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Mamas

A.Situação

As mamas estão situadas na parede anterior do tórax, entre o esterno e uma linha vertical tangente ao limite ântero-medial da
axila. Estendem-se desde a terceira à sétima costela (PLATE 189; 176 I).

B. Forma e dimensões

As mamas são quase hemisféricas na mulher jovem. Com o aumento da idade e sobre influência da gravidez, as mamas ficam
penduradas e são separadas inferiormente da parede torácica, por um sulco submamário.

C. Configuração externa

A porção central da superfície anterior da mama é convexa e está ocupada por uma proeminência cilíndrica ou cónica, a papila
mamária ou mamilo (PLATE 188 cima; 175A I).

O mamilo mede aproximadamente 1 cm. A sua extremidade livre é arredondada e está percorrida por sulcos e repleto de
pequenas aberturas, os orifícios dos ductos lactíferos. O número destes orifícios, os poros lactíferos, varia de 10 a 20 (PLATE 188
cima; 175A I).

O mamilo está rodeado por uma superfície pigmentada anular, a aréola mamária. É rosada, na mulher jovem, mas escurece
desde o início da gravidez. A sua superfície é irregular devido à presença de pequenas eminências, tubérculos das glândulas
areolares, constituídas por volumosas glândulas sebáceas (PLATE 188 cima; 175A I).

D. Estrutura

1. Revestimento cutâneo

A pele fina e móvel da aréola mamária e do mamilo, estão ligadas a fibras musculares lisas subdérmicas, constituindo o músculo
areolar. Este é formado por fibras circulares e fibras radiadas. As fibras circulares aderem à pele na aréola e estendem-se até à base
do mamilo. As fibras radiadas apresentam uma direção perpendicular às circulares. Nascem da derme da aréola, ascendem o mamilo,
terminando na sua derme.

2. Glândula mamária

A glândula mamária apresenta praticamente a mesma forma da mama. É coberta por uma lâmina de tecido fibroso, a cápsula
fibrosa da glândula mamária. A superfície da glândula mamária é regular e quase plana na face posterior da massa glandular. A
restante superfície é muito irregular (PLATE 188 baixo; 175B I).

Esta glândula está localizada na espessura do panículo adiposo, que forma um revestimento quase completo. Nesta pode-se
distinguir uma camada posterior e uma camada anterior, unidas na periferia da glândula (PLATE 188 cima, 190; 175A I, 177 I).

A camada adiposa anterior ou camada preglandular está ausente na região da aréola mamária, onde a glândula se separa da
derme e do músculo areolar apenas por uma camada de tecido conjuntivo. No restante, os aglomerados de gordura desta camada estão
contidos em pequenos compartimentos. Nesta capa também se encontra um plexo arterial, formada por ramificações das artérias da
mama e uma rede venosa (PLATE 188 baixo; 175B I).

A camada adiposa posterior ou camada retroglandular é mais fina que a anterior. Não existem os compartimentos de gordura.
Nesta camada está presente uma rede arterial e numerosas veias (PLATE 188 baixo; 175B I).
E. Constituição

Um corte sagital da mama, que passe pelo mamilo, é diferente durante a lactação e durante períodos onde não há lactação.

Quando secreta, a glândula possui uma porção periférica branca e avermelhada e uma porção central mais consistente,
atravessada pelos ductos excretores da glândula.

Em repouso, a glândula forma uma massa esbranquiçada muito dura.

A glândula é constituída por várias glândulas independentes umas das outras, cada uma delas constitui um lóbulo e cada lóbulo
representa uma glândula que se divide em pequenos lóbulos e em ácinos (PLATE 188 cima; 175A I).

1. Ductos lactíferos

Cada lóbulo possui um ducto excretor, o ducto lactífero, no qual os ductos provenientes dos pequenos lóbulos terminam. Os
ductos lactíferos, com número igual aos lóbulos, dirigem-se até ao mamilo. Apresentam uma dilatação, o seio lactífero, e depois deste
vão para o ápice do mamilo, abrindo-se pelos poros lactíferos (PLATE 188 cima; 175A I).

F. Vasos e nervos

1. Artérias

A parte medial da mama está irrigada pelos ramos perfurantes da artéria torácica interna, que atravessam os primeiros seis
espaços intercostais. O ramo principal, rama mamária medial principal, atravessa o segundo espaço.

As partes laterais e inferiores recebem as artérias da artéria torácica lateral, subescapular, toracoacromial e torácica superior,
ramos da artéria axilar. A mais importante é o ramo mamário lateral principal. Por fim, recebe também alguns ramos das artérias
intercostais.

Normalmente, abordam a mama pela sua face superficial, enquanto que, as artérias retro glandulares são escassas.

2. Veias

Existe uma rede venosa superficial, especialmente durante a lactação e gravidez, que é o plexo venoso areolar, situado à volta da
aréola. Este plexo converte-se em veias superficiais das regiões vizinhas.

As veias profundas drenam nas veias torácicas laterais, na veia torácica interna e em veias intercostais posteriores.
3. Vasos linfáticos

Distinguem-se três categorias de coletores segundo sejam tributários dos nódulos linfáticos axilares, paraesternais ou
supraclaviculares (PLATE 190, 191; 177 I).

 Nódulos linfáticos axilares – Via principal. Os vasos linfáticos da mama drenam principalmente para uma rede subareolar, da
qual partem troncos linfáticos que se dirigem para a axila. Recebem os coletores provenientes das porções superior e inferior
da glândula e terminam nos nódulos linfáticos axilares peitorais.
Via transpeitoral – os coletores originados na face profunda da mama alcançam os nódulos linfáticos apicais. Estas vias
podem estar interrompidas por nódulos linfáticos axilares interpeitorais.
Via retropeitoral – outros vasos linfáticos rodeiam o bordo inferior do músculo peitoral maior e drenam nos nódulos
linfáticos apicais, passando posteriormente aos músculos peitorais ou entre o peitoral maior e menor.
 Nódulos linfáticos paraesternais – Existem troncos linfáticos que vêm da porção medial da glândula, atravessam o músculo
peitoral maior e os espaços intercostais, terminando nestes nódulos.
 Nódulos linfáticos supraclaviculares – Tronco linfático que se dirige diretamente desde a porção superior da glândula até aos
nódulos linfáticos supraclaviculares, passando inferiormente à clavícula. Este é pouco frequente.

4. Nervos

Os ramos cutâneos originam-se dos nervos supraclaviculares do plexo cervical, do ramo cutâneo anterior e do ramo cutâneo
lateral dos segundo, terceiro, quarto, quinto e sexto nervos intercostais. Estes inervam também a mama.

Sistema Genital Feminino


Este aparelho é composto pelos ovários, as trompas uterinas, o útero, a vagina e a vulva (PLATE 345 baixo; 347A I).

Ovários
Os ovários são os órgãos produtores de ovócitos. Contêm também os elementos de uma glândula de secreção interna.

A. Situação

São dois, um direito e um esquerdo. Estão situados na cavidade pélvica, posteriormente aos ligamentos largos do útero e
aplicados à parede lateral da cavidade pélvica (PLATE 348; 349 I).

