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Introdução

A posição da mulher no Islão é um tópico complexo que pode variar significativamente


dependendo da sua interpretação e da cultura das diferentes regiões islâmicas. O papel
das mulheres no Islão, e as opiniões e práticas podem variar consideravelmente.

Igualdade Fundamental
Nos princípios islâmicos fundamentais, homens e mulheres são considerados iguais
perante Deus. Ambos têm responsabilidades religiosas e são responsáveis por suas ações
e crenças individuais. No entanto, a igualdade de gênero nem sempre é plenamente
realizada na prática, devido a interpretações culturais e tradicionais que podem limitar os
direitos e oportunidades das mulheres em algumas sociedades islâmicas.

Hijab e Vestimenta
O hijab, é o lenço usado pelas mulheres muçulmanas para cobrir os cabelos e o corpo, é
muitas vezes visto como um símbolo de modéstia e castidade. A obrigatoriedade ou
interpretação do hijab pode variar amplamente, e muitas mulheres escolhem usar ou não
usar o hijab por razões pessoais.

Casamento e Família
O Islão coloca grande ênfase na família, e o casamento é considerado uma parte
importante da vida. As mulheres têm o direito de escolher os seus maridos e não podem
ser forçadas a casar contra a sua vontade, de acordo com os princípios islâmicos. Além
disso, as mulheres têm direitos de herança, direitos sobre a educação dos filhos e direitos
de divórcio.

Educação e Trabalho
O Islão não proíbe as mulheres de receberem educação ou de trabalhar fora de casa. Na
verdade, há muitas mulheres muçulmanas altamente educadas e bem-sucedidas em
várias profissões em todo o mundo islâmico. No entanto, novamente, a prática pode variar
dependendo da cultura e das interpretações locais.

Participação Política e Social


As mulheres têm o direito de participar na vida política e social de acordo com os
princípios islâmicos. Em alguns países islâmicos, as mulheres têm ocupado cargos de alto
escalão, incluindo chefias de governo.

Direitos Humanos e Desafios


É importante observar que, em algumas partes do mundo islâmico, as mulheres enfrentam
desafios em relação aos direitos humanos, como a mutilação genital feminina, casamentos
forçados, violência doméstica e restrições aos direitos reprodutivos. Essas questões não
são exclusivas do Islã, mas podem ocorrer em contextos culturais específicos.

O Islã é uma religião diversa com uma ampla gama de interpretações e práticas, e as
experiências das mulheres no Islã podem ser muito diferentes com base em fatores como
cultura, tradição, localização geográfica e contexto político. Além disso, muitas mulheres
muçulmanas são ativas em esforços para promover a igualdade de gênero e os direitos
das mulheres dentro do contexto islâmico.

O Corão

Principais diretrizes relacionadas às mulheres no Islã, conforme estabelecidas pelo


Alcorão
Igualdade Fundamental
O Alcorão enfatiza a igualdade fundamental entre homens e mulheres perante Deus. Em
várias passagens, o Alcorão afirma que Deus criou homens e mulheres como parceiros e
companheiros uns dos outros (por exemplo, Surata An-Nisaa, 4:32). Ambos são
responsáveis por suas ações, têm obrigações religiosas semelhantes, como oração e
jejum, e são recompensados ou punidos com base em suas ações individuais.

Direitos de Herança
O Alcorão estabelece diretrizes específicas sobre a distribuição da herança. Em geral, as
filhas e as esposas têm direito a uma parte específica da herança de um falecido parente
ou cônjuge, dependendo do número de herdeiros e outros fatores (Surata An-Nisaa, 4:7-
14).

Casamento e Divórcio
O Alcorão estabelece regras para o casamento e o divórcio. As mulheres têm o direito de
consentir no casamento e não podem ser forçadas a se casar contra sua vontade (Surata
An-Nisaa, 4:19). Também têm direito ao divórcio, com direitos de custódia dos filhos e
direitos financeiros (Surata At-Talaq, 65:1-7).

