas privadas, o modelo é facultativo.
• Bélgica
Na Bélgica, os profissionais podem escolher se trabalham 4 ou 5 dias por semana,
mantendo a carga horária total. No país, a jornada de trabalho semanal é de 38 horas. Porém,
o colaborador pode trabalhar 45 horas numa semana e deduzir as extras na semana seguinte.
• Islândia
Entre 2015 e 2019, 1% da população da Islândia passou a trabalhar em escala 4×3.
No país, as jornadas semanais foram reduzidas de 40 horas para 35 ou 36, mantendo a
remuneração.

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• Escócia
A Escócia iniciou uma fase de testes com a semana de 4 dias de trabalho. As empresas que
participam do projeto recebem apoio do governo, sendo um aporte de cerca de £ 10 milhões.

Quais são os benefícios da semana de 4 dias de trabalho?

Benefícios da semana de 4 dias de trabalho:


• Proporciona bem-estar ao trabalhador
Um dia de descanso a mais pode fazer a diferença na qualidade de vida de um colaborador.
Essa folga prolongada contribui para manter a sanidade mental do profissional, evitando
a Síndrome de Burnout, por exemplo. Além disso, dá a oportunidade de curtir a família ou
praticar atividades de lazer.
• Reduz os gastos da empresa
Para empresas que trabalham com o formato presencial ou híbrido, um dia a menos
de trabalho representa redução de custos. Afinal, não haverá consumo de energia elétrica
nem de água, por exemplo.
• Aumenta a produtividade dos empregados
Com um dia a menos de trabalho, os colaboradores precisarão se unir para deixar as
demandas em dia. Isso faz com que a produtividade da empresa aumente. Além disso,
promove a união dos funcionários.
• Motiva os colaboradores
A redução da carga de trabalho, por si só, já é uma grande incentivadora à motivação.
Porém, saber que a empresa se preocupa com o seu bem-estar também faz que o colaborador
se sinta mais motivado a trabalhar.
A semana de 4 dias de trabalho está em debate em muitos países e já foi implementada
em outros. No Brasil, certas empresas já executam essa prática. Entretanto, não há uma
proposta para a alteração da jornada de trabalho no país, que é de até 44 horas semanais.
Gostou deste artigo? Então, que tal compartilhá-lo nas suas redes sociais para que
outras pessoas também saibam sobre o tema? Em: <https://www.remessaonline.com.
br/blog/semana-de-4-dias-de-trabalho/>.

4.1.1. AS CRIPTOMOEDAS
Criptomoedas são moedas digitais descentralizadas, ou seja, sem controle de bancos
ou padrões de lastro do tipo padrão-ouro. A primeira moeda digital criada – hoje a mais
famosa – foi o BITCOIN, em 2008, que se utiliza de uma tecnologia criptografada denominada
blockchain, que é nada mais que uma espécie de um livro-registro distribuído operado em

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uma rede do tipo ponto a ponto (peer-to-peer) de milhares de computadores, sendo que
todos acabam por deter uma cópia igual de todo o histórico de transações, impedindo que
uma entidade central promova alterações no registro ou no software unilateralmente sem
ser excluída da rede. No blockchain, a informação não é guardada numa única fonte, mas
antes por vários utilizadores, que fazem a sua encriptação e verificação, sendo o registro
de alterações partilhado por todos.
O controle das criptomoedas reside em vários servidores ao mesmo tempo. Por ser
criptografada, há um estrito protocolo de segurança. Ao processo de criação de Bitcoins
denomina-se mineração, mas não é, logicamente, qualquer um que poderá realizar esta
criação de criptomoedas. Primeiro, tem de haver um hardware extremamente potente e
pessoas interessadas na compra de sua moeda, vide que as moedas reais mais valorizadas
são as que têm mais procura, como o dólar e a libra, sendo que o mesmo ocorre com as
criptomoedas. Há também a necessidade de se obter uma chave de criptografia de peso,
senão furam sua segurança, e o negócio vai por água abaixo.
Uma curiosidade sobre o Bitcoin é que não se sabe bem ao certo quem criou a moeda
digital – tirando o nome com que assina, Satoshi Nakamoto. Mas suspeita-se que este pode
não ser o nome real ou até representar na verdade um conjunto de pessoas. O certo é que
Satoshi Nakamoto – seja ele quem for – deixou-nos uma tecnologia que podemos usar
para criar o que quisermos. Não só o Bitcoin já deu origem a outras criptomoedas, usando
o mesmo conceito de blockchain, como estão continuamente a surgir novas ideias, serviços
e empresas a utilizar a própria Bitcoin.
Em 2014, chegou a ocorrer na revista americana Newsweek, em matéria de capa (a
seguir), que eles haviam descoberto o autor da Bitcoin, um homem japonês de 64 anos
chamado Dorian Satoshi Nakamoto, residente nos arredores de Los Angeles. Dorian negou
ser o criador da Bitcoin; no impasse, apareceu o australiano Craig Wright, membro de um
grupo denominado Cypherpunks, o qual, em maio de 2016, afirmou a vários órgãos de
imprensa ser o verdadeiro Satoshi Nakamoto, mas a sua versão não foi bem aceita por
todos, permanecendo o mistério e dividindo opiniões até hoje. Ao todo, o mundo só poderá
ter 21 milhões de unidades de Bitcoins. E já foram criadas mais de 16 milhões, portanto
tem-se 16 milhões de moedas sem pai. A estimativa é que a produção das criptomoedas
chegará a seu fim no ano 2140, já que sua geração se torna cada dia mais difícil. Diante da
finitude do Bitcoin, seu sistema financeiro acompanha o processo de outras moedas, em
que, quanto maior a procura, mais alto tende a ser o seu valor de mercado.

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TEXTOS COMPLEMENTARES
As criptomoedas de segunda geração
Em 2019, as criptomoedas de segunda geração ganharsm definitivamente
consistência. Enquanto as moedas de 1ª geração estiveram restritas a mercados
financeiros específicos, a segunda geração se move atualmente com vistas a realizar
operações no mercado de varejo, tal qual já fazem há séculos as moedas tradicionais.
Contribuiu muito o fato de a gigante rede social Facebook anunciar que, até 2020,
colocaria em órbita sua moeda virtual: Libra, tendo assim um público de 2,3 bilhões
de pessoas que, via de regra, entrará em contato de alguma forma com esta nova
moeda. Seguindo a gigante rede social, o Telegram também anunciou sua moeda
para 2020, chamada Virtual Grand. Ambos, bem verdade, não lançaram conforme
prometido suas moedas, mas agitaram os mercados virtuais. E o Facebook mantém
para futuro próximo seu plano, com alteração, contudo, de datas e do nome de sua
moeda para Diem.
Já no Brasil, começou a funcionar em 2019 a Wibx, a nossa primeira moeda
virtual voltada ao comércio do varejo – ou seja, de segunda geração fora apenas do
ciclo de mercado de investimentos.
Entre 2017 e 2019, a pioneira criptomoeda criada, o Bitcoin, proporcionou
uma rentabilidade absurda. Segundo matéria de capa da Revista IstoÉ (ed. 2.594),
intitulada “Criptomoedas... Você ainda vai usar”, seu valor saiu de US$ 960, chegando
a US$ 20 mil (para se estabilizar em fins de 2019 na casa dos US$ 10 mil). Nada mal.
Mil por cento de lucro em pouco mais de dois anos.
As transações com moedas criptografadas ganham cada vez mais espaço,
asseguradas pelos protocolos blockchain e a criptografia. No Brasil, quem comercializa
as moedas são as chamadas exchanges, ou corretoras. Segundo a Associação
Brasileira de Criptomoedas (ABCRIP), já são mais de trinta instituições. É interessante
perceber que, contrariando nossa tendência intervencionista e controladora estatal,
o Banco Central vem sinalizando ao longo dos últimos anos uma liberalização por
aqui para este mercado, que ganha corpo velozmente em nosso país.

O bitcoin em 2022
Por: Professor; Luis Felipe Ziriba
25/01/2022
O BITCOIN é ainda o mais famoso ativo em criptomoedas. É um recurso escasso,
tal qual o ouro, com limite de 21 milhões de unidades disponíveis. O algoritmo deles
garante isso, assegurando que a fração, ou unidade acima de 21 milhão, será apenas

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ativada (ou minerada) somente depois do ano 2138. Raro, portanto, tal como o
ouro, por exemplo, possui grande valor exatamente pelo fato de ser escasso. Serve
também, tais quais outras criptomoedas, perfeitamente a investidores que querem
colocar suas reservas em cestas diferentes para assim fugirem do movimento das
marés das moedas tradicionais. No caso do Bitcoin, é inequívoco que, ao longo dos
últimos anos, representou uma reserva de valor com enorme proteção em relação
à inflação e/ou crises políticas. Ou seja, intempéries que, de fato, afetam moedas
e papéis tradicionais. Estima-se que, em fins de 2021, existiam 18,85 milhões de
Bitcoins emitidos, cerca de 90% do limite máximo de 21 milhões.
O blockchain do Bitcoin, como uma rede que utiliza o mecanismo de consenso
de prova de trabalho (PoW), depende de participantes da rede chamados de
“mineradores” que processam continuamente as transações e validam blocos em
um processo amplamente conhecido como “mineração”.
Esses participantes fornecem seus computadores e hardwares para resolver
milhões de cálculos complexos na rede Bitcoin a cada segundo, recebendo unidades
de Bitcoin como “recompensa”. Atualmente, os mineradores recebem 6,25 Bitcoins
para cada bloco minerado, recompensa que irá cair para 3,125 Bitcoins por bloco
após o próximo halving em 2024.
Na outra ponta, as exchanges garantem a custódia da moeda, com níveis
profissionais de segurança contra ataques e auxiliam os investidores a manusear seus
Bitcoins em ambiente de total segurança. Após mais de uma década de funcionamento
das criptomoedas, elas saem, de fato, completamente de uma atmosfera meio
nebulosa a qual muitos chancelavam ser um ativo relacionado somente a organizações
criminosas e/ou picaretas e golpistas virtuais, para se consolidar como um ativo de
futuro rentável e vantajoso, agora também sólido e confiável.
Por fim, na esteira do Bitcoin, a mais famosa criptomoeda, outras criptomoedas
operam baseadas em algoritmos de contratos inteligentes programados nas
blockchains, sendo a mais famosa a Ethereum, da criptomoeda Ether (ETH),
considerada pelos investidores mais maleável à programação do que a rede do
Bitcoin. Faça suas apostas!
Abaixo segue um link. Vale a leitura para entender a dimensão desses novos
ativos!!!
Obs.: Ah, só para constar, embora tenha valorizado algo perto de 5.000% em 5 anos, o
Bitcoin não está nem entre as 5 criptomoedas mais valorizadas.
Link: <https://www.seudinheiro.com/web-stories/8-criptomoedas-que-subiram-mais-que-o-bitcoin-
-nos-ultimos-5-anos/>.

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4.1.2. A COMPUTAÇÃO EM NUVEM


Embora muitas pessoas apresentem a computação em nuvem como a próxima tendência,
a ideia é quase tão antiga quanto o próprio computador.
O conceito surgiu em meados da década de 1960, a partir das ideias de pioneiros como
J.C.R. Licklider (a influência mais importante no desenvolvimento da ARPANET – Advanced
Research Projects Agency Network –, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que
foi a primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes, e a
precursora da internet, foi criada só para fins militares), que imaginava a computação na
forma de uma rede global, e John McCarthy (que cunhou o termo “inteligência artificial”),
que definia a computação como uma utilidade pública. Alguns dos primeiros usos foram
vistos no processamento de transações financeiras e dados do censo.
Em 1997, o termo “computação em nuvem”, tal como conhecemos, foi utilizado pela
primeira vez pelo professor de sistemas de informação, Ramnath Chellappa.
Em poucos anos, empresas começaram a trocar o hardware por serviços em nuvem,
sendo atraídas pelos benefícios, como a redução nos custos e a simplificação em questões
de pessoal de TI. O benefício número 1 mencionado no mercado corporativo é a eficiência.
Ao executar certas aplicações que compartilham fotos com milhões de usuários móveis, ou
ao realizar operações essenciais para a vida de sua empresa, atualmente, são as plataformas
de serviços em nuvem que oferecem acesso rápido a recursos de TI flexíveis e de baixo custo.
Com a computação em nuvem, não é preciso realizar grandes investimentos iniciais em
hardware e perder tempo nas atividades de manutenção e gerenciamento desse hardware.
Esse que é o pulo do gato, recentemente. Em vez disso, é possível provisionar exatamente
o tipo e o tamanho corretos de recursos computacionais necessários para executar a sua
mais recente ideia ou operar o departamento de TI. Você pode acessar quantos recursos
forem necessários, quase instantaneamente, e no fim pagar apenas pelo que usa.
A computação em nuvem oferece uma forma simplificada de acesso a servidores,
armazenamento, bancos de dados e um conjunto amplo de serviços de aplicação na internet.
Assim, uma plataforma de serviços em nuvem, como a Amazon Web Services, é proprietária,
fazendo a manutenção do hardware conectado à rede necessário para esses serviços de
aplicação, enquanto você provisiona e utiliza o que precisa por meio de uma aplicação web.
Vale destacar que um dos problemas da computação em nuvem é a necessidade de internet
para seu funcionamento, à medida que ela só funciona em rede.

TEXTO COMPLEMENTAR
A China e o 5G
Enquanto os EUA comandaram no início da década que se finda a implementação
e uso global da tecnologia 4G, agora é a China quem lidera a implantação do 5G,
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sendo este um dos pontos mais importantes na Guerra Comercial entre Estados
Unidos e China. A Huawei, uma empresa chinesa, é líder em tecnologia e em redes de
internet sem fio. Dessa forma, a empresa lidera o mercado de tecnologia na China.
Após a reunião do G20, em Osaka, no Japão, realizada em fins de julho de 2019,
Donald Trump deixou as sanções que tinha imposto sobre a Huawei, ao menos
momentaneamente, de lado. A empresa da China esteve impedida de alguma forma
de fazer negócios com companhias norte-americanas. Dessa forma, o Presidente dos
EUA alegara que a tecnologia chinesa representava riscos à segurança de seu país, à
medida que China anunciava claramente que iria implantar as redes 5G já em 2020.
A rede 5G, além de otimizar, em 20 vezes, a velocidade de dados nos dispositivos
móveis, como celulares, vai proporcionar novidades como carros autônomos. “O
país que dominar o 5G liderará várias dessas inovações e estabelecerá os padrões
para o restante do mundo”, diz um comunicado do Departamento de Defesa (DoD)
americano.
A guerra entre os EUA e a China sobre a Huawei teve fôlego curto, parece, mas
enlaces interessantes: no dia 15 de maio de 2019, o Presidente dos EUA, Donald
Trump, declarou a proibição de negociações de tecnologia americana sem a permissão
do governo. Ademais, Trump colocou a Huawei em sua “lista negra”. Em junho, o
mandatário norte-americano disse que empresas americanas teriam permissão
para vender para a Huawei, entretanto não poderia representar perigo à segurança
nacional. No dia 10 de julho do mesmo ano, o Departamento do Comércio dos Estados
Unidos disse que empresas norte-americanas poderiam voltar a fazer negócios com
a Huawei. “Para implementar a diretriz da cúpula do G20 do Presidente há duas
semanas, o Commerce emitirá licenças onde não há ameaça à segurança nacional
dos EUA”, afirmou o secretário Wilbur Ross sobre a Huawei. Membros do governo
norte-americano afirmaram que a líder chinesa em tecnologia é um “instrumento
do governo da China”. Veremos assim o que acontece nessa guerra nos próximos
capítulos.
O fenômeno TikTok
O ex-presidente Donald Trump prometeu banir o inocente e engraçadinho
aplicativo criado na China do território dos EUA em 2020. Não conseguiu.
Sucesso em todo o mundo e criado justamente para fazer dinheiro, o aplicativo
sensação da geração que come e dorme grudada na internet (mais precisamente
no telefone) vem criando uma geração de subcelebridades imberbes milionárias.
São garotos e garotas que, com menos de 20 anos, tornaram-se influenciadores

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digitais (ou digital influencers) e recebem milhares de dólares para fazerem posts
patrocinados. Outros recebem por visualizações, e vários recebem pelos dois, ou
seja, conteúdo patrocinado e visualizações. Nos EUA, estima-se que, até meados de
2020, 8 jovens tenham feito, cada um, mais de US$ 1 milhão em pouco mais de um
ano no TikTok. No Brasil, as cifras são menores, mas uma legião de jovens já fatura no
TikTok na casa das centenas de milhares de reais. Usuários menores também têm vez,
e todos os dias lançam lives, podendo receber por estas transmissões dinheiro dos
amigos. Quando Trump ameaçou banir dos EUA a ByteDance, empresa responsável
pela operação do TikTok nos EUA, empresas do porte da WalMart, Microsoft e Oracle
se colocaram à disposição para comprar a operação americana deste aplicativo, que
em dois anos foi instalado mais de 2 bilhões de vezes em todo o mundo.

O Metaverso em Atualidades
Por: Professor Luís Felipe
05/05/2022
O conceito de metaverso vem sendo cada vez mais propalado e diz respeito à
integração do mundo real ao digital por meio de tecnologias como a realidade virtual
ou aumentada, com o uso de avatares e hologramas, entre outros recursos. Ou seja,
é a busca por experiências mais reais que aumentem a emoção e o engajamento.
A tecnologia 5G auxilia enormemente as funcionalidades, mas o metaverso já
vinha se firmando no mundo 4G. A pandemia prendeu as pessoas em casa e fez
com que se vivesse uma realidade paralela. No ROBLOX, febre entre crianças e pré-
adolescentes, ou no FORTNITE, ocorre já, além da interação entre pessoas, o uso de
criptomoedas, NFTs e até shows virtuais, como o caso do rapper Emicida, que fez
um show virtual no FORTNITE.
A gigante Facebook investiu forte e criou sua plataforma de metaverso chamada
Meta, para o qual confeccionou um óculos para o uso virtual que, aqui no Brasil,
custa em torno de R$ 3,5 mil. Outra empresa que investe pesado no metaverso é
a Microsoft. Aliás, o dono da Microsoft, Bill Gates, estimou recentemente que em
três anos (até 2025, portanto) as pessoas estarão fazendo reuniões virtuais fora
das câmeras comuns, se utilizando de avatares 3D.
E fora da esfera de games e reuniões corporativas, o metaverso se consolida em
outras áreas. Vamos a duas delas que vem chamando a atenção.

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A primeira é na medicina, em que faculdades de medicina já utilizam a realidade


virtual para o ensino de disciplinas, como anatomia e radiologia. Psiquiatras e
psicólogos já usam há algum tempo a realidade virtual para o tratamento de fobias
e transtornos do pânico. Em breve, os novos consultórios serão virtuais, formados
por avatares, uma evolução da telemedicina tradicional. O paciente ganha ainda mais
conforto ao solicitar um atendimento de sua casa, sem precisar de deslocar para
alguma unidade de saúde para triagem ou em casos leves, como muito utilizado no
enfrentamento da pandemia de covid-19. A possibilidade de gameficação em todo
esse processo aumenta o protagonismo do paciente no acompanhamento do seu
cuidado em saúde e facilita a prevenção de agravos.
Outra revolução ocorre no mercado imobiliário virtual. Empresas vêm se
especializando em vender terrenos virtuais com pagamento em criptomoedas, de
modo que, dentro de games como o OtherSide, centenas de pessoas adquirem lotes
a mais de 5 mil dólares para criar seus empreendimentos.
Estima-se que, em 2020, mais de 500 bilhões de dólares tenha circulado no
mercado do Metaverso.

4.1.3. O CONCEITO DE BIG DATA E SEUS USOS


Em informática, big data significa o conjunto de informações armazenadas. Atualmente,
este termo vem sendo cada vez mais utilizado, sendo o big data um conjunto de tecnologias
que permite que os dados possam ser trabalhados sobre três perspectivas não consideradas
antes do surgimento do conceito:
• Volume: a cada dia, novos dispositivos são inseridos nas redes e passam a enviar e
receber informações dos mais diversos tipos. Devido a esse crescimento, surgiu a
ideia de gerenciar essas informações e utilizá-las para agregar valor;
• Variedade: da mesma maneira que há diversos tipos de dispositivos que geram
informações, existem também diversas formas de dados, como textos, imagens,
vídeos, dados de sensores e de localização e outros. Com as tecnologias de big data,
se torna possível analisar e gerenciar todos estes tipos de informações;
• Velocidade: mesmo que os dados existam em grande volume e em uma enorme
variedade de formas, com o big data será possível que eles sejam tratados. Esse é
um desafio para as organizações, já que a velocidade da produção desses dados vem
aumentando rapidamente.
A análise adequada de tais grandes conjuntos de dados alinhavados permite encontrar
novas correlações, como, por exemplo: tendências de negócios no local; prevenção de doenças;
combate à criminalidade; e assim por diante. Cientistas, empresários, profissionais de mídia

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e publicidade e governos regularmente enfrentam dificuldades em áreas com grandes


conjuntos de dados, incluindo pesquisa na internet, finanças e informática de negócios.
Em empresas, o uso do big data hoje é ainda mais ostensivo. Faz anos que um número
cada vez maior de organizações, de diversos portes e segmentos, se utiliza do Big Data
Analytics como ferramenta de apoio estratégia, visando melhorar seus processos de trabalho
e adquirir aquilo que se denomina como “insights”, ou seja, instrumentos valiosos acerca
das tendências de mercado, comportamento dos consumidores e suas expectativas. O big
data vem com esta função, ou seja, auxiliar às empresas a entender a fundo o perfil de seus
consumidores, através de uma rede de dados que se cruzam e fornecem perfis variados.