B. Forma e aspeto

A sua forma é ovoide, ligeiramente achatada de lateral a medial, cujo eixo maior é quase vertical, na mulher que ainda não teve
filhos. Neste órgão podem distinguir-se duas faces, lateral e medial, duas margens, mesovárica e livre, e duas extremidades, tubárica e
uterina (PLATE 346 cima; 354A I).

A aparência do ovário muda durante a evolução. A sua superfície é lisa até à puberdade. Torna-se mais irregular pois vai sendo
coberta de salientes formadas pelos folículos ováricos vesiculares e pelas cicatrizes resultantes da sua rotura. Após a menopausa, os
ovários diminuem de volume, os folículos e as cicatrizes desaparecem e a superfície tende a ficar lisa e regular.

C. Dimensões

São pequenos. Têm aproximadamente 3,5 cm de altura, 2 cm de largura e 1 de espessura.

D. Consistência e cor

A consistência é firme. A sua cor é branca e rosada.

E. Relações
O ovário está quase completamente livre e descoberto na cavidade peritoneal. Apenas a sua margem mesovárica e extremidades
se unem, por uma parte, ao ligamento largo do útero, por um curto meso e, por outra parte, à trompa uterina e útero por ligamentos
cobertos pelo peritoneu. No resto da sua extensão, relaciona-se com os órgãos vizinhos por intermédio da cavidade peritoneal.

1. Face lateral

Mulher que não teve filhos (nulípara): O ovário, alongado verticalmente, está aplicado no peritoneu da parede lateral da cavidade
pélvica. Esta parede apresenta, na região ocupada pelo ovário, uma depressão, a fossa ovárica, onde se aloja a face lateral do ovário. A
existência desta fossa deve-se aos relevos que se formam ao redor dela: o ligamento largo do útero inferior e anteriormente, os vasos
ilíacos externos superiormente e os vasos ilíacos internos e o ureter posteriormente (PLATE 345 baixo; 347A I).

Nesta depressão, o ovário está em relação com os órgãos que cruzam o fundo da fossa: a artéria umbilical e o nervo e os vasos
obturadores. Na sua extremidade inferior, está cruzado pela artéria uterina.

Na multípara, o ovário está situado mais inferiormente. O seu eixo maior é oblíquo inferior e medialmente. A sua face lateral não
contacta com a fossa ovárica, mas sim com uma fossa mais pequena, a fossa subovárica. Esta está limitada anteriormente pela prega
de peritoneu que eleva o ureter, posteriormente pela parede posterior da pelve e inferiormente e medialmente pela prega retouterina.

2. Face medial

Esta face é convexa e está coberta pelo infundíbulo da trompa, que se dobra sobre o ovário. Está envolvida pelo mesossalpinge
(porção do ligamento largo que sustenta a trompa) (PLATE 348; 349 I).

3. Margem mesovárica
A margem mesovárica é anterior. Serve de inserção a um meso peritoneal muito curto, o mesovário, que une o ovário ao ligamento
largo do útero (PLATE 355 cima; 356A I).

O mesovário estende-se de uma extremidade do ovário a outra. Insere neste órgão seguindo uma linha sinuosa, a linha mesovárica.
Este circunscreve ao longo de toda esta margem um espaço estreito, o hilo do ovário, através do qual os vasos e nervos penetram no
parênquima ovárico. Ao longo e anteriormente a esta margem ascende a ampola da trompa uterina (PLATE 355 cima; 356A I).

4. Margem livre

A margem livre é posterior, convexa e mais grossa que a mesovárica. Na nulípara relaciona-se com o limite posterior da fossa ovárica,
ou seja, com os vasos ilíacos internos e o ureter. Na multípara, entra em contacto com a parede posterior da cavidade pélvica (PLATE
345 baixo; 347A I).

5. Extremidade tubárica

Esta extremidade é superior e arredondada. Na nulípara situa-se inferiormente aos vasos ilíacos externos. O ligamento suspensor do
ovário e a franja ovárica fixam-se a ela. A trompa uterina e o mesossalpinge cobrem-na (PLATE 345 baixo,355 cima; 347A I, 356A
I).

6. Extremidade uterina

Esta extremidade é menos grossa que a tubárica e permite a inserção do ligamento próprio do ovário (PLATE 355 cima; 356A I).

F. Meios de fixação e ligamentos do ovário

O ovário mantem-se na sua posição por intermédio do mesovário e do ligamento suspensor do ovário, a franja ovárica e o ligamento
próprio do ovário.

O mesovário é muito curto e permite ao ovário movimentos de “dobradiça” (PLATE 355 cima; 356A I).

O ligamento suspensor do ovário começa na proximidade de origem dos vasos ováricos. Começa na proximidade da origem dos vasos
ovários, terminando na extremidade tubárica e na margem mesovárica (PLATE 346 cima, 388; 354A I, 380 I).

A franja ovárica é um fascículo que une a extremidade tubárica do ovário com a superfície externa do infundíbulo da trompa uterina
(PLATE 355 baixo; 356B I).

O ligamento próprio do ovário é um cordão que se estende desde o corno do útero até à extremidade uterina do ovário (PLATE 355
baixo; 356B I).

De todos os ligamentos, apenas o mesovárico e o ligamento suspensório do ovário mantêm o ovário na sua posição normal. A franja
ovárica e o ligamento próprio do ovário têm a função de manter o ovário próximo dos órgãos vizinhos.

G. Vasos e nervos

As artérias do ovário vêm da artéria ovárica e da artéria uterina.

A artéria ovárica chega ao ovário seguindo o ligamento suspensório do ovário. Alcançando-o origina um ramo tubárico lateral, para a
trompa uterina e para a extremidade tubárica do ovário. Esta desce ao longo do hilo do ovário, dando origem a ramos que penetram no
ovário. Quando atinge a extremidade uterina, anastomosa-se com a artéria uterina (PLATE 355 baixo, 388; 356B I, 380 I).

As veias do ovário formam no hilo e no mesovário um plexo muito desenvolvido. Dirigem-se às veias ovárica e uterina (PLATE 355
cima, 388; 356A I, 380 I).

Os vasos linfáticos do ovário seguem o trajeto dos vasos ovários e drenam, à direita, nos nódulos linfáticos aórticos laterais e, à
esquerda, nos nódulos linfáticos pré-aórticos e aórticos laterais (PLATE 388).

Os nervos provêm do plexo intermesentérico por intermédio do plexo ovárico, que acompanha a artéria ovárica (PLATE 394
esquerda; 392A I).

Trompas uterinas
As trompas uterinas (de Falópio) são dois canais que se estendem ao longo da margem superior dos ligamentos largos do útero,
desde os cornos do útero à superfície do ovário (PLATE 348; 349 I).

A. Dimensões

O seu comprimento é cerca de 12 cm. O seu diâmetro aumenta de medial a lateral.

B. Divisão

Distinguem-se quatro partes nas trompas uterinas. De medial a lateral são: a porção uterina ou porção intramural, o istmo, a
ampola e o infundíbulo (PLATE 355 cima e baixo; 356A I, 356B I).

