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Reconhecimento de Paisagem Cultural – NOVA FRIBURGO / RJ

Para o processo de reconhecimento da Paisagem Cultural de


NOVA FRIBURGO (RJ) deverão ser apresentados levantamentos cadastrais,
diagnósticos e proposições preliminares com vistas à construção de um plano
estratégico para preservação, incluindo a identificação dos agentes e possíveis
parceiros para o estabelecimento de um pacto com o Iphan, bem como outras
informações e análises que devem integrar os processos de reconhecimento
da Paisagem Cultural.

O conhecimento da Paisagem Cultural compreende a


caracterização da porção territorial em exame, e inclui proposições a partir de
trabalhos de levantamento, descrição e mapeamento de aspectos naturais e
culturais combinados.
Deve-se observar a estrutura física da paisagem, aliada aos
modos de vida tradicionais, às formas de ocupação territorial, aos aspectos
sócio-econômicos e às atividades habituais dos moradores, que conferem as
feições específicas do local visitado.
A caracterização técnica e sensível da paisagem cultural
analisada deverá gerar um diagnóstico capaz de apontar medidas necessárias
à preservação e ao desenvolvimento local. Deverá se desenvolver, em
conjunto com parceiros, o Plano Estratégico de Preservação para a área,
buscando envolver entidades e atores responsáveis pela criação e manutenção
do patrimônio.
O conhecimento sobre a localidade se dará pelo cruzamento dos
dados obtidos, gerando uma apreciação dos principais valores culturais,
ambientais e sócio-econômicos e também o diagnóstico de fragilidades,
incluindo ameaças e impactos ao patrimônio e à paisagem.

O conceito de Paisagem Cultural e a recente institucionalização


da chancela da Paisagem Cultural Brasileira é preservar o patrimônio cultural
de forma abrangente, abordando de maneira integrada e complementar as
dimensões materiais e imateriais do patrimônio, envolvendo aspectos
geográficos da paisagem e atividades sócio-econômicas que tradicionalmente
ali se desenvolvem.
Trata-se de uma linha de trabalho inovadora e importante, dado o
desafio de preservar a paisagem e o patrimônio cultural conjugando-os aos
processos de desenvolvimento local e às necessidades sociais de geração de
renda.
Será necessário realizar um levantamento de instituições e
demais entidades que aponte para uma perspectiva de ação conjunta entre
Iphan, Ministérios, Governos do Estado, Municípios e organizações com
interesse na preservação.
O Plano Estratégico de Preservação para a área deverá prever o
desenvolvimento de ações que contribuam para a proteção do patrimônio e o
desenvolvimento econômico das localidades, fomentando projetos em várias
frentes de atuação.
A preservação efetiva e eficaz do patrimônio histórico e cultural de
NOVA FRIBURGO e de suas áreas de entorno está intimamente relacionada
com a compreensão dos processos econômicos, sociais e evolutivos do local.
Deverão ser indicadas as soluções que atendam à demanda social da
atualidade, atrelando a cultura em processos de desenvolvimento.
Por isso, é necessário um diagnóstico crítico e ao mesmo tempo
propositivo, que possibilite a análise apurada das condições locais,
identificando problemas, potencialidades e caminhos a serem seguidos, e que
subsidie uma proposta de zoneamento para uma porção territorial que possa
receber a chancela de Paisagem Cultural Brasileira e a construção de um
Plano Estratégico de Preservação.
O reconhecimento da Paisagem Cultural é indicado
principalmente para contextos naturais, econômicos e sociais dinâmicos, daí a
necessidade dos diagnósticos amplos e dos planos.

Levantamentos necessários para análise da pertinência da chancela de NOVA


FRIBURGO como paisagem cultural brasileira:

Identificar e mapear, no núcleo histórico e paisagístico de NOVA


FRIBURGO e áreas do entorno, potenciais para o desenvolvimento urbano e
econômico sustentável, considerando como foco principal a preservação e a
valorização das manifestações do patrimônio cultural da região indicada.
O principal objetivo dos levantamentos para o conhecimento da
Paisagem Cultural de NOVA FRIBURGO é recolher informações para a gestão
compartilhada da área.
Deve-se mapear e caracterizar as principais potencialidades da
região, incluindo os pontos positivos e negativos. Entende-se como pontos
positivos aqueles que agregam valor aos bens protegidos e às manifestações
culturais da região, devendo ser reconhecidos e estimulados (caso encontrem-
se defasados ou em risco de desaparecimento), e preservados, através de
projetos especiais e regulamentações específicas. Consideram-se pontos
negativos aqueles que representam risco à preservação do patrimônio cultural,
da paisagem e ao desenvolvimento sustentável da região, devendo ser
desestimulados ou substituídos.
As informações e os dados coletados e analisados devem ser
estrategicamente selecionados, interpretados e sintetizados, servindo às
necessidades práticas da administração pública. Será necessário realizar
análise crítica e elaborar um diagnóstico real do ambiente geográfico e da
situação econômico-social, com vistas à gestão e preservação do patrimônio
cultural.
Nesse sentido, são alguns dos temas a serem abordados, quando
couber e caso mostrem-se significativos:
- Caracterização geral dos aspectos naturais: as condições
geológicas e topográficas, as condições climáticas; as regiões hidrográficas e
as bacias com seus principais rios; a costa litorânea; a formação geográfica;
levantamento paisagístico e florístico; caracterização da fauna local etc.
- Caracterização geral dos aspectos naturais e culturais combinados:
aspectos geográficos da paisagem e atividades sócio-econômicas que
tradicionalmente ali se desenvolvem, particularmente as que tornam a
paisagem específica. A contratada deve observar os diferenciais culturais da
região, assim como entender o que move a economia, o que gera dinamismo
local e que se reflete na caracterização cultural e na paisagem.
- Atividades e potenciais econômicos: Principais atividades
desenvolvidas na área urbana e/ou rural; a produção agrícola, pesqueira ou
outra; o mercado atual e tendências dos principais produtos da região,
incluindo pequeno diagnóstico sócio-econômico do conjunto das propriedades
existentes na área. Destacar casos específicos por exemplaridade. E verificar
as possibilidades de estímulo – incluindo a possibilidade de criação de
cooperativas, pequenas indústrias e promoção do artesanato.
- Atividades e potenciais turísticos: Identificação de atrativos
turísticos, com dados sobre a localização, as formas de apropriação local etc.
Se a atividade turística já existir, identificar número, origem, faixa etária e renda
média de visitantes; estrutura de hospedagem; atividades desenvolvidas
durante a visitação; tempo médio de permanência; objetivos da viagem;
sinalização turística e interpretativa existentes nos locais de visita; localização
de pontos de informação e serviços disponibilizados nestes pontos, etc.
Deverão ser apontadas as potencialidades e fragilidades da atividade turística,
indicando alternativas de ação neste setor.
- Atividades e potenciais sócio-culturais: Identificação de setores
estagnados e ativos; identificação de atividades e grupos que possam ser
estimulados através de programas de incentivo, intercâmbios culturais e outras
formas de fomento e valorização das atividades culturais locais, incluindo
culinária, língua, música, dança, artesanato e outras.
- Atividades e potenciais educativos: Identificação, na rede escolar
local, dos conteúdos disponibilizados aos estudantes sobre a história local e
sua relação com o contexto nacional, a apropriação que se faz do patrimônio
cultural da região e os potenciais de projetos que envolvam educação e
patrimônio cultural.
- Ocorrências do patrimônio imaterial: caracterizar as principais
ocorrências de valor imaterial, incluindo os saberes tradicionais; as celebrações
e festividades, com datas e número de participantes; as formas de expressão e
os lugares onde se concentram e se reproduzem práticas culturais coletivas.
- Atividades de artistas e artesãos locais : listar quais são os
principais artistas e artesãos locais; caracterizar sua produção, o número de
pessoas envolvidas e as modalidades de exposição.
- Caracterização histórica, etno-histórica ou arqueológica: pesquisa
histórica referente à ocupação do território, contemplando o período pré-
histórico até o atual. Visa a identificação de grupos nativos, quilombolas e
comunidades específicas; bem como de remanescentes materiais que revelam
outros períodos, englobando estruturas associadas e vestígios antrópicos de
transformação da paisagem.
- Caracterização do patrimônio material: conjuntos urbanos,
edifícios, sítios arqueológicos, bens móveis e integrados. Prioriza-se a
localização dos bens, seu uso atual, o estado de conservação, a integridade, a
ocupação e, complementarmente, a ocorrência de bens móveis integrados.
Outro fator para conhecimento é descobrir quais os eventuais
instrumentais de proteção incidentes na área existentes no Iphan e em outras
instituições que preservam o ambiente, ou as tradições sociais. Como
decorrência, é importante formar um banco de dados com instituições,
organizações, prefeituras e parceiros potenciais para o desenvolvimento
conjunto de um Plano Estratégico de Preservação. O Iphan julga importante
subsidiar ações de gestão do patrimônio cultural e natural, de forma integrada e
complementar, posicionando o Patrimônio Cultural como um ativo para o
desenvolvimento sócio-econômico e sustentável da região.
Além disso, do ponto de vista do desenvolvimento urbano e das
estratégias necessárias para a preservação da região ou do local, será
necessário desenvolver mapas e diagnósticos com informações sobre:
- Evolução da malha urbana (mapa com cronologia da ocupação
urbana, marcando os principais momentos de expansão do núcleo)
- Vias de acesso e deslocamento interno (identificando os principais
eixos de acesso, modos de mobilidade – a pé, de automóvel, de ônibus, etc...,
estrutura viária e lugares de parada – ônibus, táxi, estacionamentos, etc...)
- Tipologias, gabaritos e uso do solo urbano (caracterizando e
zoneando setores componentes das áreas em estudo; identificando pontos e
fatores de pressão por crescimento ou adensamento urbano; locais ou zonas
com potencial de absorver a demanda por crescimento; locais ou zonas de
preservação especial; espacialização dos usos e atividades desenvolvidas na
malha urbana – comércio, serviços, hotelaria, pontos de visitação, habitação,
escolas, etc...).

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