4.1.4. O CARRO ELÉTRICO


O carro elétrico chegou para ficar, e nenhuma grande empresa do ramo de produção
automobilística atualmente quer estar de fora deste filão.
Mesmo com vários problemas, como alto custo de produção (e prejuízos) e dificuldades
técnicas em relação, principalmente, à autonomia das baterias de lítio, as mesmas de seu
celular, não há dúvidas: o futuro do automóvel será elétrico.
No ano de 2017, a Tesla Motors, fundada nos EUA em 2003, passou a Ford (que fabrica
carros desde 1899) em valor de mercado (US$ 49 bi vs. US$ 46 bi). Volvo e Land Rover
anunciaram o banimento de sua linha de carros a propulsão interna (gasolina e diesel) em 2020.
Na Alemanha, a Volkswagen anunciou, no início de 2019, para os próximos anos, a
incrível marca de US$ 50 bilhões em investimentos em sua linha elétrica, dando a indicar
que, já em 2022, não fabricará também carros que queimem combustíveis fósseis. Essa
meta, contudo, foi adiada por tempo ilimitado. Na BMW, a promessa para os próximos anos
é de mais de 25 modelos elétricos (eles já fabricam o urbano i3 e o belíssimo esportivo i8),
inclusive modelos da Rolls Royce, marca estandarte de luxo da qual é dona atualmente.
É interessante notar que os carros elétricos atualmente dão prejuízo às empresas. A
GM, por exemplo, perde US$ 9.000 mais ou menos a cada modelo Bolt vendido nos EUA. A
Tesla, referência global em carros elétricos, com modelos ultraesportivos que chegam a ser
mais velozes que Ferraris e Porsches, teve prejuízo de quase US$ 700 milhões somente em
2017. Então, por que será que as empresas se jogaram tão fortemente nestes últimos anos,
tempos de queda, inclusive, no preço internacional no preço do barril entre 2012-2016,
no mercado de carros elétricos? A razão tem a ver com as diretrizes empreendidas pelos
principais países do mundo acerca de suas políticas ambientais e de produção industrial
(as quais são desassociáveis).
Em período não maior que três anos (desde 2015), a Alemanha anunciou que vai proibir
a fabricação de carros a diesel ou gasolina (ou qualquer motor do tipo propulsão interna)
até o ano de 2030 (e seu banimento completo da frota local até 2050). Na França, em 2040,

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não poderão ser mais fabricados carros a propulsão interna. Na China, maior mercado
disparado de venda de automóveis no mundo, já em 2020, 10% dos carros deveriam ser
obrigatoriamente fabricados com motores elétricos, em taxas que seguirão crescendo ao
longo dos anos. As lideranças do Partido Comunista, com seu ambicioso projeto Made In
China 2025, de serem autossuficientes em uma série de setores, veem esses veículos não
apenas como uma forma de limpar os céus poluídos das grandes metrópoles chinesas, mas
também como uma forma de projetar a China nesse mercado de ponta, assim como tenta
fazer em campos como a energia solar e a biotecnologia. É interessante perceber, contudo,
que, com a atual matriz enérgica chinesa, rondando a casa dos 50% de participação do carvão
mineral queimado em termoelétricas, se do dia para a noite todo os carros se tornassem
elétricos, a poluição atmosférica faria era aumentar por lá – mas isso é outra história.

4.1.5. A INTERNET DAS COISAS (IOT)


Matéria sobre o fenômeno recente da Internet das Coisas, publicada na versão on-line
da Revista Época Negócios, demonstra as possibilidades de uso desta ferramenta em uso
cada vez mais crescente.

Conheça 6 aplicações da internet das coisas que já estão tornando o


mundo melhor
Da tecnologia agrícola à limpeza do ar, os dispositivos inteligentes funcionam
como aliados importantes para resolver os problemas da humanidade.
Engana-se quem pensa que, no futuro, a internet das coisas irá ajudar a resolver
problemas urgentes da humanidade como as superpopulações urbanas e o
aquecimento global. Na verdade, essa nova tecnologia já está sendo usada em
diferentes áreas, com resultados de impacto. Num universo de mais de 4 bi. De
pessoas utilizando Internet no Planeta. Já é possível ver aplicações práticas da
internet das coisas na organização do trânsito, na agilização de tratamentos
médicos e também na preservação do meio ambiente., sempre condicionada à
capacidade humana de analisar os dados que os dispositivos conectados geram.
Segundo o Gartner, em 2020 já serão 25 bilhões de objetos conectados à internet
– um crescimento exponencial sobre os 4,8 bilhões de 2015. De acordo com a
consultoria, a tendência é que a internet das coisas estejam cada vez mais presente
na vida de todos – e, espera-se, com resultados positivos.
Recentemente, o Fórum Econômico Mundial listou seis áreas nas quais nas quais
a IoT já faz toda a diferença. Confira abaixo.
1. Cidades mais inteligentes

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Hoje, mais da metade da população mundial já vive em ambientes urbanos. Em


2050, a previsão da ONU é que a proporção suba para dois terços. Por isso,
é fundamental cuidar para que as cidades sejam lugares sustentáveis e bem-
organizados, que suportem o peso das mudanças climáticas e a chegada de mais
milhões de habitantes.
A internet das coisas vem ajudando várias cidades a cumprir esse objetivo. Em
Barcelona, na Espanha, o uso de água para irrigação em jardins e fontes públicas
já é controlado digitalmente, evitando desperdícios. O mesmo acontece com o
sistema de iluminação pública, que tem postes dotados de sensores de presença,
usados como roteadores para conexão Wi-Fi.
Também em Barcelona, um sistema implantado nas vias públicas avisa os motoristas
sobre lugares disponíveis para estacionar seus carros. Por meio de sensores no
asfalto, sinais são emitidos para um aplicativo, ajudando o motorista a estacionar
rapidamente, o que reduz o trânsito e as emissões de gases pelos veículos.
2. Limpeza do ar e da água
Cidades que sofrem muito com a poluição têm direcionado esforços para melhorar
a qualidade do ar e da água. Em Londres, onde 9 mil pessoas morrem anualmente
em função de problemas respiratórios, a Drayson Technologies está distribuindo
para os cidadãos pequenos aparelhos que medem o nível de poluição do ar. Eles
podem ser plugados em carros e bicicletas, circulando junto com os veículos pela
cidade.
Os sensores transmitem as informações para o aplicativo da empresa. O app, por
sua vez, consolida as informações num único servidor, permitindo aos londrinos
conferir um mapa digital da qualidade do ar em cada ponto da cidade.
Uma ideia semelhante foi levada a Oakland, na Califórnia, pela startup Aclima, em
parceria com o Google e o Fundo para Defesa do Ambiente (EDF). Nesse caso, os
sensores foram distribuídos pelos carros do Google Street View, e as informações
ficarão disponíveis para que os especialistas trabalhem em ações para reduzir a
poluição no ar.
3. Agricultura mais eficiente
O campo também se beneficia da internet das coisas. Na Califórnia, depois que
uma seca histórica prejudicou os agricultores locais no início da década, drones
que fazem imagens aéreas e sensores de qualidade do solo ajudaram os produtores
a identificar os melhores locais para plantar as novas safras.

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Esses recursos já estão presentes também no Brasil. Startups como a Agrosmart


instalam junto às plantações sensores meteorológicos que identificam indicadores
como a radiação solar, direção do vento, pressão barométrica e o pH das espécies.
O mapeamento aéreo com o uso de drones também já é usado por aqui, assim
como tecnologias para máquinas semeadeiras, que mostram em tempo real aos
controladores se toda a extensão do solo está sendo usada de forma adequada.
4. Menos desperdício de comida
Enquanto quase um bilhão de pessoas ainda sofrem com a fome e a desnutrição
nos países mais pobres, um terço da comida produzida anualmente para o consumo
humano é perdido ou estraga em algum ponto da cadeia de abastecimento, segundo
a FAO – órgão da ONU que investiga questões relacionadas à alimentação.
Há como reduzir a dimensão do problema usando a internet das coisas, mais uma
vez agindo no ambiente rural. Uma possibilidade é monitorar processos como
irrigação, polinização e a fertilização do solo, e fornecer relatórios a fazendeiros. É
o que faz a startup israelense. Prospera, que também tem um software de gestão
para que os produtores gerenciem suas vendas e evitem perdas no transporte das
mercadorias.
Na África, onde a logística é mais precária, empresas semelhantes, como Farmerline
e ArgoCenta, atuam para ajudar pequenos produtores a canalizar seus produtos
rapidamente a distribuidores. Nos aplicativos, eles encontram empresas fabricantes de
alimentos interessadas em vários tipos de ingredientes, além de cotações atualizadas
de mercado para determinar o preço correto.
5. Conectando pacientes e médicos
Os sensores conectados também já são usados na medicina. Em vários países, já são
usados em vários países dispositivos vestíveis que medem batimentos cardíacos,
pulso e pressão sanguínea dos pacientes, deixando seus médicos informados
o tempo todo. Isso não só nos hospitais, mas também nas próprias casas dos
pacientes, no caso daqueles que enfrentam risco constante.
Tecnologias do tipo também ajudam a controlar epidemias como a de ebola, que
eclodiu em 2015 no oeste africano. Na época, o Instituto de Pesquisa Scripps levou
à região aparelhos que medem indicadores de risco nas pessoas com o vírus. Com
os dados transmitidos via Bluetooth, foi reduzida a necessidade de interação física
de médicos com pacientes infectados, ajudando no controle da transmissão da
doença.

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6. Combatendo o câncer de mama


Com previsão de 59,7 mil novos casos entre as mulheres brasileiras no biênio
2018-2019, segundo o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva
(Inca), o câncer de mama já é alvo de diversas campanhas de conscientização no
programa Outubro Rosa. Mas o combate pode ser potencializado pela internet
das coisas.
A mamografia tradicional pode falhar em identificar a doença nos estágios iniciais.
Para resolver o problema, a Cyrcadia Health desenvolveu a ITBra. O equipamento
consiste em um top com microssensores que identificam mínimas variações de
temperatura na região dos seios. Ao transmitir as informações para o smartphone
da usuária ou para o médico, os dispositivos ajudam os profissionais da saúde a
identificar padrões que possam representar um perigo para a saúde da mulher.
A Cyrcadia está testando a solução na Ásia, onde questões culturais impedem uma
conscientização mais ampla e tornam o câncer de mama ainda mais letal. Espera-
se que, em breve, a empresa leve seu produto para outros países.

4.1.6. A TECNOLOGIA NESSA NOVA DÉCADA: ALGUNS PONTOS FUNDAMENTAIS

• A Computação Quântica
A Computação Quântica promete se tornar, nesta década que se inicia, um novo paradigma
para a informática. A nova geração de supercomputadores aproveita o conhecimento da
mecânica quântica – a parte da física que estuda as partículas atômicas e subatômicas –
para superar as limitações da informática clássica, baseada no clássico binômio 0 e 1.
A multinacional IBM será a primeira a comercializar um computador quântico. Prodígio
da tecnologia, o Q System One é um cubo de vidro com quase 3 m³ e 20 qubits, sendo
apresentado em 2019 servindo ao setor empresarial e à pesquisa. A informática quântica
utiliza como unidade básica de informação o qubit no lugar do bit convencional.
Este sistema alternativo admite a superposição coerente de zeros e uns, os dígitos do
sistema binário sobre os quais se assenta toda a computação, diferentemente do bit, que
só pode adotar um valor ao mesmo tempo: um ou zero.
Essa particularidade da tecnologia quântica faz com que um qubit possa ser zero e um
ao mesmo tempo e, além disso, em diferentes proporções. A multiplicidade de estados
possibilita que um computador quântico de apenas 30 qubits, por exemplo, possa realizar
10 trilhões de operações em vírgula flutuante por segundo, ou seja, cerca de 5,8 trilhões
a mais do que a console PlayStation mais potente do mercado A computação quântica e a
tradicional são dois mundos paralelos, com algumas semelhanças e numerosas diferenças
entre si, como o uso do qubit, e não o bit. A seguir, revisamos três das mais relevantes:

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− Linguagem de programação: a computação quântica não tem um código próprio


para programação e utiliza o desenvolvimento e implementação de algoritmos
muito específicos. Porém, a informática tradicional possui linguagens padroniza-
das, como Java, SQL ou Python, entre muitas outras.
− Funcionalidade: um computador quântico não é uma ferramenta para uso popular
ou cotidiano, como um computador pessoal (PC). Estes supercomputadores são tão
complexos que só têm aplicação no âmbito corporativo, científico e tecnológico.
− Arquitetura: a composição de um computador quântico é mais simples que a de
um convencional e não tem memória nem processador. Estes equipamentos se
limitam a um conjunto de qubits que servem de base para seu funcionamento.

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• Tokens e Tokens Não Fungíveis


Uma nova modalidade de negócios dentro do mundo digital, a qual se estrutura em
grande parte no código das criptomoedas e suas chaves de segurança; os blockchains, vem
ganhando força nesta entrada de década. São os chamados NFT, ou tokens não fungíveis.
Vejamos então, caro(a) aluno(a), de forma prática, em que consiste tal mecanismo:
a velocidade de informações transmitidas (nesta que é a 4ª Revolução Industrial) é
absurdamente rápida. O volume de imagens, sons e todos os tipos de conteúdo possíveis
é cada dia maior. Em uma hora, atualmente, se produz mais conteúdo audiovisual do que
em um ano nos tempos pré-digital. Mas aí entra um aspecto importante: essa estrondosa
produção de conteúdo não é terra de ninguém.
Reparem bem que, mesmo havendo, de forma incontestável, uma democratização
ao acesso a essa produção de fotos e vídeos, é possível ter posse dos direitos de uma
imagem, por exemplo, ou de fonogramas. E é aí que entram os TOKENS NÃO FUNGÍVEIS,
úteis para quem requer itens exclusivos e digitais, como arte digital, cards colecionáveis e
itens internos de jogos. Essa característica permite que NFTs atuem como uma prova de
origem. Existe cada vez mais reconhecimento de que existe valor em provar a propriedade
e autenticidade de propriedades intelectuais, como obras de arte e tokens dentro de jogos.
No mundo dos jogos e cards colecionáveis, NFTs também são chamados de “colecionáveis
digitais” (digital collectibles). Em suma, os NFTs são parte de uma representação de um
objeto físico ou digital no blockchain Ethereum. Essa representação em blockchain funciona
como um certificado que é único e protegido de duplicação.
É importante saber que, nos primeiros meses de 2021, um meme conhecidíssimo foi
adquirido pela garota que se encontra representada na foto abaixo:

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Qual a história dela e sua relação com os NFTs? Em 2004, essa garotinha passeava com
seu pai em uma cidade dos EUA quando se depararam com este incêndio. Eles fotografaram
e a imagem correu a internet se tornando um dos memes mais famosos da história (pelo
menos um dos mais longevos). Pois então! Essa garotinha, de nome Zoe Roth, cresceu
e decidiu recentemente transformar a foto em um NFT, ou seja, criar uma propriedade
intelectual para a foto. Ela foi convencida de que a imagem poderia render uma boa soma
de dinheiro no mercado de NFTs.
E não deu outra: o NFT da foto foi vendido – não em dólares, mas em uma criptomoeda,
o Ethereum – por valor aproximado de US$ 483 mil. A cada vez que o NFT for revendido,
Zoe vai receber 10% do valor de transação.
Outro exemplo desse incipiente e promissor mercado vem, por exemplo, de Jack Dorsey,
CEO do Twitter, que vendeu a propriedade de seu primeiro tuíte por um NFT pela quantia
de US$ 2,9 milhões.

• A Guerra por Foguetes no Espaço


Na Guerra Fria, o mundo conheceu a Guerra Espacial. Era um período em que União
Soviética e Estados Unidos disputavam palmo a palmo a liderança em façanhas aeroespaciais.
Fazia parte de um contexto de revolução industrial tecnológica (a chamada terceira
revolução industrial), inserido dentro de um contexto geopolítico calcado explicitamente
em demonstração de poder. A corrida espacial mudou de viés; já não envolve mais campos
antagônicos de poder entre comunismo e capitalismo, como quando nos tempos da Guerra
Fria. Há ainda, vale perceber, uma luta pela conquista do espaço, sem dúvidas, reascendida na
década anterior com os anúncios da China de missões tripuladas e não tripuladas, inclusive
para Marte, sem contar a ascensão da Agência Europeia Espacial, que conseguiu, em 2014,
literalmente seguir o rabo de um cometa (ver em: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/
noticia/2014/11/europa-destaca-imenso-passo-apos-pouso-de-robo-em-cometa.html>).
Os EUA ainda seguem na dianteira e até os árabes estão agora no jogo. Contudo, o que
vem ocorrendo atualmente é uma corrida espacial muito interessante: é a chamada corrida
espacial dos bilionários.
Explico: em 2021, ocorreram dois lançamentos de bólidos espaciais em prazo menor que
10 dias feito por milionários com vistas a exploração particular (e não militar) do espaço.
O primeiro, um veículo espacial construído pelo dono da empresa Virgin, o britânico Richar
Branson, que voou com sua aeronave VSS Unity, inaugurando uma era com o primeiro voo
civil da história de um bólido ao espaço, vindo à luz exatamente com vista as impulsionar
o turismo espacial. Nove dias depois foi a vez de Jeff Bezos, o dono da Amazon, também
realizar seu voo orbital. Vivemos, em 2021, sem dúvidas, um momento bem interessante
e inusitado, portanto, com o lançamento dessas duas naves espaciais. A seguir, temos

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como curiosidade um quadro com as diferenças das barcas (ver em: <https://g1.globo.
com/economia/tecnologia/inovacao/noticia/2021/07/20/bezos-x-branson-propulsao-
altitude-tripulacao-e-o-que-mais-diferencia-os-voos-dos-bilionarios-ao-espaco.ghtml>).

• Missão Mars 2020 e o Robô Perseverance


A sonda Perseverance, da Nasa – a agência espacial norte-americana –, pousou em Marte
em 18 de fevereiro de 2021, após mais de 6 meses de viagem rumo ao Planeta Vermelho.

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O robô faz parte da Missão Mars 2020 e chegou à superfície do planeta para buscar sinais
de vida, no presente ou no passado.
O veículo autônomo está explorando a cratera de Jezero, local onde já houve um lago
há 3,9 bilhões de anos. Com brocas capazes de perfurar o solo e sistemas inovadores de
alimentação de baterias (com força nuclear), a sonda faz parte de uma nova política da
agência espacial norte-americana. Além de vir à luz para coletar, armazenar e trazer de volta
uma quantidade inédita de material do Planeta Vermelho, a Perseverance pretende revelar
um conteúdo de fotos e sons de Marte nunca antes capturado. O rover de uma tonelada e
com o tamanho similar ao de um Jeep Renegade representa também uma ultrapassagem
sobre outras sondas não americanas mandadas para Marte recentemente (em especial a
chinesa e a dos Emirados Árabes). E, claro, persegue a busca em torno da manutenção da
dianteira em termos globais no contexto de exploração espacial que os Estados Unidos,
há décadas, possuem.
Veja, a seguir, matéria da Revista ISTOE sobre chips, publicada em 31/05/2021 (em:
<https://www.istoedinheiro.com.br/intel-preve-que-falta/>):

Intel prevê que falta de chips vai durar vários anos


Presidente da empresa afirma que o isolamento social gerou um crescimento
explosivo na demanda por semicondutores
O Presidente da Intel afirmou nesta segunda-feira, 31 de maio de 2021, que pode
levar vários anos para que o quadro de escassez de semicondutores no mundo
seja resolvido, um problema que tem atingido a indústria automotiva e está sendo
sentido por outros setores.
Pat Gelsinger afirmou durante evento on-line que o isolamento social gerou um
“crescimento explosivo na demanda por semicondutores” que criou uma grande
pressão sobre as cadeias de fornecimento de chips.
“Apesar da indústria ter tomado medidas para resolver os problemas no curto
prazo, ainda pode levar vários anos para que o ecossistema resolva a escassez de
capacidade de produção.”
Gelsinger afirmou em entrevista ao Washington Post que o quadro de falta e
oferta de chips poderia levar “alguns anos” para ser resolvido.
A Intel anunciou um plano de US$ 20 bilhões para ampliar sua capacidade de produção
de chips avançados e que prevê a construção de duas fábricas no Estado norte-
americano de Arizona.