C. Forma, direção e relações com o ovário


1. Porção uterina ou porção intramural

Situada na espessura da parede uterina. Mede cerca de 1 cm. Começa por um orifício estreito, o orifício uterino da trompa, no
ângulo súpero-lateral da cavidade uterina. Atravessa a parede do útero seguindo um trajeto oblíquo lateral e superior e apresenta
continuidade no vértice do corno do útero com o istmo da trompa uterina.

2. Istmo da trompa uterina

Segue a porção uterina. Nasce do vértice do corno do útero, superior e posterior ao ligamento redondo do útero, e superior e
anteriormente ao ligamento próprio do ovário. Desde o útero, o istmo estende-se até à extremidade uterina do ovário.

3. Ampola da trompa uterina

A ampola é mais volumosa e longa que o istmo.

Na mulher nulípara, a ampola forma, com o istmo da trompa uterina, um ângulo reto e ascendente, situado ao longo da margem
mesovárica do ovário. Ao chegar à extremidade tubárica do ovário, curva-se posteriormente e depois inferiormente, descendo
verticalmente sobre a face medial do ovário, continuando-se com o infundíbulo.

Na mulher multípara, a ampola descreve a mesma curva e apresenta as mesmas relações, porém, ao descer, adota uma curva
cuja concavidade se orienta consoante a inclinação do ovário.

4. Infundíbulo da trompa uterina

A trompa uterina termina num funil largo, o infundíbulo da trompa uterina. A superfície externa ou periférica do infundíbulo
continua a superfície externa da ampola. É lisa e revestida pelo peritoneu até à origem das franjas. Apresenta no centro um
orifício que dá acesso à ampola, o orifício abdominal da trompa uterina.

A margem livre ou circunferência do infundíbulo apresenta pequenas língulas, as franjas da trompa uterina. Estas, de 10 a 15,
não são cobertas por peritoneu, ao contrário do infundíbulo. A sua superfície axial, aplicada sobre o ovário, normalmente é
irregular devido às franjas secundárias implantadas sobre estas.

D. Relações com o ligamento largo do útero


1. Mesossalpinge – Toda a trompa uterina, exceto a primeira porção, está contida no ligamento largo do útero, ocupando a
margem superior deste ligamento. O peritoneu do ligamento largo do útero proporciona um revestimento seroso. Este
continua-se medialmente no peritoneu uterino e lateralmente na superfície externa do infundíbulo, até às franjas. A trompa
uterina une-se ao ligamento largo do útero, através de um meso peritoneal denominado mesossalpinge. A mesossalpinge
aumenta a sua largura de medial a lateral. A trompa uterina está em relação com os órgãos contidos na espessura do
mesossalpinge (PLATE 346 cima, 355 cima; 354A I,356A I).
E. Configuração interna
A superfície interna da trompa uterina é percorrida no seu comprimento por pregas mucosas paralelas à direção do ducto. Estas
prolongam o infundíbulo, formando as franjas (PLATE 355 baixo; 356B I).
F. Estrutura
A trompa uterina é composta por quatro membranas sobrepostas. De superficial a profundo são: uma membrana serosa
peritoneal, uma membrana subserosa conjuntiva, uma membrana muscular e uma membrana mucosa.
G. Vasos e nervos
As artérias da trompa uterina provêm do arco arterial, formado no mesossalpinge, por um ramo da artéria ovárica e pelo ramo
tubárico, da artéria uterina (PLATE 386 baixo; 384B I).
As veias da trompa uterina seguem um trajeto semelhante às artérias, drenando nas veias ovárica e uterina (PLATE 386
baixo ,388; 384B I, 380I).
Os vasos linfáticos da trompa uterina unem-se aos coletores do ovário, drenando, na sua maioria, nos nódulos linfáticos
aórticos laterais.
Os nervos acompanham os vasos. Vêm do plexo intermesentérico, através do plexo ovárico, e do plexo hipogástrico inferior,
através do plexo uterovaginal (PLATE 394 esquerda; 392A I).

Útero
É o órgão destinado a conter o óvulo fecundado durante a sua evolução e expulsá-lo quando alcança o desenvolvimento
completo.
A.Situação

Está situado na cavidade pélvica, na linha média, entre a bexiga urinária e o reto, superior à vagina e inferior ao colon
sigmoide. (PLATE 350 cima; 352A I)

B. Forma (PLATE 355 baixo; 356B I)

Forma de um cone truncado, achatado de anterior a posterior, cujo vértice se orienta inferiormente. Apresenta, inferiormente à
sua parte média, um estrangulamento, o istmo do útero, que divide o órgão em duas partes: o corpo do útero, superior, e o colo do
útero, inferior.

O corpo do útero é triangular. A sua base orienta-se superiormente e o seu vértice, truncado, corresponde ao istmo do útero.

O colo do útero é mais estreito e menos volumoso que o corpo. A sua forma é comparada a um barril.

C. Dimensões

Na nulípara, o útero é mais pequeno que na multípara, principalmente na região do corpo.

D.Consistência

O útero no cadáver é duro ao tato. Durante a vida, é muito menos consistente.

E. Direção

Habitualmente, numa mulher com a pelve normal e com a bexiga e o reto vazios, o útero encontra-se em anteflexão e em
anteversão (PLATE 350 cima; 352A I).

A flexão corresponde à inclinação do corpo do útero sobre o colo. Em anteflexão, o corpo inclina-se anteriormente sobre o colo.

A versão é um movimento de rotação ou inclinação, onde o colo e o corpo giram ao redor de um eixo transversal, que passa pelo
meio do útero. Em anteversão, o corpo inclina-se anteriormente e o colo dirige-se posteriormente.

No entanto, existem bastantes variações por ser um órgão bastante móvel.

F. Configuração externa e relações


1. Corpo do útero

Devido à sua forma triangular, podem distinguir-se duas faces, três margens e três ângulos.

a. Faces

Face vesical ou anterior – é ligeiramente côncava e lisa, recoberta por peritoneu. Desce até ao istmo, onde se reflete sobre a
bexiga e forma o fundo de saco vesicouterino, através do qual descansa sobre a face póstero-superior da bexiga urinária (PLATE
350 cima; 352A I).

Face intestinal ou face posterior – é bastante convexa. Apresenta uma crista média que a divide em duas metades laterais. Está
totalmente coberta por peritoneu. Este peritoneu estende-se inferiormente ao istmo do útero e desce até à face posterior da vagina,
revestindo-a cerca de 2 cm. Esta reflete-se sobre o reto, constituindo o fundo de saco retouterino. Esta face relaciona-se com ansas
intestinais e com colon sigmoide, que descansa sobre ela (PLATE 350 cima; 352A I).

b. Margens laterais

As margens laterais são largas e arredondadas de anterior a posterior. Relacionam-se com os ligamentos largos do útero. Ao
longo destas margens estão presentes os vasos uterinos (PLATE 355 cima; 356A I).
c. Fundo do útero

Corresponde à margem superior. É grosso e arredondado de anterior a posterior. Ao longo do crescimento passa de côncavo a
convexo.

