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Fichamento capítulo 1 – Primeiros Passos (1822 – 1930)

José Murilo de Carvalho

Período de Independência e Primeira República – 1822 – 1930. Progresso da cidadania


– abolição da escravidão, em 1888, ex-escravos são incorporados aos direitos civis.
Pouca mudança no regime político.
Movimento do fim da Primeira República.
Caracteristicas da colonização portuguesa no Brasil – marcas relevantes para o
problema.
- construção de dotes intelectuais, ao mesmo tempo, sociedade escravocrata, Estado
absolutista.
- dominação, extermínio, escravização de indígenas
- conotação comercial da colonização
Latifúndio monocultor (açúcar e tabaco), de base escravista.
Exploração de ouro, maior mobilidade social, maior fiscalização = rebelião política.
Criação de gado.
FATOR NEGATIVO PARA CIDADANIA – ESCRAVIDÃO.
Importação de escravizados, concentrados em atividades diversas, principalmente
urbanas. Todos possuíam escravos – sociedade colonial escravista.
Escravização de indígenas, genocídio e miscigenação – natureza portuguesa, comercial
e masculina.
Miscigenação como tática de colonização, política.
Escravizados sem direitos, tratados como propriedades.
Senhores sem noção de igualdade, sem sentido de cidadania. Absorviam funções do
Estado.
Justiça do rei com alcance limitado – falta autonomia, corrupção dos magistrados.
Quilombos exterminados pelo governo.
Autoridade máxima nas localidades = capitaesmores da milícia, traz confusão entre
poder do Estado e poder privado dos proprietários. Poder documental na mão do clero
católico. Sem garantia de direitos, confusão de poderes.
Dificuldade de desenvolvimento de consciência – descaso com a educação primária,
após a expulsão dos jesuítas. Período colonial sem alfabetização. Sem interesse dos
senhores que seus escravos estudassem – ARMA CÍVICA. Igreja também sem
motivação na educação.
Proibição de Portugal em criar universidades na sua colônia.
Não existe republica no Brasil, não há sociedade políica, não há cidadãos, direitos
políticos exclusivos, sem direitos sociais – sem cidadania.
Poucas manifestações cívicas.
Revolta de Palmares.
Séc XVIII, revolta política, 3 lideradas por elementos da elite contra a politica
metropolitana. Inconfidência Mineira.- ideia iluminista – líderes dos setores
dominantes.
Revolta dos Alfaiates – militares, artesãos e escravizados, natureza social e racial.
Patriotismo pernambucano, identidade gerada em luta contra os holandeses – guerra
como fator de criação de identidade.
Fim do período com população excluída de direitos civis e políticos, sem sentido de
nacionalidade.
1822: os direitos políticos saem na frente

Sem grandes disputas e guerras na independência, em comparação com a America


Latina. Sem mobilização de grandes exércitos ou líderes populares.
Negociacao politica da independência brasileira – elite, coroa e Inglaterra.
Populacao das capitais apoia o movimento de independência.
Solucao monárquica ao invés de republicana – rei mantendo a ordem social e união.
Evitar fragmentação de ex colônias. Riscos para ordem social.
Papel do povo decisivo em 1831, renuncia do primeiro imperador.
Liberalismo – constituição ignora a escravização. Avanço em direitos políticos,
independência traz limitações aos direitos civis.
Brasil na direção americana – republicana, direção europeia – monárquica.
Monarquia constitucional, liberalismo francês. Governo representativo baseado no
voto dos cidadãos – separação de poderes políticos. Estabelecimento dos três poderes.
Quarto poder – Moderador – imperador.
Constituicao regula direitos políticos, direito de voto. Limitacao de voto por gênero,
idade, renda, quase toda população adulta masculina, poderia participar do governo.
Frequencia eleitoral grande,
Qual é o verdadeiro cidadão que representa e pode exercer o seu direito político?
Maior parte dos cidadãos do novo país sem nocao de um governo representativo e de
escolha de governo.
Luta política intensa e violenta. Dominio politico local. Renda inclui e exclui partidários.
Fósforo – pessoa que se passa pelo votante que não pode comparecer, atuando como
o individuo.
Capanga eleitoral – proteção dos partidários, ameaça a adversários, para que não
comparecessem a eleição.
Muitos votantes deixam de comparecer por sentirem-se ameaçados. Votar é perigoso.
Sem comparecimento, mesmo assim seguia a eleição.
Acao politica relacionada a lutas locais, não se viam como parte de uma sociedade
política, mas como chefes locais. Votar = obediência, extorsão.
Eleicao oportunidade de dinheiro fácil e manipulação.
Encarecimento e fraudes na eleição levam a busca de uma votucao sem corrupção,
aumentando as restrições de voto.
Interesse de proprietários de baratear eleições, sem que as percam.
Reduzir numero de votantes e competitividade – eleição fácil e limpa.
Após a independência, outra forma de envolvimento dos cidadãos com o Estado –
serviço de júri, alfabetizados podiam participar do júri como jurados.
Vida no Exército e Marinha, a serviço militar era violento e truculento – pessoas
procuravam fugir.
Guerra do Paraguai – trouxe identidade brasileira, vaorizacao do hino, cidadãos indo a
guerra – negros ou libertos.