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“Planejamos expandir para outros locais nos EUA e Europa para assegurar uma cadeia
de abastecimento segura para o mundo”, afirmou o executivo nesta segunda-feira
sem dar detalhes.

• A inteligência artificial em 2023


O conceito de inteligência artificial: resumo.
As ideias de Inteligência Artificial são anteriores à tecnologia que a tornou possível.
Os estudos em várias áreas começaram neste caminho especificamente na Segunda
Guerra Mundial.
Com o artigo de Awarren McCulloche Walter Pitts, em 1943, trata-se pela primeira vez de
redes neurais e estruturas de raciocínio artificiais que imitam nosso sistema nervoso. Alguns
anos depois, iniciativas como a de Claude Sonnen, que escreve sobre como programar uma
máquina para jogar xadrez, e Alan Tuning, que cria uma forma de avaliar se uma máquina
poderia se passar por humano em uma conversa por escrito, dão ensejo na entrada da
década de 1950 aos estudos sobre inteligência Artificial e a tornam sem volta.
Em 1956, contudo, tem-se o que se considera como sendo o marco zero da IA: a
Conferência de Dartmouth.
Em 1964 foi lançado o primeiro chatbot do mundo, ELIZA, que conversava de forma
automática, por meio de imitação de uma voz de psicanalista, usando repostas baseadas
em palavras-chave e estrutura sintática.
Em 1968, o diretor inglês Stanley Kubrick lança a obra 2001, Uma Odisseia no Espaço,
trazendo para as telas de cinema o debate acerca de computadores em posições de comando
de operações onde, até então, apenas humanos poderiam, ou deveriam, estar. No filme, o
computador HAL 9000 assume o controle de uma missão interestelar, causando indisposição
com os tripulantes.
Se as duas primeiras décadas completas do pós-Segunda Guerra Mundial (décadas de
1950 e 1960) foram fecundas em termos de inovações no ramo de IA, não se pode dizer isso
acerca das décadas de 1970 e 1980. Esperava-se mais destas décadas em relação ao avanço
do IA, contudo, vele destacar que um ramo da robótica ganhou enorme força neste período.

Obs.: Sobre o novo contexto atual de inteligência artificial, leia, por favor, caro(a) aluno(a),
as duas matérias a seguir, selecionadas a dedo sobre dois contextos importantíssimos
relacionados a inteligência artificial. Então, vamos juntos!
MATÉRIA 1: SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O MERCADO DA MÚSICA
Em: <https://www.bbc.com/portuguese/articles/cy0r0zny1pko>.

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Luis Felipe Ziriba

Por que música viral feita por inteligência artificial com vozes de Drake
e The Weeknd preocupa artistas
Mark Savage
Correspondente de música da BBC News
18 abril 2023
Uma música que usa inteligência artificial para reproduzir as vozes dos artistas
Drake e The Weeknd viralizou nas redes sociais.
Chamada de Heart On My Sleeve, a faixa simula as duas estrelas trocando versos
sobre a estrela pop e atriz Selena Gomez, que já namorou The Weeknd.
O criador, conhecido como @ghostwriter, afirma que a música foi criada por um
software treinado para reproduzir as vozes dos dois artistas.
“Nós realmente estamos em uma nova era”, escreveu um ouvinte nos comentários
do canal do YouTube onde o vídeo foi postado. “Não consigo mais dizer o que é
legítimo ou falso.”
“Este é o primeiro exemplo de música gerada por Inteligência Artificial que realmente
me impressionou”, acrescentou Mckay Wrigley, um desenvolvedor de IA, no Twitter.
Desde que foi postado, na sexta-feira (14/4), o vídeo com a música foi visto mais
de 8,5 milhões de vezes no TikTok. A versão completa foi reproduzida 254 mil vezes
no Spotify.
A música começa com um ritmo repetitivo de piano, que faz uma transição para
uma batida estrondosa de baixo, enquanto o falso Drake canta, em inglês. Depois,
o falso Weeknd responde com um verso em que “alega” que Gomez o traiu antes
do rompimento em 2017.
A faixa ainda inclui uma chamada para o produtor Metro Boomin’, que já trabalhou
com artistas como 21 Savage, Future, Nicki Minaj e Kanye West.
Não é perfeita. A música tem a vibração áspera e a baixa qualidade de uma demo
pirata; e os vocais às vezes são arrastados e com falha — possivelmente resultado
do processo de IA.
Voz clonada
Nenhum dos dois artistas comentou sobre a música até agora. Mas Drake
recentemente expressou descontentamento por ter sua voz clonada.

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“Esta é a gota d’água da IA”, postou no Instagram, após se deparar com um vídeo
feito por um fã no qual ele parecia estar fazendo um rap da faixa Munch (Feeling
U) da rapper Ice Spice.
A reclamação de Drake veio depois que a Universal Music Group (UMG) escreveu
para serviços de streaming, incluindo Spotify e Apple Music, pedindo que eles
impedissem que empresas de inteligência artificial acessassem suas bibliotecas.
Acredita-se que as empresas estejam usando as músicas para “treinar” seus
softwares.
“Não hesitaremos em tomar medidas para proteger nossos direitos e os de nossos
artistas”, alertou a UMG no e-mail, obtido primeiro pelo Financial Times.
Vários sites já oferecem aos fãs a funcionalidade de criar novas músicas usando
vozes parecidas com as das maiores estrelas do pop.
O DJ francês David Guetta recentemente usou um site chamado uberduck.ai para
imitar a voz de Eminem e adicioná-la a um de seus instrumentais.
“Tenho certeza de que o futuro da música está na IA”, disse ele à BBC.
No entanto, Guetta afirmou que a tecnologia só poderia ser útil “como uma
ferramenta” — como é o caso da bateria eletrônica.
“Nada vai substituir o bom gosto”, disse ele. “O que define um artista é que você
tem um certo gosto, um certo tipo de emoção que deseja expressar e vai usar
todos os instrumentos modernos para fazer isso.”
Outras faixas falsas que se tornaram virais recentemente incluem um “deepfake”
de Rihanna cantando Cuff It, de Beyoncé; e um Kanye West clonado cantando a
balada acústica Hey There, Delilah.
A rápida ascensão da tecnologia tem abalado a indústria da música. Heart On My
Sleeve, por exemplo, não infringe direitos autorais, pois aparenta ser uma composição
inteiramente original.
O autor também deixou explícito que Drake e The Weeknd não estavam envolvidos
na produção da música.
Músicos se unem contra IA
Em resposta, uma ampla coalizão de músicos e artistas lançou uma “Campanha
de Arte Humana”, cujo objetivo é garantir que a inteligência artificial não “corroa”
a criatividade humana.

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Apoiado pela Recording Industry Association of America, a Association for


Independent Music e o BPI — que organiza a premiação Brits — o grupo delineou
sete princípios que defendem as melhores práticas de IA e enfatizou que a proteção
de direitos autorais deve ser concedida apenas a músicas criada por humanos.
“Há muito potencial com a IA, mas também riscos para nossa comunidade criativa”,
disse o CEO da Recording Academy, Harvey Mason Jr, ao lançar a iniciativa.
“É crucial que acertemos isso desde o início, para não correr o risco de perder a
magia artística que apenas os humanos podem criar”.

MATÉRIA 2: SOBRE A INTELIGENCIA ARTIFICIAL E O CHAT GPT


Em: <https://mercadoonlinedigital.com/blog/chatgpt/?gclid=CjwKCAjw3ueiBhBmEiwA
4BhspAeIy95pls3Kit7RWghuU2WcIwiPep3YbtUfOitn1-CNtwk-a6mbBBoC18EQAvD_BwE>.

ChatGPT: O que é, Funcionamento, Vantagens e Desvantagens


Guilherme Garcia
27/03/2023
Apesar de ser apenas um protótipo, o CHAT GPT tem causado histeria ao redor
do mundo por oferecer um gerador de conversas inteligente. Tudo que o usuário
precisa fazer é dar algumas ordens em troca de uma redação completa com base
em algoritmos.
Essa poderosa ferramenta está provando ser uma das primeiras grandes tecnologias
disruptivas da era da Inteligência Artificial e IOTs (Internet das Coisas). Mas,
embora ofereça muitas vantagens, há uma série de fatores que precisamos nos
atentar. Vejamos:
Saiba o que é o Chat GPT
Caso você não saiba o que é CHAT GPT, explicamos: Essa Inteligência Artificial é um
gerador de conversas automático. Sim, com base no conteúdo disponível online, o
robô é capaz de gerar redações completas usando a web como referência.
Até o ano de 2022 o CHAT GPT só esteve disponível para usuários Plus da Open AI,
gigante por trás de invenções em torno de IOTs. Mas agora, a versão de testes já
está disponível para todos em uma plataforma super interativa e fácil de manipular.
As vantagens do Chat GPT

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A maior vantagem apresentada pelo CHAT GPT é em torno do tempo de


execução de um conteúdo textual. É possível completar uma redação
inteira acerca de qualquer tema em alguns minutos.
Além disso, a plataforma já tem economizado o tempo de muitos
programadores que já a utilizam até para recriar linguagens de programação
baseada em Java, C# e Python. Assim como para estudantes que precisam
de urgência na elaboração de resumos.
Os prejuízos de usar o Chat GPT
Embora o Chat GPT traga muitos impactos positivos no dia a dia do usuário,
precisamos ter cautela com a forma como utilizamos o conteúdo. A principal delas
é em torno da criatividade, afinal, ainda não existe uma IA que pense por si própria.
O problema disso é que há enormes chances de ocorrer plágio em um texto
desenvolvido pelo Chat GPT, uma vez que o bot utiliza outras fontes para gerar o
conteúdo. Logo, nada de copiar e colar tudo o que ele diz, pois há o risco de infringir
direitos autorais. Revise!
Outro detalhe é que, por reciclar dezenas de informações diferentes em um único
texto é possível que a plataforma gere informação incorreta. Visto que os dados
processados se referem até somente 2021, até então.
Precisamos lembrar também sobre a função do texto; é informar? é detalhar? é
criar um storytelling? Tudo isso deve ser pensado durante a execução do texto.
Nem sempre o Chat GPT fará isso, o que pode deixar o conteúdo mais robótico e
menos natural.
As diferenças entre ChatGPT e um Chatbot
A principal diferença entre o ChatGPT e um Chatbot é quanto a sua inteligência
processual. Enquanto o ChatGPT possui a capacidade de gerar as próprias
informações (baseando-se no que há disponível na web), o ChatBot é programado
para responder questões previsíveis.
Um exemplo disso são os chats de conversas presente na maior parte dos sites.
Ele pode sim responder questões relacionadas àquele site, como informações
da conta, dúvidas frequentes, telefones úteis. Mas, diferente do Chat GPT, não
conseguirá desenvolver um argumento completo.
O ChatGPT só mostra o quanto o mundo pode mudar com ferramentas
inteligentes. Mas, apesar de bastante prático, a inteligência artificial

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requer muitos cuidados para não fazer o usuário cair no plágio e nem
em desinformação. É preciso revisar sempre!
Contudo, se bem manejado, essa poderosa ferramenta pode ajudar a esclarecer
ideias, criar resumos para entender melhor textos completos e economizar tempo
de usuários que precisam agilizar um processo que envolva a escrita digital.

TEXTO COMPLEMENTAR
O Oscar 2021 e a consagração da diversidade
Poucos anos atrás, em 2015, uma irônica pecha foi dada ao Oscar. A escancarada
ausência de diversidade étnica na maior festa do cinema fez com que a premiação
fosse chancelada com a apropriada alcunha (mais direta impossível) #OSCARSOWHITE
– ou, em português bem claro, “Oscar tão branco”. Uma crítica a uma celebração do
cinema onde apenas brancos receberam menções e prêmios. Ao longo dos últimos
anos, tal festa vem tendo seu perfil segregacionista alterado, culminando no ano
de 2021, em que um recorde de atores negros e filmes dirigidos por mulheres foram
indicados ao prêmio máximo em suas categorias.
A cineasta chinesa Chloé Zhao se tornou a primeira mulher asiática a receber o
prêmio de Melhor Diretora, por Nomadland. Ao vencer, pensando apenas em gênero,
Chloé se tornou a segunda mulher a vencer a categoria em 92 anos de premiação.
A cineasta chinesa ainda concorreu com Melhor Filme (e venceu também), Melhor
Roteiro Adaptado e Melhor Edição (nestas duas últimas categorias, contudo, não levou
a estatueta). Depois de reconhecer Parasita como “Melhor Filme” na edição de 2020,
o Oscar voltou a premiar profissionais de origem asiática.
De maneira geral, essa foi a cerimônia do Oscar que mais premiou mulheres, com
17 estatuetas concedidas a elas. Além de Chloé Zhao, Mia Neal e Jamika também
fizeram história na premiação. Mia e Jamika foram as primeiras mulheres a serem
indicadas na categoria de “Melhor Maquiagem e Penteados” e também as primeiras
profissionais negras a vencerem este prêmio.
A equipe foi responsável pela caracterização das personagens de A Voz Suprema
do Blues, estrelado por Viola Davis, e que também levou a estatueta de “Melhor
Figurino”, com o trabalho de Ann Roth. Aos 89 anos, a figurinista tornou-se a mulher
mais velha a ganhar o Oscar.
Outro destaque da premiação foi para o ator e roteirista britânico Daniel Kaluuya,
que levou a estatueta de “Melhor Ator Coadjuvante”, por sua interpretação do
ativista Fred Hampton no filme “Judas e o Messias Negro”, e em seu discurso saudou
as trajetórias de Hampton e do partido Panteras Negras.

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4.2. O AQUECIMENTO GLOBAL


Tema recorrente em Atualidades, o aquecimento global responde pelas escalas de alterações
climáticas percebidas em todo o Planeta, as quais não se restringem apenas ao aumento
da temperatura global em si, mas a toda uma gama de padrões de alterações em inúmeros
eventos, tais quais tempestades, ondas de seca, avanço ou retração dos mares e geleiras, entre
outros. Nesta parte, inicialmente, abordaremos alguns dos principais temas de atualidades
sobre este assunto extremamente importante, que, portanto, merece muita atenção.

4.2.1. O IPCC E SUAS CONCLUSÕES ALARMISTAS

O principal documento balizador sobre as alterações climáticas é o IPCC (International


Painel of Climate Change), ou Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, um
arrazoado de estudos feitos por milhares de cientistas ao redor do mundo, os quais são
coletados pela ONU e servem para que se exprimam as observações da comunidade científica
acerca do estado da arte sobre as mudanças climáticas.
Em 1988, a ONU apresentava o seu primeiro IPCC. À época, esse documento inovador
era bastaste reticente em determinar que o aquecimento global em curso possuía
responsabilidades antrópicas. Mas, hoje, tudo mudou, e os mais de 2.000 cientistas envolvidos
nos últimos documentos apresentados – o 5º de 2014, e o 6º, o mais recente, apresentado
em setembro de 2019 – são contundentes ao afirmar que a Terra vivencia um severo
processo de aquecimento global em que algo em torno de 95% desta dinâmica se deve
a fatores – possui vinculação, portanto – relacionados à ação humana (o viés antrópico).
Sendo assim, a produção industrial, os usos de energia, as práticas agrícolas e as formas
como nos transportamos estão na base do processo de aquecimento global.
O mundo aqueceu e, segundo o que se contata atualmente, em média de 0,9ºC entre o
período compreendido de 1880 a 2012. A atmosfera e os mares aqueceram, o gelo e a neve
diminuíram, e as concentrações de gases do efeito estufa aumentaram. Cenários drásticos.
A manifestação do fenômeno sobre o mundo, bem como dos seus efeitos, não é uniforme,
vale o destaque. O Ártico é onde o aquecimento se faz sentir com maior intensidade. Sobre
tal assunto (o aquecimento do Ártico), abordaremos com maior profundidade um pouco
mais à frente e ainda nesta aula, ok?
Mas vamos por partes. Antes de iniciarmos uma leitura sobre as principais constatações
dos últimos IPCCs – os painéis da ONU sobre a mudança climática, apresentados em 2014
e, mais recentemente, em setembro de 2019 –, vamos nos debruçar sobre o conceito de
Gases de Efeito Estufa (GEE), a base do processo de aquecimento global.
Os GEE, ou Gases de Efeito Estufa, são uma gama de gases que ocorrem naturalmente
na atmosfera terrestre, os quais permitem a retenção do calor. Sem eles, a atmosfera seria

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gélida e não haveria a biodiversidade e a possibilidade de vida como conhecemos. Assim,


são elementos de vital importância à vida no Planeta.
Os Gases de Efeito Estufa ocorrem naturalmente na atmosfera e em proporção menor
que 1% na composição normal do ar, sendo denominados como gases-traço, exatamente
por causa da baixíssima proporção que representam na composição atmosférica.

Lembrando que a atmosfera é constituída pelos seguintes elementos, em ordem proporcional:


• Nitrogênio: 78%;
• Oxigênio: 20%;
• Argônio: 1%;
• Outros gases: Menos de 1%.

Como vimos, a importância e, ao mesmo tempo, a ínfima parcela que os GEE possuem,
é importante sabermos a gama destes gases de forma resumida. A seguir, tem-se a
nomenclatura e os nomes dos GEE mais comuns:
• CO₂ – dióxido de carbono;
• N₂O – óxido nitroso;
• CH₄ – metano;
• CFCs – a gama de clorofluorcarbonetos;
• HFCs – a gama de hidrofluorcarbonetos;
• PFCs – os perfluorcarbonetos;
• SF₆ – hexafluoreto de enxofre.
Bom, seguindo: uma questão crucial sobre os gases de efeito estufa reside no fato de
que estes elementos de retenção do calor na atmosfera vêm sendo adicionados de forma
artificial na atmosfera, em função, exatamente, das atividades antrópicas empreendidas
ao longo dos dois últimos séculos (período industrial), ocasionando um padrão de aumento
da temperatura global fora dos padrões normais esperados.
As matrizes destas emissões de GEE residem em quatro campos fundamentais:
• Produção de energia: a produção de energia por combustíveis fósseis queimados
em termoelétricas, tais quais o carvão e o petróleo, ainda é uma realidade – embora
haja um relativo esforço por parte dos países desenvolvidos (os maiores usuários
de energia por termoelétricas), principalmente do Hemisfério Norte, mais a China,
com vistas a substituir gradualmente essas matrizes por energia solar e eólica,
principalmente. Lembrando que, no Brasil, a principal fonte de energia elétrica é a

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hidráulica, considerada limpa (ou seja, sem emissão direta de gases de efeito estufa
na produção diária de energia).
• Atividades industriais: ao longo dos séculos, a atividade industrial vem se baseando
em escalas de poluição, principalmente atmosférica, com gases a base de carbono. Vale
destacar, contudo, que marcos regulatórios e convenções vêm – isso desde a década de
1970 – fazendo com que se reduza proporcionalmente a poluição atmosférica por parte
de indústrias, em associação exclusiva ao uso de tecnologias de filtragem de gases.
• Uso de transportes: dos escapamentos de uma frota de mais de 1 bilhão de veículos,
milhões de toneladas de monóxido de carbono são emitidas na atmosfera diariamente.
Esforços com vistas a reestruturar a frota mundial, por veículos elétricos vem sendo
dirigidos por nações e empresas, mas o uso de combustíveis fósseis nos transportes
ainda impera e causa danos ambientais.
• Produção agrícola: o uso de fertilizantes com base em gases nitrogenados, em associação
à liberação da mesma cadeia de gases ao se remover o solo com vista se promover
plantios, gera um alto padrão de emissão de gases de efeito estufa. Em associação a
isso, os rebanhos, principalmente bovinos, através da flatulência, produzem metano CH4
(outro gás de efeito estufa presente também na decomposição do lixo) em enormes
quantidades diariamente. Vale destacar, contudo, que pesquisas recentes indicam
que o solo, enquanto mantidas suas características originais, é também um enorme
sumidouro de gases de efeito estufa, compensando, portanto, as enormes emissões
do meio agrícola, porém necessitando estar em estado de conservação.
A seguir, um ranking recente acerca dos países que mais emitem Gases de Efeito
Estufa no mundo:

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Note, inicialmente, no topo do ranking, que a China realizou ultrapassagem sobre as


emissões dos EUA no início da década passada (por volta de 2005) e hoje já se posiciona
possuindo praticamente o dobro das emissões norte-americanas. No caso do Brasil, faz duas
décadas que ficamos entre o 6º ou 7º no total de emissões, o que de certa forma corresponde
ao nosso contingente populacional, pois éramos, em 2019, a 6ª maior população no mundo.
Sobre o último relatório do IPCC 2019 (que referenda o que foi expresso no documento
anterior de 2014), seguem algumas das conclusões. Vale uma leitura atenta deste quadro
alarmante em resumo, caro(a) aluno(a)!
A principal causa do aquecimento presente é, com elevadíssimo grau de certeza, a
emissão de gases de efeito estufa pelas atividades humanas, com destaque para a emissão
de gás carbônico. A evidência indicando a origem humana do problema se fortaleceu desde
os relatórios anteriores (2007 e 2014).
As três últimas décadas foram as mais quentes desde 1850.
Os oceanos têm acumulado a maior parte do aquecimento, servindo como um amortecedor
para o aquecimento da atmosfera, estocando mais de 90% da energia do sistema do clima
e muito gás carbônico. À medida que o oceano aquece, ele perde capacidade de absorver
gás carbônico, o que pode acelerar os efeitos atmosféricos quando ele atingir a saturação.
O mar está se tornando mais ácido pela continuada absorção de gás carbônico. O aumento
da acidez nos oceanos causa mortandade de recifes (ambiente de imensa biodiversidade
marinha) e animais marinhos variados (como peixes, crustáceos, entre outros).
De acordo com o relatório mais recente, de 2019, e em grau de conformidade ao que fora
apresentado no documento anterior, de 2014, mesmo que as emissões de gases de efeito
estufa sejam reduzidas e o aquecimento global seja limitado a no máximo, 2ºC, o nível das
águas aumentará entre 30 e 60 cm até 2100. Se nada for feito para conter o aquecimento
global, esse crescimento pode chegar a 1 m ou mais.