Está revestido pelo peritoneu e entra em contacto com as ansas intestinais ou com o colon sigmoide (PLATE 348; 349 I).

d. Ângulos

Os ângulos laterais correspondem aos cornos do útero e continuam-se com o istmo da trompa. De cada um destes também
parte o ligamento redondo do útero e o ligamento próprio do ovário (PLATE 350 cima e baixo; 352A I, 352B I).

O ângulo inferior confunde-se com o istmo do útero (PLATE 350 baixo; 352B I).

2. Istmo do útero

Resulta da união do corpo e do colo do útero. O istmo relaciona-se anteriormente com a margem posterior da bexiga urinária e
com o fundo de saco vesicouterino. As suas relações posteriores correspondem às relações da face posterior e das margens laterais
do corpo do útero (PLATE 350 cima, 355 baixo; 352A I, 356B I).

3. Colo do útero

As faces anterior e posterior do colo do útero são convexas. As suas margens laterais são grossas e arredondadas (PLATE 350
cima; 352A I).

A inserção da vagina divide-o em três partes: supravaginal, vaginal e subvaginal (PLATE 350 cima; 352A I).

a. Porção supravaginal

A sua face anterior une-se com a face póstero-inferior da bexiga através de um tecido celular pouco denso (PLATE 350 cima;
352A I).

A sua face posterior, coberta por peritoneu, corresponde ao fundo de saco retouterino e ao reto (PLATE 350 cima; 352A I).

As suas margens laterais relacionam-se: na sua porção superior, com os ligamentos largos do útero e, mais inferiormente, com
tecido conjuntivo e muscular liso, onde cruzam a artéria uterina e o uréter (PLATE 355 cima e baixo; 356A I, 356B I).

b. Porção vaginal

Constituída pela linha de inserção da vagina sobre o colo do útero. Esta é oblíqua inferior e anteriormente (PLATE 350 cima;
352A I).

c. Porção intravaginal

Esta porção sobressai na cavidade vaginal. É cónica, com o vértice arredondado e perfurado por uma abertura, o orifício
externo do útero, que dá acesso à cavidade uterina. Esta porção é diferente na mulher virgem, primípara e multípara. (PLATE 355
baixo; 356B I).

Mulher virgem – Esta porção é lisa, uniforme, firme e circular.

Mulher primípara – O vértice está achatado, consistência é menor e o orifício é alongado transversalmente.

Mulher multípara – A porção é reduzida, mas mais larga. A sua consistência é ainda menor.

Esta porção é separada da parede vaginal pelo fundo de saco vaginal ou fórnice da vagina, que se conhecem quatro segmentos:
anterior, posterior e dois laterais (PLATE 345 baixo; 347A I). A porção posterior é mais profunda e corresponde ao fundo de saco
retouterino. A porção anterior está menos marcada, pois o lábio anterior é menos saliente (PLATE 355 baixo; 356B I).

G.Configuração interna da cavidade uterina

O útero está escavado por uma cavidade estreita de anterior a posterior. Um estrangulamento, correspondente ao istmo do útero
divide a cavidade na cavidade do corpo e na cavidade do colo (PLATE 355 baixo; 356B I).

A cavidade do corpo é lisa e triangular. As suas paredes, anterior e posterior, estão ligadas. A base da cavidade é convexa, na
nulípara, ou côncava, na multípara, corresponde ao fundo de saco do útero. As margens laterais são convexas. Nos cornos
uterinos encontram-se os orifícios das trompas uterinas. O ângulo inferior comunica com a cavidade do colo pelo estreitamento
ístmico (PLATE 355 baixo; 356B I).

A cavidade do colo é fusiforme, mas achatada de anterior a posterior. Em cada uma das suas faces apresenta uma eminência
longitudinal, quase média, sobre a qual se implantam pregas oblíquas superior e lateralmente, as pregas palmadas. A extremidade
superior do colo do útero confunde-se com o istmo e chama-se orifício interno do útero (PLATE 355 baixo; 356B I).

1. Dimensões da cavidade uterina

São maiores nas mulheres que já tiveram filhos. O aumento das dimensões da cavidade apenas acontece no corpo,
permanecendo igual no colo.

H.Estrutura

A parede uterina é composta por três membranas que são, de superficial a profundo: uma membrana serosa, uma membrana
muscular e uma membrana mucosa.

1. Membrana serosa ou membrana peritoneal ou perimétrio

O peritoneu que reveste a face superior da bexiga urinária reflete-se sobre a face vesical do útero à altura do istmo. De seguida,
a serosa cobre a face vesical do corpo do útero, assim como o fundo e a face intestinal do órgão. Antes de se refletir sobre o reto,
reveste a porção superior da face posterior da vagina.

2. Membrana muscular ou miométrio

A membrana muscular apresenta uma disposição diferente no corpo e no colo.

No corpo, as fibras dispõem em três membranas: externa, média e interna. A membrana externa (fibras longitudinais e
circulares) é muito fina e que cobre as faces e o fundo do corpo do útero. A membrana média, muito grossa, chamada de
membrana plexiforme, envolve numerosos vasos. Devido ao elevado número de vasos, esta pode ser chamada de estrato vascular.
A membrana interna é constituída principalmente por fibras circulares.

No colo, o músculo é menos grosso do que no corpo. Distingue-se uma membrana média de fibras circulares e poucas
longitudinais.

3. Capa mucosa ou endométrio

É fina e adere ao músculo. Esta foi descrita na configuração interna do útero.

I. Ligamentos do útero

O útero fixa-se às paredes da pélvis por três pares de ligamentos, que são: os ligamentos laterais ou ligamentos largos do útero,
os ligamentos anteriores ou ligamentos redondos do útero, e os ligamentos posteriores ou pregas retouterinas. Os ligamentos
redondos do útero e as pregas retouterinas podem ser considerados expansões dos ligamentos largos do útero (PLATE 316 baixo;
327C I).

1. Ligamentos largos do útero


a. Disposição geral

O peritoneu das faces e do fundo de saco estende-se, desde as suas margens laterais, até às paredes laterais da cavidade pélvica.
Formando, em ambos os lados do útero, o ligamento largo do útero, que une o útero às paredes laterais da cavidade pélvica.
Assim, cada um destes ligamentos possui uma folha peritoneal anterior e uma posterior (PLATE 346 cima; 354A I).

Ao chegar à parede lateral da cavidade pélvica, o peritoneu continua-se com o peritoneu parietal da cavidade (PLATE 348; 349
I).

b. Orientação e direção

Os ligamentos estão orientados da mesma forma que o útero. Logo apresentam uma face ântero-inferior, orientada como a face
vesical, uma face póstero-superior, uma margem medial, unida à margem lateral do útero, uma margem lateral, unida à parede
lateral da cavidade pélvica, uma margem superior livre e uma margem inferior livre, correspondente ao períneo (PLATE 348; 349
I).

c. Configuração e relações

A face ântero-inferior está elevada pelo ligamento redondo do útero, que forma uma prega que se estende do corno do útero à
parede lateral da cavidade pélvica, a prega do ligamento redondo do útero. Esta face relaciona-se com a bexiga urinária (PLATE
348; 349 I).

