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C / WEBER, M. Comunidade e Sociedade.

In: Conceitos sociológicos


fundamentais. Covilhã: LusoSofia, 2010 (1921), pp. 77-82.

Sendo um dos indivíduos da tríade clássica da sociológica, na qual ocupa junto com Karl Marx
e Emilie Durkheim, Max Weber, embora tivesse uma ampla gama de atuações, desde
economista a jurista, teve um destaque na sociologia, na qual se dedicou, cunhando o conceito
de ação social e se aprofundando no estudo do capitalismo e da racionalização. O texto
``Conceitos sociológicos fundamentos´´ compõe o primeiro capítulo da obra ´´ Economia e
sociedade ´´, sendo somente publicada em 1920, após sua morte, pela sua esposa, Marriane
Weber. Ante ainda sua biografia, destaca-se uma criação e ensino protestante, sua conturbada
relação com o pai, a presença na formulação do tratado de Versalhes e atuante na constituição
de Weimar, sendo morto por decorrência de uma pneumonia.

O capítulo `` Comunidade e sociedade´´ retirado do texto ´´Conceitos sociológicos


fundamentais´´, que, por si faz parte de um livro que reuni diferentes livros chamado:
´´Economia e sociedade´´, tem, em sua raiz, os espectros do contato humano na formulação de
uma relação conjunta como tema, dando holofote para a classificação dos conceitos tanto de
sociedade quanto comunidade, passeando por suas semelhanças e diferenças. De um modo
resumido, discorre sobre as formas de organizações sociais levando em consideração as micro
relações, abordando seus contornos, como objetivos, consequências e princípios.

Logo de início o autor pontua a diferença entre as colocações ´´ constituição da comunidade´´


e ``formação da sociedade´´, sendo a primeira uma união mais irracional que a segunda, que se
fixar a partir de interesses convergentes. Dito isso, é explicitado a ação socializadora como
uma forma de convergir interesses semelhantes e recíprocos, se unindo a partir de bases
axiológicas, ou seja, na crença de valores sociais, e teleológicos, focando nos resultados dessa
união. Portanto, tal ação se amarra tanto em conceitos próprios quanto de terceiros.

Em seguida, Max cita Ferdinand Tonnies, que já havia diferenciado esses dois conceitos ante a
própria terminologia. Contudo, o autor cita a diferença mais aprofundada de F. Tonnies, que,
visando os objetivos, classifica a formação da sociedade em três nichos distintos. Logo,
enquanto a primeira se dá de forma livre e com objetivos complementares, não iguais, a
segunda, ainda de forma livre, convergiria a um mesmo fim, com seus meios iguais. Já a
terceira se da de forma racional frente as causas, antes da formação de um reconhecimento
emotivo.

Mais adiante, no que o autor denomina como tópico 2, é aprofundada a noção de


constituição da comunidade, na qual é argumentado que qualquer espécie com vínculos
afetivos pode vir a desfrutar disso, tendo a noção universal familiar como principal
exemplificação.

Contudo, um pouco mais a diante no texto, é argumentado a formação bilateral dessa


organização, sendo tanto emotivo quanto racional, tais traços se misturam e acabam se
complementado, tanto em micro quanto em macro escala. Ou seja, mesmo que a priori a ação
seja toda racional, respingos emotivos, que fogem da finalidade, podem ocorrer. Desse modo,
toda constituição social que se funde além de um contato inicial acaba gerando laços afetivos.
Todavia, há também aquela formação comunitária forçada, não, como previamente visto,
acidental. Em síntese, pode-se criar uma relação social com traços racionais cujo objetivo é
simplesmente a formulação de um laço emotivo, mesmo que tenha resultados diversos na
consolidação, como, usando-se do mesmo exemplo, a formulação da esfera familiar.

No próximo trecho, é pontuada o atrito entre a figuração de laços emotivos entre a


comunidade e os conflitos que podem ocorrer em seu interior. Embora a princípio contrários,
sua atuação é normal no cenário completo, mesmo que, em sua raiz, a formulação de uma
comunidade é baseada na união de indivíduos com, muitas vezes, objetivos diferentes, que
acabam abdicando de parte desse contraste para se relacionares entre si, mas ainda guardam
parte dessa divergência em seu cerne, causando a possibilidade de conflitos entre eles.

Desse modo, mesmo que a `` luta ´´, termo usado pelo autor, tenha diferentes interpretações,
a constituição de uma sociedade não é suficiente para abdicar de seus próprios objetivos por
uma relação sentimental, deixando a merecer das possibilidades suas consequências.

Por fim, a última parte do texto inicia-se com a argumentação quanto o detalhamento do
conceito de constituir uma comunidade. Assim sendo, o autor descore que nem todo contato
social igual evolui, ou é um tipo de relação social. Ou seja, mesmo que entre os indivíduos haja
uma uniformização de algumas características, isto não implica em uma direta conexão entre
eles. Logo, sua sensação de comunidade só será firmada quando, a partir desse traço
homogêneo em comum, forem tomadas ações em comum a essa característica, tornando
contrastante tal senso se união.

Por conseguinte, é citado alguns exemplos, como comunidades raciais, que, somente pelo
fato de compartilharem a mesma raça não os fazem uma comunidade, o povo de fé judaica,
que chegam a formar comunidades, mas de forma rarefeitas, e indivíduos que falem o mesmo
idioma. Esse último é interessante destacar já que, além de servir como um elemento
convergente, ele, por si só, apenas facilita a firmação dos laços comunitários, proporcionando
a realização de ações a fim de fundamentá-las e evolui-las a uma comunidade a partir do
diálogo com outros grupos internos.

Dessa maneira, o autor indicar que somente a urgência frente uma ação externa é que pode
aflorar a relação comunitária em um mesmo contingente populacional da mesma língua,
podendo evoluir a constituição de uma sociedade. Em vista desse fenômeno, é destacado a
atuação do mercado na formação de uma sociedade ao promover ações racionais frente
concorrentes, reciprocamente. Assim sendo, utiliza-se da racionalização para controlar preços
e fechar acordos, benéficos a ambos os lados. Demonstrando, assim, a importância do
mercado, e, por tal, do sistema capitalista, para a formação da sociedade moderna.

Dito isso, o texto oferece um arcabouço quanto o prisma intrínseco na formulação de uma
unidade social ante as relações entre os indivíduos. Ou seja, de uma forma resumida, o autor,
a priori, pincela a diferença entre as concepções de comunidade e sociedade para, com o
decorrer do texto, explicá-las de forma aplicadas. Portanto, de forma resumida, explica que a
constituição de uma sociedade tende a ser algo mais racional e objetificado, construída para
um fim, ou casa, em comum ou complementar aos seus participantes. Já a solidificação de um
sentimento de comunidade se dá ante o lado emotivo das relações, sendo originários
intuitivamente, como no núcleo familiar, ou racionalmente, sendo uma consequência direta ou
não. Ainda assim, não se cristaliza de forma perfeita, já que, mesmo da mesma comunidade e
com laços emotivos entre si, podem ter objetivos distintos, o que gera atritos entre si.
Portanto, no fim, Max contextualiza a formação comunitária e social no mundo moderno
entre suas diferentes interpretações e relações, como raciais, religiosas ou linguísticas,
chegando, por fim na capitalista, princípio impar na construção de uma sociedade moderna.

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