O Acordo do Clima de Paris, de 2015, se baseou, acima de qualquer coisa, na busca por
ações globais e mecanismos realmente efetivos que fossem chancelados pelo maior número
de países (e mais de 180 nações assinaram o compromisso) em busca de não se deixar o
aquecimento global, até o ano de 2100, ultrapassar 2ºC.
A elevação do nível do mar impactará diretamente fenômenos naturais que têm relação
com os oceanos, como marés altas, tempestades e ciclones tropicais. Um exemplo disso é o
furacão Dorian, que atingiu as Bahamas e os Estados Unidos no início de setembro de 2019
e, segundo os especialistas, foi particularmente forte por conta das mudanças climáticas.

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O gelo está em recuo acelerado na maior parte das regiões frias do mundo.
O permafrost, camada de solo que fica escondida embaixo do gelo, como no caso da
Groelândia, vem sendo exposto cada vez mais por causa do aquecimento global. Com isso,
ocorre uma grande liberação de gás carbônico, à medida que este solo possui concentrado
bastante carbono que, ao ser exposto vai, naturalmente, para a atmosfera.
O regime de chuvas, as correntes marinhas e o padrão dos ventos estão sendo perturbados,
aumentando a tendência de secas e enchentes. Os efeitos se combinam para gerar novas
causas, tendendo a amplificar em cascata o aquecimento e agravar suas consequências
Mesmo que as emissões cessassem imediatamente, haveria um aquecimento adicional
pela lentidão de algumas reações e pelos efeitos cumulativos. O aquecimento produz efeitos
de longo prazo e afeta toda a biosfera.
Se as emissões continuarem dentro das tendências atuais, o aquecimento vai aumentar,
podendo chegar a 4,8ºC até 2100, e os efeitos negativos se multiplicarão e perturbarão
todos os componentes do sistema climático, com graves repercussões sobre o bem-estar
da humanidade e de todas as outras formas de vida. O mar subiria mais, ficaria ainda mais
quente e mais ácido, haveria mais perda de gelo, as chuvas ficariam mais irregulares e os
episódios de tempo severo, mais frequentes e intensos, entre outras consequências.
Evitar que as previsões mais pessimistas se concretizem exigirá uma rápida e significativa
redução nas emissões.
A conclusão dos especialistas após a publicação do novo documento não foi surpresa
para ninguém: é preciso agir agora. “Só conseguiremos manter o aquecimento global bem
abaixo de 2ºC [...] se efetuarmos transições sem precedentes em todos os aspectos da
sociedade”, apontou Debra Roberts, uma das especialistas.
“Quanto mais decisiva e rapidamente agirmos, mais capazes seremos de enfrentar
mudanças inevitáveis, gerenciar riscos, melhorar nossas vidas e alcançar sustentabilidade
para ecossistemas e pessoas ao redor do mundo – hoje e no futuro”, disse Roberts.

4.2.2. O PAINEL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS E USO DO SOLO


Antes de ser apresentado este Painel de setembro de 2019 em atualização ao de 2014, um
novo relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com
o tema “Clima e Uso do Solo” foi apresentado, tratando-se de uma interessante inovação.
De fato, o relatório constatou que, uma vez que o solo sequestra quase um terço de
todas as emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem, será impossível limitar a
elevação da temperatura a níveis seguros sem alterar fundamentalmente a forma como o
mundo produz alimentos e administra o uso da terra.
Confira alguns dos principais tópicos do relatório.
• 1) A maneira como estamos usando o solo está piorando as mudanças climáticas.

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Cerca de 23% das emissões globais de gases de efeito estufa causadas pelo homem
provêm da agropecuária, da silvicultura e de outros usos da terra. A mudança no uso da terra,
como pela derrubada de florestas para dar lugar à pecuária, impulsiona essas emissões.
Além disso, 44% das recentes emissões antrópicas de metano, um potente gás de efeito
estufa, vieram da agropecuária, da destruição de turfeiras e de outras fontes ligadas à terra.
• Mas, ao mesmo tempo, o solo funciona como um enorme sumidouro de carbono.
Apesar do aumento do desmatamento e outras mudanças no uso da terra, as terras
ao redor do mundo estão capturando mais emissões do que emitem. De 2007 a 2016, o
solo sequestrou 6 gigatoneladas (Gt) líquidas de CO2 por ano, equivalente a cerca de três
vezes as emissões anuais totais de gases do efeito estufa do Brasil. Mais desmatamento e
degradação da terra, no entanto, irão destruir esse sumidouro de carbono.

Acesso em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2019/08/7-coisas-para-saber-sobre-o-relatorio-de-mudancas-cli-


maticas-e-uso-da-terra-do-ipcc

• O mesmo solo do qual dependemos para estabilizar o clima está sendo atingido
pela mudança climática.
Os cientistas descobriram que a temperatura do solo aumentou 1,5ºC entre os períodos
de 1850 a 1900 e de 2006 a 2015, 75% a mais do que a média global (que combina mudanças
de temperatura tanto em terra quanto nos oceanos).
Esse aquecimento já teve impactos devastadores sobre a terra, incluindo incêndios
florestais, mudanças na precipitação e ondas de calor. Impactos adicionais vão prejudicar a
capacidade da terra de agir como um sumidouro de carbono. Por exemplo, o estresse hídrico
poderia transformar as florestas em ambientes semelhantes ao Cerrado, comprometendo
sua capacidade de sequestrar carbono, sem mencionar os danos aos serviços ecossistêmicos

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e à vida selvagem. O relatório descobriu que “a janela de oportunidade, o período em que


mudanças significativas podem ser feitas para conter as mudanças climáticas dentro de
limites toleráveis, está se estreitando rapidamente”.
• Várias soluções climáticas baseadas na terra podem reduzir as emissões e/ou
sequestrar carbono.
O maior potencial para reduzir as emissões do uso da terra é conter o desmatamento e
a degradação florestal, que podem evitar a emissão de 0,4 a 5,8 GtCO2 eq (gigatoneladas
de carbono equivalente) por ano. Também precisaremos de mudanças em larga escala na
forma como os alimentos são produzidos e consumidos a nível mundial, incluindo mudanças
na agropecuária, maior inclusão de vegetais na dieta e redução do desperdício de alimentos
e dos resíduos agropecuários.
Além de reduzir as emissões, o setor também pode remover dióxido de carbono da
atmosfera. O relatório concluiu que a restauração florestal e o reflorestamento têm o maior
potencial de captura de carbono, seguidos por melhorar o armazenamento de carbono
no solo e pelo uso de bioenergia combinada com captura e armazenamento de carbono
(BECCS), um processo que utiliza biomassa para gerar energia e captura e armazena o
carbono resultante antes de ser liberado na atmosfera. Dito isso, os autores observam que
a maioria das estimativas não leva em consideração fatores como competição pelo acesso à
terra e questões de sustentabilidade, de modo que o potencial real de remoção de carbono
dessas soluções pode ser significativamente menor do que a maioria dos modelos sugere.
• Muitas soluções climáticas baseadas na terra têm benefícios significativos além
da mitigação.
O relatório descobriu que as seguintes soluções têm os maiores cobenefícios: manejo
de florestas, redução do desmatamento e degradação, aumento da quantidade de carbono
orgânico no solo, aumento do intemperismo mineral (um processo de aceleração da
decomposição de rochas para aumentar a absorção de carbono), mudança de dieta e redução
do desperdício de alimentos. Por exemplo, o aumento do armazenamento de carbono do
solo pode não apenas sequestrar emissões, mas também tornar as culturas mais resilientes
às mudanças climáticas, melhorar a saúde do solo e aumentar a produtividade.
• Algumas soluções climáticas baseadas na terra acarretam riscos e contrapartidas
importantes e devem ser buscadas com prudência.
Por um lado, será importante ponderar os benefícios líquidos de qualquer intervenção.
Por exemplo, o plantio de florestas em campos nativos poderia na verdade diminuir a
quantidade de carbono armazenada no solo, prejudicando um importante sumidouro de
carbono. Algumas intervenções podem reduzir as emissões, mas causam outras mudanças
que acabam aumentando as temperaturas. Por exemplo, plantar uma floresta perene em

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altas latitudes tornaria as superfícies mais escuras. Durante o inverno, ao invés de estar
exposta, a camada de neve estaria encoberta, aumentando a absorção da radiação solar
– como ao trocar uma camiseta branca por uma preta em um dia ensolarado. Plantar
certas espécies de árvores ou plantas pode ameaçar outras espécies e ecossistemas. E a
maior parte dos sumidouros biológicos de carbono eventualmente chegará a um ponto de
saturação em que não absorverá mais carbono. Além disso, a absorção de carbono florestal
futura não é garantida, uma vez que é provável que os incêndios florestais e a propagação
de doenças aumentem em um mundo mais quente.
• Soluções climáticas baseadas na terra que exigem grandes áreas podem ameaçar
a segurança alimentar e exacerbar problemas ambientais.
Os esforços de redução de emissões e de remoção de carbono baseados no uso da
terra que exigem grandes áreas – por exemplo, o plantio de florestas em grande escala e
os cultivos para bioenergia – competirão com outros usos da terra, como a produção de
alimentos. Isso pode, por sua vez, aumentar os preços dos alimentos, agravar a poluição
da água, prejudicar a biodiversidade e levar a uma maior conversão de florestas em outros
usos da terra, aumentando, assim, as emissões.
Além disso, o relatório constatou que, se o mundo não conseguir reduzir as emissões
em outros setores, como energia e transporte, dependeremos cada vez mais de soluções
baseadas na terra, exacerbando as pressões alimentares e ambientais.
Aprendendo com o relatório do IPCC: talvez o insight mais abrangente do relatório do
IPCC seja sobre o delicado ponto de equilíbrio entre uso da terra e estabilidade climática:
acertá-lo pode reduzir as emissões e, ao mesmo tempo, criar cobenefícios significativos;
errar pode intensificar as mudanças climáticas e agravar a insegurança alimentar e os
problemas ambientais.
Na verdade, nós podemos alimentar o mundo ao mesmo tempo em que combatemos
as mudanças climáticas, protegemos as florestas e fazemos avançar a economia – mas
temos de melhorar a forma como produzimos e agimos sobre o planeta.
A seguir, apresento-lhe uma matéria interessante, publicada na versão on-line da
revista Exame, de 08/06/2019, sobre uma economia criativa que pode ser gerada pelas
oportunidades do aquecimento global.

42 bilhões de dólares no caminho do aquecimento global


Esse é o valor que 91 empresas abertas da América Latina identificaram em
oportunidades da economia regenerativa, no combate ao aquecimento global
Se os governos de alguns países recuaram em relação ao desafio das mudanças
climáticas, pelo menos o setor privado parece ter acordado – e está agindo. Não é

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só pela consciência de que o aquecimento global é uma ameaça ao planeta como


um todo, mas também porque as soluções para a crise climática têm o potencial
de aumentar a competitividade. E este caminho já está sendo trilhado por grandes
grupos empresariais da América Latina – que tem condição privilegiada para
gerar energia limpa, fornecer alimentos com menor impacto e produzir serviços
e produtos bons para o clima.
É isso o que mostram os dados do CDP, iniciativa criada há décadas pelos grandes
fundos internacionais de investimento para catalisar o esforço privado pelo clima.
Nas palavras de Lauro Marins, diretor executivo para a América Latina do CDP:
“Em 2018, 91 empresas de capital aberto, 895 fornecedores e 184 cidades da
América Latina reportaram suas informações por meio do sistema de divulgação
ambiental do CDP. Essas 91 empresas de capital aberto representam 90% do capital
negociado em bolsa na região. Juntas, elas reportaram um valor 42 bilhões de
dólares em oportunidades identificadas na área de clima. Essas empresas fizeram
um investimento de 5 bilhões de dólares, que resultou na redução do equivalente
a 921 milhões de toneladas de CO2.
Não foram só empresas que mostraram seus investimentos ao CDP. Também 184
cidades latino-americanas participantes reportaram conjuntamente ao CDP um
total de 326 projetos climáticos que estão buscando mais de 5,6 bilhões de dólares
de financiamento. Observa-se aí uma grande oportunidade para colaboração entre
o setor público e privado por meio de estratégias já bem conhecidas, como PPPs,
aliadas a novas abordagens como emissão de títulos verdes de projetos executados
pela iniciativa privada em áreas-chave para a resiliência urbana.
O senso de urgência é o que move esses atores a agir já, uma vez que o quinto
relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), lançado
em outubro de 2018, deixou claro que temos apenas 12 anos para reduzir as
emissões de gases de efeito estufa pela metade para evitar uma crise climática
sem precedentes na história da humanidade.
Essa é a janela de tempo de que dispomos para converter a crise em oportunidade e
botar de pé uma nova economia regenerativa, formada por soluções que contribuam
para reverter as mudanças climáticas e ao mesmo tempo gerem prosperidade para
as pessoas. A Universidade de Michigan estima que o mercado para produtos que
capturam carbono da atmosfera, ajudando a reverter as mudanças climáticas,
movimentará de 800 bilhões a 1,1 trilhão de dólares por ano até 2030. Esse novo
mercado trará novas oportunidades de negócios e atuação profissional. Aqueles que
primeiro reagirem a esses sinais colherão os frutos do seu pioneirismo, posicionando-
se na liderança dessa nova e próspera economia.

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É crescente o coro formado pela comunidade de negócios e governos subnacionais


de que a mudança climática é o principal vetor de riscos e oportunidades para a
economia e para a sociedade.
Começamos a ver na América Latina um movimento similar ao que ocorreu nos
Estados Unidos após a eleição de Donald Trump, em que, diante dos retrocessos
vindos da Casa Branca em relação a políticas climáticas, a comunidade de negócios,
governos subnacionais e sociedade civil se reuniram em torno de uma coalizão
chamada We are still in (nós ainda estamos dentro). Esses atores levantaram as
suas vozes em apoio ao Acordo de Paris, se comprometendo a ajudar a alcançar
os objetivos climáticos nele traçados.
Um episódio recente no Brasil dá sinais de que esse contraponto também começa a
ganhar corpo no país. Depois de retirar a sua candidatura como sede da Convenção
do Clima, o governo federal também tentou intervir na decisão da cidade de
Salvador de sediar a conferência Climate Week, evento tradicional no calendário
de discussões internacionais sobre clima. Apesar disso, o prefeito Antonio Carlos
Magalhães Neto se colocou à disposição da organização da Climate Week para realizar
a conferência na capital baiana. Diante da pressão da sociedade civil, governos
subnacionais e empresas, o governo federal retrocedeu e decidiu apoiar a realização
da Climate Week. Experiências como essa levam especialistas a afirmar que os
governos subnacionais e os negócios terão papel protagonista para manutenção
e implementação das políticas climáticas no país.”
Uma amostra dessa discussão acontecerá nos dias 11 e 12 de junho, em São Paulo,
na primeira feira de negócios pelo clima da América Latina, uma realização do CDP,
O Mundo Que Queremos e WWF-Brasil, com apoio de EXAME. O evento reunirá mais
de 300 pessoas, incluindo prefeitos, CEOs de grandes empresas, fundadores de
startups de negócios pelo clima, lideranças jovens e financiadores. Ao longo dos
dois dias de evento, eles debaterão soluções tecnológicas, modelos de negócios
inovadores e também exemplos de ações coletivas e coordenadas entre setor
privado, público e a sociedade civil para acelerar uma nova economia regenerativa
capaz de reverter as mudanças climáticas e gerar prosperidade.
A feira trará ainda uma missão comercial patrocinada pelo Governo do Canadá e
uma comitiva de 15 cidades e startups latino-americanas, financiada pela Fundação
Konrad Adenauer. Esses grupos participarão de rodadas de negócios que vão
reunir mais de 200 participantes, entre representantes de prefeituras, grandes
corporações, startups e instituições financeiras – com a missão de consolidar a
posição da América Latina como um lugar privilegiado para fazer brotar iniciativas
boas para o clima.

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4.2.3. O ACORDO DE PARIS E AS CONVENÇÕES-QUADRO DA ONU SOBRE MUDANÇA


CLIMÁTICA
A década de 1990 representou um avanço nunca antes visto em torno da discussão
acerca do aquecimento global. Foi quando os países (ao menos um grupo) se cotizaram
pela primeira vez na história em torno de produzir um modelo e consensos que pudessem,
de forma efetiva, contribuir para mitigar tal preocupante questão. A Segunda Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como
Eco-92, ou Rio 92, foi organizada pelas Nações Unidas e, entre 4 e 14 de junho de 1992,
ganhou lugar na cidade do Rio de Janeiro, obtendo uma imensa repercussão global.
E desta conferência um postulado importante foi parametrizado e regeu a questão
relativa ao aquecimento global, isso longo das últimas décadas. Vamos a ele.
A ECO-92 consagra haver um compêndio de “responsabilidades comuns, porém
diferenciadas” em torno do aquecimento global. Ou seja, há uma questão global, fato – o
aquecimento global –, e tal desafio deve, contudo, ser encarado por todos os países como um
compromisso (e entendimento) comum, porém com níveis de assunção de responsabilidades
que estejam baseados por contextos históricos, estes quais atinentes a forma como
cada grupo de países tem responsabilidade na questão do aquecimento global. Divide-se
assim, aqueles países que haviam há tempos se industrializado (e portanto tinham uma
responsabilidade maior frente à questão do aquecimento global), e em outra ponta os países
tipificados como em desenvolvimento, conhecidos também como “emergentes”, tais quais o
Brasil, a China e a Índia, ou seja, nações que iniciaram de forma tardia sua entrada no mundo
industrial e, portanto, detentores de parcelas ainda reduzidas de responsabilidades (até os
anos 1990) acerca dos padrões de emissões de gases de efeito estufa em nível global. São
as responsabilidades comuns, porém diferenciadas, corolário que, atualmente, veremos,
não cabe mais em 2019, para que se resolva de forma efetiva a questão do aquecimento
global, mas que fora fundamental, nos anos 1990, para que ali fosse dado início a um
arcabouço de discussões (e ações) com vistas ao estabelecimento de uma agenda global
de enfrentamento dessa importante pauta ambiental.
Orientados pela ONU, planos e ações em torno do tema aquecimento global começam a
eclodir nos anos 1990, contudo ainda separando os países emergentes (China, Índia, Brasil,
hoje grandes emissores de gases de efeito estufa), daqueles países que se industrializaram
antes (leia-se: países da Europa, a União Soviética e seus estados-satélite, mais o Japão,
os EUA e Canadá).
A partir da ECO-92, no Rio de Janeiro, fica estabelecida uma agenda de encontros
anuais em lugares diferentes ao redor do globo com vistas a se discutir o aquecimento
global. São as Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC),
ou as Convenções do Clima, e a COP (Convenção das Partes). Desde 1994, elas vêm sendo

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realizadas anualmente, sendo a primeira em Berlim. Algumas destas convenções, e já foram


26 as realizadas até 2021, serviram apenas para que, de forma protocolar, se discutisse a
questão climática global, contudo outras Convenções foram bastante importantes.

Para chegarmos ao contexto de atualidades recentes sobre o tema, é importante que


entendamos o que foi estabelecido no longínquo ano de 1997, na 3ª COP, realizada em
Kyoto, no Japão.

À época do Protocolo de Kyoto, isso há mais de 20 anos, a imensa maioria das emissões
globais de gases de efeito estufa eram atreladas a países industrializados, à medida que estas
nações detinham responsabilidades históricas sobre o aquecimento global, pois foram grandes
emissores de gases por séculos. Os países em desenvolvimento, em contrapartida, eram vistos
como as maiores vítimas do clima e não tinham, até ali, responsabilidades sobre o problema
e, igualmente, portanto, não deveriam também assumir ônus nem contribuir para a solução.
O Protocolo de Kyoto, de 1997, definiu limites e metas de redução para as emissões de gases
de efeito estufa para um grupo de 39 países apenas. Ou seja, todos os países considerados
como “desenvolvidos” acrescidos dos países do Leste Europeu mais a Rússia.
Sendo assim, o Protocolo só entraria (e entrou) em vigor quando a conta dos signatários
envolvesse dois parâmetros:
• ao menos 55% dos países chamados (39 países) assinassem o acordo; e
• 55% das emissões de gases de efeito estufa no total no globo (e, somados, os 39
países representavam, à época, 78% das emissões globais de GEE) ratificassem o
mesmo protocolo.

