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Manual de

Coleta em
Laboratório

Clínico
4ª Edição - 2023

Dr. Marcos Kneip Fleury

Mestrado e Doutorado em Genética Humana pela


Universidade Federal do Rio de Janeiro;
Professor Associado de Hematologia da
Faculdade de Farmácia da UFRJ (1992 – 2021);
Coordenador do Laboratório de Análises Clínicas da
Faculdade de Farmácia da UFRJ – LACFAR (2006 – 2019);
Assessor Científico do Programa Nacional de Controle
de Qualidade na área de Hematologia, PNCQ-SBAC;
Coordenador da Comissão Científica de Congressos da SBAC;
Vice-Presidente da SBAC.
Apresentação
Apresentação
O Programa Nacional de Controle de Qualidade publicou em 2014, a pri-
meira edição de seu manual de coleta. Este trabalho teve como objetivo
a reunião das principais recomendações de sociedades científicas nacio-
nais e internacionais acerca dos procedimentos que envolvem a coleta e o
transporte de amostras biológicas.

A reunião desse volume de informações em uma publicação foi orientada


ao profissional do laboratório de análises clínicas que, diariamente, se de-
para com os diversos aspectos que envolvem a qualidade da amostra.

O Manual de Coleta em Laboratório Clínico mostrou uma grande aceitação


na área das Análises Clínicas o que nos motivou à continuidade do trabalho
publicando esta revisão.

O PNCQ se empenha na divulgação de informações que atendam às ne-


cessidades da rotina laboratorial estimulando a educação continuada, sem-
pre em busca da excelência dos serviços laboratoriais.

Esperamos que este material seja útil aos colegas, boa leitura.

Rio de Janeiro, 02 de junho de 2023

Prof. Marcos Fleury


Assessor Científico do PNCQ
Sumário
I - INTRODUÇÃO ........................07 VI - INFORMAÇÕESTÉCNICAS .31
II - INSTALAÇÕES .................09 Princípio .....................................32
Sala de coleta ............................10 Limitações ................................. 32
Atividades ..................................10 Vácuo impreciso – pouco vácuo
Características do espaço físi- ou falta de vácuo .................... 32
co.............................................. 10 Vácuo impreciso – muito vácuo ...
.................................................. 33
III - EQUIPAMENTOS E SUPRI- Refluxo ..................................... 33
MENTOS ....................................11 Coleta Lenta ........................... 33
Cadeiras de coleta ...................... 12
Móvel auxiliar ............................. 12 VII - CUIDADOS ESPECIAIS .... 35
Suprimentos ...............................12 Pacientes pediátricos ................ 36
Hematoma ................................ 36
IV - PROCEDIMENTOS DE COLE- Hemólise ................................... 36
TA ..............................................15 Intervalos de tempo .................. 36
Testes imuno-hematológicos ... 37
V - MATERIAIS PARA COLE- Dispositivos de acesso vascular
TA .......................................... 21 (DAV) ........................................ 37
Agulhas para coleta múltipla ...... 22
Escalpe para coleta múltipla ..... 22 VIII - COLETA DE SANGUE CAPI-
Adaptadores para coleta múltipla .... LAR ....................................... 39
.................................................. 23 Coleta em crianças .................... 40
Tubo de coleta de sangue sem aditi- Coleta em adultos .................... 40
vos ............................................ 23 Punção da pele ........................ 40
Tubo de coleta de sangue pró-coa- Procedimentos de coleta .......... 40
gulação ................................... 24 Locais de punção .................... 41
Tubos com ativador de coagulação Aquecimento do local de punção ...
(Gel&Clot) ................................. 25 .................................................. 42
Tubos com heparina ............... 26
Tubos com fluoreto de sódio .....26 IX - CUIDADOS PRÉ-ANALÍTI-
Tubos com EDTA ..................... 27 COS............................... ........... 43
Tubos com citrato ...................... 27 Separação do plasma ou soro ......
Minitubos para coleta simples ..... .................................................. 44
.................................................. 28 Fase pré-centrifugação ............. 44
Minitubos para coleta com capilar Transporte de amostras .......... 44
................................................ 28 Agitação e hemólise ................. 44
Tubos ESR citrato de sódio ......... Centrifugação ........................... 45
.................................................. 29 Fase pós-centrifugação ............ 45
Equipamentos de coleta ........... 29 Critérios básicos para a rejeição
Swab simples ............................ 29 de amostras ............................ 45
Swab com meio de transporte ... 30
X - COLETA DE AMOSTRAS MI- XII - APÊNDICES .................... 65
CROBIOLÓGICAS ................... 47
Requisitos biológicos ............... 48 Apêndice 1 - Estabilidade de
Coleta microbiológica ............... 48 amostras não centrifugadas à tem-
Critérios de Rejeição para Amos- peratura ambiente (20 a 25° C) ..
tras Clínicas em meios de trans- ............................................ 66
porte ........................................ 49
Procedimentos de coleta .......... 50 Apêndice 2 - Resumo dos proce-
Secreção de orofaringe ............ 50 dimentos de coleta para amostras
Secreção de queimadura ......... 50 microbiológicas ......................... 67
Secreção de ouvido ................. 50
Secreção ocular ....................... 51 Apêndice 3 - Ordem de Coleta.... 70
Secreção vaginal ...................... 51
Secreção endocervical ........... 51
Secreção uretral ...................... 52 XIII - BIBLIOGRAFIA .................. 71
Secreção anal .......................... 52
Swab retal ................................ 52
Coleta de hemoculturas ............. 53
Urocultura ................................. 56
Coprocultura ............................. 57

XI - LEGISLAÇÃO SOBRE
TRANSPORTE DE AMOSTRAS
BIOLÓGICAS ........................... 59
Introdução ................................ 60
Classificação de Risco .............. 60
Substância Infecciosa da Catego-
ria A ......................................... 61
Substância Biológica da Catego-
ria B ........................................ 61
Acondicionamento, Rotulagem e
Etiquetagem ............................. 61
Instrução de Embalagem 650 (PI
650) ........................................ 62
Particularidades no acondiciona-
mento de amostras líquidas ....... 63
Particularidades no caso de amos-
tras sólidas ............................. 64
Particularidades no caso de amos-
tras refrigeradas ........................ 64
Introdução
Introdução
A quantidade de erros que podem cessário que todas sejam tratadas
Introdução

ocorrer durante a coleta e o pro- como potencialmente infectantes.


cessamento de amostras sanguí- O uso de luvas durante a coleta
neas é potencialmente numerosa e o manuseio das amostras é im-
e as consequências destes erros prescindível para atender às boas
muito prejudiciais aos pacientes. práticas de coleta.

Sem a utilização de procedimentos Os conjuntos de testes ou testes


que visem a excelência das práti- conjugados como os marcadores
cas laboratoriais é pouco provável de hepatite ou as provas de fun-
que as amostras e os resultados ção hepática ou renal assumiram
obtidos possam ser comparáveis grande importância no diagnósti-
entre laboratórios diferentes. É co e no acompanhamento de di-
necessário que programas de trei- versas doenças. Mesmo quando
namento que abordem as boas os testes são realizados correta
práticas laboratoriais sejam imple- e precisamente, muitas variáveis
mentados para que flebotomistas podem interferir nos resultados. O
bem preparados sejam formados. conhecimento destas variáveis e a
Há pelo menos três décadas a li- padronização dos procedimentos
teratura especializada reconhece laboratoriais são essenciais para
a importância dos procedimentos a correta interpretação e o melhor
pré-analíticos incluindo a coleta e aproveitamento do conjunto dos
o manuseio das amostras. Meto- resultados.
dologias de análise altamente so-
fisticadas não são capazes de pro- Muitas causas dos chamados
duzir bons resultados a partir de “erros de laboratório” estão rela-
uma amostra inadequada. A coleta cionados a fatores não-analíticos
apropriada e o manuseio correto como a forma de coleta, manu-
das amostras são de vital impor- seio e transporte da amostra. Fa-
tância para prevenir os numerosos tores não-biológicos como erros
erros inerentes a esta fase. na identificação do paciente e fa-
tores biológicos como postura do
Os erros pré-analíticos podem ter paciente e o tempo decorrido entre
numerosas origens como: identifi- a coleta e a realização dos testes
cação incorreta do paciente, ordem também contribuem para o “erro
dos tubos incorreta durante a cole- laboratorial” total.
ta, utilização do aditivo inadequado,
erros de rotulação, tempo decorrido
entre a coleta e a realização do tes-
te e erros burocráticos.

Como não é possível saber a pro-


cedência da totalidade de amos-
tras processadas na rotina, é ne-
8 - Manual de Coleta
Instalações
Instalações
Instalações

Layout Fluxo

Espera/
Recepção

Área para classificação e


Box de coleta
distribuição de amostras

Fonte – SOMASUS - Sistema de apoio a organização e elaboração de projetos de investimentos em saúde

Sala de coleta Características do espaço


físico (RDC/ANVISA Nº 50,
A sala de coleta deve estar locali- de 21 de fevereiro de 2002)
zada em um local limpo, tranquilo
e apresentar algum grau de pri- • Área mínima - 1,50 m² / Box - 1
vacidade. No caso de coletas in- para cada 15 coletas/hora. Um dos
fantis, algum isolamento acústico boxes deve ser destinado à maca
pode ser considerado. A sala deve e com dimensão para tal.
conter local apropriado para a la- • Área média - 3,80 m²
vagem das mãos preferencialmen- • Piso - Liso (sem frestas) resis-
te com água e sabão. Em casos tente ao desgaste, lavável, imper-
onde a água corrente não esteja meável de fácil higienização e re-
disponível, géis antissépticos a sistente aos processos de limpeza,
base de álcool podem ser utiliza- descontaminação e desinfecção.
dos eventualmente. • Paredes - Superfície lisa e uni-
forme de fácil higienização e resis-
tente aos processos de limpeza,
Atividades descontaminação e desinfecção.
• Teto - Contínuo, de fácil higie-
• Receber ou proceder a coleta nização, sendo proibido o uso de
de material (no próprio laboratório forros removíveis e resistente aos
ou descentralizada). processos de limpeza, desconta-
• Fazer a triagem do material. minação e desinfecção.
• Porta - Revestida com material
lavável. Vão mínimo de 0,80m.

10 - Manual de Coleta
Equipamentos & Suprimentos
Equipamentos & Suprimentos
Cadeiras de coleta
Equipamentos e Suprimentos

2cm) devem estar disponíveis. A


• As cadeiras de coleta devem gaze é preferível ao algodão pois
proporcionar o máximo de conforto este último pode deslocar o tam-
e segurança aos pacientes. O con- pão plaquetário formado no local
forto ergonômico e acessibilidade da punção.
do paciente e do flebotomista de- • Recipiente para material pér-
vem ser considerados. furo-cortante, de acordo com as
• A cadeira deve possuir braços recomendações sanitárias deve
de apoio ajustáveis em ambos os estar disponível para descarte de
lados tanto para facilitar a coleta agulhas contaminadas. Estes reci-
como para prevenir a queda do pa- pientes devem exibir o símbolo de
ciente em caso de desmaio. material contaminado.

Móvel auxiliar
• O carro ou mesa auxiliar de
coleta deve ser de fácil higieniza-
ção e resistente aos processos RDC/ANVISA Nº 222, de 28 de
de limpeza, descontaminação e março de 2018
desinfecção. É desejável que seja
capaz de armazenar os materiais
necessários à coleta. 14 – GRUPO E

Suprimentos 14.1 – Os materiais perfuro-


• Agulhas e scalps de vários cortantes devem ser descarta-
calibres devem estar disponíveis dos separadamente, no local
para a coleta. Os procedimentos de sua geração, imediatamen-
de descarte seguro de agulhas te após o uso ou necessidade
devem ser observados imediata- de descarte, em recipientes
mente após a coleta utilizando-se rígidos, resistentes à punctu-
recipientes apropriados ao descar- ra, ruptura e vazamento, com
te de pérfuro-cortantes. tampa, devidamente identifica-
• Tubos de coleta são manufa- dos, atendendo aos parâmetros
turados de forma a receber volu- referenciados na norma NBR
mes pré-determinados de sangue. 13853/97 da ABNT, sendo ex-
Informações acerca dos tipos de pressamente proibido o esva-
tubos e aditivos utilizados para as ziamento desses recipientes
diversas dosagens devem estar para o seu reaproveitamento.
disponíveis nas áreas de coleta. As agulhas descartáveis devem
• Antissépticos – álcool etílico ou ser desprezadas juntamente
isopropílico a 70%; antissépticos a com as seringas, quando des-
base de iodo de 1 a 10%; antissép- cartáveis, sendo proibido reen-
ticos sem álcool como clorexidina. capá-las ou proceder a sua reti-
• Compressas de gaze (2cm x rada manualmente

