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Transformações nas

duas primeiras décadas


do século XX
1.1. Um novo equilíbrio global
A geografia política da Europa antes e depois da 1ª Guerra Mundial
A Europa em 1914 A Europa em 1918

Catividade: Descreva as principais alterações no mapa político da Europa decorrentes dos


tratados de paz.
A Europa de Versalhes
Mitos e realidades da nova Europa
Em 1918, a Europa apresenta um aspeto contraditório:

O direito triunfa sobre a força.


O modelo democrático parece estender-se a grande parte do continente,
enquanto se assiste à derrocada dos regimes autocráticos.

Os pequenos Estados da área mediterrânica e balcânica procuram inserir-se


na ordem internacional imposta pelos vencedores.

As potências vitoriosas, que tinham derrotado a Alemanha e a


Austro-Hungria, pretendem que esta ordem internacional seja definitiva,
para o que se torna necessário fazer desaparecer as causas do confronto
entre os Estados e entre os povos que tinham estado na origem do conflito
mais sangrento da História.
Isto implica:
Que sejam claramente designados os «responsáveis» pelo desencadear da
guerra.
Que seja criado um novo sistema internacional, baseado, não na força, na
superioridade militar ou na submissão de minorias nacionais, ávidas de arrancar os
seus destinos das mãos de um monarca ou de um grupo étnico dominante, mas
nas noções de equidade, do direito dos povos à autodeterminação e de
solidariedade internacional, ideias e mitos que relevam do vasto corpus ideológico
que as classes dirigentes herdaram da filosofia das Luzes e do rescaldo da
«revolução atlântica.

Com a Sociedade das Nações, cujo projeto ganha forma no


primeiro semestre de 1919, e à qual os promotores da nova
ordem internacional confiam a missão de manter a paz no
respeito pelos direitos e pela soberania de cada Estado, estes
princípios e estas ideias parecem triunfar definitivamente
sobre as «forças do mal» que levaram ao confronto bélico.
A realidade fica muito aquém desta ideia mítica da nova Europa. É
verdade que nas ruínas dos velhos impérios e nas sociedades
arcaicas da Europa pré-industrial irrompem as instituições e as
práticas democráticas. Mas não por muito tempo:
No Verão de 1919, a Hungria atola-se numa ditadura, a
que se seguem, durante os anos vinte, boa parte dos
países da Europa central, oriental e mediterrânica:
a Itália, em 1922;
a Espanha, em 1923;
Portugal e a Polónia, em 1926, etc.

A paz pela justiça e pela cooperação entre os povos assenta


numa série de tratados que os vencidos devem aceitar sem
condições e que os Alemães consideram como um diktat (paz
ditada), enquanto os dirigentes do jovem Estado bolchevique,
afastados do jogo, não se consideram vinculados às negociações
de Versalhes
O Tratado de Versalhes
Conferência da Paz. A
Conferência decorre
entre 18 de Janeiro e
28 de Junho de 1919,
em Versalhes, e a Sala
dos Espelhos - local de
humilhação em
1871 - serve de cenário
à assinatura da ata
final.
A Conferência da Paz foi uma máquina
poderosa !
Reúne os representantes de trinta e dois países (entre eles os domínios britânicos) mas são raras
as sessões plenárias.

O essencial do trabalho é feito pelas comissões técnicas- entre elas a das reparações, a do
controlo do desarmamento da Alemanha, a Alta Comissão interaliada dos territórios renanos -, e
sobretudo, por dois organismos principais: o Conselho dos Dez, que até Fevereiro reuniu os
Chefes de Estado ou de governo e os Ministros dos Negócios Estrangeiros das quatro principais
potências vitoriosas e do Japão, e o Conselho dos Quatro.

De 24 de Março a 28 de Junho, o Conselho realiza cento e quarenta e cinco sessões de trabalho,


no decorrer das quais o Britânico Lloyd George, o Francês Clemenceau, o Italiano Orlando e o
Presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson - vindo propositadamente de Paris para
defender os princípios da sua «nova diplomacia» - ratificam importantes decisões.

Nota: Wilson e Lloyd George tinham conseguido outro sinal dos tempos - que o inglês pudesse, tal
como o francês, ser utilizado em todas as negociações. Fazendo jus aos princípios de
transparência apregoados pelo Presidente americano, um milhar de jornalistas vindos do mundo
inteiro faz a cobertura dos acontecimentos.
Importantes divergências de opinião
surgem rapidamente entre os vencedores

Primeira anomalia, e nada pequena, a Alemanha não é autorizada a


participar na Conferência, nem a discutir as suas conclusões - facto
praticamente único na história diplomática dos tempos modernos e
contemporâneos. Este procedimento provoca, obviamente, um
profundo sentimento de humilhação do outro-lado do Reno.