Resultado: sendo assim, tais cotas só foram conseguidas quando a Rússia, em 2004,
assinou o acordo.
Vigorando, em termos reais, entre os anos de 2008-2012, o Protocolo de Kyoto, ao
estabelecer metas de redução de 5,2%, em média, de gases por parte dos países signatários
do acordo, não conseguiu ao fim (em 2012) reduzir os níveis de emissão de gases de
efeito estufa em enorme parte dos países que se cotizaram. Ou seja, os próprios países
envolvidos, em sua imensa maioria, não conseguiram cumprir as metas de redução assumidas
individualmente. Contudo, vale destacar, o Protocolo de Kyoto foi um marco positivo, sem
dúvidas, pois nele (e pela primeira vez em toda a história humana) um grupo de países
assumiu metas (voluntárias) de redução de Gases de Efeito Estufa.

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Em 2019, a COP-25, a 25ª Conferência do Clima, deveria ser realizada no Brasil, contudo,
nosso atual mandatário, presidente Jair Bolsonaro, desistiu de sediar esse encontro em
nosso país. Pesaram em sua decisão, segundo declaração do próprio, o fato de que (e
tal qual seu companheiro, Donald Trump, ex-Presidente norte-americano) a sua política
externa em torno deste assunto é 100% refratária ao que a ONU vem propalando, além
de considerar um desperdício gastar, segundo sua contabilidade, uma quantia em torno
de R$ 500 milhões para realizar-se no Brasil tal conferência. Sendo assim, a conferência de
dezembro de 2019 teve a sua realização transferida para Santiago, no Chile.

O Acordo de Paris – 2015: terminado o prazo de vigor de Kyoto (2012), uma nova costura
para o clima global que não envolvesse apenas um grupo de países (e pudesse resultar em
um novo protocolo de Kyoto) precisava ganhar corpo. Sendo assim, ficou estabelecido que,
em 2015, na COP-21, de Paris, tal documento ganharia forma.
E sentados à mesa de negociação na Cidade-Luz, pela primeira vez na história, em
meio a Ministros do Meio Ambiente, consultores, chanceleres, entre outros, conseguiu-se
alinhavar um acordo climático gigantesco e inédito, o qual envolveu mais de 190 países.
A COP-21 de Paris (2015) se torna, portanto, aquele que foi até então o maior avanço
em termos da discussão do clima global de todos os tempos. Por ela fica estabelecido,
primeiramente, um compromisso de longo prazo: limitar o aquecimento global abaixo de
2ºC neste século. Depois, fazer esforços com vistas a limitar a elevação da temperatura
global em nível acima de 1,5ºC. Sendo assim, 195 países, em primeira instância, assinam o
compromisso que envolve todos os maiores emissores de Gases de Efeito Estufa do Mundo.
No mesmo documento, depois de serem atingidas as macrometas citadas, criar-se-á um
modelo para se limitar as metas de emissões de GEE nacionais, em que cada país proporia
um limite próprio: são as chamadas NDC (Contribuição Nacional Determinada).
E Paris inovou também, à medida que o Protocolo não teria prazo determinado, tal qual
como o Protocolo de Kyoto, por exemplo, e as suas diretrizes seriam revisadas a cada 5
anos, com metas que, enquanto houver o problema (a emissão de gases de efeito estufa),
se conjugariam em torno das necessidades de cada país.
Mas nem tudo são flores, pois, dando seguimento ao que prometera na campanha
presidencial, Donald Trump se retira do Acordo de Paris em julho de 2017, sinalizando
depois que poderia até voltar ao acordo, mas somente se os interesses econômicos dos EUA
estivessem acima de qualquer outra questão, sendo um entrave tal posição. Um verdadeiro
contrassenso e ponto anacrônico, à medida que, para se reduzirem as emissões de gases de
efeito em uma imensa maioria dos países, mandatório é que sejam alteradas as matrizes
de produção energética, industriais e de transportes destes. E tais mudanças, via de regra,

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promovem alterações econômicas e envolvem custos. Por fim, vale destacar que, mesmo
após a saída dos EUA, o Acordo de Paris seguiu ainda firme em seu rumo na busca de não
se deixar que padrões calamitosos de aquecimento global ganhem mais força.

TEXTO COMPLEMENTAR
Por: Luís Felipe Ziriba

05/01/2022

COP 26
Realizada nos 12 primeiros dias de novembro de 2021, após ser adiada em função
da pandemia de Covid, a 26ª Conferência das Partes para o Clima veio cercada de
enormes expectativas. E seus resultados foram bons, à medida que se conseguiu sair
da fria e bela Escócia com avanços na questão do limite de aquecimento (de 2 graus
em Paris, em 2015, para 1,5 grau, agora), além do fortalecimento de metas individuais
(NDCs) por partes dos países e também uma nova agenda para o financiamento dos
países emergentes frente ao aquecimento global. Vejamos a seguir os principais
pontos formalizados no documento oficial, assinado por mais de 200 países, que
resultou no Pacto de Glasgow.
O PACTO DE GLASGOW (CoP 26):
REDUÇÃO DE EMISSÕES: o texto estabelece a redução global das emissões
de dióxido de carbono em 45% até 2030, em comparação com 2010, e de
neutralidade de CO2 até 2050 – quando as emissões serão reduzidas ao máximo e
as restantes serão totalmente compensadas por reflorestamento e tecnologias de
captura de carbono da atmosfera.
TEMPERATURA GLOBAL: muita atenção a este ponto, caro(a) aluno(a): o Acordo
de Paris falava sobre um aumento máximo de 2ºC em comparação à temperatura
pré-industrial. Diante de novas evidências e do alerta do último relatório do Painel
Intergovernamental para a Alterações Climáticas (IPCC, de 2019 constante em nossa
aula), o Pacto Climático de Glasgow é muito mais claro em relação à meta
de 1,5ºC, deixando claro que a diferença de meio grau se traduz em um
aumento brutal de impactos climáticos.
ARTIGO 6: um dos pontos que mais avançou na COP26 diz respeito à
regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que regula os mercados de
carbono e o comércio de emissões. Essa era uma das questões ainda pendentes
do pacto de 2015.

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Valerá a regra dos ajustes correspondentes, ou seja, os países terão que ajustar
sua meta de redução de emissões de acordo com a compra ou venda de créditos.
Todas estas transações serão certificadas por um organismo que ficará sob a
Convenção da ONU Mudança Climática. É interessante perceber que o Brasil possui,
sem dúvidas, tal qual propalado na Conferência por nosso Ministro do Meio Ambiente,
Joaquim Leite, enorme potencial como exportador de créditos de carbono; contudo,
atualmente, ainda somos, em 2021, devedores.
ABANDONO DO CARVÃO E COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS: o termo “eliminação”
de combustíveis fósseis foi substituído por “redução” gradual. A proposta
que estabelecia a eliminação dessas fontes de energia foi enfraquecida por causa de
um acordo entre a China (maior consumidora mundial de combustíveis fósseis), os
EUA (maior produtor mundial de combustíveis fósseis), a União Europeia e a Índia.
De qualquer forma, o texto pede que os países “acelerem os esforços”
para reduzirem gradualmente o uso de usinas de energia movidas a carvão
que não usam tecnologias de captura do CO2 e também os subsídios para
combustíveis fósseis.
COMPROMISSOS NACIONAIS: o documento também reconhece que os
compromissos nacionais voluntários (NDCs) para os países reduzirem suas emissões
são insuficientes para que a temperatura global se mantenha dentro da meta de
aumento máximo de 1,5ºC. Firmadas no Acordo de Paris e incrementadas a cada
cinco anos, as NDCs tiveram sua primeira revisão em 2021, após a COP26 ser adiada
em 2020 devido à pandemia da Covid-19.

A figura dos NDCs (compromissos nacionais voluntários de redução de gases de efeito estufa)
ganhou muita força ao longo dos últimos dez anos. Com o fim do Protocolo de Kyoto, que
vigorou entre 2008 e 2012, o qual estabelecia metas individualizadas de redução de emissão
de gases de efeito estufa do tipo: “impostas” (mas sem vinculações do tipo sanções, ou
multas) para um grupo de países – os ditos “industrializados” –, ganha-se performance na
discussão climática a necessidade do estabelecimento de iniciativas e metas de redução
de gases de efeito estufa de forma voluntária. Ou seja, dentro de uma lógica em que cada
país, dentro de um compromisso global de atuar de forma franca e concisa em torno da
questão do aquecimento global, apresente voluntariamente suas metas de redução na
emissão de gases de efeito estufa.

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FINANCIAMENTO A PAÍSES EMERGENTES: em 2009, os países industrializados


haviam prometido mobilizar, a partir de 2020, US$ 100 bilhões ao ano para os países
em desenvolvimento conseguirem realizar a transição energética. Isso, no entanto, não
aconteceu. O Pacto de Glasgow estabeleceu 2025 como nova data para o financiamento.
Assim, até 2025, os países desenvolvidos precisam duplicar seus fundos coletivos
para adaptação às demandas das nações mais pobres.

4.3. A QUESTÃO DO ÁRTICO


Por fim, caro(a) aluno(a), atualmente a questão do aquecimento global passa por
uma discussão importante acerca da forma acelerada como o Ártico vem perdendo sua
massa de gelo.
Situado ao Norte do Planeta, o Ártico é uma imensa massa oceânica de água congelada
que vem mudando conforme os cientistas já previam, mas de forma muito mais acelerada.

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Nos últimos três anos apenas, vários recordes climáticos de aquecimento na imensa
área gélida em tela foram atingidos. Expectativas relativas emanadas por cientistas de que,
somente em algum dia do verão de 2100 pudesse haver degelo completo do Ártico, já se
encontram reduzidas em 60 anos. Possivelmente em 2040, segundo matéria publicada pela
renomada revista Scientific American, em sua edição de maio de 2018, um dia no verão será
de degelo completo do Ártico. A última vez, segundo os cientistas, em que o Ártico esteve em
temperatura parecida com agora faz algo em torno de 125 mil anos, e os oceanos estiveram
à época elevados em comparação a hoje, em algo perto de 4 a 6 metros. Era outra situação,
e nada se compara ao que vemos, em sua velocidade, como nestes tempos recentes.

Em 2018, a temperatura média no Inverno, para se ter uma ideia, no Ártico ficou 9ºC mais
elevada que em 1979. Sendo assim, mais aquecimento, mais vapor d’água (um dos gases
de efeito de estufa) na atmosfera e maior elevação do nível dos oceanos.

A atenção dedicada por parte da comunidade científica ao Ártico reside no fato de a região
ser muito sensível às mudanças climáticas. Em apenas 40 anos, as extensões congeladas
no ártico reduziram-se pela metade, havendo também uma forte retração do volume de

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gelo perene (em torno de 25%). Quanto maior o calor derretendo a superfície branca (de
gelo), uma área maior escura fica exposta. Assim, os raios de sol, antes refletidos pela
superfície branca, agora ficam retidos muito mais na superfície escura. Ou seja, torna-se
o aquecimento um círculo vicioso.

TEXTOS COMPLEMENTARES
Os plásticos e os oceanos: uma nova batalha ambiental
Há mais ou menos 80 anos, o uso de plásticos pela sociedade começou a ter
seu início. O polímero barateou enormemente os custos de produção e insuflou um
poderoso ramo industrial – a indústria petroquímica. Hoje parece que não sabemos
mais viver sem o plástico e o conforto que produtos como papel-filme, copos,
garrafas, recipientes variados, canudos, entre outros, nos oferecem, mas isso tem
um peso para a natureza.
O plástico é um produto que não se decompõe facilmente na natureza, pois
suas moléculas são bastante estáveis, e os organismos não conseguem quebrá-las.
Segundo a Companhia Paulista de Saneamento (Cetesb), em aterros sanitários, ou
seja, ambientes com forte presença de organismos decompositores, uma garrafa
PET pode demorar mais de 200 anos para ser decomposta por total. Há até plásticos
biodegradáveis (ou mais fáceis de se decompor), mas estes são de uso extremamente
restritos, sendo que o que fica realmente é uma carga de plásticos, todos simples
e baratos, que poluem a cada segundo o mundo em milhares de toneladas e são
indigestos à decomposição.
E o uso indiscriminado do plástico vem causando um dano ambiental que
transcende os ambientes terrestres e os lixões. Esse dano se estende aos oceanos
drasticamente, o verdadeiro pulmão do planeta, vítimas da indiscriminada utilização
desses produtos.
Vamos aos dados: recentemente, cientistas estimaram que, por volta do ano
de 2050, o peso dos seres vivos nos oceanos será superado pelo peso do plástico
adicionado aos ambientes marinhos. Isso mesmo que você leu, caro(a) aluno(a)! Até
2050, haverá provavelmente mais plástico que seres marinhos nos oceanos. Estima-
se que atualmente uma carga de mais de 150 milhões de toneladas de plástico esteja
boiando pelos oceanos, sendo que, anualmente, algo entre 5-10 milhões de toneladas

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seja adicionado a essa perversa conta. A imensa maioria do lixo nos oceanos, aliás,
é plástico, oriundo quase todo do próprio lixo descartado e (em menor escala) dos
restos de materiais plásticos deixados por pescadores, de diferentes envergaduras.
Sobre reciclagem, não há ainda salvação, pois de todo o plástico produzido no
Planeta, nem 10% atualmente vem sendo reciclado, sendo estes os produtos mais
adicionados ao mar: canudos plásticos, garrafas, isqueiros, canetas, linhas de pesca
e anzóis.
E o problema do plástico nos oceanos não se encontra apenas na questão de
poluir as margens costeiras. Há uma cadeia de danos que vão desde ferir animais
até a absorção de micropartículas de plásticos pelos plânctons. Em determinadas
áreas do Pacífico, entre a próspera costa leste americana e a superpovoada costa
asiática, já se percebe algo em torno de 100 partículas de microplástico para cada
plâncton – e o pior cenário, segundo os cientistas, era de 6 para 1.
O lixo marinho também causa perdas econômicas aos setores e às comunidades
dependentes do mar, exatamente por causa mortandade em espécies de peixes
e poluição da água, além de diminuição crítica no atrativo natural que as áreas
turísticas costeiras possuem.
Algumas medidas (tímidas) por parte de governos vem sendo tomadas frente a essa
questão. Destaques para a União Europeia que, em 2018, aprovou por unanimidade
um conjunto de normas e sanções aos usos de materiais plásticos por parte dos
países (28, até a saída do Reino unido), englobando também instrumentos de pesca.
Já Distrito Federal, na capital do Brasil, por decreto, proíbe, desde fevereiro de 2019,
o uso e a comercialização, em todo o seu território, de canudos e copos plásticos.
Por mais anacrônico que pareça, o plástico, em certa medida, veio para salvar
animais, ao substituir, por exemplo, o uso do marfim, muito comum até o início do
século passado, mas atualmente mata em torno de 100.000 animais marinhos por
ano. Por mais esquisito que pareça, o polímero que foi a base de produtos baratos
e práticos requer iniciativas urgentes e ações efetivas para tolher os danos que a
disseminação relacionada a uma superprodução se revela.
A água chega à Bolsa de Nova York
Em meados de dezembro de 2020, a mais tradicional bolsa de valores do mundo,
a Bolsa de Valores de Nova York, iniciou a comercialização de cotas de água.
O novo índice começa com cotas relacionadas ao valor da água na Califórnia, com
unidade mínima de 10 acre-pés, o que corresponde a 1,2 milhão de litros (o equivalente
a duas piscinas olímpicas). Assim, torna-se possível negociar água para situações
futuras de escassez sem ter de se pagar o preço do período de seca/escassez. Vale
destacar que este novo comércio se restringe apenas a negociações de água nos

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EUA, visto que há barreiras logísticas no transporte de grandes quantidades de água


e também que a água por lá, diferentemente daqui, pertence não necessariamente
ao Estado, e sim aos donos das propriedades rurais.
Essa nova modalidade abre precedentes importantes e, para alguns, preocupantes.
Nunca antes a água foi tratada desta forma, ou seja, sendo um bem comercializável
nestas escalas, chegando à bolsa de valores. Assim, inicia-se uma fase em que
lugares com abundância deste precioso recurso podem realizar comércio com áreas
de escassez. Para o primeiro grupo, ou seja, os que possuem recurso em grande
escala, vislumbram-se possibilidades grandes de lucro, sem dúvidas. Para o segundo
grupo, aventa-se uma luz no fim do túnel a situações de escassez. Até aí, tudo bem.
Contudo, especialistas em recursos hídricos se demonstram preocupados em relação
a preceitos relacionados à sustentabilidade no uso da água. A sustentabilidade é
pensada com vistas a dar atenção às necessidades não apenas das gerações atuais,
mas também das futuras gerações.
Por fim, fica a questão: seria a água passível de comercialização? Na prática,
esse comércio já acontece há tempos – à medida que grandes multinacionais, como
Coca-Cola e Nestlé, por exemplo, comercializam água no mundo todo, vendendo
suas garrafas potáveis em um negócio altamente lucrativo. Há também a chamada
água virtual, ou seja, a água incutida em usos agropastoris, tais quais como ao se
produzir um quilo de carne (que pode levar até 15 mil litros de água entre sedentação,
constituição de pastos e beneficiamento final) ou em plantações com o uso intensivo
de água na irrigação. Agora uma nova modalidade de uso para a água vem para ficar.
A Conferência do Clima de Joe Biden
Convocada por Joe Biden, que fez também a coordenação do evento, foi realizada
virtualmente, em fins de abril de 2021, a Cúpula do Clima. Biden, o primeiro a falar
após discurso de abertura de sua vice, Kamala Harris, prometeu reduzir as emissões
de gases do efeito estufa dos EUA em 50%, em relação aos níveis de 2005, até
2030, e afirmou que os próximos anos farão parte de uma “década decisiva” para o
combate às mudanças climáticas
Pelo Brasil, o presidente Jair Bolsonaro prometeu que terá neutralidade climática
até 2050 e que, em 2030, teremos diminuído o desmatamento em até 43%.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres,
disse que o mundo precisa retornar aos níveis de emissões de gás carbono
registrados no ano de 2005 para alcançar a subsistência. “Nós precisamos de
um planeta verde, mas estamos em alerta vermelho, à beira do abismo. Precisamos
agir”, afirmou.

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“Precisamos diminuir as emissões de gás para os níveis de 2005. E precisamos


nos assegurar de que o próximo passo esteja na direção correta. Líderes em todo
mundo devem agir, primeiro fazendo uma coalizão por emissão líquida zero”, afirmou.
Xi Jinping, Presidente da China, disse que o país pretende trabalhar em conjunto
com os Estados Unidos para mitigar as emissões de carbono e que até 2060 a China
vai passar do “pico do carbono para carbono zero”.
“A China está ansiosa para trabalhar com os Estados Unidos para melhorar a
governança global”, declarou o líder comunista.
Da Europa, o Presidente da França, Emmanuel Macron, líder radicalmente contra as
diretrizes tomadas a cabo por Jair Bolsonaro e seu então Ministro do Meio Ambiente,
Ricardo Salles, para o setor, disse que o mundo precisa incluir o meio ambiente nos
custos de investimento e comércio e que, sem isso, não poderia haver transição
para uma economia mais verde.
Já o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu país pode propor a introdução
de termos e condições preferenciais para investimento estrangeiro em projetos de
energia limpa.
Em seu pronunciamento, Putin também disse que a Rússia pretende aumentar
a quantidade de energia de fontes de baixo carbono, incluindo a energia nuclear.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, celebrou a volta dos Estados Unidos
ao Acordo de Paris – uma medida que Biden reverteu após seu antecessor, Donald
Trump, deixar o pacto.
“Estou muito feliz que os EUA tenham voltado a participar da política clínica, pois
é totalmente indiscutível que o mundo precisa da participação dos EUA para que o
Acordo de Paris seja cumprido”, disse a chanceler alemã. “A contribuição nacional
dos EUA mostra sua ambição e é um sinal muito importante para a comunidade
global”, completou.
Ela afirmou que as transformações necessárias para conter as mudanças
climáticas são uma “tarefa hercúlea”, já que exigem a transformação do modo de
viver e conduzir as economias globais.
Quem também discursou foi a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von
der Leyen. “A ciência diz que é quase tarde demais, mas devemos começar agora.
Ontem, com o Parlamento Europeu e com 27 governos, definimos novas metas para
que sejamos neutros em carbono até 2050 e também concordamos em reduzir as
emissões em pelo menos 25% até 2030”, afirmou.