A face póstero-superior é mais extensa e desce mais inferiormente que a face anterior. É irregular devido ao ligamento próprio
do ovário e ao mesovário. O primeiro eleva a folha posterior do ligamento largo do útero desde o corno até à extremidade uterina
do ovário. O mesovário continua lateralmente o ligamento próprio do ovário. Esta face contacta com as ansas intestinais e com o
colon sigmoide, que se apoiam nela (PLATE 346 cima; 354A I).

A margem medial une-se com a margem lateral do útero. Contem a artéria uterina, o plexo venoso uterino, linfáticos, nervos, o
ducto longitudinal do epoóforo e o paroóforo (PLATE 355 cima; 356A I).

A margem lateral fixa-se à parede lateral da cavidade pélvica, onde as duas folhas se continuam com o peritoneu parietal
(PLATE 348; 349 I).

A margem inferior está separada do períneo por tecido, que é atravessado pelo ureter e por vasos (PLATE 346 cima; 354A I).

A margem superior, livre, está situada na união das duas folhas do ligamento largo do útero, contém a trompa uterina e une-se
ao restante ligamento largo, através do mesossalpinge (PLATE 355 cima; 356A I).

d. Divisão do ligamento largo em duas partes

Neste ligamento distinguem-se duas partes: uma superior, mesossalpinge, e outra inferior, o mesométrio.

Mesossalpinge – esta parte é triangular. O seu vértice coincide com o corno do útero. A sua base é livre e é formada pela franja
ovárica e une o infundíbulo da trompa uterina à extremidade tubárica do ovário. A sua margem superior contém a trompa uterina.
A sua margem inferior continua inferiormente o ligamento largo do útero. (PLATE 355 cima; 356A I)

Mesométrio – Estende-se inferiormente ao mesossalpinge. A sua margem superior confunde-se com a margem inferior do
mesossalpinge. A sua margem medial corre ao longo da margem lateral do útero. A sua margem lateral corresponde à parede
lateral da cavidade pélvica. A sua margem inferior confunde-se com o ligamento largo do útero (PLATE 348, 355 cima; 349 I,
356A I).

e. Constituição

Os ligamentos largos do útero são formados por uma lâmina superficial ou de cobertura e por um conteúdo.

Membrana de cobertura – Nesta distinguem-se duas lâminas, uma anterior e outra posterior, que correspondem às duas faces
do ligamento e que se unem na sua margem superior. Cada uma destas é composta por uma folha peritoneal e por fibras
musculares lisas. Em algumas partes, unem-se em fascículos volumosos para formar os ligamentos redondos do útero
anteriormente e os ligamentos próprios do ovário e as pregas retouterinos posteriormente. (PLATE 346 cima; 354A I).

Conteúdo – Este é o conjunto de elementos compreendidos nos ligamentos, entre as lâminas da membrana de cobertura.

Conteúdo do mesossalpinge – Contem os ramos tubáricos das artérias e veias ováricas e uterinas, assim como o epoóforo e o
paroóforo, duas formações embrionárias (PLATE 355 baixo; 356B I).
O epoóforo é um resto da porção genital do mesonefro, situado na parte lateral e larga do mesossalpinge.

O paroóforo é um vestígio da porção urinária do mesonefro.

Conteúdo do mesométrio – Apresenta tecido fibrocelular, músculo liso, pequenas arteríolas, uma veia interpedicular. O uretér
não penetra no ligamento largo do útero, mas passa por um espaço inferior a esse ligamento.

2. Ligamentos redondos do útero

São cordões arredondados que se estendem dos cornos do útero até às regiões inguinal e púbica. Mede cerca de 15 cm e a sua
espessura diminui ao longo do trajeto. Desde a sua origem, dirigem-se anterior e lateralmente, inferior à folha parietal anterior do
ligamento largo do útero, que eles elevam, formando a prega do ligamento redondo do útero (PLATE 348; 349 I).

Estes ligamentos cruzam os vasos e nervos obturadores e os vasos ilíacos externos. Passam superiormente à artéria epigástrica
inferior e penetram no canal inguinal. Neste canal, o ligamento redondo do útero está rodeado, anterior e lateralmente pelo ramo
genital do nervo ilioinguinal, posteriormente pelo ramo genital do nervo genitofemoral e a artéria cremastérica (PLATE 355
baixo, 359 cima; 356B I, 360A I).

Este ligamento abandona o canal inguinal pelo anel inguinal superficial e divide-se em fascículos que terminam no tecido
célulo-adiposo do púbis e do lábio maior da vulva. No centro deste ligamento passa a sua artéria principal.

3. Pregas retouterinas

Fascículos conjuntivos e musculares lisos que nascem da face posterior do colo do útero, perto das margens laterais e do istmo.
Direcionam-se posterior e superiormente. Estas elevam o peritoneu formando uma prega côncava medialmente que limita
lateralmente o fundo de saco retouterino (PLATE 345 baixo; 347A I).

As pregas unem-se anteriormente e, no seu conjunto, descrevem uma curva em forma de ferradura, cuja concavidade posterior
abraça a prominência do reto (PLATE 346 cima; 354A I).

4. Ligamento próprio do ovário

Fibras que nascem do corno do útero, inferior e posterior à trompa uterina. Dirigem-se lateral e posteriormente, terminando na
extremidade inferior do mesovário e do ovário (PLATE 348; 349 I).

J. Meios de fixação

Estes ligamentos falados anteriormente, têm a função de fixar o útero na sua posição normal, sobre pressão de órgãos vizinho.
Porém, o dispositivo de suporte do útero é o períneo, que suporta o útero através da parede vaginal, sobre a qual repousa o colo do
útero.

K.Topografia geral do peritoneu pélvico na mulher

O útero e os ligamentos largos do útero dividem a cavidade pélvica em dois espaços, um anterior, o fundo de saco
vesicouterino, e um posterior, o fundo de saco retouterino. (PLATE 346 cima; 354A I)

Na cavidade pré-uterina encontram-se: na linha média, a região vesical que é côncava quando a bexiga está vazia e convexa
quando está distendida; lateralmente, a fossa paravesical, limitada, medialmente, pela margem lateral da bexiga, lateralmente,
pela abertura superior da pélvis e posteriormente pelo ligamento redondo do útero; posteriormente à fossa paravesical, está uma
pequena fossa pré-ovárica, entre o ligamento redondo (anteriormente), a trompa uterina, posteriormente, e os vasos ilíacos
externos lateralmente.

A cavidade retrouterina (PLATE 346 cima; 354A I) está dividida em dois andares pelas pregas retouterinas. O andar inferior é
o fundo de saco retouterino, cuja abertura côncava é limitada pelas pregas retouterinas. O andar superior está dividido pela
eminência que forma a artéria ilíaca interna e o ureter em duas pequenas fossas, a fossa ovárica, anterior, e a fossa subovárica,
inferior e posterior.
L. Vasos e nervos
1. Artérias

O útero recebe os seus vasos da artéria uterina (PLATE 316 baixo, 355 baixo; 327C I, 356B I).