A «paz ditada», o Diktat: mesmo antes da redação da ata que


consagra a derrota do Reich, já a palavra paira no ar.
Tudo parece indicar que os chefes das quatro
potências vitoriosas têm exatamente a mesma
atitude em relação ao ex-inimigo.

Quando começa a Conferência da Paz, todos eles


estão convencidos da culpabilidade histórica da
Alemanha, que será penalizada e estigmatizada
pelo artigo 231 do tratado.

Mas, por detrás desta unanimidade de fachada


escondem-se profundas divergências entre os
homens que têm a seu cargo a redefinição dos
contornos da Europa política.
Estratégia Britânica: evitar a
hegemonia francesa na Europa
continental mantendo a Alemanha à
tona, para preservar um parceiro
económico privilegiado e fazer
barreira à propagação do
bolchevismo.

Estratégia Francesa e Italiana


(campeões do direito do vencedor):
a quem a preocupação da
«segurança coletiva» proporciona
uma cómoda legitimação.
O Presidente dos Estados Unidos Wilson domina a conferência. O discurso do
Presidente americano, alicerçado na posição dominante em que os Estados Unidos
ficam depois da guerra, é bem visível em Janeiro de 1918 nos «14 pontos» que, de
uma maneira completamente nova:

defendem o direito dos povos à


autodeterminação;
recomendam o abandono da
diplomacia secreta;
afirmam-se favoráveis à
«liberdade dos mares»;
ao desarmamento;
à criação de uma «liga das
Nações» destinada a oferecer
«garantias mútuas de
independência política e de
integridade territorial» aos seus
membros.
Este facto que desagrada à Itália que reivindica
não só as «terras irredentas» - o Trentino e
Trieste, a Ístria e a Dalmácia, de população
eslava, bem como os territórios pertencentes ao
Império otomano, terras que Roma e largos
sectores da população consideravam garantidas
devido às promessas feitas aquando da
assinatura dos Tratados de Londres (1915) e de
Saint-Jean-de-Maurienne (1916) com a França e
com a Grã-Bretanha.

Wilson não se sente de modo nenhum vinculado


às promessas dos seus aliados e recusa-se a
satisfazer as exigências italianas. Esta atitude vai
provocar a retirada temporária da delegação
transalpina e vai também alimentar, por toda a
península, o tema da «vitória mutilada».
Recuperado pelos nacionalistas e mais tarde
pelos fascistas, este tema dará rapidamente a
glória ao poeta Gabriele d'Annunzio, em Fiúme, e
tornar-se-á mais tarde o grande argumento
utilizado por Mussolini para chegar ao poder.
Paz de direito ou paz imperialista?
As cláusulas do Tratado de Versalhes
As cláusulas territoriais e materiais do tratado mostram a vontade que os países da
Entente têm de se precaver em relação ao desejo de desforra que lhes parece que os
vencidos têm
A Alemanha deve «devolver» a Alsácia-Lorena à França e ceder à Bélgica os cantões de
Eupen e Malmédy.
Depois de um plebiscito, o Schleswig do Norte passa a pertencer à Dinamarca.
O Sarre ficará durante quinze anos sob tutela da SDN. Ao fim deste período os seus
habitantes decidirão pelo voto qual o rumo a seguir.
A Posnânia e uma parte da Prússia ocidental ficam para a Polónia, que tem garantido o acesso
ao mar, como se viu, pelo «corredor» de Danzigue, sendo que o grande porto do Báltico
também fica sob o controlo da SDN, tal como o de Memel, que será anexado pela Lituânia, em
1925.
O destino da Alta Silésia é decidido por um plebiscito que se realiza em Março de 1921 e dá a
vitória aos adeptos da integração na Alemanha. Mas os Polacos contestam o resultado,
alegando que, do Reich, vieram comboios cheios de eleitores e ocupam militarmente a região,
o que dá origem a confrontos com as milícias alemãs. Depois de toda esta contestação, a SDN
decidiu dividir o território entre a Alemanha e a Polónia, solução que não foi do agrado de
nenhuma das partes. A Alemanha, que assim perdia mais de 15% do seu território e um décimo
da sua população, não aceitará nunca reconhecer as suas novas fronteiras orientais. Além
disso, viu-se privada de todas as suas colónias e protectorados, que a SDN confiou aos
vencedores, sob a forma de mandatos.
A desmilitarização
A parte V do tratado, que contém as «cláusulas militares, navais e aéreas», deve em
princípio retirar aos vencidos os meios que lhes possam permitir reconquistar uma posição
proeminente na Europa. Ao suprimir o serviço militar obrigatório e ao estabelecer um limite
máximo de efectivos de soldados (100000 homens dos quais 4000 oficiais) e marinheiros
(15 000 homens e 1500 oficiais) - deixará de haver força aérea) - o tratado revela a sua
principal preocupação: inviabilizar toda e qualquer hipótese que pudesse surgir, mesmo
neste quadro tão restritivo, de formar um maior número de combatentes. O recrutamento
será portanto idêntico ao de um exército profissional, feito por compromisso pessoal e
voluntário, com uma duração de doze anos.