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“A natureza não pode mais pagar o preço. Mas a questão não é só sobre emissões.
Precisamos pensar em biodiversidades e em soluções onde forem necessárias – e
vamos fazer isso de maneira justa e bem-sucedida, porque não podemos deixar
ninguém para trás. Vamos trabalhos juntos pela neutralidade, por um compromisso
junto e por ações juntas para reduzir as emissões até 2030. Isso nos coloca no
caminho para a emissão zero até 2050”, concluiu.
O Aquecimento Global e o ano de 2022
Quer acreditemos, ou não, o mundo, ao que tudo indica, caminha para uma
catástrofe climática, usando as próprias palavras do Secretário-Geral das Nações
Unidas, o português Antônio Guterres. O negacionismo frente ao aquecimento
global, motivado principalmente por interesses econômicos, segue travando a
pauta ambiental.
Contudo, a ciência e os dados revelam a triste sina do planeta. Há, com enorme
margem de certeza, um acelerado processo de aquecimento global em curso, sendo o
ano de 2022 um marco para essa drástica questão. Vejamos a seguir alguns elementos
que corroboram tal afirmativa.
Em março, ondas de calor atingiram tanto o Ártico, no Polo Norte, quanto a
Antártica, o chamado continente gelado, no Polo Sul. A estação Hopen, na Noruega,
na região ártica, chegou a marcar 30 graus acima do normal. Enquanto isso, a estação
Concordia, base de pesquisa na Antártida chegou a registrar temperaturas de 11
graus negativos, enquanto o normal para o mesmo período é fazer 50 graus abaixo
de zero.

Vale o adendo que, em 6 de fevereiro de 2020, um termômetro na base antártica argentina


de Esperanza alcançou uma temperatura de 18,4 graus, a mais alta registrada desde o início
das medições em 1961, segundo o Serviço Meteorológico da Argentina. O recorde anterior
no território continental havia sido registrado em 2015, com 17,5 graus. Três dias depois,
o pesquisador brasileiro Carlos Schaefer informava à AFP que um termômetro instalado
na ilha Seymour tinha alcançado 20,75 graus, o que seria a temperatura mais alta jamais
registrada na Antártida. O degelo nas regiões polares, uma realidade inequívoca, só faz
piorar a questão do aquecimento global, visto que tal fenômeno expõe o permafrost, ou
seja, a camada de solo congelada, emitindo a liberação de CO2 e metano, aumentando
assim as concentrações de gases de efeito estufa.

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Seguindo (…)
Uma onda de calor inédita varreu a Europa nos últimos dias de julho 2022.
Temperaturas recordes foram registradas em vários países, sendo que a fria e
cinza Londres atingiu sua temperatura histórica recorde tendo registrado 40 graus
a sombra. Na França, desde 1935, não se registravam temperaturas tão altas.
Interessante que pela primeira vez na história uma onda de calor foi batizada: Zoe.
A 4ª pessoa curada do vírus da Aids no mundo
Um homem de 66 anos, portador declarado do vírus HIV desde a década de 1980,
é oficialmente a 4ª pessoa no mundo a ser curada da AIDS, em junho de 2022. Ele,
ao tratar uma leucemia, recebeu um transplante de medula na California. “Nunca
pensei que viveria para ver o dia em que não tivesse mais HIV.”
Ele recebeu o transplante de medula óssea não para tratar o HIV, mas porque
desenvolveu leucemia aos 63 anos.
A equipe médica responsável pelo seu tratamento decidiu que ele precisava
do transplante para substituir sua medula óssea doente por células normais. Por
coincidência, o doador era resistente ao HIV.
Hoje, 38 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV. Em 2021, fez 40 anos do
primeiro caso de Aids identificado no mundo.
A varíola dos macacos
Conceito.
A varíola dos macacos é uma moléstia transmitida pelo vírus monkeypox, que
pertence ao gênero orthopoxvirus. É considerada uma zoonose viral (o vírus é
transmitido aos seres humanos a partir de animais), com sintomas muito semelhantes
aos observados em pacientes com varíola, embora seja clinicamente menos grave.
O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de 6 a 13 dias, mas
pode variar de 5 a 21 dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O nome monkeypox se origina da descoberta inicial do vírus em macacos em um
laboratório dinamarquês em 1958. O primeiro caso humano foi identificado em uma
criança na República Democrática do Congo em 1970. Atualmente, segundo a OMS
esclareceu, a maioria dos animais suscetíveis a este tipo de varíola são roedores,
como ratos e cão-da-pradaria.
A transmissão ocorre por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas
respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. E, segundo o órgão
de saúde, a transmissão de humano para humano está ocorrendo entre pessoas
com contato físico próximo com casos sintomáticos.
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O contato próximo com pessoas infectadas ou materiais contaminados deve ser


evitado. Luvas e outras roupas e equipamentos de proteção individual devem ser
usados ao cuidar dos doentes, seja em uma unidade de saúde ou em casa.
Vale lembrar que a doença não é transmitida pelo animal, apesar do nome. Se
chama assim por ter sido identificada em colônias de macacos na África, na década
de 1950. Sobre a varíola dos macacos em si, há casos, como temos visto, de pacientes
que chegam a óbito, mas se trata de uma doença relativamente leve. Os anos de
experiência com a Covid nos revelaram que a ciência ainda é o melhor caminho
para que se chegue a formas eficazes de combate a doenças. Posições politizadas
e polarizadas, como impera hoje em redes sociais e também na imprensa, ou até
nossos convívios, apenas potencializam para divisionismo.
A OMS descreve quadros diferentes de sintomas para casos suspeitos, prováveis e
confirmados. Passa a ser considerado um caso suspeito qualquer pessoa, de qualquer
idade, que apresente pústulas (bolhas) na pele de forma aguda e inexplicável e
esteja em um país onde a varíola dos macacos não é endêmica. Se este quadro for
acompanhado por dor de cabeça, início de febre acima de 38,5ºC, linfonodos inchados,
dores musculares e no corpo, dor nas costas e fraqueza profunda, é necessário fazer
exame para confirmar ou descartar a doença.
Casos considerados “prováveis” incluem sintomas semelhantes aos dos casos
suspeitos, como contato físico pele a pele ou com lesões na pele, contato sexual
ou com materiais contaminados 21 dias antes do início dos sintomas. Soma-se a
isso, histórico de viagens para um país endêmico ou ter tido contato próximo com
possíveis infectados no mesmo período e/ou ter resultado positivo para um teste
sorológico de orthopoxvirus na ausência de vacinação contra varíola ou outra
exposição conhecida ao vírus.
Casos confirmados ocorrem quando há confirmação laboratorial para o vírus
da varíola dos macacos por meio do exame PCR (Reação em Cadeia da Polimerase)
em tempo real e/ou sequenciamento.
O surto de varíola dos macacos, que já foi confirmado em 16 países e várias
regiões do mundo, ainda pode ser controlado. A OMS garantiu, em 24 de maio, que
o risco de transmissão é baixo. Contudo, nos primeiros dias de agosto de 2022, os
números de infectados no mundo atingiu os 23 mil e, no Brasil, acima de 1,2 mil,
porém com casos de morte bastante raros.
A vacinação contra a varíola tradicional é eficaz também para a varíola dos
macacos, mas a OMS explicou que pessoas com 50 anos ou menos podem estar mais
suscetíveis, já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas
pelo mundo quando a doença foi erradicada em 1980.

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A agência trabalha na verificação dos estoques atuais de vacina da varíola para


ver se precisam ser atualizados.
A prevenção e o controle dependem da conscientização das comunidades e
da educação dos profissionais de saúde para prevenir a infecção e interromper a
transmissão.

5. A ONU E OS GS

5.1. A ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma instituição internacional formada por
192 Estados soberanos e fundada após a Segunda Guerra Mundial para manter a paz e a
segurança no mundo, fomentar relações amistosas entre as nações e promover progresso
social, melhores padrões de vida e direitos humanos. Os membros são unidos em torno da
Carta das Nações Unidas, um tratado internacional que enuncia os direitos e os deveres
dos membros da comunidade internacional.
O atual Secretário-Geral, em substituição a Ban Ki-moon, desde 2017, é António Guterres,
português com mandato de 5 anos e possibilidade de reeleição.
As Nações Unidas são constituídas por cinco órgãos principais: a Assembleia-Geral, o
Conselho de Segurança, o Conselho Económico e Social, o Tribunal Internacional de Justiça
e o Secretariado. Todos eles estão situados na sede da ONU, em Nova York, com exceção
do Tribunal, que fica em Haia, na Holanda.
Existem organismos especializados, com ligação à ONU, que trabalham em áreas tão
diversas como saúde, agricultura, aviação civil, meteorologia e trabalho. Esses organismos
especializados, juntamente com as Nações Unidas e outros programas e fundos (tais como o
UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância), compõem o Sistema das Nações Unidas.
A ONU tem como propósitos/funções principais:
• manter a paz e a segurança internacionais;
• desenvolver relações amistosas entre as nações;
• realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de carácter
económico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos direitos humanos
e às liberdades fundamentais;
• ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a realização desses
objetivos comuns.
Atualmente, a ONU é constituída por 192 Estados-Membros. Apenas os Estados podem ser
membros plenos e participar na Assembleia-Geral. Outros organismos intergovernamentais
e algumas entidades legalmente reconhecidas podem participar, como observadores, com
direito a intervir, mas sem direito a voto.

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5.2. OS GS
Já os Gs são grupos de Estados que se reúnem para estreitar suas relações multilaterais,
abordando temas como políticas militares e estratégias econômicas, de acordo com o
interesse e influência dos países participantes. Esses encontros costumam ser anuais e
podem ou não ter vínculo com a ONU. Além do G20, o mais conhecido grupo, existem mais
oito instâncias de países que se reúnem para debater temáticas de interesse comum.
Vejamos os principais grupos e suas composições em 2019:
• G7
− Origem: 1976;
− União dos sete países mais ricos do mundo mais representantes da União Euro-
peia. Em 1997, com a entrada da Rússia no grupo, tornou-se G8. Em 2014, o país
foi suspenso por envolvimento nos conflitos da Criméia, fazendo com que o G8
voltasse a ser G7.
− Países:
◦ ÁSIA: JAPÃO;
◦ EUROPA: ALEMANHA, FRANÇA, ITÁLIA, REINO UNIDO;
◦ AMÉRICA: CANADÁ, ESTADOS UNIDOS.
• G20
− Origem: 1999;
− Fórum dos 19 países mais influentes economicamente do mundo, entre desenvol-
vidos e emergentes, mais a União Europeia – que é representada pelo Presidente
do Conselho Europeu e o Presidente da Comissão Europeia. Tem como objetivo a
coordenação de políticas econômicas entre os membros, promover a estabilidade
financeira e modernizar a estrutura financeira mundial;
− Países:
◦ ÁSIA: ARÁBIA SAUDITA, CHINA, COREIA DO SUL, ÍNDIA, INDONÉSIA, JAPÃO;
◦ ÁFRICA: ÁFRICA DO SUL;
◦ EUROPA: ALEMANHA, FRANÇA, ITÁLIA, REINO UNIDO, RÚSSIA, TURQUIA e UNIÃO
EUROPEIA;
◦ AMÉRICA: ARGENTINA, BRASIL, CANADÁ, ESTADOS UNIDOS, MÉXICO;
◦ OCEANIA: AUSTRÁLIA.
• G77
− Origem: 1964.
− Reunião dos representantes dos principais países emergentes no Hemisfério Sul na
ONU, com objetivo de promover o desenvolvimento e aumentar o poder de barga-
nha ao articular os interesses econômicos desses países dentro dos fóruns da ONU.

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− Países:
◦ ÁSIA: AFEGANISTÃO, ARÁBIA SAUDITA, BANGLADESH, BAREIN, BRUNEI, CAMBOJA,
CATAR, CHINA, CINGAPURA, EMIRADOS ÁRABES UNIDOS, FILIPINAS, IÊMEN, ILHAS
MARSHALL, ÍNDIA, INDONÉSIA, IRÃ, IRAQUE, JORDÂNIA, KUWAIT, LAOS, LÍBANO, MA-
LÁSIA, MALDIVAS, MIANMAR, MONGÓLIA, NEPAL, OMÃ, PAQUISTÃO, SÍRIA, SRI LANKA,
TADJIQUISTÃO, TAILÂNDIA, TIMOR-LESTE, TUNÍSIA, TURCOMENISTÃO, VIETNÃ;
◦ ÁFRICA: ÁFRICA DO SUL, ANGOLA, ARGÉLIA, BENIM, BOTSUANA, BURKINA FASO,
BURUNDI, BUTÃO, CABO VERDE, CAMARÕES, CHADE, COMORES, CONGO, COSTA DO
MARFIM, DJIBUTI, EGITO, ERITREIA, ETIÓPIA, GABÃO, GANA, GUINÉ, GUINÉ-BISSAU,
GUINÉ-EQUATORIAL, ILHAS MAURÍCIO, LESOTO, LIBÉRIA, LÍBIA, MADAGASCAR,
MALAUÍ, MALI, MARROCOS, MAURITÂNIA, MOÇAMBIQUE, NAMÍBIA, NAURU, NÍGER,
NIGÉRIA, QUÊNIA, REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA, REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO
CONGO, SEICHELES, SENEGAL, SERRA LEOA, SOMÁLIA, SUAZILÂNDIA, SUDÃO,
SUDÃO DO SUL, TANZÂNIA, TOGO, UGANDA, ZÂMBIA, ZIMBÁBUE;
◦ EUROPA: BÓSNIA-HERZEGOVINA;
◦ AMÉRICA: ANTÍGUA E BARBUDA, ARGENTINA, BAHAMAS, BARBADOS, BELIZE,
BOLÍVIA, BRASIL, CHILE, COLÔMBIA, COSTA RICA, CUBA, DOMINICA, EL SALVA-
DOR, EQUADOR, GRANADA, GUATEMALA, GUIANA, HAITI, HONDURAS, JAMAICA,
NICARÁGUA, PANAMÁ, PARAGUAI, PERU, REPÚBLICA DOMINICANA, SANTA LÚCIA,
SÃO CRISTÓVÃO E NÉVIS, SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, SÃO VICENTE E GRANADINAS,
SURINAME, TRINIDAD E TOBAGO, URUGUAI, VENEZUELA;
◦ OCEANIA: FIJI, ILHAS SALOMÃO, KIRIBATI, MICRONÉSIA, PAPUA NOVA GUINÉ,
SAMOA, TONGA, VANUATU.

Dentre esses grupos, temos também os BRICS: a coordenação entre Brasil, Rússia, Índia
e China (BRIC) iniciou-se de maneira informal em 2006, com reunião de trabalho entre os
chanceleres dos quatro países à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas. Desde
então, o acrônimo, criado alguns anos antes pelo mercado financeiro, não mais se limitou
a identificar quatro economias emergentes. O BRIC passou a constituir mecanismo de
cooperação em áreas que tenham o potencial de gerar resultados concretos aos brasileiros
e aos povos dos demais membros.
Desde 2009, os Chefes de Estado e de governo do agrupamento se encontram anualmente.
Em 2011, na Cúpula de Sanya, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento,
acrescentando o “S” ao acrônimo, agora BRICS.

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Nos últimos dez anos, ocorreram dez reuniões de cúpula, com a presença de todos os
líderes do mecanismo:
• I – Cúpula: Ecaterimburgo, Rússia, junho de 2009;
• II – Cúpula: Brasília, Brasil, abril de 2010;
• III – Cúpula: Sanya, China, abril de 2011;
• IV – Cúpula: Nova Délhi, Índia, março de 2012;
• V – Cúpula: Durban, África do Sul, março de 2013;
• VI – Cúpula: Fortaleza, Brasil, julho de 2014;
• VII – Cúpula: Ufá, Rússia, julho de 2015;
• VIII – Cúpula: Benaulim (Goa), Índia, outubro de 2016;
• IX – Cúpula: Xiamen, China, setembro de 2017;
• X – Cúpula: Joanesburgo, África do Sul, julho de 2018; e
• XI – Cúpula: Brasília, Brasil, novembro de 2019.
Desde a primeira cúpula, em 2009, os BRICS têm expandido significativamente suas
atividades em diversos campos, mas foi o campo financeiro que garantiu, desde o início,
maior visibilidade ao agrupamento. Os então quatro países-membros passaram a atuar de
forma concertada, a partir da crise de 2008, no âmbito do G20, FMI e Banco Mundial, com
propostas concretas de reforma das estruturas de governança financeira global, em linha
com o aumento do peso relativo dos países emergentes na economia mundial. O papel
desempenhado pelo BRICS foi fundamental para a reforma das quotas do FMI, aprovada
em Seul, em 2010.
No mesmo campo, a cooperação BRICS levou ao lançamento das duas primeiras instituições
do mecanismo: o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e o Arranjo Contingente de Reservas
(ACR). A criação do banco visou a responder ao problema global da escassez de recursos
para o financiamento de projetos de infraestrutura.
A partir de 2015, o BRICS passou a buscar novas áreas de cooperação, sempre tendo
presente a necessidade de obter benefícios palpáveis para os cinco países. Para o Brasil, as
áreas de saúde, ciência, tecnologia e inovação, economia digital e cooperação no combate
ao crime transnacional são prioritárias nesse esforço de avançar novas áreas de atuação.
A XI Cúpula foi realizada em Brasília, em 13 e 14 de novembro de 2019, no Palácio
Itamaraty, sob o lema “BRICS: crescimento econômico para um futuro inovador”. Antecedendo
o encontro de líderes, a Presidência brasileira organizou dezenas de encontros que tiveram
como prioridades: (i) o fortalecimento da cooperação em ciência, tecnologia e inovação;
(ii) o reforço da cooperação em economia digital; (iii) o adensamento da cooperação no
combate aos ilícitos transnacionais, em especial ao crime organizado, à lavagem de dinheiro
e ao tráfico de entorpecentes; e (iv) o incentivo à aproximação entre o Novo Banco de
Desenvolvimento e o Conselho Empresarial.

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Textos Complementares
Direitos humanos e atualidades
O conceito de direitos humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar
de seus direitos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
ou de outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza.
Superado o nazismo e o fascismo pela força de uma ampla aliança, indo dos
capitalistas dos Estados Unidos aos socialistas soviéticos, as nações sentaram-se
para definir regras mínimas de convívio que evitassem novos conflitos bárbaros e
editaram a Declaração dos Direitos Humanos, em 1948. Este documento se utiliza
da expressão “direitos essenciais do homem” como sinônimo de direitos humanos
e lista os seguintes direitos do homem: o direito à vida, à liberdade e à segurança
(artigo 3º), ao reconhecimento como pessoa (artigo 6º), à igualdade (artigo 7º),
à nacionalidade (artigo 15), entre outros. A Convenção Americana sobre Direitos
Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), de 1969, também utiliza a expressão
“direitos essenciais da pessoa humana” para se referir aos direitos humanos e, entre
esses, lista o direito à vida (artigo 4º), à integridade pessoal (artigo 5º), à liberdade
pessoal (artigo 7º) e o direito de reunião (artigo 15), por exemplo. Em suma, é bastante
passível de inclusão na agenda dos direitos humanos vários tópicos. Contudo, com
sua vagueza e generalidade, é importante e saudável, inclusive, reconhecermos –
embora, em princípio, vise fortalecer e disseminar a proteção dos direitos humanos,
colocando-os à disposição de todos –, suscita um grande desafio: a determinação
do alcance desses direitos.
A declaração reúne as chamadas três dimensões dos direitos. A primeira contempla
as liberdades de escolha, de voz e de voto, que tanto marcaram a luta contra as
monarquias e, mais recentemente, contra as ditaduras militares.
Na segunda dimensão, estão os direitos que dependem de uma ação do Estado
para garantir o bem-estar do indivíduo, como saúde e educação.
Já na terceira dimensão estão os direitos difusos, a que toda a sociedade tem
direito de usufruto, e não só cada indivíduo. É o caso do direito à comunicação ampla
e plural, ao meio ambiente e à preservação do patrimônio cultural.
Os direitos humanos consistem no direito que todo homem deve ter em todos
os lugares e todos os tempos. É basicamente, também, ilustrador do “direito a
ter direito”, ou seja, os processos e dinâmicas para se obter direitos. Padecem,

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contudo, de circunstâncias, o que faz deles vagos e genéricos, ao serem carregados


de idealismo. Falar em generalidade acerca dos direitos humanos ocorre também à
medida que não é um sistema estanque e que, portanto, se desenvolveu com base
em um arcabouço de normas e mecanismos cada vez mais abrangentes e complexos.
Outra questão atualmente enfrentada acerca dos direitos humanos tem a ver
com a globalização tal qual conhecemos (e atualidades) e diz respeito ao fato de que
os Estados têm perdido o controle sobre os fluxos de capital e bens e se tornado
incapazes de proteger os membros mais débeis ou vulneráveis da sociedade, a
exemplo dos trabalhadores migrantes, dos refugiados e dos deslocados, entre outros.
Importa-nos saber: como o discurso dos direitos humanos tem enfrentado essas
questões? O que os que carregam a bandeira de defesa da prevalência dos direitos
humanos fazem para minimizar ou solucionar problemas como o desenvolvimento,
a redução da pobreza e a proteção dos migrantes? O problema aqui vai além do
reducionismo ou da insuficiência; trata-se, portanto, da seletividade e da rejeição
dos deveres positivos dos Estados.
Tudo isso faz parte dos chamados “direitos humanos sociais e econômicos”, cuja
existência, apesar de essencial, ainda é possível de controvérsia.
Há também uma seletividade muito bem-marcada, à medida que seis dos dezoito
governos mais repressivos – quais sejam China, Cuba, Eritreia, Arábia Saudita, Sudão
e Zimbábue – já foram membros de algum tipo de Comissão de Direitos Humanos
da ONU. Ao saírem (os direitos do homem) do âmbito de direitos fundamentais e
se tornarem direitos que possuem relação a interesses políticos, econômicos ou de
segurança dos Estados, ou seja, usados como moeda de troca, acabam perdendo
sua função precípua ao desampararem as pessoas do mundo que vivem sob regimes
repressivos.
Em contraposição a esse cenário, é fato que vivemos, contudo, além da
proliferação das normas, tanto no Direito Internacional dos Direitos Humanos
quanto no Direito Internacional Geral, concomitantemente uma proliferação de
organismos protetivos. É muito importante que se destaque que os Estados já não
são os únicos componentes do novo espaço internacional dos direitos humanos.
Organizações Não Governamentais (ONGs) se formam em nível transnacional,
travando com os Estados relações de conflito e cooperação. O que se constata é haver
a disseminação não apenas de Cortes, mas de ONGs que se intitulam defensoras dos
direitos humanos, sendo a pressão por elas exercida um instrumento decisivo para
mover governos a adotarem políticas de defesa dos direitos humanos, resultando
crescer ainda mais a consciência de que tais direitos envolvem responsabilidades

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compartilhadas entre instituições públicas e privadas. Por outro lado, não há como
negar que o crescimento desordenado dessas organizações revela uma banalização
do discurso. Sob o argumento da proteção de direitos fundamentais, as ONGs, muitas
vezes, se utilizam de uma retórica vazia para fazer valer interesses que chegam a
ser contrapostos aos ideais do discurso dos direitos humanos.