Depois de ter cruzado o ureter, a artéria alcança o colo do útero, superiormente à porção lateral do fórnice da vagina e ascende,
ao lado do útero para se juntar à margem lateral do corpo do útero. Antes de chegar ao colo, a artéria fornece ramos
vesicovaginais, para a bexiga urinária e vagina, uma artéria cervicovaginal, para a parte inferior do colo e para a parede ântero
lateral da vagina. Dá também vários ramos para o colo (cerca de 6 ramos longos) e o corpo do útero (cerca de 8 ramos curtos, que
penetram no tecido muscular) (PLATE 316 baixo, 355 baixo; 327C I, 356B I).

2. Veias

As veias uterinas vertem nos plexos uterinos situados nos lados do útero. Estes anastomosam-se com as veias ováricas,
drenando nas veias ilíacas internas através das veias uterinas (PLATE 267; 257 I).

3. Linfáticos

Os vasos linfáticos do colo e do corpo do útero devem ser distinguidos. Porém, comunicam através das redes de origem através
de anastomoses do corpo e do colo do útero.

Os vasos linfáticos do colo do útero dirigem-se na sua maioria para os nódulos linfáticos ilíacos externos intermédios e
superiores.

Os vasos linfáticos do corpo do útero drenam nos nódulos linfáticos aórticos laterais, nos pré-aórticos, nos nódulos linfáticos
ilíacos externos intermédios e, por vezes, nos nódulos linfáticos inguinais superiores, superficiais e profundos.

4. Nervos (PLATE 394 esquerda, …; 392 A I e 394B I)


O útero é inervado pelo plexo uterino. Este nasce da margem anterior do plexo hipogástrico inferior, corre na parte ântero-
superior da prega retouterina e chega ao útero pela altura do istmo (PLATE 394 esquerda, 396; 392A I, 394B I).

Vagina
A. Situação e direção

A vagina é um canal existente desde o colo do útero até à vulva. Situa-se na cavidade pélvica, anteriormente ao reto, posterior à
bexiga urinária e inferior ao útero. A sua direção é oblíqua para inferior e anterior. Quando o reto e a bexiga estão vazios, a vagina
descreve uma curva côncava posteriormente. (PLATE 345 baixo; 347A I)

B. Forma e dimensões

Quando vazia, a vagina é achatada de anterior a posterior. A sua parede anterior é anexada à parede posterior em quase todo o
comprimento do canal, exceto nas extremidades. A extremidade superior tem a forma de cúpula, cuja concavidade coroa a porção
intravaginal do colo do útero. O extremo inferior está achatado transversalmente. Dessa forma, a fenda, em corte axial é circular
superiormente, ântero-posterior na sua extremidade inferior e no resto da extensão. A vagina tem cerca de 9 cm de comprimento. A
sua parede anterior é mais curta que a posterior.

C. Relações

Na vagina está presente uma face anterior, uma posterior, duas margens laterais e duas extremidades, uma superior e outra
inferior.

1. Face anterior

Anteriormente à vagina encontra-se, superiormente, a face póstero-inferior da bexiga urinária com a porção terminal dos
ureteres e, inferiormente, a uretra. A vagina encontra-se separado destes órgãos por uma membrana de tecido conjuntivo, cuja
densidade aumenta, de superior a inferior. Desta forma, de superior a inferior, a dificuldade de separar a vagina dos restantes órgãos
também aumenta. Inferiormente, e ao longo deste canal, o tecido conjuntivo constitui uma lâmina grossa que une a uretra à vagina, o
septo uretrovaginal (PLATE 345 baixo; 347A I).

2. Face posterior

A face posterior está revestida superiormente por peritoneu do fundo de saco retouterino. Inferiormente ao peritoneu, a vagina
liga-se ao reto até ao plano perineal. Porém, está separada pelo septo retovaginal, que é percorrida por alguns vasos e nervos. No
limite superior do períneo, a vagina e o canal anal separam-se: a vagina contínua o seu trajeto anterior e inferior, enquanto o canal
inclina-se inferior e posteriormente (PLATE 345 baixo; 347A I).

3. Margens laterais

Nestas margens distinguem-se duas partes: uma superior, intrapélvica, e uma inferior, perineal (PLATE 353; 355 I).

A porção intrapélvica compreende os dois terços superiores do canal. Corresponde ao tecido fibrocelular do espaço pelvi-retal
superior e numerosas ramificações arteriais e venosas vaginais, presentes no mesmo. Esta porção relaciona-se com o ureter, passa
lateralmente ao fundo da porção lateral do fórnice da vagina, e situa-se na face anterior do canal vaginal.

A porção perineal relaciona-se de superior a inferior e lateralmente com os fascículos mediais do músculo elevador do ânus,
que cruzam a vagina e se unem a ela, com o diafragma pélvico e o músculo transverso profundo do períneo e com o músculo
constritor da vulva, bulbo do vestíbulo e a glândula vestibular maior.

4. Extremidade superior

Insere-se no colo do útero, apoiando-se diretamente sobre a porção intravaginal do colo do útero (PLATE 350 cima; 352A I).

5. Extremidade inferior

A vagina abre-se no fundo do vestíbulo da vagina. Este orifício é estreito e está fechado por uma prega mucosa, o hímen
(PLATE 358; 359A I).

O hímen é uma membrana de espessura e forma variáveis, que se insere nas margens do orifício vaginal. Geralmente, é
semilunar.
Independentemente da sua forma, o hímen apresenta uma face superior ou vaginal, irregular, que se continua com a superfície
da vagina; uma face inferior ou vulvar, lisa e separada dos lábios menores; e uma margem livre. Este é rasgado na primeira relação
sexual.

A margem anterior da vagina apresenta, geralmente, uma eminência, a carina???? uretral da vagina.

D. Configuração interna

Na sua superfície interna existem pregas transversais que são engrossamentos da mucosa. Estas são chamadas de rugosidades
da vagina ou pregas da vagina, estão mais desenvolvidas nos seus dois terços inferiores (PLATE 353; 355 I).

Nas paredes anterior e posterior encontra-se uma eminência longitudinal media e larga, que se estende apenas na metade
inferior dessas paredes. Estas são as colunas rugosas. Normalmente, a anterior está mais desenvolvida. Começa na carina uretral da
vagina, bifurcando-se à altura do colo da bexiga urinária. Limitam com uma prega transversal o triângulo vaginal, cuja superfície
corresponde com o trígono vesical.

E. Estrutura

A parede vaginal é constituída por três membranas: uma membrana externa conjuntiva, uma membrana média de musculatura
lisa e uma membrana interna mucosa.

F. Vasos e nervos

As artérias da vagina são, de cada lado: superiormente, os ramos vaginais das artérias uterinas e o ramo cervicovaginal, assim
como a primeira artéria do colo do útero; na parte média, a artéria vaginal, e na parte inferior, a artéria retal média, que dá ramos à
parede posterior da vagina. Estas artérias anastomosam-se com as do lado oposto. Estas anastomoses formam, posteriormente, a
artéria ázigos da vagina. (PLATE 386 baixo; 384B I).