Por outro lado, para cortar cerce a tentação de passar estes homens à reserva, depois de
completada a sua formação, o que permitiria a criação de uma reserva de quadros
(graduados e não graduados) proibe-se que a renovação dos efectivos seja superior a 5%
por ano.

O Estado-Maior-General é extinto, bem como as escolas militares e as associações


paramilitares. São estritamente limitados os efectivos dos corpos que tenham uma
organização ou uma função de manutenção da ordem semelhantes à do exército: guarda
fiscal, polícia, guarda florestal, etc. A Alemanha não poderá possuir tanques, nem artilharia
pesada, nem aviação militar e deverá entregar aos vencedores a sua frota de guerra.

Alguns dias antes da assinatura do tratado, a 21 de Junho de 1919, a frota de guerra


alemã afundou-se voluntariamente na enseada de Scapa Flow, base britânica no Norte da
Escócia.
A inclusão destas cláusulas militares, deveu-se em grande parte às
pressões da França que, consciente da superioridade esmagadora do
Reich a nível do potencial demográfico e também do potencial
industrial não via outra maneira de impedir o seu ex-inimigo de vir um
dia a readquirir pela força a sua hegemonia continental, a não ser
procedendo ao seu desarmamento definitivo.
De facto, o Reich, não só perde a totalidade das suas possessões
extra-europeias (na África austral e ocidental, na China e no Pacífico), como se
vê despojado de todos os direitos, créditos e privilégios, na Europa e fora dela,
que tivesse obtido nos ternos de convenções anteriores à guerra.

É assim que os trinta e um signatários designados como «aliados e


associados» ficam com a possibilidade de liquidar «todos os bens, direitos e
interesses» alemães (mesmo sob a forma de participações) que existam em
território nacional, colonial ou sob mandato (artigo 297-B) e, através de um
outro procedimento, o artigo 260, conseguem o mesmo em relação à Rússia, à
Áustria, à Hungria e à Turquia.

Note-se que a Alemanha fica também privada da sua rede de cabos


submarinos, cuja colocação, entre 1900 e 1913, lhe tinha permitido
emancipar-se do monopólio dos Britânicos e dos Americanos.

A jovem República de Weimar perde todas as suas patentes e os seus


principais rios (Reno, Elba, Oder) são internacionalizados.
As reparações da Guerra
Por último, o célebre artigo 231 do tratado proclama que «a Alemanha e os
seus aliados são responsáveis, uma vez que os causaram, por todas as perdas
e danos sofridos pelos governos aliados e pelos seus associados, bem como
pelos cidadãos destes países, em conse-quência da guerra». O Reich é por
isso obrigado a pagar reparações cujo montante - fixado só em 1921 - vai
ascender a 132 biliões de marcos-ouro, pagáveis em trinta anuidades.

A esta condenação moral e razoavelmente injusta, que vai criar nos Alemães
um ressentimento profundo em relação aos ex-inimigos, juntam-se disposições
igualmente humilhantes sobre as «devoluções» que deverão ser feitas de
imediato e que chegam a assumir contornos perfeitamente burlescos. A par de
dezenas de milhar de cabeças de gado que deverão ser «devolvidas» à França
e à Bélgica, e de obras de arte de que os Alemães se apoderaram em 1871
(por exemplo, O Cordeiro místico de Van Eyck), aparecem instrumentos
astronómicos tirados à China em 1901, o Corão do califa Osmar, oferecido pelo
Sultão ao Imperador Guilherme II, ou ainda o crânio do soberano africano Ma
Kaua, que deveria ser devolvido à Grã-Bretanha.
Isto não significa que o Reino Unido adira
incondicionalmente a este saque do Reich.
Simultaneamente preocupado em conter a
expansão francesa na Europa central e em
manter relações económicas frutuosas com
os seus parceiros tradicionais, o governo de
Londres considera, de acordo com as
concepções do economista J.-M. Keynes,
que a reconstrução do velho continente só é
possível se a ela estiver associada uma
Alemanha bastante forte e um Estado
soviético liberto do messianismo
revolucionário.