12 - Manual de Coleta
Equipamentos e Suprimentos
6.1.3- Os critérios de aceitação
• Dispositivos refrigerados ou e rejeição de amostras, assim
recipientes com gelo devem estar como, a realização de exames
disponíveis para amostras que ne- em amostras com restrições de-
cessitem de resfriamento imediato vem estar definidos em instru-
após a coleta. ções escritas.
• Um manual contendo instru- 6.1.4- O cadastro do paciente
ções das necessidades de volume, deve incluir as seguintes infor-
aditivos, manuseio das amostras e mações:
precauções para os diversos tes- a) número de registro de iden-
tes deve estar disponível no local tificação do paciente gerado
de coleta. pelo laboratório;
b) nome do paciente;
A RDC/ANVISA Nº 786 de 05/05/23 c) idade, sexo e procedência
dispõe sobre os requisitos técnico- do paciente;
-sanitários para o funcionamento d) telefone e/ou endereço do
de laboratórios clínicos e apresen- paciente, quando aplicável;
ta um conjunto de procedimentos e) nome e contato do respon-
indicados para a fase pré-analítica. sável em caso de menor de ida-
de ou incapacitado;
6- PROCESSOS OPERACIO- f) nome do solicitante;
NAIS g) data e hora do atendimen-
6.1- Fase pré-analítica to;
6.1.1- O laboratório clínico e o h) horário da coleta, quando
posto de coleta laboratorial de- aplicável;
vem disponibilizar ao paciente i) exames solicitados e tipo de
ou ao responsável, instruções amostra;
escritas e/ou verbais em lingua- j) quando necessário: informa-
gem acessível, orientando sobre ções adicionais, em conformida-
o preparo e coleta de amostras de com o exame (medicamento
tendo como objetivo o entendi- em uso, dados do ciclo menstrual,
mento do paciente. indicação/observação clínica,
6.1.2 - O laboratório clínico e dentre outros de relevância).
o posto de coleta laboratorial k) data prevista para a entrega
devem solicitar ao paciente do- do laudo;
cumento que comprove a sua l) indicação de urgência, quan-
identificação para o cadastro. do aplicável.
6.1.2.1- Para pacientes em 6.1.5 - O laboratório clínico e
atendimento de urgência ou sub- o posto de coleta laboratorial
metidos a regime de internação, devem fornecer ao paciente am-
a comprovação dos dados de bulatorial ou ao seu responsá-
identificação também poderá ser vel, um comprovante de atendi-
obtida no prontuário médico. mento com: número de registro,

Manual de Coleta - 13
Equipamentos e Suprimentos

nome do paciente, data de aten- o nome do laboratório responsá-


dimento, data prevista de entre- vel pelo envio.
ga do laudo, relação de exames 6.1.11 - O transporte da amos-
solicitados e dados para contato tra de paciente, em áreas co-
com o laboratório. muns a outros serviços ou de
6.1.6 - O laboratório clínico e circulação de pessoas, deve ser
o posto de coleta laboratorial feito em condições conforme o
devem dispor de meios que item 5.7.
permitam a rastreabilidade da 6.1.12 - Quando da terceiriza-
hora do recebimento e/ou cole- ção do transporte da amostra,
ta da amostra. deve existir contrato formal obe-
6.1.7 - A amostra deve ser decendo aos critérios estabele-
identificada no momento da co- cidos neste regulamento.
leta ou da sua entrega quando 6.1.13 - Quando da importação
coletada pelo paciente. ou exportação de “Espécimes
6.1.7.1 - Deve ser identificado para Diagnóstico”, devem ser
o nome do funcionário que efe- seguidas a RDC/ANVISA Nº01
tuou a coleta ou que recebeu a de 06 de dezembro de 2002 e
amostra de forma a garantir a a portaria MS Nº 1985, de 25 de
rastreabilidade. outubro de 2002, suas atualiza-
6.1.8 - O laboratório clínico e o ções ou outro instrumento legal
posto de coleta laboratorial de- que venha substituí-las.
vem dispor de instruções escritas
que orientem o recebimento, co-
leta e identificação de amostra.
6.1.9 - O laboratório clínico e o
posto de coleta laboratorial de-
vem possuir instruções escritas
para o transporte da amostra de
paciente, estabelecendo prazo,
condições de temperatura e pa-
drão técnico para garantir a sua
integridade e estabilidade.
6.1.10 - A amostra de paciente
deve ser transportada e preser-
vada em recipiente isotérmico,
quando requerido, higienizável,
impermeável, garantindo a sua
estabilidade desde a coleta até
a realização do exame, identifi-
cado com a simbologia de risco
biológico, com os dizeres “Espé-
cimes para Diagnóstico” e com

14 - Manual de Coleta
Procedimentos de Coleta
Procedimentos de Coleta
1. Preparar o formulário ou so-
Procedimentos de Coleta

prazo de validade.
licitação de coleta – A solicita- • Selecionar o calibre da agulha
ção deve conter as seguintes
informações: para a coleta de acordo com a ne-
cessidade.
• Nome completo do paciente e • Selecionar o sistema de coleta.
data de nascimento / idade. Tubos a vácuo ou seringa.
• Nome do médico solicitante. • Os sistemas a vácuo são pre-
• Número de identificação. feríveis pois dispensam a transfe-
• Data e hora da coleta. rência do sangue para os recipien-
• Testes solicitados. tes e garantem a relação aditivo /
amostra.
2. Identificar o paciente. Higieni-
zar as mãos. 5. Identificar os tubos ou confe-
• O flebotomista deve identificar- rir a identificação.
-se ao paciente.
• Perguntar o nome do paciente 6. Posicionar o paciente correta-
mente.
conferindo com a solicitação. No
caso de crianças ou pacientes in- • Para segurança do paciente a
conscientes, perguntar ao acom- coleta deve ser realizada com o
panhante ou verificar o bracelete paciente sentado confortavelmen-
de identificação. te ou deitado.
• Se o paciente estiver dormindo, • A cadeira de coleta deve conter
deve ser acordado para a coleta. braços para apoio em ambos os
Atentar para movimentos involun- lados para facilitar a coleta e pre-
tários em pacientes inconscientes venir quedas no caso do paciente
ou semi-comatosos. Aconselha-se perder a consciência.
alguma contenção para a coleta.
7. Aplicar o torniquete, pedir
3. Verificar a condição de jejum, ao paciente que feche a mão e
restrições alimentares, hiper- examinar o local de coleta para
sensibilidade ao látex ou ao an- selecionar o local de punção.
tisséptico.
• Verificar se o paciente está em • A aplicação do torniquete não
jejum e/ou obedeceu às restrições deve ultrapassar a 1 minuto com o
alimentares necessárias aos testes. risco de provocar estase vascular.
• Certifique-se que o paciente Isto pode resultar no aumento dos
entenda suas perguntas. níveis séricos de todos os analitos
ligados a proteínas, hematócrito e
4. Selecionar os tubos, agulhas outros elementos celulares.
e demais materiais necessários • Evitar áreas queimadas ou fe-
à coleta. ridas.
• Examinar tubos e agulhas para • Pacientes submetidas à mas-
possíveis defeitos verificando o tectomia não devem ter amostras

16 - Manual de Coleta
Procedimentos de Coleta
coletadas no mesmo lado da cirur- • Se o paciente relatar a sen-
gia devido a linfo-estase. sação de choque elétrico, o pro-
• Deve-se evitar a coleta no mes- cedimento deve ser interrompido
mo braço de qualquer acesso ve- imediatamente. No caso de for-
noso para soro ou medicamentos. mação de hematomas, a coleta
• O local mais indicado para também deve ser interrompida e
a punção é a fossa antecubital o local da punção deve ser pres-
onde os vasos são mais super- sionado vigorosamente por pelo
ficiais e apresentam calibre ade- menos 5 minutos.
quado. Quando este sítio não for
acessível, é aceitável que se uti- 8. Calçar as luvas.
lize as veias localizadas nas cos-
tas das mãos. • As luvas devem ser trocadas
• A fossa antecubital apresenta a cada coleta.
dois formatos anatômicos mais co-
muns: o formato em H ou formato 9. Aplicar o antisséptico no lo-
em M. O formato em H apresen- cal de punção e deixar secar.
ta de modo mais proeminente as
veias cefálica, mediana cubital e • Utilizar preferencialmente
basílica. O formato em M exibe as uma compressa de gaze embe-
veias cefálica, cefálica mediana, bida em álcool 70% ou compres-
basílica mediana e basílica. sas industrializadas.

• Utilizar movimentos circula-


res do centro para a periferia

• Deixar secar para evitar a he-


mólise na amostra e a sensação
de queimação durante a punção.

• Para coleta de hemocultura a


região deve ser higienizada por
cerca de 30 segundos abrangen-
do uma área maior do que em
• As coletas devem ser prefe- coletas normais. Os antissépti-
rencialmente realizadas nas veias cos a base de iodo são os reco-
cubital mediana (formato em H) mendados neste caso.
e mediana (formato em M), pois
são vasos superficiais, com pou- • Limpar a tampa do vidro de
ca mobilidade, menos dolorosos e cultura com solução antissépti-
menos sujeitos a injúrias a nervos ca. Assegure-se de que a tampa
no caso de posicionamento inade- esteja seca antes de introduzir a
quado da agulha. agulha pra transferir o material.

Manual de Coleta - 17
Procedimentos de Coleta

10. Realizar a punção.

10.1. Coleta com sistemas a


vácuo.
• Se possível posicionar o braço
do paciente na posição descen-
dente para evitar refluxo do tubo
para a veia.
• Atarraxar a agulha ao adapta-
dor de acordo com as instruções
do fabricante. • Quando o sangue parar de fluir,
• Segurar o braço com firmeza desconecte o tubo cheio e insira o
abaixo do local escolhido para a próximo tubo. Sempre remova o úl-
punção. O polegar pode ser utili- timo tubo antes de retirar a agulha
zado para puxar a pele firmando a da veia do paciente.
veia escolhida. • O profissional deve segurar o
• Comunicar ao paciente que a tubo durante a coleta. O tubo de
punção está pronta para ser reali- borracha que cobre a agulha de
zada. Esteja atento a qualquer mo- coleta múltipla é tracionado quan-
vimento involuntário e/ou perda de do da inserção do tubo fazendo
consciência. com que exerça uma reação no
• Com o bisel voltado para cima sentido de expulsar o tubo. Isso
puncionar a veia formando um ân- normalmente não acontece pois a
gulo de 30º entre a agulha e o an- rolha do tubo exerce uma pressão
tebraço do paciente. que impede que isso aconteça. Em
• Uma vez que o sangue comece casos raros isso pode acontecer e
a fluir para o tubo solicitar ao pa- por isso o profissional deve estar
ciente para abrir a mão. alerta e apoiar sua mão no fundo
• A recomendação técnica indica do tubo durante a coleta para evi-
que o garrote seja retirado assim tar que isso aconteça.
que o sangue comece a fluir para • Os tubos contendo aditivos
o tubo. Entretanto, em algumas si- devem ser homogeneizados ime-
tuações este procedimento pode diatamente após a coleta. Inverta
interromper o fluxo sanguíneo. o tubo gentilmente por 5 a 10 ve-
• Permitir que o tubo seja preen- zes assegurando-se de realizar
chido completamente. Para tubos movimentos suaves para evitar a
com aditivos, este procedimento hemólise.
assegura a correta relação entre a • Use o adaptador da agulha de
amostra e o aditivo. coleta múltipla oferecido pelo fabri-
• Durante a coleta, o tubo deve cante do tubo pois os adaptadores
estar inclinado para que o sangue não são universais e, em alguns
escorra para o fundo. casos, a tampa do tubo pode pren-

18 - Manual de Coleta
Procedimentos de Coleta
der na lateral interna do adaptador vidas para a transferência do san-
provocando a perda de sangue du- gue para os tubos.
rante a coleta. • Homogeneizar os tubos que
contenham aditivos.
10.2. Coleta com seringa e agu-
lha. 11. Os tubos devem ser trocados
• Certificar-se de que a agulha ou preenchidos de acordo com
esteja corretamente conectada a a necessidade obedecendo a or-
seringa. dem de coleta.
• Empurrar o êmbolo para frente 1º Frascos para hemocultura
e para trás conferindo se o movi- 2º Tubos para coagulação (tam-
mento é realizado sem qualquer pa azul)
problema. 3º Tubos para soro com ou sem
• Empurrar o êmbolo para frente aditivo (tampa vermelha)
até que todo o ar seja expelido da 4º Tubos com heparina com ou
seringa. sem gel separador (tampa verde)
• Segurar o braço com firmeza 5º Tubos com EDTA com ou sem
abaixo do local escolhido para a gel separador (tampa lilás)
punção. O polegar pode ser utili- 6º Tubos com fluoreto de sódio
zado para puxar a pele firmando a (tampa cinza)
veia escolhida. *Confira a tabela destacável em
• Comunicar ao paciente que a anexo ao final do manual.
punção está pronta para ser rea-
lizada. Nota: Os tubos de vidro ou plástico
• Com o bisel voltado para cima contendo gel separador podem cau-
sar interferência nos testes de coa-
puncionar a veia formando um ân- gulação. Tubos sem aditivos devem
gulo de 30° entre a agulha e o an- ser usados antes dos tubos destina-
tebraço do paciente. dos aos testes de coagulação.
• Manter a agulha o mais estável
possível, aspirando lentamente a Nota: Quando o escalpe for utiliza-
quantidade de sangue necessária. do para a coleta e o tubo de coa-
• Retirar o torniquete assim que o gulação for o primeiro a ser colhido
sangue começar a fluir. deve-se usar um tubo sem aditivo
• Para transferir o sangue para os como “primer”. A função deste tubo
tubos de coleta, colocar os tubos é preencher totalmente o tubo
em uma estante sobre a bancada. do escalpe garantindo a relação
sangue / aditivo no tubo de cole-
Jamais realize a transferência se- ta. Este tubo não precisa ser total-
gurando o tubo com as mãos. mente preenchido.
• Puncionar a rolha do tubo per-
mitindo que o tubo seja preenchido Nota: Os testes de tempo de pro-
sem aplicar nenhuma pressão no trombina (TP) e tempo de trom-
êmbolo. boplastina parcial ativada (TTPa)
• As rolhas não devem ser remo- não tem seus resultados alterados

Manual de Coleta - 19
quando realizados no primeiro
Procedimentos de Coleta

tubo colhido. Entretanto, para os 16. Anotar a hora da coleta.


demais testes de coagulação reco-
menda-se o uso de amostras co- 17. Observar necessidades es-
lhidas em um segundo tubo. peciais de manuseio.