2 anos de covid-19: OMS, segunda, terceira e quarta cepa, vacinas +


desafios e contextos
Por: Professor Luis Felipe
01/01/2022
O coronavírus, ou covid-19, é uma infecção respiratória. Síndrome viral,
transmitida por gotículas, principalmente, pela tosse ou contato, foi oficialmente
batizada como Sars-Cov-2. A covid-19, é interessante destacar, não é a primeira
pandemia deste século, tendo em vista que entre 2009-2010, houve a desagradável
presença entre nós da H1N1, popularmente conhecida como gripe suína, a qual
ceifou algo em torno de 200.000 vidas em mais de 100 países ao redor do globo.
Contudo, o que se percebe é que esta primeira moléstia foi muito menos agressiva
se compararmos à atual pandemia de covid-19. Em termos numéricos, tal qual
vimos, no máximo 200.000 mortes (em pouco mais de 14 meses de pandemia de
H1N1) foram atribuídas a este primeiro vírus. Todavia, na entrada de junho de 2021,
com 1 ano e seis meses, praticamente, de ação da covid-19, morreram em torno de
3,3 milhões pessoas, com mais de 160 milhões de registros de pessoas infectadas
oficialmente em todo o Planeta (o que equivale a algo em torno de 2% da população
global), segundo dados da OMS.
A covid-19 é uma doença causada por um vírus originário da China que, até onde
a ciência já prospectou, teve sua origem a partir do mercado de peixes de Wuhan,
uma cidade-polo tecnológico e de atividades industriais com mais 12 milhões de
habitantes. Embora circulem fake news dizendo ter sido este um vírus elaborado
propositalmente em laboratórios na China, afirmo aqui não haver absolutamente
comprovação acerca de qualquer ocorrência de intencionalidade dirigida até a
presente data (01/06/2021) que confirme tal proposição. E, por favor, NÃO CAIA
EM QUESTÕES DE PROVAS DE ATUALIDADES (e este tema deve ser cobrado) QUE
AFIRMEM O CONTRÁRIO! O atual coronavírus possui origem em morcegos selvagens,
bichos estes que, ao contrário também de mais algumas infundadas fake news,
NÃO COMPÕEM QUALQUER NÍVEL DA CADEIA ALIMENTAR DA POPULAÇÃO HUMANA,
NEM CHINESA, NEM DE NENHUM OUTRO LUGAR DO GLOBO.

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Retomando, então: até onde fora constatado, com base nas mais importantes
e renomadas instituições de pesquisa que se debruçam em torno deste e de outros
tipos de assuntos científicos/sanitários, foram morcegos que picaram um animal
hospedeiro, provavelmente o pangolim, considerado este o animal mais traficado
no mundo – um bicho tipo “pet”, ou seja, domesticado e que bomba na China e em
outros países da Ásia, para, aí sim, via o contato deste tipo de animal (doméstico e
não comestível) ter-se realizado a contaminação para humanos. A ciência já sabe,
por exemplo, que o genoma dos coronavírus tem cerca de 30 mil bases em tamanho.
É como um texto com 30 mil palavras, que devem ser escritas em mesma sequência,
sendo praticamente impossível fabricá-lo, por assim dizer.
Fato é: a enorme capacidade de adaptação do novo coronavírus ao corpo humano
se uniu à força econômica estrondosa da China e ao padrão atávico que envolve as
múltiplas esferas que a globalização, tal qual como conhecemos, estampou. Se, no
ano 2000, a China representava apenas 3% do PIB global, em 2019, o gigante oriental
possuiu uma fatia de absurdos de 16% da produção econômica total, atrás apenas
dos EUA. Há pelo menos seis anos o país é líder inconteste na produção industrial
global e também no total de exportações. Isso tudo, em umbilical associação, não
devemos esquecer, a um padrão de capilaridade de chineses pelo globo (sendo a
China a maior potência demográfica do mundo) onde, por exemplo, estima-se ter
havido, somente no ano de 2019, um contingente superior a 160 milhões de chineses
circulando como turistas. Espero ter deixado claro que, além do componente natural
e genético do vírus, fatores econômicos e demográficos são aspectos fundamentais
para que a covid-19 conseguisse se espalhar por todos os continentes habitados
do planeta (e aí exclui-se apenas a Antártida) com tamanha rapidez.
A nova epidemia, poucos dias após ser conhecida, fora classificada pela OMS
(veja abaixo sobre o funcionamento e características da agência) como sendo de
“emergência global”. E a agência da ONU para a saúde até tentou (ao menos no
início) não promover nível de alarde extremado, com vistas, ao que tudo indicava,
não ver prejudicadas as escalas de comércio global. Porém, devido à dimensão da
capacidade de expansão do vírus, não teve jeito. Logo a ONU sucumbe à gravidade de
uma epidemia, que virou, em poucas semanas, uma pandemia. Na entrada de março
de 2020, a OMS declarava ser fundamental a realização, entre outras medidas, de
um pacto coletivo global com vistas ao isolamento social – ou seja, o distanciamento
entre pessoas com medidas radicais como fechamento de comércios, escritórios
e áreas públicas, possuindo, em fins do mesmo mês, a adesão de mais de 1/3 da
população global. Esse é o embrião do chamado “lockdown”, uma medida controversa
compreendida dentro do ambiente de isolamento horizontal, bem mais radical que
o isolamento vertical.

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Isolamento Vertical e Horizontal


Isolamento vertical: é aquele no qual somente a parcela da população com
maior risco de desenvolver a doença ou complicações é isolada. Isso significaria
isolar somente as pessoas que pertencem aos grupos de risco para a covid-19,
como os idosos, os imunocomprometidos, os obesos, os diabéticos e os portadores
de doenças pulmonares (como a asma), cardiovasculares, hepáticas ou aqueles
com doenças renais crônicas. Assim, durante o isolamento vertical, pessoas que
não pertencem ao grupo de risco continuam exercendo suas atividades de vida
normalmente. Esse modelo é menos eficiente do que o isolamento horizontal, segundo
a OMS, quanto à capacidade de conter a velocidade de transmissão doença. Além
disso, vale ressaltar que a identificação dos grupos de risco é um desafio bastante
complexo no cumprimento dessa forma de isolamento. O isolamento vertical foi
defendido por Donald Trump e Jair Bolsonaro, entre outros mandatários globais,
mas, no caso brasileiro e norte-americano, uma série de medidas de cunho local
emanadas por prefeitos e governadores, em ambos os países, não perseguiram a
cartilha emanada pelos presidentes, havendo, em várias cidades, fechamentos de
comércio e proibições à circulação de pessoas.
Isolamento Horizontal: é aquele no qual o maior número possível de pessoas
deve permanecer dentro de casa, independentemente de apresentarem fatores
de risco ou não para a doença. O distanciamento horizontal pode ser feito em
diferentes níveis de rigidez. O mais rígido é chamado de lockdown, em que somente
as atividades consideradas essenciais (como farmácias e supermercados) são
mantidas em funcionamento normal. Pode, inclusive, haver um monitoramento
das ruas pela polícia. Ao longo dos meses de junho e julho de 2020, contudo, vários
países distenderam suas medidas de isolamento horizontal, estando incluído nessa
leva o Brasil.
Controle severo tal qual descrito acima (isolamento horizontal) aconteceu na
Oceania, onde Austrália e Nova Zelândia se confinaram cedo e estão entre os países
capazes de sossegar o vírus de forma mais eficaz; o primeiro tem menos de 1.000
mortos, e o segundo, menos de 50.
Se, para alguns, os esforços empreendidos pela China, país epicentro desta atual
pandemia, ante a contenção da expansão do vírus, são vistos como consideráveis (ao
terem tomado medidas sanitárias e de isolamento contundentes e, assim, reduzido
de forma drástica a ação do vírus em seu território, ao menos ao que parece), critica-
se enormemente, na outra ponta e dentre vários pontos, a forma como o regime
comunista impediu a entrada de agências internacionais e também a prospecção
de dados sobre o vírus por parte da comunidade científica internacional.
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Já dentro do âmbito das chamadas “teorias da conspiração”, o governo norte-


americano (sob os auspícios do ex-presidente Donald Trump), mesmo sem evidências
claras, declarou em meados de 2020 acreditar piamente que a China havia criado o
vírus em laboratório – e, pior, de forma maquiavélica haveria espalhado tal moléstia
globalmente. Tudo dentro de um plano bem ajambrado pelo poderoso Partido
Comunista. Tal tese, propalada aos quatro ventos por Donald Trump, vem sendo,
contudo, cada dia mais desacreditada, residindo, portanto, no âmbito das chamadas
fake news, tal qual já falamos acima.
Os números globais e drásticos: até 1º de janeiro de 2022, quando se
completam mais de 24 meses, ou 2 anos de epidemia, desde o primeiro caso
oficialmente divulgado pela China, e estes dados ainda aumentarão bastante – há
mais de 180 países com casos de covid-19 já confirmados em todos os continentes
habitados. São em torno de 305 milhões de pessoas que já se infectaram, desde
janeiro de 2020, ou se encontram infectadas ao redor do Planeta, levando-se em conta
apenas os casos realmente identificados (devendo ser muito maior este número, à
medida que há, logicamente, um número bem maior de pessoas que se encontra, ou
se encontrou, infectada e não sabe ou não soube), com mais de 5.500.000 mortes,
segundo a OMS, até 1º de janeiro de 2022.
Os EUA dispararam à frente em números totais de infectados desde fevereiro de
2020, com mais de 60 milhões de casos registrados (ou quase 15% da população local)
e também de mortes (mais de 830.000). No caso do gigante da América do Norte,
é evidente ter havido por parte de Donald Trump um absoluto erro estratégico em
torno de suas políticas sanitaristas, com subestimação (e negação, de forma radical)
acerca da força do vírus, fazendo com que o mandatário não tenha promovido as
medidas necessárias (e em contraposição ao que fora recomendado pela OMS), com
vistas a resguardar o seu povo. Tal virada de costas por parte de Donald Trump frente
à gravidade da covid-19 foi, sem sombra de dúvidas, elemento determinante para
sua derrota na eleição presidencial para o senador democrata Joe Biden nas eleições
de novembro de 2020. Em segundo lugar, em número total de casos de covid, vem
a Índia. Por lá, a miséria e as péssimas condições sanitárias são aliadas fortes na
expansão do vírus. A Índia, diga-se de passagem, com 23 milhões de infectados, vem
sendo “acusada” de ser o berço de uma terceira cepa de covid, ainda mais agressiva.
O Brasil vem em terceiro lugar em números globais de pessoas que estão ou foram
infectadas, com mais de 22 milhões de infectados desde o início da epidemia e mais
de 620.000 mortes (neste quesito estamos em segundo lugar em termos globais). A
Índia, apesar de informar 32 milhões de infectados até aqui, declara haver 480.000
mortos – ou seja, bem menos que o Brasil.

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Na Europa, também devastada pela pandemia, França, Rússia, Reino Unido


(primeiro país a vacinar no mundo) e Itália lideram os casos. Na Itália, o Papa Francisco
esteve com suspeita (não confirmada) de ter contraído o vírus e reza as missas no
Vaticano sem a presença de fiéis, tendo sido a Páscoa de 2021 a segunda sem fiéis,
na mais tradicional missa do Vaticano, juntamente à do Natal, ao respeitarem as
medidas de isolamento social. No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson,
um refratário em primeira fase à promoção de medidas de isolamento social (num
processo de evidente negacionismo, tal qual promovido pelo presidente Jair Bolsonaro
e também por Donald Trump), ironicamente se infectou, padecendo, inclusive, em
um quarto de UTI por uma semana na entrada do mês de abril de 2020.
Destaca-se, contudo, que, principalmente nos países europeus citados, com
exceção da Rússia, vinha ocorrendo um real estancamento no número de mortes e
também de novos casos de covid-19 – uma ótima notícia, sem dúvidas. Contudo, desde
outubro de 2020, o cenário mudou. Havia, no fim de ano de 2020 e se estendendo ao
longo dos primeiros meses de 2021, uma segunda onda de covid em curso a assolar
as nações. Após esta segunda onda, veio também uma terceira onda entre agosto
e outubro de 2021, sendo que uma quarta onda chegou ao velho continente e já
assola o planeta em dezembro de 2021, com a variante Ômicron. Nesta entrada de
2022, vários países da Europa enfrentam um surto inédito de novos casos. A única
notícia boa nesse cenário é que em vários desses países ocorreu uma vacinação
que atingiu mais de 70% da população, fazendo assim que ocorram muitos casos,
porém menos mortes.
Além do dramático cenário relativo à saúde e às perdas humanas que avassalam
o globo desde os primeiros dias do ano de 2020 e que se seguiu nos meses iniciais de
2021, outra catarse devastou o Planeta: as perdas no campo econômico. Instalou-se,
exclusivamente em função da pandemia, uma crise global em nível apenas comparado
ao que fora percebido na Crise de 1929. As escalas, aliás, são piores hoje em dia do
que há 90 anos, visto o peso demográfico atual. Há uma população no globo quatro
vezes maior e uma complexa e imbricada rede de relações multidimensionais que
a globalização promoveu e de cujo dimensionamento a Crise de 1929 não passou
nem perto. Prejudica, portanto, todas as economias, sem exceção.
Estimava-se uma queda no PIB global de no mínimo 5% (acabou sendo de 4,1%)
e recessão econômica em TODAS AS GRANDES ECONOMIAS GLOBAIS, com exceção
da China (que cresceu 2% a.a.), com recuperação do cenário econômico pré-covid,
na melhor das hipóteses, segundo o Banco Mundial (e em uníssono a previsões
de outras grandes e respeitáveis instituições), somente por volta de 2026. Como

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resultado real, vemos, além das perdas nos PIBs em 2020 divulgados entre fevereiro
e março pelos respectivos bancos centrais dos países, também um endividamento
imenso dos países.
Na matéria a seguir, retirada do site da CNN Brasil, de 24/11/2021, vê-se ilustrada a
real dimensão do endividamento dos países por causa da pandemia:

Pandemia irá deixar outra herança ruim: o alto nível de endividamento


dos países
A dívida global aumentou em US$ 20 trilhões desde o terceiro trimestre de
2019, estima o Fórum Econômico Mundial
A vacina contra a COVID-19 deve ajudar os países a superarem, pouco a pouco, a
crise sanitária. Por outro lado, há uma herança da pandemia que deve continuar
assombrando os países pelos próximos anos. O endividamento global ganhou uma
nova proporção por causa da pandemia. A dívida dos países cresceu de maneira
acelerada como em poucos momentos na história.
Entre os motivos, por um lado, receitas menores: muitos países, por exemplo,
tiveram que abrir mão de impostos, além do recuo natural da arrecadação causado
pelos lockdowns. Somou-se a isso, por outro lado, a implantação de medidas de
alto custo para tentar aliviar os danos da pandemia, com a criação de benefícios
como o auxílio emergencial. Resultado: a dívida global aumentou em US$ 20 trilhões
desde o terceiro trimestre de 2019, estima o Fórum Econômico Mundial.
Especialistas costumam usar a métrica dívida em relação ao PIB, que compara a
dívida de um país com sua produção econômica.
País Dívida/ PIB (%)
Japão 263,97
Grécia 200,53
Itália 158,31
EUA 133,64
Espanha 121,31
França 118,57
Canadá 114,97
Reino Unido 111,52
Brasil 102,76
Índia 89,86
África do Sul 82,76

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País Dívida/ PIB (%)


China 66,53
México 65,6
Chile 37,51

Fonte: Fundo Monetário Internacional


Ter uma relação dívida versus PIB baixa sugere que um país deve ter poucos
problemas para pagar suas dívidas (e que, inclusive, pode pegar mais dinheiro no
mercado para custear investimentos ou gastos). Já uma relação alta pode ser
interpretada como um sinal de maior risco de calote.
O que seria uma dívida alta ou baixa?
O Banco Mundial admite que não existe uma definição exata para essa proporção,
mas aponta que um limite “saudável” seria de 77% do PIB.
Mas há exceções. Países mais ricos, por exemplo, conseguem ter um maior
endividamento pela sua credibilidade junto aos investidores internacionais. O
Japão, por exemplo, tem uma dívida fiscal equivalente a mais de 200% do seu PIB,
segundo o Instituto de Finanças Internacionais.
O que pode ser feito
Com tantos países endividados, uma crise econômica global parece inevitável,
mesmo que não seja para agora. No entanto, especialistas do Brookings Institution
acreditam que essa crise pode não ser tão catastrófica como em outros momentos.
Afinal, a experiência já ensinou ao mundo (ou deveria ter ensinado) que ações
proativas dos governos podem evitar problemas pendentes de dívida em grande
escala. Reformas, por exemplo, são essenciais para todos os países – o Brasil,
inclusive.
Embora existam alguns países em sério risco de insolvência, caso eles recebam
apoio, podem crescer até alcançar a sustentabilidade da dívida. O Fundo Monetário
Internacional (FMI) acredita que mercados emergentes e países em desenvolvimento
vão precisar de trilhões de dólares para conseguirem superar a crise da covid-19.
Mais precisamente, de US$ 2,5 trilhões. A dúvida, agora, é de onde toda essa
dinheirama vai sair. Daí a importância da atuação mais forte do FMI e de bancos
de desenvolvimento. A conferir.

