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Igualdade Fundamental
Nos princípios islâmicos fundamentais, homens e mulheres são considerados iguais
perante Deus. Ambos têm responsabilidades religiosas e são responsáveis por suas ações
e crenças individuais. No entanto, a igualdade de gênero nem sempre é plenamente
realizada na prática, devido a interpretações culturais e tradicionais que podem limitar os
direitos e oportunidades das mulheres em algumas sociedades islâmicas.
Hijab e Vestimenta
O hijab, é o lenço usado pelas mulheres muçulmanas para cobrir os cabelos e o corpo, é
muitas vezes visto como um símbolo de modéstia e castidade. A obrigatoriedade ou
interpretação do hijab pode variar amplamente, e muitas mulheres escolhem usar ou não
usar o hijab por razões pessoais.
Casamento e Família
O Islão coloca grande ênfase na família, e o casamento é considerado uma parte
importante da vida. As mulheres têm o direito de escolher os seus maridos e não podem
ser forçadas a casar contra a sua vontade, de acordo com os princípios islâmicos. Além
disso, as mulheres têm direitos de herança, direitos sobre a educação dos filhos e direitos
de divórcio.
Educação e Trabalho
O Islão não proíbe as mulheres de receberem educação ou de trabalhar fora de casa. Na
verdade, há muitas mulheres muçulmanas altamente educadas e bem-sucedidas em
várias profissões em todo o mundo islâmico. No entanto, novamente, a prática pode variar
dependendo da cultura e das interpretações locais.
O Islã é uma religião diversa com uma ampla gama de interpretações e práticas, e as
experiências das mulheres no Islã podem ser muito diferentes com base em fatores como
cultura, tradição, localização geográfica e contexto político. Além disso, muitas mulheres
muçulmanas são ativas em esforços para promover a igualdade de gênero e os direitos
das mulheres dentro do contexto islâmico.
O Corão
Direitos de Herança
O Alcorão estabelece diretrizes específicas sobre a distribuição da herança. Em geral, as
filhas e as esposas têm direito a uma parte específica da herança de um falecido parente
ou cônjuge, dependendo do número de herdeiros e outros fatores (Surata An-Nisaa, 4:7-
14).
Casamento e Divórcio
O Alcorão estabelece regras para o casamento e o divórcio. As mulheres têm o direito de
consentir no casamento e não podem ser forçadas a se casar contra sua vontade (Surata
An-Nisaa, 4:19). Também têm direito ao divórcio, com direitos de custódia dos filhos e
direitos financeiros (Surata At-Talaq, 65:1-7).
Modéstia e Vestimenta
O Alcorão instrui as mulheres e os homens a praticar a modéstia em suas vestimentas e
comportamento. A questão do hijab (vestimenta modesta) é frequentemente discutida com
base em várias interpretações do Alcorão (Surata An-Nur, 24:31). Algumas interpretações
consideram o uso do hijab como um mandato religioso, enquanto outras o veem como
uma recomendação de modéstia.
Educação e Trabalho
O Alcorão não proíbe as mulheres de buscar educação ou de trabalhar fora de casa. De
fato, o Alcorão encoraja a busca do conhecimento (Surata Al-Mujadila, 58:11) e a
capacitação econômica das mulheres (Surata An-Nisaa, 4:32).
Participação na Sociedade
O Alcorão não proíbe a participação das mulheres na sociedade ou na vida política. O
Alcorão enfatiza a justiça e a igualdade, e muitas mulheres muçulmanas têm ocupado
posições de liderança em diferentes épocas da história islâmica.
É importante destacar que essas são diretrizes gerais encontradas no Alcorão. A
interpretação e a aplicação dessas regras podem variar de acordo com a cultura, a escola
de pensamento islâmico e a interpretação individual.
A discrepância entre a essência do Alcorão (Corão) e a sua prática real
A discrepância entre o que é prescrito no Alcorão (ou Corão) e a prática real em algumas
sociedades muçulmanas pode ser um fenômeno complexo e multifacetado. Essa
disparidade é influenciada por uma série de fatores, incluindo interpretações culturais,
sociais, políticas e religiosas, bem como variações na interpretação das escrituras
sagradas.
É importante destacar que essas discrepâncias não são exclusivas do Islã. Em muitas
religiões e culturas, há uma diferença entre os princípios religiosos e as práticas reais
devido a fatores sociais, culturais e políticos complexos.
Muitos muçulmanos e líderes religiosos estão envolvidos em esforços para promover
interpretações mais progressistas e igualitárias do Islã, bem como para desafiar práticas
que não estão alinhadas com os princípios islâmicos autênticos. A compreensão e a
prática do Islã continuam a evoluir, e o debate sobre essas questões é parte integrante da
vida e do pensamento dentro do mundo muçulmano.