Modéstia e Vestimenta
O Alcorão instrui as mulheres e os homens a praticar a modéstia em suas vestimentas e
comportamento. A questão do hijab (vestimenta modesta) é frequentemente discutida com
base em várias interpretações do Alcorão (Surata An-Nur, 24:31). Algumas interpretações
consideram o uso do hijab como um mandato religioso, enquanto outras o veem como
uma recomendação de modéstia.

Educação e Trabalho
O Alcorão não proíbe as mulheres de buscar educação ou de trabalhar fora de casa. De
fato, o Alcorão encoraja a busca do conhecimento (Surata Al-Mujadila, 58:11) e a
capacitação econômica das mulheres (Surata An-Nisaa, 4:32).

Participação na Sociedade
O Alcorão não proíbe a participação das mulheres na sociedade ou na vida política. O
Alcorão enfatiza a justiça e a igualdade, e muitas mulheres muçulmanas têm ocupado
posições de liderança em diferentes épocas da história islâmica.
É importante destacar que essas são diretrizes gerais encontradas no Alcorão. A
interpretação e a aplicação dessas regras podem variar de acordo com a cultura, a escola
de pensamento islâmico e a interpretação individual.
A discrepância entre a essência do Alcorão (Corão) e a sua prática real
A discrepância entre o que é prescrito no Alcorão (ou Corão) e a prática real em algumas
sociedades muçulmanas pode ser um fenômeno complexo e multifacetado. Essa
disparidade é influenciada por uma série de fatores, incluindo interpretações culturais,
sociais, políticas e religiosas, bem como variações na interpretação das escrituras
sagradas.

Principais razões pelas quais esta discrepância ocorre:


1. Interpretações Divergentes: O Alcorão é um texto rico e aberto a interpretações.
Diferentes estudiosos e líderes religiosos podem ter interpretações variadas das
passagens do Alcorão, o que leva a práticas diferentes em diferentes
comunidades.

2. Cultura e Tradição: Muitas práticas sociais e culturais são profundamente


enraizadas em comunidades muçulmanas. Essas práticas podem não estar
alinhadas com os princípios islâmicos, mas são mantidas por razões culturais ou
tradicionais.

3. Ignorância ou Má Informação: Em algumas áreas, pode haver falta de educação


ou compreensão completa do Islã e de suas prescrições. Isso pode levar a práticas
que não são consistentes com os ensinamentos do Alcorão.

4. Interferência Política: Em alguns países, as práticas islâmicas são influenciadas


ou moldadas por decisões políticas. Isso pode resultar em interpretações ou
aplicação seletiva da lei islâmica.

5. Patriarcado e Discriminação de Gênero: Em algumas sociedades muçulmanas,


o patriarcado e a discriminação de gênero podem levar à interpretação seletiva do
Islã que beneficia os interesses masculinos em detrimento das mulheres, apesar
de os princípios islâmicos defenderem a igualdade de gênero.

6. Extremismo e Fundamentalismo: Em algumas áreas, grupos extremistas ou


fundamentalistas podem adotar interpretações rigorosas e literalistas do Islã,
levando a práticas que são consideradas radicais e em conflito com valores mais
moderados.

7. Conflitos Armados e Instabilidade: Em regiões afetadas por conflitos armados e


instabilidade política, as práticas religiosas podem ser distorcidas ou
instrumentalizadas para justificar a violência ou a opressão.

É importante destacar que essas discrepâncias não são exclusivas do Islã. Em muitas
religiões e culturas, há uma diferença entre os princípios religiosos e as práticas reais
devido a fatores sociais, culturais e políticos complexos.
Muitos muçulmanos e líderes religiosos estão envolvidos em esforços para promover
interpretações mais progressistas e igualitárias do Islã, bem como para desafiar práticas
que não estão alinhadas com os princípios islâmicos autênticos. A compreensão e a
prática do Islã continuam a evoluir, e o debate sobre essas questões é parte integrante da
vida e do pensamento dentro do mundo muçulmano.