12. Remover o torniquete.


• Algumas dosagens exigem que
13. Posicionar a gaze sobre o lo- a amostra seja resfriada imedia-
cal de punção. tamente para que o metabolismo
celular seja diminuído ou que seja
14. Remover a agulha e proceder mantida a 37° C para evitar agluti-
ao descarte. nação ou mesmo proteger a amos-
tra da luz.
• Descarte a agulha em um re- • Exemplos de dosagens que re-
cipiente para material perfuro-cor- querem cuidados especiais.
tante, de fácil acesso que atenda à Resfriamento Temperatura de 37°C Abrigo da luz

legislação sanitária. Gastrina


Amônia
Aglutininas fria
Crioglobulinas
Bilirrubina
Vitamina A
Ácido láctico Criofibrinogênio Vitamina B6

• As agulhas não devem ser re- Catecolaminas


Piruvato
Beta caroteno
Porfirinas
capeadas, amassadas, quebradas Paratormônio (PTH)
ou cortadas nem devem ser remo-
vidas das seringas a menos que 18. Encaminhar o material devi-
seja utilizado um dispositivo de se- damente identificado para pro-
gurança. cessamento.

15. Pressionar o local de punção


até que o sangramento tenha
cessado, aplique uma banda-
gem adesiva.

• Posicionar a compressa de
gaze sobre o local de punção e
aplicar pressão suave.
• Não permitir que o paciente do-
bre o braço.
• O próprio paciente pode manter
o local pressionado até que o fle-
botomista verifique que o sangra-
mento tenha cessado.
• Aplicar bandagem adesiva.
• Recomendar que a bandagem
não seja retirada antes de 15 mi-
nutos.

20 - Manual de Coleta
Materiais para coleta
Materiais para coleta
Materiais para Coleta

Agulhas para coleta múltipla 2. Não a use se a embalagem esti-


ver danificada, se o rótulo que sela
a embalagem estiver rasgado, se
houver material desconhecido na
ponta da agulha ou se a extremi-
dade distal da agulha estiver sem
a capa de borracha;
3. Nunca retire a capa de borracha
da extremidade distal da agulha;
4. Nunca toque a ponta da agulha
com o dedo;
5. Não use a agulha após o prazo
de validade;
Dimensões 6. Não reutilize a agulha, ela é de
uso único conforme a indicação da
20 G x 1½” 0.9 x 38 mm - amarela; embalagem.
21 G x 1” 0.8 x 25 mm - verde;
22 G x 1” 0.7 x 25 mm - preta. Escalpe para coleta múltipla
Características Técnicas
As agulhas são amoladas de for-
ma especial e única para simplifi-
car a penetração no tecido, o trau-
ma é consideravelmente reduzido
e o tecido apresenta danos míni- Dimensões
mos.
Na sua extremidade distal a agu- 21G x 3/4”x 12”; 0,8 x 19 x 300 mm - verde;
lha é revestida com uma capa de 21G x 3/4”x 7” ; 0,8 x 19 x 190 mm - verde;
borracha natural que reduz o ris- 22G x 3/4”x 12”; 0,7 x 19 x 300 mm - preta;
co de contaminação protegendo-a 22G x 3/4”x 7”; 0,7 x 19 x 190 mm - preta;
após a retirada de um tubo a vá- 23G x 3/4”x 12”; 0,6 x 19 x 300 mm - azul;
cuo para colocação de outro. 23G x 3/4”x 7”; 0,6 x 19 x 190 mm - azul.
As agulhas são siliconizadas na
extremidade proximal criando uma Características técnicas
camada protetora que assegura
uma penetração suave quando a As asas de fixação facilitam a ma-
agulha perfura a veia do paciente. nipulação do escalpe e sua intro-
dução na veia do paciente.
Recomendações A retirada do adaptador permite a
1. Observe a agulha cuidadosa- adaptação do sistema a um apare-
mente antes de usar; lho de infusão venosa.

22 - Manual de Coleta
Recomendações de distal é usada para entrada do

Materiais para Coleta


tubo e a proximal possui em seu
1. Observe a agulha cuidadosa- centro uma abertura para que a
mente antes de usar; agulha de coleta múltipla seja ros-
2. Não a use se a embalagem esti- queada.
ver danificada, se o rótulo que sela
a embalagem estiver rasgado, se O adaptador de agulhas com pro-
houver material desconhecido na tetor possui preso à sua extremida-
ponta da agulha ou se a extremi- de proximal uma peça de plástico
dade distal da agulha estiver sem flexível em formato de concha e no
a capa de borracha; comprimento da agulha de maior
3. Nunca retire a capa de borracha tamanho, com alças internas, que
da extremidade distal da agulha; cobrem e prendem a agulha ao fi-
4. Nunca toque a ponta da agulha nal da coleta permitindo o descar-
com o dedo; te do conjunto com segurança.
5. Não use a agulha após o prazo
de validade; Recomendações
6. Não reutilize a agulha, ela é de
uso único conforme a indicação da 1. Verifique sempre se está ocor-
embalagem. rendo algum vazamento na rosca
do adaptador após ajuste da agu-
Adaptadores para coleta lha para não comprometer a efici-
múltipla ência do vácuo.

Apresentação
(1) Adaptador com protetor de segu- Tubos de
rança – uso único. coleta de
(2) Adaptador simples – uso múltiplo. sangue sem
aditivos

Descrição Dimensões Volume Cor da


tampa

Características técnicas Tubo sem


reagente
13 x 75 mm 1 – 5 mL Vermelha

13 x 100 mm 1 – 7 mL Vermelha
O adaptador para agulhas tem o
formato cilíndrico; sua extremida- 16 x 100 mm 7 – 10 mL Vermelha

Manual de Coleta - 23
Características Técnicas do fator de coagulação pelas pla-
Materiais para Coleta

quetas que deflagra as reações


Utilizado para coleta e armaze- em cascata do processo de co-
namento de sangue para testes agulação.
bioquímicos, imunológicos e so- Tempo de coagulação de até 10
rológicos. min na ausência de disfunção
O tratamento das paredes inter- plaquetária.
nas dos tubos torna-o recomen- Utilizado para coleta e armaze-
dado para determinação de ele-
namento de sangue para testes
mentos (Fe, Co, Zn, Cu, Mn).
O tratamento das paredes inter- bioquímicos.
nas também inibe a absorção de O tamanho das partículas do ati-
proteínas e permite o armaze- vador é estável e elas estão uni-
namento para reteste por tempo formemente distribuídas na su-
prolongado. perfície interna do tubo.
Evita a separação de fibrina e a
Recomendações ocorrência de hemólise causada
pela coagulação desigual e in-
1. Armazenar em temperatura am-
completa, prevenindo a presen-
biente, em local de baixa umidade
e protegido da luz solar. ça de partículas na superfície do
soro.
Ideal para emergências laborato-
riais e hospitalares.
Tubos de
coleta de Recomendações
sangue pró-
-coagulação 1. Inverter gentilmente os tubos
5 a 8 vezes logo após a coleta
sanguínea;
2. Aguardar um tempo mínimo
de 10 min para coagulação a
Descrição Dimensões Volume Cor da
temperatura ambiente;
tampa 3. Certificar-se que a coagula-
Tubo com 13 x 75 mm 1 – 5 mL Vermelha ção tenha sido completa antes de
ativador
proceder à centrifugação;
13 x 100 mm 1 – 7 mL Vermelha
4. Efetuar a centrifugação na
16 x 100 mm 7 – 10 mL Vermelha
velocidade de 3.000 rpm por 10
Características Técnicas min;
5. Armazenar em temperatura
Com ativador de coagulação. ambiente, em local de baixa umi-
O ativador estimula a liberação dade e protegido da luz solar.
24 - Manual de Coleta
Materiais para Coleta
Tubos com ativador de co- O gel tem peso molecular unifor-
agulação (Gel&Clot) me e resiste a temperaturas de
até 190°C.
A uniformidade de peso mole-
cular do gel evita a migração de
substâncias de baixo peso mole-
cular para a superfície do soro e
sua consequente contaminação.

Recomendações
1. Inverter gentilmente os tubos
5 a 8 vezes logo após a coleta
sanguínea;
2. Aguardar um tempo mínimo
de 30 min. para coagulação a
temperatura ambiente;
Descrição Dimensões Volume Cor da
tampa 3. Certificar-se que a coagula-
Tubo con 13 x 75 mm 3,5 mL Amarela ção tenha sido completa antes de
gel
proceder à centrifugação;
13 x 100 mm 5 mL Amarela
4. Efetuar a centrifugação na
16 x 100 mm 8,5 mL Amarela
velocidade de 3.000 rpm por 10
min;
Características Técnicas 5. Armazenar em temperatura
ambiente, em local de baixa umi-
Com ativador de coagulação e dade e protegido da luz solar.
gel separador inerte com densi-
dade de 1.040/1.050. * Em ambientes em que a tem-
Indicado para armazenamento peratura seja inferior a 25°C,
por tempo prolongado de soro principalmente durante o inverno,
para testes bioquímicos.
recomenda-se estender o tempo
Tempo de coagulação de 30 min
de coagulação para até 45 min,
à temperatura ambiente (25° C).
A característica especial da pare- sempre confirmando que a coa-
de interna do tubo previne a troca gulação tenha se completado.
de substâncias entre as células * Em casos de emergência colo-
sanguíneas e o soro mantendo as car os tubos em banho-maria a
características bioquímicas inalte- 37°C por 20 a 30 min para ace-
radas por tempo prolongado. lerar o processo de coagulação.
Manual de Coleta - 25
Tubos com heparina
Materiales para la Toma de Muestras

2. Efetuar a centrifugação na ve-


locidade de 3.000 rpm por 10 min.
3. Armazenar em temperatura
ambiente, em local de baixa umi-
dade e protegido da luz solar.

Tubos com fluoreto de sódio

Características Técnicas
O anticoagulante utilizado é sódio
ou lítio heparina em concentra-
ções na faixa de 12,5 a 17,5 UI/mL.
Utilizado para testes bioquímicos e
enzimáticos e também para alguns
testes de reologia (viscosidade).
A heparina ativa anti-trombinas
Descrição Dimensões Volume Cor da
que bloqueiam a ação da trombi- tampa
na e a sua consequente ativação Tubo con 13 x 75 mm 2 e 4 mL Cinza
da reação de formação de fibrina a fluoreto
partir do fibrinogênio.
O tempo de armazenamento do Características Técnicas
material é de até 6h à temperatura
ambiente com garantia na estabili- O anticoagulante usado é uma
dade de várias enzimas. mistura de fluoreto de sódio e
Não há influência do anticoagulan- EDTA em uma mistura de solu-
te na concentração de cálcio e nas ção e pó.
atividades enzimáticas desde que
seja coletada a quantidade reco- EDTA é quelante de cálcio e blo-
mendada de sangue. queia a coagulação sanguínea.
Recomendações Fluoreto de sódio inibe a glico-
se-desidrogenase e consequen-
1. Inverter gentilmente os tubos 5 temente bloqueia o metabolismo
a 8 vezes logo após a coleta san- da glicose.
guínea;
Utilizado para a análise de açú-
26 - Manual de Coleta
car no sangue, de tolerância a (líquido) na concentração de 2 mg/

Materiais para Coleta


açúcares, de anti-hemoglobina mL de sangue que não interferem
alcalina, de teste de hemólise no volume globular ou na forma
pela sacarose e para eletroforese das células sanguíneas.
de hemoglobina. Utilizados em hematologia com
aplicação em diversos analisado-
Recomendações res hematológicos.
Protegem naturalmente as célu-
1. Inverter gentilmente os tubos las sanguíneas, principalmente as
5 a 8 vezes logo após a coleta plaquetas.
sanguínea; Impedem a agregação plaquetária.
2. Efetuar a centrifugação na Protegem o volume e a forma da
velocidade de 3.000 rpm por célula sanguínea por tempo pro-
10min; longado.
3 Armazenar em temperatura
ambiente, em local de baixa umi- Recomendações
dade e protegido da luz solar. 1. Inverter gentilmente os tu-
bos de 3 a 5 vezes, se fizer uso
Tubos com EDTA do EDTA K3, e de 5 a 8 vezes, se
usar o EDTA K2, logo após a cole-
ta sanguínea;
2. EDTA K3 é fornecido na forma
líquida causando uma leve dilui-
ção da amostra;
3. É preferível o uso de EDTA K2
para contagem de células sanguí-
neas e determinação de seu tama-
nho;
4. Armazenar em temperatura
ambiente, em local de baixa umi-
dade e protegido da luz solar.