O feminismo islâmico
Este movimento procura a igualdade de genero dentro do contexto do Islã e das
sociedades muçulmanas. Ele aborda questões relacionadas aos direitos das mulheres, à
justiça de gênero e ao empoderamento das mulheres, enquanto respeita e se baseia nos
princípios e valores do Islã.
O feminismo islâmico defende a igualdade de gênero em todos os aspectos da vida,
incluindo direitos legais, educação, trabalho, participação política e acesso a recursos. Ele
busca eliminar práticas discriminatórias que afetam as mulheres em contextos
muçulmanos.
O Islão, na sua essência, concede direitos e dignidade às mulheres. Eles baseiam seus
argumentos em princípios do Alcorão e na tradição do profeta Muhammad que enfatizam a
justiça e a igualdade de tratamento para todos os muçulmanos, independentemente do
gênero.
É importante destacar que o feminismo islâmico não é uma única ideologia ou movimento
homogêneo, e as opiniões e abordagens podem variar amplamente. No entanto, todos os
defensores do feminismo islâmico compartilham o objetivo comum de melhorar a situação
das mulheres dentro do contexto islâmico, enquanto respeitam os princípios e valores
islâmicos.
Apresentação do objeto cultural: ‘Persépolis’ (2007).
No filme acompanhamos Marje, uma iraniana de 10 anos que cresceu no meio da Revolução
Islâmica que transformou o Irão em uma república extremamente conservadora que se baseia
na Sharia. Na sua infância, Marje cresceu em meio a uma família comunista que se opõe ao
regime do imperador, acompanhamos todo o processo revolucionário da altura.
O filme demonstra claramente os atos machistas fomentados pela religião e ainda a ser
ensinado nas escolas. Aos poucos o filme mostra a obrigação do uso do véu pelas mulheres,
onde aquelas que optam por não seguir completamente o que lhe foi imposto são tratadas
como um mero objeto pelos homens. Há também o fator da perseguição política, o que faz
com que muitos sejam executados por ir contra o regime da altura. Além disso, são ressaltados
pelo filme, elementos da cultura ocidental que são reprimidos pela nova política, como
também tudo aquilo que não era aceite pelos religiosos passaram a ser proibidos, tais como
festas e bebidas alcoólicas. Privando o povo iraniano da liberdade pelo próprio governo.
Para afastar Marje da guerra e do regime, a família decide mandá-la para Viena. Nesta parte
da sua vida, a obra ressalta a xenofobia sofrida por Marje na Áustria, em que esta, por vezes,
opta por mentir acerca das suas origens com o intuito de não ser vítima de preconceitos.
Com o tempo estas atitudes preconceituosas fazem Marje tomar a decisão de voltar ao Irão.
De volta ao Irão, já com o fim da guerra, Marje depara-se com depressão devido ao que
passara em Viena, e por estar tanto tempo fora de seu país, na volta ao seu país natal
deparou-se com a sensação de que era, também, uma estrangeira na sua própria casa.
Depois de uma noite em que teve uma realização, Marje decide ir para a universidade. Onde
nos deparamos com vedações impostas pela religião e o quadro da Vênus de Botticelli riscada
por causa da nudez. E onde impõem em certo ponto o uso de roupas largas e véus mais
longos, como também a proibição do uso de maquiagem às estudantes, com a justificação de
não provocarem os estudantes masculinos, enquanto a estes não foi imposto qualquer
controlo na aparência.
A opressão tornou-se tão forte para Marje que a mesma decide casar-se com um rapaz que
conheceu para não sofrer de imposições tolas, pois Marje acabou por ser presa por ser vista de
mãos dadas com o seu parceiro sem terem qualquer tipo de relação matrimonial e foi levada e
interrogada sobre a sua relação o qual deu em ser acusada a chicoteadas, mas os pais pagaram
a fiança e ela saiu em liberdade. Apesar disso tudo a relação torna-se insustentável, acabando
por se divorciar do marido e decidir morar na França, onde, com esperança, receberia
finalmente a sua desejada liberdade, e nunca mais voltar para o Irão.
Compreendo perfeitamente que o processo de mudança é longo e turbulento, mas temos que
começar mais tarde ou mais cedo, no filme notamos que as opressões exercidas são
consentidas pelo pensamento e ideologias de algumas pessoas, mas isto porque aprenderam
no meio em que cresceram, que as suas ideologias são absolutas e lógicas, e isto leva o
processo de aceitação de diferentes mentalidades mais lento e difícil.
Persépolis é, sem dúvida alguma, uma animação que identifico como essencial para a
comunidade em geral. Temos que mostrar que nenhum regime ou mentalidade tem que ser
forcada nas pessoas e que devemos preservar a nossa liberdade a todo o custo.
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