1881: TROPEÇO

Aprovacao do voto direto pela câmara dos deputados – elimina-se primeiro turno.
Sem votantes, apenas eleitores. Voto facultutativo porém restrito, em relação a renda
e aos alfabetizados.
Joaquim Nabuco – acusa aos candidatos, cabalistas e de classe superiores de
corrupção e não os votantes, assim como Saldanha Marinho,
Lei de sintaxe política, oração sem sujeito, sistema sem representatividade do povo.
Novo Regimo – Constituicao de 1891 – elimina a exigência de renda. Mantem para os
alfabetizados e homens.
Contraste cmo outras cidades e épocas em relação ao número e porcentagem de
participantes na eleição ativamente.
Primeira república não representa grande mudança, inclui a federação no modelo
americano, presidentes do estados eleitos pela população, descentralização aproxima
o governo da população, principalmente as elites.
Formacao de oligarquias, bloqueando oposições politicas. Mantiveram controle até
1930. REPÚBLICA DOS CORONEIS – coronelismo.
Eleitores coagidos e excluídos, sem eleição limpa, fraude nos votos.
Eleicoes a bico de pena.
Resultados eleitorais absurdos, população enganada.
Movimento popular feminino exige maior participação, voto feminino introduzido
após 1930.
Erro no processo democrático, foi forcado, quem era menos preparado? Povo ou
elites? Desconhecer que as praticas eleitorais de fora também eram corruptas.
Retardamento da incorporação dos cidadãos a vida política.