Descrição Dimensões Volume Cor da Tubos com citrato


tampa
Tubo com 13 x 75 mm 4 mL Roxa
EDTA K2
Tubo com 13 x 75 mm 2 e 4 mL Roxa
EDTA K3

Características Técnicas
Os anticoagulantes são o EDTA
K2 (líquido ou pó) ou o EDTA K3
Manual de Coleta - 27
Minitubos para coleta sim-
Materiais para Coleta

Descrição Dimensões Volume Cor da


tampa ples
Tubo com 13 x 75 mm 1,8 mL Azul Minitubos para coleta com
citrato
capilar
13 x 100 mm 3,6 mL Azul

Características Técnicas
O anticoagulante é uma solução
tampão estável de citrato de sódio
a 3,2% (0,109 mol/l) adicionada
em volume que mantêm a relação
de 1:9 entre o aditivo e o sangue.
Utilizado para teste dos mecanis-
mos de coagulação sanguínea. Descrição Dimensões Volume Cor da
tampa
Presença de gás inerte no meio
Pró-coagu- 10 x 45 mm 0,2 a verme-
para prevenir a ativação do fator lação 0,5 mL lha
de coagulação pelos gases da at- Ativador gel 10 x 45 mm 0,2 a amarela
mosfera. & clot 0,5 mL
EDTA K2 10 x 45 mm 0,2 a roxa
O tratamento da superfície interna 0,5 mL
do tubo evita a ativação de pla- EDTA K3 10 x 45 mm 0,2 a roxa
quetas e estabelece condições 0,5 mL

ideais para os testes de PT (tem- Lítio hepa-


rina
10 x 45 mm 0,2 a
0,5 mL
verde

po de protrombina) e TTPA (tempo Sódio 10 x 45 m 0,2 a verde


de tromboplastina parcial ativado. heparina 0,5 mL
Glicose 10 x 45 mm 0,2 a cinza
Recomendações 0,5 mL

Recomendações
1. Inverter gentilmente os tubos 3
a 5 vezes logo após a coleta san- 1. A pressão direta sobre o local
guínea; de perfuração pode causar hemó-
2. Efetuar a centrifugação na ve- lise e afetar a precisão dos resul-
locidade de 3.000 a 3.500 rpm por tados;
15 min; 2. A coleta de amostras por tem-
3. O resultado da centrifugação po superior a 2 minutos resulta fre-
deve produzir plasma com conta- quentemente em amostras de bai-
gem insignificante de plaquetas; xa qualidade e alta incidência de
4. Armazenar em temperatura microcoagulação nos minitubos;
ambiente, em local de baixa umi- 3. As amostras coletadas em mi-
dade e protegido de luz solar. nitubos de EDTA para hematologia

28 - Manual de Coleta
Recomendações

Materiais para Coleta


devem ser utilizadas em até 4 h;
4. Aguarde pelo menos 30 minu-
tos para usar as amostras coleta- 1. Inverter gentilmente os tubos 3
das em minitubos de soro; a 5 vezes logo após a coleta san-
5. Quantidade insuficiente de guínea;
amostra causará uma relação in- 2. Armazenar em temperatura
correta entre o sangue e o aditivo ambiente, em local de baixa umi-
contido no minitubo e consequen- dade e protegido de luz solar.
temente um resultado errôneo;
6. Nunca agite o minitubo para Equipamentos de coleta
misturar a amostra e o aditivo.

Tubos ESR citrato de sódio Garrotes

Descrição
Dimensões - Adulto: 400 mm x 25 mm;
Infantil: 350 mm x 25 mm.
Descrição Dimensõe Volume Cor da
tampa Swab simples
Tubo com 13 x 75 mm 1,8 mL Preta
citrato
13 x 100 mm 3,6 mL Preta

Características Técnicas
O anticoagulante é uma solução
tampão estável de citrato de só-
dio a 3,2% (0,129 mol/l) adicio-
nada em volume que mantêm a
relação de 1:4 entre o aditivo e o Características técnicas
sangue.
Utilizado principalmente para a Haste plástica com uma das ex-
realização da velocidade de he-
tremidades revestida de material
mossedimentação.
O tratamento da superfície inter- natural ou fibras sintéticas. Emba-
na do tubo evita a ativação de lagem plástica para transporte. Es-
plaquetas. terilizado por óxido de etileno.
Manual de Coleta - 29
Materiais para Coleta

Swab com meio de trans-


porte

Características técnicas

Haste plástica com uma das extre-


midades revestida de material na-
tural ou fibras sintéticas. Embala-
gem plástica para transporte com
meio de cultura. Esterilizado por
meio de irradiação.

Swab com meio Amies sem carvão ativado


de transporte
Amies com carvão ativado
Meio de Stuart
Meio de Cary Blair

Instruções de uso
Abrir o pacote Proceder à coleta do material

Recolocar o swab na embalagem Identificar a amostra

30 - Manual de Coleta
Informações Técnicas
Informações Técnicas
Princípio
Informações Técnicas

Ação: Acalme o paciente. Mas-


sageie gentilmente o local da pun-
O vácuo é pré-definido para con- ção venosa ou gire a agulha cui-
dições normais de temperatura e dadosamente.
pressão, ou seja, para a tempera- • O paciente tem um elevado
tura de 20°C e pressão atmosféri- grau de viscosidade sanguínea.
ca de 1 atm. Os volumes aceitos Ação: Escolha fazer a punção
para cada tipo de tubo devem ficar venosa com uma agulha de diâ-
na faixa de ± 10%. Por exemplo , metro superior ou use a veia car-
para um tubo de 4 ml o volume ob- dinal.
tido de sangue deve ficar entre 3,6 • Local inapropriado para reali-
ml e 4,4 ml. zação da punção venosa.
Ação: Gire a agulha ligeiramente
Limitações ou faça uma nova punção venosa.
• Julgamento incorreto da posi-
• A quantidade de sangue obtida ção final de coleta.
varia com a altitude, a temperatura Ação: Refazer a prática de de-
ambiente e o tempo prolongado de terminação do ponto final de co-
armazenamento do tubo. leta para evitar que se faça a mu-
• Diferenças referentes ao pa- dança a mudança dos tubos antes
ciente podem ocorrer tais como do tempo.
pressão venosa, viscosidade do • O tamanho da agulha é pe-
sangue e condições do vaso san- queno prolongando o tempo para
guíneo. mudança dos tubos da sequência
• Diferenças referentes ao ope- de coleta o que pode resultar em
rador podem ocorrer tais como coagulação externa.
técnica de coleta e tipo de agulha Ação: Escolha uma agulha com
utilizada. um tamanho superior.
• Penetração mal sucedida do
Vácuo impreciso – pouco tubo na extremidade distal da
vácuo ou falta de vácuo agulha ou posição incorreta da
cânula da agulha no suporte.
Após sucessivas tentativas não Ação: Verifique a colocação da
há fluxo de sangue ou a coleta se agulha no suporte e confirme a
interrompe antes que uma quan- entrada no tubo na posição ver-
tidade adequada de sangue seja tical.
obtida. • O tubo foi danificado por causa
externa causando prematura per-
Causas da de vácuo.
Ação: Utilize um outro tubo para
• O paciente está muito nervoso coleta.
provocando a contração da veia e • Baixa pressão venosa causan-
o bloqueio da ponta da agulha. do colapso da veia.

32 - Manual de Coleta
Refluxo

Informações Técnicas
Ação: Bata de leve ou belisque
a pele para que o fluxo de sangue Cuidados Especiais
se normalize.
• Torniquete aplicado muito lon- • Coloque o braço do paciente em
ge do local da punção ou pouco posição inclinada de cima para
apertado. baixo.
Ação: Ajuste a posição do torni- • Mantenha a tampa como a posi-
quete para 6 cm acima do local de ção mais alta do tubo.
punção venosa ou aperte o torni- • Solte o torniquete assim que o
quete. sangue começar a fluir para o in-
• A temperatura ambiente é bem terior do tubo.
superior a 20°C o que causa a di- • Confirme que os aditivos presen-
minuição do volume de coleta. tes no tubo não estejam tocando a
Ação: Fazer a coleta em tem- tampa nem a ponta da agulha.
peraturas ambientes próximas a
20°C. Coleta lenta
Vácuo impreciso – muito Os tubos com menor volume de
vácuo retirada podem ter um fluxo de
sangue mais lento do que tubos de
O valor obtido de sangue é supe- mesmo tamanho com volumes de
rior ao esperado durante a coleta. retirada maiores.
Quanto menor o tamanho da agu-
Causas lha maior a resistência ao fluxo
de sangue. Consequentemente o
• A posição do corpo do pa- fluxo de sangue, para tubos com
ciente se altera durante a coleta mesmo volume de retirada, é me-
de sangue. nor se usadas forem agulhas de
Ação: Instrua o paciente a as- menor tamanho.
sumir a posição correta para co-
leta de acordo com instruções. Causas
• O paciente sente-se nervoso
durante a coleta causando ele- • Uso de agulhas de tamanho peque-
vação da pressão consequente no para coleta em pacientes com vis-
aumento do volume coletado. cosidade sanguínea elevada.
Ação: Acalme o paciente antes Ação: Escolha sempre a agulha
de fazer a coleta venosa. mais apropriada para coleta de
• Se a coleta é feita em am- sangue do paciente.
biente com temperatura abaixo
de 20°C a retirada de sangue • A veia cardinal não foi escolhida
aumenta. para coleta venosa.
Ação: Fazer a coleta em tempe- Ação: Ao fazer coleta múltipla a
raturas ambientes próximas a 20ºC. veia cardinal deve ser usada para

Manual de Coleta - 33
coleta múltipla.
Informações Técnicas

• Não foi feito o uso do torniquete


ou ele foi usado frouxo.
Ação: Use o torniquete mais
apertado.

34 - Manual de Coleta
Cuidados Especiais
Cuidados Especiais
Pacientes pediátricos
Cuidados Especiais

• Utilizar as principais veias su-


perficiais.
A coleta de sangue venoso de • Manter o conjunto de coleta
crianças menores de um ano pode (vácuo ou seringa) estável durante
ser muito difícil e potencialmente a coleta.
perigosa. A coleta de grande quan- • Pressionar o local da punção
tidade de sangue, principalmente até que o sangramento tenha ces-
em recém-nascidos ou prematuros sado.
pode resultar em anemia. A pun- • Antes de aplicar a bandagem
ção de veias profundas em crian- observar se o sangramento ces-
ças pode causar: parada cardíaca, sou.
hemorragia, trombose venosa, es-
pasmo arterial e gangrena de ex- Hemólise
tremidade, infecção etc.
A hemólise da amostra pode ser
• A coleta venosa de pacien- evitada com os seguintes procedi-
tes pediátricos deve obedecer às mentos:
mesmas recomendações observa- • Após a desinfecção do local da
das para pacientes adultos. punção, permita que a área seque
• A punção deve ser realizada completamente.
utilizando-se agulhas ou escalpes • Jamais colete quando ocorrer a
que proporcionem facilidade ao formação de hematoma ou incha-
flebotomista e conforto ao pacien- ço do local.
te. Agulhas com calibre 22 – 23 • Quando a coleta é realizada
são recomendadas. com seringa, verificar se a agulha
• Em pacientes internados deve está perfeitamente conectada para
haver um sistema que monitore o evitar a entrada de ar e formação
volume de sangue colhido diaria- de bolhas.
mente para evitar a anemia. • Usando seringas, evitar força
excessiva quando puxar o êmbolo.
Hematoma • Homogeneizar os tubos con-
tendo aditivos gentilmente, prefe-
Para a prevenção da formação de rencialmente por inversão.
hematomas o flebotomista deve
observar alguns cuidados: Intervalos de tempo
• Assegurar-se que a agulha pe- Algumas amostras devem ser co-
netrou completamente a veia. A letadas em intervalos de tempo
punção superficial pode permitir determinados obedecendo a perí-
extravasamento de sangue para o odos de jejum ou a variações cir-
tecido adjacente ao vaso. cadianas. É fundamental que os
• Remover o torniquete antes de intervalos específicos sejam rigo-
retirar a agulha da veia. rosamente observados. Exemplos:

36 - Manual de Coleta
Cuidados Especiais
• Glicose pós-prandial (2 ou 3 • Preferencialmente deve-se uti-
horas após alimentação). lizar o braço que não contenha
• Cortisol. acesso para infusão de fluidos ou
• Monitoramento terapêutico de hemocomponentes.
anticoagulantes. • Amostras para testes hemato-
• Digoxina e outras drogas. lógicos e para determinação de
• Para o monitoramento de dro- glicemia não devem ser obtidas
gas terapêuticas o horário da co- destes dispositivos.
leta e a dose devem ser anotados
com precisão.

Testes imuno-hematológi-
cos
Para testes imuno-hematológicos
os tubos com gel separador não
devem ser utilizados.

Dispositivos de acesso
vascular (DAV)
Os dispositivos utilizados para in-
fusão venosa de medicamentos
ou fluidos não devem ser utiliza-
dos rotineiramente como acesso
a amostras de sangue. Entretanto,
se este procedimento for inevitá-
vel, deve-se observar a compatibi-
lidade entre o material de coleta e
o DAV para evitar vazamentos ou
a entrada de ar e a formação de
bolhas e consequente hemólise.

• Se o acesso intra-venoso es-


tiver preenchido com heparina
ou outro anti-coagulante a linha
deve ser limpa (rinsada) antes
da obtenção da amostra. O dobro
do volume contido no dispositivo
deve ser descartado para os tes-
tes mais comuns e 5 mL ou 6 ve-
zes o volume do dispositivo para
testes de coagulação.