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A OMS
Caro(a) aluno(a), vamos agora conhecer melhor o trabalho e o funcionamento da OMS?
A Organização Mundial da Saúde foi fundada em 1948 (World Health Organization –
WHO), sendo uma agência especializada em saúde subordinada à Organização das Nações
Unidas, com sede em Genebra, na Suíça sendo seu diretor-geral, desde julho de 2017, o
etíope Tedros Adhanom.
Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximo possível o
nível de saúde de todos os povos. A saúde é definida no documento-base de sua formação
como um “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente
da ausência de uma doença ou enfermidade”. Além de coordenar os esforços internacionais
para controlar surtos de doenças, como a malária e a tuberculose, a OMS também patrocina
programas para prevenir e tratar tais doenças e uma gama de outras moléstias.
A OMS assegura o desenvolvimento e a distribuição de vacinas seguras e eficazes,
diagnósticos farmacêuticos e medicamentos, como por meio do Programa Ampliado
de Imunização. Através de sua ação, a OMS declarou, em 1980, que a varíola havia sido
erradicada, constando este esforço simplesmente como a primeira doença na história a
ser erradicada pelo esforço humano.
A OMS supervisiona a implementação do Regulamento Sanitário Internacional e publica
uma série de classificações médicas, incluindo a Classificação Estatística Internacional de
Doenças (CID), a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e
a Classificação Internacional de Intervenções em Saúde (ICHI). A OMS publica regularmente
um Relatório Mundial da Saúde, incluindo uma avaliação de especialistas sobre a saúde
global. Além disso, a OMS realiza diversas campanhas de saúde – por exemplo, para aumentar
o consumo de frutas e vegetais em todo o mundo, e desencoraja o uso do tabaco. A cada
ano, a organização escolhe o Dia Mundial da Saúde.
A OMS realiza pesquisas sobre doenças transmissíveis, doenças não transmissíveis,
doenças tropicais e outras áreas, bem como para melhorar o acesso à pesquisa em saúde
e à literatura em países em desenvolvimento, como através da rede HINARI.
A organização conta com a experiência de muitos cientistas de renome mundial, como
o Comitê de Especialistas da OMS sobre Padronização Biológica, o Comitê de Especialistas
da OMS para a Hanseníase e o Grupo de Estudos sobre Educação Interprofissional & Prática
Colaborativa. A OMS também trabalhou em iniciativas globais, como o Global Initiative for
Emergency and Essential Surgical Care: A Guideline for Essential Trauma Care, focado no
acesso das pessoas às cirurgias, e o Safe Surgery Saves Lives, sobre a segurança do paciente
em tratamento cirúrgico.
A OMS é composta por 193 Estados-membros, incluídos todos os Estados-membros da
ONU, exceto Liechtenstein e Estados Unidos, e inclui dois não membros da ONU, Niue e as
Ilhas Cook. Os territórios que não são Estados-membros da ONU podem tornar-se Membros

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Associados (com acesso total à informação, mas com participação e direito de voto limitados)
se assim for aprovado em assembleia: Porto Rico e Tokelau são Membros Associados.
Existe também o estatuto de Observador. Alguns exemplos incluem a Palestina (um
Observador da ONU), a Santa Sé, a Ordem Soberana e Militar de Malta, o Vaticano (um
observador não membro da ONU), a Taipé Chinesa (uma delegação convidada) e Taiwan.
Os Estados-membros da OMS nomeiam delegações para a Assembleia Geral da Saúde
Mundial, que é o corpo decisor supremo. Todos os Estados-membros da ONU são elegíveis
para pertencer à OMS. A Assembleia Geral da OMS reúne-se anualmente em maio. Para
além da nomeação do Diretor-Geral a cada cinco anos, a Assembleia analisa as políticas
de financiamento da Organização e revê e aprova o orçamento proposto. A Assembleia
elege 34 membros, tecnicamente qualificados na área da saúde, para a Direção Executiva,
durante um mandato de três anos. As principais funções desta direção serão as de levar a
cabo as decisões e as regras da Assembleia, aconselhá-la e, de uma forma geral, auxiliar e
facilitar a sua missão.
A OMS é financiada por contribuições dos Estados-membros e doadores vários. Nos
últimos anos, o trabalho da OMS tem envolvido, de forma crescente, a colaboração com
entidades externas. Existem, atualmente, cerca de 80 parcerias com organizações não
governamentais e indústria farmacêutica, bem como com fundações como a Fundação Bill
e Melinda Gates e a Fundação Rockefeller. Com efeito, as contribuições voluntárias para a
OMS por governos locais e nacionais, fundações e ONGs, outras organizações da ONU e o
próprio setor privado excedem atualmente as contribuições estabelecidas (quotas) pelos 193
Estados-membros. Além dos Estados Observadores e das entidades listadas, os observadores
das organizações Cruz Vermelha e Federação Internacional da Cruz Vermelha entraram em
“relações oficiais” com a OMS e são convidados como observadores. Na Assembleia Mundial
da Saúde, eles atuam como representantes, igual aos de outros países.
A covid-19 e as vacinas
Nunca antes na história da humanidade, uma ação com vistas à criação de um imunizante
fora empreendida em tempo tão curto.
Desde o primeiro caso de coronavírus, identificado em dezembro de 2019, até a
oficialização das primeiras vacinas (testes), em fins de outubro de 2020, ao longo de dez
meses, diariamente, 24 horas por dia, praticamente toda a comunidade científica relacionada
à saúde no planeta se debruçou com vistas a que um elixir de expurgo deste vírus pandêmico
ganhasse forma. E o êxito aconteceu. No dia 11 de dezembro, na Inglaterra, uma senhora de
90 anos, de nome Margaret Keenan, foi vacinada com a primeira dose da vacina da Pfizer.
Após quase 1,5 milhão de mortes pelo globo, as vacinas se tornaram realidade, sendo,
inclusive, uma tábua de salvação já em meio à segunda onda de pandemia de covid-19,
em 2021, em várias partes do Mundo. Até maio de 2021, segundo a OMS, havia 14 vacinas
existentes e mais de 90 em fase de testes em humanos.

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Atualidades Mundo
Luis Felipe Ziriba

Uma vacina só pode ser disseminada após passar por, no mínimo, três fases, as quais
compreendem, via de regra:
• 1ª: um pequeno grupo de pessoas se candidata voluntariamente e recebe as doses;
• 2ª: um número maior de pessoas é imunizado, após ter-se comprovada a eficácia da
Fase 1;
• 3ª: número bem grande de testes após êxito com a Fase 2.
Após concluída a 3ª fase, as vacinas podem, assim, ser certificadas por agências
reguladoras dos países.
Três desafios se mostram bastante latentes nessa entrada de 2022 envolvendo as
vacinas e Atualidades. Vamos a eles:
• O primeiro é, sem dúvidas, o mais sério e reside em se convencer a população a se
vacinar. Simples assim. Há uma onda negacionista, e não estou aqui imprimindo juízo
de valor algum, mas, de fato, existem pessoas que não acreditam na eficácia da vacina,
ou alguma outra razão, e que optaram por não tomar as doses de vacinas para Covid.
No Brasil, o próprio presidente Jair Bolsonaro é partidário deste modo de pensar. Mas
é interessante que, mesmo assim, atingimos bons níveis de vacinação com duas doses.
Ultrapassamos, por exemplo, em dezembro, os EUA, um dos redutos globais de pessoas
que se negam a tomar a vacina (de novo, destaco não estar aqui fazendo juízo de valor
sobre este tema, apenas relatando, como é minha função de Professor de Atualidades),
com mais de 60% de toda a população vacinada com as duas doses.
• O segundo desafio consiste em se vacinar as crianças. Há muita negação em relação
a este ponto também, visto que elas são o menor grupo de risco. No Brasil, uma luta
vem sendo travada entre o presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores e os órgãos
institucionais, como Ministério da Saúde (onde a política do órgão, mesmo contra o
Ministro Pazuello, vem se demonstrando a favor de se vacinar as crianças) e a Anvisa,
instituições as quais preconizam essa “infantilização” na aplicação da vacina. No
exterior, segue, bem verdade, quase do mesmo jeito que aqui, com alguns países
avançados nesta questão e já outros ainda em fase de discussão.
• Por último, temos o desafio de acertamos entra a comunidade global e também
local como/onde e quando será(ão) usado(s) os tais passaportes de vacina. Ou
seja, como fazer funcionar este novo instrumento de checagem para que as pessoas
possam ter acessos os mais variados, seja em alfândegas ou até restaurantes e
cinemas. Será uma realidade, disso não há dúvida. Muita gente é contra, e você?

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Luis Felipe Ziriba

Covid: as boas notícias


Em: 06/10/2022
Segundo a OMS, de fato, a vida em muitos países voltou a parecer com o período anterior
à pandemia de Covid-19. Também pudera, depois de mais de 2 anos de pandemia, com
o êxito nas vacinas, o que se viu foi uma considerável diminuição nos casos ao redor do
globo. Em fins de agosto de 2022, mais de 1 ano e meio após a primeira vacina ser aplicada,
comemorou-se um número pequeno de mortes, na casa dos 10.000 registradas no mundo
por semana em fins de agosto de 2022. Esse indicador responde por algo em torno de 10%
do pico registrado em janeiro de 2021.
Contudo, a OMS, como não podia deixar de ser, alerta que não se deve esmorecer. Segundo
o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, 10.000
mortes podem parecer pouco se comparado ao cenário drástico ocorrido pouco tempo atrás,
e é, mas é muito ainda. A vacinação atingiu quase 2/3 da população global, e essa taxa de
imunização tem efeitos, sem dúvidas, positivos. Contudo, ainda existem grandes lacunas de
imunização, especialmente em países de baixa e média renda, contribuindo para a disseminação
do coronavírus. A transmissão em comunidades com baixos níveis de imunização também
contribui para o surgimento de novas variantes do vírus, lembra Ghebreyesus.

MATÉRIA: UOL COVID 2023


Em:https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2023/01/16/por-que-a-
pandemia-de-covid-esta-longe-de-terminar.html
O coronavírus praticamente desapareceu do debate público – mas ainda
está causando mortes
O coronavírus praticamente desapareceu do debate público – mas ainda está
causando mortes. No final de outubro de 2022, epidemiologistas e especialistas
em doenças infecciosas de todo o mundo começaram a observar uma tendência
preocupante. Segundo o epidemiologista britânico Adam Kucharski, estava em
andamento uma nova onda de covid-19, que vinha passando quase despercebida.
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Baixe aqui VivaBem UOL Os picos alarmantes de mortes e hospitalizações por
covid-19, que todos nós observamos durante os dias sombrios de 2020 e 2021,
foram substituídos por uma implacável sucessão de mortes diárias.
Vamos tomar um exemplo. No dia 21 de dezembro de 2022, houve 133 mortes
relacionadas à covid-19 na Inglaterra, segundo o governo britânico. Este número
pode ser considerado pouco significativo em comparação com 2020, quando as
pessoas morriam aos milhares devido ao vírus. Na mesma semana, 2.919 pessoas

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morreram de covid-19 nos Estados Unidos. Mas, como salientou Kucharski, mesmo
os baixos índices de mortes podem acumular-se ao longo do tempo, até atingirem
um número surpreendente, às vezes assustador....
O mesmo banco de dados indica que, em todo o ano de 2022, 46.099 pessoas
morreram de covid-19 na Inglaterra. O número está abaixo das 75.240 mortes
ocorridas em 2020 ou das 74.558 mortes de 2021, mas ainda é mais do que a
maioria de nós poderia esperar.
Em termos de comparação, durante uma temporada de influenza particularmente
forte, cerca de 30 mil pessoas podem morrer de gripe e pneumonia em todo o Reino
Unido. É muito difícil comparar os dados de diferentes países ao longo dos anos
em nível global. Os meios e critérios de determinação do que conta como morte
por covid vêm variando muito.
Mas a OMS reúne os números de mortes por covid informados por cada país,
individualmente. Estes dados podem dar uma ideia da escala da pandemia
Em 2022, pouco mais de 1,215 milhão de mortes de covid foram relatadas em
todo o mundo. É muito menos que os 3,505 milhões registrados no ano anterior,
mas ainda é um número de mortes enorme e com boas possibilidades de ser
significativamente subestimado com relação ao índice real.
Ainda assim, em muitos corredores do poder – e até em redações jornalísticas – de
todo o mundo, essas mortes contínuas raramente são mencionadas em comparação
com as inúmeras outras crises que estão acontecendo, como as guerras pelo
mundo, o custo de vida e as contas de energia. Mas, em todo o planeta, a covid-19
permanece presente.
“Fadiga do coronavírus”
Os cientistas admitem que provavelmente seria necessário acontecer algo drástico,
como o impacto de uma nova supervariante, para que isso viesse a mudar.
Ou, como diz Kucharski, ficamos tão concentrados no pico da curva das mortes
relativas à covid que acabamos menosprezando o lento crescimento do número de
mortes e como ele ainda pode acumular-se até somar um índice muito significativo.
“Vimos isso com a variante delta em 2021”, afirma Kucharski. “Não foi um pico
muito forte, mas foi muito mais longo. Com isso, o número total de hospitalizações
ficou muito próximo de 2020. Elas apenas foram distribuídas por um período muito
mais longo, já que o vírus não estava contagiando a população da mesma forma.”.

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A mesma tendência foi observada nos Estados Unidos. Cerca de 2 mil a 3 mil
americanos ainda morrem de covid-19 todas as semanas.
O epidemiologista William Hanage, da Universidade Harvard (EUA), afirma que
escreveu aos repórteres de um grande órgão de imprensa em julho de 2022,
informando que, se o número semanal de mortes daquela época fosse extrapolado
para um ano inteiro, seria equivalente a três temporadas de gripe particularmente
devastadoras. Mas este tipo de notícia não chega mais às manchetes com a mesma
rapidez.
“Os números realmente são muito altos”, afirma Hanage. “Mas uma das coisas que
acontecem com os seres humanos é que aquilo que é constante acaba se tornando
parte do dia a dia.”
“Nós realmente prestamos atenção quando existem picos muito altos”, afirma
Denis Nash, epidemiologista da Universidade da Cidade de Nova York, nos Estados
Unidos. “Com isso, criou-se uma situação em que as pessoas agora prestam menos
atenção ao que está acontecendo, a não ser que exista algo grande refletido nos
dados. Mas, quando você começa a olhar ao longo do tempo, realmente é assustador
ver quantas mortes ainda estão acontecendo hoje.”.
Para Nash e outros pesquisadores, uma das frustrações é saber que muitas das
mortes poderiam ter sido facilmente evitadas.
Hesitação sobre vacinas e reforços
Por trás dos inúmeros gráficos e ilustrações nos websites dos governos, é
surpreendentemente difícil penetrar nos números para entender completamente
quem ainda está morrendo de covid-19.
A única forma de realmente definir a narrativa dessas mortes é conversar com os
médicos na linha de frente dos hospitais. Segundo William Schaffner, professor de
doenças infecciosas do Centro Médico da Universidade Vanderbilt, em Nashville, no
Tennessee (Estados Unidos), as mortes ainda tendem a concentrar-se no mesmo
grupo mais vulnerável desde os primeiros dias da pandemia.
“As pessoas que estamos vendo hospitalizadas normalmente são idosos ou pessoas
mais jovens que são imunocomprometidas, devido a alguma doença ou remédio
que suprime o seu sistema imunológico”, afirma Schaffner. “São muitos grupos
de alto risco.”
O consultor do Hospital Geral do Norte de Manchester, no Reino Unido, Andrew
Ustianowski, apresenta um quadro similar.

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As mortes de que me lembro de ter acompanhado recentemente foram de pessoas


com forte imunossupressão ou muito frágeis, o que causou maior impacto da
covid”, afirma ele. “Isso nem sempre significa que elas morreram de covid. Elas
podem ter contraído covid no hospital, mas, na verdade, foi sua doença subjacente
que as matou.”
Muitos médicos acreditam que um dos problemas atuais, que torna esses indivíduos
ainda mais vulneráveis, é a lenta administração das vacinas de reforço, mesmo nos
grupos de alto risco.
Muitos médicos acreditam que um dos problemas atuais, que torna esses indivíduos
ainda mais vulneráveis, é a lenta administração das vacinas de reforço, mesmo nos
grupos de alto risco.
As últimas estatísticas demonstram que, ao todo, 26 milhões de indivíduos no
Reino Unido podem tomar o reforço, mas apenas a metade deles já recebeu suas
vacinas.
Nos Estados Unidos, a demora para tomar o reforço é ainda mais preocupante.
Apenas 29,6% dos norte-americanos com mais de 65 anos de idade receberam a
última dose.
Existem muitas razões que levam a esta tendência, desde problemas no acesso
às vacinas até a hesitação alimentada pelas tensões políticas e desinformação.
E existe também a “apatia da covid”, que deixa os políticos e o público em geral
ansiosos para deixar a pandemia para trás.
Em setembro de 2022, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou a
declarar que “a pandemia acabou”, enquanto as mensagens de saúde pública
foram ofuscadas por outras questões emergentes, como a varíola dos macacos,
a poliomielite e a tensão sobre os hospitais, causada pelo acúmulo de dois anos
de postergação de cirurgias.
Mas, embora perder um reforço possa ter pouco impacto sobre os indivíduos
relativamente saudáveis que acumularam imunidade híbrida de infecções passadas
e vacinações, as evidências vêm demonstrando repetidamente que a proteção
induzida pela vacina desaparece com rapidez entre as pessoas mais vulneráveis.
Em março de 2022, um estudo demonstrou que a imunidade cai dramaticamente
entre os idosos residentes em casas de repouso depois de apenas três meses.

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Os cientistas acreditam que governos e autoridades de saúde pública precisam fazer


mais para garantir que as pessoas em maior risco estejam totalmente conscientes
da importância da continuidade das vacinas.
“Meu argumento é que o custo contínuo da covid deveria ser menor do que estamos
tolerando”, afirma Hanage. “Podemos certamente reduzi-lo nos Estados Unidos,
vacinando melhor as pessoas.”.
“A combinação de falta de atenção política e da fadiga pandêmica fez com que
a sociedade tropeçasse na situação atual. Conheço pessoas que morreram sem
saber que tinham direito a reforços de vacina que provavelmente teriam salvado
suas vidas”, segundo ele”.
Proteger os vulneráveis
Como o impacto atual da covid-19 afeta, ainda mais desproporcionalmente, os
mais vulneráveis, vem se questionando se a sociedade como um todo deveria fazer
mais para protegê-los e encontrar formas de reduzir o número de mortes atual.
Existe também o temor de que os anticorpos monoclonais – proteínas cultivadas
em laboratório que suplementam o sistema imunológico do corpo –, como o Regen-
Cov da Regeneron e o coquetel de anticorpos Evusheld da AstraZeneca, estejam
perdendo rapidamente a eficácia contra as variantes mais novas. Acredita-se
que esses anticorpos tenham salvado a vida de muitas pessoas com sistemas
imunológicos comprometidos.
Como resultado, Hanage afirma que as variantes emergentes, como a BQ 1.1
(subvariante da ômicron), embora possam ter pouco impacto em nível populacional,
provavelmente contribuirão para a estabilidade do número atual de mortes entre
os mais vulneráveis.
“Parece muito claro que as terapias com anticorpos monoclonais para as pessoas
que delas necessitam serão menos eficazes”, afirma ele. “Isso significa que algumas
das pessoas mais vulneráveis poderão ter mais dificuldades para enfrentar infecções
pelos vírus que iremos encontrar neste inverno. Mas, como elas são uma minoria,
acho que, infelizmente, nossa tendência é de menosprezá-las.”
Até que ponto a variante XBB.1.5 é preocupante?
Em outubro de 2022, cientistas descobriram uma nova variante da covid-19 em
circulação em Nova York, nos Estados Unidos. Ela recebeu o nome de XBB.1.5 e
vem sendo descrita em alguns lugares como a “bisneta da ômicron”.

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Acredita-se que o vírus tenha se formado quando duas sublinhagens da ômicron


infectaram a mesma pessoa e trocaram alguns dos seus genes, de forma a produzir
versões ainda mais infecciosas.
Desde a sua identificação pela primeira vez, o avanço da XBB.1.5 foi rápido. No início de
janeiro de 2023, ela já havia se espalhado para 28 países. Nos Estados Unidos, ela superou
dezenas de outras variantes, até tornar-se uma das mais dominantes, representando
cerca de 28% dos casos.
Até o momento, a nova variante não parece ser mais letal do que suas concorrentes,
mas os cientistas receiam que ela possa continuar a se espalhar em todo o mundo.
Acompanhamento contínuo
As desigualdades originais da pandemia, de muitas formas, só cresceram ao longo
da sua progressão. Cientistas afirmam que existem medidas que podemos tentar
para estancar as traiçoeiras mortes atuais pelo vírus.
Os epidemiologistas alertam que, se formos complacentes demais para continuar a
compreender quem está morrendo pelo vírus e por que, provavelmente estaremos
despreparados se a tendência atual se alterar.
“A cada poucos meses, estamos vendo os esforços e o dinheiro sendo aplicados neste
tipo de coleta de dados diminuírem”, afirma a epidemiologista Emma Hodcroft, do
Instituto de Medicina Preventiva e Social da Universidade de Berna, na Suíça. “Para
mim, a questão sempre é como ter certeza de que temos dados suficientes para que,
se houver uma mudança, possamos realmente observá-la. E fazer recomendações,
advertências ou o que quer que precise ser feito.”
Ao mesmo tempo, os médicos afirmam que, embora todas as mortes sejam trágicas,
é preciso ter um grau de pragmatismo quando o assunto é o impacto da covid-19.
Ustianowski destaca que muitos sistemas de assistência médica em todo o mundo
possuem recursos limitados.
E, embora todas as mortes atuais pelo vírus pudessem ter sido completamente
evitadas se vacinas ou antivirais houvessem sido administrados a tempo, o mesmo
também vale para muitas mortes por doenças cardíacas, meningite ou outras
doenças crônicas.
“Temos intervenções que podem evitar que a saúde das pessoas se deteriore”,
afirma ele. “Estamos atingindo todas as pessoas que precisamos? Não, nem de
longe. Existe ainda espaço para melhorar com as intervenções? Sim. Mas você nunca

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terá uma situação perfeita e este é o panorama em todas as áreas do sistema de


saúde.”.
“Se pudéssemos intervir nas pessoas que fumam com 30 anos de idade, teríamos
menos câncer do pulmão e menos doenças cardíacas mais tarde. Por isso, é preciso
também ter um pouco de realismo nesta questão”, conclui Ustianowski.
Obs.: Os exercícios se encontram em nossa aula de Atualidades Brasil.

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