A França, por sua vez, quer aproveitar a


regulamentação da paz para consolidar a
sua potência económica na Europa e
pratica aquilo que Georges Soutou designa
como «um imperialismo do pobre»
A SDN (Sociedade das Nações)
O compromisso de Genebra

Após a guerra surgiu a convicção de que a paz e a felicidade da humanidade


podem ser asseguradas por uma organização internacional. O princípio
de “uma Sociedade das Nações”, funcionando segundo as regras de uma
instituição democrática e representativa dos membros da comunidade
internacional é o acabamento final do edifício ideológico que os
burgueses liberais tinham edificado desde o século XVIII.

A comissão da Conferência de Paz que vai elaborar a pacto da SDN, a partir


de Fevereiro de 1919, opta por uma solução de compromisso que está
próxima das teses anglo-saxónicas. Decide-se que não haverá força
internacional permanente nem automaticidade das sanções militares, nem
instituição de controlo eficaz.
O funcionamento da SDN

Originariamente a SDN era composta pelos Estados aliados signatários


do Tratado de Versalhes e por treze países neutros durante a
guerra mas que tinham aderido ao Pacto.
A Alemanha e as outras potências vencidas foram provisoriamente
excluídas.

A admissão de novos membros implicava que o Estado gozasse de


soberania internacional, aceitasse as obrigações resultantes da sua
adesão, se admitido desde que obtivesse uma maioria de 2/3.

Qualquer país podia retirar-se da SDN depois de um pré-aviso de 2


anos. Ou ser excluído por votação unânime do Conselho e da
Assembleia.
Órgãos da SDN
Assembleia
Nomeia 6 comissões permanentes
Sede em Genebra especializadas.
Sessões anuais em Elege os membros não permanentes
Setembro do Conselho.
Sessões extraordinárias Elege os juízes do Tribunal
As decisões são tomadas Permanente de Justiça Internacional.
por unanimidade, exceto em
questões de procedimento. Vota resoluções e recomendações
Conselho:
Competências:
Trata das questões relacionadas
Composto por: com a Paz
Cinco membros permanentes
(reduzido a 4 com a saída dos
 Designa os funcionários do
EUA): França, Reino-Unido, Itália
e Japão). Secretariado

Quatro membros não permanentes  Elabora planos de desarmamento.


eleitos em alternância (6 em 1922
e 9 a partir de 1926).  Medeia em caso de conflito.

Reúne uma vez por ano ou  Recomenda medidas militares a


quando as circunstâncias o
serem tomadas contra o agressor.
exigirem.
Secretariado:

Máquina poderosa (possui mais


de 500 funcionários oriundos de
mais de 50 países).
Prepara os relatórios e
documentos para a Assembleia e
para o Conselho.

O Secretário-Geral:
 Convoca o Conselho a pedido de
um Estado membro.
 Prepara a Ordem de Trabalhos
da Assembleia.
 Dirige as publicações da SDN.
Além destes organismos principais
existiam outros subsidiários:
De caráter político:
Comissão Permanente de Mandatos.
Comissão permanente para as questões militares, navais e aéreas.
Alto Comissariado para os refugiados.

De caráter técnico:
Comunicações.
Cooperação intelectual.
Questões sociais: (escravatura, lepra , ópio, etc.)

Organização Mundial do Trabalho

Tribunal Permanente de Justiça Internacional


Composto por 15 membros eleitos pelo Conselho e pela Assembleia por um
período de 9 anos. O TPJI tem assento em Haia e dedica-se à resolução de
diferendos entre os Estados-membros. Deve ter pelo menos uma sessão por
ano. Promulga acórdãos fundamentais e definitivos.
Em suma:
A SDN tornou-se um instrumento de manutenção e de vigilância
da nova ordem internacional instaurada pelos vencedores, na
medida em que submete todos os eventuais litígios à sua
arbitragem ou à do Tribunal Internacional de Haia.

Há uma grande influência da França e do Reino Unido.


Os EUA não entram.
A Alemanha só é admitida em 1926 e sai em 1933.
A URSS só é admitida em 1935 e será excluída anos mais
tarde.
A difícil recuperação económica da Europa e a
dependência em relação aos Estados Unidos
A hemorragia humana
O recuo da hegemonia Europeia é sem dúvida o
traço principal da nova ordem internacional.