Manual de Coleta - 37
Coleta de Sangue Capilar
Coleta de Sangue Capilar
Coleta em crianças Coleta em adultos
Coleta de Sangue Capilar

Amostras de sangue obtidas por A coleta capilar pode ser vantajosa


meio da punção da pele (coleta ca- também em pacientes adultos. Este
pilar) são especialmente importan- tipo de amostra é especialmente
tes em pediatria, pois pequenas aplicável em casos de: pacientes
quantidades de sangue podem ser queimados, obesidade, pacientes
obtidas com esta técnica. A coleta com tendências trombóticas, pa-
capilar evita, em crianças submeti- cientes geriátricos ou pacientes nos
das a coletas de sangue frequen- quais as vias periféricas estejam
tes, a anemia por perda, princi- sendo preservadas para terapia in-
palmente em recém-nascidos ou tra-venosa, testes domésticos (ex.
prematuros. glicemia) e utilização da metodolo-
A tabela abaixo mostra a relação gia Point of Care Testing (POCT) =
entre o volume de sangue colhido testes rápidos ou remotos.
e a volemia de crianças de diferen-
tes idades. Nota: Em pacientes desidratados
Idade Peso (Kg) Volemia (mL) % (10 mL) ou extremamente edemaciados
26 semanas 0,9 104 8,6 pode ser impossível a obtenção de
28 semanas 1,1 127 7,9 amostras de sangue adequadas
30 semanas 1,3 158 6,7 por meio de punção capilar.
32 semanas 1,6 185 5,4
34 semanas 2,1 242 4,1 Punção da pele
36 semanas 2,6 299 3,3
38 semanas 3,0 345 2,9 O material obtido a partir da pun-
Nascimento 3,4 272-340 2,9-3,7
ção da pele é uma mistura de
3 meses 5,7 428-570 1,8-2,3
proporções indeterminadas de
6 meses 7,6 570-760 1,3-1,8
9 meses 9,1 683-910 1,1-1,5
sangue proveniente de vênulas,
12 meses 10,1 758-1010 1,0-1,3
arteríolas e fluidos intersticiais e
15 meses 10,8 810-1030 0,9-1,2 intracelulares. A proporção de san-
18 meses 11,4 855-1140 0,9-1,2 gue arterial nas punções capilares
24 meses 12,6 945-1260 0,8-1,1 é sempre maior que a venosa, pois
4 años 16,5 1283-1650 0,6-0,8 a pressão arterial nas arteríolas é
6 años 21,9 1643-2190 0,5-0,6 bem maior que a observada nas
8 años 27,3 2048-2730 0,4-0,5 vênulas e capilares venosos.
10 años 32,6 2445-3260 0,3-0,4
12 años 38,3 2873-3830 0,3-0,4 Procedimentos de coleta
Relação percentual de uma amostra de 10
mL de sangue em relação a volemia de • Utilizar os procedimentos roti-
acordo com a idade e o peso. neiros iniciais de coleta.

40 - Manual de Coleta
nha reta traçada do intervalo entre

Coleta de Sangue Capilar


• Selecionar o local de punção.
Higienizar o local e deixar secar. o quarto e quinto dedos até o cal-
• Abrir uma lanceta estéril à vista canhar. (Figura abaixo)
do paciente verificando possíveis
defeitos no equipamento.
• Avisar ao paciente a punção
iminente. Puncionar a pele com a
lanceta.
• Descartar a lanceta em um re-
cipiente para material pérfuro-cor-
tante.
• Limpar a primeira gota de san-
gue com uma gaze seca a menos
que seja contra-inicado pelo fabri-
cante do teste.
• Coletar a amostra atendendo Algumas regiões anatômicas não
às recomendações do fabricante devem ser utilizadas para punção
do tubo de coleta quanto ao volu- em crianças.
me. Fechar o contêiner.
• Se o volume obtido for insufi- • A curvatura posterior do calca-
ciente, realizar nova punção usan- nhar.
do nova lanceta. • A área do arco, pois trata-se de
• Homogeneizar o material apro- uma região com vários tendões e
priadamente. nervos que podem ser lesados.
• Pressionar o local da coleta até • Os dedos de crianças menores
que o sangramento cesse. Aplicar de 1 ano, devido à espessura entre
uma bandagem se necessário. a pele e o osso, pois as lancetas
• Anotar sempre o local da coleta utilizadas na rotina poderiam facil-
na ficha do paciente. mente lesar o osso.
• Áreas inchadas, pois a quan-
Locais de punção tidade de fluido acumulado pode
contaminar a amostra de sangue.
Crianças • Regiões previamente punciona-
das.
• Os lóbulos das orelhas.
Em crianças menores de 1 ano, as
punções na parte lateral ou medial Nota: As punções no calcanhar
plantar do calcanhar são prefe- não devem ser mais profundas
ríveis. A área recomendada para que 2,0 mm.
a punção deve ser na superfície
plantar medial a uma linha reta do Crianças maiores e adultos
meio do hálux (dedo grande do pé)
até o calcanhar ou lateral a uma li- • A punção deve ser realizada

Manual de Coleta - 41
Coleta de Sangue Capilar

na superfície palmar, do segmento


distal dos dedos médio ou anelar
(1).
• As regiões laterais e o topo dos
dedos devem ser evitados. O teci-
do da área central é mais espesso
facilitando a punção.
• Os polegares, indicadores e
mínimos devem ser evitados para
punção digital.
• Não se deve utilizar os dedos
do mesmo lado de uma mastecto-
mia.

Aquecimento do local de
punção
O aquecimento do local da punção
pode ser importante para amos-
tras destinadas à determinação do
pH e gases sanguíneos e é reco-
mendado para outras dosagens.
Amostras colhidas de áreas aque-
cidas são denominadas arteriali-
zadas. Uma toalha úmida ou outro
dispositivo pode ser utilizado para
aquecer a região a uma tempera-
tura não superior a 42° C por apro-
ximadamente 5 minutos. Este pro-
cedimento aumenta o fluxo arterial
para o local em até sete vezes e
não altera os testes laboratoriais
mais rotineiros.

42 - Manual de Coleta
Cuidados Pré-analíticos
Cuidados Pré-analíticos
Separação do plasma ou tadas em fluoreto de sódio. Este
Cuidados Pré-analíticos

soro aditivo antigicolítico pode manter


as concentrações de glicose es-
As amostras de soro ou plasma táveis por 24 horas à temperatura
destinadas aos testes laborato- ambiente (25° C) e por 48 horas
riais devem ser separadas do entre 4 e 8° C.
contato com as células sanguíne-
as o mais rapidamente possível a Transporte de amostras
menos que estudos comprovem
que este contato prolongado não As amostras devem ser levadas
afete os resultados. aos setores responsáveis pela
A centrifugação e a separação do execução dos testes em contê-
soro ou do plasma dentro de duas ineres plásticos adequados a esta
horas após a coleta é o procedi- finalidade o mais rápido possível.
mento recomendado embora mui- A menos que o resfriamento da
tos analitos mantenham sua es- amostra esteja recomendado, as
tabilidade por períodos de tempo amostras devem ser transportadas
mais longos. (Apêndice 1) à temperatura ambiente.
Os tubos devem ser mantidos na
Fase pré-centrifugação posição vertical e tampados. Este
procedimento permite a comple-
Independentemente do método ta formação do coágulo e reduz
de coleta utilizado (vácuo ou a agitação do tubo o que, conse-
seringa) todos os tubos con- quentemente, diminui a possibili-
tendo aditivos, exceto citrato de dade de hemólise.
sódio, devem ser homogeniza- Os tubos contendo gel separador
dos por inversão pelo menos 10 devem ser sempre mantidos na
vezes para assegurar a mistura posição vertical logo após a cole-
adequada da amostra e do adi- ta. Este procedimento impede que
tivo. Os tubos contendo citrato a rede de fibrina se forme junto à
devem ser invertidos por 3 ou 4 tampa do tubo.
vezes apenas.
As amostras de soro devem estar Agitação e hemólise
completamente coaguladas antes
da centrifugação. Agitação ou a O manuseio cuidadoso das amos-
abertura do tubo durante o proces- tras contribui para minimizar os
so de coagulação não são reco- danos às hemácias. A hemólise
mendados. Temperaturas baixas pode causar interferências quí-
retardam a formação de coágulo. micas no teste propriamente dito
Quando possível, pode-se utilizar e interferências óticas em muitos
tubos com aditivos que acelerem o instrumentos que utilizam leitura
processo de coagulação. ótica. A tabela 1 mostra as prin-
As amostras destinadas à dosa- cipais alterações da hemólise em
gem de glicose devem ser cole- alguns analitos.
44 - Manual de Coleta
Tabela 1 – Efeito da hemólise em testes ga Relativa) e não em RPM. Para

Cuidados Pré-analíticos
laboratoriais. calcular o RCF deve-se usar a se-
Testes muito Tipo de Magnitude da guinte fórmula;
afetados alteração alteração
AST A de 22,7 a 220 % RCF (g)= 0,00001118 x r x N2
LDH A de 22,0 a 222 %
Potássio A de 3,2 a 26,2 % RCF = Força Centrífuga Relativa;
Troponina D de 2,5 a 10 % r = raio (distância do eixo do rotor
Testes até a base do tubo); N = velocida-
afetados de de rotação (RPM).
ALT A de 9,0 a 55 % Os tubos devem ser centrifugados
Ferro A de 4,2 a 26 % entre 1000 e 3000 g de 5 a 10 mi-
T4 D de 6,7 a 42 % nutos. Os tubos de citrato de sódio
Testes pouco
devem ser centrifugados de modo
afetados a produzir um plasma pobre em
Albumina A/D/SA de 2,7 a 4,5 % plaquetas.
Fosfatase SA/D de 0,0 a 30,8 %
alcalina Fase pós-centrifugação
Cálcio A de 0,1 a 6,5 %
Magnésio A de 0,0 a 6,5 % As amostras de soro ou plasma
Fósforo A de 3,0 a 10,0 %
devem ser fisicamente separadas
Bilirrubina total SA/D de 0,0 a 2,5 %
das células assim que possível.
O soro ou plasma não deve perma-
Proteínas Totales A de 0,0 a 4,0 %
necer à temperatura ambiente por
mais de 8 horas. Se os testes não
AST = Aspartato aminotransferase; LDH =
puderem ser realizados dentro des-
Lactato desidrogenase;
te intervalo de tempo, as amostras
ALT = Alanina aminotransferase; T4 = Te-
devem ser refrigeradas (2 - 8° C).
traiodotironina ou tiroxina;
Se os testes forem realizados após
A = aumentado; D = diminuído; SA = sem
48 horas da coleta, a amostra deve
alteração.
ser congelada (-20° C). As amos-
tras não devem ser congeladas
Centrifugação mais de uma vez sob pena de al-
terações importantes nos resulta-
Amostras de sangue para obten- dos. O descongelamento deve ser
ção de soro devem estar com- realizado à temperatura ambiente
pletamente coaguladas antes da sem o uso de aquecimento.
centrifugação. Os tubos devem ser
mantidos fechados durante todo o Critérios básicos para a
processo e a centrífuga deve estar rejeição de amostras.
adequadamente tampada.
O CLSI recomenda que a veloci- • Transporte em contêineres inade-
dade de centrifugação deva ser quados.
expressa em RCF (Força Centrífu- • Identificação inadequada ou in-
Manual de Coleta - 45
correta.
• Volume de amostra impróprio.
• Tubo de coleta inadequado.
• Presença de hemólise
• Armazenamento e/ou transporte
em condições inadequadas.
Coleta de Amostras
Coleta de Amostras
Microbiológicas
Microbiológicas
Está bastante claro que o trans- Alguns sistemas de transporte
Coleta de Amostras Microbiológicas