Direitos Civis só na lei

Novo país herda escravidão, Estado comprometido com poder privado, propriedade
rural – EMPECILHOS A CIDADANIA CIVIL.
Escravidao abolida em 1888 – grande propriedades ainda são parte do poder.
Escravidao enraizada na sociedade. Proibicao do trafico de escravizados, 1831 – lei
ignorada. “Lei para inglês ver”, apenas por formalidades, sem práticas.
Após invasão da Inglaterra, 1850, Brasil para com o tráfico, após trazer 4 milhoes de
escravizados.
Críticas ao brasil por escravização, guerra do Paraguai. Visc do Rio branco aprova,
1871, lei para libertar filhos de escravos nascidos posteriormente.
Abolicao vem em 1888, Brasil é o último a libertar os escravos.
Escravidao nos Estados Unidos de maneira geográfica – sul com escravizados e norte
com liberdade.
Brasil inteiro com escravizados, sem linhas geográficas.
Criacao de quilombos, sociedade escravista. Posse de escravos difundida – escravos
possuíam escravos. Poder.
Mesmo os escravos aceitavam o valor da escravidão.
Escravidao católica – escravidão da alma e não do corpo. Pecado era escravidão.
Catolicismo apoiava a escravidão e possuíam escravos,
Razão nacional, José Bonifácio – escravidão como obstáculo de uma verdadeira nação,
população como inimiga entre si. Impede integração social, bloqueia desenvolvimento
de classes, causando problemas pro governo.
“O argumento da liberdade individual como direito inalienável era usado com pouca
ênfase, não tinha a força que lhe era característica na tradição anglo-saxônica. Não o
favorecia a interpretação católica da Bíblia, nem a preocupação da elite com o
Estado nacional. Vemos aí a presença de uma tradição cultural distinta, que
poderíamos chamar de ibérica, alheia ao iluminismo libertário, à ênfase nos direitos
naturais, à liberdade individual. Essa tradição insistia nos aspectos comunitários da
vida religiosa e política, insistia na supremacia do todo sobre as partes, da
cooperação sobre a competição e o conflito, da hierarquia sobre a igualdade.”
Paternalismo do governo e dos senhores – diminuir sofrimentos individuais porém não
uma cidadania ativa.
Tratamento ex escravos após abolicao, sem educação e sem direitos, sem empregos,
sem terras. Ex escravos voltavam a suas fazendas para trabalhar por salários baixos.
Descedentes de escravos, continuam nas fazendas. Outros, na cidade, sem emprego
fixo.
Vinda de imigrantes italianos – ex escravos expulsos ou jogados ao trabalho pesado.
Consequencias para população negra – indicadores de qualidade de vida bem
inferiores. Menos educada, empregos não qualificados, ordenados menores.
Ascensao social da população negra precisou ser por rota original e sozinha – samba,
esporte, músca, dança, futebol.
Formacao do cidadão – escravidão afeta escravizados e senhores, nenhum dos dois
consegue perceber a consciência de direitos civis e igualdade. Obstáculo a cidadania –
propriedade rural – proprietários agem até hoje como acima da lei, controlando
rigidamente os trabalhadores.
Exportacao de origem agrícola – economia do ouro, açúcar, algoda e café.
Café vira maior item de exportação e econômico. Superproducao.
Crise econômica de 29 – movimento para terminar a primeira republica.
Sociedade rural – proprietários – coronelismo aliado com a política.
Trabalhadores súditos dos proprietários. Impossibilidade dos direitos civis.
Direito de ir e direito de propriedade.
Lei como instrumento de castigo.
Surgimento de uma classe operaria urbana – urbanização e industrialização, vinda dos
imigrantes – 1920. Diversidade social e política.
Anarquismo dos imigrantes europeus.
Movimento operário, greve geral 1917, imigrantes sem envolvimento – barreiras
linguísticas e econômicas.
Expulsão de imigrantes anarquistas, criação do Partido Comunista do brasil, 1922.
Movimento operário – grande marco para cidadania e direitos civis, lutava por direitos
básicos, horários, descansos. Luta econômica contra os patrões.
Direitos civis e políticos precários – assistência social e direitos sociais não existem –
algumas instituições sim, mas de parte do governo e da população, não.
Retrocesso na legislação – retira a obrigatoriedade da educação primaria.
1926 – governo legisla sobre o trabalho, porém, o problema operário era questão de
policia.
Operarios cobram condições de trabalho, 1919 responsabiliza patrões sobre acidentes
de trabalho.
1923 – primeira lei eficaz de assistência social = contribuições entre governo, operários
e patrões, administrações de operaroes e patrões, organização por empresa.
Criacao da previdência social – medidas do meio urbano.
Cidadãos em negativo
Massas organizadas de produtores livres – divisão do brasil em indígenas, proprietários
e povo. Movimentos políticos indicando inicio da cidadania – movimento abolicionista.
Varias camadas sociais, elites e escravos.
Movimento dos jovens do exército, 1922. Tenestismo ataca oligarquias estaduais.
Avaliacao do povo como incapaz de discernir politicamente – porém o eleitos agia
dentro de suas limitações, com racionalidade e manifestações (para uma cidade em
sua maioria analfabeta)
Áreas rurais com revoltas mais importantes – Revolta dos Cabanos, 1832, Revolta da
Balaiada, 1838. Revolta da Cabanagem, 1835 – a mais sangrenta. Revolta dos escravos
malês 1835.
Percebe-se valores de sentimento de injustiça, que os consideravam selvagens,
gentalhas.
As revoltas populares ganharam, então, a característica de reação às reformas
introduzidas pelo governo.
Rebeliao dos quebra-quilos. Revolta dos Canudos e do Contestados.
Levaram a formação de comunidade, luta a propriedade da terra, questão social e
politica.
Tornam-se frequentes as revoltas contra serviços públicos fundamentais.
Revolta da Vacina – insatisfações com o governo.
O sentimento nacional
Antes da chegada da corte, final da colonica, não havia sentimento de pertencimento a
comunidade nacional brasileira, não havia pátria. Quando havia referencia ao
patriotismo, era em relação ao Pernambuco.
Varias das revoltas, proclamavam separatismos das próprias províncias – patriotismo
provincial.
As lutas com o” potencialmente trágica. O início de um sentimento de pátria é também
atestado pela poesia e pela canção popular sobre a guerra. Algumas poesias e canções
sobreviveram até hoje na memória popular. Muitas falam do amor à pátria e da
necessidade de a defender, se necessário com o sacrifício da própria vida. É comum nas
poesias o tema do soldado despedindo-se da mãe e da família para ir à guerra. Dos
inimigos estrangeiros que criaram alguma identidade brasileira.”

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