O feminismo islâmico
Este movimento procura a igualdade de genero dentro do contexto do Islã e das
sociedades muçulmanas. Ele aborda questões relacionadas aos direitos das mulheres, à
justiça de gênero e ao empoderamento das mulheres, enquanto respeita e se baseia nos
princípios e valores do Islã.
O feminismo islâmico defende a igualdade de gênero em todos os aspectos da vida,
incluindo direitos legais, educação, trabalho, participação política e acesso a recursos. Ele
busca eliminar práticas discriminatórias que afetam as mulheres em contextos
muçulmanos.
O Islão, na sua essência, concede direitos e dignidade às mulheres. Eles baseiam seus
argumentos em princípios do Alcorão e na tradição do profeta Muhammad que enfatizam a
justiça e a igualdade de tratamento para todos os muçulmanos, independentemente do
gênero.

Ativismo e Mudança Social: O feminismo islâmico envolve ativismo em várias formas,


desde a defesa dos direitos das mulheres até a promoção de leis que garantam a
igualdade de gênero. As ativistas buscam conscientizar a sociedade sobre questões de
gênero e trabalham para superar obstáculos à igualdade.

Variedade de Abordagens: Há uma variedade de abordagens dentro do feminismo


islâmico, variando de conservadoras a progressistas. Algumas feministas islâmicas
buscam reformar sistemas dentro das estruturas tradicionais islâmicas, enquanto outras
podem adotar uma abordagem mais secula. Isso reflete a diversidade de interpretações e
contextos em diferentes comunidades muçulmanas em todo o mundo.

Desafios: O feminismo islâmico enfrenta desafios significativos, incluindo resistência de


forças conservadoras, interpretações tradicionais arraigadas e pressões culturais. No
entanto, muitos defensores estão comprometidos em superar esses desafios e promover a
igualdade de gênero.

É importante destacar que o feminismo islâmico não é uma única ideologia ou movimento
homogêneo, e as opiniões e abordagens podem variar amplamente. No entanto, todos os
defensores do feminismo islâmico compartilham o objetivo comum de melhorar a situação
das mulheres dentro do contexto islâmico, enquanto respeitam os princípios e valores
islâmicos.
Apresentação do objeto cultural: ‘Persépolis’ (2007).

A obra Persépolis trata-se da autobiografia de Marjane Satrapi e da realidade da mulher


iraniana após a Revolução de 1979.

No filme acompanhamos Marje, uma iraniana de 10 anos que cresceu no meio da Revolução
Islâmica que transformou o Irão em uma república extremamente conservadora que se baseia
na Sharia. Na sua infância, Marje cresceu em meio a uma família comunista que se opõe ao
regime do imperador, acompanhamos todo o processo revolucionário da altura.

O filme demonstra claramente os atos machistas fomentados pela religião e ainda a ser
ensinado nas escolas. Aos poucos o filme mostra a obrigação do uso do véu pelas mulheres,
onde aquelas que optam por não seguir completamente o que lhe foi imposto são tratadas
como um mero objeto pelos homens. Há também o fator da perseguição política, o que faz
com que muitos sejam executados por ir contra o regime da altura. Além disso, são ressaltados
pelo filme, elementos da cultura ocidental que são reprimidos pela nova política, como
também tudo aquilo que não era aceite pelos religiosos passaram a ser proibidos, tais como
festas e bebidas alcoólicas. Privando o povo iraniano da liberdade pelo próprio governo.

Para afastar Marje da guerra e do regime, a família decide mandá-la para Viena. Nesta parte
da sua vida, a obra ressalta a xenofobia sofrida por Marje na Áustria, em que esta, por vezes,
opta por mentir acerca das suas origens com o intuito de não ser vítima de preconceitos.
Com o tempo estas atitudes preconceituosas fazem Marje tomar a decisão de voltar ao Irão.
De volta ao Irão, já com o fim da guerra, Marje depara-se com depressão devido ao que
passara em Viena, e por estar tanto tempo fora de seu país, na volta ao seu país natal
deparou-se com a sensação de que era, também, uma estrangeira na sua própria casa.