porte de espécimes clínicos para contêm diferentes meios de cultu-


diagnóstico configura-se como ra e/ou substâncias estabilizantes
uma etapa crítica para o diagnós- para preservar a viabilidade de
tico acurado. A preservação das micro-organismos mais sensíveis.
características dos micro-organis- Qualquer incompatibilidade entre
moe e/ou dos ácidos nucléicos os meios de transporte e a reali-
pode ser seriamente comprometi- zação dos testes pretendidos deve
da quando as condições de coleta estar especificada na embalagem
e transporte estão aquém das re- do produto.
comendações. O transporte destas
amostras até o laboratório deve ser Coleta microbiológica
realizado obedecendo-se a condi-
ções estritas e utilizando-se ma- O material colhido deve ser repre-
terial de coleta adequado. Os sis- sentativo do processo infeccioso
temas de transporte de amostras investigado, devendo ser eleito
podem ser definidos como swabs o melhor sítio da lesão, evitando
secos, swabs com meios de cul- contaminação com as áreas adja-
tura, frascos estéreis e/ou frascos centes. A coleta e o transporte ina-
contendo meio de cultura. dequados podem ocasionar falhas
Os profissionais encarregados pela no isolamento do agente etiológico
coleta devem estar aptos a proce- e favorecer o desenvolvimento da
der à coleta e enviar as amostras flora contaminante. Portanto, pro-
cedimentos adequados de coleta
ao laboratório com a segurança de
devem ser adotados para evitar o
que o sistema de transporte utili- isolamento de um “falso” agente
zado seja capaz de manter a viabi- etiológico, resultando numa orien-
lidade dos micro-organismoe e/ou tação terapêutica inadequada.
preservar os ácidos nucléicos pre-
sentes na amostra. Já no laborató- • Colher antes da antibioticotera-
rio, os técnicos devem ser capazes pia, sempre que possível.
de recuperar as amostras destes • Instruir claramente o paciente so-
sistemas de transporte com a se- bre o procedimento.
gurança de que os componentes • Observar a antissepsia na coleta
representativos da amostra foram de todos os materiais clínicos.
mantidos durante o transporte. • Colher do local onde o micro-or-
ganismo suspeito tenha maior pro-
Requisitos biológicos babilidade de ser isolado.
• Considerar o estágio da doença
O sistema de transporte deve preser- na escolha do material. Patógenos
var a amostra durante o transporte entéricos, causadores de diarréia,
quando as recomendações de utiliza- estão presentes em maior quanti-
ção fornecidas pelo fabricante forem dade e são mais facilmente isola-
rigorosamente obedecidas dentro do dos durante a fase aguda ou diarréi-
prazo de validade estabelecido. ca do processo infeccioso intestinal.
48 - Manual de Coleta
Coleta de Amostras Microbiológicas
• Quantidade suficiente de ma- a) Evitar Swab transportado em
terial deve ser coletada para per- tubo seco estéril, pois o tempo de
mitir uma completa análise mi- espera pode levar ao ressecamento
crobiológica. excessivo do material e perda da via-
• O pedido do exame deve conter, bilidade de alguns micro-organismos.
além da identificação do paciente, b) Para rotinas automatizadas, não
dados como idade, doença de base incubar o frasco em estufa comum,
e indicação do uso de antibióticos. deixar em temperatura ambiente ate
incubação no equipamento.
Tempo crítico para entrega da c) Meio Cary-Blair para transpor-
amostra ao laboratório e meios de te de fezes, com pH 8,4, apresenta
transporte boa recuperação para Vibrio sp e
Amostra Tempo Tempera- Meio de Campylobacter sp. Se a amostra
crítico tura Transporte não for entregue no laboratório em
Fragmento uma hora, conservar em geladeira
ou aspirado
em frasco de 4 a 8° C, por um período de no
30 mi-
Anaeróbios
nutos
Ambiente estéril, máximo 12 horas. Marcar a data e
meio de
transporte horário da coleta.
semi-sólido

1 hora Ambiente
Frasco Critérios de Rejeição para
Fezes
seco estéril
Amostras Clínicas em
12
horas
Ambiente
Meio Cary-
Blair c meios de transporte
30 mi- Frasco
Ambiente
nutos estéril
Fragmen- • Discrepância entre a identi-
tos
8 horas Ambiente
Meio de
transporte
ficação da amostra e o pedido
médico.
Líquido Imedia- Tubo seco
pleural tamente
Ambiente
estéril • Falta de identificação da
Líquido Imedia-
amostra.
Tubo seco
cefalorra- tamen- Ambiente
estéril
• Origem da amostra ou tipo de
quídeo te
amostra não identificada.
Material 30 mi-
Ambiente
Tubo seco • Teste a ser realizado não es-
respiratório nutos estéril
pecificado.
Passar
para caldo • Material conservado inade-
Sangue 1 hora
Ambien- nutriente quadamente com relação à tem-
teb imediata-
mente após peratura.
a coleta • Presença de vazamentos,
Meio frascos quebrados ou sem tam-
Até semi-sólido
Swaba
8 horas
Ambiente
(Stuart ou
pa, com contaminação na super-
Amies) fície externa.
Frasco • Mais de uma amostra colhi-
1 hora Ambiente
Urina
seco estéril da no mesmo dia e da mesma
12 Refrige- Frasco origem.
horas rada seco estéril
• Swab único com múltiplas re-
Manual de Coleta - 49
Coleta de Amostras Microbiológicas

quisições de testes microbio- rial abaixo da mucosa.


lógicos. • Coletar a amostra exatamente
• Swab com material seco. na área inflamada, evitando outros
sítios na cavidade oral.
Amostras não recomendadas para • Colher dois swabs.
o exame microbiológico por meio • Enviar imediatamente ao labo-
de transporte: ratório para evitar o ressecamento
do material.
Tipo de amostra Recomendação
Swab de amostra de Processar biópsia ou Secreção de queimadura
queimadura aspirado
Swab de úlcera de Processar biópsia ou A superfície da ferida de queima-
decúbito aspirado
dura geralmente estará colonizada
Swab de abscesso Processar biópsia ou pela microbiota do próprio pacien-
perirretal aspirado
te e/ou pelos micro-organismos
Swab de lesão de Processar biópsia ou
gangrena aspirado do meio ambiente. Quando a co-
Swab de lesão perio- Processar biópsia ou
lonização de bactérias for grande,
dontal aspirado pode ocorrer infecção subcutânea,
Swab de úlcera Processar biópsia ou resultando numa bacteremia. A
varicosa aspirado cultura somente da superfície pode
levar a erros e é desaconselhável.
Portanto, a biópsia de tecido pro-
Procedimentos de coleta fundo é o procedimento mais in-
Secreção de orofaringe dicado. Os micro-organismos não
ficam distribuídos somente na fe-
A contaminação com saliva, que rida queimada. Por isso, recomen-
contém uma flora bacteriana va- da-se coletar amostras de áreas
riada, pode dificultar o isolamento adjacentes da queimadura.
do verdadeiro agente infeccioso.
As amostras devem ser cultivadas Secreção de ouvido
para recuperação do Streptococ-
cus pyogenes. • Conduto auditivo externo e mé-
• Solicitar ao paciente que abra dio (até a membrana timpânica).
bem a boca. • Remover secreção superficial
• Usando abaixador de língua e com um swab umedecido em sali-
swab estéril, fazer esfregaços so- na estéril e obter material com ou-
bre as amígdalas e faringe poste- tro swab fazendo rotação no canal
rior, evitando tocar na língua e na e em seguida inserir no meio de
mucosa bucal. transporte (Stuart).
• Procurar o material nas áreas • Conduto auditivo interno
com hiperemia, próximas aos pon- a) membrana timpânica rompida:
tos de supuração ou remover o o médico deve proceder como no
pus ou a placa, colhendo o mate- item anterior e com espéculo ou

50 - Manual de Coleta
Coleta de Amostras Microbiológicas
cone de otoscópio coletar mate- • Em seguida, inserir os swabs
rial com swab e em seguida inserir indicados, rodar por alguns segun-
no meio de transporte. Com outro dos sobre o fundo do saco, retirar
swab, fazer esfregaço para colora- e voltar aos meios indicados.
ção Gram. Swab seco: realizar as lâminas
b) membrana íntegra: usar se- para bacterioscopia da secreção
ringa para puncionar a membrana fresca.
ou sistema apropriado para aspi- Swab do meio de transporte para
ração e coletor, que deverão ser cultura aeróbia/fungos.
encaminhados imediatamente ao
laboratório para processamento
ou introduzir em meio de transpor- Secreção endocervical
te para conservação e fazer lâmina
para bacterioscopia. • Inserir um espéculo (sem lubri-
ficante) na vagina e retirar o ex-
Secreção ocular cesso de muco cervical com swab
de algodão.
As culturas deverão ser coletadas • Em seguida, inserir os swabs
antes da aplicação de antibióticos, indicados no canal endocervi-
soluções, colírios ou outros medi- cal até a ponta do swab não ser
camentos. mais visível, rodar por alguns se-
• Desprezar a secreção purulen- gundos, retirar evitando o contato
ta superficial e, com swab, colher o com a parede vaginal, e voltar aos
material da parte interna da pálpe- meios indicados.
bra inferior. Swab seco: realizar as lâminas
• Identificar corretamente a para bacterioscopia da secreção
amostra e enviar imediatamente fresca.
ao laboratório, evitando a excessi- Swab seco: Mycoplasma/Urea-
va secagem do material. plasma - mergulhar o swab den-
tro da solução do tubo fornecido e
Secreção vaginal agitar. Remover o swab e identifi-
car o tubo.
Para a coleta de secreção vaginal Swab do meio de transporte es-
recomenda-se que a paciente não pecífico para Chlamydia tracho-
esteja menstruada, evite ducha e matis - mergulhar o swab dentro
cremes vaginais na véspera da co- da solução do tubo fornecido e
leta, mantenha abstinência sexual agitar vigorosamente.
de três dias. • Comprimir o swab contra a
parede do tubo. Qualquer exces-
• Inserir um espéculo (sem lubri- so de muco deve ser retirado da
ficante; usar água morna) na va- amostra.
gina e retirar o excesso de muco • Remover o swab e identificar
cervical com swab de algodão. o tubo.

Manual de Coleta - 51
e pode morrer rapidamente se não
Coleta de Amostras Microbiológicas

Cultura para anaeróbicos do trato for semeada imediatamente após


genital feminino a coleta.

• Descontaminar o canal cervi- • Desprezar as primeiras gotas


cal com swab embebido de PVPI da secreção.
aquoso a 10%. • Coletar a secreção purulenta,
• Coletar amostra do trato genital de preferência pela manhã, antes
superior de forma a obter material da primeira micção ou há pelo me-
celular da parede uterina. nos duas horas ou mais sem ter
• Amostras coletadas por lapa- urinado.
roscopia, culdocentese ou cirurgia, • Coletar com alça bacteriológica
também são apropriadas para cul- descartável ou swab estéril fino.
tura de anaeróbios. • Colocar a amostra em meio de
• Cultura de dispositivo intra-u- transporte e realizar as lâminas
terino (DIU) tem valor estratégico para bacterioscopia da secreção
para cultivo anaeróbio de Acti- fresca.
nomyces sp. • Encaminhar imediatamente
para o laboratório.
Procedimentos para coleta de • Em pacientes assintomáticos,
amostra do trato genital feminino: deve-se coletar a amostra através
de massagem prostática ou com
Amostra Exames Material pequeno swab inserido alguns
realizados necessário centímetros na uretra.
Bacterioscopia Swab seco para Secreção anal
Secreção duas lâminas • Inserir o swab cerca de 1 cm do
vaginal Cultura para Swab com meio canal anal e fazer movimentos de
fungo/aeróbio de transporte lado a lado para coletar material
Bacterioscopia Swab seco para das criptas anais.
duas lâminas • Colocar a amostra em meio de
Cultura para Meio de trans- transporte e enviar o swab imedia-
micoplasma e porte específico
Secreção ureaplasma
tamente ao laboratório.
endocervical
PCR para Meio de trans-
Chlamydia porte específico Swab retal
PCR para Meio de trans-
VPH porte específico • Usar swab de algodão, cer-
tificando-se de que a ponta da
Secreção uretral haste que suporta o algodão está
bem revestida.
A rapidez na entrega da amostra
ao laboratório depende o sucesso • Umedecer o swab em salina
da cultura. A Neisseria gonorrhoe- estéril (não usar gel lubrificante)
ae é uma bactéria muito sensível e inserir no esfíncter retal, fazen-

52 - Manual de Coleta
Fatores que influenciam di-

Coleta de Amostras Microbiológicas


do movimentos rotatórios.
• Ao retirar, certifique-se que retamente os resultados de
existe coloração fecal no algo- hemoculturas:
dão. O número de swabs depen-
de das investigações solicitadas.
1. Volume de sangue coletado
• Identificar a amostra e enviar por frasco:
ao laboratório no intervalo de
30 minutos ou utilizar o meio de O volume ideal de sangue cor-
transporte fornecido. responde a 10% do volume do
meio de cultura contido no frasco.
Coleta de hemoculturas Quanto maior o volume de sangue
inoculado no meio de cultura, me-
lhor a recuperação de micro-orga-
• Para diagnóstico de infec- nismos. Entretanto, o excesso de
ção sistêmica a coleta de he-
mocultura deve ser realizada sangue pode inibir o crescimento
preferencialmente por punção de micro-organismos. Assim, fras-
venosa periférica. cos que possibilitem uma coleta de
até 10 mL são os mais indicados.
• A técnica de coleta de sangue
através de cateteres deve ser uti-
lizada somente para o diagnósti- Coletar o máximo volume permi-
co de infecções relacionadas ao tido para cada frasco (cada mL a
dispositivo e deverá sempre ser mais representa cerca de 3% de
acompanhada de uma amostra chance de isolamento do agente
de sangue periférico.
etiológico).
• Os métodos automatizados
costumam revelar as amostras Para crianças, o volume ótimo de
positivas em 70 a 80% dos ca- sangue ainda não está bem defi-
sos nas primeiras 48 horas. nido, mas dados da literatura de-
monstram que há uma relação
• Punções arteriais não tra-
zem benefícios na recuperação direta entre o volume de sangue
dos micro-organismos. obtido e a detecção de infecção,
indicando que amostras de san-
• Não se recomenda a troca gue com volume maior ou igual a
de agulhas entre a coleta e a
distribuição do sangue nos 1 mL detectaram mais bacteremia
frascos específicos. que amostras com volumes infe-
riores a 1 mL.