As veias da vagina formam aos lados da vagina, o plexo venoso vaginal, anastomosado superiormente com o plexo venoso
uterino, anteriormente com o plexo venoso vesical, inferiormente com as veias pudendas internas, e posteriormente com o plexo
venoso retal. As veias vaginais vertem diretamente na veia ilíaca interna ou num dos seus afluentes (PLATE 350 cima, 381; 352A I,
379 I).

Os vasos linfáticos da vagina seguem a artéria uterina e outros a artéria vaginal. Os primeiros são tributários dos nódulos
linfáticos ilíacos externos e os segundos dos nódulos linfáticos ilíacos internos (PLATE 388; 386 I).

Os nervos da vagina provêm do plexo hipogástrico inferior (PLATE 394 esquerda; 392A I).

Vulva ou genitais externos femininos


A vulva é o conjunto de órgãos genitais externos da mulher.

A. Configuração geral

A vulva está ocupada na sua parte central por uma depressão, cujo fundo se abre na uretra e na vagina. Esta chama-se vestíbulo
da vagina e está limitada em cada lado por duas dobras largas justapostas: o lábio maior da vulva lateralmente e o lábio menor da
vulva medialmente (PLATE 358; 359A I).

Os lábios maiores perdem-se anteriormente numa eminência média, o monte do púbis (PLATE 350 cima; 352A I).

Os lábios menores unem-se na sua extremidade anterior a um órgão eréctil, o clítoris (PLATE 350 cima; 352A I).

O clítoris é formado pela união dos corpos eréteis conhecidos como corpos cavernosos do clitóris. Outros dois órgãos eréteis,
os bulbos do vestíbulo, situam-se no fundo do vestíbulo da vagina, em ambos os lados do orifício vaginal (361A I).

Existem duas glândulas anexas à vulva, as glândulas vestibulares maiores (PLATE 360 cima; 361A I).

Lábios maiores da vulva


Os lábios maiores da vulva são duas grandes pregas cutâneas, longas de anterior e posterior e achatadas de lateral de medial. A
sua espessura é maior superior que inferiormente, ou seja, na margem aderente comparativamente à margem livre (PLATE 358; 359A
I).
A. Configuração e relações

Distinguem-se duas faces, duas margens e duas extremidades (PLATE 358; 359A I).

A face lateral está coberta de pelos e separada da coxa pelo sulco genitofemoral.

A face medial é lisa e rosada, relaciona-se com o lábio menor da vulva, limitando com este um sulco labial ou sulco
interlabial.

A margem superior é aderente e cobre os ramos isquiopúbicos, anteriormente, e a região urogenital, posteriormente.

A margem inferior é livre e arredondada, está coberta de pelos.

A extremidade anterior confunde-se com o monte do púbis.

A extremidade posterior perde-se nos tegumentos do períneo ou une-se, na linha média, com o do lado oposto, formando a
comissura posterior dos lábios.

B. Estrutura

Os lábios maiores são compostos por cinco membranas sobrepostas:

1. Pele
2. Membrana de fibras musculares lisas, que foram o dartos dos lábios maiores.
3. Panículo adiposo subcutâneo
4. Membrana fibroelástica
5. Corpo adiposo

Monte do púbis
O monte do púbis é uma eminência média e larga, situada anteriormente à vulva. Esta continua-se posterior e inferiormente
com os lábios maiores da vulva, enquanto que superiormente perde-se na parte inferior da parede abdominal. (PLATE 358; 359A I)

Lábios menores da vulva


Os lábios menores da vulva são duas pregas cutâneas de aparência mucosa, situados medialmente aos lábios maiores da vulva.
Medem cerca de 3 cm de comprimento e 1 cm de altura. A sua espessura aumenta desde a margem livre até à aderente.

A. Configuração e relações

Os lábios menores apresentam duas faces, duas margens e duas extremidades. (PLATE 358; 359A I)

A face lateral é lisa e está separada do lábio maior da vulva pelo sulco labial.

A face medial forma a parede lateral do vestíbulo da vagina.

A margem superior é aderente e relaciona-se com o bulbo do vestíbulo (PLATE 360 cima; 361A I).

A margem inferior é livre, fina, irregular e dentada.

A extremidade anterior está dividida em duas pregas secundárias: uma anterior, que se continua pela face dorsal do clitóris
com a do lado oposto, formando o prepúcio do clitóris, e uma posterior, que se insere com a do lado posto e na face inferior do
clitóris, formando o frénulo do clítoris.

A extremidade posterior é mais estreita e une-se ao extremo posterior do lábio menor do lado oposto, formando o frénulo dos
lábios menores.

B. Estrutura

Os lábios menores são constituídos por uma prega cutânea que contém tecido conjuntivo e elástico. São ricos em glândulas
sebáceas.

Clítoris
O clitóris é um órgão erétil formado pelos corpos cavernosos do clitóris e as suas túnicas.

A. Corpos cavernosos do clítoris

São análogos ao pénis. Inserem na margem inferior dos ramos isquiopúbicos, apenas na sua metade anterior. Estão cobertos
pelos músculos isquiocavernosos (PLATE 360 cima; 361A I).

Desde a sua origem, estes corpos dirigem-se anterior, superior e medialmente até atingir a parte anterior da extremidade
inferior da sínfise púbica, onde se unem para formar o corpo do clitóris. O corpo continua a direção dos corpos cavernosos e é
direcionado anterior e superiormente, mas altera a sua direção para inferior e posterior (PLATE 386 cima; 384A I).

O corpo do clitóris diminui de volume à medida que se separa da sua origem e termina numa extremidade cónica de vértice
arredondado, a glande do clitóris (PLATE 358; 359A I).

B. Túnicas do clitóris
1. Pele - O clitóris está coberto pelo tegumento da vulva, formando nas faces superior e lateral, o prepúcio do clitóris. A face
inferior apresenta um canal cujas margens permitem a inserção de pregas dos lábios menores, constituindo o frénulo do
clitóris.
2. Membrana celular – A pele do corpo está revestida por uma fina membrana de tecido celular.
3. Fáscia do clitóris – Uma lâmina fibroelástica, que forma ao redor do órgão erétil do corpo do clitóris uma bainha. Esta separa
os vasos e nervos superficiais dos profundos.

C. Ligamento suspensor do clitóris

O clitóris une-se a um ligamento suspensor. Os elementos que o compõe descendem desde a linha alba à sínfise púbica,
terminando na fáscia do clitóris. Alguns fascículos formam um apoio sobre o qual repousa o pilar do clitóris (PLATE 359 baixo e
cima, 360 cima; 361A I)

Bulbos do vestíbulo
Os bulbos do vestíbulo são dois órgãos eréteis anexos à vulva, situados em ambos os lados do orifício vaginal e externo da
uretra (PLATE 360 baixo; 361B I).

A. Configuração e relações

Os bulbos do vestíbulo apresentam uma forma ovoide, ligeiramente achatada de lateral a medial e cuja extremidade mais
volumosa é posterior.

Apresentam duas faces, duas margens e duas extremidades.

