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Congresso de Viena: o contexto, os principais princípios e também decisões

R.: O Congresso de Viena surgiu como uma resposta coletiva europeia, sob
a forma de uma convenção na capital austríaca entre novembro de 1814 e
junho de 1815, à derrota de Napoleão e da Revolução Francesa,
especificamente aos avanços territoriais de caráter imperialista que
caracterizaram estes dois marcos históricos.

O Congresso reuniu as principais potências europeias e pretendia


redesenhar o mapa político europeu que sofreu alterações devido às
invasões napoleónicas, Os seus objetivos eram profundamente antiliberais e
antinacionais. A Áustria, Rússia, Prússia e Grã-Bretanha foram as grandes
potências vencedoras deste acordo.

Foi até a um certo nível bem-sucedido: impedir que se desse um conflito


político-militar internacional que envolvesse as principais potências
europeias.

Todos os atores políticos tinham interesse em evitar a guerra – tinham


medo das revoluções e, consequentemente da guerra, pois a guerra era uma
oportunidade para a revolução.

“ nem os reis nem os estadistas eram mais prudentes ou pacíficos do que


antes, o que estavam era mais amedrontados” Eric Hobsbawm

O Congresso guiava-se através de três princípios: o princípio de equilíbrio,


que afirmava que ninguém podia ser demasiado forte (ter demasiado poder
político), demasiado poderoso para por em causa o equilíbrio, desta forma,
as potências tinham de se equilibrar (esse desequilíbrio, na sua ótica, teria
sido a causa da instabilidade anteriormente vivida); o princípio da
legitimidade, referente à legitimidade dos reis, procedendo a dinastias e
famílias reais, no fundo, foi aquele que justificou a participação da França
no Congresso, (é desta forma que a família de Luís XVII volta ao poder em
França) e nos restantes países europeus reafirmou o poder das famílias e
dinastias reais; e o princípio de intervenção, talvez o princípio mais
importante do Congresso, que realçava a necessidade de haver uma
intervenção constante por parte das potências europeias em conflitos
internos de outros Estados ou conflito entre potências, a fim de fazer
prevalecer a paz na Europa.

Seguindo estes três princípios, parecia assim que a paz e o bom


funcionamento da Europa estava assegurado.

No entanto, analisando as principais decisões tomadas no Congresso, esta


paz é-nos apenas aparente.

A noção de igualdade e soberania ditada pela Paz de Vestfália parecia ter


sido traída, dado que houve, certamente, certas potências a saírem mais
vencedoras que as outras.

Na reorganização do mapa político europeu o caso da Polónia serve para


ilustrar isso mesmo, dado que através do Congresso fora dividida e
distribuída pela Rússia, Prússia e Áustria. A Inglaterra foi capaz de anexar
territórios no Mediterrâneo e a Holanda conseguiu aumentar o seu
território. Assim, certas potências, como a Grã-Bretanha, Prússia, Áustria e
Rússia, saíram desta conferência como claras vencedoras e beneficiárias.
Por outro lado, a França voltou às suas fronteiras iniciais e os Estados
Italianos foram também distribuídos, nomeadamente, pelo Papado.

O Congresso de Viena possibilitou os chamados “Cem Anos de Paz”, com


a ajuda inicial do Concerto Europeu, devido à existência do princípio da
intervenção por parte das grandes potências e a inclusão da França
derrotada, pelo que não foram registados conflitos exagerados que
alarmassem demasiado o Congresso entre 1815 e 1914.

Contudo, esta paz omite variados conflitos focais como a Guerra da


Crimeia e, mais importante ainda, as revoluções de 1830 e 1848 que
surgem, precisamente, como afronta ao Congresso e aos seus princípios.
Estas revoluções que ocorrem em toda a Europa são levadas a cabo devido
a sentimentos nacionalistas e liberais, que iam contra as motivações
antinacionalistas e antiliberais que levaram à criação do Congresso.

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