Manual de Coleta - 53
Volume de sangue sugerido para he- Ao coletar amostras pareadas para
Coleta de Amostras Microbiológicas

moculturas de lactentes e crianças hemocultura do cateter e de veia


Volume de
Volume
periférica, coletar em momentos
Peso Volemia sangue por % de
(kg) (mL) amostra (mL) de sangue
Volemia
próximos e volumes iguais, para
(mL)
Amostra 1 Amostra 2 diferenciar a infecção da corrente
<=1 50 - 99 2 - 2 4 sanguínea relacionada ao cateter
1,1 - 2 100 - 200 2 2 4 4 da infecção da corrente sanguínea
2 - 12,9 >200 4 2 6 3 relacionada a outros focos de in-
13 - 36 >800 10 10 20 2,5 fecção.
>36 >2.200 20 20 40 1,8
6. Número de amostras e local
2. Anticoagulante Recomenda-se pelo menos duas
Recomenda-se o SPS (Polianetol- e não mais que quatro amostras
sulfonato sódico). A heparina pode de sangue para hemocultura com
apresentar efeito tóxico sobre al- o objetivo de aumentar a positi-
guns micro-organismos mais sen- vidade e facilitar a interpretação
síveis. dos resultados. Cada amostra
compreende um par de frascos
3. Temperatura de conservação
Os frascos de hemocultura devem por punção venosa, sendo 20mL
ser utilizados em temperatura am- o volume ideal para adultos, por
biente e mantidos até o momento punção.
da incubação, não refrigerar. Mais de 4 amostras (exceto nos
casos de endocardite) não acres-
4. Coleta asséptica centam sensibilidade e podem
A execução de técnica adequada contribuir para o desenvolvimento
de antissepsia reduz os riscos de de anemia pelo paciente e gasto
contaminação e facilita a interpre- desnecessário de insumos.
tação dos resultados. Em caso de sepsis, febre a escla-
recer, pneumonia, meningite, ou
5. Momento da coleta
em paciente neutropênico: coletar
Colher antes da administração de
antibióticos. em seguida 2 até 3 amostras, em
Caso haja terapia antimicrobiana dois ou três locais diferentes, an-
em curso, proceder à coleta no tes do inicio da antibioticoterapia.
momento anterior à administração Em pacientes com cateter de
do medicamento. longa permanência, coletar uma
O pico febril é o momento de maior amostra de cada via do cateter
destruição microbiana, podendo (discriminando nos frascos de
dificultar a recuperação de orga- hemocultura de qual via foi colhi-
nismos viáveis, assim, dar prefe- do), concomitantemente com uma
rência à coleta logo que detectado amostra de veia periférica.
início de episódio febril. Paciente neutropênico com febre
54 - Manual de Coleta
a esclarecer: coletar duas amos- cus spp., anaeróbios estritos e

Coleta de Amostras Microbiológicas


tras periféricas de locais diferen- facultativos, além de garantir volu-
tes. Se estiver com qualquer tipo me de sangue mais adequado de
de cateter é aconselhável coletar amostra por punção para melhor
uma terceira amostra pelo cateter recuperação dos patógenos.
ou no mínimo uma amostra perifé- Grande parte dos meios comer-
rica e outra de cada via de cateter. ciais disponíveis é capaz de de-
Endocardite: coletar 2 a 3 amos- tectar o crescimento de leveduras
tras de locais diferentes. Se nega- no frasco aeróbio.
tivas após 24 a 48 horas de incu- Quando a amostra obtida possuir
bação, coletar pelo menos mais volume total inferior ao preconi-
duas amostras. zado por frasco, o maior volume
Coletar as amostras de hemocul- de sangue deve ser inoculado no
tura preferencialmente de mem- frasco aeróbio para que não haja
bros superiores. perda na detecção de bactere-
Em caso de coleta em outro local, mias causadas por Pseudomonas
reforçar a antissepsia. aeruginosa, Stenotrophomonas
Não se recomenda a coleta de maltophilia ou leveduras, que são
uma única amostra de hemocul- aeróbios estritos. O menor volume
tura devido à dificuldade na inter- restante deve ser inoculado no
pretação de contaminantes. frasco anaeróbio.
A sensibilidade da coleta por ca-
teter venoso quando comparada Técnica para coleta
com a periférica é de 75 a 95%,
mas a especificidade é mais bai- A antissepsia adequada da pele é
xa, entre 65 a 75%. Em compen- o fator que determina a probabili-
dade de uma hemocultura positiva
sação, o valor preditivo negativo é
ser considerada contaminação ou
alto (> 90%), podendo ser útil para infecção. Os dados disponíveis até
afastar o diagnóstico de infecção o momento mostram que a antis-
relacionada a cateter vascular. sepsia pode ser realizada com ál-
Recomenda-se que, preferencial- cool 70%. Roteiro para coleta
mente, as hemoculturas de roti-
na incluam frascos pareados de
hemocultura aeróbia e anaeróbia 1. Lavar as mãos com água e sa-
bão.
para cada amostra ou punção,
2. Preparar o material, identificar
pois a coleta do par incluindo o o frasco, anotando o nome do pa-
frasco anaeróbio leva ao aumento ciente, leito, data, hora e local de
do isolamento de Staphylococcus coleta (sítio anatômico), imediata-
spp., Enterobacteriaceae, alguns mente ao procedimento.
Streptococcus spp. e Enterococ- 3. Limpar a tampa de borracha
com algodão embebido em álco-
Manual de Coleta - 55
Urocultura
Coleta de Amostras Microbiológicas

ol 70%. Manter o algodão sobre o


frasco até o momento da punção.
4. Escolher o melhor local de A coleta deve ser feita pela manhã,
punção escolhendo a veia mais preferencialmente da primeira mic-
calibrosa e menos móvel. Soltar o ção do dia, ou então após reten-
garrote. ção vesical de duas a três horas.
5. Fazer a antissepsia friccio- Pacientes com urgência urinária
nando a pele em círculos a partir podem ser dispensados dessa re-
do ponto a ser puncionado. Secar. tenção, anotando-se o fato na re-
Em seguida, aplicar novamente quisição.
o antisséptico utilizando novo al-
godão ou gaze. Esperar cerca de Coleta de urina de mulheres
30 segundos para secar, repetir o
procedimento por mais uma vez e Para melhores resultados, a cole-
aguardar secar. ta de amostras das mulheres deve
6. Colocar novamente o garrote ser supervisionada e realizada por
e puncionar a veia com agulha e profissionais treinados. No caso
seringa ou dispositivo para coleta de objeção por parte da pacien-
a vácuo, sem tocar diretamente no te, orientar clara e objetivamente
local de punção. todos os passos do procedimento
7. Coletar de 5 a 10mL de sangue e alertar quanto às consequências
(adultos) ou de 1 a 4mL de san- de uma coleta mal realizada.
gue (crianças) para cada frasco.
8. Transferir a amostra para os • Não estar fazendo uso de antibió-
frascos de hemocultura, colocan- tico, pelo menos há 8 dias.
do primeiramente o sangue no • Coletar, de preferência a 1ª urina
frasco para cultura de ANAERÓ- da manhã, ou então após retenção
BIOS (sem troca de agulhas). Se vesical de 2 a 3h.
a coleta for realizada a vácuo, ino- • Para adultos do sexo masculino:
cular primeiro o frasco AERÓBIO. realizar antissepsia rigorosa da geni-
Observar o volume correto de san- tália com água limpa e sabão neutro.
gue. Utilizar um conjunto de serin- • Desprezar o 1º jato da urina.
ga - agulha ou dispositivo próprio Colher o jato médio em frasco for-
de coleta a vácuo para cada pun- necido pelo laboratório (um pouco
ção/amostra. mais da metade do frasco). Evite
9. Lavar as mãos. encher o frasco.
• Para adultos do sexo feminino:
Transporte separar as pernas tanto quanto
possível.
• Nunca refrigerar o frasco. • Afastar os grandes lábios com
• Manter o frasco em temperatura uma das mãos e continuar assim
ambiente e encaminhar o mais rá- enquanto fizer a higiene e coleta
pido possível para o laboratório. do material.

56 - Manual de Coleta
Coleta de Amostras Microbiológicas
• Usar uma gaze embebida em transporte (Cary-Blair ou salina
sabão neutro, lavar de frente para glicerinada tamponada), fornecido
trás e certificar-se que está lim- pelo laboratório, em quantidade
pando por entre as dobras da pele, equivalente a uma colher de so-
o melhor possível. bremesa. Preferir sempre as por-
• Continuar afastando os gran- ções mucosas e sanguinolentas.
des lábios para urinar. O primeiro • Fechar bem o frasco e agitar o
jato deve ser desprezado no vaso. material.
Colher o jato médio em frasco for- • Se a amostra não for entregue
necido pelo laboratório (um pouco no laboratório em uma hora, con-
mais da metade do frasco). Evite servar em geladeira a 4°C, no má-
encher o frasco. ximo por um período de 12 horas.
• Levar o material colhido ao la- Marcar o horário da coleta.
boratório;
• A amostra pode ser transportada Para pesquisa de Vibrio cholerae
em temperatura ambiente em até 1h
e sob refrigeração em até 12h; SWAB FECAL EM CARY-BLAIR
• Coletar 1 a 2g de fezes em fras-
Coleta de urina para crian- co limpo, seco, de boca larga, for-
ças que não têm controle necido pelo laboratório.
da micção • Mergulhar o swab no frasco
contendo as fezes.
No caso das crianças, fazer uso • Introduzir o swab no meio de
de saco coletor, masculino ou fe- transporte Cary-Blair e transportar
minino. Deve-se fazer higieniza- em temperatura ambiente entre 24
ção previa do períneo, coxas e e 72 horas após a coleta.
nádegas com água e sabão neu-
tro. Caso não haja micção, o saco SWAB RETAL EM CARY-BLAIR
coletor deve ser trocado a cada 30 • Introduzir o swab no ânus e fa-
minutos, repetindo-se a higieniza- zer movimentos rotativos suaves
ção da área perineal e genital. por alguns segundos;
• Introduzir o swab no meio de
Coprocultura transporte Cary-Blair e transportar
em temperatura ambiente em até
Devem ser coletadas no início ou 24h após a coleta.
fase aguda da doença, quando
os patógenos estão usualmente Para pesquisa de enteropatógenos
presentes em maior número e,
preferencialmente, antes da anti- SWAB FECAL EM CARY-BLAIR
bioticoterapia. • A amostra deve ser coletada de
preferência no início do quadro
• Coletar as fezes e colocar em diarréico e antes da antibioticote-
um frasco contendo o meio para rapia.

Manual de Coleta - 57
• Pegar o kit para coleta contendo
Coleta de Amostras Microbiológicas

swab e meio de transporte no la-


boratório.
• Coletar 1 a 2 g de fezes em fras-
co limpo, seco, de boca larga, for-
necido pelo laboratório.
• Mergulhar o swab no frasco con-
tendo as fezes, dando preferência
às partes mucopurulentas e com
sangue e a seguir introduzir no
meio de Cary-Blair.
• Tampar o meio com o swab con-
tendo o material colhido;
• Levar o material colhido ao labo-
ratório;
• O material colhido em swab pode
ser conservado em temperatura
ambiente por até 48h e em gela-
deira por até 72 horas.
• Não coletar fezes diretamente
de fraldas (coletar diretamente do
ânus com swab do meio de trans-
porte).
• Se as fezes forem diarreicas, po-
dem ser coletadas diretamente do
ânus.

58 - Manual de Coleta
Legislação
Sobre Transporte
de Amostras Biológicas
INTRODUÇÃO CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
Legislação sobre Transporte de Amostras Biológicas

Para que o laboratório possa ofe- Segundo a OMS, a avaliação de


recer resultados confiáveis, é ne- risco biológico para o transporte
cessário que as técnicas sejam deve estar baseada nos seguintes
executadas de forma correta, o princípios:
pessoal devidamente treinado e
Na redução do risco de transmis-
que a amostra biológica tenha sido são de agentes infecciosos, por
corretamente colhida e devida- meio da utilização de barreiras
mente conservada. protetoras
Entende-se como amostra bio-
lógica adequada aquela obtida No uso de barreiras individuais e
em quantidade suficiente, em re- coletivas (Equipamento de Prote-
cipiente adequado, bem identifi- ção Individual - EPI e Equipamento
cada e transportada de forma a de Proteção Coletiva - EPC) para
manter a integridade do material a proteção do profissional e para
a ser pesquisado. proteger os pacientes, os materiais
O cumprimento dos requisitos e o ambiente.
estabelecidos pelas normas Na capacidade infectante de vírus
visa reduzir a possibilidade de (hepatite B (HBV), Imunodefici-
contaminação das amostras por ência (HIV) e hepatite C (HCV)),
agentes do meio ambiente ou de através de injeção mecânica de
outras amostras e evitar a con- material infectado, de contato com
taminação da embalagem ou de feridas, cortes, queimaduras, por
seus transportadores causada via sexual e outras.
pela exposição a microrganismos
infectantes que podem escapar Na exposição dos indivíduos a es-
das embalagens devido à quebra, ses patógenos no caso de aciden-
vazamento ou acondicionamento tes, durante os procedimentos de
inadequado, além de garantir a limpeza ou de acondicionamento
integridade e a estabilidade do do material biológico, em que o
material biológico transportado. profissional está diretamente ex-
As recomendações aqui contidas posto aos perigos envolvidos. O
estão baseadas nos requisitos transporte de material biológico
da Resolução da Diretoria Cole- devidamente acondicionado (em-
giada (RDC) 20/2014 da Agência balado) pode ser considerado uma
Nacional de Vigilância Sanitária atividade segura.
(Anvisa).
No fato de que quanto maior a
Esta Resolução regula as ativida-
concentração do agente infeccioso
des de transporte de amostras clí-
maior a chance de infecções, sem
nicas entre o remetente (em geral levar em conta os mecanismos de
laboratórios clínicos) e outro servi- defesa dos indivíduos.
ço de saúde utilizando estrutura de
transporte própria ou contratada. Para fins de transporte, substân-
60 - Manual de Coleta
cias infecciosas ou infectantes são clínico que se sabe ou se sus-

Legislação sobre Transporte de Amostras Biológicas


definidas como os materiais bioló- peita que contenham agentes
gicos que potencialmente conte- infecciosos, como amostras de
nham agentes patógenos papazes pacientes com suspeita de infec-
de causar enfermidades nos ani- ção ou amostras conhecidamen-
mais e nos seres humanos. te positivas / reativas.
Risco biológico em transporte A grande maioria das amostras
deve ser entendido como o ní- biológicas transportadas nos ser-
vel de risco frente à exposição a viços laboratoriais de diagnóstico
agentes biológicos durante os pro- de pacientes pode ser classificada
cessos de transporte. Esse risco como categoria B, com exceção
deve ser avaliado pela patogenia, das amostras de sangue secas
pela reversibilidade da doença em em papel absorvente e outras si-
função da disponibilidade de trata- tuações em que um profissional de
mentos e pelos cuidados durante a saúde habilitado assegure que as
atividade de transporte, como em- amostras a serem transportadas
balagem, compartimentos nos veí- tenham a mínima probabilidade de
culos, treinamento de pessoal etc. risco de causar infecção durante o
A OMS considera que produtos pe- processo de transporte, caso ocor-
rigosos são aqueles que apresen- ra contato com o material.
tam riscos durante o transporte:
ACONDICIONAMENTO,
SUBSTÂNCIA INFECCIO- ROTULAGEM E ETIQUE-
SA DA CATEGORIA A TAGEM
É uma substância infecciosa O material biológico classificado
(material biológico infeccioso) na CATEGORIA B deve receber a
que, ao se transportar exista o marcação UN 3373.
risco de uma infecção que resul-
te em incapacidade permanente,
perigo de vida para seres huma-
nos ou animais.