A face medial é contígua posteriormente com a glândula vestibular maior (PLATE 360 baixo; 361B I). Está coberta pelo
músculo constritor da vulva e relaciona-se, por intermédio desse músculo, com a extremidade inferior da uretra, da vagina e do
revestimento mucocutâneo do vestíbulo da vagina, ao longo da margem aderente dos lábios menores da vulva (PLATE 360 cima;
361A I).

A face lateral é convexa e está coberta pelo músculo bulboesponjoso, que separa o bulbo do vestíbulo do triângulo urogenital
(PLATE 360 cima; 361A I).

A margem superior relaciona-se com o plano médio do períneo e com a membrana perineal, que se fixa a ele (PLATE 360
baixo; 361B I).

A margem inferior percorre a margem aderente dos lábios menores da vulva (PLATE 360 cima; 361A I).

A extremidade posterior é volumosa e termina quase à altura da parte média do orifício vaginal (PLATE 360 baixo; 361B I).

A extremidade anterior estreita-se e comunica com o bulbo do vestíbulo do lado oposto e com as veias do clitóris através do
plexo venoso intermédio (PLATE 360 cima e baixo; 361A I, 361B I).

Glândulas vestibulares maiores


As glândulas vestibulares maiores estão situadas lateralmente à metade posterior do orifício vaginal. São alongadas de anterior
a posterior e achatadas transversalmente. O seu volume é variável. Estas são pequenas na puberdade, a partir daí aumentam
rapidamente de volume até à menopausa, diminuindo de volume (PLATE 360 cima e baixo; 361A I, 361B I).

A. Relações

A face medial está coberta pelo músculo constritor da vulva, medialmente a este encontra-se a parede vaginal (PLATE 360
cima; 361A I).

A face lateral adere, anteriormente, ao bulbo do vestíbulo e, posteriormente, ao músculo bulboesponjoso (PLATE 360 cima;
361A I).

A margem superior relaciona-se com o diafragma pélvico e com o músculo transverso profundo do períneo (PLATE 360
baixo; 361B I).

A margem inferior situa-se superiormente aos lábios menores da vulva (PLATE 360 cima; 361A I).

A extremidade posterior corresponde com os músculos transverso profundo e superficial do períneo (PLATE 360 cima e baixo;
361A I, 361B I).

A extremidade anterior está aderida ao bulbo do vestíbulo (PLATE 360 baixo; 361B I).

B. Ducto excretor

Este ducto, muito pequeno, emerge da face medial da glândula vestibular maior para se dirigir obliquamente para anterior e
medial, abrindo-se no sulco ninfo himenal (PLATE 360 baixo; 361B I).

Vestíbulo da vagina
O vestíbulo da vagina é a depressão vulvar limitada, lateralmente, pela face medial dos lábios menores da vulva, anteriormente,
pelo clitóris, e, posteriormente, pelo frénulo dos lábios da vulva (PLATE 358; 359A I).

O fundo do vestíbulo está separado dos lábios menores da vulva pelo sulco vestibular, chamado de sulco ninfo himenal ao
longo das margens laterais do himen. Neste último sulco, abrem-se os ductos excretores das glândulas vestibulares maiores. O teto do
vestíbulo está em grande parte ocupado pelos orifícios externo da uretra e vaginal. Posteriormente ao orifício vaginal, entre este e a
comissura posterior dos lábios, encontra-se a fossa vestibular (PLATE 358; 359A I).

Anteriormente ao orifício externo da uretra, o vestíbulo da vagina apresenta uma superfície triangular cujo vértice coincide com
o clítoris e a base com a papila uretral (PLATE 358; 359A I).

Vasos e nervos da vulva


A. Artérias

As artérias da vulva provêm das artérias pudendas externas, ramos da artéria femoral, e da artéria pudenda interna, ramo da
artéria ilíaca interna (PLATE 386 cima; 384A I).

As artérias do monte do púbis e da parte anterior dos lábios maiores e menores provêm das artérias pudendas externas. Os
lábios maiores da vulva recebem também ramos terminais da artéria do ligamento redondo.

As artérias da parte posterior dos lábios maiores e menores da vulva provêm da artéria perineal, ramo da artéria pudenda
interna (PLATE 386 cima; 384A I).

O clitóris e o seu prepúcio recebem as artérias cavernosas e as artérias dorsais do clitóris (PLATE 386 cima; 384A I).

O bulbo do vestíbulo é irrigado pelas artérias do bulbo do vestíbulo e uretral (PLATE 386 cima; 384A I).

A glândula vestibular maior recebe também ramos da artéria do bulbo do vestíbulo e perineal (PLATE 386 cima; 384A I).
B. Veias

As veias do monte do púbis e dos lábios maiores e menores dirigem-se às veias pudendas externas anteriormente e
posteriormente às veias perineais superficiais, e através destas para as veias pudendas internas . As dos lábios menores drenam para as
veias do bulbo do vestíbulo e do plexo venoso intermédio (PLATE 267; 257 I).

As veias do clitóris drenam nas veias superficiais e profundas do clitóris que percorrem a sua face dorsal, as primeiras
superficiais e as segundas profundas à fáscia do clitóris. Pode distinguir-se uma ou duas veias dorsais superficiais do clitóris principais
(direita e esquerda) que se dirigem à veia safena maior correspondente (PLATE 267; 257 I).

A veia dorsal profunda do clitóris termina no plexo venoso vaginal (PLATE 267; 257 I).

As veias do bulbo do vestíbulo, da glândula vestibular maior e do plexo venoso intermédio drenam em cada lado na veia
pudenda interna (PLATE 267; 257 I).

C. Vasos linfáticos (PLATES 388 e 389)

Os vasos linfáticos da vulva terminam em nódulos linfáticos inguinais superficiais, principalmente os súpero-mediais. Os vasos
linfáticos de uma metade da vulva podem drenar nos nódulos contralaterais.

Os vasos linfáticos das glândulas vestibulares maiores dirigem-se aos nódulos inguinais superficiais, principalmente os súpero-
mediais.

Dos diferentes órgãos da vulva, só a glande do clítoris possui um território linfático particular. Certos vasos linfáticos da glande
drenam em nódulos linfáticos inguinais profundas e outros dirigem-se aos ilíacos externos, após passar pelo canal femoral e canal
inguinal.

D. Nervos (PLATE 361)

Os nervos do monte do púbis e da parte anterior da vulva provêm dos ramos genitais dos nervos ilioinguinal e genitofemoral. A
parte posterior dos lábios maiores é inervada pelo ramo perineal lateral e pelo ramo superficial do nervo perineal, ramo do nervo
pudendo.

Os lábios menores recebem os nervos dos ramos superficial e profundo do nervo perineal. Além disso, o ramo profundo deste
nervo inerva o bulbo do vestíbulo.

Os nervos dorsais do clitóris inervam o clitóris. Os nervos vasomotores provêm dos plexos simpáticos que acompanham as
artérias que irrigam as glândulas vestibulares maiores e os bulbos do vestíbulo. Os dos corpos cavernosos originam-se no nervo
cavernoso do clitóris, do plexo hipogástrico inferior.

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