Depois de uma noite em que teve uma realização, Marje decide ir para a universidade. Onde
nos deparamos com vedações impostas pela religião e o quadro da Vênus de Botticelli riscada
por causa da nudez. E onde impõem em certo ponto o uso de roupas largas e véus mais
longos, como também a proibição do uso de maquiagem às estudantes, com a justificação de
não provocarem os estudantes masculinos, enquanto a estes não foi imposto qualquer
controlo na aparência.

A opressão tornou-se tão forte para Marje que a mesma decide casar-se com um rapaz que
conheceu para não sofrer de imposições tolas, pois Marje acabou por ser presa por ser vista de
mãos dadas com o seu parceiro sem terem qualquer tipo de relação matrimonial e foi levada e
interrogada sobre a sua relação o qual deu em ser acusada a chicoteadas, mas os pais pagaram
a fiança e ela saiu em liberdade. Apesar disso tudo a relação torna-se insustentável, acabando
por se divorciar do marido e decidir morar na França, onde, com esperança, receberia
finalmente a sua desejada liberdade, e nunca mais voltar para o Irão.

Analise detalhado do objeto cultural desde o tema(s) de estudo


escolhido(s).

Na obra observamos a violação da liberdade de escolher a qual crença pertencer, da liberdade


de expressão em atividades que vão contra as ideologias impostas pelo Estado, da liberdade
de autonomia da mulher do irão, no que diz respeito à forma de como as mulheres deviam
vestir-se, a mulher estava proibida à utilização de roupas “na moda” ou que, de alguma forma,
revela-se o corpo, ou valoriza-se as curvas do corpo feminino. Assim, o povo do irão eram
moldados para seguir os ideais do Estado, abdicando do seu próprio espírito de liberdade, pois
qualquer sinal de resistência ao regime, poderia ser considerado um crime com condenação à
pena de morte. É claramente visível no filme que o povo iraniano vivia constantemente com
estereótipos visuais provenientes do regime em que viviam e sofriam de um enorme terror
cultural onde a cultura era imposta à força pela sociedade através da religião.

A animação Persépolis não foi criada simplesmente para entretenimento do público,


observamos claramente uma crítica tanto ao regime do Islâmico e as imposições feitas pelo
Estado, como também ao comportamento xenofóbico das pessoas em relação aos
estrangeiros. Persépolis critica o regime e defende a favor das pessoas oprimidas
representando uma micronarrativa que é transmitida através de imagens de escárnio ao logo
da animação.
Consciencialização autora

Opinião pessoal e conclusões pessoais - Mínimo 1 página.


Não podemos esquecer que Persépolis é uma história verídica, um conjunto de denúncias
vividas, escritas e dirigidas pela autora Marjane Satrapi e são de grande importância para
transmitir um pouco da realidade que pode passar despercebida para aqueles que são
indiferentes quanto à realidade no Irão. Acredito que são estes os meios que podem
revolucionar a ideologia do mundo atual, pois são através dos mesmos em que mostra a bruta
realidade, que é possível transmitir uma mensagem direta e crua. E só assim as pessoas vão
sensibilizar-se com os problemas da sociedade e decidir reagir e fazer algo para melhorar a
vida dos grupos oprimidos.

Compreendo perfeitamente que o processo de mudança é longo e turbulento, mas temos que
começar mais tarde ou mais cedo, no filme notamos que as opressões exercidas são
consentidas pelo pensamento e ideologias de algumas pessoas, mas isto porque aprenderam
no meio em que cresceram, que as suas ideologias são absolutas e lógicas, e isto leva o
processo de aceitação de diferentes mentalidades mais lento e difícil.

Persépolis é, sem dúvida alguma, uma animação que identifico como essencial para a
comunidade em geral. Temos que mostrar que nenhum regime ou mentalidade tem que ser
forcada nas pessoas e que devemos preservar a nossa liberdade a todo o custo.

Referencias bibliográficas e de imagens.


https://pt.wikipedia.org/wiki/Pers%C3%A9polis_(filme)

https://soac.imed.edu.br/index.php/mic/ximic/paper/viewFile/710/181 indice

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