O balanço da guerra é aterrador:


Perto de 10 milhões de mortos europeus.
Cerca de 20 milhões de inválidos.
Juntam-se as vítimas na guerra civil da Rússia.
Os mortos no teatro de operações extraeuropeu
(Próximo-Oriente, África e Ásia).
Mortes civis causadas pelas operações militares e pela
sobre mortalidade em tempo de guerra (doenças, falta
de higiene, etc.).
Défice de nascimentos devido à separação dos casais.
O Aumento da mortalidade infantil (em França em 1914
era de 17,5‰, em 1918 atinge os 22‰ e, só em 1922
voltará ao nível inicial.
O fim da guerra provocou fortes movimentos
migratórios:
Perto de 1 milhão de alemães vindos da
polónia, dos Países Baixos, da Alsácia-Lorena,
refugiam-se na República de Weimar.
A Hungria acolheu 400.000 exilados. A
Bulgária acolheu 200.000.
O conflito greco-turco provocará o êxodo de
mais de um milhão de gregos na Ásia Menor.
Por seu turno, a França tem de recorrer a mão-
de-obra imigrante (italianos, polacos e
espanhóis que veem às centenas de milhar: em
1931 estão registados mais de 2,7 milhões de
emigrantes para preencher o vazio nas
atividades agrícolas e industriais (minas,
siderurgia, etc.).
Muitos italianos emigram para fugir à
repressão do regime de Mussolini.
Declínio económico:
A França tem cerca de 300.000 casas destruídas
e 3.000.000 de hectares de terras cultiváveis
inutilizadas, por vezes de forma irreversível.
Infraestruturas ferroviárias, pontes, estradas,
condutas de água ficaram reduzidas a nada.

A Inglaterra perdeu grande parte da sua marinha


mercante.

No total houve uma redução de 30% do


potencial agrícola e 40% do potencial industrial.
A Europa deixou de ser o “banqueiro do mundo”:

Dívida Externa em 1919


Para pagarem as enormes
despesas da Guerra, os países (em biliões de francos)
viram-se obrigados a fazer França 33
regressar os seus capitais
colocados no estrangeiro ou então Grã-Bretanha 32
a ceder, nomeadamente aos EU, Alemanha 20
uma parte dos seus títulos de
crédito estrangeiros.
Dívida Pública ( em milhões de euros)

1914 1919
Recorre-se a empréstimos
internos e, em seguida França 33.5 219
empréstimos externos, por
Grã-Bretanha 17.6 196.9
exemplo, aos EUA.
Alemanha 6 169
Emergência de novas potências
A I Guerra Mundial acelerou um processo
esboçado antes de 1914: a deslocação das
zonas de impulso económico para a periferia
do sistema internacional. O Reino Unido
deixou de ser o “atelier do mundo”.
A Europa perdeu o monopólio comercial e o
monopólio da modernidade.
Os EUA
A partir de 1923 verificou-se um crescimento e desenvolvimento
económico dos EUA, nos moldes do capitalismo liberal
Produção de carvão: 513 milhões de toneladas em
1913 e 658 milhões em 1918.
A produção de aço quase duplicou.
A tonelagem da frota mercantil quadruplicou.
São possuidores de metade do stock mundial de
ouro.
Desenvolvimento técnico, exploração de novas
fontes de energia (petróleo e eletricidade),
Aperfeiçoamento do processo produtivo
(estandardização e taylorismo),
Exploração de novos ramos industriais (automóveis,
aeronáutica, químicos...) e relançamento da
economia.
Incentivo ao consumo em massa pelo
desenvolvimento das vendas a crédito e da
publicidade; e incremento das operações bolsistas.
O Japão
Vendeu à China, à Índia e aos
países do Sudeste Asiático os
produtos manufaturador que a
Europa não lhes podia
fornecer.
Exportou para os países
beligerantes (ex.: Rússia)
material de guerra e munições.
Quintuplicou o valor da sua
produção industrial
A sua balança comercial,
deficitária até 1914, tornou-se,
a partir daí, largamente
excedentária.
O Canadá
Exporta para a Europa os produtos da sua
floresta e a sua metalurgia pesada.

Países latino-americanos
(Argentina, Paraguai, Brasil)
Exportam trigo, carne, açúcar e café

A Índia
Faz concorrência ao Reino Unido nos têxteis
(fiação, tecelagem) e metalurgia.

A economia globaliza-se a níveis nunca


antes atingidos.

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