Atenção! Substâncias bio-


lógicas da categoria A são
considerados artigos peri-
gosos de alta consequência
que, potencialmente, podem
ser utilizados em um inciden-
te terrorista podendo causar
ou destruição em massa.

SUBSTÂNCIA BIOLÓGICA
DA CATEGORIA B Designação oficial de transporte
para amostras classificadas como
Na categoria B estão incluídas UN 3373: “substância biológica da
as amostras para diagnóstico categoria B”, em português, ou bio-
Manual de Coleta - 61
logical substance category B, em As embalagens devem ser cons-
Legislação sobre Transporte de Amostras Biológicas

inglês. Pelas normas de transporte truídas e fechadas de modo a evi-


terrestre, ainda é aceita a denomi- tar qualquer perda de conteúdo
nação “espécimes para diagnósti- que possa ser causada em con-
co” (diagnostic specimens). dições normais de transporte, por
A marca UN 3373 deve ser exibi- ação de vibração, ou por mudan-
ças de temperatura, umidade ou
da na superfície da embalagem pressão.
externa, sobre um fundo de cor
contrastante, e deve ser clara- O sistema de embalagens deve ser
mente visível e legível. A marca constituído por três componentes:
deve estar sob a forma de um
quadrado fixado a um ângulo de Embalagem(ns) primária(s): re-
45° (em forma de losango), tendo cipientes que entram em contato
cada um dos lados pelo menos 50 direto com o material biológico;
mm de comprimento; a largura da podem ser fabricados com vidro,
linha deve ser de pelo menos 2 plástico, metal e outros. Ex.: tubos
mm e as letras e números devem de coleta;
Embalagem secundária, com ca-
ter pelo menos 6 mm de altura. pacidade para envolver e conter
Para o transporte de substân- a(s) embalagem(ns) primária(s).
cia biológica da categoria B (UN Pode ser constituída por saco
3373), devem ser aplicadas as dis- plástico, saco plástico tipo bag,
posições normativas vigentes refe- caixa de PVC, metal e outros;
rentes à Instrução de Embalagem Embalagem externa: recipientes
650 (Packing Instruction – PI 650). com rigidez adequada. Pode ser
Os requisitos da PI 650 são encon- constituída por papelão, PVC, me-
trados nas normas internacionais tal e outros. No transporte terres-
e internalizados no Brasil pelas tre, uma das embalagens – secun-
agências reguladoras de transpor- dária ou externa – deve ser rígida.
Já para o transporte aéreo, a em-
te (Anac, ANTT e Antaq). balagem externa deve ser obriga-
toriamente rígida.
INSTRUÇÃO DE EMBALA-
GEM 650 (PI 650) Os recipientes primários devem
ser acondicionados em embala-
Provisões gerais gens secundárias de modo que,
sob condições normais de trans-
Amostras biológicas para diag- porte, não possam romper ou ser
nóstico devem ser acondicionadas perfurados, nem que seu conteúdo
em embalagens de boa qualidade, possa vazar.
suficientemente resistentes para As embalagens secundárias de-
suportar os impactos e os ocorrên- vem estar seguras em embalagens
cias normalmente enfrentadas du- externas. Qualquer vazamento do
rante o transporte, incluindo trans- conteúdo das embalagens primá-
bordo e armazenamento, bem rias não deve prejudicar substan-
como a subsequente movimenta- cialmente as propriedades proteto-
ção manual ou mecânica. ras da embalagem externa.
62 - Manual de Coleta
Para o transporte aéreo, as em- quantidade exclui o gelo, o gelo

Legislação sobre Transporte de Amostras Biológicas


balagens secundárias devem ser seco ou o nitrogênio líquido utiliza-
acondicionadas em embalagens do para manter as amostras res-
externas rígidas. Dependendo da friadas.
configuração do sistema de emba-
lagens, podem ser utilizados mate- A embalagem secundária
riais de amortecimento. Esses ma-
teriais de amortecimento podem deve ser estanque.
ser quaisquer tipos de dispositivos
empregados durante o acondicio- Se vários recipientes primários frá-
namento que garantam que as em- geis, como tubos de vidro, forem
balagens primárias estarão firmes colocados juntos em uma única
e seguras para suportar a movi- embalagem secundária, eles de-
mentação durante o transporte. vem ser individualmente protegi-
Ressalta-se que a embalagem se- dos ou separados para evitar con-
cundária deve ser constituída de tato entre eles.
material apropriado e disposta de
forma a garantir que, em caso de Quando as embalagens primárias
vazamento do conteúdo da em-
balagem primária, não haverá ex- forem suficientemente resistentes
travasamento para a embalagem (tubos de plástico), porém, em
externa e outros elementos que situações normais de transporte
constituem o sistema de acondi- e com as características neces-
cionamento. sárias de tolerância à pressão e
Os tipos de materiais que com- à variação de temperatura, as
põem as embalagens, tanto exter- mesmas poderão ser transporta-
na quando internas (secundária e das juntas, sem a necessidade de
primária), sofrem interferência de separação individual.
agentes como temperatura, umi-
dade e pressão. O desempenho O material absorvente deve ser
do papelão ou materiais similares,
por exemplo, pode ser rapidamen- colocado entre o(s) recipiente(s)
te afetado pela umidade; plásticos primário(s) e a embalagem secun-
podem se tornar quebradiços a dária. A quantidade do material ab-
baixas temperaturas; e o desem- sorvente deve ser suficiente para
penho de outros materiais, como absorver todo o conteúdo do(s)
metais, não é afetado nem pela recipiente(s) primário(s), de modo
umidade e nem pela temperatura. que qualquer vazamento da subs-
tância líquida não comprometa a
PARTICULARIDADES NO integridade da embalagem externa.
ACONDICIONAMENTO
DE AMOSTRAS LÍQUIDAS Todo o sistema de embalagem
não deve conter mais de 4 litros.
A(s) embalagem(ns) primária(s) Essa quantidade exclui o gelo, o
deve(m) ser estanque(s) e não gelo seco ou o nitrogênio líquido
deve(m) conter mais de 1 litro, no utilizado para manter as amostras
caso de transporte aéreo. Esta resfriadas.
Manual de Coleta - 63
Particularidades no caso ser fornecidos suportes interiores
Legislação sobre Transporte de Amostras Biológicas

de amostras sólidas para garantir que as embalagens


secundárias se mantenham na
A(s) embalagem(ns) primária(s) posição original após o gelo seco
deve(m) ser resistente(s) à perda ou gelo se dissipar. Se for utili-
de material. No transporte aéreo, o zado gelo, deve-se garantir que
sistema de embalagem não deve não ocorrerão vazamentos na
exceder o limite de 4 kg, salvo ca- embalagem externa ou na sobre
sos contendo partes do corpo, ór- embalagem.
gãos ou corpos inteiros.
Se for usado dióxido de carbono
A embalagem secundária deve sólido (gelo seco), a embalagem
ser resistente à perda de material. deve ser projetada e construída
Se vários recipientes primários para permitir a saída do gás de di-
frágeis, como tubos de vidro, fo- óxido de carbono, a fim de evitar
rem colocados juntos em uma um acúmulo de pressão que possa
única embalagem secundária, romper as embalagens.
eles devem ser individualmente
embrulhados ou separados para A embalagem primária e a emba-
evitar contato entre eles. Este re- lagem secundária devem manter
quisito não se aplica quando fo- a sua integridade tanto para a
rem utilizados tubos de coleta de temperatura do refrigerante uti-
plástico resistente. lizado como para a temperatura
e a pressão resultantes caso se
perca a refrigeração.
Particularidades no caso
de amostras refrigeradas
Acesse a íntegra do Manual
Amostras refrigeradas ou congela- de vigilância sanitária sobre
das com uso de gelo, gelo seco e o transporte de material
nitrogênio líquido biológico humano para fins
de diagnóstico clínico em:
Quando for usado gelo seco
ou nitrogênio líquido para man- pncq.org.br → Biblioteca → ANVISA
ter amostras resfriadas, há al-
guns requisitos para este tipo
de transporte estabelecidos nas
normas de transporte para pro-
dutos perigosos.

O gelo ou gelo seco deve ser


colocado fora da embalagem se-
cundária, na embalagem externa
ou na sobre embalagem. Devem
64 - Manual de Coleta
Apêndices
Apêndices
Apêndices

66 - Manual de Coleta
Apêndices

Manual de Coleta - 67
Apêndices

68 - Manual de Coleta
Apêndices

Manual de Coleta - 69
Apêndices

Ordem de Coleta

Frascos para hemocultura

Tubos com citrato

Tubos para soro

Tubos com heparina

Tubos com EDTA

Tubos com fluoreto de sódio

70 - Manual de Coleta
Bibliografia

Bibliografia
Bibliografia
CLSI H04-A6 - Procedures and Devices for the Collection of Diagnostic
Capillary Blood Specimens; Approved Standard-Sixth Edition, H04A6 E.
Dennis J. Ernst, M.T.(ASCP), et al Clinical and Laboratory Standards
Institute / 01-Sep-2008

CLSI H18-A4 - Procedures for the Handling and Processing of Blood


Specimens for Common Laboratory Tests; Approved Guideline-Fourth
Edition, H18A4E Frederick L. Kiechle, MD, PhD, FCAP, et al. Clinical and
Laboratory Standards Institute/ 01-Jan-2010

CLSI H21-A5 - Collection, Transport, and Processing of Blood Speci-


mens for Testing Plasma-Based Coagulation Assays; Approved Guideli-
ne, Fifth Edition, H21-A5 Charles F. Arkin, M.D., and Bruce H. Davis, M.D.
Edition: 5th Clinical and Laboratory Standards Institute / 01-Jan-2008

CLSI H3-A6 - Procedures for the Collection of Diagnostic Blood Speci-


mens by Venipuncture; Approved Standard-Sixth Edition, H3-A6 Clinical
and Laboratory Standards Institute / 01-Nov-2007

CLSI LA04-A5 - Blood Collection on Filter Paper for Newborn Screening


Programs; Approved Standard Fifth Edition, LA4-A5 Clinical and Labora-
tory Standards Institute / 01-Jul-2007

Garantia da Qualidade no Laboratório Clínico – Programa Nacional de


Controle de Qualidade – PNCQ – José Abol Corrêa, 2019

Manual de Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Relacio-


nada a Assistência à Saúde. Módulo 4 : Procedimentos Laboratoriais:
da requisição do exame a analise microbiológica e laudo final/Agência
Nacional de Vigilância Sanitária.– Brasília: Anvisa, 2013.

Manual de procedimentos básicos em microbiologia clínica para o con-


trole de infecção hospitalar: Módulo I/Programa Nacional de Controle de
Infecção Hospitalar – Brasília: ANVISA / Ministério da Saúde, 2000.

Manual de Vigilância Sanitária sobre o transporte de material biológico


humano para fins de diagnóstico clínico:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária/ ANVISA, 2015.

Manual de Coleta - 71
RDC/ANVISA Nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regu-
Bibliografia

lamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avalia-


ção de projetos físicos de Estabelecimentos assistenciais de saúde.

RDC/ANVISA Nº 222, de 28 de março de 2018. Dispõe sobre o Regula-


mento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

RDC/ANVISA Nº 786, de 5 de maio de 2023. Dispõe sobre os requisi-


tos técnico-sanitários para o funcionamento de Laboratórios Clínicos, de
Laboratórios de Anatomia Patológica e de outros Serviços que execu-
tam as atividades relacionadas aos Exames de Análises Clínicas (EAC)
e dá outras providências.

72 - Manual de Coleta

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